Você está na página 1de 17

Universidade Federal de Sergipe

Centro de Ciências Exatas e Tecnologia


Departamento de Engenharia Química

Abrandamento

Professor: Paulo Henrique Leite Quintela


E-mail: pauloquintela@academico.ufs.br
1
Introdução

✓ A dureza é definida como a concentração de cátions multivalentes na água, com


destaque para o Ca+2 e Mg+2;

✓ A dureza é mais expressiva em águas oriundas de mananciais subterrâneos;

✓ A água pode ser classificada em função da dureza (expressa em mg/L de equivalente


em CaCO3) como:

• Mole ou branda: < 50 mg/L de CaCO3;

• Moderada: entre 50 e 150 mg/L de CaCO3;

• Dura: entre 150 e 300 mg/L de CaCO3;

• Muito dura: > 300 mg/L de CaCO3.

✓ Padrão de potabilidade: ≤ 300 mg/L (Portaria Nº888/2021/MS).


2
Introdução

✓ Problemas associados à dureza da água:

• Aumento do consumo de sabões devido à formação de precipitados:

• Formação de incrustações em condições de temperaturas elevadas:

3
Introdução

✓ Valores máximos de dureza para águas de geradores de vapor, recomendados pela


American Society of Mechanical Engineers (ASME):

4
Tipos de dureza

✓ A dureza pode ser designada das seguintes formas:

• Dureza total

✓ Soma das concentrações de todos os sais responsáveis pela dureza.

• Dureza temporária (carbonatada)

✓ Presença de sais na forma de carbonatos e bicarbonatos;

✓ Pode ser reduzida por simples aquecimento:



Ca(HCO3 )2 ՜ CaCO3 + H2 O + CO2

• Dureza permanente (não carbonatada)


✓ Presença dos demais sais responsáveis pela dureza (principalmente sulfatos e
cloretos).
5
Redução da dureza

✓ O processo de redução da dureza é denominado abrandamento, podendo ser


realizado de acordo com as seguintes técnicas:

• Precipitação química;

• Troca catiônica;

• Nanofiltração.

✓ As técnicas de precipitação química e troca catiônica são as mais estabelecidas


comercialmente;

✓ Possibilidade de combinação de diferentes tecnologias para otimizar o


abrandamento.
6
Precipitação química

✓ Conversão de sais solúveis em compostos praticamente insolúveis (CaCO3 e


Mg(OH)2);

✓ Aplicada em águas com dureza elevada;

✓ Possibilita a redução da dureza para o intervalo entre 20 e 80 mg/L;

✓ Métodos de precipitação química mais utilizados:

• Cal e barrilha a frio;

• Cal sodada a quente.

7
Precipitação química

Método da cal e barrilha a frio

✓ Dosagem de cal virgem (CaO) e barrilha (Na2CO3);

✓ Reduz a dureza a cerca de 40 mg/L;

✓ Hidratação da cal virgem e neutralização do ácido carbônico:


CaO + H2 O ՜ Ca(OH)2
H2 CO3 + Ca(OH)2 ↔ CaCO3 ↓ + 2H2 O

✓ Ajuste do pH para favorecer as reações de precipitação (entre 10 e 11);

✓ Reações com a dureza temporária:


Ca(HCO3 )2 + Ca(OH)2 ↔ 2CaCO3 ↓ + 2H2 O
Mg(HCO3 )2 + Ca(OH)2 ↔ CaCO3 ↓ + MgCO3 + 2H2 O

MgCO3 + Ca(OH)2 ↔ Mg(OH)2 ↓ + CaCO3 ↓ 8


Precipitação química

Método da cal e barrilha a frio

✓ Reações com a dureza permanente:

CaSO4 + Na2 CO3 ↔ CaCO3 ↓ +Na2 SO4

MgSO4 + Na2 CO3 ↔ MgCO3 + Na2 SO4

MgCO3 + Ca(OH)2 ↔ Mg(OH)2 ↓ +CaCO3 ↓

CaCl2 + Na2 CO3 ↔ CaCO3 ↓ + 2NaCl

MgCl2 + Ca(OH)2 ↔ Mg(OH)2 ↓ +CaCl2

✓ Reação de recarbonatação para remoção do excesso de Ca(OH)2:

Ca(OH)2 + CO2 ↔ CaCO3 ↓ + H2 O


9
Precipitação química

✓ Fluxograma típico do processo de precipitação química pelo método da cal e barrilha


a frio:

10
Precipitação química

Método da cal sodada a quente


✓ Aquecimento (60 – 120ºC) para aumentar as taxas reacionais e diminuir a solubilidade do
CaCO3 e do Mg(OH)2;

✓ Substituição da barrilha pelo hidróxido de sódio. Redução da dureza a 20-25mg/L;

✓ Reações com a dureza temporária idênticas às do método da cal e barrilha a frio;

✓ Reações com a dureza permanente:


CaSO4 + 2NaOH ↔ Ca(OH)2 +Na2 SO4
MgSO4 + 2NaOH ↔ Mg(OH)2 ↓ +Na2 SO4
CaCl2 + 2NaOH ↔ Ca(OH)2 + 2NaCl
MgCl2 + 2NaOH ↔ Mg(OH)2 ↓ + 2NaCl

✓ Alternativamente, pode-se utilizar o aluminato de sódio para auxiliar na remoção da dureza:

Na2 Al2 O4 + 4H2 O ↔ 2Al(OH)3 ↓ + 2NaOH


11
Precipitação química

✓ Vantagens:

• Pode ser aplicada para águas com dureza elevada;

• Possibilita significativa remoção de outras impurezas, como sílica e metais


pesados;

• Tecnologia bem estabelecida.

✓ Desvantagens:

• Maior consumo de produtos químicos;

• Produção de lodo;

• Necessidade de ajustes finais na água (recarbonatação e filtração).


12
Troca catiônica

✓ Permuta equivalente entre os cátions Ca+2 e Mg+2 e os cátions móveis Na+ presentes
na matriz sólida;

✓ Indicada quando a dureza é baixa ou moderada (≤ 80 mg/L);

✓ Permite remover praticamente toda a dureza (≤ 5 mg/L);

✓ Materiais utilizados como trocadores catiônicos:

• Resinas sintéticas de poliestireno-divinilbenzeno sulfonado:

13
Troca catiônica

• Zeólitas:

✓ Representação esquemática do abrandamento por troca catiônica:

14
Troca catiônica

✓ Ciclo de serviço dos abrandadores:

• Depende da vazão de água, dureza e quantidade de resina no


equipamento;

• Geralmente no mínimo 24h.

✓ Regeneração dos trocadores catiônicos:

• Retrolavagem com uma solução concentrada de NaCl (8-15% em massa);

• Posterior lavagem com água tratada para remover o excesso de NaCl.


15
Troca catiônica

✓ Pré-tratamento da água afluente:

• Redução da concentração de Fe e Mn;

• Remoção de matéria orgânica;

• Utilização de filtros de areia e carvão ativado.

✓ Caso a troca seja realizada com resinas, a temperatura da água deve ser mantida
abaixo de 60ºC;

✓ Substituição dos trocadores após um período de 2 a 3 anos.

16
Troca catiônica

✓ Vantagens:

• Alta eficiência de remoção da dureza;

• Não há geração de lodo;

• Menor consumo de produtos químicos.

✓ Desvantagens:

• Regeneração periódica dos trocadores catiônicos;

• Necessidade de pré-tratamento da água;

• Requer tratamento do efluente da regeneração.


17

Você também pode gostar