Você está na página 1de 125

INSTITUTO BRASILEIRO DE INFORMAÇÃO EM CIENCIA E TECNOLOGIA

IBICT

Programa de Pós-Gradução em Ciência da Informação (PPGCI) – IBIC-UFRJ.

CIVILIZADORAS INSTITUIÇÕES: BIBLIOTECAS PROVINCIAIS


BRASILEIRAS NO SÉCULO XIX

Luiz Antonio Gonçalves da Silva

Rio de Janeiro

2012
Luiz Antonio Gonçalves da Silva

CIVILIZADORAS INSTITUIÇÕES: BIBLIOTECAS PROVINCIAIS


BRASILEIRAS NO SÉCULO XIX

Relatório de estágio de pós-doutorado


apresentado ao Programa
de Pós-Gradução em Ciência da
Informação (PPGCI) – IBIC-UFRJ

Supervisor: Prof. Dr. Emir José Suaiden

Rio de Janeiro

2012
Agradecimentos

Ao Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia - IBICT - pelo apoio


prestado durante a realização da pesquisa.

Ao prof. dr. Emir José Suaiden pela disponibilidade de orientar o estágio.


“Biblioteca Pública. Este útil estabelecimento como agente civilizador dos povos, que serve para pôr em
comum ao alcance de todos o depósito, ou colocação de luzes, com as que se alarga o círculo dos
conhecimentos humanos deve merecer vossa benévola atenção, e que lhe deis um impulso animador,
tirando-o do Estado de amortecimento, em que apenas apresenta o aspecto da existência, elevando-o ao
estado de poder secundar o movimento cientifico da Província”.

Trecho da Fala do presidente da província da Bahia, Thomaz Xavier Garcia de Almeida, na abertura da
Assembleia Legislativa, em 2 de fevereiro de 1840.
Lista de quadros

Quadro 1 - Cronologia de criação das bibliotecas provinciais 24

Quadro 2 - Vinculação das bibliotecas aos programas de instrução pública 36

Quadro 3 - Pessoal das bibliotecas provinciais 41

Quadro 4 - Profissões de origem dos bibliotecários 45


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 6

2 AS BIBLIOTECAS PÚBLICAS PROVINCIAIS BRASILEIRAS

NO SÉCULO XIX 21

3 AS BIBLIOTECAS E O DISCURSO CIVILIZATÓRIO 25

4 AS BIBLIOTECAS E A INSTRUÇÃO PÚBLICA


29

5 MARCO REGULATÓRIO 37

6 PESSOAL: ZELO E DEDICAÇÃO PARA

O DESEMPENHO DO IMPORTANTE LUGAR 41

7 RECURSOS INSUFICIENTES QUANDO NÃO EXISTENTES 48

8 DIFICULTOSAS AQUISIÇÕES BIBLIOGRÁFICAS 58

9 OS PROCESSOS DE ORGANIZAÇÃO BIBLIOGRÁFICA 67

10 OS DESAFIOS DA CONSERVAÇÃO NOS TÓPICOS 73

11 OS POUCOS FREQUENTADORES 77

12 A DIFÍCIL PRÁTICA DE EMPRÉSTIMOS 88

13 FIM DE SÉCULO: NOVOS TEMPOS, VELHOS PROBLEMAS 92

14 CONSIDERAÇÕES FINAIS

E INDICAÇÕES DE FUTUROS ESTUDOS 97

REFERÊNCIAS 100

APÊNDICE A – As bibliotecas provinciais 104

APÊNDICE B - Listagem biográfica 195


8

1 INTRODUÇÃO

O interesse em estudar temas relacionados a livros, leitura e bibliotecas tem origem nos
trabalhos sobre a história da impressão e fabricação do livro que começaram a aparecer
a partir das primeiras décadas do século XX. Desde então resultaram obras hoje
consideradas clássicas sobre o tema.

Uma obra pioneira foi escrita, em 1927, pelo bibliotecário-chefe da Universidade de


Copenhague, M. Sevend Dahl. Em 1933, teve sua edição em língua francesa, intitulada
Histoire du livre de l´antiquité a nos jours
1
, quando foi amplamente difundida e passou a influenciar as publicações posteriores.

Em 1937, é publicado nos Estados Unidos The book: the story of printing &
bookmaking, de autoria de Douglas C. McMurtrie. O livro, do qual existe uma edição
em língua portuguesa2, apresenta uma síntese da evolução da história do livro desde os
primeiros registros escritos produzidos pelo homem até princípios do século XX. O
autor ainda possui vasta produção sobre o livro e a imprensa nos Estados Unidos e o seu
desenvolvimento nos diferentes estados americanos.

Na França, como informa Chartier3 o marco inicial foi a publicação, em 1958, da obra
L’ apparition du livre de autoria de Lucien Febvre e Henry-Jean Martin 4 que resultou na
inclusão do tema nos programas acadêmicos. Martin foi o primeiro historiador francês a
ensinar uma disciplina relacionada ao livro na Ecole Pratique de Hautes Estudes. Entre
1988 e 1992 foi publicada l’Histoire des bibliothèques françaises, obra abrangente em
quatro volumes, que trata das bibliotecas na França desde a Idade Média até o século
XX5.

Nos países de língua anglo-saxônica a história das bibliotecas é tema consolidado de


estudos. Nos Estados Unidos, existe a The Library History Round Table (LHRT)
vinculada a American Libray Association (ALA). O grupo, criado em 1947, articula
atividades relacionadas com história das bibliotecas nos Estados Unidos, apoia

1 DAHL, Svend. Histoire du livre de l´antiqueté a nos jours. Paris: Jules Lamarre, 1933.
___ . Historia del libro. Traducción de Alberto Adell. Madrid: Alianza Ed., 1972. 319 p. il.

2 McMURTIE, Douglas. O livro. 2. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1965.

3 ENTREVISTA com Roger Chartier. Acervo, Rio de Janeiro, v. 8, n.1-2, p. 4, jan./dez. 1995.

4 FEBVRE, Lucien; MARTIN, Henry-Jean. O aparecimento do livro. Tradução de Fúlvia M. L. Moretto. São Paulo:
UNESP, 1992. 572 p.

5 Sobre o tema ver: VARRY, Dominique. L'histoire des bibliothèques en France. Disponível em:
<http://bbf.enssib.fr/consulter/bbf-2005-02-0016-003> Acesso em 18 nov. 2009.
9

pesquisas, mantêm publicações sobre o tema, além de organizar eventos 6. A


Universidade do Texas edita o periódico Libraries & the Cultural Record, criado em
1966 como Journal of Library History editado pela Florida State University até 1976.7
Na Inglaterra, o Chartered Institute for Library and Information Professional's (CILIP),
a antiga Libray Association, mantêm o Library and Information History Group (LIHG),
criado em 1962, voltado para a história das bibliotecas e da biblioteconomia 8. Uma das
suas atividades é a edição do periódico Library & Information History, criado em 1967
com o título Library History.

No plano internacional a IFLA, através da Library History Section, procura estimular


estudos e pesquisa nos países vinculados sobre a história das bibliotecas 9.

Mais recentemente o tema atingiu o grande público com a publicação de obras como
Historia universal da destruição dos livros de Fernando Baez10, A conturbada história
das bibliotecas, de Matthew Battles11 e Uma história da leitura e A biblioteca à noite,
de Alberto Manguel12.

Na América Latina, onde a presença das bibliotecas já completou mais de 500 anos a
história destas intuições ainda não mereceu a atenção devida. Benson citada por
Fernandez de Zamora constata a inexistência na região de obras sobre o tema e que as
poucas conhecidas se reduzem a relações de nomes de diretores, estatísticas, descrição
de coleções e serviços, não constituindo análises históricas da sua formação e
desenvolvimento13. O mesmo autor registra a inexistência, também, de biografias de

6 Cf. http://www.ala.org/ala/lhrt/lhrthome.htm. Acesso em 19 jul. 2007

7 Cf. :< http://sentra.ischool.utexas.edu/~lcr/about/index.php> Acesso em 30 jun. 2010.

8 Cf. http://www.cilip.org.uk/specialinterestgroups/bysubject/history Acesso em 19 jul. 2007

9 Cf. <http://www.ifla.org/VII/s44/index.htm>. Acesso em 19 jun. 2007

10 BAEZ, Fernando. Historia universal da destruição dos livros.Rio de Janeiro: Ediouro, 2006

11 BATTLES, Matthew. A conturbada história das bibliotecas. São Paulo: Planeta, 2003

12 MANGUEL, Alberto. Uma história da leitura. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
___ . A biblioteca à noite. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

13 FERNÁNDEZ DE ZAMORA, Rosa Maria. La historia de las bibliotecas en México, un tema olvidado. 60th IFLA
General Conference - Conference Proceedings - August 21-27, 1994. Disponível em http://www.ifla.org/IV/ifla60/60-
ferr.htm. Acesso em 19 jun. 2007.
10

bibliotecários. No tocante a situação do México, Fernandez de Zamora considera que a


historiografia das bibliotecas é escassa, alcançando cerca de 50 títulos14.

1.1 TEMA

As bibliotecas brasileiras no século XIX

1.1.1 Delimitação do tema

As bibliotecas provinciais.

1.2 DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS

1.2.1 Geral

Estudar as bibliotecas provinciais brasileiras criadas no século XIX.

1.2.2 Específicos

a) Identificar as bibliotecas públicas provinciais brasileiras fundadas no século XIX


b) Identificar os instrumentos que propiciaram a sua institucionalização
c) Conhecer as condições e motivações que levaram à sua criação
d) Identificar os atores e instituições envolvidas no processo de sua criação
e) Identificar o público a que eram dirigidas
f) Conhecer os problemas enfrentados no seu desenvolvimento
g) Conhecer as ações desenvolvidas
h) Contribuir para a história das bibliotecas no Brasil por meio da criação de um
instrumento de referencia que possa favorecer futuras pesquisas.

1.3 REVISÃO DA LITERATURA

No Brasil, já pode ser localizada uma considerável produção sobre a história de livros e
da leitura. Um balanço desses estudos foi realizado por Villaltaque analisou as
contribuições publicadas antes da década de 80 do século passado e os trabalhos
desenvolvidos posteriormente15. Verifica-se que os estudos estão voltados sobre a posse
de livros e práticas de leitura, preocupando-se, sobretudo, sobre a circulação das idéias
na sociedade brasileira. A biblioteca enquanto instituição criada para a guarda de livros
e atendimento as necessidades sociais de leitura, é considerada apenas tangencialmente.
Vale ressaltar que a quase totalidade dessa produção, notadamente no campo acadêmico,
é oriunda da área da história.

14 Ibid.

15 VILLALTA, Luiz Carlos. A história do livro e da leitura no Brasil colonial: balanço historiográfico e proposição
de uma pesquisa sobre o Romance. Disponível em:<
http://www.caminhosdoromance.iel.unicamp.br/estudos/ensaios/livroeleitura.pdf>. Acesso em: 16.ago.2010
11

Trazendo o foco para a área da biblioteconomia e documentação, verifica-se que há


pouca atenção ao tema.

Rubens Borba de Moraes foi um dos pioneiros com o trabalho Livros e bibliotecas no
período colonial, publicado em 1979, só agora em sua segunda edição 16. No prefácio da
obra, Moraes diz que “a história do livro e das bibliotecas no Brasil é [...] pouco
sabida”. Faz-se necessário “estabelecer fatos”, acrescenta. Nessa linha desenvolve os
capítulos do livro abordando, dentre outros assuntos, as bibliotecas dos jesuítas e de
outras ordens religiosas, a Biblioteca Real no Rio de Janeiro e a fundação da Biblioteca
Pública da Bahia. Trata-se de obra de referencia obrigatória para a realização de estudos
de cunho histórico sobre as bibliotecas brasileiras.

Edson Nery da Fonseca também foi um pioneiro no campo. Um texto clássico de sua
autoria é o Desenvolvimento da biblioteconomia e da bibliografia no Brasil, publicado
na Revista do Livro em 1957, que constitui leitura obrigatória para se ter ideia de
conjunto sobre o desenvolvimento da área no país. Nele reproduz e comenta um dos
primeiros documentos da história das bibliotecas no Brasil, o Plano para o
estabelecimento de uma biblioteca publica na cidade de S. Salvador..., de autoria de
Pedro Gomes Ferrão Castello Branco, publicado em 1811. Outro documento importante
para a história das bibliotecas brasileiras por ele analisado foram as atribuições do
bibliotecário estabelecidas pelo bispo de Olinda, dom Azeredo Coutinho, contidas nos
Estatutos do Seminário Episcopal de Nossa Senhora da Graça da cidade de Olinda, em
1798. À falta de conhecimento de fonte mais antiga, trata-se do primeiro documento que
faz referência à profissão de bibliotecário no Brasil. Outros textos de sua autoria de
cunho histórico são Bibliotecas e bibliotecários da província, de 1959; Ramiz Galvão,
bibliotecário e bibliógrafo de 1963 e A biblioteconomia brasileira no contexto mundial,
de 1959.

No entanto, o campo aberto por Moraes e Fonseca teve pouco seguidores. Os estudos de
cunho histórico produzidos na área são poucos e pontuais, não havendo linha de
pesquisa estruturada nos centros acadêmicos. Poucos foram os trabalhos identificados
na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações mantida pelo Instituto Brasileiro
de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT).

Um trabalho pioneiro foi realizado por Gomes17que analisou as bibliotecas brasileiras


criadas na Primeira República, considerando a relação entre biblioteca e sociedade. Nele
a autora procurou conhecer os possíveis fatores que levaram a instalação e crescimento
de bibliotecas no período de 1890 a 1930 em confronto com o contexto sócio-cultural
da época.

A Biblioteca Pública do Amazonas foi tema de uma dissertação para obtenção do título
de Mestre em Natureza e Cultura da Amazônia apresentada na Universidade Federal do
16 MORAES, Rubens Borba de. Livros e bibliotecas no Brasil colonial. 2. ed. Brasília: Briquet de Lemos, 2006.

17 GOMES, Sônia de Conti. Bibliotecas e sociedade na Primeira República. São Paulo: Pioneira; Brasília, INL,
1983
12

Amazonas, de autoria de Arruda, intitulada História e Memória da Biblioteca Pública


do Amazonas (1870 a 1910) 18. O trabalho visou resgatar a história e a memória da
instituição e traçar a sua contextualização no processo de formação da cidade de
Manaus.

A Pública Provincial do Maranhão foi tema de uma monografia para obtenção do grau
de Bacharel em Biblioteconomia da Universidade Federal do Maranhão. Intitulada
Recomeço de uma história: percurso histórico e a recriação da Biblioteca Pública do
Maranhão na Primeira República foi apresentada por Silva19. O trabalho analisou as
condições históricas que levaram à criação da biblioteca, sua trajetória durante o século
XIX até o seu ressurgimento como Biblioteca Pública do Maranhão no início da
Primeira República.

A mesma biblioteca foi tema de um estudo realizado por Castro e Pinheiro 20 que
analisou a sua trajetória desde a sua criação em 1829 até 1889. Apresentou os fatos que
levaram a sua criação e procurou compreender o papel que a mesma desempenhou na
formação da intelectualidade maranhense e no campo educacional do estado. Utilizou
entre as fontes de informação os relatórios do presidente da província relativos aos anos
de 1859 e 1866. O trabalho constou da linha de pesquisa “ História, memória das
instituições de educação e das práticas de leituras” desenvolvida no Departamento de
Biblioteconomia da Universidade Federal do Maranhão.

A primeira biblioteca municipal criada no Brasil, a Biblioteca Pública de São João d’El-Rei,
Minas Gerais, foi tema de uma dissertação de mestrado na Escola de Biblioteconomia da
Universidade Federal de Minas Gerais, apresentada por Motta 21. A autora levanta o contexto
histórico da época e destaca o papel de seu criador Baptista Caetano de Almeida.

1.4 JUSTIFICATIVA

18 ARRUDA, Guilhermina Melo. História e memória da Biblioteca Pública do Amazonas (1870 a 1910). Manaus:
Universidade do Amazonas, 2000. 140 p.; il.; 27 cm. Dissertação de Mestrado. Disponível em <
http://www.scribd.com/doc/16826748/MELO2000Historia-e-Memoria-da-Biblioteca-Publica-do-Amazonas-
18901910> Acesso em; 22 jun. 2010.

19 SILVA, Diana Rocha da. Recomeço de uma história: percurso histórico e a recriação da Biblioteca Pública do
Maranhão na Primeira República . São Luís, 2008. Monografia de Graduação Curso de Biblioteconomia,
Universidade Federal do Maranhão. Disponível em: http://www.nedhel.ufma.br/introducao.pdf. > Acesso em: 22. jun.
2010

20 CASTRO, Cesar Augusto; PINHEIRO, Ana Luiza Ferreira. Trajetória da biblioteca pública no Maranhão
Provincial. Revista Digital de Biblioteconomia e Ciencia da Informação > V. 4, N° 1 (2006). Disponível em: <
http://www.sbu.unicamp.br/seer/ojs/viewarticle.php?id=75> Acesso em: 20. jun.2010.

21 MOTTA, Rosemary Tofani. Baptista Caetano de Almeida : um mecenas do projeto civilizatório em São João
d’El-Rei no início do século XIX - a biblioteca, a imprensa e a sociedade literária. Belo Horizonte, UFMG/EB, 2000.
173 p. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) Escola de Biblioteconomia da Universidade Federal de
Minas Gerais. Disponível em:< http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/1843/EARM-
6ZCP6D/1/mestrado___rosemary_tofani_motta.pdf> Acesso em: 17 ago. 2010
13

As motivações que levaram a escolher trabalhar o tema das bibliotecas provinciais sob o
aspecto histórico devem-se, primeiramente, ao interesse do autor por esse tipo de
estudo. As primeiras práticas nesse sentido foram exercidas na sua dissertação de
mestrado. Nela, a partir do exame do contexto internacional e nacional, foi estudado o
processo referente à criação de um centro bibliográfico no Brasil, que deu origem ao
Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação22. Posteriormente, como trabalho de
conclusão do doutorado, o autor analisaou o desenvolvimento dos sistemas e serviços
nacionais de informação na América Latina a partir da ação da UNESCO na região.
Para tanto foram identificados os principais marcos históricos do referido processo em
cada país latino-americano23.

Agora, na oportunidade de realização de uma pesquisa de pós-doutorado, e


considerando a necessidade de se conhecer o processo que deu origem às atuais
bibliotecas públicas estaduais aliada à escassa literatura sobre o tema, justificaram a
escolha o tema. A disponibilidade de fontes primárias a serem consultadas como está
demonstrada na descrição da metodologia, também justificou a realização do trabalho.

1.5 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

O século XIX foi o período de independência e consolidação do Brasil como Estado-


nação que se pretendia guiar por um modelo europeu de civilização. Para ajudar a
moldar a identidade nacional começaram a ser criadas instituições burocráticas e
culturais. Dentre as últimas destacam-se museus, teatros, institutos históricos, arquivos e
bibliotecas.

As primeiras das instituições culturais foram criadas no Rio de Janeiro antes mesmo da
independência do Brasil com a chegada ao país da corte portuguesa em 1811. Entre
elas pode ser citada a hoje Biblioteca Nacional, criada entre as medidas tomadas pelo
Príncipe Regente D. João que abriu novos horizontes à vida do país, como afirmou
Azevedo24. Sua origem foi o acervo de livros, manuscritos, mapas, estampas, moedas e
medalhas, que constituía a Real Biblioteca da Ajuda, trazido ao Brasil pela família real
portuguesa. Com o nome de Real Biblioteca, foi instalada em 1810 nas dependências do
Hospital da Ordem Terceira do Carmo, na Rua Direita, hoje Rua Primeiro de Março,
conhecida na época por Rua Detrás do Carmo. Em 1811, já atendia mediante prévia
autorização régia, e a partir de 1814 estava aberta a toda a população da cidade como
informa Carvalho25.

22 SILVA, Luiz Antonio Gonçalves da. A institucionalização das atividades de informação científica e tecnológica no
Brasil: o caso do Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação (IBBD). Brasília, 1987. Dissertação de
Mestrado. Departamento de Biblioteconomia, Universidade de Brasília.

23 Idem. Estudio histórico comparativo de los programas de información y documentación de La UNESCO y su


impacto em los países de América Latina. Madrid, 1994. Tese de doutorado. Facultad de Ciencias de la Información.
Universidad Complutense de Madrid.

24 AZEVEDO, Fernando de. A cultura brasileira. 6. ed. Rio de Janeiro: UFRJ; Brasília: UnB, 1996. p. 368
14

Após a proclamação da independência do Brasil, em 1822, a biblioteca passou a


denominar-se Biblioteca Imperial e Pública de acordo com o regulamento de 13 de
setembro de 1824. No ano seguinte, o governo imperial, por meio da Convenção
Adicional ao Tratado de Paz e Amizade celebrado entre o Brasil e Portugal, em 29 de
agosto, pagou a Portugal pela biblioteca como parte da indenização à coroa portuguesa
pelas propriedades deixadas no Brasil.

Na década seguinte do mesmo século, tem-se a criação do Arquivo Nacional em 2 de


janeiro 1838, conforme previsto na Constituição de 1824. Estabelecido,
provisoriamente na Secretaria de Estado dos Negócios do Império, tinha por
finalidade guardar os documentos públicos e estava organizado em três seções:
Administrativa, responsável pelos documentos dos poderes Executivo e Moderador;
Legislativa, incumbida da guarda dos documentos produzidos pelo Poder Legislativo e
Histórica. Sua primeira sede situava-se no edifício do Ministério do Império, na rua da
Guarda Velha, atual Treze de Maio.

A exemplo do que aconteceu no Rio de Janeiro no tocante à criação de instituições


culturais, os governos provinciais também começaram a criar nas suas localidades as
suas próprias instituições. Elas tiveram o papel de compor a estrutura da organização
administrativa que estava sendo implantadas. Os governos e as elites provinciais
também procuravam criar sinais de modernidade e de civilização que essas instituições
poderiam representar. É assim que são criados no decorrer do século XIX, teatros,
arquivos e museus e bibliotecas nas capitais das províncias brasileiras. Coube aos
governos e as assembleias provinciais papel preponderante nessas iniciativas.

1.5.1 Os governos provinciais

No período imediatamente anterior à Independência do Brasil, as províncias eram


governadas, segundo Souza26, pelas Juntas Provisórias de Governo, criadas pelas Cortes
Portuguesas. Subordinadas ao Príncipe Regente D. Pedro, exerciam, em cada
localidade, atribuições do poder executivo nos campos civil, econômico, administrativo
e de polícia.

Após a Independência, a Lei Imperial de 20 de outubro de 1823 deu uma nova forma
aos governos provinciais. As Juntas Provisórias de Governo foram abolidas e o governo
provincial foi confiado a um Presidente e um Conselho auxiliados por um Secretário ao
qual competia executar as tarefas do expediente.

O Ato Adicional de 1834, aprovado pela Lei n° 16 de 12 de agosto, substituiu os


Conselhos pelas Assembleias Legislativas Provinciais. O mesmo Ato determinou as
eleições em cada província para a escolha dos membros das primeiras Assembleias. O
número de representantes provinciais ficou assim determinado: 36 representantes nas
25 CARVALHO, Gilberto Vilar de. Biografia da Biblioteca Nacional (1807 a 1990). Rio de Janeiro: Irradiação
Cultural, 1994.

26 SOUZA, Iara Lis Carvalho. A adesão das Câmaras e a figura do Imperador. Rev. bras. Hist., São Paulo, v. 18, n.
36, 1998 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
01881998000200015&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 16 jun. 2010.
15

províncias de Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo; 28 nas do
Pará, Maranhão, Ceará, Paraíba, Alagoas e Rio Grande do Sul, e finalmente, 20
representantes nas demais provinciais.

Cabia às Assembleias Legislativas propor, discutir e deliberar sobre os assuntos de


interesse das suas Províncias e elaborar projetos pertinentes. Especificamente o § 2 do
artigo 10 determinava entre as competências legislar “sobe instrução pública e
estabelecimentos próprios a promovê-la”.

O artigo 7 previa a realização todos os anos de uma sessão, com a duração de dois
meses, podendo ser prorrogada quando o presidente da província julgasse conveniente.

1.5.2 As falas e os relatórios dos presidentes das províncias.

Cada província era administrada por um presidente nomeado pelo imperador. As


atribuições do mesmo, que foram determinadas pelo ato adicional de 12 de agosto de
1834 e a lei de 3 de outubro de 1834, compreendiam, além da cooperação constitucional
na legislação provincial, todo o governo e a administração da província27.
Na ocasião da instalação das Assembleias, conforme determinado pelo artigo 8, do Ato
Adicional de 1834, o presidente da província deveria dirigir-se à mesma por meio de
uma fala, “instruindo-a do estado dos negócios públicos e das providências que mais
precisar a província para seu melhoramento”.
Além das falas, os presidentes apresentavam relatórios – os chamados relatórios
provinciais – que davam conta às Assembleias das realizações efetuadas no ano
antecedente e apresentavam os problemas e as medidas necessárias a serem aprovadas
para a melhoria das administrações provinciais.

Os relatórios tratam de diversos assuntos como: administração da justiça e magistratura,


exames de ofício, agricultura e indústria, instrução pública, culto público, eleição,
colonização, cartas patentes, casas de caridade, catequese, censo, corpo policial,
correios, divisas territoriais, economia municipal, escravidão, nomeação, posse e
matrícula de funcionários, estatística, estrangeiros, assuntos fazendários, câmaras
municipais, obras públicas, polícia, presos, recrutamento, saúde pública e outros de
interesse da administração provincial, incluindo as bibliotecas, tema desta pesquisa.

1.5.3 As bibliotecas provinciais

A criação de bibliotecas vai ocorrer em muitos casos no âmbito da descentralização


político-administrativa do sistema de ensino no Brasil preconizado no Ato Adicional de
1834. Por ele o governo central delegou às Assembleias Provinciais o poder de “legislar
sobre a instrução pública e estabelecimentos próprios a promovê-la” 28. De fato, muitas

27 HANDELMANN, Gottfried Heinrich. A organização do Estado e seus órgãos na monarquia brasileira. Disponível
em: < http://www.consciencia.org/a-organizacao-do-estado-e-seus-orgaos-na-monarquia-brasileira. Acesso em: 11
set. 2012

28 CUNHA, Maria Couto A descentralização da gestão da educação e a municipalização do ensino, como temas de
estudos recentemente produzidos no Brasil. Disponível em: <
http://www.anped.org.br/reunioes/29ra/trabalhos/trabalho/GT05-2059--Int.pdf>. Acesso em: 19 jun.2010
16

bibliotecas vão ser criadas ou instaladas junto às instituições e diretorias de ensino ou


aos Liceus das capitais das províncias.

Segundo a literatura29, a cronologia de criação das bibliotecas provinciais no século XIX


foi a seguinte:

Biblioteca Pública da Bahia - Foi a primeira criada no Brasil com esse caráter, durante a
administração do governador Conde dos Arcos, em 1811. Foi inaugurada em 4 de
agosto do mesmo ano.

Biblioteca Pública da Província do Maranhão – A sua criação foi proposta na sessão de 08


de julho de 1826 da Assembléia Legislativa. Foi inaugurada e aberta ao público em 1831.

Biblioteca Pública Provincial de Sergipe - Um projeto de lei de 1848 propõe a sua


criação que foi sancionada do dia 16 de junho do mesmo ano. Foi instalada no dia 02 de
julho de 1851.

Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco - Criada em 1841 e inaugurada no dia 5 de


maio de 1852.

Biblioteca Pública Provincial de Santa Catarina - Criada pela lei nº 373, de 31 de maio
de 1854, sendo inaugurada em 9 de janeiro de 1855

Biblioteca Pública do Espírito Santo - Fundada em 16 de julho de 1855.

Biblioteca Pública da Província da Paraíba - Instalou-se em 1859. Recriada em 1890.


Existia anteriormente uma biblioteca no Lucio Paraibano.

Biblioteca Pública da Província do Paraná - Criada pela Lei nº 27 de março de 1857 e


instalada no dia 25 de fevereiro de 1859.

Biblioteca Pública de Alagoas - Fundada em 26 de junho de 1865.

Biblioteca Provincial do Ceará - Criada em 25 de março de 1867.

Biblioteca Provincial do Amazonas - Em 1870 é criada uma Sala de Leitura, que na


década seguinte será reestruturada e ampliada, dando origem à Biblioteca Provincial
inaugurada no dia 25 de março de 1883.

Biblioteca Provincial do Rio Grande do Sul - Criada pela Lei Provincial n.724, de 4 de
abril de 1871. Começou a funcionar em 21/1/1877.

Biblioteca Pública do Pará - Foi fundada em 1846, anexa ao Lyceu Paraense. Passou,
em 1863, ao prédio do antigo convento do Carmo, e em 1871 foi constituída como
órgão público.

29 Cf. SUAIDEN, Emir J. Biblioteca pública brasileira: desempenho e perspectivas. São Paulo: Lisa; Brasília, INL,
1980. p. 7-8.
17

Biblioteca Pública do Rio de Janeiro – Criada em 1873.

Biblioteca Pública do Piauí – Criada em 1883

Tendo-se constatado a criação de bibliotecas nos oitocentos, buscou-se compreender


como decorreu o processo de sua institucionalização nas diferentes províncias e qual o
papel e o alcance que elas exerceram dentro do contexto de criação de uma identidade
nacional, como também perceber se elas conseguiram alcançar os objetivos propostos
por aqueles que as criaram.

Suaiden adianta um quadro nada animador da situação por a qual elas passaram.
Segundo ele, as bibliotecas foram criadas sem a previsão da infra-estrutura necessária.
Funcionaram em locais improvisados, seus acervos eram desatualizados e compostos de
doações e careciam de recursos humanos adequados. A imagem junto ao público era
negativa. O ônus da imagem dessas instituições provocou um retraimento do possível
público usuário. A imagem passou a ser negativa, pelo povo e eram comuns as
afirmações de que se tratava de um local de castigo ou para uma pequena elite composta
de eruditos30.

1.6 METODOLOGIA

A pesquisa utilizou como fontes primárias as falas e relatórios dos presidentes das
províncias brasileiras no século XIX.

A metodologia foi centrada na leitura, análise e interpretação desses documentos para


extrair informações sobre o processo de criação, formação e desenvolvimento das
bibliotecas nas diferentes províncias brasileiras no período citado.

A coleção de falas e relatórios provinciais utilizada para a consulta foi a existente no


Projeto de Imagens de Publicações Oficiais Brasileiras, mantido pelo Center for
Research Libraries (CRL)31.

O projeto, patrocinado pela Fundação Andrew W. Mellon, produziu imagens digitais de


publicações oficiais brasileiras, entre elas as falas e relatórios provinciais, e
disponibilizou o seu acesso via Internet32. A digitalização das publicações decorreu de
negociações com a Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e o Arquivo Nacional33.

30 SUAIDEN, Emir José. A biblioteca pública no contexto da sociedade da informação. Ci. Inf., Brasília, v. 29, n.
2, aug. 2000 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
19652000000200007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: jul. 2010

31 Sobre o CRL ver: http://www.crl.edu/about/. Acesso em 20 jun. 2010

32 http://www.crl.edu/brazil/provincial. Acesso em 20 jun. 2010.

33 Sobre o projeto ver: http://www.crl.edu/pt-br/area-studies/lamp/membership-information/project-history#6.


Acesso em 20. jun. 2010.
18

Ações realizadas:

a) Exame dos Relatórios provinciais digitalizados disponíveis no site do Center for


Research Libraries <http://www.crl.edu/brazil/provincial>, referente às seguintes
províncias: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato
Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande
do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.

Período examinado: 1822 a 1889.

b) Identificação em cada relatório das ocorrências referentes à biblioteca provincial.

c) Transferência dos arquivos com as informações disponíveis no formato TIFF.

d) Conversão das ocorrências identificadas para possibilitar a edição por meio do


programa ABBYY FineReader (Optical Character Recognition).Tendo em vista que os
relatórios foram digitalizados no formato TIFF, foi feita a

e) Edição e correção dos textos em formato PDF.

f) Leitura dos textos dos relatórios e identificação de variáveis a serem estudadas

g) Relatórios examinados:

Foram examinados os relatórios de todas as províncias, exceto os relativos ao Piauí que


não estavam disponíveis durante a pesquisa. Só quando o trabalho estava em fase
adiantada é que foram incluídos. Segue, abaixo, a indicação dos anos examinados para
cada província e o número de relatórios com informações sobre bibliotecas. A
duplicação de anos ocorre quando há mais de um relatório ou uma fala ou relatório
durante um ano.

Foi necessário abrir os arquivos de cada relatório, tendo em vista que a precariedade da
indexação existente e nem sempre presente em todos os documentos.

Segue a indicação dos documentos examinados:

ALAGOAS
Anos examinados:
1835, 1836, 1837, 1838, 1839, 1839, 1839, 18401840, 1840, 1842, 1842, 1842, 1844,
1845, 1846, 1847, 1848, 1849, 1849, 1849, 1850, 1850, 1850, 1851, 1851,1851, 1852,
1853, 1853, 1853, 1853, 1853, 1854, 1854, 1855, 1855, 1856, 1857, 1858, 1859, 1859,
1860, 1861, 1861, 1862, 1863, 1863, 1864, 1864, 1865, 1866, 1866, 1866, 1867, 1867,
1867, 1867, 1867, 1868, 1868, 1868, 1869, 1870, 1871, 1871, 1872, 1872, 1873, 1874,
1875, 1875, 1876, 1876, 1876, 1876, 1877, 1878, 1878, 1878, 1879, 1880, 1880, 1881,
1882, 1882, 1882, 1882, 1883, 1883, 1883, 1884, 1884, 1885, 1886, 1886, 1886, 1887,
1887, 1888, 1888, 1888, 1889, 1889.
Número de documentos com referências: 13
19

AMAZONAS
Anos examinados:
1852, 1852, 1852, 1852, 1853, 1853, 1854, 1855,1855, 1856, 1856, 1857, 1857, 1858,
1858, 1859, 1860, 1860, 1861, 1862, 1863, 1864, 1864, 1865, 1866, 1866, 1867 , 1867,
1867, 1867, 1867, 1867, 1868, 1868, 1868, 1868, 1868, 1868, 1870, 1870, 1871, 1871,
1872, 1872, 1873, 1874, 1875, 1875, 1875, 1876, 1876, 1876, 1876, 1877, 1878, 1878,
1878, 1878, 1878, 1879, 1879, 1879, 1880, 1880, 1880, 1880, 1881, 1881, 1881, 1881,
1882, 1882, 1882, 1883, 1884, 1884, 1884, 1884, 1884, 1885, 1885, 1885, 1887, 1887,
1887, 1887, 1887, 1888, 1888, 1888, 1888, 1888, 1889.
Número de documentos com ocorrências: 11

BAHIA
Anos examinados:
1823, 1828, 1830, 1839, 1840, 1841, 1842, 1843, 1844, 1845, 1846, 1847, 1848, 1848,
1849, 1850, 1850, 1851, 1851, 1852, 1853, 1853, 1853, 1854, 1855, 1856, 1857, 1858,
1859, 1859, 1860, 1860, 1861, 1861, 1861, 1862, 1863, 1863, 1863, 1864, 1864, 1864,
1865, 1866, 1868, 1868, 1868, 1869, 1869, 1869, 1869, 1870, 1872, 1872, 1872, 1873,
1873, 1873, 1874, 1874, 1875, 1875, 1875, 1876, 1876, 1877, 1877, 1877, 1878, 1878,
1878, 1878, 1879, 1880, 1881, 1881, 1882, 1882, 1883, 1884, 1884, 1885, 1886, 1886,
1887, 1888, 1888, 1889, 1889.
Número de documentos com ocorrências: 38

CEARÁ
Anos examinados:
1836, 1837, 1838, 1839, 1840, 1842, 1843, 1844, 1847, 1848, 1850, 1851, 1851, 1851,
1852, 1853, 1853, 1854, 1855, 1855, 1856, 1856, 1857, 1857, 1857, 1858, 1859, 1859,
1859, 1860, 1861, 1861, 1861, 1862, 1862, 1863, 1863, 1864, 1865, 1865, 1866, 1866,
1867, 1867, 1867, 1867, 1867, 1868, 1868, 1868, 1868, 1869, 1869, 1869, 1870, 1870,
1870, 1871, 1871, 1871, 1872, 1873, 1873, 1873, 1873, 1874, 1874, 1875, 1875, 1875,
1876, 1876, 1877, 1877, 1877, 1877, 1878, 1878, 1879, 1880, 1880, 1881, 1881, 1881,
1882, 1882, 1882, 1882, 1882, 1883, 1883, 1884, 1884, 1884, 1884, 1885, 1885, 1885,
1886, 1886, 1887, 1888, 1889, 1889.
Número de documentos com ocorrências: 25

ESPÍRITO SANTO
Anos examinados:
1833, 1836, 1836, 1836, 1838, 1840, 1841, 1843, 1843, 1845, 1845, 1846, 1848, 1848,
1848, 1848, 1849, 1849, 1849, 1849, 1850, 1851, 1852, 1853, 1854, 1855, 1856, 1856,
1857, 1857, 1858, 1859, 1859, 1860, 1860, 1860, 1861, 1861, 1861, 1861, 1862, 1863,
1863, 1863, 1864, 1864, 1864, 1865, 1865, 1866, 1866, 1867, 1867, 1868, 1868, 1869,
1869, 1869, 1869, 1869, 1870, 1870, 1870, 1872, 1872, 1873, 1873, 1873, 1874, 1874,
1875,1875, 1875, 1876, 1876, 1877, 1877, 1877, 1877, 1877, 1878, 1878, 1878, 1879,
1880 ,1880, 1880, 1881, 1882, 1882, 1883, 1884, 1884, 1884, 1885, 1886, 1886, 1887,
1888, 1892.
Número de documentos com ocorrências: 12

GOIAS
Anos examinados:
20

1835, 1835, 1836, 1837, 1838, 1839, 1840, 1841, 1842, 1843, 1845, 1846, 1847, 1848,
1849, 1850, 1850, 1851, 1852, 1852, 1853, 1853, 1854, 1854, 1855, 1856, 1857, 1857,
1857, 1858, 1859, 1859, 1861, 1861, 1861, 1862, 1862, 1863, 1863, 1864, 1864, 1865,
1866, 1867, 1867, 1869, 1869, 1870, 1870, 1871, 1872, 1873, 1874, 1875, 1876, 1877,
1878, 1879, 1879, 1879, 1879, 1880, 1880, 1881, 1881, 1881, 1882, 1883, 1883, 1883,
1886, 1887, 1887, 1888, 1888.
Número de documentos com ocorrências: 7

MARANHÃO
Anos examinados:
1836, 1837, 1838, 1839, 1840, 1841, 1843, 1843, 1843, 1844, 1846, 1847, 1847, 1848,
1848, 1849, 1849, 1849, 1850, 1851, 1852, 1852, 1852, 1853, 1854, 1854, 1855, 1855,
1856, 1857, 1857, 1857, 1857, 1858, 1858, 1858, 1859, 1859, 1860, 1861, 1861, 1861,
1862, 1863, 1863, 1864,1864, 1865, 1865, 1865, 1866, 1866, 1866, 1866, 1866,
1867,1867, 1867, 1867, 1868, 1868, 1868, 1869, 1869,1869,1870, 1870, 1870, 1871,
1871, 1872,1872, 1872, 1872, 1873, 1873, 1873, 1874, 1874, 1874,1874, 1875, 1875,
1875, 1875, 1876, 1876, 1876, 1876, 1876, 1877, 1878, 1878, 1878, 1878, 1878, 1879,
1879, 1880, 1880, 1880, 1881, 1881, 1882,1882, 1883, 1883, 1883, 1884, 1884, 1885,
1885, 1885, 1885, 1885, 1886, 1886, 1887, 1888, 1888, 1889.
Número de documentos com ocorrências: 10

MATO GROSSO
Anos examinados:
1835, 1835, 1836, 1836, 1837, 1838, 1839, 1840, 1840, 1844, 1845, 1846, 1847, 1848,
1848, 1849, 1849, 1850, 1852, 1853, 1853, 1854, 1856, 1857, 1857, 1858, 1858, 1859,
1860, 1861, 1862, 1863, 1863, 1864, 1865, 1865, 1866, 1866, 1868, 1868, 1869, 1871,
1873, 1873, 1874, 1875, 1875, 1876, 1877, 1878, 1879, 1879, 1880, 1881, 1881, 1881,
1882, 1883l, 1883, 1884, 1886, 1886, 1887, 1888, 1888.
Número de documentos com ocorrências: 6

MINAS GERAIS
Anos examinados:
1837, 1840, 1842, 1842, 1843, 1843,1844, 1845, 1846, 1847, 1848, 1848, 1849, 1850,
1850, 1850, 1850, 1851, 1852, 1852, 1852, 1853, 1853, 1854, 1854, 1854, 1855, 1856,
1857, 1857, 1857, 1858, 1859, 1859, 1859, 1860, 1860, 1860,1860, 1861,
1861,1862,1862, 1862, 1863, 1864, 1864, 1865, 1866, 1867, 1867, 1868, 1868,
1869,1869, 1870, 1870, 1871, 1871, 1871, 1872, 1872,1872, 1873, 1873, 1874,
1874,1875, 1875, 1876, 1876, 1877, 1877, 1878, 1878, 1878, 1879, 1879, 1879,
1880,1880, 1881, 1881, 1881, 1882, 1882,1883, 1884, 1885, 1885, 1886, 1886,
1887,1887, 1887, 1888, 1888, 1889,
Número de documentos com ocorrências: 17

PARÁ
Anos examinados:
1833, 1838,1838, 1838, 1839, 1839, 1840, 1840,1841, 1842, 1842,1843, 1844, 1845,
1846, 1847, 1847, 1848, 1848, 1849, 1850, 1850, 1850, 1851, 1851, 1852, 1852, 1852,
1853, 1853, 1854, 1855, 1855,1855, 1855, 1856, 1856, 1857, 1857, 1858, 1858, 1858,
1859,1860, 1860,1861, 1861, 1862, 1863, 1864, 1864, 1866, 1866, 1867, 1867, 1867,
1868, 1868, 1868, 1868, 1868, 1869, 1869, 1869, 1869, 1870, 1870, 1871, 1872, 1872,
1873, 1873, 1873, 1874, 1874, 1875, 1875, 1876, 1876, 1877, 1878, 1878, 1878, 1879,
21

1880, 1881, 1881, 1882, 1882, 1882, 1882, 1882, 1883, 1884, 1884, 1884, 1884, 1885,
1885, 1885, 1885, 1886, 1886, 1886, 1886, 1887, 1887, 1888, 1888, 1889, 1889, 1889,
1889.
Número de documentos com ocorrências: 11

PARAIBA
Anos examinados:
1837, 1838, 1839, 1841, 1841, 1842, 1843, 1844, 1845,1846, 1847, 1848, 1848, 1849,
1850, 1850, 1850, 1850, 1851, 1851, 1852, 1853, 1853, 1853, 1853, 1854, 1854, 1855,
1855, 1855, 1856, 1857, 1857, 1858, 1859, 1859, 1860, 1860, 1861, 1861, 1861, 1862,
1863, 1863, 1864, 1865, 1865, 1866, 1866,1867, 1867, 1867, 1868, 1868, 1868, 1869,
1869, 1869, 1870, 1870, 1870, 1870, 1871, 1871, 1872, 1872, 1872,1873, 1874, 1875,
1876, 1877, 1877, 1878, 1878, 1879, 1879, 1880, 1880, 1881, 1882, 1882, 1883, 1883,
1883, 1884, 1884, 1886, 1887, 1888.
Número de documentos com ocorrências: 15

PARANÁ
Anos examinados:
1854, 1854, 1855, 1855, 1856, 1856, 1856, 1857, 1857, 1857, 1858, 1859, 1859, 1859,
1861, 1861, 1862, 1863, 1863, 1864, 1864, 1864, 1865, 1866, 1866, 1867,1867,
1868,1868, 1869, 1869, 1870, 1870, 1871, 1872, 1873, 1873, 1873, 1874, 1875, 1875,
1875, 1876, 1877, 1877, 1878, 1878, 1879, 1879, 1880, 1880, 1886, 1886, 1887, 1888,
1888, 1888, 1888, 1889.
Número de documentos com ocorrências: 14

PERNAMBUCO
Anos examinados:
1838, 1839, 1840, 1841, 1842, 1843, 1844, 1845, 1846, 1846, 1847, 1848, 1849, 1850,
1850, 1851, 1851, 1852, 1852, 1853, 1854, 1854, 1854, 1855, 1856, 1857, 1857, 1858,
1858, 1859, 1859, 1859, 1860, 1861, 1862, 1862, 1862, 1863, 1864,1864, 1865, 1865,
1865, 1866, 1866, 1867, 1868, 1868, 1869, 1869, 1870, 1870, 1871, 1871, 1872, 1872,
1873, 1874, 1875, 1875, 1876, 1876, 1877, 1877, 1878, 1878, 1880, 1880, 1880, 1880,
1880, 1881, 1881, 1882, 1882, 1882, 1882, 1882, 1883, 1883, 1884, 1884, 1884, 1885,
1885, 1885, 1886, 1886, 1886, 1886, 1887, 1887, 1887, 1888, 1888, 1888, 1889, 1889,
1889, 1889, 1889.
Número de documentos com ocorrências: 16

RIO DE JANEIRO
Anos examinados:
1835, 1836, 1836, 1837, 1838, 1839,1840, 1841, 1842, 1843, 1844, 1845, 1846, 1847,
1848, 1848, 1848, 1848, 1849, 1850, 1850, 1851, 1851, 1851, 1852, 1852, 1852, 1853,
1853, 1853, 1854, 1854, 1855, 1855, 1856, 1856, 1856, 1856, 1857, 1857, 1858, 1859,
1859, 1859, 1860, 1861, 1861, 1862, 1862, 1863, 1863, 1864, 1864, 1864, 1864, 1864,
1865, 1865, 1865, 1865, 1865, 1866, 1866, 1866, 1866, 1867, 1867, 1867, 1868, 1868,
1868, 1868, 1868, 1869, 1869, 1870, 1870, 1871, 1871, 1872, 1873, 1873, 1873, 1874,
1874, 1875, 1875, 1876, 1877, 1877, 1878, 1878, 1879, 1879, 1880, 1880, 1881, 1881,
1881, 1882, 1882, 1883, 1883, 1883, 1883, 1884, 1885, 1885, 1886, 1887, 1888, 1889.
Número de documentos com ocorrências: 5

RIO GRANDE DO NORTE


22

Anos examinados:
1835, 1836, 1837, 1838, 1840, 1841, 1842, 1843, 1844, 1845, 1846, 1847, 1848, 1849,
1850, 1851, 1852, 1852, 1853, 1854, 1855, 1856, 1857, 1858, 1858, 1858, 1859, 1859,
1860, 1860, 1861, 1861, 1862, 1862, 1864, 1865, 1866, 1866, 1867, 1867, 1868, 1870,
1870, 1870, 1871, 1872, 1872, 1872, 1873, 1873, 1873, 1874, 1875, 1875, 1876, 1877,
1877, 1877, 1878, 1878, 1879, 1879, 1880, 1881, 1882, 1882, 1882, 1883, 1885, 1886,
1886, 1886, 1887, 1888, 1889.
Número de documentos com ocorrências: 11

RIO GRANDE DO SUL


Anos examinados:
1829, 1830, 1831, 1832, 1835, 1837, 1846, 1847, 1848, 1848, 1849, 1850, 1850, 1851,
1851, 1852, 1853, 1854, 1855, 1855, 1855, 1856, 1856, 1857, 1858, 1858, 1859, 1859,
1859, 1860, 1861, 1861, 1861, 1862, 1862, 1863, 1863,1864, 1864, 1865,1866,1866,
1866, 1867, 1867, 1868, 1868, 1868, 1868, 1869, 1869, 1869, 1870, 1870, 1871, 1871,
1871, 1871, 1872, 1872, 1872, 1873, 1874, 1875, 1875,1875, 1876, 1876, 1877, 1877,
1877, 1878, 1878, 1879,1879,1879,1880,1880, 1880, 1881, 1881, 1881, 1882, 1882,
1882, 1883, 1883, 1885, 1885, 1885, 1886,1886,1887, 1887, 1887, 1887, 1888, 1888,
1889, 1889, 1889, 1889.
Número de documentos com ocorrências: 14

SANTA CATARINA.
Anos examinados:
1835, 1836, 1837, 1838,1839, 1840, 1840, 1841, 1842, 1843, 1844, 1845, 1846 ,1847,
1848, 1848, 1849, 1849, 1850, 1850, 1851, 1852, 1853, 1854 ,1855, 1856, 1857 ,1858,
1859, 1859, 1860, 1861, 1861, 1862 ,1862, 1863,1864, 1865, 1865, 1866, 1866, 1867,
1867,1868, 1868, 1869, 1869, 1869, 1870, 1870, 1870, 1870, 1870, 1871, 1871,
1872,1872, 1872, 1873, 1873, 1873, 1873, 1874, 1875, 1875, 1875, 1876,1876,
1877,1877, 1877, 1878, 1879, 1880, 1880, 1881, 1882, 1882, 1882, 1882, 1883, 1883,
1883, 1884, 1885, 1885, 1886, 1887, 1888, 1888, 1889, 1889, 1889.
Número de documentos com ocorrências: 22

SÃO PAULO
Anos:
1838, 1840, 1841, 1842, 1843, 1844, 1845,1846, 1846,1847, 1848, 1848, 1849,1850,
1851, 1852, 1852, 1852, 1852, 1853, 1854, 1855,1855, 1856, 1856, 1857,1857, 1857,
1858, 1858, 1859, 1859, 1859, 1860, 1860, 1860, 1860, 1861, 1861, 1861, 1861, 1862,
1862, 1862, 1863, 1863, 1863, 1864, 1864, 1864, 1864, 1864, 1865, 1865, 1865, 1865,
1866, 1866, 1866, 1867, 1868, 1868, 1868, 1868, 1868, 1869, 1869, 1869, 1869, 1869,
1870, 1870, 1870, 1871, 1871, 1871, 1871, 1872, 1872, 1872, 1873, 1874, 1875, 1875,
1875, 1875, 1876, 1877, 1878, 1878, 1878, 1878, 1878, 1879, 1880, 1881, 1881, 1882,
1882, 1882, 1883, 1883, 1884, 1884, 1885, 1885, 1885, 1885, 1886, 1886, 1887,1887,
1888,1888, 1888, 1889, 1889, 1889, 1889,
Número de documentos com ocorrências: 2

SERGIPE:
Anos examinados:
1835, 1835, 1836, 1837, 1838, 1839, 1839, 1840, 1841, 1842, 1843, 1844, 1845, 1846,
1847, 1848, 1848, 1849, 1849, 1850, 1851, 1851, 1852, 1853, 1853, 1853, 1854, 1855,
1855, 1856, 1856, 1857, 1857, 1857, 1858, 1859, 1859, 1860, 1860, 1860, 1861, 1861,
23

1861, 1862, 1863 1863, 1863, 1863, 1863, 1864, 1864, 1864, 1865, 1865, 1866, 1866,
1867, 1867, 1868, 1868, 1868, 1869, 1869, 1869, 1869, 1870, 1871, 1871 1871, 1871,
1872, 1872, 1872, 1872, 1873,1873,1874, 1874, 1875,1876, 1876, 1877, 1877,
1878,1878.
Número de documentos com ocorrências: 15

1.7 CONTEÚDO DO RELATÓRIO

O relatório consta de 14 capítulos e 2 apêndices.

O primeiro capítulo apesenta a cronologia de criação das bibliotecas provinciais no


século XIX; o segundo trata das bibliotecas como parte do discurso civilizatório dos
presidentes das províncias; o terceiro examina a participação das bibliotecas nos
programas de instrução pública; o quarto identifica o marco regulatório a que estavam
sujeitas as bibliotecas, o quinto identifica as cargos e atribuições do pessoal em
exercício nas bibliotecas e as profissões de origem dos bibliotecários, o sexto apresenta
a situação das bibliotecas em relação aos recursos financeiros; o sétimo relata as
dificuldades para a aquisição de livros e periódicos; o oitavo apresenta os processos de
organização bibliográfica e a organização de catálogos; o nono descreve os desafios
relativos à conservação dos livros nos trópicos; o décimo trata da frequência de leitores
às bibliotecas; o décimo primeiro descreve as práticas do empréstimo; o décimo
segundo apresenta os problemas ainda enfrentados pelas bibliotecas no fim do século e
o décimo terceiro apesenta as considerações finais e indicações de estudos futuros.

Tendo em vista ter sido verificada a variação dos nomes das bibliotecas nos
documentos, decidiu-se no presente relatório utilizar a denominação biblioteca púbica
seguida do nome da província.

Dentro de cada capítulo seguiu-se a ordem alfabética dos nomes das províncias para a
apresentação das informações.

O apêndice A contém a transcrição das informações extraídas das falas e relatórios


provinciais sobre cada biblioteca, segundo a ordem alfabética das províncias.

O apêndice B contém a relação dos nomes de pessoas que participaram do


desenvolvimento das bibliotecas provinciais citadas nas falas e relatórios como subsídio
para a criação de um dicionário biográfico relacionado com a história das bibliotecas
públicas.
24

2 BIBLIOTECAS PÚBLICAS PROVINCIAIS BRASILEIRAS NO SÉCULO XIX

Durante o século XIX, observa-se a criação de bibliotecas púbicas nas províncias do


Brasil. A primeira, a Biblioteca Pública da Bahia, foi criada antes mesmo da
Independência, em 1811, após a chegada ao país da corte portuguesa em 1808.

No período do primeiro reinado, compreendido entre 1822 e 1831, foi inaugurada a


Biblioteca Púbica de São Paulo, em 1825, e a da província do Maranhão instalada em
1826 e aberta ao público em 1831.

As bibliotecas das demais províncias foram criadas ao longo do segundo reinado entre
1840 e 1874. Trata-se do período de consolidação do estado nacional brasileiro quando
em decorrência do Ato Adicional de 1834, as províncias do Império passaram a ter
maior autonomia e os Conselhos Provinciais foram transformados em Assembleias
Legislativas Provinciais34.

Com base nas informações contidas nos relatórios, as bibliotecas públicas criadas nas
províncias durante o século XIX, segunda a ordem cronológica, foram as seguintes:

Biblioteca Pública da Bahia – Criada em 1811 durante a administração do governador


Conde dos Arcos35.

34 ROMPATTO, Maurilio. A formação do estado nacional brasileiro. Disponível em: <


http://revistas.unipar.br/akropolis/article/view/1840/1604>. Acesso em: 14. Nov. 2012.
25

Biblioteca Pública de Ouro Preto - Em 1847, a biblioteca que pertenceu à extinta


Sociedade Promotora da Instrução Pública foi transferida para o prédio da escola normal
com a finalidade de servir como biblioteca da capital da província36.

Biblioteca Pública de Sergipe - Criada pela lei nº. 233, de 16 de junho de 1848 e
inaugurada no dia 2 de julho de 185137.

Biblioteca Pública de Pernambuco - Iniciou a funcionar em 185238.

Biblioteca Pública de Santa Catarina - Criada pela lei nº 373, de 31 de maio de 1854 e
inaugurada em 9 de janeiro de 185539.

35 [Relatório do bibliotecário] In: BAHIA. Presidente (1848-1850: Francisco Gonçalves Martins) Falla que recitou o
presidente da provincia da Bahia, o dezembargador conselheiro, n'abertura da Assembléa Provincial da mesma
provincia no 1. de março de 1851. Bahia, Typ. Constitucional de Vicente Ribeiro Moreira, 1851.

36 MINAS GERAIS. Presidente. (1844-1847: Quintiliano José da Silva) Falla dirigida á Assembléa Legislativa
Provincial de Minas Geraes na sessão ordinaria do anno de 1847 pelo presidente da provincia, Quintiliano José da
Silva. Ouro Preto: Typ. Imparcial de B.X. Pinto de Sousa, 1847

37 SERGIPE. Presidente (1851-1853: José Antonio de Oliveira Silva) Relatório apresentado á Assembléa
Legislativa Provincial de Sergipe na abertura de sua sessão ordinária no dia 8 de março de 1852 pelo exm. snr.
presidente da província, dr. José Antonio de Oliveira Silva. Sergipe, Typ. Provincial, 1852. p. 22-24.

38 PERNAMBUCO. Presidente. Relatório que à Assembléa Legislativa Provincial de Pernambuco, apresentou na


abertura da sessão ordinaria em o 1.o de março de 1853 o exm. presidente da mesma provincia, Francisco Antonio
Ribeiro. Recife, Typ. de M.F. de Faria, 1853. p. 12

39 SANTA CATARINA. Presidente. (1850-1859:João José Coutinho) [Relatório do presidente da província de


Santa Catharina em 1.o de março de 1855] p. 4-5.
26

Biblioteca Pública do Espírito Santo – Aberta em 16 de julho de 1855 40.Biblioteca


Pública da Paraíba – Criada em 185941. Uma biblioteca criada pela lei de 24 de março
de 1836, não foi implantada42.

Biblioteca Pública do Paraná - Criada lei de 7 de março de 1857 43 e instalada no dia 25


de fevereiro de 185944.

Gabinete Literário de Goiás – Criado em abril de 1864, funcionou como a Biblioteca


Pública de Goiás45.

Biblioteca Pública de Alagoas - Criada pela resolução provincial nº. 453 de 26 de junho
de 186546.

Biblioteca Pública do Ceará – Instalada em 25 de março de 186747.

40 ESPÍRITO SANTO. Presidente (1856-1857: José Mauricio Fernandes Pereira de Barros) Relatório que o exm.
senr. presidente da provincia do Espirito Santo, o doutor José Mauricio Fernandes Pereira de Barros, apresentou na
abertura da Assembléa Legislativa Provincial, no dia 23 de maio de 1856. Victoria, Typ. Capitaniense de P.A.
d'Azeredo, 1856.

41 PARAÍBA. Presidente.(1857-1858: Henrique de Beaurepaire Rohan) Relatório apresentado ao Illm. E Exmo. Sr.
Dr. Ambrósio leitão da Cunha, no ato de tomar posse do cargo de presidente da província da Parahyba do Norte por
Henrique de Beaurepaire Rohan. Parahyba: Typ. de José Rodrigues da Costa, 1859. p. 15.

42 PARAÍBA. Presidente.(1838-1939: João José de Moura Magalhaens) Falla com que o exm. presidente da
provincia da Parahyba do Norte, o dr. João José de Moura Magalhaens, abrio a segunda sessão da 2.a legislatura da
Assembléa Legislativa da mesma provincia em o dia 16 de janeiro de 1839. Pernambuco, Tip. de M.F. de Faria, 1839.
p. 7.

43 PARANÁ. Presidente. (1857-1859: Francisco Liberato de Mattos) Relatorio do presidente da provincia do


Paraná, Francisco Liberato de Mattos, na abertura da Assembléa Legislativa Provincial em 7 de janeiro de 1859.
Curityba: Typ. Paranaense de Candido Martins Lopes, 1859. 17.

44 PARANÁ. Presidente. (1857-1859: Francisco Liberato Matos) Relatório do estado da província do Paraná
apresentado ao Vice-presidente Luiz Francisco da Câmara Leal pelo presidente Francisco Liberato Matos por ocasião
de lhe entregar a administração da mesma província. Curitiba: Typ. de Cândido Martins Lopes, 1859. p. 12.

45 GOIÁS. Presidente Relatório apresentado á Assemblea Legislativa Provincial de Goyaz, pelo exm.o sr. dr. Antero
Cicero de Assis, presidente da provincia, em 1.o de junho de 1874. Goyaz: Typ. Provincial, 1874. p. 22.

46 [Relatório do bibliotecário] In: ALAGOAS. Presidente (jun.1866-abr.1867: José Martins Pereira de Alencastre)
[Relatório ... 10 jun.1867] [s.n.t.]
27

Biblioteca Pública do Rio Grande do Norte – Criada em 186848,49.

Biblioteca Pública do Amazonas - Inaugurada no dia 25 de março de 188350.

Biblioteca Pública do Pará – Instalada em 25 de março de 187151.

Biblioteca Pública do Rio Grande do Sul – Instalada em 21 de janeiro de 187752.

Gabinete de Leitura de Cuiabá - inaugurado no dia 39 de maio de 187453.

47 CEARÁ. Presidente (1866-1867: João de Souza Mello e Alvin) Relatório com que o Exmo. Senhor Tenente-
Coronel de Engenharia, João de Souza Mello e Alvin, presidente da província do Ceará, passou a administração da
mesma ao excelentissimo senhor 1º Vice-presidente Dr. Sebastião Gonçalves da Silva, no dia 6 de maio de 1867.
Fortaleza: Typographia Brasileira, 1867. p. 17.

48 RIO GRANDE DO NORTE. Presidente (1867-1868: Gustavo Adolfo de Sá) Falla com que o exm. sr. dr. Gustavo
Adolfo de Sa abriu a Assemblea em Sessao Extraordinaria no dia 17 de Fevereiro de 1868. Rio Grande do Norte,
Typographia dous de Dezembro Rua de S. Antonio, 1868.

49 RIO GRANDE DO NORTE. Presidente. (1873-1875: João Capistrano Bandeira de Mello) Falla com que o exm.
sr. dr. João Capistrano Bandeira de Mello Filho abrio a 1a sessão da vigesima legislatura da Assembléa Legislativa
Provincial do Rio Grande do Norte em 13 de julho de 1874. Rio de Janeiro, Typ. Americana, 1874.

50 AMAZONAS. Presidente(1882-1884: José Lustosa da Cunha Paranaguá) Relatorio apresentado á Assembléa


Legislativa Provincial do Amazonas na abertura da segunda sessão da decima sexta legislatura em 25 de março de
1883 pelo presidente, José Lustosa da Cunha Paranaguá. Manáos: Typ. do Amazonas, 1883. p. 33-34.

51 PARÁ. Presidente (1871-1872: Abel Graça ) Relatorio apresentado á Assembléa Legislativa Provincial na
segunda sessão da 17.a legislatura pelo dr. Abel Graça, presidente da provincia. Pará: Typ. do Diario do Gram-Pará,
1871.

52 RIO GRANDE DO SUL. Presidente (1876-1877: Tristão de Alencar Araripe). Relatório com que o exmo. Sr.
Conselheiro Tristão de Alencar Araripe passou a administração desta provéncia ao exmo. Sr. Dr. João Dias de Castro,
2º vice-presidente no dia 5 de fevereiro de 1877. Porto Alegre: Typographia do Jornal do Commercio, 1877. p. 61.

53 MATO GROSSO. Presidente (1872-1874: José de Miranda da Silva Reis) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa Provincial de Matto-Grosso na primeira sessão da 20.a legislatura, no dia 3 de maio de 1874 pelo
presidente da provincia, o exm. sñr. general dr. José de Miranda da Silva Reis. Cuiabá: Typ. da "Situação" de Souza
Neves & C.a [s.n.t.] p. 32-3
28

A listagem corrobora as informações encontradas na literatura54.. A informação nova é o


acréscimo da Biblioteca Pública de Ouro Preto, da província de Minas Gerais, do
Gabinete Literário de Goiás, do Gabinete de Leitura de Cuiabá e da Biblioteca Pública
do Rio Grande do Norte, que não aparecem nas listas consultadas.

Nos relatórios disponíveis não constam informações sobre bibliotecas provinciais do


Maranhão de São Paulo e do Rio de Janeiro. Na literatura são encontradas informações
sobre as duas primeiras.

A Biblioteca Pública de São Paulo foi inaugurada em 24 de abril de 1825. Resultou da


reunião de duas bibliotecas particulares existentes na cidade na época: a do convento de
São Francisco e do bispo D. Mateus de Abreu Pereira, falecido em 1824. A biblioteca
foi incorporada à Academia de Direito de São Paulo, criada em 182755.

O fato é registrado pelo presidente da província José Luiz de Almeida Couto, na Fala
dirigida à Assembleia Legislativa na abertura da sessão, em 10 de janeiro de 1885, que
diz:

“A falta de uma biblioteca pública nesta capital,


onde possam encontrar meios para o cultivo do espírito, os
que querem e precisam se ilustrar é real mente muito
sensível”.

Destaca que os estudantes não dispõem de recursos “para terem à sua disposição e
alcance livros relativos aos diferentes ramos dos conhecimentos humanos”. Sendo assim
considera ser “uma necessidade imprescindível abrir-lhes as portas, facilitando, quanto
for possível, as aspirações dos que se querem ilustrar, nos estudos a que se dirigem as
variadas vocações”.

Reconhece a existência de “uma biblioteca regularmente organizada na faculdade de


Direito. No entanto, segundo ele, essa biblioteca além de possuir livros voltados
“estudos profissionais ali praticados” [...] há o preconceito de evitarem a aproximação e
ingresso das Faculdades, os estranhos à elas em consequência da aglomeração
quotidiana de maior ou menor número de alunos”.

Considera, portanto “indispensável que tomeis sob vossas vistas e providencieis


urgentemente em relação a assunto de tanta urgência colocando assim ao alcance de

54 Cf. SUAIDEN, Emir J. Biblioteca pública brasileira: desempenho e perspectivas. São Paulo: Lisa; Brasília, INL,
1980. p. 7-8.

55 Cf. ELLIS, Myriam. Documentos sobre a primeira biblioteca pública oficial de São Paulio. Revista de História,
São Paulo, n. 30, p. 400-447, 1957
DEACEATO, Marisa Midori. O império dos livros: Instituições e práticas de leitura na São Paulo oitocentista. São
Paulo: Eduso: FAPESP, 2011.
29

todas as inteligências, vocações e circunstâncias – meios capazes de tornar uma


realidade à instrução nesta província56.

A Biblioteca Pública da Província do Maranhão foi proposta na Assembléia Legislativa


em 8 de julho de 1826. Foi instalada no convento do Carmo, em 1829, inaugurada e
aberta ao público em 183157.

A Biblioteca Pública do Rio de Janeiro consta ter sido inaugurada em 1873, por Dom
Pedro II58.

QUADRO 1 – Cronologia de criação das bibliotecas provinciais.

PERÍODO BIBLIOTECAS

Anterior à Independência Biblioteca Pública da Bahia - 1811

1º Reinado Biblioteca Pública de São Paulo - 1825

1822-1831 Biblioteca Pública do Maranhão - 1829

2º Reinado Biblioteca Pública de Ouro Preto - 1847

1840-1889 Biblioteca Pública de Sergipe - 1848

Biblioteca Pública de Pernambuco - 1852

Biblioteca Pública de Santa Catarina - 1855

Biblioteca Pública do Espírito Santo –1855

Biblioteca Pública da Paraíba –1859

Biblioteca Pública da Paraná - 1857

Gabinete Literário de Goiás –1864

Biblioteca Pública de Alagoas - 1865

56 SÃO PAULO. Presidente. (1884-1885: José Luiz de Almeida Couto) Falla dirigida á Assembleia Legislativa
Provincial de S. Paulo na abertura da 2a sessão da 26a legislatura em 10 de janeiro de 1885 pelo presidente, dr. José
Luiz de Almeida Couto. São Paulo, Typ. da Gazeta Liberal, 1885. p. 119-20.

57 CASTRO, Cesar Augusto; PINHEIRO, Ana Luiza Ferreira. Rev. Dig. Bibl. Ci. Inf. v. 4, n. 1, 2006. Disponível em:
< http://www.sbu.unicamp.br/seer/ojs/index.php/rbci/article/view/344>. Acesso em: 14 nov. 2012.

58 Biblioteca Pública do Estado do Rio de Janeiro. Disponível em: http://www.cultura.rj.gov.br/espaco/biblioteca-


publica-do-estado-do-rio-de-janeiro-bpe Acesso em: 25 dez. 2012.
30

Biblioteca Pública do Ceará –1867

Biblioteca Pública do Rio Grande do Norte –1868

Biblioteca Pública do Amazonas - 1871

Biblioteca Pública do Pará –1871

Biblioteca Pública do Rio Grande do Sul –1877

Biblioteca Pública do Rio de Janeiro –1873

Gabinete de Leitura de Cuiabá - 1874

3 AS BIBLIOTECAS E O DISCURSO CIVILIZATÓRIO

Durante o século XIX, o discurso civilizatório esteve presente nos vários setores da
sociedade brasileira. A ideia de civilização começou a tomar força após a chegada da
corte portuguesa em 1808 no Brasil. De fato, foi nessa época que várias medidas
tomadas pelo príncipe regente D. João teve como objetivo tornar o país civilizado à
imagem das nações europeias.

O movimento recebe novo impulso após a Independência, em 1822, principalmente


durante o segundo reinado onde a figura D. Pedro II representou ideais de civilização e
modernidade. De fato, o monarca, além de assegurar a realeza, passa a destacar uma
memória e reconhecer uma cultura59.

Um importante marco desse movimento foi a criação, em 1838, do Instituto Histórico e


Geográfico Brasileiro (IHGB), inspirado no Institut Historique, de Paris. Foi no IHGB,
que contava com o apoio pessoal do imperador, que começou a se desenvolver uma
historiografia que buscava definir a Nação brasileira enquanto representante da ideia de
civilização no Novo Mundo60.
59 SCAHWARCZ, Lilia Moritz. Formando uma cultura local: a ciência sou eu. In: ___ . As barbas do imperador: D.
Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 126.

60 GUIMARÃES, Manoel Luis Lima Salgado. Nação e civilização nos trópicos: o Instituto Histórico Geográfico
Brasileiro e o projeto de uma história nacional. Revista Estudos Históricos, v. 1, n.1, 1988. Disponível em:<
http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/viewArticle/1935>. Acesso em: 24 dez. 2012.
31

Além do IHGB, o imperador também apoiava outras instituições culturais do Rio de


Janeiro, como a Biblioteca Nacional61. Como se sabe, a Biblioteca Nacional estava entre
as intuições instaladas pelo príncipe D. João no Rio de Janeiro, em 1810, como Real
Biblioteca.

Nas províncias, os presidentes tornaram-se os agentes da modernidade. Buscaram nas


suas administrações reproduzir um discurso vinculado a um conjunto de ideias sobre
civilização e progresso62.

As bibliotecas estiveram inseridas no discurso civilizatório dos presidentes das


províncias. Acreditava-se que eram importante elemento dos programas de moralização
e civilização da buscados pelas administrações.

Os exemplos abaixo indicam este entendimento:

ALAGOAS

Em 1884, o presidente de Alagoas como o objetivo de objetivo de melhorar as


condições da Biblioteca Pública, assim dirige-se à Assembleia Provincial: “Não é justo
que se deixe definhar uma instituição que é em toda a parte o atestado eloquente da
civilização e do progredir dos povos, insta o presidente”63.

AMAZONAS

Considerando a insuficiência de pessoal e desejando elevar a biblioteca à “altura a que


ela tem direito por força de sua missão civilizadora”, o bibliotecário solicita ao
presidente da província que apresente à Assembleia Provincial o pedido de criação de
cargos64.

61 SCAHWARCZ, Lilia Moritz, op. cit. p. 155.

62 MACHADO, Elton Licério Rodrigues. Os Presidentes de Província e os discursos de modernidade: um embate


entre idéias modernizadoras e cultura tradicional na província paranaense. Disponívem em:<
http://www.uss.br/arquivos/pdfssimposios2/Elton_Machado_Os_Presidentes_de_Provincia_e_os_discursos.pdf>.
Acesso em: 10 maio 2012.

63 ALAGOAS. Presidente (1883-1884: Henrique de Magalhães Sales)Falla com que o exm snr. presidente, dr.
Henrique de Magalhães Sales, abriu a 1.a sessão da 25.a legislatura da Assembléa Legislativa Provincial das Alagoas
em 17 de abril de 1884. Maceió, Typ. do Diario da Manhan, 1884. p. 13.

64 Bibliotheca Pública. In: Amazonas. Presidentes (mar. 1884-jul.1884: Theodoreto Carlos de Faria Souto)
Exposição com que o ex-presidente da província do Amazonas Dr. Theodoreto Carlos de Faria Souto, entregou a
administração da mesma ao Tenente-Coronel Joaquim José Paes da Silva Sarmento, em 12 de julho de 1884. Manaós:
Typ. Do Amazonas, 1885. p. 17-19. (Relatório do bibliotecário A. M. de Souza e Oliveira, em 8 de julho de 1884)
32

BAHIA

A Biblioteca Pública da Bahia foi definida pelo Presidente Thomaz Xavier Garcia de
Almeida (1838-1840) como “útil estabelecimento” e “agente civilizador dos povos, que
serve para pôr em comum ao alcance de todos o depósito, ou colocação de luzes, com as
que se alarga o círculo dos conhecimentos humanos”. Como tal deve merecer a
“benévola atenção” da Assembleia Legislativa para tirá-la do estado de amortecimento
em que se encontra a fim de “poder secundar o movimento científico da Província”65.

Em 1850, o governo provincial decide realizar uma reforma da Biblioteca com o


objetivo de “salvar de uma ruina provável tão importante estabelecimento, e dar-lhe
impulso proporcional à grandeza e à civilização desta Cidade”66.

Em 1874, observou-se um aumento progressivo da frequência à Biblioteca, atribuído à


aquisição de novas obras sobre vários ramos do conhecimento humano. Mesmo assim
“está muito longe de atingir ao grau conveniente reclamado pela nossa civilização”,
considerou o presidente67.

CEARÁ

Em 1867, o presidente João de Souza Mello e Alvin (1866-1867) instalou a Biblioteca


Pública “com a solenidade compatível ao assunto [...] de tanta magnitude”. No seu
discurso podem ser verificadas claramente as ideias de como a biblioteca poderia
contribuir no projeto de modernidade da província:

“A difusão das luzes por todas as camadas da sociedade é


hoje uma tendência irresistível dos povos cultos”.

“Facilitar por todos os meios a alimentação do espírito,


deixar que todos busquem sem distinção ilustrar-se, facilitar a leitura e
consulta de nossas tradições; tal deve ser também o objeto dos
constantes desvelos do governo”.

“É minha convicção profunda que um povo é tanto mais


respeitado, quanto maior for a sua civilização”.

65 BAHIA. Presidente (1838-1840: Thomaz Xavier Garcia de Almeida ) Falla que recitou o presidente da provincia
da Bahia, Thomaz Xavier Garcia de Almeida, n'abertura da Assembléa Legislativa da mesma provincia em 2 de
fevereiro de 1840. Bahia, Typ. de Manoel Antonio da Silva Serva, 1839 [i.e. 1840]

66 BAHIA. Presidente (1850-1851: Francisco Gonçalves Martins). Falla que recitou o prezidente da provincia da
Bahia, o conselheiro desembargador Francisco Gonçalves Martins, n'abertura da Assembléa Legislativa da mesma
provincia em 1. de março de 1850. Bahia, Typ. Constitucional, 1850.

67 BAHIA. Presidente (1873-1874: Antonio Candido da Cruz Machado) Falla com que o exm. sr. commendador
Antonio Candido da Cruz Machado abriu a 1.a sessão da vigesima legislatura da Assembléa Legislativa Provincial da
Bahia no dia 1.o de março de 1874. Bahia, Typ. do Correio da Bahia, 1874.
33

“Já não falo dessa civilização que paira na esfera elevada da


sociedade e que constitui a moderna aristocracia do talento; eu falo
dessa civilização que se democratiza, por assim dizer, penetrando por
toda a parte, e que fere a luz nas trevas em que pairam milhares de
indivíduos”.

“Uma Biblioteca aberta à concorrência pública, parece-me


que, nas condições de desenvolvimento em que se acha esta província,
já era uma necessidade geralmente sentida, um melhoramento
urgentemente reclamado”.

“Está lançada a primeira pedra desse monumento importante do progresso moral do


Ceará. Saiba o povo cearense tirar de tão útil instituição todas suas vantagens a que ela
só presta: são os votos que lanço do fundo do meu coração”, concluiu o presidente68.

No relatório de 18 de setembro de 1872, o bibliotecário Justino Domingues da Silva


entende que “de todos os estabelecimentos que convém a um país esclarecido, e a um
povo civilizado, o mais útil é certamente uma Biblioteca, era que todos os materiais da
ciência estão à disposição dos homens estudiosos”69.

Em 1880, “o bibliotecário considerou exíguas as verbas destinadas na lei do orçamento


para a compra de livros”, Segundo ele, a “biblioteca [não poderia] acompanhar o
movimento literário do mundo civilizado”70.

ESPÍRITO SANTO

Em 1881, o presidente da província definiu a biblioteca como “civilizadora instituição”.


Segundo ele, “veio satisfazer a uma das primeiras necessidades desta capital, cujo
progresso intelectual, há muito que requeria um estabelecimento desta ordem”71.

MATO GROSSO
68 CEARÁ. Presidente (1866-1867: João de Souza Mello e Alvin) Relatório com que o Exmo. Senhor Tenente-
Coronel de Engenharia, João de Souza Mello e Alvin, presidente da província do Ceará, passou a administração da
mesma ao excelentissimo senhor 1º Vice-presidente Dr. Sebastião Gonçalves da Silva, no dia 6 de maio de 1867.
Fortaleza: Typographia Brasileira, 1867. p. 17.

69 [Relatório do bibliotecário da Biblioteca Pública do Ceará] In: CEARÁ. Presidente (1872: João Wilkens de
Mattos) Relatório com que o excelentissimo senhor commendador João Wilkens de Mattos abriu a 1.a sessão da 21.a
legislatura da Assembléia Provincial do Ceará no dia 20 de outubro de 1872. Fortaleza: Typ. Constitucional, 1873.

70 CEARÁ. Presidente (1878-1880:José Julio de Albuquerque Barros) Falla com que o exm. sr. dr. José Julio de
Albuquerque Barros, presidente da província do Ceará, abriu a 1.a sessão da 25.a legislatura da Assembléia
Provincial no dia 1.o de julho de 1880. Fortaleza: Typ. Brazileira, 1880

71 ESPÍRITO SANTO. Presidente ( ) Relatório apresentado á Assembléa Legislativa da provincia do Espirito-Santo


em sua sessão ordinaria de 8 de março de 1881 pelo presidente da provincia, exm. sr. dr. Marcellino de Assis Tostes.
Victoria, Typ. da Gazeta da Victoria, 1881.
34

Em 1873, o presidente José de Miranda da Silva Reis considerou a criação do Gabinete


Literário “uma ideia tão civilizadora e que tantos benefícios há de necessariamente
acarretar ao desenvolvimento moral desta província”72.

MINAS GERAIS

Em 1846, o governo provincial decide auxiliar a biblioteca existente na cidade na cidade


de São João de El-Rei. Considera ser “estabelecimento que tanto deve concorrer para a
civilização, e que tanto bens pode produzir”73.

PARAIBA

O diretor da Instrução Pública da província, no relatório de 1854, descreve a situação


precária da biblioteca do Liceu e solicita medidas para a sua melhoria, que reputa
urgentes de interesse da civilização da província74.

PERNAMBUCO

O relatório de 1851 registra a extinção do gabinete literário da cidade, cuja biblioteca


encontrava-se penhorada para pagamento de dívidas. Considerando que esse acervo
poderia “servir de núcleo de uma biblioteca que falta esta cidade, aliás, tão, importante e
civilizada”, o presidente José Ildefonso de Souza Ramos (1850-1851) solicita a
concordância da Assembleia Provincial para a arrematação dos livros. “Não só pelo
interesse público, como em honra da civilização desta cidade, jamais se deve permitir
que a livraria do gabinete literário seja vendida em leilão por baixos preços para
pagamento de uma dívida aliás de pouca importância,” argumenta. “Certamente
tomareis na consideração merecida a representação, que já foi submetida à vossa
deliberação”, apela.75

72 MATO GROSSO. Presidente (1872-1874: José de Miranda da Silva Reis) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa Provincial de Matto-Grosso na primeira sessão da 20.a legislatura, no dia 3 de maio de 1874 pelo
presidente da provincia, o exm. sñr. general dr. José de Miranda da Silva Reis. Cuiabá: Typ. da "Situação" de Souza
Neves & C.a [s.n.t.] p. 32-3.

73 MINAS GERAIS. Presidente. (1844-1847: Quintiliano José da Silva) Falla dirigida á Assembléa Legislativa
Provincial de Minas Geraes na sessão ordinaria do anno de 1846, pelo presidente da provincia, Quintiliano José da
Silva. Ouro Preto: Typ. Imparcial de B.X. Pinto de Sousa, 1846.

74 [Relatório do Diretor da Instrução Pública] In: Paraíba. Presidente.(Paraíba. Presidente.(1858-1860: Relatorio


apresentado a Assembléa Legislativa da Parahyba do Norte pelo presidente da provincia, o dr. Ambrozio Leitão da
Cunha, em 2 de agosto de 1859. Parahyba, Typ. de José Rodrigues da Costa, 1859. p. 26-7.

75 PERNAMBUCO. Presidente (1850-1851: José Ildefonso de Souza Ramos) Relatorio que à Assembléa Legislativa
de Pernambuco apresentou na sessão ordinaria de 1851 o excelentissimo conselheiro José Ildefonso de Souza Ramos,
presidente da mesma provincia. Pernambuco, Typ. de M.F. de Faria, 1851. p. 30-1.
35

4 AS BIBLIOTECAS E A INSTRUÇÃO PÚBLICA

As Assembleias Provinciais, de acordo com parágrafo 2º do artigo 10º do Ato Adicional


de 1834, competia legislar sobre instrução pública e estabelecimentos próprios a
promovê-la.

Na sua quase totalidade as bibliotecas nasceram ou estiveram em algum momento


vinculadas aos programas de instrução das províncias e entendidas como
estabelecimentos para a sua promoção. Umas estavam ligadas aos liceus provinciais,
outras sob a supervisão das inspetorias ou diretorias de instrução pública. Os liceus
provinciais foram instituições de ensino secundário que começaram a se instalar no país
após 1834, a partir da reunião das disciplinas avulsas que existiam nas capitais das
províncias. Os primeiros foram o Ateneu do Rio Grande do Norte, em 1835, o Liceu da
Bahia e o da Paraíba em 183676. As inspetorias ou diretorias eram as repartições
responsáveis pela fiscalização e orientação do ensino que foram implantadas nas
províncias a exemplo do que fora criado na corte pela reforma Couto Ferraz de 185477.

Os registros abaixo demonstram a relação das bibliotecas com os programas de


instrução pública das províncias:

ALAGOAS

Em Alagoas, o relatório de 1860 registra a existência de um gabinete de leitura,


“associação criada a esforços do diretor da instrução pública”. Segundo o presidente, a
partir desse núcleo a província poderia vir a contar uma “livraria regular”78. A biblioteca

76 PERES, Tirsa Regazzini. Educação brasileiro no império. Disponível em:


<http://www.acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/105/3/01d06t03.pdf>. Acesso em: 12 jul. 2012.

77 LIMEIRA, Aline de Morais; SCHUELER, Alessandra Frota Martinez de. Ensino particular e controle estatal: a
reforma Couto Ferraz (1854) e a regulação das escolas privadas na corte imperial. Revista HISTEDBR On-line.
Disponível em: < http://www.histedbr.fae.unicamp.br/revista/edicoes/32/art03_32.pdf >. Acesso em: 12 jul. 2012.

78 ALAGOAS. Presidente (jul.-out. 1885: Pedro Leão Velloso) Falla dirigida á Assembléa Legislativa da provincia
das Alagoas na abertura da sessão ordinaria do anno de 1860, pelo excellentissimo presidente da provincia, o
commendador Pedro Leão Velloso. Maceió, Typ. Commercial de A. J. da Costa, 1860. p. 26.
36

pública foi criada em 1865, funcionando como dependencia do Liceu79. Em 1884, a


província possuia quatro bibliotecas e sua subordinação à diretoria geral da instrução
pública era a situação considerada mais adequada80.

O presidente João Vieira de Araújo (1874-1875), no seu relatório de 1875, faz


considerações sobre a importância das bibliotecas como “instituições que se acham
estreitamente ligadas à instrução pública, e por isto são merecedoras das atenções da
administração e representes do povo”. E argumenta:

“Não basta que as populações saibam ler e possuam institutos


em que aprendam as ciencias, artes e ofícios, ainda reclamam a
fundação e existencia de livrarias públicas providas de obras tão
numerosas e variadas quanto úteis e ao alcançe de todas as classes
sociais,” argumenta, e entende ser dever da administração
“multiplica-las por toda a província”81.

AMAZONAS

A Biblioteca Pública do Amazonas que nasceu do gabinete de leitura do Liceu foi


inaugurada em 1871. Ficou, provisoriamente, a cargo do secretário e sob a imediata
direção da Diretoria da Instrução Pública82.

Referindo-se à instalação da Biblioteca, o presidente José Lustosa da Cunha Paranaguá


(1882-1884) disse que “a província do Amazonas celebra com a abertura de mais um
estabelecimento de instrução o aniversário da Constituição política do Império”83.

79 ALAGOAS. Presidente (1865-1866: Esperidião Eloy de Barros Pimentel) Relatorio com que o exm. sr. dr.
Esperidião Eloy de Barros Pimentel, presidente da provincia das Alagoas, entregou a administração da mesma
provincia no dia 19 de abril de 1866 ao 1.o vice-presidente, dr. Galdino Augusto da Natividade e Silva, Maceió, Typ.
do Bacharel Felix da Costa Moraes [n.d.].

80 ALAGOAS. Presidente (1874-1875: João Vieira de Araújo) Falla dirigida á Assembléa Legislativa da provincia
das Alagoas na abertura da 2.a legislatura em 15 de março de 1874 pelo doutor João Vieira de Araujo, presidente da
provincia. Maceió, Typ. do Jornal das Alagoas, 1875. p. 28-9.

81 ALAGOAS. Presidente (1874-1875: João Vieira de Araújo) Falla dirigida á Assembléa Legislativa da provincia
das Alagoas na abertura da 2.a legislatura em 15 de março de 1874 pelo doutor João Vieira de Araujo, presidente da
provincia. Maceió, Typ. do Jornal das Alagoas, 1875. p. 28-9.

82 AMAZONAS. Presidente (1870-1872: José de Miranda da Silva Reis) Relatorio que á Assembléa Legislativa
Provincial do Amazonas apresentou na acta da abertura das sessões ordinarias de 1871, o presidente, bel. José de
Miranda da Silva Reis. Manáos: Typ. do Amazonas de Antonio da Cunha Mendes, 1871. p. 5-6.

83 AMAZONAS. Presidente(1882-1884: José Lustosa da Cunha Paranaguá) Relatorio apresentado á Assembléa


Legislativa Provincial do Amazonas na abertura da segunda sessão da decima sexta legislatura em 25 de março de
1883 pelo presidente, José Lustosa da Cunha Paranaguá. Manáos: Typ. do Amazonas, 1883. p. 33-34
37

No relatório de 8 de julho de 1884, o bibliotecário A. M. de Souza e Oliveira, informa


que procura dar nova direção aos serviços da biblioteca no sentido de “dar-lhe o
impulso e o desenvolvimento compatíveis com uma instituição tão instrutiva,
eminentemente democrática da qual a esperar o maior auxilio a instrução pública e as
letras pátrias”84.

BAHIA

Na Bahia, o presidente Francisco José de Sousa Soares d'Andrea (1847-1846),


encarregou o presidente do Conselho de Instrução Pública a examinar o estado da
Biblioteca. A situação foi por ele considerada deplorável que recomendou uma grande
reforma85.

CEARÁ

No Ceará, o relatório de 1847 registra a consignação de verba para a compra “de um


princípio de biblioteca para o liceu”. O presidente da província Ignácio Correia de
Vasconcellos (1844-1847) encarregou o diretor do estabelecimento, que se encontrava
no Rio de Janeiro, de trazer os livros necessários.·.

Em 1858, o presidente João da Silveira de Souza considerou indispensável o


estabelecimento de uma biblioteca pública no Liceu86.

O presidente João Wilkens de Mattos (1872) deixa clara como entendia a relação da
biblioteca com a instrução, conforme o registro encontrado no seu relatório: “A escola
popular torna-se infrutífera desde que as bibliotecas públicas se não multiplicam, e não
estão no fácil acesso dos que as desejam frequentar”87.

84 Bibliotheca Pública. In: AMAZONAS. Presidentes (mar. 1884-jul.1884: Theodoreto Carlos de Faria Souto)
Exposição com que o ex-presidente da província do Amazonas Dr. Theodoreto Carlos de Faria Souto, entregou a
administração da mesma ao Tenente-Coronel Joaquim José Paes da Silva Sarmento, em 12 de julho de 1884. Manaós:
Typ. Do Amazonas, 1885. p. 17-19.

85 BAHIA. Presidente. (1847-1846: Francisco José de Sousa Soares d'Andrea ) Falla dirigida a Assembléa
Legislativa Provincial da Bahia, na abertura da sessão ordinaria do anno de 1846, pelo presidente da provincia,
Francisco José de Sousa Soares d'Andrea. Bahia, Typ. de Galdino José Rizerra e Companhia, 1846.

86 CEARÁ. Presidente (1857-1858: João Silveira de Souza) Relatório que à Assembleia Legislativa Provincial do
Ceará apresentou no dia da abertura da sessão ordinária de 1858, o excelentíssimo senhor dr. João Silveira de Souza,
presidente da mesma província. Ceará, Typ. Cearense, 1858. p .9.

87 CEARÁ. Presidente (1872: João Wilkens de Mattos) Relatório com que o excelentissimo senhor commendador
João Wilkens de Mattos abriu a 1.a sessão da 21.a legislatura da Assembléia Provincial do Ceará no dia 20 de outubro
de 1872. Fortaleza: Typ. Constitucional, 1873.
38

Por ato de 25 de Fevereiro de 1877, a direção da biblioteca foi entregue à congregação


do Liceu.

O relatório de 1881 regista a ideia de criação de bibliotecas como parte do projeto de


reforma da instrução na província. Assim está referido: “As Bibliotecas constituem
outra necessidade da educação pública”. Não basta propagar a instrução criando escolas:
é indispensável fornecer ao povo meios do ler, fundando bibliotecas”. Com a
participação do governo provincial, das municipalidades e da iniciativa privada, espera-
se a criação de bibliotecas junto às unidades de ensino por toda a província88.

O presidente Joaquim da Costa Barradas, em 1886 comunica “com a maior satisfação” à


Assembleia o funcionamento regular da Biblioteca Pública “podendo vir a prestar
importantíssimos serviços à instrução pública da vossa província”. “Coloco debaixo de
vossas vistas este estabelecimento, que conquanto comece sob proporções bem
modestas, pode, tomando incremento, tornar-se um magnífico foco de instrução para a
província que tão dignamente representais” declara o presidente89.

Em 1888, constava que “o bibliotecário António Augusto de Vasconcelos, continuava a


esforçar-se para conseguir que a Biblioteca Pública deixasse de ser um ônus
improdutivo e que ao contrário, compensasse os sacrifícios que tem custado à Província,
concorrendo positivamente para elevar o nível da instrução popular”.
“Não obstante, a sua melhor vontade e reconhecida aptidão, não poderão colher o
desejado resultado, não sendo amparadas pela precisa dotação de meios, que a
Assembleia Provincial compete decretar”, registrou o presidente Enéas de Araújo
Torreão90.

ESPÍRITO SANTO

A biblioteca pública do Espírito Santo, criada em 1861, foi primitivamente colocada no


Liceu91.

88 CEARÁ. Presidente (1881: Pedro Leão Velloso) Relatorio apresentado á Assembléia Legislativa do Ceará na
sessão ordinaria de 1881 pelo presidente da província, senador Pedro Leão Velloso. Fortaleza: Typ. do Cearense,
1881. p. 68-9.

89 CEARÁ. Presidente (1886:Joaquim da Costa Barradas) Falla que o exm. sr. desembargador Joaquim da Costa
Barradas, presidente da província do Ceará, dirigio a respectiva Assembléia Legislativa no dia 1o de setembro de
1886, por oeeasião da installação de sua sessão ordinaria; e ofício com que o mesmo exm. sr. passou a administração
da província ao exm. sr. dr. Eneas de Araujo Torreão no dia 21 do referido mês. Ceará, Typ. Econômica, 1886.

90 CEARÁ. Presidente (1886-1888: Enéas de Araujo Torreão)Relatorio com que o exm. sr. dr. Enéas de Araujo
Torreão, passou a administração da província do Ceará ao exm. sr. dr. Antonio Eaio da Silva Prado no dia 21 de abril
de 1888. Fortaleza: Typ. Constitucional, 1888. p. 25

91 ESPÍRITO SANTO. Presidente: (1861-1863: José Fernandes da Costa Pereira Junior) Relatorio apresentado á
Assembléa Legislativa Provincial do Espirito Santo no dia da abertura da sessão ordinaria de 1861 pelo presidente,
José Fernandes da Costa Pereira Junior. Victoria, Typ. Capitaniense de Pedro Antonio D'Azeredo, 1861.
39

A necessidade da biblioteca foi incluída na reforma da instrução pública em 1873. “E'


este um estabelecimento literário de máxima importância, por sua influência sobre a
instrução, e que não deve ficar em olvido”, justificou o presidente. E acrescentou: já
tivemos uma pequena Biblioteca, de que hoje apenas restam alguns livros entregues às
traças e a poeira”. “Hoje que a Província, despertando desse letargo em que dormia
tenta levantar-se e caminhar, hoje que os espíritos como que se abrem às luzes da
instrução, uma Biblioteca será um facho mais que se acenda, e cujos luminosos raios
não se apagarão”92.

GOIÁS

Em 1850, o presidente da província de Goiás, Eduardo Olímpio Machado (1849-1850),


reconhece as dificuldades de acesso ao livro e propõe à Assembleia Provincial a
aprovação de recursos destinados aquisição de livros para o Liceu com a finalidade de
criar uma biblioteca93. O assunto volta a ser tratado oito anos depois, em 1858, pelo
presidente Francisco Januário da Gama Cerqueira (1857-1860) que entende que a
biblioteca no liceu, gradualmente aumentada, poderia se franqueada “aos homens
estudiosos da capital”94.

MARANHÃO

No Maranhão, em 1857, a biblioteca estava anexa ao Liceu95.

MATO GROSSO

O Regulamento nº 4 de 17 de setembro de 1872 que reorganizou a instrução pública da


província de Mato Grosso, previu no seu artigo 159: “poderá o governo estabelecer no

92 ESPÍRITO SANTO. Presidente (1873-1873: João Thomé da Silva) Falla com que foi aberta a sessão
extraordinaria da Assembléa Provincial pelo exm. snr. presidente, o doutor João Thomé da Silva, em maio de 1873.
Victoria, Typ. Espirito-Santense, 1873

93 GOIÁS. Presidente (1849-1850: Eduardo Olimpio Machado) Relatório com que o ex-presidente da província de
Goyaz o sr. doutor Eduardo Olimpio Machado entregou a presidência da mesma ao seu successor o Exm. Sr. doutor
Antonio Joaquim da Silva Gomes. Goyaz: Typrographia Provincial, 1859. p. 21.

94 GOIÁS. Presidente (1857-1860: Francisco Januário da Gama Cerqueira) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa Provincial de Goyaz na sessão ordinaria de 1858 pelo exm. presidente da provincia, dr. Francisco Januario
da Gama Cerqueira. Goyaz: Typ. Goyazense, 1858. p. 16

95 MARANHÃO. Presidente. (1857: Benvenuto Augusto de Magalhães Taques). Relatório que á Assemblea
Legislativa Provincial do Maranhão apresentou na sessão ordinária de 1857 o presidente da província, dr. Benvenuto
Augusto de Magalhães Taques. Maranhão, Typ. da Temperança, 1857. p. 12.
40

lugar que entender mais apropriado, na capital, um Gabinete de Leitura, formado de


livros que forem adquiridos mediante donativos particulares e compra de outros,
oportunamente resolvida pelo Corpo Legislativo”96.

Por ato de 13 de janeiro, foi transferido o Gabinete de Leitura do paço da Câmara


Municipal para um das salas do edifício da Escola Normal. A medida foi tomada por
medida de economia e para colocar a repartição sob as vistas imediatas do Inspetor da
Instrução Pública. A direção passou a ser exercida pelo amanuense da inspetoria97.

MINAS GERAIS

A Biblioteca Pública de Ouro Preto, em Minas Gerais, de acordo com o parecer do


presidente Herculano Ferreira Penna (1856-1857) deveria ser inspecionada pelo Diretor
Geral da Instrução Pública e funcionar no mesmo edifício da Diretoria98.

Em 1871, o presidente Antonio Luiz Affonso de Carvalho demostra à Assembleia


provincial importância da biblioteca como agente da instrução pública:

“Os benefícios que as bibliotecas prestam à instrução pública


de que são auxiliares, quando enriquecidas de livros escolhidos,
revistas, jornais, mapas e obras adaptadas à inteligência comum; a
necessidade de oferecer aos que não tem meios para empregar na
compra de livros custosos; um lugar onde possam encontrá-los os que
carecem consulta-los sobre os diversos ramos das ciências, das letras e
das artes a conveniência de incitar a curiosidade e por ela o gosto da
leitura, desviando pouco a pouco a atenção de objetos inúteis ou
prejudiciais e conduzindo-a para a apreciado e estudo da que se tem
descoberto, feito e conseguido pelo trabalho da inteligência, justificam
as bibliotecas. Elas para os que saem das aulas primárias, dos liceus,
dos institutos e das academias são uma outra escola, a continuação
prática do que aprenderam, e após a leitura ligeira e amena de novelas,
romances, dramas mas e jornais ilustrados, desenvolve-se
insensivelmente o gosto da leitura a ponto tal que se passa para o
profundo estudo da história e das ciências”.

96 MATO GROSSO. Presidente (1871-1872: Francisco José Cardoso Júnior) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa da provincia de Matto-Grosso no dia 4 de outubro de 1872 pelo presidente da mesma provincia, o exm. sr.
tenente coronel Dr. Francisco José Cardozo Junior. Rio de Janeiro: Typ. do Apostolo, 1873. p. 71-2.

97 MATO GROSSO. Presidente (1878-1879:João José Pedrosa) Relatorio com que o exm. snr. dr. João José
Pedrosa, presidente da provincia de Matto-Grosso, abrio a 2a sessão da 22a legislatura da respectiva Assembléa em
1o de outubro. Cuiabá: Typ. de J.J.R. Calháo, 1879. p. 146.

98 MINAS GERAIS. Presidente. (1856-1857: Herculano Ferreira Penna) Relatorio que á Assembléa Legislativa
Provincial de Minas Geraes apresentou na abertura da sessão ordinaria de 1857 o conselheiro Herculano Ferreira
Penna, presidente da mesma provincia. Ouro Preto: Typ. Provincial, 185.
41

Desta forma dirige-se à Assembleia Provincial: “E' preciso que consigneis ao orçamento
quantia necessária para a aquisição de livros, revistas e jornais, preferindo os livros
originais ou traduzidos em língua nacional para conseguir-se maior número de
leitores”.99

PARÁ

No Pará, em 1873, a Biblioteca Pública ocupava um grande salão e compartimentos


contíguos no pavimento térreo do edifício do Liceu Paraense100. Em 1889, encontrava-se
funcionando no mesmo local101.

PARAÍBA

A biblioteca do Liceu da Paraíba foi considerada a base para uma biblioteca na


capital102. Segundo o vice-presidente Manoel Clementino Carneiro da Cunha (1857), a
biblioteca do Liceu, aumentada progressivamente com a aquisição de livros, poderia
“ser convertida em biblioteca pública, onde todos encontrassem fontes preciosas para
beber larga instrução”. “Este futuro não está muito longe, se tiverdes constantemente
sob vossa proteção a biblioteca do Liceu”103, complementa. A biblioteca pública criada
em 1859 foi instalada em uma das salas do Liceu104.

99 MINAS GERAIS. Presidente. (1870-1871: Antonio Luiz Affonso de Carvalho) Relatorio apresentado á
Assembléa Legislativa da Provincia de Minas Geraes na sessão extraordinaria de 2 de março de 1871 pelo presidente,
o illm. e exm. sr. doutor Antonio Luiz Affonso de Carvalho. Ouro Preto: Typ. de J.F. de Paula Castro, 1871.

100 PARÁ. Presidente. Relatorio com que o excellentissimo senhor doutor Domingos José da Cunha Junior passou a
administração da provincia do Pará ao 3.o vice-presidente, o excellentissimo senhor doutor Guilherme Francisco
Cruz em 31 de dezembro de 1873. Pará: Typ. do Diario do Gram-Pará, 1873. p. 22

101 PARÁ. Presidente. (1888-1889: Miguel José d'Almeida Pernambuco) Falla com que o exm.o snr. d.r Miguel
José d'Almeida Pernambuco, presidente da provincia, abrio a 2.a sessão da 26.a legislatura da Assembléa Legislativa
Provincial do Pará em 2 de fevereiro de 1889. Pará, Typ. de A.F. da Costa, 1889.

102 PARAÍBA. Presidente . (1844-1848: Frederico Carneiro de Campos ) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa Provincial da Parahyba do Norte pelo excellentissimo presidente da provincia, o tenente coronel Frederico
Carneiro de Campos, em maio de 1847. Pernambuco, Typ. Imparcial, 1847.p. 12

103 PARAÍBA. Presidente.(1857: Manoel Clementino Carneiro da Cunha) Relatorio recitado na abertura da
Assembléa Legislativa da Parahyba do Norte pelo vice-presidente da provincia, o dr. Manoel Clementino Carneiro da
Cunha, em 1 de agosto de 1857. Parahyba, Typ. de José Rodrigues da Costa, 1857. p. 13.

104 PARAÍBA. Presidente.(1857-1858: Henrique de Beaurepaire Rohan) Relatório apresentado ao Illm. E Exmo.
Sr. Dr. Ambrósio leitão da Cunha, no ato de tomar posse do cargo de presidente da província da Parahyba do Norte
por Henrique de Beaurepaire Rohan. Parahyba: Typ. de José Rodrigues da Costa, 1859. p. 15.
42

PARANÁ

O regulamento de 23 de abril de 1858 da Biblioteca Pública do Paraná determinou a sua


anexação ao Liceu105. Em 21 de fevereiro de 1868, a presidência da província autorizou
o inspetor geral da instrução pública a realizar empréstimos na Biblioteca Pública,
“devendo observar o tempo [...] e as cautelas precisas para que os livros não sejam
extraviados”106.

PERNAMBUCO

Em Pernambuco, a Biblioteca Pública criada em 1852 passou a funcionar anexa ao


Liceu e sob a inspeção e fiscalização da Diretoria Geral da Instrução Pública107. A lei n.
446 de 2 de junho de 1858, art. 2. ° declarou subordinada a biblioteca à diretoria geral
da instrução pública. Lembra ainda o inspetor da instrução pública a conveniência e
mesmo necessidade de serem criadas bibliotecas populares, que fiquem a cargo das
municipalidades, e esta necessidade não carece de demonstração.108

RIO GRANDE SO SUL

A lei provincial nº 724, de 14 de abril de 1871, tendo em vista o “interesse de promover


a instrução pública”, autorizou a realização de despesa de 8 000 reis para a aquisição de
livros destinados à criação de uma biblioteca pública em Porto Alegre. O presidente
Jeronimo Martiniano Figueira de Mello (1871-1872) determinou ao Conselho Diretor
da Instrução a elaboração de uma lista de livros “que mais indispensáveis fossem em
todos os ramos do conhecimento” para compra destinada a biblioteca da província109.

105 PARANÁ. Presidente. (1857-1859: Francisco Liberato de Mattos) Relatorio do presidente da provincia do
Paraná, Francisco Liberato de Mattos, na abertura da Assembléa Legislativa Provincial em 7 de janeiro de 1859.
Curityba: Typ. Paranaense de Candido Martins Lopes, 1859. 17.

106 PARANÁ. Presidente (1868-1869: Antonio Augusto da Fonseca) Relatorio com que o exm. sr. presidente da
provincia, dr. Antonio Augusto da Fonseca, abriu a 2.a sessão da 8.a legislatura da Assembléa Legislativa do Paraná
no dia 6 de abril de 1869. Curityba: Typ. de Candido Martins Lopes, 1869. p. 12

107 PERNAMBUCO. Presidente. Relatório que à Assembléa Legislativa Provincial de Pernambuco, apresentou na
abertura da sessão ordinaria em o 1.o de março de 1853 o exm. presidente da mesma provincia, Francisco Antonio
Ribeiro. Recife, Typ. de M.F. de Faria, 1853. p. 12

108 PERNAMBUCO. Presidente (1872-1875: Henrique Pereira de Lucena) Falla com que o excelentissimo senhor
desembargador Henrique Pereira de Lucena abrio a Assemblêa Legislativa Provincial de Pernambuco em o 1.o de
março de 1875. Pernambuco, Typ. de M. Figueiroa e F. & Filhos, 1875. p. 69-70.

109 RIO GRANDE DO SUL. Presidente (1871-1872: Jeronimo Martiniano Figueira de Mello) Falla dirigida á
Assembléa Legislativa da provincia de S. Pedro do Rio Grande do Sul pelo presidente, conselheiro Jeronimo
Martiniano Figueira de Mello, em a segunda sessão da 14.a legislatura. Porto-Alegre, Typ. do Rio Grandense, 1872.
p. 18
43

RIO GRANDE DO NORTE

As funções de bibliotecário provincial no Rio Grande do Norte em 1870 passaram a ser


exercidas pelo secretário da instrução, e de continuo da biblioteca foi acumulada ao do
bedel do Ateneu, mediante aumento de ordenado110.

SANTA CATARINA

Em Santa Catarina desde 1.° de agosto 1857 a Biblioteca achava-se localizada em uma
das salas do edifício do Liceu, conforme determinou o artigo 19 da Lei nº. 439. Depois
da mudança, “tem sido mais frequentada, e mais consultados os seus livros”.111

Em virtude do artigo 3º. da Lei n. 447 foi nomeado um dos professores do Liceu
bibliotecário. O estabelecimento foi mais frequantado no ano passado, principalmente
pelos professores e alunos do Liceu.112 Em 1875, a biblioteca funcionava sob “a zelosa
direção do Inspetor Geral da Instrução Pública”113. Em 1885, a biblioteca funcionava
anexa à diretoria de instrução114.

SERGIPE

Em Sergipe, o diretor da Instrução Pública reclamava da situação da situação em que


Biblioteca Pública se encontava em 1875. “Retirá-la da humilissima e recôndita
habitação que lhe destinaram, e garantir-lhe por uma verha orçamentaria anual a

110 RIO GRANDE DO NORTE. Presidente. (1869-1870: Pedro de Barros Cavalcanti de Albuquerque ) Relatório
com que o Exmo. Sr. Dr. Pedro de Barros Cavalcanti de Albuquerque passou no dia 17 de fevereiro de 170 a
administração da província do Rio Grande do Norte ao 3º Vice-Presidente o Exmo. Sr. Dr. Octaviano Cabral Raposo
da Câmara. Pernambuco: Typographia de M. Figueira de F. & Filhos, 1870. p. 11.

111 SANTA CATARINA. Presidente. (1850-1859: João José Coutinho) Falla que o presidente da provincia de Santa
Catharina, dr. João José Coutinho, dirigio á Assembléa Legislativa Provincial no acto da abertura de sua sessão
ordinaria em o 1.o de março de 1858. Santa Catharina, Typ. Catharinense de Germano Antonio Maria, 1858. p. 4-5

112 SANTA CATARINA. Presidente. (1850-1859:João José Coutinho) Falla que o presidente da província de Santa
Catarina dr. João José Coutinho dirigio a Assemblea Legislativa Provincial no acto d'abertura de sua sessão ordinária
em o 1.º de março de 1859. Santa Catarina: Typ.Catharinense de G. A.M. Avelim, 1859. p. 2.

113 SANTA CATARINA. Presidente. (1873-1875:João Thomé da Silva) Falla dirigida á Assembléa Legislativa
Provincial de Santa Catharina em 21 de março de 1875 pelo exm. sr. presidente da provincia, dr. João Thomé da
Silva. Cidade do Desterro, Typ. de J.J. Lopes, 1875. p. 67-8.

114 SANTA CATARINA. Presidente. (1884:Manoel Pinto de Lemos) Relatorio com que ao exm. sr. coronel Manoel
Pinto de Lemos, 1.o vice presidente, passou a administração da provincia de Santa Catharina, o dr. José Lustosa da
Cunha Paranaguá, em 22 de junho de 1885. Cidade do Desterro, Typ. do "Jornal do Commercio," 1885. p. 27-8.
44

aquisição de novas obras—tal é o meio de restabelecer proveitosamente a Biblioteca


Pública”115. Em 1878 a biblioteca pública que se achava em um dos compartimentos
térreos do palacete da Assembleia Provincial, a cargo do respectivo porteiro, foi
transferida para a secretaria da Diretoria Geral da Instrução Pública, onde ficou sob a
guarda do respectivo chefe.116

QUADRO 2 – Vinculação das bibliotecas aos programas de instrução pública


BIBLIOTECA Relação com a instrução pública

Alagoas 1865 - funcionou como dependencia do Liceu

1884 – as quatro bibliotecas da província estavam subordinadas à Diretoria Geral da


Instrução Pública

1871- nasceu do gabinete de leitura do Liceu. Ficou, provisoriamente, a cargo do


Amazonas secretário e sob a imediata direção da Diretoria da Instrução Pública.

1846 – reforma proposta pelo Conselho de Instrução Pública.

Bahia

1847 – consignadas verba para a biblioteca do Liceu.

Ceará 1858, - considerado o estabelecimento de uma biblioteca pública no Liceu.

1877 - A direção foi entregue à congregação do Liceu.

1861 - Foi primitivamente colocada no Liceu

Espírito Santo

1850 – proposta a criação no Liceu

Goiás 1858 – abertura ao público

1857 - anexação ao Liceu

Maranhão

1872 – proposta a criação dentro da reorganização da instrução pública da província.

115 [Relatório da diretoria geral de instrução] In: SERGIPE. Presidente. (1874-1875: Antonio dos Passos Miranda)
Relatorio com que o exm. snr. dr. Antonio dos Passos Miranda abriu a Assembléa Legislativa Provincial de Sergipe
no dia 1.o de março de 1875. [Aracajú] Typ. do Jornal do Aracajú, 1875.

116 Relatório [Diretor geral da instrução pública]In: SERGIPE. Presidente.(1877: João Martins Fortes) Relatorio
com que o exm. snr. dr. José Martins Fontes, 1.o vice-presidente, abriu a 1.a sessão da 22.a legislatura da Assembléa
Provincial de Sergipe no dia 1.o de março de 1878. [Aracajú] Typ. do Jornal do Aracajú [n.d.] p. 47.
45

Mato Grosso

1857 – inspeção pelo Diretor Geral da Instrução Pública e funcionamento no mesmo


edifício da Diretoria
Minas Gerais

1873 – localização no edifício do Liceu Paraense.

Pará
1857 - A biblioteca do Liceu base para uma biblioteca na capital.

1859 - instalada em uma das salas do Liceu


Paraíba

1852 - funcionou anexa ao Liceu e sob a inspeção e fiscalização da Diretoria Geral da


Instrução Pública.

Pernambuco 1858 - declarada subordinada à Diretoria Geral da Instrução Pública.

1872 - elaboração de uma lista de livros pelo Conselho Diretor da Instrução

1877 – instalada no Atheneu Riograndense

Rio Grande do Sul

1870 - funções de bibliotecário provincial exercidas pelo secretário da instrução e de


continuo acumulada ao do bedel do Ateneu.

Rio Grande do Norte


1857 - localização no Liceu Depois da mudança. Nomeado um professore como
bibliotecário.

1875 - direção do Inspetor Geral da Instrução Pública. Em 1885 - anexção à Diretoria de


Instrução.
Santa Catarina

1878 – transferência para a secretaria da Diretoria Geral da Instrução Pública

Sergipe

5 MARCO REGULATÓRIO

As bibliotecas provinciais estavam sujeitas a um marco regulatório que legitimava a sua


existência no quadro institucional das províncias.

A criação era definida por lei específica e as normas de funcionamento determinadas


por regulamentos também aprovados por lei. Igualmente, a criação de cargos e
nomeação de pessoal eram aprovadas por leis.
46

As matérias deliberadas pelas Assembleias Legislativas, uma vez aprovadas, seguiam


para sanção do presidente da província.

Nos relatório foram identificadas leis e regulamentos de diversas bibliotecas conforme


indicado abaixo:

ALAGOAS

Resolução provincial de 26 junho de 1886

Resolução provincial 588 de 17 de junho de 1871

Lei nº. 629 de 16 de março de 1872

AMAZONAS

Regimento e regulamento de 1872.

Regulamento de 16 de abril de 1866

Regulamento de 1883.

BAHIA

Lei 94 de 6 de março de 1839

Lei nº. 344 de 1849(?)

Lei nº. 374 de 1850(?)

Regulamento de 1830.

Regulamento provisório de 1850.

Regulamento de 1851.

Regulamento de 1857

CEARÁ

Lei n.º 1 582 de 19 de setembro de 1873

Lei n. 1 668 de 10 de agosto de 1876. Aprova novo regulamento

Lei nº 1 668 de 19 de Agosto de 1875

Lei n. 1 748 de 13 de setembro de 1876

Regulamento de 1867

Regulamento de 1876

ESPÍRITO SANTO
47

Lei Provincial n. 1º 19 de 10 de maio (ano?)

Regulamento de 1880

GOIÁS

Lei nº. 7 de 5 de junho de 1850

MINAS GERAIS

Lei Provincial 430 (ano?)

Lei n.° 791 (ano?)

Lei n.° 733 (ano?)

Lei n. 1 615 em 1869 – restauração da biblioteca

Lei n. 2 796 (ano?) – auxilio às bibliotecas municipais

Regulamento nº 45 de 1871

Regulamento n.° 9

PARÁ

Regulamento de 15 de abril de 1871.

PARAIBA

Lei de 24 de março de 1836 – criação de uma biblioteca

Regulamento provisório de 9 de abril de 1859

PARANÁ

Lei de 7 de março de 1857 – criação da biblioteca pública

Lei nº 204 de 5 de junho de 1869 – pessoal

Regulamento de 23 de abril de 1858.

Reorganização pelo regulamento de 1886.

PERNAMBUCO

Lei de 7 de dezembro de 1830 – biblioteca de Olinda

Lei provincial n. 90 de 5 de maio de 1844 - verba para a biblioteca

Lei de n. 293 de 5 de maio de 1852 - cria uma biblioteca pública anexa ao Liceu.

Lei 293 de 5 de maio de 1852 – aprovação do regulamento


48

Lei n. 391 de 30 de junho de 1856 – tranferência da biblioteca

Lei n. 446 de 2 de junho de 1858 - subordina a biblioteca à diretoria geral da instrução


pública.

Lei n. 1141 de 8 de junho de 1875 – reorganiza a biblioteca pública

Lei n. 400 de 4 de abril de 1857 – aprovação de verba

Lei provincial n. 1 270 – pessoal

Regulamento de 19 de agosto de 1852.

Regulamento do 3 de julho de 1875.

Regulamento de 1884.

RIO DE JANEIRO

Lei 1 650 de dezembro de 1871. Regulamento das bibliotecas populares

RIO GRANDE DO SUL

Lei provincial nº 724 de 14 de abril de 1871 – aquisição de livros e mobiliário

Lei provincial nº 724 de 14 de abril de 1871- criação de cargos

Lei provincial nº 724 de 14 de abril de 1871 – aquisição de livros e mobiliário

Lei provincial nº 724 de 14 de abril de 1871- criação de cargos

Projeto de regulamento - 1872.

SANTA CATARINA

Lei 373 (ano?) – criação da biblioteca púbica

Lei n. 447 (ano?) – nomeação de bibliotecário

SERGIPE

Lei de 7 de março de 1857

Lei 293 de 5 de maio de 1852

Lei n. 1141 de 8 de junho de 1874 (reorganização)


49

6 PESSOAL: ZELO E DEDICAÇÃO PARA O DESEMPENHO DO


IMPORTANTE LUGAR.

Zelo e dedicação. Estas foram as qualidades esperadas dos candidatos ao cargo de


bibliotecário, conforme prescritas no Regimento da Biblioteca Pública da Bahia de
1851.

De acordo com o parágrafo 7º do artigo 1º do Ato Institucional de 12 de agosto de 1834,


competia às Assembleias Provinciais “a criação, supressão e nomeação para os
empregos municipais e provinciais, e estabelecimentos dos seus ordenados”.
50

Amparados por esta competência foram criados cargos e fixada a correspondente


remuneração nas diferentes províncias para a administração das bibliotecas.

Conforme identificado nos relatórios, o pessoal que atuou nas bibliotecas provinciais
pode ser agrupado em bibliotecários, auxiliares de bibliotecários, funcionários de apoio
e de serviços gerais. (Quadro 3)

QUADRO 3 – Pessoal das bibliotecas provinciais

CARGO BIBLIOTECA

Bibliotecário Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Pará, Paraíba,
Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e
Sergipe

Auxiliar de Auxiliares: Bahia e Pará.


bibliotecário
Sub-bibliotecário e coadjuvante de bibliotecário: Pernambuco.

Bahia: 1º oficial e 2º oficial:

Funcionário de apoio Amanuenses: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso e
Paraná

Escriturário: Bahia

Funcionário de Porteiros: Amazonas, Ceará, Pernambuco, Bahia;


serviços gerais
Guardas: Bahia

Serventes: Bahia

Contínuos: Bahia, Ceará, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte.


51

Zelador: Paraná.

Bibliotecários foram mencionados nas províncias de Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará,


Espírito Santo, Maranhão, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio
Grande do Norte, Santa Catarina e Sergipe.

Auxiliares de bibliotecário foram identificados na Bahia e Pará. Em Pernambuco houve


sub-bibliotecário e coadjuvante de bibliotecário. Na Bahia, 1º oficial e 2º oficial.

Entre os funcionários de apoio encontravam-se os amanuense que tinham como


atribuição executar as tarefas de escrituração. Foram identificados amanuenses em
Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso e Paraná. Na Bahia, foi
identificado um escriturário.

Os funcionários de serviços gerais foram: porteiros no Amazonas, Ceará, Pernambuco,


Bahia; guarda e servente na Bahia, contínuo na Bahia, Ceará, Rio Grande do Sul e Rio
Grande do Norte e zelador no Paraná.

BIBLIOTECÁRIOS

Todas as bibliotecas das províncias contaram com bibliotecários. Como funcionários


nomeados pelas administrações provinciais, tinham sob sua responsabilidade a direção
52

das bibliotecas. A sua escolha e nomeação, assim como os demais funcionários, eram
submetidas pelos presidentes às Assembleias Provinciais, conforme atestam vários
registros encontrados nos relatórios.

Alguns depoimentos registram nessidade de nomeção de pessoas capazes de administar


as bibliotecas. O depoimento do diretor da Instrução Pública da Paraíba no seu relatório
de 1859 informa que os livros existentes na biblioteca no Liceu estavam “mudos,
imóveis silenciosos” Necessitava que fossem “ordenados e classificados por um
bibliotecário encarregado por sua conservação e catálogo [para que ] possam ser
consultados por quem for excitado pelo amor do estudo ou por simples curiosidade”117.
A “nomeação de uma pessoa habilitada que classifique cientificamente estas obras,
forme seu catálogo e, sob determinadas condições, franqueie sua leitura aos particulares
é uma medida que reputo urgente, e que solicito no interesse da nossa civilização”,
enfatiza o diretor118. A situação da conservação também deixava a desejar:

“Aglomerados todos estes volumes sem uma só estante,


acham-se em contato obras em perfeito estado de conservação com

117 [Relatório do Diretor da Instrução Pública] In: PARAÍBA. Presidente.(Paraíba. Presidente.(1858-1860:


Relatorio apresentado a Assembléa Legislativa da Parahyba do Norte pelo presidente da provincia, o dr. Ambrozio
Leitão da Cunha, em 2 de agosto de 1859. Parahyba, Typ. de José Rodrigues da Costa, 1859. p. 26-7.

118 [Relatório do Diretor da Instrução Pública] In: PARAÍBA. Presidente.(Paraíba. Presidente.(1858-1860:


Relatorio apresentado a Assembléa Legislativa da Parahyba do Norte pelo presidente da provincia, o dr. Ambrozio
Leitão da Cunha, em 2 de agosto de 1859. Parahyba, Typ. de José Rodrigues da Costa, 1859. p. 26-7.
53

outras carcomidas de traça, do que deve resultar que, a se não


providenciar oportunamente como convém, todos estes volumes se
converterão em pouco tempo em um montão de pó, ficando deles
privado inutilmente os particulares que generosamente os doaram e o
público, a cujo uso eram destinados, malogrando em sua expectativa,
como frustrados os esforços da presidência que promoveu a sua
subscrição”.

Era desejada a “nomeação de uma pessoa habilitada que classifique cientificamente


estas obras, forme seu catálogo e, sob determinadas condições, franqueie sua leitura aos
particulares é uma medida que reputo urgente, e que solicito no interesse da nossa
civilização”.119

Em 1875, o bibliotecário da Biblioteca Pública do Ceará informou que o pessoal era tão
somente composto de um bibliotecário e argumentou: “é um fato verdadeiramente
incrível que dispensa comentários”. A administração de uma Biblioteca, em nosso
tempo, necessita de um pessoal mais ou menos numeroso, para manter-se na sua
verdadeira altura; sem isto, sofrem imensamente a ordem, conservação, utilidade, e fins
utilíssimos de tão interessante instituição”120.

No Espírito Santo, em 1859, a nomeação de pessoa habilitada para servir de


bibliotecário foi incluída entre as mais urgentes necessidades da biblioteca121.

Na Bahia, cargo o cargo de bibliotecário foi considerado “honrado em todas as nações


cultas”, argumento utilizado, em 1850, para a aprovação de gratificação de um conto de
réis anual para o cargo122.

A administração da biblioteca por pessoa não capacitada também foi registrada. Em


1876, a Biblioteca Pública de Sergipe encontrava-se sob a administração da secretaria

119 [Relatório do Diretor da Instrução Pública] In: Paraíba. Presidente.(Paraíba. Presidente.(1858-1860: Relatorio
apresentado a Assembléa Legislativa da Parahyba do Norte pelo presidente da provincia, o dr. Ambrozio Leitão da
Cunha, em 2 de agosto de 1859. Parahyba, Typ. de José Rodrigues da Costa, 1859. p. 26-7.

120 Relatório do bibliotecário da Biblioteca Pública. In: CEARÁ. Presidente (1875-1876: Esmerino Gomes Parente)
Anexos ao relatório com que o excelentissimo senhor dr. Esmerino Gomes Parente abriu a 2.a sessão da 22.a
legislatura da Assembléia Provincial do Ceará em 2 de julho de 1875. Fortaleza: Typ. Constitucional, 1875.

121 ESPÍRITO SANTO. Presidente (Pedro Leão Velloso: Relatorio do presidente da provincia do Espirito Santo, o
bacharel Pedro Leão Velloso, na abertura da Assembléa Legislativa Provincial no dia 25 de maio de 1859. Victoria,
Typ. Capitaniense de Pedro Antonio d'Azeredo, 1859.

122 BAHIA. Presidente (1850-1851: Francisco Gonçalves Martins). Falla que recitou o prezidente da provincia da
Bahia, o conselheiro desembargador Francisco Gonçalves Martins, n'abertura da Assembléa Legislativa da mesma
provincia em 1. de março de 1850. Bahia, Typ. Constitucional, 1850.
54

da instrução púbica e cuidada por um porteiro. O fato fez o diretor geral da instrução
argumentar:

“Enquanto a província não estiver nas condições de possuir


uma biblioteca pública enriquecida de livros de ciências, história,
viagens, literatura, artes, ofícios e jornais” sob a responsabilidade de
um porteiro “incapaz de exercer as funções de bibliotecário” [...] é
melhor que “seja guardada na secretaria da instrução, sob a imediata
inspecção do director geral, que com os empregados da repartição a
zelará melhore e irá pouco a pouco promovendo seu melhoramento até
que aumentada, colocada, e servida convenientemente, possa prestar-
se ao público”, argumenta o diretor geral de instrução123.

Em três informações podem ser encontradas indicações de alguns critérios que eram
utilizados para a escolha de pessoas para o exercício do cargo de bibliotecários. São
eles:

a) Dedicação ao serviço público


b) Demonstrar zelo e dedicação para o exercício do cargo
c) Capacidade para realização de trabalhos metódicos
d) Possuir inteligência e saber
e) Conhecimento de língua francesa
f) Conhecimentos literários

Os registros que contêm essas indicações são os seguintes:

Na Bahia, a comissão encarregada pelo presidente Francisco Gonçalves Martins (1850-


1851) em 1850 para propor reformas na Biblioteca Pública, sugeriu que a direção
deveria ser “exercida por pessoa inteiramente dedicada ao serviço público”124. A escolha
para o cargo recaiu em Antônio Joaquim Alvares do Amaral, “pessoa que por sua
posição, por seus serviços, e pelo conhecido método que guarda em todos os seus
trabalhos, me pareceu mais habilitado para desempenhar esta espinhosa comissão”,
conforme registrou o presidente125. Na mesma ocasião foi aprovada a gratificação de um

123 [Relatório da diretoria geral da instrução pública] In: SERGIPE. Presidente (João Ferreira de Araújo Pinho)
Relatorio com que o exm. smr. [sic] presidente, dr. João Ferreira d'Araujo Pinho, abriu a Assembléa Legislativa
Provincial de Sergipe no dia 1.o de março de 1876. [Aracajú] Typ. do Jornal do Aracajú [n.d.] p. 66.

124 BAHIA. Presidente (1850-1851: Francisco Gonçalves Martins). Falla que recitou o prezidente da provincia da
Bahia, o conselheiro desembargador Francisco Gonçalves Martins, n'abertura da Assembléa Legislativa da mesma
provincia em 1. de março de 1850. Bahia, Typ. Constitucional, 1850.

125 Idem.
55

conto de reis anual para o cargo, considerando a sua importância “honrado em todas as
nações cultas”126.

O regulamento da Biblioteca de 30 de janeiro de 1851, no seu artigo 7º definiu que a


nomeação do bibliotecário deveria recair “em pessoa de toda consideração”. Ainda
segundo o mesmo artigo, não somente deveria ter “inteligência e saber”, como também
“zelo e dedicação para desempenho [do] importante lugar”. Como os demais
empregados deveria ter a idoneidade necessária para dar conta dos trabalhos descritos
no regulamento. Seria desejável, ainda, pelo menos tivessem o conhecimento da língua
francesa.

No Pará, o lugar de bibliotecário público foi preenchido, em 1872, por Júlio Cezar
Ribeiro de Sousa que possuía bons conhecimentos literários127.

Dois depoimentos ilustram as dificuldades e a visão que se tinham das atividades e do


papel do bibliotecário:

Padre José Gonçalves Barroso, bibliotecário da Biblioteca Pública de Sergipe, no


relatório de 1854, lamenta não possuir “riqueza de conhecimentos gerais e especiais”
que se deve exigir do bibliotecário para tornar a biblioteca uma instituição viva segundo
os princípios propostos por Castilho, autor de difícil identificação128. Não obstante,
porém, do reconhecimento de sua insuficiência e pouca experiência, padre Barroso
procurou desenvolver os trabalhos necessários para o melhor desempenho das funções
da biblioteca.

126 BAHIA. Presidente (1850-1851: Francisco Gonçalves Martins). Falla que recitou o prezidente da provincia da
Bahia, o conselheiro desembargador Francisco Gonçalves Martins, n'abertura da Assembléa Legislativa da mesma
provincia em 1. de março de 1850. Bahia, Typ. Constitucional, 1850.

127 PARÁ. Presidente. (1872: Francisco Bonifácio de Abreu) relatório apresentado pelo Exmo. Sr. Barão de Vila da
Barra em 5 de dezembro de 1872 por accasião de passar a administração da província ao 2º vice-presidente o Exmo.
Sr. Barão de Santarém. Pará: Typ. Do Diário do Gram-Pará, 1872. p. 22-3.

128 [Apenso nº. 2: relatório do bibliotecário.] In: SERGIPE. Presidente (1853-1855: Ignácio Joaquim Barboza)
[sem título] 20 mar. 1854.
56

No relatório de 8 de julho de 1884 do bibliotecário da Biblioteca Pública do Amazonas


A. M. de Souza e Oliveira, podem ser encontradas observações sobre o papel que o
bibliotecário além da tarefa meramente administrativa da biblioteca.

Propunha que deveria ser dada “mais largueza e extensão às [suas] atribuições e
fornecer-lhe os elementos indispensáveis para a sua realização. Entendia ser o
bibliotecário um “dirigente de um laboratório de ideias”. Como tal, deveria ser incitado,
estimulado e cercado de prestigio. Não deveria ser visto “como um ministrador de
livros, mas como um chefe de um cometimento, de uma propaganda instrutiva, como
um instrutor enfim de quem se exige conhecimentos variados, que se recomenda pelo
seu amor ao estudo dedicado, solicito capaz de desempenha-se da árdua tarefa de solver
as dificuldades de preencher os vácuos que a ignorância e a incúria semeiam no
caminho da civilização129. Com se pode observar, são ideias muito avançadas para a
época, muito antes da missão do bibliotecário preconizada pelo filósofo espanhol Ortega
y Gasset no discurso que abriu o Segundo Congresso Internacional de Bibliotecas e
Bibliografia, em Madri, no dia 20 de maio de 1935130.

PROFISSÕES DE ORIGEM DOS BIBLIOTECÁRIOS.

Tendo em vista a inexistência de cursos para a formação de bibliotecário no Brasil no


século XIX, as pessoas nomeadas para o cargo em diferentes momentos e locais
proviam de variadas profissões. Alguns registros encontrados indicam essas profissões
conforme mostrado abaixo e no Quadro abaixo:

QUADRO 4 – Profissões de origem dos bibliotecários

Biblioteca Profissão de origem

129 Bibliotheca Pública. In: AMAZONAS. Presidentes (mar. 1884-jul.1884: Theodoreto Carlos de Faria Souto)
Exposição com que o ex-presidente da província do Amazonas Dr. Theodoreto Carlos de Faria Souto, entregou a
administração da mesma ao Tenente-Coronel Joaquim José Paes da Silva Sarmento, em 12 de julho de 1884. Manaós:

130 Cf. ORTEGA E GASSET, José. Missão do bibliotecário. Brasília: Briquet de Lemos/Livros, 2006.
57

Ceará, Minas Gerais e Paraná Militares

Ceará e Pernambuco. Bacharéis

Ceará, Pernambuco e Sergipe. Padres

Ceará, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Professores


Santa Catariana

Paraná e Sergipe
Servidores (amanuenses, escriturários, porteiros)

No Ceará, Minas Gerais e Paraná o cargo foi ocupado por militares. Por bacharéis no
Ceará e Pernambuco. Por padres no Ceará, Pernambuco e Sergipe. Por professores no
Ceará, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Santa Catariana e por servidores
(amanuenses, escriturários, porteiros) no Paraná e Sergipe.

ATRIBUIÇÕES DO PESSOAL.

As atribuições do pessoal estavam definidas nos regimentos ou regulamentos aprovados


pelas Assembleias Províncias para as bibliotecas. Pelo Regulamento da Biblioteca
Pública da Bahia que constou anexo ao relatório de 1851, podem ser conhecidas as
atribuições do pessoal em exercício nas bibliotecas provinciais131.

O capítulo 3º do Regulamento trata das obrigações dos empregados. O artigo 9° trata


do bibliotecário. Era o chefe do estabelecimento respondendo imediatamente ao
presidente da província. As suas competências correspondiam:

a) zelar pelo bom regime e economia da biblioteca, afim de que o serviço seja feito
com prontidão, ordem e regularidade;
b) cuidar da conservação dos livros e papeis pertencentes à biblioteca, tomando
todas as medidas para evitar extravios, e responsabilizar os causadores deles;
c) adquirir novas obras, e vender as desnecessárias, ou duplicatas, mediante a
autorização do presidente;
131 BAHIA. Presidente (1848-1850: Francisco Gonçalves Martins) Falla que recitou o presidente da provincia da
Bahia, o dezembargador conselheiro, n'abertura da Assembléa Provincial da mesma provincia no 1. de março de
1851. Bahia, Typ. Constitucional de Vicente Ribeiro Moreira, 1851.
58

d) gerir as despesas do estabelecimento e autorizar os pagamentos;


e) supervisionar a organização dos catálogos e rubricar os livros de escrituração;
f) apresentar ao presidente da província relatórios anuais e
g) administrar o pessoal sob sua responsabilidade.

Ao Ajudante do bibliotecário competia:

a) substituir ao bibliotecário nos seus impedimentos;


b) administrar as despesas da biblioteca;
c) organização os catálogos, e manter a arrumação dos livros;
d) controlar o empréstimo dos livros e fiscalizar os frequentadores da biblioteca

O escriturário tinha por obrigação:

a) manter a contabilidade da biblioteca e demais escrituração e registros;


b) copiar manuscritos e
c) auxiliar os trabalhos do ajudante do bibliotecário

Finalmente, competia aos guardas:

a) a vigilância das salas, limpeza e dos livros e


b) cuidar do asseio das mesas e demais mobiliário.

Por ser a biblioteca baiana a mais antiga e importante do país, é possível que tenha
influenciado a organização das demais em outras províncias.
59

7 RECURSOS INSUFICIENTES QUANDO NÃO EXISTENTES

De acordo com o parágrafo 5º do artigo 10º do Ato Adicional, de 12 de agosto de 1834,


competia às Assembleias Legislativas Provinciais fixar as despesas municipais e
provinciais. Desta forma, os recursos para as bibliotecas dependiam da aprovação das
Assembleias Provinciais. Cabia aos presidentes solicitar a consignação das verbas nas
leis dos orçamentos anuais. Os registros encontrados nos relatórios mostram que nem
sempre era tarefa fácil para os governantes das províncias obterem a aprovação.
Nenhum registro demonstrou a aprovação de verbas regulares. Era necessário que a
cada período legislativo o presidente lembrasse a necessidade dos recursos. E nem
sempre as bibliotecas estavam nas preocupações administrativas das províncias. Os
recursos eram insuficientes quando não existentes.

Em algumas províncias foram definidos recursos para a implantação das bibliotecas,


como indicado a seguir:

AMAZONAS

No Amazonas, a lei do orçamento provincial para o ano financeiro de 1882-1833


consignou a verba de 6:000$000 réis para gastos de pessoal, expediente e compra de
utensílios para uma biblioteca provincial. O presidente louva a medida como um meio
de “derramamento da instrução” que traduz “os verdadeiros sentimentos de quantos se
interessam pelo desenvolvimento intelectual da província”132.
132 AMAZONAS. Presidente(1882-1884: José Lustosa da Cunha Paranaguá) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa Provincial do Amazonas na abertura da segunda sessão da decima sexta legislatura em 25 de março de
1883 pelo presidente, José Lustosa da Cunha Paranaguá. Manáos: Typ. do Amazonas, 1883. p. 33-34.
60

CAERÁ

Em 1858, o presidente do Ceará João da Silveira de Souza (1857-1858) considerou


indispensável o estabelecimento de uma biblioteca pública no Liceu. Deveria ela não só
atender os alunos e professores, mas “inspirar e desenvolver na população o gosto pela
instrução e leitura dos bons autores que nem todos podem obter com seus únicos
recursos”. Lembrou que no orçamento de 1847 foi consignada verba para esse objetivo
que caducou e solicita à Assembleia a votação de uma verba “superior aquela e
suficiente para dar-se começo ao estabelecimento em questão”133.

ESPÍRITO SANTO

Para a instalação da Biblioteca Pública do Espírito Santo, apesar dos apelos à


Assembleia Provincial, só foi votada insignificante quantia134.

MATO GROSSO

Para o gabinete Literário de Mato Grosso foi destinado, em 1872, a quantia de 500$000
réis para a compra de livros e mandado entregar o valor de 1:200$000 réis para as
despesas de criação135.

Nem sempre a criação de bibliotecas era acompanhada pela aprovação das verbas para
sua instalação e manutenção.

ESPÍRITO SANTO

Em sua comunicação, em 1855, à Assembleia Provincial do Espírito Santo sobre a


instalação da Biblioteca Pública, o presidente Sebastião Machado Nunes apela aos
deputados o favorecimento “com alguma quota”136.

No exercício seguinte, o presidente José Mauricio Fernandes Pereira de Barros


comunica à Assembleia a abertura da biblioteca. “Ela precisa, Srs., de um auxílio, o de

133 CEARÁ. Presidente (1857-1858: João Silveira de Souza) Relatório que à Assembleia Legislativa Provincial do
Ceará apresentou no dia da abertura da sessão ordinária de 1858, o excelentíssimo senhor dr. João Silveira de Souza,
presidente da mesma província. Ceará, Typ. Cearense, 1858. P.9

134 ESPÍRITO SANTO. Presidente (Pedro Leão Velloso: Relatorio do presidente da provincia do Espirito Santo, o
bacharel Pedro Leão Velloso, na abertura da Assembléa Legislativa Provincial no dia 25 de maio de 1859. Victoria,
Typ. Capitaniense de Pedro Antonio d'Azeredo, 1859.

135 MATO GROSSO. Presidente (1871-1872: Francisco José Cardoso Júnior) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa da provincia de Matto-Grosso no dia 4 de outubro de 1872 pelo presidente da mesma provincia, o exm. sr.
tenente coronel Dr. Francisco José Cardozo Junior. Rio de Janeiro: Typ. do Apostolo, 1873. p. 71-2.
61

vós, que amais as letras, espero que lho não recusareis”, assim dirige-se aos
deputados137.

O estado da biblioteca em 1859 não era bom, segundo o relato do presidente Pedro Leão
Velloso “ não passa de [...]novecentos volumes inclusive as ditas brochuras atiradas a
esmo sobre uma mesa e pelo chão, entregues a voracidade das traças, e ao estrago da
poeira”. “Se entendeis que a província deve ter uma livraria pública [...] que a doteis dos
meios de que há mister o núcleo que já temos, para que se possa desenvolver” reclama o
presidente à Assembleia Provincial 138.

GOIÁS

Em Goiás, segundo o relatório de 1851 do presidente da província Antonio Joaquim da


Silva Gomes, não foi possível a aquisição de livros para a Biblioteca Pública devido à
“escassez do numerário nos cofres da Provedoria”139.

PARAÍBA

O relatório de 1838 do presidente, Joaquim Teixeira Peixoto de Albuquerque, registra


que a lei que mandou criar uma biblioteca pública na capital não produziu efeitos. O ato
legal estabeleceu os princípios, mas não foram proporcionados os meios para a sua
execução, observou. E apela à Assembléia Provincial: “é preciso que ocorras com
alguma providencia par essa obra útil e até necessária, atenta a falta de livros que há
nesta cidade”. Para ajudar na obtenção dos recursos necessários, indica não parecer
“muito fora de propósito que os estudantes paguem uma taxa, ainda que módica, no
princípio de cada ano a título de matrícula”140.

136 ESPÍRITO SANTO. Presidente (1854-1855: Sebastião Machado Nunes) Relatório com que o exm. sr. dr.
Sebastião Machado Nunes, presidente da provincia do Espirito Santo, abriu a sessão ordinaria da respectiva
Assembléa Legislativa no dia vinte e cinco de maio do corrente anno. Victoria, Typ. Capitaniense de P.A. d'Azeredo,
1855.

137 ESPÍRITO SANTO. Presidente (1856-1857: José Mauricio Fernandes Pereira de Barros) Relatório que o exm.
senr. presidente da provincia do Espirito Santo, o doutor José Mauricio Fernandes Pereira de Barros, apresentou na
abertura da Assembléa Legislativa Provincial, no dia 23 de maio de 1856. Victoria, Typ. Capitaniense de P.A.
d'Azeredo, 1856.

138 ESPÍRITO SANTO. Presidente (Pedro Leão Velloso: Relatorio do presidente da provincia do Espirito Santo, o
bacharel Pedro Leão Velloso, na abertura da Assembléa Legislativa Provincial no dia 25 de maio de 1859. Victoria,
Typ. Capitaniense de Pedro Antonio d'Azeredo, 1859.

139 GOIÁS. Presidente (1850-1852: Antonio Joaquim da Silva Gomes) Relatório que á Assemblea Legislativa de
Goyaz apresentou na sessão ordinaria de 1851 o exm. presidente da mesma provincia, doutor Antonio Joaquim da
Silva Gomes. Goyaz: Typ. Provincial, 1851. p. 32.
62

O novo presidente, João José de Moura Magalhaens (1838-1939), no relatório de 1839,


volta a registrar que “a biblioteca, que pela lei de 24 de março de 1836 se mandou criar
nesta capital, ainda não teve princípio”. E dirige-se à Assembleia: “é necessário que
habiliteis o governo com os meios indispensáveis para a compra dos primeiros livros,
que servirão de começo a esse estabelecimento”. Solicita também autorização para que
as casas municipais da província recebam “donativos de todos os habitantes que
quiserem concorrer para tão útil instituição”141.

PERNAMBUCO

Em Pernambuco, a biblioteca “de reconhecida utilidade pública”, foi criada pelo corpo
legislativo provincial. “é de esperar que [a Assembleia] continue a votar anualmente
uma consignação para manter-se, e tornar-se proveitosa pela aquisição de obras
escolhidas, que satisfação a aplicação dos estudiosos que precisarem de consultà-las”,
registra o presidente Francisco Antonio Ribeiro em 1853142.

RIO GRANDE DO SUL

Conforme o relatório de 1874, a biblioteca pública do Rio Grande do Sul não pode ser
instalada por não ter sido aprovada no orçamento provincial a verba prevista. O
presidente João Pedro Carvalho de Moraes apela à Assembleia pela sua aprovação
considerando que o assunto é de “suma importância para população da capital e
desenvolvimento da instrução”143.

A falta de recursos era justificativa para o mau desempeno das bibliotecas:

140 PARÁIBA. Presidente. (1838: Joaquim Teixeira Peixoto de Albuquerque) Falla com que o Exmo. presidente da
província da Paraíba do Norte, o doutor Joaquim Teixeira Peixoto de Albuquerque instalou a 1ª. Sessão da segunda
legislatura d’Assembleia Legislativa provincial no dia 24 de junho de 1838.[s.n.t.] p. 11.

141 PARAÍBA. Presidente.(1838-1939: João José de Moura Magalhaens) Falla com que o exm. presidente da
provincia da Parahyba do Norte, o dr. João José de Moura Magalhaens, abrio a segunda sessão da 2.a legislatura da
Assembléa Legislativa da mesma provincia em o dia 16 de janeiro de 1839. Pernambuco, Tip. de M.F. de Faria, 1839.
p. 7.

142 PERNAMBUCO. Presidente. Relatório que à Assembléa Legislativa Provincial de Pernambuco, apresentou na
abertura da sessão ordinaria em o 1.o de março de 1853 o exm. presidente da mesma provincia, Francisco Antonio
Ribeiro. Recife, Typ. de M.F. de Faria, 1853. p. 12

143 RIO GRANDE DO SUL. Presidente (1872-1875: João Pedro Carvalho de Moraes). [Relatório ... 1874. p. 19.]
63

BAHIA

Referindo-se as atividades da Biblioteca Pública da Bahia, o presidente Antonio de


Araujo de Aragão Bulcão, assim informa à Assembléia Provincial em 1880: “se mais
não tem feito, [...] é por ser exígua a quantia destinada na Lei do Orçamento144.

CEARÁ

No Ceará, em 1880, o bibliotecário Fausto Domingues da Silva considerou exíguas as


verbas destinadas na lei do orçamento para a Biblioteca Pública, não permitindo
“acompanhar o movimento literário do mundo civilizado”145.

MINAS GERAIS

Para aumentar o número de leitores da Biblioteca Pública de Ouro Preto, o presidente da


província de Minas Gerais Antonio Luiz Affonso de Carvalho, em 1851, entende ser
preciso que a Assembleia consigne no orçamento a quantia necessária para a aquisição
de livros, revistas e jornais146.

PARÁ

As melhorias da Biblioteca Pública do Pará deixaram de ser realizadas por falta de


recursos, como é informado no relatório de 1888 do presidente Francisco José Cardoso
Junior (1887-1888). Assim se expressou: A biblioteca pública, “importante
estabelecimento [...] precisa de muitos melhoramentos para por em boa guarda os
valiosos documentos e obras que ali existem”. “Deixei de mandá-las realizar por falta de
verba pra as respectivas despesas”147.

SANTA CATARINA

144 BAHIA. Presidente. (1879-18810: Antonio de Araujo de Aragão Bulcão) Falla com que abriu no dia 1.o de
maio de 1880 a 1.a sessão da 23.a legislatura da Assembléa Legislativa Provincial da Bahia o exm. sr. dr. Antonio de
Araujo de Aragão Bulcão, presidente da provincia. Bahia, Typ. do "Diario da Bahia," 1880.

145 CEARÁ. Presidente (1878-1880:José Julio de Albuquerque Barros) Falla com que o exm. sr. dr. José Julio de
Albuquerque Barros, presidente da província do Ceará, abriu a 1.a sessão da 25.a legislatura da Assembléia
Provincial no dia 1.o de julho de 1880. Fortaleza: Typ. Brazileira, 1880

146 MINAS GERAIS. Presidente. (1870-1871: Antonio Luiz Affonso de Carvalho) Relatorio apresentado á
Assembléa Legislativa da Provincia de Minas Geraes na sessão extraordinaria de 2 de março de 1871 pelo presidente,
o illm. e exm. sr. doutor Antonio Luiz Affonso de Carvalho. Ouro Preto: Typ. de J.F. de Paula Castro, 1871.

147 PARÁ. Presidente (1887-1888: Relatorio com que o exm. snr. conselheiro Francisco José Cardoso Junior, 1.o
vice-presidente, passou a administração da provincia, no dia 6 de maio de 1888 ao exm. snr. dr. Miguel J. de Almeida
Pernambuco, nomeado por carta imperial de 24 de março ultimo. Pará, Typ. do Diario de Noticias, 1888.
64

Em 1855, é registrado que a Biblioteca Pública de Santa Catarina “continha poucos


volumes, e pela maior parte de pouco merecimento, não pode assim prestar ao público
grande serviço”. O presidente João José Coutinho espera que a Assembleia consigne
“anualmente alguma quantia para compra de livros modernos e escolhidos”148. No
exercício do ano seguinte, a consignação foi considerada é diminuta, convendo elevá-
la149.

O presidente Pedro Affonso Ferreira (1873) em seu relatório que a biblioteca provincial
1873 “é na realidade muito limitada ainda as proporções deste estabelecimento, que
carece de incentivo a fim de poder melhor preencher o alto fim a que se destina”150.

Em 1888, o presidente de Santa Cataria pede a atenção da Assembleia para o decescimo


das verbas concedidada para a Biblioteca Pública. Segundo ele, “as leis provinciais
concederam até 1882 o auxílio anual de 400$000, que baixando sucessivamente a
120$000 e 100$000, foi neste ano apenas de 60$000 !” “Com tão insignificante verba
não é possível melhorar as condições do estabelecimento, adquirindo obras novas e
fazendo reencadernar as antigas que estão estragadas. A continuar esta parcimonia, a
biblioteca ir desmerecendo cada vez mais, tornando-se afinal de todo inútil”,
considera151.

SERGIPE
O presidente de Sergipe, em 1854, considera ser conveniente a Assembleia consignar
uma quantia anual, ainda que pequena, para a compra de livros, e para a assinatura de
algumas revistas literárias da Europa que carece a biblioteca pública. “Sem o que pouca
animação pode ter, afirma”152.

148 SANTA CATARINA. Presidente. (1850-1859:João José Coutinho) [Relatório do presidente da província de
Santa Catharina em 1.o de março de 1855] p. 4-5.

149 SANTA CATARINA. Presidente. (1850-1859:João José Coutinho) Falla que o presidente da provincia de Santa
Catharina dr. João José Coutinho, dirigio á Assembléa Legislativa Provincial no acto d'abertura de sua sessão
ordinaria em o 1.o de março de 1856. Rio de Janeiro, Typ. Universal de Laemmert, 1856. p. 6.

150 SANTA CATARINA. PresidenteRelatório apresentado á Assembléa Legislativa Provincial de Santa Catharina
pelo presidente, dr. Pedro Affonso Ferreira, no acto da abertura da sessão em 2 de junho de 1873. Cidade do Desterro,
Typ. de J.J. Flores, 1873. p. 7

151 SANTA CATARINA. Presidente. (1888-1889:Augusto Fausto de Souza) Relatorio com que o exm. sr. coronel
dr. Augusto Fausto de Souza abrio a 1.a sessão da 27.a legislatura da Assembléa Provincial em 1.o de setembro de
1888. Santa Catharina, Typ. do Conservador [n.d.] p. 15-16.

152 SERGIPE. Presidente (1853-1855: Ignácio Joaquim Barboza) [sem título] 20 mar. 1854. p. 9-10.
65

Os apelos às Assembleias muitas vezes eram feitos de forma vaga e em tom queixoso e
de lamúria.

CEARÁ

O bibliotecário da Biblioteca Pública do Ceará, João Severiano Ribeiro registra que na


lei do orçamento de 1870 a quantia de 3:000$000 destinada à Biblioteca “mal
dificilmente poderá chegar, para ocorrer as indispensáveis, ou mais urgentes de seu
acanhado estado presente”. Pede ao presidente que “digne-se de intervir perante a
Assembleia Legislativa provincial em sua próxima reunião no sentido de que na
seguinte lei do orçamento se vote para este estabelecimento, pelo menos, o crédito de
3:500$000 assim distribuído:—gratificação ao Bibliotecário 1:200$000, expediente e
despesas miúdas 300$000, aquisição de livros 1:600$000, e encadernação de ditos
400$000”153.

ESPÍRITO SANTO

No Espírito Santo, em 1882, o presidente Alpheo Adelpho Monjardim de Andrade e


Almeida, diz esperar que “o corpo legislativo provincial dê nos respectivos orçamentos
os meios para sua conservação, maior desenvolvimento e prosperidade, de modo que
seja correspondido o sacrifício que a província está fazendo com tão utilíssimo
estabelecimento”154.

PARAÍBA

Em 1847, o presidente Frederico Carneiro de Campos informa à Assembleia que a


biblioteca do Liceu só podaria “prestar maiores benefícios à instrução da mocidade” se
fosse votada anualmente “alguma consignação ainda que módica” para que ela seja
dotada de vários meios, entre eles “livros que vos sabeis quanto convém ao ensino da
mocidade, à consulta dos professores [...]” Segundo seu entendimento, o Liceu poderia
ser a base de uma biblioteca para a capital, cuja criação não proporia devido a
“estreiteza dos cofres públicos”. 155

153 Relatório do bibliotecário da província João Severiano Ribeiro. In: CEARÁ. Presidente (1869-1870: João
Antonio de Araujo Freitas Henriques) Falla com que o excelentissimo senhor desembargador João Antonio de Araujo
Freitas Henriques, abrio a 1.a sessão da 18.a legislatura da Assembléia Provincial do Ceará no 1.o de setembro de
1870. Fortaleza: Typ. Constitucional, 1870. p. 21-2

154 ESPÍRITO SANTO. Presidente (1882: Alpheo Adelpho Monjardim de Andrade e Almeida) Relatorio
apresentado á Assembléa Legislativa da provincia do Espirito-Santo pelo 1o vice-presidente, o exm. sr. tenente
coronel, em 21 de março de 1882. Victoria, Typ. do Horizonte, 1882. p. 10-11.

155 PARAÍBA. Presidente . (1844-1848: Frederico Carneiro de Campos ) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa Provincial da Parahyba do Norte pelo excellentissimo presidente da provincia, o tenente coronel Frederico
Carneiro de Campos, em maio de 1847. Pernambuco, Typ. Imparcial, 1847.p. 12
66

O Liceu passou a contar “com uma pequena livraria para uso e consulta dos alunos e
professores”156. A cada ano eram dirigidos pedidos à Assembléia Provincial para a
consignação de recursos destinados à compra de livros para a biblioteca, onde “onde a
mocidade curiosa vá achar expositores das matérias que aprende e de outras,
principalmente da história, que tão boa mestre é do presente pelas úteis lições do
passado”157.

O assunto voltou a ser apresentado à Assembleia em 1852. O presidente Antonio Coelho de Sá


e Albuquerque assim se expressa:

“Uma grande contrariedade com que luta a inteligência nesta


província, é a falta absoluta de livros, aonde possa encontrar ideias
novas e úteis. Uma biblioteca pública moveria em grande parte esse
embaraço. Sei perfeitamente que não está nas forças da província uma
grande biblioteca [...]158.

O diretor da Instrução Pública em seu relatório de 1855, insiste na necessidade de melhorar a


biblioteca do Liceu. Chama a atenção para a extrema penúria de livros . As representações do
presidente à Assembléia Provincial Francisco Xavier Paes Barreto pedindo a
consignação anual de recursos “não tem sido ou podido ser atendidas”, restando apenas
a ele reiterá-las159.

Os relatórios dos anos seguintes registram a situação de necessidade da biblioteca do


Liceu e pedidos de recursos à Assembléia Provincial. “A biblioteca [do Liceu] reclama
desta ilustre Assembléia socorro e proteção”, clama o vice-presidente Flávio Clementino da
Silva Freire (1855).160 “A biblioteca o Liceu, apesar de minhas reiteradas instancias, tem
caído numa espécie de esquecimento do qual convém arrancá-la”, diz o diretor da
Instrução Pública. “Há mais de quatro anos, desde então até hoje que não se tem feito

156 PARÁIBA. Presidente.(1844-1848: Frederico Carneiro de Campos) Esposição feita pelo Tenente-Coronel de
Engenheiros Frederico Carneiro de Campos, na qualidade de presidente da província da Parahyba do Norte ao Exm.
Vice-presidente dellan o acto de passar-lhe a administração da província em 16 de março de 1848. Parahyba:
Typographia de J. R. da Costa, 1848. p. 8.

157 PARÁIBA. Presidente.(1848-1850: João Antonio de Vasconcellos) Relatorio apresentado á Assembléa


Legislativa Provincial da Parahyba do Norte pelo excellentissimo presidente da provincia, o bacharel João Antonio de
Vasconcellos, em 1o de agosto de 1848. Pernambuco, Typ. Imparcial, 1848. p. 6

158 Paraíba. Presidente.(1851-1853: Antonio Coelho de Sá e Albuquerque) Relatorio apresentado a Assembléa


Legislativa Provincial da Parahyba do Norte pelo excellentissimo presidente da provincia, o dr. Antonio Coelho de Sá
e Albuquerque em 3 de maio de 1852. Parahyba, Typ. de José Rodrigues da Costa, 1852. p. 12.

159 Relatório da Instrução Pública. In: Paraíba. Presidente.(1854-1855:Francisco Xavier Paes Barreto) Exposição
feita pelo doutor Francisco Xavier Paes Barreto na qualidade de presidente da província da Parahyba do Norte no ato
de passar a administração da província ao excelentíssimo segundo vice-presidente o doutor Flávio Clementino da
Silva Freire. Parahyba: Typographia de José Rodrigues da Costa, 1855. p. 41-2.
67

aquisições de um só volume”, complementa e diz que “em outras províncias a biblioteca


tem merecido particular atenção da administração pública”161.

PARANÁ

No Paraná, a Assembleia Provincial tem consignado nos últimos anos recursos


orçamentários para a biblioteca e “estou persuadido que aparecerá sempre essa verba
naquela lei anual”, acredita o presidente Francisco Liberato Matos (1857-1859)162.

PERNAMBUCO

Em 1867, bibliotecário da Biblioteca Pública de Pernambuco padre Lino do Monte


Carmello Luna, lamenta que não tenham tido aplicação as verbas destinadas no
orçamento para aquisição de livros, e que no corrente [exercício] não fosse ela votada163.

SANTA CATARINA

Na Lei do orçamento de 1858 se não consignou quantia alguma para compra de livros
para a Biblioteca Pública de Santa Catarina. “Convém que a biblioteca se não ressinta
de igual esquecimento no orçamento próximo futuro”, apela o presidente à Assembleia
Provincial164.

Em 1862, constou do relatório que a Biblioteca “é pobríssima de obras [não havendo]


nela as que são indispensáveis em estabelecimentos dessa espécie. “O estado de penúria
dos cofres provinciais não permite elevar-se por ora a soma referida de obras
160 Paraíba. Presidente.(1855: Flávio Clementino da Silva Freire) Relatorio apresentado á Assembléa Legislativa
Provincial da Parahyba do Norte pelo excellentissimo vice-presidente da mesma, o dr. Flavio Clementino da Silva
Freire, em 2 de outubro de 1855. Parahyba, Typ. de José Rodrigues da Costa, 1855. p. 12.

161 Relatório da Instrução Pública. In: Paraíba. Presidente.( 1855: Flávio Clementino da Silva Freire) Relatorio
apresentado á Assembléa Legislativa Provincial da Parahyba do Norte pelo excellentissimo vice-presidente da
mesma, o dr. Flavio Clementino da Silva Freire, em 2 de outubro de 1855. Parahyba, Typ. de José Rodrigues da
Costa, 1855. p.36.

162 PARANÁ. Presidente. (1857-1859: Francisco Liberato Matos) Relatório do estado da província do Paraná
apresentado ao Vice-presidente Luiz Francisco da Câmara Leal pelo presidente Francisco Liberato Matos por ocasião
de lhe entregar a administração da mesma província. Curitiba: Typ. de Cândido Martins Lopes, 1859. p. 12.

163 PERNAMBUCO. Presidente (1862-1864:João Silveira de Souza) Relatorio apresentado na abertura da


Assembléa Legislativa Provincial em o 1.o de março de 1863 pelo excelentissimo senhor doutor João Silveira de
Souza, presidente de Pernambuco. Pernambuco, Typ. de M.F. de Faria & Filho, 1863. p. 16-7.

164 SANTA CATARINA. Presidente. (1850-1859: João José Coutinho) Falla que o presidente da provincia de Santa
Catharina, dr. João José Coutinho, dirigio á Assembléa Legislativa Provincial no acto da abertura de sua sessão
ordinaria em o 1.o de março de 1858. Santa Catharina, Typ. Catharinense de Germano Antonio Maria, 1858. p. 4-5.
68

existentes”, justificou o presidente. “Deveis, porém continuar a proteger a única


biblioteca da província nos limites razoáveis, que até aqui tendes seguido, conservando
e preparando-se por essa forma os elementos do seu futuro desenvolvimento165.

Em 1873, o presidente Pedro Affonso Ferreira de Santa Catarina em seu relatório


informa à Assembleia que a biblioteca provincial “é na realidade muito limitada” [...]
[e]carece de incentivo a fim de poder melhor preencher o alto fim a que se destina”166.

Em 1875, o presidente considera que “é de toda a conveniência que [a Assembleia


consigne] verba mais avultada para a encadernação e compra de obras e toda a
necessidade e utilidade, como reclama o bibliotecário em seu relatório ; pois a quantia
[...] até aqui votada para expediente e encadernações, é insignificante [...] e nem pode
chegar para a encadernação das obras mais importantes”167.

SERGIPE

Em 1852, o bibliotecário da Biblioteca Pública de Sergipe reclamou “uma consignação


anual de 500$000 reis para a compra de livros e assinatura de alguns jornais europeus
dos mais acreditados”. “Proposição tão conducente ao melhoramento da instrução
pública, não pode deixar de merecer o meu assentimento. Vós, senhores, decidireis se as
circunstancias dos cofres comportarão esse ônus”, assim dirige-se o presidente à
Assembleia Provincial168.
Em 1853, o presidente informa à Assembleia que a Biblioteca Pública tem se mantido
por meio de doações. E argumenta:
“A experiência de quase dois anos, porém, há feito
reconhecer, que o meio das doações não é o mais próprio para
aumentar o numero dos livros da biblioteca, por isso que depois das
dádivas s que se fizeram, como à porfia, por ocasião de sua instituição,
apenas tiveram lugar seis donativos. Se pois anualmente não se
consignar uma certa quantia para compra de novas obras científicas e
literárias, assinaturas de revistas e periódicos propagadores de

165 SANTA CATARINA. Presidente. (1861-1862: Vicente Pires da Mota) Relatorio do presidente da provincia de
Santa Catharina, o conselheiro Vicente Pires da Mota, apresentado á Assembléa Legislativa Provincial na 1.a sessão
da 11.a legislatura. Santa Catharina, Typ. Desterrense de J.J. Lopes, 1862. p. 17

166 SANTA CATARINA. PresidenteRelatório apresentado á Assembléa Legislativa Provincial de Santa Catharina
pelo presidente, dr. Pedro Affonso Ferreira, no acto da abertura da sessão em 2 de junho de 1873. Cidade do Desterro,
Typ. de J.J. Flores, 1873. p. 7

167 SANTA CATARINA. Presidente. (1873-1875:João Thomé da Silva) Falla dirigida á Assembléa Legislativa
Provincial de Santa Catharina em 21 de março de 1875 pelo exm. sr. presidente da provincia, dr. João Thomé da
Silva. Cidade do Desterro, Typ. de J.J. Lopes, 1875. p. 67-8.

168 SERGIPE. Presidente (1851-1853: José Antonio de Oliveira Silva) Relatório apresentado á Assembléa
Legislativa Provincial de Sergipe na abertura de sua sessão ordinária no dia 8 de março de 1852 pelo exm. snr.
presidente da província, dr. José Antonio de Oliveira Silva. Sergipe, Typ. Provincial, 1852. p. 22-24.
69

conhecimentos úteis, ver-se-há com pesar ficar estacionário e definhar


entregue ao desprezo, um estabelecimento tão importante , e
sobremodo proveitoso aos que de dedicam à cultura da inteligência169.
O diretor geral de Instrução Pública de Sergpe considera que a exígua quantia autorizada
para compra de obras não é suficiente. “Retirá-la da humilissima e recôndita habitação
que lhe destinaram, e garantir-lhe por uma verha orçamentaria anual a aquisição de
novas obras—tal é o meio de restabelecer proveitosamente a Biblioteca Pública”,
reclama o diretor da Instrução Pública170.

Em algumas províncias foram criadas comissões ou criadas subscrições com a


finalidade de arrecadar recursos para a organização das bibliotecas, como se vê a seguir:

AMAZONAS

No Amazonas, em 1870, o presidente reconhecendo a grande utilidade da ideia, por


meio de comissões compostas de “cidadãos prestimosos” da capital e dos povoados,
procurou obter fundos para a compra de livros. Disse esperar “receber os auxílios que os
amigos do progresso moral da província prometem prestar”. À Assembleia foi solicitada
a “consignação da exígua quantia de 300$”171.

No relatório de 1883, do presidente José Lustosa da Cunha Paranaguá, constou que


uma comissão de “distintos cavaleiros” aceitou o encargo de angariar donativos para a
biblioteca. “A generosidade e a espontaneidade dos oferecimentos vieram demosntrar
claramente como era afagada a idéia da criação de uma biblioteca pública nesta capital”,
registrou o presidente172. Informa, ainda, que Biblioteca Pública Provincial foi instalada
à custa exclusivamente de donativos particulares173.

169 SERGIPE. Presidente. (1853: Luiz Antonio Ferreira Franco) Relatório com que foi entregue a administração da
província de Sergipe no dia 22 de novembro de 1853 ao Illm. E Exm. Snr. Doutor Ignácio Joaquim Barboza pelo seu
antecessor o Exm. Doutor Luiz Antonio Ferreira Franco. [s.l] Typ. Provincial de Sergipe, 1854. p. 17.

170 [Relatório da diretoria geral de instrução] In: SERGIPE. Presidente. (1874-1875: Antonio dos Passos Miranda)
Relatorio com que o exm. snr. dr. Antonio dos Passos Miranda abriu a Assembléa Legislativa Provincial de Sergipe
no dia 1.o de março de 1875. [Aracajú] Typ. do Jornal do Aracajú, 1875.

171 AMAZONAS. Presidente (1860-1870: João Wilkens de Mattos) Relatório lido pelo exm° sr. presidente da
província do Amazonas, tenente-coronel João Wilkens de Mattos, na sessão d'abertura da Assembléa Legislativa
Provincial á 25 de março de 1870. Manaos: Typ. do Amazonas de Antonio da Cunha Mendes, 1870. p. 42.

172 AMAZONAS. Presidente(1882-1884: José Lustosa da Cunha Paranaguá) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa Provincial do Amazonas na abertura da segunda sessão da decima sexta legislatura em 25 de março de
1883 pelo presidente, José Lustosa da Cunha Paranaguá. Manáos: Typ. do Amazonas, 1883. p. 33-34.

173 Ibid.
70

ESPÍRITO SANTO

O relatório elaborado por João Címaco d’Alvarenga Rangel e José Camillo Ferreira
datado de 6 de abril de 1859 informa:

Com a finalidade de instalar a Biblioteca Pública do Espírito Santo, o presidente


Evaristo Ladisláo e Silva, em 21 de março de 1853 nomeou uma comissão para
encarregar-se dos trabalhos. A comissão abriu uma subscrição pública para receber
doações com a finalidade de adquirir volumes174.

PARÁ

No Pará, a biblioteca, em 1871, era mantida à custa de ofertas de particulares175.

Segundo o registro do presidente Domingos José da Cunha Junior (1873) “é o


estabelecimento com que menos despende a província. Só há despesa com dois
empregados e com encadernação de livros” 176.

A pouca despesa despendida pelo governo provincial coma biblioteca continua a ser
registrada pelos presidentes posteriores. [...] “é a repartição menos pesada à província.
Composta de donativos do povo – em livros e dinheiro – muito pouco tem o governo
despedido com ela”., relata o presidente Domingos José da Cunha Junior (1873)177.

No exercício seguinte o presidente Pedro Vicente de Azevedo (1874-1875) repete a


observação do seu antecessor : “[...] é o estabelecimento que menos caro tem custado à
província. Sua despesa quase que se limita a um pessoal composto do bibliotecário, do
ajudante e do servente”. Observa, no entanto, que embora “o estabelecimento não tenha
feito progresso e a frequência de leitores seja muito diminuta, é de toda a conveniência
que a biblioteca não só seja conservada, mas que também se enriqueça com a aquisição

174 ESPÍRITO SANTO. Presidente (Pedro Leão Velloso: Relatorio do presidente da provincia do Espirito Santo, o
bacharel Pedro Leão Velloso, na abertura da Assembléa Legislativa Provincial no dia 25 de maio de 1859. Victoria,
Typ. Capitaniense de Pedro Antonio d'Azeredo, 1859.

175 PARÁ. Presidente (1871-1872: Abel Graça ) Relatorio apresentado á Assembléa Legislativa Provincial na
segunda sessão da 17.a legislatura pelo dr. Abel Graça, presidente da provincia. Pará: Typ. do Diario do Gram-Pará,
1871.

176 PARÁ. Presidente. Relatorio com que o excellentissimo senhor doutor Domingos José da Cunha Junior passou a
administração da provincia do Pará ao 3.o vice-presidente, o excellentissimo senhor doutor Guilherme Francisco
Cruz em 31 de dezembro de 1873. Pará: Typ. do Diario do Gram-Pará, 1873. p. 22

177 PARÁ. Presidente. (1873: Domingos José da Cunha Junior) Relatorio com que o excellentissimo senhor doutor,
presidente da provincia, abriu a 2.a sessão da 18.a legislatura da Assembléa Legislativa Provincial em 1.o de julho de
1873. Pará, Typ. do Diario do Gram-Pará, 1873.
71

de novas obras, podendo-se, para maior economia, fazer alguma redução no seu pessoal
atual que me parece superior às necessidades do estabelecimento”178.

PARANÁ

Para a instalação da Biblioteca Pública do Paraná foi realizada uma subscrição em todos
os municípios da província tendo sido arrecadado a quantia de 4:311$640 réis179.

8 DIFICULTOSAS AQUISIÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

Criadas as bibliotecas, se fazia necessária a aquisição de livros para não se tornarem


“simples depósito de livros velhos, sem utilidade, desenxabidos e nulos”. Este foi o
argumento utilizado pelo presidente da província do Pará, Miguel José d'Almeida
Pernambuco, na fala dirigida à Assembleia Legislativa Provincial em 2 de fevereiro de
1889, na qual solicitava a obtenção de verbas180.

Uma vez obtidos os recursos, o processo de aquisição era difícil e demorado. A maioria
das províncias não dispunha de livrarias como os casos de Goiás e da Paraíba podem
ilustrar.

Em 1850, o presidente da província de Goiás, Eduardo Olimpio Machado (1849-1850),


dirigindo à Assembleia Provincial pedido para aquisição de livros para o Liceu, assim se
manifestou: “A necessidade de livros que sejam consultados não só pelos alunos, como
mesmo pelos professores, é de primeira intuição. Sabeis quanto deve custar a aquisição
de livros nesta província, onde é tão caro transporte de qualquer gênero de comércio;
talvez não estejam habilitados para comprá-los nem os professores, nem os alunos”181.

178 PARÁ. Presidente. (1874-1875: )Relatorio apresentado a Assembléa Legislativa Provincial na primeira sessão
da 19.a legislatura pelo presidente da provincia do Pará, o excellentissimo senhor doutor Pedro Vicente de Azevedo,
em 15 de fevereiro de 1874. Pará, Typ. do Diario do Gram-Pará, 1874.

179 PARANÁ. Presidente. (1857-1859: Francisco Liberato Matos) Relatório do estado da província do Paraná
apresentado ao Vice-presidente Luiz Francisco da Câmara Leal pelo presidente Francisco Liberato Matos por ocasião
de lhe entregar a administração da mesma província. Curitiba: Typ. de Cândido Martins Lopes, 1859. p. 12.

180 PARÁ. Presidente. (1888-1889: Miguel José d'Almeida Pernambuco) Falla com que o exm.o snr. d.r Miguel
José d'Almeida Pernambuco, presidente da provincia, abrio a 2.a sessão da 26.a legislatura da Assembléa Legislativa
Provincial do Pará em 2 de fevereiro de 1889. Pará, Typ. de A.F. da Costa, 1889.

181 GOIÁS. Presidente (1849-1850: Eduardo Olimpio Machado) Relatório com que o ex-presidente da província de
Goyaz o sr. doutor Eduardo Olimpio Machado entregou a presidência da mesma ao seu successor o Exm. Sr. doutor
Antonio Joaquim da Silva Gomes. Goyaz: Typrographia Provincial, 1859. p. 21
72

Na Paraíba, o diretor da Instrução Pública local em seu relatório de 1855 insiste na


necessidade de melhorar a biblioteca do Liceu. Chama a atenção para a extrema penúria
de livros na “capital onde se não acha uma casa de negócio que os forneça” Era “preciso
para esse fim recorrer a Pernambuco, o que nem sempre pode fazer-se com
comodidade”182.

Anos antes, na mesma província da Paraíba, o relatório de 1849 apresentado à


Assembleia Provincial pelo presidente João Antonio de Vasconcellos (1848-1850),
informa sobre os livros que foram adquiridos para a mesma biblioteca. Segundo ele,
“alguns deles foram comprados no Recife, os outros só no Rio ou Bahia se poderá
encontrar, e quando não, os mandarei vir da Europa” 183.

Por este registro se podem conhecer os principais pontos de vendas de livros no Brasil
durante o século XIX aos quais recorriam as bibliotecas provinciais: Recife, Salvador e
Rio de Janeiro. As importações eram provenientes da Europa, predominantemente da
França.

Vários trechos nos relatórios provinciais comprovam aquisições nessas praças, como se
pode observar a seguir.

AQUISIÇÕES NO PAÍS

Tendo em vista a consignação da verba de quinhentos mil réis para a compra “de um
princípio de biblioteca para o Liceu, o presidente da província do Ceará Ignácio Correia
de Vasconcellos (1844-1847), informa no seu relatório de 1847, que encarregou o
diretor da instituição, que se encontrava no Rio de Janeiro como deputado geral da
província, de trazer “os livros que por ora forem mais necessários”184.

No relatório de 1859 do presidente da província de Santa Catarina João José Coutinho


consta estar em mãos dos negociantes do Rio de Janeiro Carneiro & Menezes cerca de

182 Relatório da Instrução Pública. In: PARAÍBA. Presidente.(1854-1855:Francisco Xavier Paes Barreto)
Exposição feita pelo doutor Francisco Xavier Paes Barreto na qualidade de presidente da província da Parahyba do
Norte no ato de passar a administração da província ao excelentíssimo segundo vice-presidente o doutor Flávio
Clementino da Silva Freire. Parahyba: Typographia de José Rodrigues da Costa, 1855. p. 41-2.

183 PARAÍBA. Presidente (1848-1850: João Antonio de Vasconcellos Relatorio apresentado a Assembléa
Legislativa Provincial da Parahyba do Norte pelo excellentissimo presidente da provincia, o bacharel João Antonio de
Vasconcellos, em o 1.o de agosto de 1849. Parahyba, Typ. de José Rodrigues da Costa, 1849. p. 14.

184 CEARÁ. Presidente (1844-1847: Ignácio Correia de Vasconcellos) Relatório apresentado à Asembleia
Legislativa Provincial do Ceará pelo presidente da mesma província, o coronel Ignácio Correia de Vasconcellos em o
1º de julho de 1847. Ceará, Typ. Fidelissema de F. L. de Vasconcellos, 1847. p. 13-14
73

um conto de réis para pagamento de livros encomendados pela presidência para a


Biblioteca Pública da província185.

Em 1876, o presidente da província do Rio Grande do Sul, Tristão de Alencar Araripe,


por intermédio de João José do Monte, mandou fazer a aquisição na corte [rio de
janeiro] de “obras nacionais mais notáveis que se tem publicado a respeito dos diversos
ramos do conhecimento humano” no valor de 500 reis para a Biblioteca Pública186.

Para a Biblioteca Pública da Província do Amazonas foi adquirido, em 1883, “grande


número de obras de autores nacionais e raridades” sobre o Amazonas na livraria B. L.
Garnier, no Rio de Janeiro187.

Nesta mesma livraria consta a aquisição, em 1882, de “grande número de obras


cientificas e literárias no valor de reis 1:200$000” para a Biblioteca Pública do Espírito
Santo188.

Fora do Rio de Janeiro há registros de aquisições feitas na Bahia e no Recife.

Em 1851, o bibliotecário da Biblioteca Pública de Sergipe, com a autorização conferida


pela presidência da província, mandou vir da Bahia várias obras compradas ao livreiro
João Batista Martins189.

AQUISIÇÕES NO EXTERIOR: AS IMPORTAÇÕES DA EUROPA

185 SANTA CATARINA. Presidente. (1850-1859:João José Coutinho) Relatório apresentado ao Exm. Vice-
Presidente da província de Santa Catharina o doutor Speridião Eloy de barros Pimentel pelo presidente o doutor João
José Coutinho por accasiãop de passar-lhe a administração da mesma província em 23 de setembro de 1859. Desterro:
Typographia de J. J. Lopes, 1859. p. 4

186 RIO GRANDE DO SUL. Presidente (1876-1877: Tristão de Alencar Araripe). Relatório com que o exmo. Sr.
Conselheiro Tristão de Alencar Araripe passou a administração desta provéncia ao exmo. Sr. Dr. João Dias de Castro,
2º vice-presidente no dia 5 de fevereiro de 1877. Porto Alegre: Typographia do Jornal do Commercio, 1877. p. 61.

187 AMAZONAS. Presidente(1882-1884: José Lustosa da Cunha Paranaguá) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa Provincial do Amazonas na abertura da segunda sessão da decima sexta legislatura em 25 de março de
1883 pelo presidente, José Lustosa da Cunha Paranaguá. Manáos: Typ. do Amazonas, 1883. p. 33-34.

188 ESPÍRITO SANTO. Presidente (1882: Dr. Herculano Marcos Inglês de Souza) Relatório com que o Exmo Sr.
Dr. Herculano Marcos Inglês de Souza entregou no dia 9 de dezembro de 1882 ao Exmo. Sr. Dr. Martim Francisco
Ribeiro de Andrade Junior a administração da Província do Espírito Santo. Victória: Typographia do Horisonte, 1882.
p. 9-11.

189 SERGIPE. Presidente. (1853: Luiz Antonio Ferreira Franco) Relatório com que foi entregue a administração da
província de Sergipe no dia 22 de novembro de 1853 ao Illm. E Exm. Snr. Doutor Ignácio Joaquim Barboza pelo seu
antecessor o Exm. Doutor Luiz Antonio Ferreira Franco. [s.l] Typ. Provincial de Sergipe, 1854. p. 17.
74

Devido à pequena oferta de livros no país, as importações da Europa eram uma


necessidade reconhecida para que as bibliotecas provinciais pudessem ter um acervo
atualizado e atrair a frequência de leitores.

Na Fala que recitou na abertura da Assembleia Legislativa da Bahia em 2 de fevereiro


de 1840, o presidente da província Thomaz Xavier Garcia de Almeida, solicitou o
aumento da consignação da verba para compra das “melhores obras científicas, que em
cada ano se publicam na Europa” 190. Ainda na mesma província, no relatório de 1848, o
presidente João José de Moura Magalhães (1847-1848) considera imperiosa a definição
de uma verba de 800 réis para a compra de “novas coleções de obras científicas e
literárias, que modernamente aparecem na Europa ilustrada”, principalmente no campo
das ciências naturais, medicina, e matemática. “Só assim irá acompanhando a nossa
Biblioteca o movimento progressivo dos conhecimentos, tornando-se uma instituição
verdadeiramente nacional, e utilíssima a todos aqueles que se dedicam à cultura da
inteligência”, avalia o presidente.191 Em 1861, o relatório registra que o acervo da
biblioteca foi acrescido com 514 volumes provenientes de aquisição feita na Europa192.

Em algumas províncias as primeiras aquisições para a instalação da biblioteca foram


feitas na Europa. Em Pernambuco, com autorização da lei 293, de 5 de maio de 1852,
aprovou-se o Regulamento de 19 de agosto, e fez-se encomenda de várias obras na
Europa com a finaliade de abrir a Biblioteca Pública, que passou a funcionar anexa ao
Liceu e sob a inspeção e fiscalização da Diretoria193.

Em Minas Gerais, o presidente Vicente Pires da Motta (1860-1861) com a finalidade de


reconstruir a Biblioteca Pública de Ouro Preto, realiza, em 1860, a encomenda na
Europa de 102 obras com cerca de 250 volumes194.

Considerando a resolução da Assembleia Provincial de criar uma biblioteca pública, o


presidente do Ceará Francisco Ignácio Marcondes Homem de Mello (1865-1866)

190 BAHIA. Presidente (1838-1840: Thomaz Xavier Garcia de Almeida ) Falla que recitou o presidente da provincia
da Bahia, Thomaz Xavier Garcia de Almeida, n'abertura da Assembléa Legislativa da mesma provincia em 2 de
fevereiro de 1840. Bahia, Typ. de Manoel Antonio da Silva Serva, 1839 [i.e. 1840]

191 BAHIA. Presidente (1847-1848:João José de Moura Magalhães) Falla que recitou o presidente da provincia da
Bahia, o dezembargador João José de Moura Magalhães, n'abertura da Assembléa Legislativa da mesma provincia em
25 de março de 1848. Bahia, Typ. de João Alves Portella, 1848.

192 BAHIA. Presidente. (1861: José Augusto Chaves) Falla que recitou na abertura da Assembléa Legislativa da
Bahia, o vice-presidente da provincia, dr José Augusto Chaves, no dia 1.o de setembro de 1861. Bahia, Typ. de
Antonio Olavo de França Guerra, 1861

193 PERNAMBUCO. Presidente. Relatório que à Assembléa Legislativa Provincial de Pernambuco, apresentou na
abertura da sessão ordinaria em o 1.o de março de 1853 o exm. presidente da mesma provincia, Francisco Antonio
Ribeiro. Recife, Typ. de M.F. de Faria, 1853. p. 12
75

encomendou a compra na Europa de “várias obras clássicas e outras” escolhidas pelo


diretor da instrução195.

Na província de Mato Grosso, em 1873, a comissão encarregada de instalar o Gabinete


Literário da província, doou estantes, mesa, bancos e outros móveis e fez a encomenda
de livros na Europa no valor de 500:000 reis196.

Em 1876, estando à frente da implantação da Biblioteca Pública de Porto Alegre Fausto


de Freitas e Castro, e tendo em vista a aprovação pela Assembleia Provincial de verba
para a aquisição de livros, solicitou por intermédio do barão Noel Paulo Baptista d’
Ornano, a remessa de catálogos de livrarias parisienses. Foi então elaborada uma
relação de obras sobre filosofia, história e literatura, cuja encomenda seguiu para a
França por intermédio do barão de Cahy, Francisco Ferreira Porto, que mantinha um
correspondente em Paris. Com a chegada das primeiras remessas de livros, o governo
decidiu inaugurar a biblioteca197.

No seu relatório de 1881, o presidente do Rio Grande do Sul Henrique Francisco d’


Ávila informa que, entendendo ser a baixa frequência à Biblioteca Pública da cidade
devida à falta de bons livros, mandou vir da Europa “algumas obras de necessidade
mais imediata sobre matemáticas, filosofia, etc”.. Por meio de contrato com a casa
comercial Alves Leite Sucessores, foi feita a encomenda de cerca de mil volumes. Ficou
assim “a biblioteca dotada das melhores obras conhecidas sobre os diversos ramos de

194 MINAS GERAIS. Presidente. (1860-1861: Vicente Pires da Motta) Relatorio que á Assembléa Legislativa
Provincial de Minas Geraes apresentou no acto da abertura da sessão ordinaria de 1860 o conselheiro Vicente Pires da
Motta, presidente da mesma provincia. Ouro Preto: Typ. do Bem Publico, 1860.

195 CEARÁ. Presidente (1865-1866) Relatório apresentado à Assembleia legislativa Provincial do Ceará pelo
presidente da mesma província, o exmo. Sr. Dr. Francisco Ignácio Marcondes Homem de Mello, na 1ª sessão da 22ª
legislatura em o 1º dia de julho de 1866. Fortaleza, Typ. Brasileira, 1866. P. 27.

196 MATO GROSSO. Presidente (1872-1874: José de Miranda da Silva Reis) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa Provincial de Matto-Grosso na primeira sessão da 20.a legislatura, no dia 3 de maio de 1874 pelo
presidente da provincia, o exm. sñr. general dr. José de Miranda da Silva Reis. Cuiabá: Typ. da "Situação" de Souza
Neves & C.a [s.n.t.] p. 32-3.

197 RIO GRANDE DO SUL. Presidente (1875-1876:José Antonio de Azevedo Castro). Falla dirigida á Assembléa
Legislativa da provincia de S. Pedro do Rio Grande do Sul pelo presidente, dr. José Antonio de Azevedo Castro, em a
segunda sessão de 16.a legislatura. Porto Alegre, Typ. do "Rio Grandense", 1876. p. 24
76

conhecimentos humanos”198. No ano seguinte é realizada nova aquisição em Paris no


valor de 3:505$350 réis199.

Para viabilizar as compras as administrações provinciais utilizavam como


intermediárias as representações do Brasil no exterior.

A província da Bahia utilizou em vários momentos esse mecanismo. Em 1848, o


relatório do presidente da Bahia João José de Moura Magalhães (1847-1848) registra a
chegada de uma remessa de livros de história natural proveniente da França,
encomendado ao ministro brasileiro em Paris. O presidente João Mauricio Wanderley
(1853-1854) também registra na sua Fala de 1854 as encomendas de livros na Europa
realizadas por intermédio dos ministros brasileiros em Lisboa e Paris200. Em 1856, foi
mencionada nova encomenda, por intermédio do Ministro em Paris, de obras moderna
relativas a história, jurisprudência, filosofia, geografia, medicina e higiene201. Como
resultado da encomenda feita também por intermédio do ministro brasileiro em Paris,
chegaram, em 1857, 398 obras sobre história, geografia, viagens, instrução pública,
filosofia, literatura, jurisprudência, economia política, direito administrativo, política,
teologia, medicina, farmácia, higiene, arquitetura, e caminhos de ferro como também 9
cartas geográficas202.

No Amazonas, com o auxílio de Ministério da Fazenda, foram adquiridos livros na


Europa cujo pagamento foi realizado por meio da delegacia do tesouro em Londres. A

198 RIO GRANDE DO SUL. Presidente (1880-1881: Henrique Francisco d’ Ávila). Relatório de 4 de abril de 1881.
(Publicado como anexo da Falla de 7 de mar. de 1881)

199 RIO GRANDE DO SUL. Presidente (Francisco de Carvalho Soares Brandão: 1881-1882). Relatório com que o
exm. Sr. Dr. Francisco de Carvalho Soares Brandão presidente da província entregou a administração da província do
Rio Grande do Sul a s. ex. o sr. Dr. Joaquim Pedro Soares, vice-presidente no dia 14 de janeiro de 1882. Porto Alegre:
Typ. Do Jornal do Commercio, 1882. p. 44-5.

200 BAHIA. Presidente (1853-1854: João Mauricio Wanderley) Falla recitada na abertura da Assembléa Legislativa
da Bahia pelo presidente da provincia, o doutor João Mauricio Wanderley, no 1.o de março de 1854. Bahia, Typ. de
Antonio Olavo da França Guerra e Comp., 1854.

201 BAHIA. Presidente. (1855-1856: Alvaro Tiberio de Moncorvo e Lima) Falla recitada na abertura da Assembléa
Legislativa da Bahia pelo presidente da provincia, o doutor Alvaro Tiberio de Moncorvo e Lima em 14 de maio de
1856. Bahia, Typ. de Antonio Olavo da França Guerra e Comp., 1856.

202 BAHIA. Presidente (1856-1857: João Lins Vieira Cansansão de Sinimbú) Falla recitada na abertura da
Assembléa Legislativa da Bahia pelo presidente da provincia, o dezembargador João Lins Vieira Cansansão de
Sinimbú, no 1. de setembro de 1857. Bahia, Typ. de Antonio Olavo da França Guerra, 1857.
77

encomenda foi realizada em Paris com o auxílio do representante brasileiro na França,


Manuel Antonio da Rocha Freire, visconde de Nioac203.

Outra procedimento adotado foi a aquisição realizada por intermédio de pessoas que se
encontravam em missão no exterior. Foi o caso da província do Ceará onde o presidente
João de Souza Mello e Alvim incumbiu ao engenheiro Zózimo Barrozo que estava em
Paris a compra de obras para a Biblioteca Pública da província. Em fins de 1867,
remeteu aquele engenheiro diversos caixões contendo 387 obras em 825 volumes, e
outros itens como uma coleção de cartas geográficas, dois globos e bustos de
personagens célebres204.

No Rio Grande do Sul o presidente encarrega o dr. Fausto de Freitas e Castro a elaborar
uma relação das obras mais importantes sobre filosofia, história e literatura para
aquisição dentro dos limites dos recursos aprovados pela Assembleia. A encomenda
segue para a França por intermédio do barão de Cahy, Francisco Ferreira Porto, que
mantinha um correspondente em Paris205.

Aquisições também eram realizadas por meio de firmas comerciais. Em 1870, entraram
no acervo da Biblioteca do Ceará 244 volumes vindos da Europa comprados por meio
do negociante Adolpho Hoerth206. Para a Biblioteca Pública da província do Paraná
foram encomendadas na Europa “obras em francês” por meio do negociante Philippe
Sarty207. Foram adquiridas obras em português recém-chegadas no Rio de Janeiro pela
barca Tejo, cujas providencias foram tomadas por Jesuíno Marcondes d’Oliveira e Sá

203 AMAZONAS. Presidente(1882-1884: José Lustosa da Cunha Paranaguá) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa Provincial do Amazonas na abertura da segunda sessão da decima sexta legislatura em 25 de março de
1883 pelo presidente, José Lustosa da Cunha Paranaguá. Manáos: Typ. do Amazonas, 1883. p. 33-34.

204 CEARÁ. Presidente (1867-1868: Pedro Leão Vellozo) Relatório com que o excelentissimo senhor doutor Pedro
Leão Vellozo passou a administração da província ao excelentissimo senhor 1º. Vice-presidente dr. Antonio Joaquim
Rodrigues Junior no dia 22 de abil de 1868. Fortaleza:Typographia Brasileira, 1868. p. 12.

205 RIO GRANDE DO SUL. Presidente (1875-1876:José Antonio de Azevedo Castro). Falla dirigida á Assembléa
Legislativa da provincia de S. Pedro do Rio Grande do Sul pelo presidente, dr. José Antonio de Azevedo Castro, em a
segunda sessão de 16.a legislatura. Porto Alegre, Typ. do "Rio Grandense", 1876. p. 24

206 Relatório do bibliotecário da província João Severiano Ribeiro. In: CEARÁ. Presidente (1869-1870: João
Antonio de Araujo Freitas Henriques) Falla com que o excelentissimo senhor desembargador João Antonio de Araujo
Freitas Henriques, abrio a 1.a sessão da 18.a legislatura da Assembléia Provincial do Ceará no 1.o de setembro de
1870. Fortaleza: Typ. Constitucional, 1870. p. 21-2

207 PARANÁ. Presidente. (1857-1859: Francisco Liberato Matos) Relatório do estado da província do Paraná
apresentado ao Vice-presidente Luiz Francisco da Câmara Leal pelo presidente Francisco Liberato Matos por ocasião
de lhe entregar a administração da mesma província. Curitiba: Typ. de Cândido Martins Lopes, 1859. p. 12.
78

que recebeu a quantia de 1:200$00 réis. Foi solicitada ao Ministério da Fazenda


dispensa dos impostos de importação208.

Outros registros comprovam a prática de aquisição de livros na Europa para as


bibliotecas provinciais. Em 1861, o acervo da Biblioteca Publica da Bahia foi acrescido
com 514 volumes provenientes de aquisição feita na Europa209 Na sua Fala de 1856, o
presidente João José Coutinho da província de Santa Catarina informa que “não
chegaram os livros que se mandaram vir da Europa”210. No Espírito Santo a doação de
400$000 feita em 1881 por Urbano da Cunha Faria para a compra de livros foi
empregada em encomendas pelo bibliotecário na Europa211.
Como se verifica, as importações de livros do exterior eram feitas predominantemente
na Europa, na cidade de Paris, o que corrobora a grande influência que a cultura
francesa exercia na época no país. Um único registro é encontrado que sugere a
aquisição de livros no exterior em outra região que não só a Europa. Em 1878, notando
sensíveis lacunas no acervo da Biblioteca Pública de Porto Alegre nas áreas da
engenharia e das ciências físicas e naturais, o bibliotecário julgou ser necessária verba
de valor não inferior a 3:000$000 para aquisição de obras nos referidos campos na
Europa e América212.
AQUISIÇÕES DE BIBLIOTECAS PARTICULARES
Deve também ter havido aquisições de bibliotecas particulares. Entretanto só um
registro foi encontrado. Em 1877, o acervo da Biblioteca Pública de Pernambuco foi

208 PARANÁ. Presidente. (1857-1859: Francisco Liberato Matos) Relatório do estado da província do Paraná
apresentado ao Vice-presidente Luiz Francisco da Câmara Leal pelo presidente Francisco Liberato Matos por ocasião
de lhe entregar a administração da mesma província. Curitiba: Typ. de Cândido Martins Lopes, 1859. p. 12.

209 BAHIA. Presidente. (1861: José Augusto Chaves) Falla que recitou na abertura da Assembléa Legislativa da
Bahia, o vice-presidente da provincia, dr José Augusto Chaves, no dia 1.o de setembro de 1861. Bahia, Typ. de
Antonio Olavo de França Guerra, 1861

210 Santa Catarina. Presidente. (1850-1859:João José Coutinho) Falla que o presidente da provincia de Santa
Catharina dr. João José Coutinho, dirigio á Assembléa Legislativa Provincial no acto d'abertura de sua sessão
ordinaria em o 1.o de março de 1856. Rio de Janeiro, Typ. Universal de Laemmert, 1856. p. 6.

211 ESPÍRITO SANTO. Presidente (1882: Alpheo Adelpho Monjardim de Andrade e Almeida) Relatorio
apresentado á Assembléa Legislativa da provincia do Espirito-Santo pelo 1o vice-presidente, o exm. sr. tenente
coronel, em 21 de março de 1882. Victoria, Typ. do Horizonte, 1882. p. 10-11.

212 RIO GRANDE DO SUL. Presidente (1877-1878: Francisco de Faria Lemos). Relatório com que o exm. sr.
Desembargador Francisco de Faria Lemos passou a administração desta província ao exm. Sr. Dr. João Chaves
Campello segundo vice-presidente no dia 10 de fevereiro de 1878. Porto Alegre: Typographia do Jornal do
Commercio, 1878. p. 62-62.
79

aumentado com a aquisição das coleções que pertenceram ao cidadão Caetano Pinto de
Veras213.

ASSINATURAS DE PERIÓDICOS
Não somente livros eram adquiridos. As bibliotecas provinciais também assinavam
revistas, jornais e outros periódicos tanto nacionais como europeus.

A importância desse tipo de material para é defendida do bibliotecário A. M. de Souza e


Oliveira, no relatório de 8 de julho de 1884. Assim ele se expressa:

“Em toda e qualquer biblioteca ou gabinete de leitura uma


das leituras mais amenas e convidativas, e que chama maior
concorrência, é certamente a dos jornais e revistas”, afirma o
bibliotecário. O jornal, além de ser um elemento de instrução de fácil
compreensão ao alcance de todos, de propaganda, de ordem, de
segurança, de paz, de correção dos vícios, de regeneração de
costumes, de repressão de delitos, pão da luz, quotidiano da
inteligência, primeiro alimento do espírito ao despertar da manhã,
antes que se entreguem aos labores da vida social,[...] pelas notícias e
pela variedade dos assuntos de interesse locais”. “Compreende-se que
as inteligências ardentes da sede de saber que acompanham o
movimento sociológico e as evoluções científicas que se opera,
busquem com avidez saber o que vai pelo mundo das ciências e das
descobertas engenhosas”.

Com o fim de atrair mais frequentadores o bibliotecário envia cartas a editores em todo
o pais solicitando o envio de revistas e jornais e espera enriquecer a biblioteca com o
melhor que se publica no Império214.

Em 1887, o bibliotecário Possidonio de Mello Accioly da Biblioteca Provincial de


Alagoas “expõe [...] a conveniência de ser a Biblioteca habilitada com os necessários
meios a fim de obter obras modernamente publicadas sobre os principais ramos da
ciência, e tomar assinaturas de revistas científicas que se publicam em países adiantados
da Europa”215.

213 PERNAMBUCO. Presidente. (1876-1877: Manoel Clementino Carneiro da Cunha) Falla com que o exm. sr.
doutor Manoel Clementino Carneiro da Cunha abrio a sessão da Assembléa Legislativa Provincial de Pernambuco em
2 de março de 1877. Pernambuco, Typ. de M. Figueirôa de Faria & Filhos, 1877. p. 45-6.

214 Bibliotheca Pública. In: AMAZONAS. Presidente (mar. 1884-jul.1884: Theodoreto Carlos de Faria Souto)
Exposição com que o ex-presidente da província do Amazonas Dr. Theodoreto Carlos de Faria Souto, entregou a
administração da mesma ao Tenente-Coronel Joaquim José Paes da Silva Sarmento, em 12 de julho de 1884. Manaós:
Typ. Do Amazonas, 1885. p. 17-19. (Relatório do bibliotecário A. M. de Souza e Oliveira, em 8 de julho de 1884)

215 ALAGOAS. Presidente (1886-1887: José Moreira Alves da Silva) Falla com que o exm. snr. Dr. José Moreira
Alves da Silva abriu a 2a sessão da 26a legislatura da Assembléa Provincial das Alagoas em 15 de abril de 1887.
Maceió, Typ. do Conego Antonio José da Costa, 1887. p. 9
80

Logo após a sua inauguração em 1851, o bibliotecário da Biblioteca Pública Provincial


de Sergipe solicitou uma consignação anual de 500$000 reis para a compra de livros e
assinatura de alguns “jornais europeus dos mais acreditados”216. Em 1854, o presidente
da mesma província de Ignácio Joaquim Barboza (1853-1855) solicita à Assembleia
Provincial uma quantia anual, ainda que pequena, para a compra de livros, e para a
assinatura de algumas revistas literárias da Europa e sem o que [a biblioteca] pouca
animação pode ter”217.

Em 1851, o presidente da província solicitou à Assembleia a decretação de “fundos para


a compra de livros e assinatura dos diversos jornais científicos” para a Biblioteca
Pública. Considera ser “objetos estes de que tem urgente necessidade este importante
estabelecimento [...]”218. O recebimento de jornais e revistas é confirmado na Fala da
abertura da Assembleia Legislativa em 1863, do presidente da Bahia Antonio Coelho de
Sá e Albuquerque (1862-1863). Comunica que biblioteca continuava a “receber
regularmente os jornais e revistas, de que é assinante na capital e na Europa”219. O
bibliotecário também foi autorizado a assinar jornais estrangeiros e nacionais220.

Com a finalidade de aumentar as aquisições, muitas bibliotecas solicitavam doação de


livros e outras publicações.

O presidente do Espírito Santo comunicou, em 1859, que foi solicitado às sociedades


científicas e literárias do império, ao governo imperial, aos presidentes das províncias e
às respectivas tipografias um exemplar de cada uma de suas publicações oficiais ou

216 SERGIPE. Presidente (1851-1853: José Antonio de Oliveira Silva) Relatório apresentado á Assembléa
Legislativa Provincial de Sergipe na abertura de sua sessão ordinária no dia 8 de março de 1852 pelo exm. snr.
presidente da província, dr. José Antonio de Oliveira Silva. Sergipe, Typ. Provincial, 1852. p. 22-24.

217 SERGIPE. Presidente (1853-1855: Ignácio Joaquim Barboza) [sem título] 20 mar. 1854. p. 9-10.

218 BAHIA. Presidente (1848-1850: Francisco Gonçalves Martins) Falla que recitou o presidente da provincia da
Bahia, o dezembargador conselheiro, n'abertura da Assembléa Provincial da mesma provincia no 1. de março de
1851. Bahia, Typ. Constitucional de Vicente Ribeiro Moreira, 1851.

219 BAHIA. Presidente (1862-1863: Antonio Coelho de Sá e Albuquerque) Falla que recitou na abertura da
Assembléa Legislativa da Bahia o presidente da provincia, conselheiro Antonio Coelho de Sá e Albuquerque, no dia
1.o de março de 1863. Bahia, Typ. Poggetti--De Tourinho, Dias & C.a, 1863.

220 BAHIA. Presidente (1856-1857: João Lins Vieira Cansansão de Sinimbú) Falla recitada na abertura da
Assembléa Legislativa da Bahia pelo presidente da provincia, o dezembargador João Lins Vieira Cansansão de
Sinimbú, no 1. de setembro de 1857. Bahia, Typ. de Antonio Olavo da França Guerra, 1857.
81

particulares, ou folhas mensais ou diárias para aumentar o acervo da biblioteca


pública221.

Em 1872, o presidente do Rio Grande do Sul enviou ofícios aos presidentes do Senado e
da Câmara dos Deputados, a diversas associações científicas e literárias da corte
solicitando o envio de publicações para a biblioteca. Ofício no mesmo sentido foi
dirigido aos presidentes das províncias. O presidente determinou que as publicações
oficiais recebidas das diversas províncias sejam encaminhadas à biblioteca222.

O relatório de 1853 informava que a Biblioteca Pública de Sergipe recebia com


regularidade, várias produções periódicas de diferentes províncias, por força do decreto
nº. 433, de 3 de julho de 1847, que obrigava os impressores a remeter à Biblioteca
Pública Nacional e às bibliotecas das capitais das províncias um exemplar de cada
publicação223.

Os acervos das bibliotecas também recebiam doação livros de particulares. O fato era
valorizado pelas administrações que registravam os nomes dos doadores nos relatórios.
Nas transcrições das informações relativas a cada província podem ser encontrados
esses nomes. O fato é um indício da posse de livros e do interesse pela leitura por
particulares no Brasil, embora não se conheça a listagem dos títulos.

221 ESPÍRITO SANTO. Presidente (Pedro Leão Velloso: Relatorio do presidente da provincia do Espirito Santo, o
bacharel Pedro Leão Velloso, na abertura da Assembléa Legislativa Provincial no dia 25 de maio de 1859. Victoria,
Typ. Capitaniense de Pedro Antonio d'Azeredo, 1859.

222 RIO GRANDE DO SUL. Presidente (jul./dez. 1872: José Fernandes da Costa Pereira Junior) Relatório com que
o exm. Sr. Dr. José Fernandes da Costa Pereira Junior presidente desta província passou a administração da mesma ao
exm. Sr. Dr. João Pedro Carvalho de Moraes no dia 1 de dezembro de 1872. Porto Alegre, Typ. Do Constitucional,
1873. p. 14-5.

223 SERGIPE. Presidente (Sergipe. Presidente (1851-1853: José Antonio de Oliveira Silva) Relatorio apresentado á
Assembléa Legislativa Provincial de Sergipe na abertura da 2.a sessão ordinaria no dia 10 de julho de 1853, pelo
exm. snr. presidente da provincia, dr. José Antonio de Oliveira Silva. Sergipe, Typ. Provincial, 1853. p. 11-2.
82

9 OS PROCESSOS DE ORGANIZAÇÃO BIBLIOGRÁFICA.

A organização dos livros e a elaboração de catálogos foram tarefas desenvolvidas em


todas as bibliotecas provinciais. Por meio de um depoimento do bibliotecário da
Biblioteca Pública do Amazonas pode-se avaliar as dificuldades encontradas na
realização do trabalho. No seu relatório de 8 de julho 1884, informava que a biblioteca
passou por completa reorganização dos livros que se encontravam “sem ordem e
classificação”224. Foi uma tarefa penosa: “tive de passar dias e semanas inteiras no
trabalho insano de organização e arrumação dos livros, tendo em vista a natureza e
qualidade das obras, a sua matéria e estudos, sendo obrigado a subir escadas, a expor-

224 Bibliotheca Pública. In: AMAZONAS. Presidentes (mar. 1884-jul.1884: Theodoreto Carlos de Faria Souto)
Exposição com que o ex-presidente da província do Amazonas Dr. Theodoreto Carlos de Faria Souto, entregou a
administração da mesma ao Tenente-Coronel Joaquim José Paes da Silva Sarmento, em 12 de julho de 1884. Manaós:
Typ. Do Amazonas, 1885. p. 17-19. (Relatório do bibliotecário A. M. de Souza e Oliveira, em 8 de julho de 1884)
83

me ao pó que peja as prateleiras, e os insetos e teias de aranha que nelas se


encontravam”225.

Como se pode depreender a organização bibliográfica era uma tarefa difícil, não só
devido aos meios físicos como também a falta ou desconhecimento das técnicas para
sua execução. Como modelo era utilizado os esquemas de organização contidos nos
catálogos de bibliotecas estrangeiras, como atesta o já citado bibliotecário da Biblioteca
Pública do Amazonas que informou seguir “as práticas estabelecidas e os melhores
dados colhidos dos catálogos das bibliotecas das nações cultas”226.

Por meio de registros encontrados em diversos relatórios podem ser conhecidos os


processos de organização bibliográfica adotados pelas bibliotecas provinciais. Os
processos identificados foram a elaboração de catálogos, a classificação e a ordenação
dos livros nas estantes.

A ELABORAÇÃO DOS CATÁLOGOS

Um exemplo da forma de elaboração dos catálogos é o previsto no regulamento da


Biblioteca Pública da Bahia datado de 31 de janeiro de 1851. Determinava o seu artigo
3º a organização de um catálogo “de todos os livros, organizado conforme o método
modernamente adotado”. O catálogo era composto por tiras de papel estreitas e longas
contendo a descrição das matérias ou o assunto de cada obra, e na sua extremidade o
título respectivo. As tiras deveriam ser presas de maneira a possibilitar a inserção das
unidades correspondentes a novas aquisições. O catálogo deveria ser impresso e tornado
público, editando-se atualizações anuais por meio de suplementos227.
O relatório 1859 anuncia que “acaba de ser impresso e distribuído o catálogo dos livros
da Biblioteca em um volume de 467 folhas. Este trabalho é devido ao zelo e dedicação
do [...] Diretor”.228

A importância atribuída ao catálogo pode ser depreendida no relatório do bibliotecário


interino da Biblioteca Pública do Ceará Fausto Domingues da Silva, datado de 15 de
junho de 1875. Segundo ele “o catálogo é o inventário e até a salvaguarda de uma
225 Bibliotheca Pública. In: AMAZONAS. Presidentes (mar. 1884-jul.1884: Theodoreto Carlos de Faria Souto)
Exposição com que o ex-presidente da província do Amazonas Dr. Theodoreto Carlos de Faria Souto, entregou a
administração da mesma ao Tenente-Coronel Joaquim José Paes da Silva Sarmento, em 12 de julho de 1884. Manaós:
Typ. Do Amazonas, 1885. p. 17-19. (Relatório do bibliotecário A. M. de Souza e Oliveira, em 8 de julho de 1884)

226 Ibid.

227 BAHIA. Presidente (1848-1850: Francisco Gonçalves Martins) Falla que recitou o presidente da provincia da
Bahia, o dezembargador conselheiro, n'abertura da Assembléa Provincial da mesma provincia no 1. de março de
1851. Bahia, Typ. Constitucional de Vicente Ribeiro Moreira, 1851.

228 BAHIA. Presidente (1858-1859: Francisco Xavier Paes Barreto) Falla recitada na abertura da Assembléa
Legislativa da Bahia pelo presidente da provincia, o doutor Francisco Xavier Paes Barreto em 15 de março de 1859.
Bahia, Typ. de Antonio Olavo de França Guerra, 1859.
84

biblioteca regularmente constituída”. Prossegue citando Constantin em sua


Biblioteconomia, “que um estabelecimento desta ordem, [para ser útil], é de mister que
o público possa dispor de um livro cômoda e prontamente. Para consulta-lo
comodamente, o local deve ser bem apropriado a esta fim: para achá-lo prontamente,
deve estar à mão um catálogo completo, exato e circunstanciado229. O autor citado no
caso é o livreiro e bibliógrafo francês Léopold-Auguste-Constantin Hesse que publicou
em 1839, sob o pseudônimo L.-A. Constantin, a obra intitulada Bibliothéconomie:
instructions sur l’arrangement, la conservation e l’administration des bibliothèques,
onde aparece pela primeira vez o termo biblioteconomia.

As seguintes foram as bibliotecas que tiveram catálogos elaborados, confe indicado nos
realtórios:

AMAZONAS

Em 1872, a Biblioteca Pública do Amazonas dispunha de um “catálogo circunstanciado


dos livros e manuscritos”230.

CEARÁ

O acervo da Biblioteca Pública do Ceará estava completamente classificado e


catalogado segundo informação do seu bibliotecário no relatório de 30 de março de
1869231.

PARÁ

Após nomear Júlio Cezar Ribeiro de Sousa bibliotecário público da Biblioteca Pública
do Pará, o presidente da província Francisco Bonifácio de Abreu (1872) determinou
organização do catálogo do acervo que chagava a 3 899 volumes232. Em 1873 foi

229 Relatório do bibliotecário da Biblioteca Pública. In: CEARÁ. Presidente (1875-1876: Esmerino Gomes Parente)
Anexos ao relatório com que o excelentissimo senhor dr. Esmerino Gomes Parente abriu a 2.a sessão da 22.a
legislatura da Assembléia Provincial do Ceará em 2 de julho de 1875. Fortaleza: Typ. Constitucional, 1875.

230 Anexo nº 3: Instrução Pública. In: AMAZONAS. Presidentes (1870-1872; José de Miranda Silva Reis)
Relatorio apresentado a Assembléa Legislativa Provincial do Amasonas na primeira sessão da 11.a legislatura no dia
25 de março de 1872 pelo presidente da provincia, o exm.o sr. general dr. José de Miranda da Silva Reis. Manáos,
Typ. de Gregorio José de Moraes, 1872. p. 14

231 CEARÁ. Presidente (1868-1869: Diogo Velho Cavalcanti de Albuquerque) Relatório com que passou a
administração da província o Exmo. Sr. presidente Dr. Diogo Velho Cavalcanti de Albuquerque ao 2º. Vice-presidente
o Exmo. Sr. Coronel Joaquim Cunha Freire em 24 de abril de 1969. Fortaleza:Typographia Constitucional, 1869.

232 PARÁ. Presidente. (1872: Francisco Bonifácio de Abreu) relatório apresentado pelo Exmo. Sr. Barão de Vila da
Barra em 5 de dezembro de 1872 por accasião de passar a administração da província ao 2º vice-presidente o Exmo.
Sr. Barão de Santarém. Pará: Typ. Do Diário do Gram-Pará, 1872. p. 22-3.
85

informada a conclusão do trabalho233. Novo catálogo foi elaborado em 1882 pelo


bibliotecário Pedro Gomes do Rego234. Mais adiante, em 1889, o bibliotecário João José
da Veiga Braga se ocupou em organizar mais um catálogo. O diretor da Instrução
Pública considerou, contudo, que “o catalogamento” não preenchia nem satisfazia, “a
sua necessidade, por não ser elaborado cientificamente, segundo o processo do
agrupamento variado das múltiplas expansões do entendimento humano”235.

RIO GRANDE DO SUL

No Rio Grande do Sul o presidente Américo de Moura Marcondes de Andrade (1878-


1879) autorizou o bibliotecário da Biblioteca Pública a proceder a revisão do catálogo
da biblioteca para verificar as lacunas existentes e proceder a compra de obras
importantes que deveriam ter sido adquiridas desde a criação da biblioteca236.
Reconhecendo a necessidade de um catálogo sistemático das obras da Biblioteca, o
presidente da província de Santa Catarina João Capistrano Bandeira de Mello Filho
(1875-1876) nomeou, em 1876, uma comissão para realizar o trabalho237. Na visita feita
ao estabelecimento, o presidente Augusto Fausto de Souza (1888-1889) sendo
informado que o único catálogo datava de 1873, recomendou a elaboração de um
novo238.

SERGIPE
233 PARÁ. Presidente. Relatorio com que o excellentissimo senhor doutor Domingos José da Cunha Junior passou a
administração da provincia do Pará ao 3.o vice-presidente, o excellentissimo senhor doutor Guilherme Francisco
Cruz em 31 de dezembro de 1873. Pará: Typ. do Diario do Gram-Pará, 1873. p. 22

234 PARÁ. Presidente. (1882: José da Gama Malcher ) Relatorio com que ao exm. sr. dr. José da Gama Malcher, 1.o
vice-presidente, passou a administração da provincia do Pará o exm. sr. dr. João Capistrano Bandeira de Mello Filho
em 9 de março de 1878. Pará, Typ. Guttemberg, 1878.

235 PARÁ. Presidente. (1888-1889: Miguel José d'Almeida Pernambuco) Falla com que o exm.o snr. d.r Miguel
José d'Almeida Pernambuco, presidente da provincia, abrio a 2.a sessão da 26.a legislatura da Assembléa Legislativa
Provincial do Pará em 2 de fevereiro de 1889. Pará, Typ. de A.F. da Costa, 1889.

236 RIO GRANDE DO SUL. Presidente (1878-1879: Américo de Moura Marcondes de Andrade). Relatório com
que o exm. sr. Dr. Américo de Moura Marcondes de Andrade passou a administração desta província ao exm. Sr. Dr.
Felisberto Pereira da Silva no dia 26 de janeiro de 1879. Porto Alegre: Typ. do Jornal do Commercio, 1879. p. 47.

237 SANTA CATARINA. Presidente. (1875-1876: João Capistrano Bandeira de Mello Filho).Falla com que o exm.
sr. dr. João Capistrano Bandeira de Mello Filho abrio a 1.a sessão da 21.a legislatura da Assembléa Legislativa da
provincia de Santa Catharina em 1.o de março de 1876. Cidade do Desterro, Typ. de J.J. Lopes, 1876. p. 48-50.

238 SANTA CATARINA. Presidente. (1888-1889:Augusto Fausto de Souza) Relatorio com que o exm. sr. coronel
dr. Augusto Fausto de Souza abrio a 1.a sessão da 27.a legislatura da Assembléa Provincial em 1.o de setembro de
1888. Santa Catharina, Typ. do Conservador [n.d.] p. 15-16.
86

Com relação à Biblioteca Pública Provincial de Sergipe, o relatório de 1852 informa que
“foi organizado um catálogo com os títulos distribuídos por classes, conforme o
prescrito no regulamento, ao qual foi dada a devida publicidade”239.

A falta ou inexistência de catálogo também foi mencionada como deficiência na


organização da biblioteca e como um fator que contribuía para a baixa frequência ao
estabelecimento. Por outro lado, quando o trabalho era possível, não havia recursos para
sua publicação.

CEARÁ

Na Biblioteca Pública do Ceará a inexistência de um catálogo impresso e bem


organizado que “mostre a todos seus tesouros” foi mencionado como um fator que
contribuía para a sua baixa frequência240. No inventário da biblioteca realizado em 1878,
a comissão encarregada considerou o trabalho dificultoso devido à deficiência do
catálogo existente241.

ESPIRITO SANTO

No Espírito Santo, a Biblioteca Pública encontrava-se em 1859 “pouco frequentada


devido ao desarranjo [dos] livros”. Não havia “um inventário ou catálogo regular” com
a informação do acervo242.

PARAÍBA

O diretor da Instrução Pública da Paraíba no relatório de 1859 informava que a


biblioteca do Liceu era “uma coleção de livros mudos, imóveis e silenciosos”.
Reclamava a necessidade de um bibliotecário que se encarregasse de sua ordenação,
239 SERGIPE. Presidente (1851-1853: José Antonio de Oliveira Silva) Relatório apresentado á Assembléa
Legislativa Provincial de Sergipe na abertura de sua sessão ordinária no dia 8 de março de 1852 pelo exm. snr.
presidente da província, dr. José Antonio de Oliveira Silva. Sergipe, Typ. Provincial, 1852. p. 22-24.

240 Relatório do bibliotecário da Biblioteca Pública. In: CEARÁ. Presidente (1875-1876: Esmerino Gomes Parente)
Anexos ao relatório com que o excelentissimo senhor dr. Esmerino Gomes Parente abriu a 2.a sessão da 22.a
legislatura da Assembléia Provincial do Ceará em 2 de julho de 1875. Fortaleza: Typ. Constitucional, 1875.

241 CEARÁ. Presidente (1878-1880:José Julio de Albuquerque Barros) Falla com que o ex.mo sr. dr. José Julio de
Albuquerque Barros, presidente da província do Ceará, abriu a 1.a sessão da 24.a legislatura da Assembléia
Provincial no dia 1 de novembro de 1878. Fortaleza: Typ. Brasileira, 1879. p. 34

242 ESPÍRITO SANTO. Presidente (Pedro Leão Velloso: Relatorio do presidente da provincia do Espirito Santo, o
bacharel Pedro Leão Velloso, na abertura da Assembléa Legislativa Provincial no dia 25 de maio de 1859. Victoria,
Typ. Capitaniense de Pedro Antonio d'Azeredo, 1859.
87

classificação, conservação e organização do catálogo. Assim os livros poderiam ser


“consultados por quem for excitado pelo amor do estudo ou por simples curiosidade”. A
“nomeação de uma pessoa habilitada que classifique cientificamente estas obras, forme
seu catálogo e, sob determinadas condições, franqueie sua leitura aos particulares é uma
medida que reputo urgente, e que solicito no interesse da nossa civilização”, reforça o
diretor243.

PARANÁ

No Paraná o presidente Antonio Luiz Affonso de Carvalho (1869-1870) observou a falta


de um catálogo e do registro de visitantes da Biblioteca Pública da Província. “Tudo
isso é conveniente remediar” registrou no seu relatório244.

PERNAMBUCO

Em 1872, a necessidade da confecção de um catálogo para Biblioteca Provincial de


Pernambuco foi considerada urgente, pois o existente datava de 1854245. Por ocasião da
visita feita ao estabelecimento em 1888, o presidente Joaquim José de Oliveira Andrade
(1888-1889) notou asseio e boa ordem. “Ressente-se ele da falta de um catálogo, que
facilite o conhecimento e procura das obras existentes”, observou. A sua elaboração já
se encontrava adiantada, mas não havia recursos para sua publicação246.

RIO GRANDE DO SUL

No Rio Grande do Sul a inexistência de um catálogo para uso do público dificultava o


conhecimento das obras existentes na Biblioteca Pública. Todavia não havia recursos
para sua impressão247.

SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO
243 [Relatório do Diretor da Instrução Pública] In: PARAÍBA. Presidente.(Paraíba. Presidente.(1858-1860:
Relatorio apresentado a Assembléa Legislativa da Parahyba do Norte pelo presidente da provincia, o dr. Ambrozio
Leitão da Cunha, em 2 de agosto de 1859. Parahyba, Typ. de José Rodrigues da Costa, 1859. p. 26-7.

244 PARANÁ. Presidente (1869-1870: Antonio Luiz Affonso de Carvalho) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa do Paraná na abertura da 1.a sessão da 9.a legislatura pelo presidente, o illustrissimo e excellentissimo
senhor dr. Antonio Luiz Affonso de Carvalho, no dia 15 de fevereiro de 1870. Curityba: Typ. de Candido Martins
Lopes, 1870. p. 15-6.

245 PERNAMBUCO. Presidente (1871-1872: João José de Oliveira Junqueira) Falla com que o exm. presidente da
provincia, conselheiro João José de Oliveira Junqueira, abrio a Assembléa Legislativa Provincial de Pernambuco no
dia 1.o de março de 1872. Pernambuco, Typ. de M. Figueiroa de Faria & Filhos, 1872. p. 30-1.

246 PERNAMBUCO. Presidente ( 1888-1889: Joaquim José de Oliveira Andrade) Falla que à Assembléa Legislativa
Provincial de Pernambuco no dia de sua installação a 15 de setembro de 1888, dirigio o exm. sr. presidente da
provincia, desembargador Joaquim José de Oliveira Andrade. Recife, Typ. de Manoel Figueiroa de Faria & Filhos,
1888. p. 60.
88

A Biblioteca Pública da Bahia informou utilizar em diferentes momentos dois sistemas


classificação dos livros: o sistema de Garnier, em 1851, e o de Ampère, em 1866. Assim
consta registrado:

O bibliotecário Antônio Joaquim Alvares do Amaral no relatório de 31 de janeiro de


1851 informa que utilizava a ordem sistemática de Garnier para a formação dos
catálogos. Havia cinco classes: teologia, jurisprudência, ciências e artes, belas-letras, e
história. Esse sistema “é mais grandemente adotado nas bibliotecas da França, e na do
Rio de Janeiro”, informou. A arrumação e arranjo dos livros nas estantes seguiam as
citadas classes248. O regulamento aprovado para a biblioteca na mesma data, no seu
artigo 2º adotou a citada classificação249.

Em 1866, a biblioteca passou a adotar o sistema de classificação de Ampère,


considerado “o melhor apropriado a facilitar a procura dos livros”250.

O chamado sistema de classificação de Ampère foi baseado no sistema de classificação


das ciências criado pelo físico e matemático francês A. M. Ampère (1775-1836) na obra
de sua autoria Essai sur la philosophie des sciences, or exposition analytique d'une
classification naturelle de toutes les connaissances humaines, publicada em 1834.

O sistema de Garnier Trata-se do esquema criado pelo padre Jean Garnier, ou, Joannes
Garnerius, na obra Systema Bibliothecae Collegii Pariesiensis Societatis Jesu. Foi
utilizado originalmente pela biblioteca do College Clermont, dos jesuítas em Paris.

Outras bibliotecas utilizaram esquemas de classificação seguramente copiados dos


catálogos de bibliotecas estrangeiras, como no caso citado da Biblioteca Pública do
Amazonas. Segue o exemplo da Biblioteca Provincial de Sergipe:

247 RIO GRANDE DO SUL. Presidente (Joaquim Galdino Pimental:1888-1889) Falla que o exm. sr. dr. Joaquim
Galdino Pimental, presidente da provincia, dirigio á Assembléa Legislativa da provincia de S. Pedro do Rio Grande
do Sul, por occasião de ser installada a 1a sessão da 23a legislatura, em 1o de março de 1889. Porto Alegre, Officinas
Typographicas do Conservador, 1889. p. 15.

248 [Relatório do bibliotecário] In: BAHIA. Presidente (1848-1850: Francisco Gonçalves Martins) Falla que recitou
o presidente da provincia da Bahia, o dezembargador conselheiro, n'abertura da Assembléa Provincial da mesma
provincia no 1. de março de 1851. Bahia, Typ. Constitucional de Vicente Ribeiro Moreira, 1851.

249 Biblioteca Pública. Regulamento de 31 de janeiro de 1851. In: BAHIA. Presidente (1848-1850: Francisco
Gonçalves Martins) Falla que recitou o presidente da provincia da Bahia, o dezembargador conselheiro, n'abertura da
Assembléa Provincial da mesma provincia no 1. de março de 1851. Bahia, Typ. Constitucional de Vicente Ribeiro
Moreira, 1851.

250 BAHIA. Presidente (1865-1866: Manuel Pinto de Souza Dantas )Relatório apresentado á Assembléa Legislativa
Provincial da Bahia pelo excellentissimo presidente da provincia, o commendador Manuel Pinto de Souza Dantas no
dia 1.o de março de 1866. Bahia, Typ. de Tourinho & C.a, 1866.
89

Em 1852, a biblioteca possuía um catálogo com os títulos distribuídos por classes,


conforme o prescrito no regulamento, ao qual foi dada a devida publicidade251. De
acordo com a informação do bibliotecário pe. José Gonçalves Barroso no relatório de 30 de
Janeiro de 1854, as diferentes classes estavam convenientemente identificadas por letras
numéricas alfabéticas designando as primeiras as estantes, e as segundas a classe a que
pertence cada uma obra252. Na Fala de 1866 consta que o acervo da biblioteca estava
dividido em nove classes a saber: linguística, ciências morais e teológicas, filosofia,
jurisprudência, ciências naturais, médicas, físicas e psico- matemáticas, ciências
econômicas, história, belas artes e ciências políticas e literatura253.

10 O DESAFIO DA CONSERVAÇÃO NOS TRÓPICOS.

Um dos grandes desafios enfrentados pelas bibliotecas provinciais foi a conservação dos
livros em ambientes cujas condições eram desconhecidas.

Três inimigos deveriam ser combatidos: a umidade, o pó e os insetos. Muitos acervos


foram destruídos por falta de cuidados. Na ausência de maiores conhecimentos das

251 SERGIPE. Presidente (1851-1853: José Antonio de Oliveira Silva) Relatório apresentado á Assembléa
Legislativa Provincial de Sergipe na abertura de sua sessão ordinária no dia 8 de março de 1852 pelo exm. snr.
presidente da província, dr. José Antonio de Oliveira Silva. Sergipe, Typ. Provincial, 1852. p. 22-24.

252 [Apenso nº. 2: relatório do bibliotecário.] In: SERGIPE. Presidente (1853-1855: Ignácio Joaquim Barboza) [sem
título] 20 mar. 1854.

253 SERGIPE. Presidente. (1865-1866) Falla com que foi aberta, no dia 20 de janeiro de 1866, a primeira sessão da
decima quinta legislatura da Assembléa Legislativa d'esta provincia, pelo terceiro vice-presidente, commendador dr.
Angelo Francisco Ramos. Sergipe, Typ. Provincial, 1866. p. 17-8.
90

técnicas de conservação, a encadernação era frequentemente indicada como o meio de


livrar as coleções da destruição. Vários depoimentos indicam o estado da conservação
das bibliotecas em diferentes momentos. Livros adquiridos a muito custo eram
destruídos pelo cupim a umidade.

ALAGOAS

Em Alagoas, segundo o relatório de 1867, algumas obras da Biblioteca Pública


achavam-se truncadas ou estragadas pela traça e pelo cupim necessitando
recuperação254.
Em seu relatório de 1884, o bibliotecário, Possidônio de Mello Accioly, indica como
necessidades mais urgentes da Biblioteca: nova encadernação de grande número de
livros; aquisição de certas obras e de algumas estantes para melhor acomodação dos
volumes; a substituição das vidraças das estantes por arames, conseguindo-se deste
modo a penetração constante do ar para conservação dos livros255.

AMAZONAS

Da antiga biblioteca do Liceu provincial do Amazonas aproveitaram-se vários volumes


de boas obras, mas quase todos estragados256. Em relatório de 8 de julho de 1884, o
bibliotecário alertava para a necessidade urgente de encadernação das obras. Segundo
ele, “além de ser de agradável aspecto a uma biblioteca ter as suas prateleiras cheias de
livros encadernados, é de utilidade e de boa economia a encadernação deles, para que
não se estraguem. Evitaria, dessa forma, a destruição “pelos insetos que abundam [na]
província, e pela umidade inerente a natureza do seu solo”. Segundo também foi
relatado, durante limpeza realizada no edifício foram removidos caixões nos quais se
encontravam livros em estado de podridão257.

BAHIA

254 ALAGOAS. Presidente (jun.1866-abr.1867: José Martins Pereira de Alencastre) [Relatório ... 10 jun.1867]
[s.n.t.]

255 ALAGOAS. Presidente (1883-1884: Henrique de Magalhães Sales)Falla com que o exm snr. presidente, dr.
Henrique de Magalhães Sales, abriu a 1.a sessão da 25.a legislatura da Assembléa Legislativa Provincial das Alagoas
em 17 de abril de 1884. Maceió, Typ. do Diario da Manhan, 1884. p. 13.

256 AMAZONAS. Presidente(1882-1884: José Lustosa da Cunha Paranaguá) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa Provincial do Amazonas na abertura da segunda sessão da decima sexta legislatura em 25 de março de
1883 pelo presidente, José Lustosa da Cunha Paranaguá. Manáos: Typ. do Amazonas, 1883. p. 33-34.

257 Bibliotheca Pública. In: AMAZONAS. Presidentes (mar. 1884-jul.1884: Theodoreto Carlos de Faria Souto)
Exposição com que o ex-presidente da província do Amazonas Dr. Theodoreto Carlos de Faria Souto, entregou a
administração da mesma ao Tenente-Coronel Joaquim José Paes da Silva Sarmento, em 12 de julho de 1884. Manaós:
Typ. Do Amazonas, 1885. p. 17-19. (Relatório do bibliotecário A. M. de Souza e Oliveira, em 8 de julho de 1884)
91

O presidente do Conselho de Instrução Pública da Bahia, após examinar o estado da


Biblioteca Pública, em 1846, achou-a em estado deplorável. Apontou como fatos dessa
situação o edifício impróprio e em ruína, estragos no telhado em muitos lugares que
propiciavam com a entrada da chuva, o deterioro dos livros, estantes e demais
mobiliário. Apresentou a recomendação de uma grande reforma em todos os sentidos.
De imediato, foi autorizou o concerto do telhado. Os outros melhoramentos ficaram na
dependência da deliberação da Assembleia258.

Em 1882, a biblioteca sofreu prejuízos causados pelas chuvas com a perda de alguns
livros. “Não cessa o bibliotecário de reclamar a mudança da Biblioteca para outro
edifício mais apropriado, e que tenha as necessárias acomodações”259.

ESPÍRITO SANTO

No Espírito Santo, o estado da biblioteca em 1859 não era bom, segundo o relato do
presidente Pedro Leão Velloso:“ não passa de [...]novecentos volumes inclusive as ditas
brochuras atiradas a esmo sobre uma mesa e pelo chão, entregues a voracidade das
traças, e ao estrago da poeira”. Por falta de um encarregado, costuma estar quase sempre
fechada, e os livros entregues às traças à poeira260. A lamentável situação da biblioteca
volta a ser registrada no relatório de 1872: outrora alguma coisa houve a que se deu este
nome; hoje apenas existem alguns livros de todo inutilizados e estragados pelas traças”,
constata o presidente261.

MINAS GERAIS

Em Minas Gerais, em 1851, os livros da biblioteca da capital “se achavam amontoados,


estragando-se consideravelmente com a humidade, ao ponto de acharem-se alguns já

258 BAHIA. Presidente. (1847-1846: Francisco José de Sousa Soares d'Andrea ) Falla dirigida a Assembléa
Legislativa Provincial da Bahia, na abertura da sessão ordinaria do anno de 1846, pelo presidente da provincia,
Francisco José de Sousa Soares d'Andrea. Bahia, Typ. de Galdino José Rizerra e Companhia, 1846.

259 BAHIA. Presidente. (1881-1882: João Lustosa da Cunha Paranaguá) Falla com que no dia 3 de abril de 1881
abriu a 2.a sessão da 23.a legislatura da Assembléa Legislativa Provincial da Bahia o illm. e exm. sr. conselheiro João
Lustosa da Cunha Paranaguá, presidente da provincia. Bahia, Typ. do "Diario da Bahia," 1881.

260 ESPÍRITO SANTO. Presidente (Pedro Leão Velloso: Relatorio do presidente da provincia do Espirito Santo, o
bacharel Pedro Leão Velloso, na abertura da Assembléa Legislativa Provincial no dia 25 de maio de 1859. Victoria,
Typ. Capitaniense de Pedro Antonio d'Azeredo, 1859.

261 ESPÍRITO SANTO. Presidente (1871-1872: Relatorio lido no paço d'Assembléa Legislativa da provincia do
Espirito-Santo pelo prezidente, o exm. senr. doutor Francisco Ferreira Correa na sessão ordinaria no anno de 1871.
Victoria, Typ. do Correio da Victoria, 1872.
92

dilacerados”, O fato levou o levou o presidente a determinar a transferência do acervo


para uma das salas da Secretaria do Governo262.

PARÁ

Em 1878, foram queimados 56 volumes pertencentes à Biblioteca Pública do Pará que


se encontravam deteriorados pelo cupim.263 O bibliotecário reclamava pela necessidade
de mudar a biblioteca para outro local, pois o atual está completamente invadido pelos
cupins264. A localização da foi apontada, em 1882, como inadequada para a conservação
dos livros. O local junto a um terreno arborizado “não só contribui para torná-la muito
úmida, como fornece, sem dúvida, a maior parte dos pequenos insetos que concorrem
para a destruição dos livros”, registra o relatório265. Em 1889, os livros da biblioteca
estavam em péssimo estado, destruídos pelo cupim. Os meios empregados para evitar o
mal vinham sendo improfícuos. A umidade do local foi considerada o principal fator dos
“incalculáveis estragos”266.

PARAÍBA

Na Paraíba, segundo o relatório do diretor da Instrução Pública, a situação da


conservação dos livros da biblioteca do Liceu deixava a desejar:

“aglomerados todos [os] volumes em uma só estante, acham-


se em contato obras em perfeito estado de conservação com outras
carcomidas de traça, do que deve resultar que, a se não providenciar

262 MINAS GERAIS. Presidente. (1850-1852: José Ricardo de Sá Rego) Relatorio que á Assembléa Provincial da
provincia de Minas Geraes, apresentou na sessão ordinaria de 1851 o doutor José Ricardo de Sá Rego, presidente da
mesma provincia. Ouro-Preto: Typ. Social, 1851. p. 37-8.

263 PARÁ. Presidente. (1882: José da Gama Malcher ) Relatorio com que ao exm. sr. dr. José da Gama Malcher, 1.o
vice-presidente, passou a administração da provincia do Pará o exm. sr. dr. João Capistrano Bandeira de Mello Filho
em 9 de março de 1878. Pará, Typ. Guttemberg, 1878.

264 PARÁ. Presidente (1879-1881: José Coelho da Gama e Abreu) Relatorio apresentado á Assembléa Legislativa
Provincial na 2.a sessão da 22.a legislatura em 15 de fevereiro de 1881 pelo exm. sr. dr. José Coelho da Gama e
Abreu. Pará, Typ. do Diario de Noticias de Costa & Campbell, 1881.

265 PARÁ. Presiente. (1881-1882: Manuel Pinto de Souza Dantas Filho) Relatorio com que o exm. sr. presidente,
dr. Manuel Pinto de Souza Dantas Filho, passou a administração da provincia ao exm. sr. 1.o vice-presidente, dr. José
da Gama Malcher. Pará, Typ. do "Liberal do Pará," 1882.

266 PARÁ. Presidente. (1888-1889: Miguel José d'Almeida Pernambuco) Falla com que o exm.o snr. d.r Miguel
José d'Almeida Pernambuco, presidente da provincia, abrio a 2.a sessão da 26.a legislatura da Assembléa Legislativa
Provincial do Pará em 2 de fevereiro de 1889. Pará, Typ. de A.F. da Costa, 1889.
93

oportunamente como convém, todos estes volumes se converterão em


pouco tempo em um montão de pó267.

SANTA CATARINA

Em Santa Catarina foi apontada como urgente a necessidade a encadernação de obras


importantes para evitar o deterioro que pode ser causado por ataque de insetos268.

SERGIPE

O bibliotecário da Biblioteca Púbica de Sergipe solicitou, em 1853, a realização de


melhoramentos como forrar-se o salão, “afim de que alguns animais daninhos que ali
afluem depois de fechado o estabelecimento, não continuem a conspurcar e danificar os
livros e móveis” e a aquisição de cadeiras “que tenham a necessária solidez” para os
leitores269.

Na mesma província, o relatório da comissão datado de 8 de setembro de 1864 para


examinar o estado da biblioteca constatou que “a falta de asseio e de uso”, tem tornado
os livros pasto de miríades de vermes. Deveria se cuidar para evitar a poeira e a traça,
caso contrário “daqui a três ou quatro anos não haverá mais um livro que se possa ler”,
alertava comissão270. Segundo consta no relatório de 1867, o processo de deterioro da
biblioteca levou o presidente a apresentar à Assembleia Provincial a decisão quanto a
restauração ou a venda dos livros em hasta pública271. Em 1869, os livros continuavam
em “completo esquecimento”, segundo o relatório do presidente. Segundo ele, “o

267 [Relatório do Diretor da Instrução Pública] In: Paraíba. Presidente.(Paraíba. Presidente.(1858-1860: Relatorio
apresentado a Assembléa Legislativa da Parahyba do Norte pelo presidente da provincia, o dr. Ambrozio Leitão da
Cunha, em 2 de agosto de 1859. Parahyba, Typ. de José Rodrigues da Costa, 1859. p. 26-7.

268 SANTA CATARINA. Presidente. (1864-1865: Alexandre Rodrigues da Silva Chaves. Relatorio do presidente da
provincia de Santa Catharina, o doutor Alexandre Rodrigues da Silva Chaves, apresentado á Assembléa Legislativa
Provincial na 2.a sessão da 12.a legislatura em o 1.o de março de 1865. Santa Catharina, Typ. Catharinense de Avila
& Rodrigues, 1865. p. 11.

269 SERGIPE. Presidente. (1851-1853: José Antonio de Oliveira Silva) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa Provincial de Sergipe na abertura da 2.a sessão ordinaria no dia 10 de julho de 1853, pelo exm. snr.
presidente da provincia, dr. José Antonio de Oliveira Silva. Sergipe, Typ. Provincial, 1853. p. 11-2.

270 SERGIPE. Presidente. (1865-1866) Falla com que foi aberta, no dia 20 de janeiro de 1866, a primeira sessão da
decima quinta legislatura da Assembléa Legislativa d'esta provincia, pelo terceiro vice-presidente, commendador dr.
Angelo Francisco Ramos. Sergipe, Typ. Provincial, 1866. p. 17-8.

271 SERGIPE. Presidente. (1866-1867: José Pereira de Moraes) Relatorio com que foi aberta no dia 21 de janeiro de
1867 a segunda sessão da decima sexta legislatura da Assembléa Provincial da provincia de Sergipe pelo exm. snr.
presidente, dr. José Pereira da Silva Moraes. Aracajú, Typ. do Jornal de Sergipe, 1867. p. 23
94

estrago do tempo, que se não tem procurado remediar, e o abandono feito aos vermes
destruidores, vão dia a dia reduzindo e em breve, caso não se tome alguma providência,
se extinguirá o precioso legado que robustas inteligências deste e de passados séculos
deixarão a posteridade”. E lamenta: “daqui a alguns anos terão desaparecido de todo
mais de um milhar de livros que constituíram a Biblioteca Publica desta Província”272.

11 OS POUCOS FREQUENTADORES

Dados sobre a frequência às bibliotecas são apresentados em todos os relatórios. No


entanto, a periodicidade irregular e a forma em que foram apresentados não permite a
construção de séries de modo para extrair informações para avaliar a frequência.

Deixando de lado os dados, os comentários sobre a frequência registrados nos relatórios


podem ajudar a entender como a mesma a mesma ocorria.

272 SERGIPE. Presidente (nov. 1868-jun. 1869: Evaristo Ferreira da Veiga) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa Provincial de Sergipe no dia 1.o de março de 1869 pelo exm. snr. presidente, dr. Evaristo Ferreira da
Veiga. Aracajú, Typ. do Jornal de Sergipe, 1869. p. 29.
95

De um modo geral, a frequência às bibliotecas era baixa. Várias causas da ocorrência


foram apontadas como a má localização do edifício, horários de funcionamento
inadequados, acervos desatualizados que não despertavam interesse, e falta do hábito de
leitura. Estas situações podem ser conhecidas a seguir.

ALAGOAS

Em 1876, a Biblioteca Provincial de Alagoas apresentou baixa frequência. A sua


localização da no 2º. andar do Palacete da Asscmbléia Provincial foi considerada uma
das causas273. Em 1878, o presidente considerando que além de ser o “lugar
inconveniente e de fatigante acesso” a abertura somente durante o dia também
contruibuia para a baixa frequencia, decide a abertura da biblioteca também à noite.
Considera que ser este um costume em estabelecimentos semelhantes na corte e em
todas as demais províncias. Segundo seu entender seria frequentada por aqueles que não
poderiam durante o dia. Determinou também a mudança para outro prédio mais
apropriado e melhor localizado. Assim esperava a biblioteca ter mais utilidade274.

Durante visita realizada à biblioteca, o presidente Francisco de Carvalho Soares


Brandão (1878) verificou a falta de condições para melhor atendimento à população
tendo em vista o horário de funcionamento e a localização no 2º andar do palacete
provincial. Considerou inadequado abrir somente durante o dia, “e em horas em que a
maior parte da população não podia deixar suas ocupações” e o local ser inconveniente
e de fatigante acesso. Visando dar melhores “condições de prestar mais utilidade ao
público” o presidente decidiu determinar a abertura da biblioteca à noite considerando
ser “costume em estabelecimentos semelhantes na corte e em todas as demais
províncias, a fim de aproveitar aos que por qualquer motivo estão impossibilitados de
frequentá-lo durante o dia”. Quanto à localização, mudou a biblioteca para um outro
prédio alugado localizado à rua da Imperatriz275.

273 ALAGOAS. Presidente (1876: Caetano Estelita Cavalcanti Pessoa) Relatório com que ao Exmo. Snr. Dr. Pedro
Antonio da Costa Moreira, 1º. vice-presidente passou a administração da província das Alagoas o Exmo.
dezembargador Caetano Estelita Cavalcanti Pessoa no dia 26 de dezembro de 1876. Maceió: Typographia do Jornal
das Alagoas, 1877. p. 25.

274 ALAGOAS. Presidente ( Relatório com que ao Exmo. Snr. Dr. José Torquato de Araújo Barros, 2º vice-
presidente passou a administração da província das Alagoas o Exmo. Sr. Dr. Francisco de Carvalho Soares Brandão
presidente da mesma província a fim de tomar assento na Câmera dos Deputados. Maceió: Typ. Do Liberal, 1879. p.
17-8.

275 ALAGOAS. Presidente (1878: Francisco de Carvalho Soares Brandão) Relatório com que ao Exmo. Snr. Dr.
José Torquato de Araújo Barros, 2º vice-presidente passou a administração da província das Alagoas o Exmo. Sr. Dr.
Francisco de Carvalho Soares Brandão presidente da mesma província a fim de tomar assento na Câmera dos
Deputados. Maceió: Typ. Do Liberal, 1879. p. 17-8.
96

Em seu relatório de 1884, o bibliotecário, entre outros problemas apresentados pela


biblioteca, indica que a iluminação a querosene, imprópria para estudo, tem contribuído
para a pequena frequência no período noturno276. Em 1886, tendo em vista a informação
prestada pelo bibliotecário de que a frequência noturna não excedeu de 30 pessoas no
exercício passado, o presidente decide abolir a abertura nesse período. Foi determinado
que a biblioteca passasse a ser franqueada ao público das 9 horas da manhã às 3 da
tarde277.

AMAZONAS

No Amazonas, o bibliotecário entende que uma forma de atrair frequentadores à


biblioteca era a leitura de revistas e jornais. Com o fim de obter estas publicações envia
cartas a editores em todo o pais solicitando doações. Assim espera enriquecer a
biblioteca com o melhor que se publica no Império278.

BAHIA

Durante os anos de 1853 e 1854 verificou-se baixa frequência à Biblioteca Pública da


Bahia. O fato foi atribuído ao acervo desatualizado que não atraía leitores na província
onde “o gosto pela leitura [é] geralmente espalhado”. Os poucos frequentadores “apenas
consultaram, ou fizeram uma rápida e pouco substancial leitura dos livros que pediram”.
Assim “nenhuma utilidade [...] prestou a biblioteca”279.

Em 1855, houve aumento do número dos leitores tendo em vista a aquisição de obras
sobre agricultura, comércio, indústria, arquitetura, pontes e calçadas, economia política
etc.280.

276 ALAGOAS. Presidente (1883-1884: Henrique de Magalhães Sales)Falla com que o exm snr. presidente, dr.
Henrique de Magalhães Sales, abriu a 1.a sessão da 25.a legislatura da Assembléa Legislativa Provincial das Alagoas
em 17 de abril de 1884. Maceió, Typ. do Diario da Manhan, 1884. p. 13.

277 ALAGOAS. Presidente (1885-1886: Amphilophio Botelho Freire de Carvalho) Relatório com que o Exmo. Sr.
Dr. Amphilophio Botelho Freire de Carvalho passou a administração da província ao Exmo. Sr. Presidente Dr.
Geminiano Brasil de Oliveira Goes em 26 de março de 1886. Maceió: Typographia do Cônego Antonio José da
Costa, 1886. p. 90-1.

278 Bibliotheca Pública. In: AMAZONAS. Presidentes (mar. 1884-jul.1884: Theodoreto Carlos de Faria Souto)
Exposição com que o ex-presidente da província do Amazonas Dr. Theodoreto Carlos de Faria Souto, entregou a
administração da mesma ao Tenente-Coronel Joaquim José Paes da Silva Sarmento, em 12 de julho de 1884. Manaós:
Typ. Do Amazonas, 1885. p. 17-19. (Relatório do bibliotecário A. M. de Souza e Oliveira, em 8 de julho de 1884)

279 BAHIA. Presidente (1852-1853: João Mauricio Wanderley) Falla que recitou o exm.o presidente da provincia
da Bahia, dr., n'abertura da Assembléa Legislativa da mesma provincia no 1.o de março de 1853. Bahia, Typ. Const.
de Vicente Ribeiro Moreira, 1853.
97

De acordo com o novo regulamento, a biblioteca passou a funcionar desde as oito horas
da manhã até o meio dia, e das cinco horas da tarde ate ás nove da noite. Com a medida
pretendia-se atender as pessoa que não podiam frequentar durante o dia 281.

A frequência da biblioteca à noite, no entanto, mostrou-se insignificante. O fato levou


sucessivas administrações a considerar o fechamento durante o período noturno.
Haveria economia na despesa com as luzes, e poupar-se-ia o cansaço aos empregados,
avalia o presidente em 1859282. A economia da despesa com a iluminação noturna
poderia ser investida na compra de obras modernas, é proposto em 1861283. O próprio
bibliotecário sugeriu a abertura da biblioteca mais cedo na parte da manhã e fechamento
às três horas da tarde 284.

A partir de 1868 é registrado aumento de número de leitores. O resultado foi atribuído


às aquisições de novas obras, que eram muito procuradas; e “é de crer que, à proporção
que [ a biblioteca] for enriquecendo com boas obras, o numero de leitores irá
aumentando”, confia o presidente.285 Novos aumentos registrados em 1869 e 1874 são

280 BAHIA. (1854-1855: João Mauricio Wanderley ) Presidente Falla recitada na abertura da Assembléa Legislativa
da Bahia pelo presidente da provincia, o doutor João Mauricio Wanderley, no 1.o de março de 1855. Bahia, Typ. de
A. Olavo da França Guerra e Comp., 1855.

281 BAHIA. Presidente (1856-1857: João Lins Vieira Cansansão de Sinimbú) Falla recitada na abertura da
Assembléa Legislativa da Bahia pelo presidente da provincia, o dezembargador João Lins Vieira Cansansão de
Sinimbú, no 1. de setembro de 1857. Bahia, Typ. de Antonio Olavo da França Guerra, 1857.

282 BAHIA. Presidente(1858-1859: Francisco Xavier Paes Barreto) Falla recitada na abertura da Assembléa
Legislativa da Bahia pelo presidente da provincia, o doutor Francisco Xavier Paes Barreto em 15 de março de 1859.
Bahia, Typ. de Antonio Olavo de França Guerra, 1859.

283 BAHIA. Presidente. (1861: José Augusto Chaves) Falla que recitou na abertura da Assembléa Legislativa da
Bahia, o vice-presidente da provincia, dr José Augusto Chaves, no dia 1.o de setembro de 1861. Bahia, Typ. de
Antonio Olavo de França Guerra, 1861

284 BAHIA. Presidente. (1859-1860: Herculano Ferreira Penna) Falla recitada na abertura da Assembléa
Legislativa da Bahia pelo presidente da provincia, o conselheiro e senador do imperio Herculano Ferreira Penna, em
10 de abril de 1860. Bahia, Typ. de Antonio Olavo da França Guerra, 1860.

285 BAHIA. Presidente(1867-1868:José Nascentes de Azambuja )Relatório com que abriu a Assembléa Legislativa
Provincial da Bahia o excellentissimo senhor doutor José Nascentes de Azambuja, no dia 1.o de março de 1868.
Bahia, Typ. de Tourinho & Comp., 1868.
98

atribuídos às mesmas razões. Mesmo assim “está muito longe de atingir ao grau
conveniente reclamado pela nossa civilização”, segundo o presidente286.

Em 1888, registrou-se diminuição sensível de leitores. Atribuiu-se este fato às


dificuldades de acesso à sala de leitura devido a colocação de uma nova escada.
Acresce o fato de ter estado o edifício da biblioteca fechado por alguns meses, em
consequência das obras da Companhia da Linha Circular e a vizinhança da estação
daquela Companhia, e o Plano Inclinado, área muito barulhenta. Por tais circunstâncias
considerou-se a possibilidade da remoção da biblioteca para um local mais adequado287.

CEARÁ

A localização da Biblioteca Pública do Ceará foi considerada descentralizada do centro


urbano por diversas administrações. Em decorrência, a frequência era baixa e causa de
descrédito por parte da população. Vários administradores consideraram a necessidade
de remover a biblioteca para um local mais centralizado como medida para atrair
leitores.

Observou o presidente João Antonio de Araújo Freitas Henriques (1869-1870):“Este


estabelecimento, que, aliás, pode ser de grande utilidade pública, parece não
corresponder ao fim de sua criação, não só em razão do lugar onde se acha colocado,
como também pela quase nenhuma concorrência de visitante”288.

Como relação à frequência, o bibliotecário João Severiano Ribeiro informa, em 1870,


que a biblioteca embora possuindo “quantidade de obras importantes” e “funcionar em
uma casa cômoda, e convenientemente servida” [...] “sofre grandemente por sua má
condição de localidade”, “tornando-se, portanto pouco próprio, senão enfadonho para a
frequência pública”. Considera que a sua “transferência para uma parte mais central da
cidade seria um grande passo de utilidade e melhoramento”289.

286 BAHIA. Presidente (1873-1874: Antonio Candido da Cruz Machado) Falla com que o exm. sr. commendador
Antonio Candido da Cruz Machado abriu a 1.a sessão da vigesima legislatura da Assembléa Legislativa Provincial da
Bahia no dia 1.o de março de 1874. Bahia, Typ. do Correio da Bahia, 1874.

287 BAHIA. Presidente. (1888-1889: Manoel do Nascimento Machado Portella]Falla com que o illm. e exm. sr.
conselheiro dr. Manoel do Nascimento Machado Poetella [sic], presidente da provincia, abriu a 1.a sessão da 27.a
legislatura da Assembléa Legislativa Provincial no dia 3 de abril de 1888. Bahia, Typ. da Gazeta da Bahia, 1888.

288 CEARÁ. Presidente Relatorio apresentado á Assembléia Legislativa Provincial do Ceará pelo presidente da
mesma província, o exm. sr. desembargador João Antonio de Araujo Freitas Henriques, no dia 1.o de setembro de
1869. Fortaleza: Typ. Constitucional, 1869. p. 23-4
99

O presidente Joaquim da Cunha Freire (1871) considerou que “pouco tem sido a
concorrência dos visitantes [à Biblioteca], devido ao local em que se acha o edifício”.
Informou que seu antecessor prometeu mudar a Biblioteca para a casa em que funciona
a cadeira do 2º. grau, sita na Praça Municipal, e neste sentido encarregou ao engenheiro
de tomar as medidas necessárias. “Esse trabalho, porém, ainda não foi executado devido
aos grandes afazeres que pesam sobre o engenheiro”, informou290.

O Relatório do bibliotecário interino de 3 do junho do 1871, aponta: “Pouco tem sido a


concorrência de visitantes, creio que assim acontece em consequência da colocação do
edifício, onde funciona a biblioteca, mudando-a para o centro da cidade acredito que
seria de vantagem para o público”.

O bibliotecário, no entanto, no seu relatório de 18 de setembro de 1872 considerou que


a principal razão da baixa frequência deveria ser atribuída à falta do hábito de leitura da
população. Segundo ele, “a razão [...] que me parece unicamente influir para aquele
resultado consiste em que entre nós não está ainda desenvolvido o gosto pela leitura, e
não se ter compreendido, que de todos os estabelecimentos que convém a um país
esclarecido, e a um povo civilizado, o mais útil é certamente uma Biblioteca, era que
todos os materiais da ciência estão à disposição dos homens estudiosos”. E acrescenta:

“Não ha motivo para desanimar; o gosto pela leitura virá, a


mocidade, ávida de saber compreenderá um dia, que não foi em vão
que se lhe abriu o caminho da ciência, oferecendo-lhe o governo, e a
Assembleia Provincial os preciosos tesouros, que se encerra a
Biblioteca desta província291.

A baixa frequência à biblioteca e a sua localização afastada do centro da cidade


continuam a se registrada no relatório de 1874. “Urge remover a Biblioteca para o
centro da cidade, e conservá-la aberta até às 9 horas da noite; aumentar a aquisição de

289 Relatório do bibliotecário da província João Severiano Ribeiro. In: CEARÁ. Presidente (1869-1870: João
Antonio de Araujo Freitas Henriques) Falla com que o excelentissimo senhor desembargador João Antonio de Araujo
Freitas Henriques, abrio a 1.a sessão da 18.a legislatura da Assembléia Provincial do Ceará no 1.o de setembro de
1870. Fortaleza: Typ. Constitucional, 1870. p. 21-2

290 CEARÁ. Presidente (1871: Joaquim da Cunha Freire) Relatório ... 29 junho 1871. [s.n.t.]

291 Relatório do bibliotecário. In: CEARÁ. Presidente (1872: João Wilkens de Mattos) Relatório com que o
excelentissimo senhor commendador João Wilkens de Mattos abriu a 1.a sessão da 21.a legislatura da Assembléia
Provincial do Ceará no dia 20 de outubro de 1872. Fortaleza: Typ. Constitucional, 1873.
100

livros e despesas de expediente [...] registra o presidente Joaquim da Cunha Freire


(1874)292.

Segundo o relatório do bibliotecário interino, Fausto Domingues da Silva, de 15 de


junho de 1875, a biblioteca continuava a funcionar no edifício construído na praça do
Marquês do Herval. Com relação à localização afastada do centro da cidade referida nos
relatórios anteriores, assim se expressa:

“Não desconheço que o leitor que procura entregar-se a uma


útil investigação, não ligará importância à maior ou menor distancia,
visto o local não aumentar nem diminuir o mérito do livro; mas
cumpre não omitir que as bibliotecas não foram criadas para os
leitores privilegiados, e sim para o público, a quem devem ser
concedidas todas as facilidades.

A distancia há concorrido indubitavelmente para a pouca


frequência desta Biblioteca desde o tempo de sua fundação. Convém,
portanto que desde já se a remova para outro edifício, que, colocado
no centro da cidade, desafie a curiosidade do público, e aumente pela
facilidade de comunicação o número dos leitores”293.

Segundo o mesmo bibliotecário, a inexistência de um catálogo impresso e bem


organizado que “mostre a todos seus tesouros” foi também apontada como um fator que
contribui para a baixa frequência294.

292 CEARÁ. Presidente (1874: Joaquim da Cunha Freire) Relatório apresentado pelo Exmo. Sr. Barão de Ibiapaba,
ao pasar a administração da província ao Excellentissimo Senhor presidente, Dr. Heráclito de Alencastro Pereira da
Graça no dia 23 de outubro de 1874. Fortaleza: Typographia Constitrucional, 1874. p. 13-4.

293Relatório do bibliotecário da Biblioteca Pública. In: CEARÁ. Presidente (1875-1876: Esmerino Gomes Parente)
Anexos ao relatório com que o excelentissimo senhor dr. Esmerino Gomes Parente abriu a 2.a sessão da 22.a
legislatura da Assembléia Provincial do Ceará em 2 de julho de 1875. Fortaleza: Typ. Constitucional, 1875.

294 Ibid.
101

Em 1880, a Biblioteca achava-se localizada em prédio no centro da cidade. Segundo


registrado, o número de frequentadores aumentou tendo em vista a melhor localização e
a abertura durante algumas horas da noite295.

ESPÍRITO SANTO

Conforme informado no relatório de 1859, a Biblioteca Pública do Espírito Santo era


pouco frequentada devido ao desarranjo dos livros, e principalmente a falta de
acomodação para os leitores. Por falta de um encarregado, costumava estar quase
sempre fechada, e os livros entregues às traças à poeira296. Em 1861, a situação não era
diferente. “Raros são os curiosos que frequentam esta sala aberta ao amor da ciência e
ao prazer literário. Deserta, frequentemente fechada, estragam-se lhe os livros que quase
que em vão pedem o comércio dos homens ilustrados. Inútil no presente resta apenas á
biblioteca o apelo para as atenções do porvir”, registra o presidente297.

A lamentável situação da biblioteca volta a ser registrada no relatório de 1872. A falta de


leitores é atribuída ao desinteresse pela leitura na província segundo as palavras do
presidente:

“reconheço infelizmente que na maior parte da população não


há somente indiferença e negação para as letras; há mais do que isto;
há um horror quase igual ao que se observa em relação ao serviço das
armas e até a inoculação da vacina, que é em si considerada um mal e
não um preservativo poderoso contra a varíola”. “Em geral, pois,
evita-se a escola, e detesta-se a vacina, do mesmo modo porque
muitos fogem espavoridos à simples voz do recrutamento”. “Uns não
sabem ler, outros não querem aprender o que deviam saber!” “E assim
grassa a ignorância como uma epidemia de mau caráter, que mata a
um tempo o espírito público e todas as aspirações nobres que se

295 CEARÁ. Presidente (1878-1880:José Julio de Albuquerque Barros) Falla com que o exm. sr. dr. José Julio de
Albuquerque Barros, presidente da província do Ceará, abriu a 1.a sessão da 25.a legislatura da Assembléia
Provincial no dia 1.o de julho de 1880. Fortaleza: Typ. Brazileira, 1880

296 ESPÍRITO SANTO. Presidente (Pedro Leão Velloso: Relatorio do presidente da provincia do Espirito Santo, o
bacharel Pedro Leão Velloso, na abertura da Assembléa Legislativa Provincial no dia 25 de maio de 1859. Victoria,
Typ. Capitaniense de Pedro Antonio d'Azeredo, 1859.

297 ESPÍRITO SANTO. Presidente: (1861-1863: José Fernandes da Costa Pereira Junior) Relatorio apresentado á
Assembléa Legislativa Provincial do Espirito Santo no dia da abertura da sessão ordinaria de 1861 pelo presidente,
José Fernandes da Costa Pereira Junior. Victoria, Typ. Capitaniense de Pedro Antonio D'Azeredo, 1861.
102

precedem à indústria, às ciências, às letras, às belas artes e às


armas”298.

Supondo-se que a maior frequência à Biblioteca seria no período noturno, o presidente


Eliseu de Sousa Martins (1879-1880) deliberou mandar instalar a iluminação a gás no
estabelecimento299. Em 1880, registrou: “A Biblioteca vai tendo grande
desenvolvimento pela continuada oferta de livros; sua frequência, que excede em muito
as previsões ordinárias, demonstra que ela veio satisfazer uma grande necessidade do
espírito público nesta capital”, declara o presidente. Faço votos para que tão útil
instituição encontre, como é de esperar, da parte de meus sucessores apoio e esforços
mais profícuos do que foram os meus”300.

GOIÁS

O Gabinete Literário Goiano em 1879 era pouco frequentado. A leitura que mais atraia
era a “pouco instrutiva de romances”301. Em 1877, o presidente lamenta a indiferença
dos habitantes da província pela instituição e afirma que “se há uma empresa que deva
merecer a atenção ou iniciativa particular é esta por certo, instruir o povo para que
depois dele, conhecedor de seus direitos e deveres, possa tomar parte com conhecimento
de causa, nas outras associações que por aí se propalam antes do tempo”302.

MARANHÃO

298 ESPÍRITO SANTO. Presidente (1871-1872: Relatorio lido no paço d'Assembléa Legislativa da provincia do
Espirito-Santo pelo prezidente, o exm. senr. doutor Francisco Ferreira Correa na sessão ordinaria no anno de 1871.
Victoria, Typ. do Correio da Victoria, 1872.

299 ESPÍRITO SANTO. Presidente (1879-1880: Eliseu de Sousa Martins) Relatório com que foi aberta a sessão
extraordinaria da Assembléa Provincial pelo exm. sr. presidente, dr. Eliseu de Sousa Martins, no dia 28 de outubro de
1879. Victoria, Typ. da Gazeta da Victoria, 1879.

300 ESPÍRITO SANTO. Presidente (1879-1880: Eliseu de Sousa Martins) Relatório com que o Exm. Sr. Dr. Eliseu
de Sousa Martins no dia 19 de julho de 1880 passou a administração da província do Espírito Santo ao Exm. Sr.
Tenente Cel. Alfeu Adolfo Monjardim de Andrade e Almeida, 1º Vice-Presidente. Victoria: Typographia da Gazeta da
Victoria, 1880.

301 GOIÁS. Presidente (1879-1980: Aristides de Souza Spinola) Relatorio apresentado pelo illm. e exm. sr. dr.
Aristides de Souza Spinola, presidente da provincia á Assembléa L. Provincial de Goyaz no dia 1o de junho de 1879.
[n.p.] Typ. Provincial, 1879. p. 22.

302 GOIÁS. Presidente (1871-1878: Antero Cícero de Assis) Relatorio apresentado á Assembléa Legislativa
Provincial de Goyaz, pelo exm. sr. dr. Antero Cicero de Assis, presidente da provincia, em 1.o de junho de 1877.
Goyaz, Typ. Provincial, 1877. p. 21-2.
103

Em 1865, o Inspetor da Instrução Pública do Maranhão registra o estado de deterioro da


biblioteca pública e aponta duas causas que tem contribuído para o estado. Segundo ele
a primeira é o horário em que está aberta, das 9 horas da manhã às 14 horas. Considera
improprio para a frequência porque “a maior parte das pessoas amigas da leitura estão
nas suas ocupações diárias”. A segunda é a pouca ventilação que há na sala o que
favorece a propagação de insetos que tem destruído grande parte dos livros303.

MINAS GERAIS

Em 1862, o presidente Joaquim Camillo Teixeira da Motta (1862) registra que a


biblioteca da capital é “desconhecido de seus próprios vizinhos: não tem soufrido
aumento ou diminuição, e nenhum benefício tem prestado”. Espera que a biblioteca de
S. João D’El-Rei não esteja na mesma situação.304

PARÁ

Em 1871, foi registrado que a frequência à Biblioteca Pública do Pará era muito
limitada. Para o presidente, no entanto, o fato não era caso de admiração, pois o mesmo
se dava “em cidades muito mais populosas e mais abundantes de homens de letras”.
“Esperemos mais algum tempo e o numero dos leitores atuais se multiplicará à medida
que o gosto da leitura se for desenvolvendo na população”, acrescentou305.

Em 1874, é observado que embora “o estabelecimento não tenha feito progresso e a


frequência de leitores seja muito diminuta, é de toda a conveniência que a biblioteca não
só seja conservada, mas que também se enriqueça com a aquisição de novas obras,
[...]”306.

Em 1889, o diretor da Instrução Pública informa que uma visita à Biblioteca Pública
lança o desânimo ao espírito interessado pelo bem público em razão do espetáculo que

303 MARANHÃO. Presidente. (1864-1865: Ambrozio Leitão da Cunha) Relatorio com que o exm. sr. presidente da
provincia, dr. Ambrozio Leitão da Cunha, passou a administração da mesma provincia ao exm. sr. 4.o vice-presidente,
tenente-coronel José Caetano Vaz Junior, no dia 23 de abril de 1865. San' Luiz, Typ. de B. de Mattos, 1865. p. 15

304 MINAS GERAIS. Presidente. (1862: Joaquim Camillo Teixeira da Motta)Relatorio que a Assembléa Legislativa
Provincial de Minas Geraes apresentou no acto da abertura da sessão ordinaria de 1862 o coronel Joaquim Camillo
Teixeira da Motta, terceiro vice-presidente da mesma provincia. Ouro Preto: Typ. Provincial, 1862.

305 PARÁ. Presidente (1871-1872: Abel Graça ) Relatorio apresentado á Assembléa Legislativa Provincial na
segunda sessão da 17.a legislatura pelo dr. Abel Graça, presidente da provincia. Pará: Typ. do Diario do Gram-Pará,
1871.

306 PARÁ. Presidente. (1874-1875: )Relatorio apresentado a Assembléa Legislativa Provincial na primeira sessão
da 19.a legislatura pelo presidente da provincia do Pará, o excellentissimo senhor doutor Pedro Vicente de Azevedo,
em 15 de fevereiro de 1874. Pará, Typ. do Diario do Gram-Pará, 1874.
104

logo se apresenta a um olhar investigador. Segundo ele, “a biblioteca não é visitada por
dez pessoas em cada dia, tanto tem baixado na opinião pública a importância dessa
instituição, cujos efeitos poderiam ser benéficos e importantíssimos, quando suscitado
por uma boa orientação sadia e promovidos com os meios materiais ao alcance dos
públicos poderes”307.

PARANÁ

A Biblioteca Pública do Paraná apresentou, em 1886, frequência animadora308.

PERNAMBUCO

Em 1876, a Biblioteca Provincial de Pernambuco foi regularmente frequentada309.

Com o aumento do acervo, a frequência continuou a crescer310.

RIO GRANDE DO SUL

No Rio Grande do Sul, o bibliotecário lamenta que a frequência à biblioteca não


corresponda “aos sacrifícios da província”. Atribui a baixa concorrência de leitores
“antes à falta de bons livros elementares do que ao gosto pela leitura e instrução”311.

RIO GRANDE DO NORTE

No relatório do diretor geral da Instrução pública do Rio Grande do Norte,


307 Pará. Presidente. (1888-1889: Miguel José d'Almeida Pernambuco) Falla com que o exm.o snr. d.r Miguel José
d'Almeida Pernambuco, presidente da provincia, abrio a 2.a sessão da 26.a legislatura da Assembléa Legislativa
Provincial do Pará em 2 de fevereiro de 1889. Pará, Typ. de A.F. da Costa, 1889.

308 PARANÁ. Presidente (1886-1887: Joaquim d'Almeida Faria Sobrinho) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa do Paraná no dia 30 de outubro de 1887 [i.e. 1886] pelo presidente da provincia, o exm. snr. dr. Joaquim
d'Almeida Faria Sobrinho. Curytiba: Typ. da Gazeta Paranaense, 1886. p. 89-90.

309 PERNAMBUCO. Presidente (1875-1876: João Pedro Carvalho de Moraes). Falla com que o exm. sr.
commendador João Pedro Carvalho de Moraes abrio a sessão da Assembléa Legislativa Provincial em o 1.o de março
de 1876. Pernambuco, Typ. de M. Figueiroa de Faria e Filhos, 1876. p. 48.

310 PERNAMBUCO. Presidente (1876-1877: Manoel Clementino Carneiro da Costa) Relatório com que o Exm. Sr.
Dr. Manoel Clementino Carneiro da Costa passou a administração desta província ao Exm. Sr. Desembargador
Francisco de Assis de Oliveira Maciel a 15 de novembro de 1877. Pernambuco: Typ. de Manoel Figueira de Faria &
Filhos, 1878. p. 16-7.

311 RIO GRANDE DO SUL. Presidente (1880-1881: Henrique Francisco d’ Ávila). Relatório de 4 de abril de 1881.
(Publicado como anexo da Falla de 7 de mar. de 1881)
105

datado de 3 de outubro de 1870, é informado que “nenhuma concorrência há [na


biblioteca], passam-se semanas inteiras sem que ali se apresente uma só pessoa”. O
motivo apontado foi que estava fechada quando os empregados públicos, seus maiores
interessados, após o expediente poderiam frequentá-la. “Daqui procede o fato de não ser
visitado, e por consequência de não poder prestar a utilidade, que há a colher-se de
estabelecimentos desta ordem”, explica o diretor312.

SANTA CATARINA

O presidente da província João José Coutinho (1850-1859) indica que a Biblioteca deva
ser aberta no período da tarde para que possa Para “ser útil aos habitantes da capital, e
especialmente aos empregados públicos”313.

Em 1857, o presidente avalia que a Biblioteca Púbica vai sendo mais frequentada. No
entanto seria muito mais se pudesse estar aberta por mais horas, o que não é possível
por falta de pessoal 314. Depois da mudança para o edifício do Liceu em 1.° de agosto
1857 a Biblioteca “tem sido mais frequentada , e mais consultados os seus livros” pelos
professores e alunos do Liceu315.

O presidente Francisco José d'Oliveira (1863-1864) considera mais adequado a


biblioteca funcionar em um local mais central para facilitar a frequência [...] dos
funcionários públicos que a ela queiram recorrer, levados pela necessidade de um
esclarecimento qualquer, acerca da ciência ou matéria com relação ao desempenho de
algum dever do seu serviço a seu cargo”316.

312 [Relatório do diretor geral da Instrução pública] In:


RIO GRANDE DO NORTE. Presidente (1870-1871:
Silvino Elvidio Carneiro da Cunha) Relatorio apresentado á Assemblea Legislativa do Rio Grande do Norte pelo
exm. sr. doutor Silvino Elvidio Carneiro da Cunha em 5 de outubro de 1870. Recife, Typ. do Jornal do Recife, 1870

313 SANTA CATARINA. Presidente. (1850-1859:João José Coutinho) [Relatório do presidente da província de
Santa Catharina em 1.o de março de 1855] p. 4-5.

314 SANTA CATARINA. Presidente. (1850-1859:João José Coutinho)Falla que o presidente da provincia de Santa
Catharina, dr. João José Coutinho, dirigio á Assembléa Legislativa Provincial no acto da abertura de sua sessão
ordinaria em o 1.o de março de 1857. Rio de Janeiro, Typ. Imp. e Const. de J. Villeneuve e C., 1857. p. 10

315 SANTA CATARINA. Presidente. (1850-1859:João José Coutinho) Falla que o presidente da província de Santa
Catarina dr. João José Coutinho dirigio a Assemblea Legislativa Provincial no acto d'abertura de sua sessão ordinária
em o 1.º de março de 1859. Santa Catarina: Typ.Catharinense de G. A.M. Avelim, 1859. p. 2.

316 SANTA CATARINA. Presidente. Relatorio do vice presidente da provincia de Santa Catharina, o commendador
Francisco José d'Oliveira, apresentado á Assembléa Legislativa Provincial na 1.a sessão da 12.a Legislatura. Santa
Catharina, Typ. Catharinense de F.V. Avila & C.a, 1864. p. 37.
106

No seu relatório de 1865 o bibliotecário informa que a frequencia da biblioteca era de 6


a 7 pessoas por dia. Sendo mantida por doações, “não pode possuir obras as mais
adequadas às ilustrações da terra”, justifica317.

A frequência da biblioteca é diminuta, registra o realtório de 1868. “A biblioteca


merece, entretanto alguma protecção, senão pelo que hoje vale e pelos benefícios que
presta, certamente pelos que um dia pode vir a prestar, se for tendo o melhoramento
conveniente, e graduado conforme as ideias que expuz de outra vez”, considera o
presidente318.

Em 1881 é informado que a biblioteca foi consultada por 198 pessoas. “Não presta esse
estabelecimento os benefícios, que dele se devia esperar. Prova-o a sua pouca
frequência, que se deve atribuir não tanto a indiferença pública, como a deficiência de
obras novas que a concitem” 319.

Em 1888, o presidente lembrou que, para aumentar a frequência, conviria alterar o


tempo concedido para a leitura, designando-se algumas horas durante a noite, de que se
utilizariam aqueles que, por sua profissão, não o podem fazer durante o dia. Foi, porém,
informado de que já isso fora tentado, dando como único resultado o gasto feito com as
luzes. Entretanto, acredita que, aumentando o número de livros e as condições
favoráveis, talvez convenha tentar novamente aquela medida.

Segundo seu entender seria da maior conveniência anexar a biblioteca ao Instituto


Litlerário, como medida tendente a auxiliar o progresso da instrução pública. E justifica:

“Com efeito, os lentes do Instituto frequentemente hão de


precisar consultar obras sobre as matérias que lecionam, o que lhes
será fácil estando a biblioteca anexa; assim lambera os alunos que têm
horas vagas entre as das suas lições, podem aproveitá-las com muito
lucro na biblioteca: por certo que nenhum bom estudante, aplicado e
caprichoso, deixará de fazê-lo para alargar o círculo dos seus

317 SANTA CATARINA. Presidente. (1864-1865: Alexandre Rodrigues da Silva Chaves. Relatorio do presidente da
provincia de Santa Catharina, o doutor Alexandre Rodrigues da Silva Chaves, apresentado á Assembléa Legislativa
Provincial na 2.a sessão da 12.a legislatura em o 1.o de março de 1865. Santa Catharina, Typ. Catharinense de Avila
& Rodrigues, 1865. p. 11.

318 SANTA CATARINA. Presidente. (1865-1868:Adolpho de Barros Cavalcanti de Albuquerque Lacerda.


Relatorios apresentados á Assembléa Legislativa Provincial de Santa Catharina, na sua sessão ordinaria, e ao 1.o vice-
presidente, commendador Francisco José de Oliveira, por occasião de passar-lhe a administração o presidente
Adolpho de Barros Cavalcanti de Albuquerque Lacerda no anno de 1868. Rio de Janeiro, Typ. Nacional, 1868. p. 10.

319 SANTA CATARINA. Presidente. (1880-1882: João Rodrigues Chaves) Falla com que o exm.o sñr. doutor João
Rodrigues Chaves abriu a segunda sessão da vigésima segunda legislatura da Assembléa Provincial de Santa
Catharina em 2 de fevereiro de 1881. Cidade do Desterro, Typ. e Lith. de Alex. Margarida, 1881. p. 15
107

conhecimentos”. “Estou mesmo informado de que grande parte dos


frequentadores deste estabelecimento são moços estudantes, que ali
vão aproveitar o tempo de que podem dispor. Sendo isto assim, a
biblioteca, desde que seja enriquecida com novas e boas obras, poderá
prestar importante serviço à causa da instrução estando anexa ao
Instituto, o que não impede que seja frequentada pelo público”.320

SERGIPE
Segundo o relatório do bibliotecário de 30 de Janeiro de 1854, a Biblioteca Pública
Provincial de Sergipe é diariamente frequentada por muitas pessoas, que nela encontram
importantes livros; “porém tendo sido a maior parte deles doados, não são, por sem
dúvida, os que mais reclamavam a urgente necessidade de preparar-se o espírito da
mocidade para, mais tarde, frequentar os estudos maiores”, reclama o bibliotecário321.
O Gabinete de Leitura do Ateneu de Sergipe é referido no relatório de 1874. O diretor
da Instrução Pública alerta para a necessidade de aquisição de livros novos como forma
de atrair leitores para o estabelecimento.

“Atualmente sempre deserto, ao lado do pouco amor à leitura,


enfermidade endêmica na sociedade sergipana, a pobreza de livros na
biblioteca pública justifica o isolamento em que ele se acha,
isolamento apenas suspenso pela chegada dos leitores de notícias
jornalísticas à vinda dos vapores do sul”, avalia o diretor”322.

“Continua a Biblioteca Pública sem que a seu respeito se possa assinalar um


melhoramento de qualquer espécie”, consta no relatório de 1875.

“Abandonada em um dos ínfimos aposentos do palácio do


Governo, erma de leitores e apenas sentindo quebrar-se-lhe o silêncio
sepulcral de sua saleta de leitura a palestra de algum ocioso que
entende ir praticar com o porteiro, era justo, a não querer-se fazer-se o
sacrifício de restabelecê-la cm condições de utilizar ao público, fechá-
la ate melhores tempos”, continua.

320 SANTA CATARINA. Presidente. (1888-1889:Augusto Fausto de Souza) Relatorio com que o exm. sr. coronel
dr. Augusto Fausto de Souza abrio a 1.a sessão da 27.a legislatura da Assembléa Provincial em 1.o de setembro de
1888. Santa Catharina, Typ. do Conservador [n.d.] p. 15-16.

321 [Apenso nº. 2: relatório do bibliotecário.] In: SERGIPE. Presidente (1853-1855: Ignácio Joaquim Barboza)
[sem título] 20 mar. 1854.

322 Relatório do director da instrução pública. In: SERGIPE. Presidente. (1874-1875: Antonio dos Passos Miranda)
Relatorio com que o exm. snr. dr. Antonio dos Passos Miranda abrio a Assembléa Legislativa Provincial de Sergipe
no dia 2 de março de 1874. [Aracajú] Typ. do Jornal do Aracajú [n.d.] p. 53-55.
108

A exígua quantia autorizada para compra de obras não é suficiente. “Retirá-la da


humilissima e recôndita habitação que lhe destinaram, e garantir-lhe por uma verha
orçamentaria anual a aquisição de novas obras—tal é o meio de restabelecer
proveitosamente a Biblioteca Pública”, reclama o diretor da Instrução Pública323.

12 - A DIFÍCIL PRÁTICA DO EMPRÉSTIMO


A adoção de empréstimo domiciliar pelas bibliotecas provinciais foi prática que
provocou controvérsias em várias províncias. Autorizado por algumas em um momento,
foi revogado em outro, como se pode verificar nos depoimentos a seguir. O argumento
prevalecente para a supressão foi a preservação dos acervos para evitar o
desaparecimento de livros cuja aquisição era sempre difícil e trabalhosa. Seguem os
exemplos.
BAHIA
Na Bahia, o art. 2. ° da lei 94 de 6 de Março de 1839, permitia o empréstimo de livros
“para fora da biblioteca”. Em sua Fala de 2 de fevereiro de 1840 o presidente Thomaz
Xavier Garcia de Almeida pediu à Assembleia Legislativa a revogação do artigo.
Justificou para tanto os inconvenientes resultantes da prática do empréstimo como o
desfalque de obras, o deterioro dos exemplares e a falta de pessoal para a realização dos
controles324.
O Regulamento da biblioteca de 31 de janeiro de 1851, nas suas disposições gerais volta
a tratar do empréstimo. De acordo com o artigo 31, caberia ao presidente da província
autorizar o empréstimo. Pelo mesmo artigo, o tomador seria obrigado a restituir o livro
emprestado da mesma forma em que o recebeu. Caso não fosse feita a restituição, seria
obrigado a pagar o valor com o qual se pudesse adquirir um título igual. O artigo 32
previa a assinatura de um termo por parte do interessado com as condições do
empréstimo. Segundo o artigo 33 não poderiam ser emprestados os manuscritos, as
obras raras de luxo, as coleções de gravuras, os dicionários, as enciclopédias etc.325. Em
1854, “reconhecendo a inconveniência da prática”, por ato de 13 de outubro foram
323 [Relatório da diretoria geral de instrução] In: SERGIPE. Presidente. (1874-1875: Antonio dos Passos Miranda)
Relatorio com que o exm. snr. dr. Antonio dos Passos Miranda abriu a Assembléa Legislativa Provincial de Sergipe
no dia 1.o de março de 1875. [Aracajú] Typ. do Jornal do Aracajú, 1875.

324 BAHIA. Presidente (1838-1840: Thomaz Xavier Garcia de Almeida ) Falla que recitou o presidente da
provincia da Bahia, Thomaz Xavier Garcia de Almeida, n'abertura da Assembléa Legislativa da mesma provincia em
2 de fevereiro de 1840. Bahia, Typ. de Manoel Antonio da Silva Serva, 1839 [i.e. 1840]
109

revogados os artigos 31 e 32 do regulamento da biblioteca que permitiam o empréstimo


de livros326.
O empréstimo volta a ser autorizado em 1887. O presidente João Capistrano Bandeira
de Mello (1886-1888), “no intuito de difundir a instrução por todas as classes da
sociedade e de facilitar os meios possíveis de adquiri-la”, por ato de 31 de janeiro,
aprovou quatro aditamentos ao regulamento da Biblioteca para permitir o empréstimo
de livros. O aditamento 1º definia quem poderia retirar livros por empréstimo. Eram os
funcionários públicos, civis e militares, os sacerdotes, os médicos, os advogados, os
comerciantes, os proprietários, os artistas conhecidos e “quaisquer pessoas honestas”.
Não seriam objeto de empréstimo os dicionários as obras raras e valiosas e as de
consultas. Para controle, o bibliotecário deveria anotar na primeira página de cada
volume a ser emprestado o número de dias concedidos para isto, findos os quais o
volume deveria ser recolhido à Biblioteca. O 2º permitia o empréstimo de jornais,
revistas, relatórios e folhetos pelo prazo de três dias. Os controles dos empréstimos
mediante a utilização de um livro apropriado foram previstos no aditamento 3°. Pelo 4º
quem “extraviar, rasgar ou mutilar qualquer volume da biblioteca” seria obrigado a
restituir um exemplar igual ou pagar o valor correspondente.
O presidente considerou a decisão acertada tendo em vista que entre janeiro a outubro
de 1887, período compreendido entre aprovação dos aditamentos e a data de seu
relatório, foram emprestados 1 120 volumes327. No ano de 1888, o movimento de
empréstimo foi de 4 830 volumes328.

CEARÁ

No Ceará, o artigo 36 § 13 da lei n.º 1 582 de 19 de setembro de 1873 autorizou o


presidente da província a alterar o regulamento da Biblioteca no sentido de permitir o
empréstimo. Conforme o relatório do bibliotecário de 15 de julho de 1875, a prática
325 BAHIA. Presidente (1848-1850: Francisco Gonçalves Martins) Falla que recitou o presidente da provincia da
Bahia, o dezembargador conselheiro, n'abertura da Assembléa Provincial da mesma provincia no 1. de março de
1851. Bahia, Typ. Constitucional de Vicente Ribeiro Moreira, 1851.

326 BAHIA. (1854-1855: João Mauricio Wanderley ) Presidente Falla recitada na abertura da Assembléa Legislativa
da Bahia pelo presidente da provincia, o doutor João Mauricio Wanderley, no 1.o de março de 1855. Bahia, Typ. de
A. Olavo da França Guerra e Comp., 1855.

327 BAHIA. Presidente (1886-1888: João Capistrano Bandeira de Mello ) Falla com que o illm. e exm. sr.
conselheiro dr. João Capistrano Bandeira de Mello, presidente da provincia, abriu a 2.a sessão da 26.a legislatura da
Assembléa Legislativa Provincial no dia 4 de outubro de 1887. Bahia, Typ. da Gazeta da Bahia, 1887.

328 BAHIA. Presidente. (1888-1889: Manoel do Nascimento Machado Portella) Falla com que o illm. e exm. sr.
conselheiro dr. Manoel do Nascimento Machado Poetella [sic], presidente da provincia, abriu a 1.a sessão da 27.a
legislatura da Assembléa Legislativa Provincial no dia 3 de abril de 1888. Bahia, Typ. da Gazeta da Bahia, 1888.
110

ainda não tinha sido realizada. Segundo ele, os empréstimos deveriam ser iniciados,
tendo em vista que as “bibliotecas [devem] estar sempre abertas, e oferecer sem
restrições seus recursos àqueles que aí procuram satisfazer a nobre curiosidade do
espírito”. E continua, “a utilidade de uma Biblioteca pública, [...] é de duas espécies: em
seu interior pelo uso que fazem os estudiosos; no exterior pelo empréstimo dos livros”,
citando Constantin já mencionado. Considera ser o empréstimo é uma prática universal,
com exceção das bibliotecas da Inglaterra e Vaticano em Roma. No Brasil é ainda mais
necessário, “onde não abundam os estabelecimentos literários que facilitem os meios de
instrução”, argumenta. Entende que os inconvenientes causados pelos empréstimos de
livros, como a perda de exemplares podem ser minorados com medidas que garantam a
restituição dos mesmos. “Estabeleça-se previdentemente o registro, e obrigue-se a
pessoa que recorre ao empréstimo, a um termo circunstanciado com a respectiva
cominação, e estou certo que na maioria dos casos se evitará a perda de livros pelos
empréstimos” afirma o bibliotecário Fausto Domingues da Silva329.

ESPÍRITO SANTO
No Espírito Santo, foi constatado o desaparecimento de obras importantes relacionadas
com a história do Brasil, sendo atribuído o ocorrido aos empréstimos330.
PARANÁ
No Paraná, em 21 de fevereiro de 1868, a presidência da província autorizou o inspetor
geral da instrução pública a realizar empréstimos na Biblioteca Pública, “devendo
observar o tempo [...] e as cautelas precisas para que os livros não sejam extraviados”331.
Em 1870, contatou-se que parte do acervo da biblioteca achava-se inutilizado com a
falta de volumes tomos e outros estragos. Os empréstimos foram considerados a causa
que concorreu para o desfalque do acervo da biblioteca, deixando-a em “deplorável
estado”. Segundo o presidente:
“em uma biblioteca pública, em que a leitura é gratuita, quem
precisa do livro, vai consultá-lo no estabelecimento”. Os empréstimos
podem ser permitidos nos gabinetes de leitura, que alugam livros, ou
os dão a seus sócios mediante mensalidades adiantas, podem
emprestá-los porque tem um empregado incumbido de procurá-los nos

329 Relatório do bibliotecário da Biblioteca Pública. In: CEARÁ. Presidente (1875-1876: Esmerino Gomes Parente)
Anexos ao relatório com que o excelentissimo senhor dr. Esmerino Gomes Parente abriu a 2.a sessão da 22.a
legislatura da Assembléia Provincial do Ceará em 2 de julho de 1875. Fortaleza: Typ. Constitucional, 1875.

330 ESPÍRITO SANTO. Presidente: (1861-1863: José Fernandes da Costa Pereira Junior) Relatorio apresentado á
Assembléa Legislativa Provincial do Espirito Santo no dia da abertura da sessão ordinaria de 1861 pelo presidente,
José Fernandes da Costa Pereira Junior. Victoria, Typ. Capitaniense de Pedro Antonio D'Azeredo, 1861.

331 PARANÁ. Presidente (1868-1869: Antonio Augusto da Fonseca) Relatorio com que o exm. sr. presidente da
provincia, dr. Antonio Augusto da Fonseca, abriu a 2.a sessão da 8.a legislatura da Assembléa Legislativa do Paraná
no dia 6 de abril de 1869. Curityba: Typ. de Candido Martins Lopes, 1869. p. 12
111

prazos estipulados e si há estrago ou falta, o leitor paga do próprio


bolso os livros ou a encadernação”, alega.

“Esta ideia do empréstimo como meio de facilitar o estudo,


calou a princípio no espírito de muitos, mas hoje está geralmente
derrogada como inconveniente”. Quem quer estudar com afinco sobre
uma matéria [...] vai com gosto a uma biblioteca, onde os livros lhe
estão à mão e até lhe é incomoda a condução para casa”, entende o
presidente.

E anunciou: “brevemente expedirei ordem ao bibliotecário para não dar mais livros por
empréstimos, ficando a saída proibida fora do estabelecimento [...] 332. Anunciou
também medidas para reaver os volumes extraviados: “Não sei se depois de tantos anos
conseguir-se-á a restituição dos livros emprestados; vou mandar anunciar pelos jornais,
convidando quem os tomou à levá-los à biblioteca, ao menos para se completarem as
obras truncadas” 333.

PERNAMBUCO

Em Pernambuco, a lei n. 391, de 30 de junho de 1856, autorizou o emprstimos de livros


pela Biblioteca Provincial com o parazo de até dez dias334. Posteriormente, em
atendimento às representações do inspetor geral da instrução pública e do bibliotecário,
por ato de 12 de janeiro de 1876, o presidente da província o empréstimo foi
suprimido335.

RIO GRANDE DO NORTE

O diretor geral da instrução pública do Rio Grande do Norte apresentou, em 1870, a


sugestão de permitir-se o empréstimo de livros, mediante o pagamento de uma

332 PARANÁ. Presidente (1869-1870: Antonio Luiz Affonso de Carvalho) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa do Paraná na abertura da 1.a sessão da 9.a legislatura pelo presidente, o illustrissimo e excellentissimo
senhor dr. Antonio Luiz Affonso de Carvalho, no dia 15 de fevereiro de 1870. Curityba: Typ. de Candido Martins
Lopes, 1870. p. 15-6.

333 PARANÁ. Presidente (1869-1870: Antonio Luiz Affonso de Carvalho) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa do Paraná na abertura da 1.a sessão da 9.a legislatura pelo presidente, o illustrissimo e excellentissimo
senhor dr. Antonio Luiz Affonso de Carvalho, no dia 15 de fevereiro de 1870. Curityba: Typ. de Candido Martins
Lopes, 1870. p. 15-6.

334 PERNAMBUCO. Presidente (1872-1875: Henrique Pereira de Lucena) Falla com que o excelentissimo senhor
desembargador Henrique Pereira de Lucena abrio a Assemblêa Legislativa Provincial de Pernambuco em o 1.o de
março de 1875. Pernambuco, Typ. de M. Figueiroa e F. & Filhos, 1875. p. 69-70.

335 PERNAMBUCO. Presidente (1875-1876: João Pedro Carvalho de Moraes). Falla com que o exm. sr.
commendador João Pedro Carvalho de Moraes abrio a sessão da Assembléa Legislativa Provincial em o 1.o de março
de 1876. Pernambuco, Typ. de M. Figueiroa de Faria e Filhos, 1876. p. 48.
112

mensalidade. O rendimento seria aplicado na compra de novos livros para a


biblioteca336.

Com a reabertura da biblioteca que “há muito tempo conservava-se fechada, sem prestar
utilidade alguma”, em outubro de 1873, o empréstimo foi permitido mediante garantias,
337
.
SANTA CATARINA
Em Santa Catarina, o presidente, após a conclusão da elaboração do catálogo
sistemático das obras da Biblioteca, o presidente João Capistrano Bandeira de Mello
Filho (1875-1876) pretendeu, “sob as cautelas de um regulamento adaptado ao fim deste
instituto, franquear os livros á leitura externa”. Segundo ele, essa medida foi adotada em
outra província de que foi também presidente, tendo “a satisfação de ver coroada de
excelentes resultados” 338.

SERGIPE

Em Sergipe, a comissão encarregada pelo presidente para examinar o estado da


biblioteca provincial, no seu relatório de 8 de setembro de 1864, recomendou a
proibição de empréstimos a não ser por tempo determinado, nunca maior de trinta dias.
São atribuídos aos empréstimos “os notáveis truncamentos que há em algumas obras”
339
.

336 [Relatório do diretor geral da Instrução pública] In Rio Grande do Norte. Presidente (1870-1871: Silvino
Elvidio Carneiro da Cunha) Relatorio apresentado á Assemblea Legislativa do Rio Grande do Norte pelo exm. sr.
doutor Silvino Elvidio Carneiro da Cunha em 5 de outubro de 1870. Recife, Typ. do Jornal do Recife, 1870

337 RIO GRANDE DO NORTE. Presidente. (1873-1875: João Capistrano Bandeira de Mello) Falla com que o
exm. sr. dr. João Capistrano Bandeira de Mello Filho abrio a 1a sessão da vigesima legislatura da Assembléa
Legislativa Provincial do Rio Grande do Norte em 13 de julho de 1874. Rio de Janeiro, Typ. Americana, 1874.

338 SANTA CATARINA. Presidente. (1875-1876: João Capistrano Bandeira de Mello Filho).Falla com que o exm.
sr. dr. João Capistrano Bandeira de Mello Filho abrio a 1.a sessão da 21.a legislatura da Assembléa Legislativa da
provincia de Santa Catharina em 1.o de março de 1876. Cidade do Desterro, Typ. de J.J. Lopes, 1876. p. 48-50.

339 SERGIPE. Presidente. (1864-1865: Cincinnato Pinto da Silva) Falla com que foi aberta no dia 1o de março de
1865 a segunda sessão da decima quarta legislatura da Assembléa Legislativa desta provincia pelo presidente, doutor
Cincinnato Pinto da Silva. Sergipe, Typ. Provincial, 1865.
113

13 FIM DE SÉCULO: NOVOS TEMPOS, VELHOS PROBLEMAS.

A leitura dos relatórios provinciais referentes aos últimos anos do século XIX evidencia
que a maioria das bibliotecas continuava apresentado os mesmos problemas que as
acompanhavam ao longo do período, desde a sua criação.

As principais dificuldades enfrentadas eram a falta de recursos regulares, diminuição do


número de leitores, mau estado de conservação e desatualização dos acervos e falta de
catálogos. As que apresentaram melhor situação, segundo avaliação dos presidentes,
foram as Bibliotecas do Paraná e Pernambuco.

Os exemplos abaixo ilustram a situação:

ALAGOAS

Em 1884, a biblioteca apresentava baixa frequência cujas razões apresentadas eram a


situação da geral da casa; a iluminação precária à noite com luz de querosene, imprópria
para estudo e a falta de obras modernas. Segundo o presidente, “Não é justo que se
deixe definhar uma instituição que é em toda a parte o atestado eloquente da civilização
e do progredir dos povos, insta o presidente” 340.

Nos anos de 1887 e 1888, o bibliotecário insistia na consignação de verbas no


orçamento para reforma da mobília da biblioteca, aquisição de novas estantes e
aquisição de “obras modernamente publicadas sobre os principais ramos da ciência, e
tomar assinaturas de revistas científicas que se publicam em países adiantados da
Europa”341,342.

AMAZONAS

340 ALAGOAS. Presidente (1883-1884: Henrique de Magalhães Sales)Falla com que o exm snr. presidente, dr.
Henrique de Magalhães Sales, abriu a 1.a sessão da 25.a legislatura da Assembléa Legislativa Provincial das Alagoas
em 17 de abril de 1884. Maceió, Typ. do Diario da Manhan, 1884. p. 13.

341 ALAGOAS. Presidente (1886-1887: José Moreira Alves da Silva) Falla com que o exm. snr. Dr. José Moreira
Alves da Silva abriu a 2a sessão da 26a legislatura da Assembléa Provincial das Alagoas em 15 de abril de 1887.
Maceió, Typ. do Conego Antonio José da Costa, 1887. p. 9

342 ALAGOAS. Presidente (1888-1889: José Cesario de Miranda Monteiro de Barros) Falla com que o exm. snr.
dor José Cesario de Miranda Monteiro de Barros abriu a 1a sessão da 27a Legislatura da Assembléa Provincial das
Alagoas em 6 de outubro de 1888. Maceió, Typ. do Conego Antonio José da Costa, 1888. p. 15.
114

A última referência à Biblioteca Pública do Amazonas é do ano de 1886. Consta que A


frequência à biblioteca aumenta: no ano de 1884 por 2 038 leitores e no de 1885 por 2
752343.

BAHIA

No relatório de 1888, o Bibliotecário informa que frequência dos leitores tem diminuído
sensivelmente. Atribui fato às dificuldades de acesso à sala de leitura e o fechamento
edifício por alguns meses devido a obras. Considerava necessária a remoção da
Biblioteca Pública para outro local, “convenientemente colocado e que reúna as
condições necessárias a estabelecimentos d'esta ordem, já para o acondicionamento das
obras, já para comodidade e higiene dos leitores”344.

CEARÁ

Em 1888, o relatório informava que o bibliotecário António Augusto de Vasconcelos,


continuava a esforçar-se para conseguir que a biblioteca deixasse de ser um ônus
improdutivo e que ao contrário, compensasse “os sacrifícios que tem custado à
Província, concorrendo positivamente para elevar o nível da instrução popular”. “Não
obstante, a sua melhor vontade e reconhecida aptidão, não poderão colher o desejado
resultado, não sendo amparadas pela precisa dotação de meios, que a Assembleia
Provincial compete decretar”, registrou o presidente345.

ESPÍRITO SANTO

Os últimos relatórios informam sobre o funcionamento regular da biblioteca e registram


apelos dos presidentes à Assembleia Provincial sobre a necessidade de votar anualmente
a dotação orçamentária para a biblioteca.

GOIAS

O último relatório a mencionar o Gabinete Goiano de Leitura é o 1881. Registra que


“agradavelmente impressiona o administrador, honra a capital goiana e atesta
eloquentemente o seu amor pelas letras, pelas artes e pelas ciências” O presidente espera

343 AMAZONAS. Presidente. (1885-1887: Ernesto Adolpho de Vasconcellos Chaves) Relatorio com que o exm. sr.
dr. Ernesto Adolpho de Vasconcellos Chaves, presidente da provincia do Amazonas, installou a 1.a sessão da 18.a
legislatura da Assembléa Legislativa Provincial no dia 25 de março de 1886. Manáos: Typ. do Jornal do Amazonas,
1886. p. 17

344 BAHIA. Presidente. (1888-1889: Manoel do Nascimento Machado Portella]Falla com que o illm. e exm. sr.
conselheiro dr. Manoel do Nascimento Machado Poetella [sic], presidente da provincia, abriu a 1.a sessão da 27.a
legislatura da Assembléa Legislativa Provincial no dia 3 de abril de 1888. Bahia, Typ. da Gazeta da Bahia, 1888.

345 CEARÁ. Presidente (1886-1888: Enéas de Araujo Torreão)Relatorio com que o exm. sr. dr. Enéas de Araujo
Torreão, passou a administração da província do Ceará ao exm. sr. dr. Antonio Eaio da Silva Prado no dia 21 de abril
de 1888. Fortaleza: Typ. Constitucional, 1888. p. 25
115

que Assembleia Provincial: “logo que a província tenha satisfeito seus encargos
principais, deveis auxiliar o Gabinete com uma subvenção anual aplicada
exclusivamente na aquisição de novas obras. É uma instituição digna do auxílio e
proteção dos poderes públicos”346.

MARANHÃO

Em 1867, por ato da presidência da província de 10 de julho de 1866, a Biblioteca


Pública foi entregue à sociedade Instituto Literário Maranhense. O acervo estava em
sofrível estado de conservação com vários livros arruinados e outros inutilizados347.

O relatório de 1869 informava que a Biblioteca continuava entregue à citada sociedade


e funcionando nas salas do convento Nossa Senhora do Carmo348.

MINAS GERAIS

Em 1879, a Biblioteca Pública Ouro Preto foi transferida do local em que funcionava na
diretoria da fazenda para uma sala do palácio do governo provincial. Os livros “estavam
reunidos sem ordem e método, o que, além de diminuir a sua importância, dificultava as
consultas. Este inconveniente, porém, cessou com a nova organização que lhes deram
dois habilitados chefes de seção da secretaria do governo”, segundo registrou o
presidente349.

PARÁ

Em 1889, segundo o diretor da Instrução Pública a Biblioteca Pública do Pará merecia


especial menção do estado. Conforme registrou “uma visita [ao] estabelecimento lança
o desânimo ao espírito interessado pelo bem público em razão do espetáculo que logo se
apresenta a um olhar investigador”. E apontou os principais problemas: pequena

346 GOIÁS. Presidente (1881: Joaquim de Almeida Leite Moraes) Relatório... 3 nov. 1881. p. 68.

347 MARANHÃO. Presidente. (maio 1867- out. 1867:Franklin Américo de Menezes Dória) Relatório com que o
excellentíssimo senhor doutor Franklin A. de Menezes Dória passou a administração desta província ao
excellentissimo senhor doutro Antonio Epaminondas de Melo no dia 28 de outubro de 1867. S. Luiz do Maranhão:
Typ. De B. de Mattos, 1867. p. 18.

348 MARANHÃO. Presidente. (maio 1868- out. 1869: Ambrozio Leitão da Cunha) Relatorio com que o
excellentissimo senhor presidente, desembargador Ambrozio Leitão da Cunha, passou a administração d'esta
provincia ao excellentissimo senhor primeiro vice-presidente, doutor José da Silva Maya no dia 4 de abril de 1869. S.
Luiz do Maranhão, Typ. Commercial de A.P. Ramos de Almeida, 1869. p. 23.

349 MINAS GERAIS. Presidente. (1879: Manoel José Gomes Rebello Horta)Relatórios do Illm. E Exm. Sr. Dr.
Manoel José Gomes Rebello Horta, passando a administração da província, no dia 26 de dezembro de 1879 ao Illm. E
Exm. Sr Cônego Joaquim José de Santanna, 2º vice-presidente, e deste ao Illm. E Exm. Sr. Dr. Graciliano Aristides do
Prado Pimentel a 22 de janeiro de 1880. Ouro Preto: Typ. Da Actualidade, 1880. p. 14
116

frequência: “a biblioteca não é visitada por dez pessoas em cada dia”; baixo conceito na
opinião pública; péssimo estado dos livros; catálogo deficiente; local demasiado úmido;
necessidade de remoção para outro lugar e consignação de verbas regulares para
aquisição de livros novos e assinaturas de jornais e revistas nacionais e estrangeiras350.

PARAÍBA

Os últimos relatórios nos quais a Biblioteca Pública da Paraíba é mencionada nos


últimos relatórios anos aparecem registros da necessidade de recursos para a aquisição
regular de livros e despesas de manutenção, sem a informação de que tais recursos
foram atendidos. “Considero de imprescindível necessidade o fornecimento [de] obras,
o qual já não foi por mim determinado, por ausência de crédito no orçamento vigente”,
Diz o presidente Francisco de Paula Oliveira Borges (1887-1888)351.

PARANÁ

A Biblioteca Pública do Paraná foi reorganizada e inaugurada no dia 25 de março de


1886352. Apresentou frequência animadora, segundo o último relatório a mencionar o
estabelecimento. A função de bibliotecário era exercida “com zelo e inteligência” pelo
amanuense arquivista do tesouro provincial Francisco Barbosa de Andrade Brito353.

PERNAMBUCO

Após a realização de visita à Biblioteca Pública de Pernambuco, em 1888, o presidente,


Joaquim José de Oliveira Andrade (1888-1889), registra que notou asseio e boa ordem”,
“Ressente-se ele da falta de um catálogo, que facilite o conhecimento e procura das
obras existentes; tem trabalho adiantado o diretor, mas não dispõe de meios para sua
publicação”354.

350 PARÁ. Presidente. (1888-1889: Miguel José d'Almeida Pernambuco) Falla com que o exm.o snr. d.r Miguel
José d'Almeida Pernambuco, presidente da provincia, abrio a 2.a sessão da 26.a legislatura da Assembléa Legislativa
Provincial do Pará em 2 de fevereiro de 1889. Pará, Typ. de A.F. da Costa, 1889.

351 PARAÍBA. Presidente (1887-1888: Francisco de Paula Oliveira Borges) Relatorio com que o exm. sr. dr.
Francisco de Paula Oliveira Borges passou a administração da província ao exm. sr. dr. Pedro Francisco Correa de
Oliveira em 9 de agosto de 1888. Parahyba, Typ. d'O Pelicano de J. Seixas, 1889.

352 PARANÁ. Presidente (1885-1886:Alfredo d’Escragnolle Taunay) Exposição com que o S. Ex. Dr. Alfredo
d’Escragnolle Taunay passou a administração da província do Paraná ao Exmº. Snr. Dr. Joaquim de Almeida Faria
Sobrinho 1º vice-oresidente a 3 de maio de 1886. [s.n.t.] p. 84-85.

353 PARANÁ. Presidente (1886-1887: Joaquim d'Almeida Faria Sobrinho) Relatorio apresentado á Assembléa
Legislativa do Paraná no dia 30 de outubro de 1887 [i.e. 1886] pelo presidente da provincia, o exm. snr. dr. Joaquim
d'Almeida Faria Sobrinho. Curytiba: Typ. da Gazeta Paranaense, 1886. p. 89-90.
117

RIO GRANDE DO SUL

Em 1889, foi registrado que a “inexistência de um catálogo para uso do público dificulta
o conhecimento das obras existentes. Não há recursos para impressão do referido
catálogo”, segundo o presidente355.

RIO GRNDE DO NORTE

Em 1886, biblioteca da capital achava-se “em estado de atraso”. Faltavam várias obras.
O presidente determinou “medidas repressivas desse inconveniente”356.

Na sua Fala de 15 de janeiro de 1877 o presidente Antônio Francisco Pereira de


Carvalho registra que “a biblioteca, anexa ao Liceu, desde muito se acha em mau estado
e quase desprovida de livros357.

SANTA CATARINA

O relatório de 1888 registra que a Biblioteca Pública “pouco serviço tem prestado à
causa da instrução, pelo insignificante número de obras que possui, e muitas destas de
pequena importância” “A continuar esta parcimonia, a biblioteca ir desmerecendo cada
vez mais, tornando-se afinal de todo inútil”, entende o presidente. Segundo ele seria da
maior conveniência anexar a biblioteca ao Instituto Literário, como medida tendente a
auxiliar o progresso da instrução pública358.
354 PERNAMBUCO. Presidente ( 1888-1889: Joaquim José de Oliveira Andrade) Falla que à Assembléa Legislativa
Provincial de Pernambuco no dia de sua installação a 15 de setembro de 1888, dirigio o exm. sr. presidente da
provincia, desembargador Joaquim José de Oliveira Andrade. Recife, Typ. de Manoel Figueiroa de Faria & Filhos,
1888. p. 60.

355 RIO GRANDE DO SUL. Presidente (Joaquim Galdino Pimental:1888-1889) Falla que o exm. sr. dr. Joaquim
Galdino Pimental, presidente da provincia, dirigio á Assembléa Legislativa da provincia de S. Pedro do Rio Grande
do Sul, por occasião de ser installada a 1a sessão da 23a legislatura, em 1o de março de 1889. Porto Alegre, Officinas
Typographicas do Conservador, 1889. p. 15.

356 Diretoria Geral da Instrução Pública, 27 de dezembro de 1886. In: RIO GRANDE DO NORTE. Presidente.
(1885-1886: José Moreira Alves da Silva) Relatório com que o Exmo. Sr. Dr. José Moreira Alves da Silva
presidente da provéncia do Rio Grande do Norte passou a administração ao 2º vice-presidente o Exmo. Sr. Dr. Luiz
Carlos Lins Wanderley em 30 de outubro de 1886. p. VI

357 RIO GRANDE DO NORTE. Presidente. (1886-1888: Antonio Francisco Pereira de Carvalho ). Falla lida a
Assembléa Legislativa do Rio Grande do Norte pelo exm. sr. presidente da provincia, dr. Antonio Francisco Pereira
de Carvalho no dia 15 de janeiro de 1887 ao installar-se ella ordinariamente. [Natal] Typ. do "Correio do Natal,"
1888.

358 SANTA CATARINA. Presidente. (1888-1889:Augusto Fausto de Souza) Relatorio com que o exm. sr. coronel
dr. Augusto Fausto de Souza abrio a 1.a sessão da 27.a legislatura da Assembléa Provincial em 1.o de setembro de
1888. Santa Catharina, Typ. do Conservador [n.d.] p. 15-16.
118

SERGIPE

Continua a Biblioteca Pública sem que a seu respeito se possa assinalar um


melhoramento de qualquer espécie”, consta no relatório de 1875. “Abandonada em um
dos ínfimos aposentos do palácio do Governo, erma de leitores e apenas sentindo
quebrar-se-lhe o silêncio sepulcral de sua saleta de leitura a palestra de algum ocioso
que entende ir praticar com o porteiro, era justo, a não querer-se fazer-se o sacrifício de
restabelecê-la cm condições de utilizar ao público, fechá-la ate melhores tempos”,
continua.

A exígua quantia autorizada para compra de obras não é suficiente. “Retirá-la da


humilissima e recôndita habitação que lhe destinaram, e garantir-lhe por uma verha
orçamentaria anual a aquisição de novas obras—tal é o meio de restabelecer
proveitosamente a Biblioteca Pública”, reclama o diretor da Instrução Pública359.

Em 1876 foi proposta a transferência dos livros da biblioteca pública do palacete da


Assembleia Provincial para a secretaria da instrução púbica. “Enquanto a província não
estiver nas condições de possuir uma biblioteca pública enriquecida de livros [...] é
melhor que “seja guardada na secretaria da instrução”, argumenta o diretor geral de
instrução360.

Em 1878, a biblioteca pública que se achava em um dos compartimentos térreos do


palacete da Assembleia Provincial, a cargo do respectivo porteiro, foi transferida para a
secretaria da Diretoria Geral da Instrução Pública, onde ficou sob a guarda do respectivo
chefe361.

359 [Relatório da diretoria geral de instrução] In: SERGIPE. Presidente. (1874-1875: Antonio dos Passos Miranda)
Relatorio com que o exm. snr. dr. Antonio dos Passos Miranda abriu a Assembléa Legislativa Provincial de Sergipe
no dia 1.o de março de 1875. [Aracajú] Typ. do Jornal do Aracajú, 1875.

360 [Relatório da diretoria geral da instrução pública] In: SERGIPE. Presidente (João Ferreira de Araújo Pinho)
Relatorio com que o exm. smr. [sic] presidente, dr. João Ferreira d'Araujo Pinho, abriu a Assembléa Legislativa
Provincial de Sergipe no dia 1.o de março de 1876. [Aracajú] Typ. do Jornal do Aracajú [n.d.] p. 66.

361 Relatório [Diretor geral da instrução pública]In: Sergipe. Presidente.(1877: João Martins Fortes) Relatorio com
que o exm. snr. dr. José Martins Fontes, 1.o vice-presidente, abriu a 1.a sessão da 22.a legislatura da Assembléa
Provincial de Sergipe no dia 1.o de março de 1878. [Aracajú] Typ. do Jornal do Aracajú [n.d.] p. 47.
119

14 CONSIDERAÇÕES FINAIS E INDICAÇÕES DE FUTUROS ESTUDOS

O exame das falas e relatórios dos presidentes das províncias durante o século XIX
constatou a existência de uma rica fonte de informações primárias sobre as bibliotecas
púbicas no país, praticamente desconhecida e pouco explorada, embora o material esteja
digitalizado e disponível para consulta na Internet.

O presente trabalho buscou explorar essa fonte de modo a contribuir para criação de um
instrumento de referência para história das bibliotecas no Brasil e favorecer futuros
estudos.

Considerando a variedade de informações disponíveis nas fontes, impossível de tratar


em um único estudo, alguns aspectos foram escolhidos para consideração no presente
trabalho de modo a oferecer um panorama geral sobre a criação das bibliotecas públicas
e os principais problemas envolvidos. Muitos outros estudos poderão ser feitos e
algumas sugestões são indicadas.

O exame das falas e relatórios disponíveis mostrou que em todas as províncias


brasileiras, durante o século XIX, houve iniciativas das administrações para a criação de
bibliotecas públicas.

A criação desses estabelecimentos fazia parte do discurso corrente na época de


implantar uma civilização no país. Desta forma, as bibliotecas, como instituições
culturais, tronaram-se um dos símbolos do processo civilizatório.

As bibliotecas estavam compreendidas nos programas de instrução pública das


províncias. Eram vistas como estabelecimentos complementares dos programas de
educação primária e secundária que as administrações provinciais tinham sob a sua
responsabilidade por força do Ato Adicional de 12 de agosto de 1834 e demais reformas
do ensino ocorridas no segundo reinado.

Apesar de ligadas aos programas de instrução pública, as bibliotecas estavam a serviço


de uma elite constituída pela população letrada. Note-se que educação no período era
“classista por ser destinada às elites; racista por não ser destinada aos negros, mesmo
aos livres; de gênero, ao ser direcionada à formação dos homens já que a mulher ainda
não tinha conquistado seu espaço no campo político e econômico”362. As bibliotecas
reproduziam as mesmas características da educação quanto ao público atendido. O
regulamento do empréstimo da Biblioteca Pública da Bahia pode exemplificar. Segundo
o segundo o item 1, “os livros da Biblioteca serão franqueados aos funcionários
públicos, civis e militares, sacerdotes, médicos, advogados, comerciantes, proprietários,
artistas conhecidos e em geral a quaisquer pessoas honestas [...]363. Com se vê, em
primeiro lugar estavam bem especificados os representantes da elite, depois vinha o
362 SILVA, Sérgio Almeida da; MAZZUCO, Neiva Gallina. História e políticas de educação no Brasil
império. In: SEMINÁRIO NACINAL ESTADO E POLITICAS SOCIAIS NO BRASIL, 2.,2005,
Cascavel, Pr. Disponível emhttp://cac-
php.unioeste.br/projetos/gpps/midia/seminario2/poster/educacao/pedu15.pdf Acesso em: 5 nov. 2012.
120

resto da população, desde que pessoas honestas, requisito que não foi pedido para os
primeiros.

A análise das informações, no entanto, demonstrou que, na prática, a situação em geral


pela qual as bibliotecas passaram, não correspondeu ao papel que a elas se atribuiu nos
discursos dos presidentes.

A falta de continuidade das ações governamentais prejudicou o desenvolvimento das


bibliotecas. Estavam sujeitas às condições de cada momento das administrações
provinciais, ora favoráveis, ora desfavoráveis. A irregularidade com que o assunto
aparece nos relatórios é um indicador de que as bibliotecas nem sempre estavam
presentes nas agendas administrativas dos governos provinciais. Nos relatórios de
muitas províncias o tema é tratado em um período determinado, depois ou passa a ser
omitido ou reaparecem alguns anos adiante. Essa situação também é reflexo da
instabilidade política na administração das províncias ocasionada pelas constantes
mudanças dos presidentes.

Com relação aos recursos, as bibliotecas estavam sempre de “pires na mão”, esperando
que as Assembleias votassem verbas para sua manutenção, como foi demonstrado. Cabe
considerar que a situação financeira não era favorável. Segundo Chizzotti, as províncias
viviam na penúria, “extorquidas pelas obrigações tributárias, que se somava, por sua
vez, à miséria dos agricultores e à indigência dos artesãos e senhores de pequenos
ofícios, todos alijados da proteção real, curtindo a pobreza de todas as formas, nos
campos e núcleos urbanos”364.

As bibliotecas também sofriam com constantes mudanças de locais, já que não tinham
sedes próprias. Na maior parte dos casos tinham que conviver como outras instituições
para onde se deslocavam: palacetes presidenciais, sedes das Assembleias, igrejas, e
outras repartições. As constantes mudanças causavam prejuízos aos pobres acervos e
afastavam os poucos leitores.

Problemas básicos de funcionamento também eram enfrentados pela biblioteca como o


relato dos problemas relatados, em 1884, pelo bibliotecário da Biblioteca Pública de
Alagoas, Possidônio de Mello Accioly, pode ilustrar:

“nova encadernação de grande número de livros;


aquisição de certas obras e de algumas estantes para
melhor acomodação dos volumes; a substituição das
vidraças das estantes por arames, conseguindo-se deste
modo a penetração constante do ar para conservação dos

363 BAHIA. Presidente (1886-1888: João Capistrano Bandeira de Mello ) Falla com que o illm. e exm. sr.
conselheiro dr. João Capistrano Bandeira de Mello, presidente da provincia, abriu a 2.a sessão da 26.a legislatura da
Assembléa Legislativa Provincial no dia 4 de outubro de 1887. Bahia, Typ. da Gazeta da Bahia, 1887.

364 CHIZZOTTI, Antônio. A constituinte de 1823 e a educação. In: FÁVERO, Osmar. (Org.). A
educação nas constituintes brasileiras: 1823-1988. Campinas,SP: Autores Associados, 2005. p.31.
121

livros; reforma da mobília ou compra de outra, visto como


a existente, além de insuficiente acha-se em mal estado e a
criação dos lugares de porteiro e servente365”.

O estudo levou a compreender que houve muitos esforços para implantar bibliotecas
públicas no Brasil no século XIX que deixaram marcas. O Império legou à República
uma rede de bibliotecas. Os problemas daquela época se refletem nos dias atuais e
muitos permanecem como desafios em pleno século XXI.

INDICAÇÕES PARA FUTUROS ESTUDOS

A amplitude de informações das falas e relatórios províncias sobre as bibliotecas


públicas dão margem as várias outras possibilidade de estudos como:

Contextualização das informações coletas nos relatórios com a história das províncias e
mais amplamente com a história da cultura e da educação no Brasil.

Estudo das leis e regulamentos das bibliotecas de modo a compreender o funcionamento


das mesmas.

Trabalhar as listagens de livros encontrados nos relatórios como subsídio para o estudo
sobre a circulação de ideias e informações no Brasil do século XIX. As listagens
incluídas nos relatórios são:

Lista de livros da Biblioteca Pública do Ouro Preto – 1860

Relação de livros para a Biblioteca Pública do Ceará adquiridos na Europa por Zózimo
Barrozo – 1867

Relação de livros da biblioteca do Liceu da Paraíba - 1853

Relação de livros da Biblioteca Publica de Sergipe - 1865

365 ALAGOAS. Presidente (1883-1884: Henrique de Magalhães Sales)Falla com que o exm snr. presidente, dr.
Henrique de Magalhães Sales, abriu a 1.a sessão da 25.a legislatura da Assembléa Legislativa Provincial das Alagoas
em 17 de abril de 1884. Maceió, Typ. do Diario da Manhan, 1884. p. 13.
122

REFERÊNCIAS

Fontes primárias:

Falas e relatórios dos presidentes das províncias do Brasil conforme especificado na


metodologia.

Fontes secundárias:

ARRUDA, Guilhermina Melo. História e memória da Biblioteca Pública do Amazonas


(1870 a 1910). Manaus: Universidade do Amazonas, 2000. 140 p.; il.; 27 cm.
Dissertação de Mestrado. Disponível em <
http://www.scribd.com/doc/16826748/MELO2000Historia-e-Memoria-da-Biblioteca-
Publica-do-Amazonas-18901910> Acesso em; 22 jun. 2010.

AZEVEDO, Fernando de. A cultura brasileira. 6. ed. Rio de Janeiro: UFRJ; Brasília:
UnB, 1996.

BAEZ, Fernando. Historia universal da destruição dos livros.Rio de Janeiro: Ediouro,


2006

BATTLES, Matthew. A conturbada história das bibliotecas. São Paulo: Planeta, 2003

CARVALHO, Gilberto Vilar de. Biografia da Biblioteca Nacional (1807 a 1990). Rio
de Janeiro: Irradiação Cultural, 1994.

CASTRO, Cesar Augusto; PINHEIRO, Ana Luiza Ferreira. Trajetória da biblioteca


pública no Maranhão Provincial. Revista Digital de Biblioteconomia e Ciencia da
Informação > V. 4, N° 1 (2006). Disponível em: <
http://www.sbu.unicamp.br/seer/ojs/viewarticle.php?id=75> Acesso em: 20. jun.2010.

CHIZZOTTI, Antônio. A constituinte de 1823 e a educação. In: FÁVERO, Osmar.


(Org.). A educação nas constituintes brasileiras: 1823-1988. Campinas,SP: Autores
Associados, 2005.

CUNHA, Maria Couto A descentralização da gestão da educação e a municipalização


do ensino, como temas de estudos recentemente produzidos no Brasil. Disponível em: <
http://www.anped.org.br/reunioes/29ra/trabalhos/trabalho/GT05-2059--Int.pdf>. Acesso
em: 19 jun.2010
123

DAHL, Svend. Historia del libro. Traducción de Alberto Adell. Madrid: Alianza Ed.,
1972. 319 p. il.

DAHL, Svend. Histoire du livre de l´antiqueté a nos jours. Paris: Jules Lamarre, 1933.

DEACEATO, Marisa Midori. O império dos livros: Instituições e práticas de leitura na


São Paulo oitocentista. São Paulo: Eduso: FAPESP, 2011

ELLIS, Myriam. Documentos sobre a primeira biblioteca pública oficial de São Paulio.
Revista de História, São Paulo, n. 30, p. 400-447, 1957

ENTREVISTA com Roger Chartier. Acervo, Rio de Janeiro, v. 8, n.1-2, p. 4, jan./dez.


1995.

FEBVRE, Lucien; MARTIN, Henry-Jean. O aparecimento do livro. Tradução de Fúlvia


M. L. Moretto. São Paulo: UNESP, 1992. 572 p.

FERNÁNDEZ DE ZAMORA, Rosa Maria. La historia de las bibliotecas en México, un


tema olvidado. 60th IFLA General Conference - Conference Proceedings - August 21-
27, 1994. Disponível em http://www.ifla.org/IV/ifla60/60-ferr.htm. Acesso em 19 jun.
2007.

GOMES, Sônia de Conti. Bibliotecas e sociedade na Primeira República. São Paulo:


Pioneira; Brasília, INL, 1983.

GUIMARÃES, Manoel Luis Lima Salgado. Nação e civilização nos trópicos: o


Instituto Histórico Geográfico Brasileiro e o projeto de uma história nacional. Revista
Estudos Históricos, v. 1, n.1, 1988. Disponível em:<
http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/viewArticle/1935>. Acesso em:
24 dez. 2012.

LIMEIRA, Aline de Morais; SCHUELER, Alessandra Frota Martinez de. Ensino


particular e controle estatal: a reforma Couto Ferraz (1854) e a regulação das escolas
privadas na corte imperial. Revista HISTEDBR On-line. Disponível em: <
http://www.histedbr.fae.unicamp.br/revista/edicoes/32/art03_32.pdf >. Acesso em: 12
jul. 2012.

MACHADO, Elton Licério Rodrigues. Os Presidentes de Província e os discursos de


modernidade: um embate entre idéias modernizadoras e cultura tradicional na província
paranaense. Disponívem em:<
http://www.uss.br/arquivos/pdfssimposios2/Elton_Machado_Os_Presidentes_de_Provin
cia_e_os_discursos.pdf>. Acesso em: 10 maio 2012.

MANGUEL, Alberto. A biblioteca à noite. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

MANGUEL, Alberto. Uma história da leitura. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.

McMURTIE, Douglas. O livro. 2. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1965.


124

MORAES, Rubens Borba de. Livros e bibliotecas no Brasil colonial. 2. ed. Brasília:
Briquet de Lemos, 2006.

MOTTA, Rosemary Tofani. Baptista Caetano de Almeida : um mecenas do projeto


civilizatório em São João d’El-Rei no início do século XIX - a biblioteca, a imprensa e a
sociedade literária. Belo Horizonte, UFMG/EB, 2000. 173 p. Dissertação (Mestrado em
Ciência da Informação) Escola de Biblioteconomia da Universidade Federal de Minas
Gerais. Disponível em:<
http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/1843/EARM-
6ZCP6D/1/mestrado___rosemary_tofani_motta.pdf> Acesso em: 17 ago. 2010

PERES, Tirsa Regazzini. Educação brasileiro no império. Disponível em:


<http://www.acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/105/3/01d06t03.pdf>. Acesso
em: 12 jul. 2012.

ROMPATTO, Maurilio. A formação do estado nacional brasileiro. Disponível em: <


http://revistas.unipar.br/akropolis/article/view/1840/1604>. Acesso em: 14. Nov. 2012.

SCAHWARCZ, Lilia Moritz. Formando uma cultura local: a ciência sou eu. In: ___ . As
barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das
Letras, 1998. p. 126.

SILVA, Diana Rocha da. Recomeço de uma história: percurso histórico e a recriação
da Biblioteca Pública do Maranhão na Primeira República . São Luís, 2008.
Monografia de Graduação Curso de Biblioteconomia, Universidade Federal do
Maranhão. Disponível em: http://www.nedhel.ufma.br/introducao.pdf. > Acesso em: 22.
jun. 2010

SILVA, Luiz Antonio Gonçalves da. A institucionalização das atividades de informação


científica e tecnológica no Brasil: o caso do Instituto Brasileiro de Bibliografia e
Documentação (IBBD). Brasília, 1987. Dissertação de Mestrado. Departamento de
Biblioteconomia, Universidade de Brasília.

SILVA, Luiz Antonio Gonçalves da. Estudio histórico comparativo de los programas de
información y documentación de La UNESCO y su impacto em los países de América
Latina. Madrid, 1994. Tese de doutorado. Facultad de Ciencias de la Información.
Universidad Complutense de Madrid.

SILVA, Sérgio Almeida da; MAZZUCO, Neiva Gallina. História e políticas de educação
no Brasil império. In: SEMINÁRIO NACINAL ESTADO E POLITICAS SOCIAIS NO
BRASIL, 2.,2005, Cascavel, Pr. Disponível emhttp://cac-
php.unioeste.br/projetos/gpps/midia/seminario2/poster/educacao/pedu15.pdf Acesso
em: 5 nov. 2012.

SOUZA, Iara Lis Carvalho. A adesão das Câmaras e a figura do Imperador. Rev. bras.
Hist., São Paulo, v. 18, n. 36, 1998 . Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
01881998000200015&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 16 jun. 2010. HANDELMANN,
Gottfried Heinrich. A organização do Estado e seus órgãos na monarquia brasileira.
125

Disponível em: < http://www.consciencia.org/a-organizacao-do-estado-e-seus-orgaos-


na-monarquia-brasileira. Acesso em: 11 set. 2012

SUAIDEN, Emir J. Biblioteca pública brasileira: desempenho e perspectivas. São


Paulo: Lisa; Brasília, INL, 1980. p. 7-8.

SUAIDEN, Emir José. A biblioteca pública no contexto da sociedade da informação.


Ci. Inf., Brasília, v. 29, n. 2, aug. 2000 . Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
19652000000200007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: jul. 2010

VARRY, Dominique. L'histoire des bibliothèques en France. Disponível em:


<http://bbf.enssib.fr/consulter/bbf-2005-02-0016-003>Acesso em 18 nov. 2009.

VILLALTA, Luiz Carlos. A história do livro e da leitura no Brasil colonial: balanço


historiográfico e proposição de uma pesquisa sobre o Romance. Disponível em:<
http://www.caminhosdoromance.iel.unicamp.br/estudos/ensaios/livroeleitura.pdf>.
Acesso em: 16.ago.2010

Você também pode gostar