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Foto: Fonte: ASCOOPER, 2016.

PRV Como Base Tecnológica para


Produção de Leite Agroecológica
Sumário

Prefácio.......................................................................................................... 3
Apresentação............................................................................................... 4
Passo a passo para a implantação da PRV como Base Tecnológica
para Produção de Leite Agroecológica
1º Passo: Levantamento de dados do campo ......................... 5
2º Passo: Elaboração do projeto técnico.................................... 6
3º Passo: Implantação do sistema.............................................10
4º Passo: Manejo do Sistema......................................................11
Expediente..................................................................................................17
Anotações....................................................................................................18

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Prefácio

O conceito de tecnologia social (TS) A Fundação Banco do Brasil, ao longo do Brasil fomenta a produção de
de seus 30 anos, prioriza em sua manuais de tecnologias sociais, com
abrange metodologias, técnicas ou atuação a conquista de autonomia por informações detalhadas e guias
produtos desenvolvidos em interação aqueles brasileiros que mais precisam. “passo-a-passo” para que cada vez
com a comunidade em busca de Nosso maior objetivo é promover mais pessoas que estejam enfrentando
a sustentabilidade econômica e problemas sociais semelhantes possam
efetivas soluções para problemas ambiental, respeitando a vocação e os iniciar a transformação social de
sociais ali existentes. As tecnologias saberes locais. suas comunidades com base nessas
sociais podem ser reaplicadas em Reconhecemos as tecnologias sociais
experiências de sucesso. O objetivo
é, então, promover em larga escala o
diversas localidades, respeitando as desenvolvidas em interação com as
desenvolvimento local sustentável
diferenças culturais. comunidades como ferramentas para o
por meio da reaplicação de
desenvolvimento sustentável e para a
tecnologias sociais.
promoção da inclusão socioprodutiva.
É um conceito inovador de Elas estão focadas na resolução Este material faz parte disso e
de problemas como de educação, foi construído em parceria com
desenvolvimento, pois considera preservação do meio ambiente, a Associação das Cooperativas e
a participação coletiva desde geração de renda, manutenção de Associações de Produtores Rurais
o processo de organização, recursos hídricos, entre outros. do Oeste Catarinense – Ascooper. O
Essas ferramentas precisam ser Manual PRV Como Base Tecnológica
desenvolvimento, implementação e apropriadas pela comunidade, gerando para Produção de Leite Agroecológica
disseminação. transformação social. fica disponível no Banco de Tecnologias
Sociais, base de dados on-line
Para captar as diversas tecnologias
acessível pelo site www.fbb.org.br/
sociais desenvolvidas no Brasil, desde
tecnologiasocial e pelo aplicativo de
2001, realizamos a cada dois anos
celular “BTS FBB”.
o Prêmio Fundação Banco do Brasil
de Tecnologia Social. O Prêmio é um Lembrando que, de acordo com o
instrumento de identificação, seleção, próprio conceito, a tecnologia social
certificação, promoção e fomento de não se esgota aqui. A adaptação de
tecnologias sociais que apresentem modelos e processos que melhor se
respostas efetivas para diferentes adequem à realidade local onde a
demandas sociais. tecnologia social será implementada
faz parte da construção de uma solução
Quando certificada por meio do
mais efetiva.
Prêmio, aquela iniciativa recebe o selo
de Certificação de Tecnologia Social, Você, gestor público, movimento
uma forma de demonstrar que a ação social, líder comunitário e cidadão: seja
desenvolvida conseguiu promover também um agente de transformação
resultados relevantes na comunidade social da sua comunidade. Vamos
onde está inserida e que pode ser juntos, construir um Brasil melhor.
reaplicada em outros territórios por
Boa leitura!
outras entidades.
Como forma de incentivo à reaplicação
dessas iniciativas, a Fundação Banco

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Apresentação

A atividade leiteira passou de uma mais de 15 anos na região do Oeste na Prestação de Serviços Agropecuários foi desenvolvido o modelo Pastoreio
atividade de subsistência para a Catarinense, sendo portanto, uma e Ambientais, a mesma foi instituída Racional Voisin – PRV, pelo pesquisador
principal fonte de renda de inúmeros prática viável econômica, cultural, no município de São Ludgero (SC) em francês André Voisin.
agropecuaristas familiares. Com esta social e ambientalmente. 13 de outubro de 1996, por um grupo
O PRV é um sistema intensivo de
mudança surgem novos sistemas de Técnicos Agrícolas ligados a ATASC
Nesse sentido, em 2002 foi constituída manejo de pastagem que preconiza a
produtivos, legislações específicas e - Associação dos Técnicos Agrícolas
a Associação das Cooperativas e divisão da área de pasto em
inúmeras plantas industriais que se de Santa Catarina. Hoje, sua sede
Associação dos Produtores Rurais do várias parcelas e procura
instalam nessas regiões, ocasionando encontra-se na cidade de Camboriú
Oeste Catarinense - Ascooper, que manter um equilíbrio na
desafios e entraves para os produtores (SC) e tem como compromisso prestar
passou a articular as cooperativas em relação solo-planta-animal.
se manterem na atividade. Os serviços técnicos agrícolas com
rede e tem investido neste setor com
sistemas produtivos convencionais, responsabilidade social, econômica São pressupostos do PRV:
intuito de produzir leite agroecológico
conjuntamente com as imposições e ambiental para o crescimento da
prestando assistência técnica e • O Sol como a base energética;
das indústrias lácteas para aumento sociedade. Sua missão é buscar o
implementação do PRV Como
do volume de leite, têm ocasionado crescimento social e econômico dos • O esterco e a urina dos animais são
Base Tecnológica para Produção de
o aumento do custo e a exclusão de cooperados por meio da prestação a base da fertilidade do solo;
Leite Agroecológica.
muitas famílias, obrigando-os a de serviços, colaborando com a
deixar o campo. melhoria da qualidade de vida dos seus • O bovino como reciclador /
A Ascooper é uma organização sem fins
associados e consequentemente das transformador.
lucrativos, cujo objetivo é estimular o
Este contexto obriga-os a se
desenvolvimento da cadeia produtiva comunidades por eles atendidas. Para a implantação dessa tecnologia,
reorganizarem e criarem sistemas
do leite de forma organizada, na levou-se em conta o livro de Luis Carlos
cooperativos e associativos para a A discussão sobre sustentabilidade nos
agricultura familiar da região Oeste do Pinheiro Machado “Pastoreio Racional
produção leiteira, com intuito de sistemas de produção agropecuários
Estado de Santa Catarina. É formada Voisin” como norteador, que foi o
fortalecer e encontrar formas de vem aumentando a cada dia, da mesma
por cooperativas de produtores de leite dicionário da tecnologia.
permanecer na atividade. forma como a discussão em torno do
que prezam pelo fortalecimento dos
nosso planeta que se encontra diante
A produção agroecológica de leite é um agricultores menos capitalizados.
de tantos problemas ambientais.
sistema que está sendo trabalhado por
Uma importante parceira da Ascooper
ONG´s, cooperativas e associações há Visando proporcionar um sistema não
é a Unitagri – Cooperativa de Trabalho
convencional e uma alternativa viável,

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Passo a passo para implantação da PRV Como Base
Tecnológica para Produção de Leite Agroecológica

1.1. Inventário das pastagens


1º Passo
• Tamanho das áreas de pastagem;
Levantamento de • Total de áreas de Coleta de dados.
Fonte: ASCOOPER, 2016.
pastagem anual;
dados do campo
• Total de áreas de
pastagem perene;
• Total de área a ser dividida com
cercas elétricas;
• Total de água consumida;
• Total de água consumida na
atividade leiteira;
• Forma de captação de água;
• Distância do local de
captação até a área de
pastagem a ser dividida;
1.2. Categorização dos animais
• Total de vacas do plantel;
• Total de vacas lactantes;
• Total de vacas (ampliação);
• Novilhas mais de um ano;
• Novilhas menos de um ano;
• Novilhos mais de um ano;
• Novilhos menos de um ano;
• Reprodutores;
1.3. Levantamento topográfico
• Latitude;
• Longitude;
• Altitude;
• Clima;
• Precipitação;
• Tipo de solo.

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Passo a passo para implantação da PRV Como Base
Tecnológica para Produção de Leite Agroecológica

Com o programa Trackmaker 2.1.1. Número de Parcelas: solo. Então, é importante que cada
2º Passo e/ou AutoCAD elaborar o desenho propriedade identifique o período de
N de parcelas = TR/TO + N lotes.
técnico das áreas de pastagem a repouso para seus pastos.
Elaboração do serem divididas; TR: Tempo de Repouso da parcela
TO: Tempo de Ocupação é o período
(pode variar de 18 a 120 dias de acordo
projeto técnico 2.1. Dimensionar os piquetes conforme
com o período de maior escassez de
que os animais permanecem na
orientação técnica; parcela. Não é interessante que fiquem
alimento), para pastagem atingir ponto
na mesma parcela por mais de dois
No sistema Voisin é utilizada uma ótimo para pastoreio.
dias, pois irão comer o rebrote (será
fórmula para calcular o número mínimo
O período de repouso entre dois melhor explicado a seguir).
de piquetes, na qual se divide o tempo
cortes varia de acordo com cada
de repouso da parcela pelo tempo de
espécie vegetal, com o clima, com
ocupação, e a esse resultado soma-se
a temperatura, com a umidade e
o número de lotes de animais. Quanto
até mesmo com a fertilidade do
maior o número de parcelas, melhor.

Desenho técnico de um PRV.


Fonte: ASCOOPER, 2016. EXEMPLO:
Tempo Repouso para Tifton, Observações:
em torno de 32 dias (nosso exemplo).
1. Observando que cada
parcela deve obedecer a um
Tempo de Ocupação meio período tamanho mínimo de uma
2 lotes: unidade animal (UGM) para
cada 50m² por dia.
1° Lote desnate:
2. Levar em consideração
Vacas reprodução o tipo de pastagem
2° Lote repasse: utilizada e o estado que a
mesma se encontra.
Vacas secas e novilhas
3.O cálculo deve ser feito de
Número de parcelas: acordo com o período de
32/ 0,5 +2 = 66 parcelas maior escassez de alimento.

Nesta etapa dimensionam-se os


piquetes, os corredores e as porteiras.
Calcula-se a quantidade e tamanho
dos palanques, quantidade e tipo de
arame, quantidade e tipo de isoladores,
tamanho e potência do eletrificador.

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Passo a passo para implantação da PRV Como Base
Tecnológica para Produção de Leite Agroecológica

2.1.2. Tamanho das Parcelas: • Situação do Terreno; utilizar o isolador do tipo “castanha”
2º Passo para os cantos das cercas, e do tipo
Quanto menor a parcela, melhor. • Distância entre
“W” para as cercas internas, onde o
Elaboração do É sugerido que as parcelas tenham
o mesmo tamanho ou o mínimo
eletrificador pastagens;
fio eletrificado irá passar. Quanto ao
• Corredores; eletrificador, é necessário consultar o
projeto técnico de variação. O quadrado é a forma
fabricante para atender a demanda
geométrica ideal para as parcelas, pois Os corredores, para o melhor manejo
do projeto, ou seja, dependendo do
possui a mesma área de quatro lados, é dos animais, devem ser feitos
tamanho da cerca deve ser adquirido o
a figura com menor perímetro e assim perimetral a área da pastagem, tendo
eletrificador com tal potência (distância
menor custo das cercas. acesso a todas as parcelas. Cada
das cercas, voltagem necessária),
parcela precisa ter porteiras móveis
Com as informações, inventário das sempre com para-raios.
com tamanhos iguais ao corredor.
pastagens, categorização dos animais
Tanto a construção quanto a
e levantamento topográfico, poderá Os isoladores são essenciais para
manutenção da cerca eletrificada
calcular o tamanho das parcelas. a condutividade da voltagem do
exige uma série de cuidados,
eletrificador, que podem ser de
Para dimensionar a quantidade e o tipo a fim de expressar a sua
porcelana ou de plástico, sendo que no
de arame (recomenda-se o uso de cerca economicidade com eficiência.
mercado existem várias alternativas. Na
eletrificada devido ao custo menor) é
região do projeto original, costuma-se
preciso observar alguns fatores:

EXEMPLO:
Cerca elétrica com isolador do tipo castanha nos
Seguindo exemplo acima: palanques de canto. Demonstração de cerca elétrica e porteira. Corredores do sistema PRV.
Fonte: ASCOOPER, 2016 Fonte: ASCOOPER, 2016 Fonte: ASCOOPER, 2016
5 ha de tifton, com 15 UGM
(Unidade de Gado Maior,
equivalente a um bovino
de 500 kg)
Temos 50000 m² de Tifton
15 UGM x 50 m² por dia =
750 m² por piquete
50000/750 =
66,66 piquete

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Passo a passo para implantação da PRV Como Base
Tecnológica para Produção de Leite Agroecológica

Corredores: Devem ser de no mínimo A água à disposição dos animais (foto abaixo), com boia acoplada
2º Passo quatro metros de largura, do mesmo sempre é uma condição imprescindível para economia d’água. A mangueira
tamanho as porteiras se forem de à implantação do PRV. conectada ao bebedouro deve ser
Elaboração do “abrir e fechar”.
Define-se o tipo e quantidade de
flexível e ter tamanho suficiente para
ser usada nas quatro parcelas.
projeto técnico Hidráulicas: Faz-se a localização da bebedouros e a quantidade de
hidráulica e os pontos de água onde mangueira necessária, conforme Levando em consideração que o
serão colocados os bebedouros. a quantidade de água que será projeto permite ter um bebedouro para
utilizada. Da mesma forma, define-se quatro parcelas e usando o exemplo
Para cada parcela o animal deve
a quantidade e tamanhos das mangas, acima de 66 parcelas, serão necessários
ter acesso a um ponto de água,
tubos e conexões necessárias. 15 a 16 bebedouros. Ou ainda, o
preferencialmente dentro da parcela.
produtor tem a opção de utilizar um
Com esta orientação, distribuem-se os O tipo de bebedouro normalmente
único bebedouro tendo então que levá-
pontos de água, onde cada ponto pode utilizado é redondo com
lo para as demais parcelas.
ser usado em quatro parcelas. aproximadamente 60 cm de altura

Depósito de água, ponto mais alto para


Atividade para demonstração dos bebedouros. distribuição aos bebedouros nos piquetes.
Fonte: ASCOOPER, 2016 Fonte: ASCOOPER, 2016

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Passo a passo para implantação da PRV Como Base
Tecnológica para Produção de Leite Agroecológica

Sombra: Define-se a localização de alimento para o gado (depois de estiver bem corrigido, a tifton 85,
2º Passo onde serão plantadas as árvores adultas e estabelecidas) e árvores entre outras.
de sombra. Elencam-se os tipos e nativas da região, de preferência
Elaboração do quantidades de árvores de sombra, leguminosas que ajudam a introduzir
Para o inverno, é importante semear
a aveia e o azevém, fazendo assim a
conforme determina o sistema nitrogênio no solo, através da simbiose
projeto técnico utilizado, sendo: fileiras, bosques com bactérias do gênero Rhizobium.
sobressemeaduras da pastagem. Isso
irá proporcionar que nos meses frios
ou aleatórias, conforme as espécies
Um bom PRV deve ter sombreamento do ano, onde as pastagens perenes
(nativas, exóticas, frutíferas ou mistas).
abundante e de qualidade em são mais lentas no desenvolvimento,
A localização das árvores de sombra todos os piquetes. essas pastagens se destaquem dando
depende muito do gosto do agricultor, continuidade ao manejo do sistema.
Em caso da necessidade de
sendo sempre recomendado o uso de
implantação de pastagem, elencam-se Além disso, podemos estabelecer
espécies variadas, ou seja, algumas
os tipos de pastagens mais adequadas capim elefante como forrageira suporte
caducas, outras não, para que nos
para o determinado local, levando-se para o verão e cana-de-açúcar para
períodos de inverno não haja tanto
em consideração, principalmente, o o inverno. Como leguminosas, temos
sombreamento das pastagens o que
tipo de solo. vários tipos de pega-pega ou carrapicho
pode provocar a morte do pasto.
(Desmodium) e é possível introduzir
Outro ponto a ser levado em O ideal é sempre misturar gramíneas
trevo branco, vermelho e vesiculoso,
consideração é o objetivo do uso das com leguminosas, que são ricas em
cornichão, ervilhaca, crotalária e
árvores, que pode ser para lenha, proteínas. Para cada região, existem
também o amendoim forrageiro as
extração de mel, frutíferas, ou ainda, boas gramíneas adaptadas como a
quais são excelentes forrageiras, com
de crescimento rápido ou não. missioneira gigante, a hemarthria,
alto valor biológico e proteico, alta
a estrela africana (roxa ou verde) o
Outra dica importante é usar árvores digestibilidade e palatabilidade.
quicuio, as brachiarias e, se o solo
que podem ser utilizadas como

Sombra de eucaliptos em fileira com


menos de 1 ano. Sombra de eucalipto em fileiras.
Fonte: ASCOOPER, 2016 Fonte: ASCOOPER, 2016

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Passo a passo para implantação da PRV Como Base
Tecnológica para Produção de Leite Agroecológica

3.1. PIQUETES: 3.4. HIDRÁULICA: 3.5. ARVORES DE SOMBRA:


3º Passo
Para o campo, deve-se fazer a medida Realiza-se o traçado por onde Em seguida, pode-se realizar o
Implantação dos piquetes conforme determinado
pelo cálculo e pelo desenho técnico,
irão passar os canos ou mangas a
serem enterradas.
plantio das mudas de árvores de
sombra. As mesmas devem ser
do sistema utilizando-se de uma trena e estacas
Fazer as linhas mestras de transmissão
protegidas (podendo-se utilizar um
que servirão de apoio para a marcação. fio eletrificado) para que não sejam
de água sob o fio central dos piquetes,
comidas pelas vacas.
3.2. ARAME ELETRIFICADO: deixando um “T” com registro para cada
quatro piquetes. Caso a pastagem já possua
Após os pontos demarcados faz-se
árvores, não há necessidade de
a fixação dos palanques e espicha-se Todos os piquetes devem possuir água,
removê-las, permanecendo na parcela
o arame por onde irá passar a sendo que a mesma deve ser levada
para disponibilizar sombra de imediato
corrente elétrica. ao animal e não o animal ir à procura
aos animais e pastagens.
dela, pois isso resulta em diminuição de
3.3. PORTEIRAS:
gasto de energia.
Nesse momento fazem-se as
Estudos comprovam que os animais
porteiras que podem ser elevadas
preferem bebedouros redondos, com
com fio contínuo, ou podem ser
média de 60 cm de altura. Devem estar
de “abrir e fechar”, a depender da
localizados nos piquetes e na entrada e
opção do agricultor.
saída da sala de ordenha.
DICA
Uma dica importante é
medir a vazão que dá Bebedouro com boia acoplada
na “linha mestra” de Fonte: ASCOOPER, 2016
fornecimento de água.
Para um rebanho de até
40 vacas de 500 kg, uma
linha mestra de mangueira
de ¾ de polegada é
suficiente para um bom
fornecimento de água.

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Passo a passo para implantação da PRV Como Base
Tecnológica para Produção de Leite Agroecológica

Para que o manejo funcione O tempo ótimo de repouso é variável crescimento se dá graças às reservas
4º Passo corretamente, algumas regras devem de acordo com: espécie vegetal, que estão acumuladas nas raízes. Se o
ser rigorosamente seguidas, são as Leis estação do ano, condições climáticas, tempo de ocupação for de mais de um
Manejo Universais do Sistema Racional Voisin: fertilidade do solo e demais fatores, dia, é possível que o gado coma esse
dependendo da região. rebrote, o que faz com que se esgotem
do Sistema 1ª Lei do repouso:
as reservas da planta e descumpra a
2ª Lei da ocupação:
Para que um pasto cortado pelo dente primeira lei do PRV. É com períodos
do animal possa dar a sua máxima O tempo global de ocupação de uma curtos de ocupação que fazemos com
produtividade, é necessário que entre parcela deve ser curto o suficiente que o gado não coma o rebrote.
dois cortes consecutivos tenha passado para que um pasto cortado a dente
“Esse é o primeiro passo para
um tempo que permita ao pasto: no primeiro dia, não seja cortado
a degradação da pastagem”.
novamente antes que estes deixem a
a. Armazenar em suas raízes Sistemas manejados em PRV: é
parcela pastoreada.
reservas necessárias para início possível dobrar ou até triplicar a
de um rebrote vigoroso; Na Região Oeste Catarinense, nos carga animal sem a necessidade
períodos quentes (primavera e verão) de suplementação com ração de
b. Realizar sua “labareda de
o pasto tem condições ideais de calor 4 a 6 UGM/ha.
crescimento” ou, grande
e umidade que proporcionam rápido
produção diária de massa verde.
crescimento após serem pastoreados.
Isso quer dizer que o pasto
Por exemplo, o capim elefante ou
precisa estar em ponto ótimo
mesmo a estrela africana, um dia após
para ser pastoreado
o corte a dente por um animal, podem
(Machado, 2004).
crescer de três a cinco centímetros. Este

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Passo a passo para implantação da PRV Como Base
Tecnológica para Produção de Leite Agroecológica

3ª Leis dos Rendimentos Máximos: Se os animais de maior exigência produtividade por área e,
4º Passo nutricional, como as vacas em lactação, ainda possibilita alto desempenho
É necessário ajudar os animais de
consumirem somente o estrato individual do grupo desnate. Esse
Manejo exigências alimentícias mais elevadas
para que possam colher a maior
superior da pastagem, obterão um manejo só é possível se houver água
máximo consumo de alimento, com em todos os piquetes.
do Sistema quantidade de pasto e que esse seja da
máxima qualidade. Os animais de
melhor qualidade possível. Desnate 1° lote – Animais de
menor requerimento nutricional podem
maior exigência nutricional.
As vacas gostam das folhas mais pastar o estrato inferior da pastagem.
novas, que são de fácil digestão e Esse manejo, chamado “desnate” Repasse 2° lote – Animais de
apresentam maior valor nutricional. e “repasse”, permite maximizar a menor exigência nutricional.
E não gostam dos talos que são produção, já que está aliado a uma
fibrosos e de menor qualidade. alta carga animal, que resulta em alta

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Passo a passo para implantação da PRV Como Base
Tecnológica para Produção de Leite Agroecológica

4ª Lei dos Rendimentos Regulares parcela. Nessa nova parcela o Esse manejo é denominado “a arte de
4º Passo ganho inicial será maior, saber saltar”, sendo um dos pilares do
Um animal alcança o máximo
diminuindo logo depois. manejo de PRV. Neste sentido, nunca
Manejo desempenho no primeiro dia de
pastoreio e os rendimentos vão “A ARTE DE SABER SALTAR”:
haverá uma ordem pré-determinada
a ser seguida quanto à escolha do
do Sistema diminuindo na medida em que o tempo
O uso dos potreiros não está de piquete, sem considerar o estado
de permanência na parcela aumenta,
nenhuma forma, relacionada à sua fenológico da planta.
pois o animal vai pastoreando mais a
localização, mas sempre ao ponto
fundo, colhendo menor quantidade de Se os piquetes têm a mesma aparência,
ótimo de repouso. Assim, o próximo
pasto e com menor valor nutritivo. o projeto está sendo mal manejado; se
piquete a ser utilizado não é aquele
apresenta coloração irregular, uns mais
Cada vez que o gado entra em uma próximo ao piquete em uso, mas o que
claros, outros mais escuros (“efeito
nova parcela o ganho será maior no apresentar o pasto em ponto ótimo de
xadrez”), então o projeto está sendo
primeiro dia de ocupação, diminuindo repouso, mesmo que este esteja a uma
bem manejado.
nos dias subsequentes até trocar de grande distância.

Efeito xadrez na pastagem. Efeito xadrez na pastagem.


Fonte: ASCOOPER, 2016. Fonte: ASCOOPER, 2016.

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Passo a passo para implantação da PRV Como Base
Tecnológica para Produção de Leite Agroecológica

Solo: um ambiente adequado para o Para que o sistema tenha um bom


4º Passo desenvolvimento da vida devido a uma funcionamento, há a necessidade de
A combinação desses fatores resulta
boa estruturação física e química. um sistema hidráulico onde é fornecida
Manejo em benefícios para o solo pela
deposição de esterco e urina. Este Água:
água suficiente para os animais
beberem quando sentirem sede.
do Sistema fator aumenta a matéria orgânica
Para produzir 1 litro de leite é
ocasionando aparecimento de Sombra:
necessário que o animal beba
inúmeros insetos benéficos que
de 4 a 5 litros de água, além da água As árvores de sombra são outro fator
incorporam o esterco ao solo,
para sua manutenção. determinante, pois protegem os
melhorando a estrutura do mesmo e
animais do sol forte, ventos frios e
aumentando a fertilidade. Portanto, Se uma vaca de 500 kg
chuvas, gerando bem estar.
não há necessidade de uso de produz 10 litros de leite por dia,
insumos externos. Com isso, não é ela beberá, em média, 130 litros
preciso revolver o solo, propiciando de água diariamente.

Excrementos deixados na pastagem


Orifício deixado pelo besouro “rola bosta”. fonte de fertilização do solo. Bebedouro utilizado para mais de uma parcela.
Fonte: ASCOOPER, 2016 Fonte: ASCOOPER, 2016 Fonte: ASCOOPER, 2016

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Passo a passo para implantação da PRV Como Base
Tecnológica para Produção de Leite Agroecológica

O PRV como base para a produção • Em relação à sanidade animal, a “O período de carência desses
4º Passo orgânica / agroecológica de leite IN 46/2011 considera que para produtos deverá ser duas
obtenção da saúde do animal vezes o período de carência
Manejo Mão de obra:
deve-se utilizar o princípio estipulado na bula do produto
Após o sistema implantado ocorre da prevenção, ou seja, o uso e, em qualquer caso, ser no
do Sistema uma diminuição significativa da de práticas que promovam mínimo 96 horas.” (IN 46/2011,
necessidade de mão-de-obra, tanto as defesas imunológicas dos Art. 63).
nas pastagens que não precisam ser animais através da alimentação
• Portanto, o leite da vaca que
plantadas anualmente, quanto para o adequada, exercícios regulares,
está em tratamento não
manejo dos animais, pois os piquetes acesso a pastagens; de
deve ser utilizado.
são projetados com os corredores que preferência que seja em sistema
facilitam a condução do rebanho. rotativo, o que auxilia no
controle de parasitoses.
Sanidade:
• Animais que correm riscos
Além da alimentação à base de pasto, a
de morte devem ser tratados
sanidade dos animais é constituída de
com medicamentos alopáticos
terapêuticas à base de homeopatia e
seguindo as seguintes regras:
fitoterapia, obedecendo às normas da
legislação orgânica 10.831/2003.

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Passo a passo para implantação da PRV Como Base
Tecnológica para Produção de Leite Agroecológica

• Cada animal poderá ser tratado à data de aplicação, período não orgânica (com uso de insumos
4º Passo com medicamentos não de tratamento, identificação sintéticos prejudiciais à saúde e/ou
permitidos por no máximo duas do animal e princípio ativo do meio ambiente) devem estar protegidas
Manejo vezes no período de um ano. produto” (IN 46/2011, Art. 61). com quebra ventos, o suficiente para
Durante o período de tratamento, minimizar qualquer ocorrência.
do Sistema o animal deve ser identificado
• O manejo dos animais é feito de
forma calma, sem gritos, tapas ou Dentro da própria unidade de produção
e alojado em ambiente isolado.
empurrões de forma a garantir a devem-se ter esses cuidados quanto a
E em caso de necessidade de
tranquilidade dos animais. existência de produção parcial da área
utilizar mais vezes que o período
em período de conversão.
estipulado, o animal deverá ser Insumos:
retirado do sistema orgânico. O conjunto dessas ações onde
Os produtos de limpeza das estruturas
os animais convivem ao ar livre é
• É obrigatório o registro em e equipamentos seguem as normas
fundamental para que se obtenha um
livro específico de toda a legais vigentes.
leite de qualidade, pois o PRV é um
terapêutica utilizada nos
Para diminuição da ocorrência de sistema equilibrado que ao mesmo
animais, este livro deve
riscos de contaminação, a legislação tempo favorece o solo, as plantas,
permanecer na unidade
orgânica exige que as áreas que fazem os animais e o homem, garantindo a
produtiva, e “deve conter no
divisas com produção agropecuária sustentabilidade, com baixo custo e
mínimo informações quanto
melhorando o meio ambiente.

Conforto térmico para as vacas através da


sombra das árvores da pastagem.
Fonte: ASCOOPER, 2016

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Expediente

FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL DIREÇÃO DA ASSOCIAÇÃO ASCOOPER


PRESIDENTE GERENTE DE COMUNICAÇÃO PRESIDENTE
Asclepius Ramatiz Lopes Soares Emerson Flávio Moura Weiber Marcio Triches
DIRETOR EXECUTIVO DE GERENTE DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO VICE-PRESIDENTE
DESENVOLVIMENTO SOCIAL Fábio Marcelo Depiné Amarildo Marin
Rogério Bressan Biruel
GERENTE DE IMPLEMENTAÇÃO DE TESOUREIRO
DIRETOR EXECUTIVO DE GESTÃO DE PROGRAMAS E PROJETOS Gilmar Ferronato
PESSOAS, CONTROLADORIA E LOGÍSTICA Fernando Luiz da Rocha Lima Vellozo
Valter Coelho de Sá SECRETÁRIO
GERENTE DE ASSESSORAMENTO TÉCNICO Olavo José Ghedini
SECRETÁRIO EXECUTIVO Geovane Martins Ferreira
Allan Lopes Santos
GERENTE DE PARCERIAS ESTRATÉGICAS E TÉCNICOS VINCULADOS AO
GERENTE DE AUTORIZAÇÃO DE PAGAMENTOS MODELAGEM DE PROGRAMAS E PROJETOS PROJETO ATER UNITAGRI/MDA:
Alirio Pereira Filho João Bezerra Rodrigues Júnior
COORDENADOR PROJETO
GERENTE DE ASSESSORAMENTO GERENTE DE MONITORAMENTO ENGENHEIRO AGRÔNOMO
ESTRATÉGICO E TECNOLOGIAS SOCIAIS E AVALIAÇÃO Réges Chimello
Ana Carolina Barchesi Patricia Lustosa Borges de Lima Vieira
ENGENHEIRA AGRÔNOMO
GERENTE DE PESSOAS E INFRAESTRUTURA GERENTE DE FINANÇAS E CONTROLADORIA MESTRE EM AGROECOSSISTEMAS
André Grangeiro Botelho Rodrigo Octavio Lopes Neves Edilza Frison
GERENTE DE ANÁLISE DE PROJETOS fbb.org.br ENGENHEIRO AGRÔNOMO
Claudia Marcia Pereira @FundacaoBB MESTRE EM AGROECOSSISTEMAS
Facebook.com/FundacaoBB Marcio Triches
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BACHAREL EM DESENVOLVIMENTO RURAL
SUSTENTÁVEL E AGROECOLOGIA
Juliano Collet

REVISÃO TÉCNICA responsabilidade da Fundação Banco do


Fabrício Erick de Araújo Brasil e da Associação ASCOOPER. Ele pode
Marco Aurélio Cirilo Lemos ser utilizado livremente, desde que sem fins
lucrativos e citando a fonte.
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO
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PROJETO GRÁFICO
Desenar
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