• Em 1543, o reformador de Estrasburgo, Martin Bucer, pediu a João Calvino para escrever uma defesa da Reforma, para apresentar ao imperador Carlos V na dieta imperial definida para se encontrar em Espira, em 1544. Bucer sabia que o imperador católico romano estava cercado por conselheiros que estavam difamando os esforços para a reforma na igreja, e ele cria que Calvino era o ministro mais capaz para defender a causa protestante. • Calvino aceitou o desafio e escreveu uma das suas melhores obras: “A Necessidade de Reformar a Igreja”. Esse tratado substancial não convenceu o imperador, mas chegou a ser considerado por muitos como a melhor apresentação da causa reformada já escrita. • Calvino tem em vista quatro grandes áreas da vida da igreja que precisavam de reforma. Essas áreas formam o que ele chama de alma e corpo da igreja:
A alma da Igreja O Corpo da Igreja
Adoraçã o pura e legitima a Uso dos Sacramentos
Deus Governo Salvaçã o dos homens
MAS HÁ MESMO UMA NECESSIDADE DE UMA NOVA REFORMA EM NOSSOS
DIAS? POR QUÊ? Porque um dos lemas importantes da Reforma foi: Ecclesia reformata et semper reformanda • Estudiosos tem identificado a origem da expressão (Ecclesia reformata et semper reformanda) com “...o ministro reformado holandês Jodocus van Lodenstein (1620-77); A frase completa ecclesia reformata, semper reformanda secundum verbum Dei (a igreja reformada, sempre se reformando segundo a Palavra de Deus) é uma criação pós-Segunda Guerra Mundial. É NECESSÁRIO ENTENDER O QUE ESSE IMPORTANTE LEMA DA REFORMA QUER DIZER • Durante a história a expressão foi muito mal interpretada; em 1967, a Igreja Presbiteriana Unida nos EUA rejeitou o entendimento histórico, cristão e reformado de que a Escritura é a Palavra de Deus inerrante (não erra) e infalível (não pode errar). Ironicamente, sob o mal-entendido moderno da frase a igreja reformada, sempre se reformando, a denominação afastou-se da visão reformada e adotou uma visão ensinada pelo anabatista radical Thomas Muntzer (1489-1525), a qual os reformadores conheceram e rejeitaram. • A vida de nenhuma igreja é sempre estática, e Van Lodenstein certamente viu algumas mudanças em sua vida. Na doutrina, por exemplo, viu o desenvolvimento de várias importantes doutrinas. [...] Van Lodenstein também viu o uso crescente de instrumentos no culto público nas igrejas reformadas em seu tempo. Ele conhecia os debates sobre se essa mudança era uma reforma ou uma deformação no culto da igreja (pensemos, por exemplo, no uso da tecnologia no culto e igreja). São esses os tipos de mudanças que ele tinha em mente quando escreveu a respeito de uma igreja reformada e sempre se reformando? A resposta para essa pergunta é “não”. • A grande preocupação dos ministros, como Van Lodenstein, não era os aspectos exteriores da religião — por mais absolutamente importantes que fossem —, mas sim o interior da religião. • A parte da religião que sempre precisa de reforma é o coração humano (na bíblia, é do coração que procede as fontes da vida [Pv 4.23], mas também é dele que procedem os maus desígnios [Mt 15.17-20]). É a religião vital e a fé verdadeira que devem ser constantemente cultivadas. O formalismo, o indiferentismo e o conformismo devem ser vigorosamente atacados por um ministério fiel. • Portanto, o que Van Lodenstein quis dizer com sua famosa expressão “reformada e sempre se reformando”? Provavelmente, algo como isso: uma vez que agora temos uma igreja reformada nos aspectos exteriores da doutrina, culto e governo, vamos sempre estar nos esforçando para garantir que os nossos corações e vidas estejam sendo reformados pela Palavra e Espírito de Deus. Independentemente de outros significados que possam ser obtidos a partir dessa frase, esse significado original é digno de ser ponderado e preservado.
MAS AINDA PODEMOS PERGUNTAR, COMO CONTINUARMOS EXPERIMENTANDO O
IMPORTANTE LEGADO DA REFORMA EM NOSSAS IGREJAS? PRECISAMOS ENTENDER O LEGADO DA REFORMA E ENTÃO PRESERVÁ-LO. • Segundo Vanhoozer, a igreja de nossos dias, tem o grande desafio de viver o legado da reforma, de viver o cristianismo protestante puro e simples que pode ser compreendido nos insights conhecidos como os cinco solas da reforma. Solas ● Os solas proporcionam um padrão de leitura teológica da Escritura que permite a unanimidade protestante nos fundamentos teológicos e, desse modo, a possibilidade de comunhão genuína, apesar de diferenças doutrinárias secundárias e terciárias. ● “O evangelho da nossa salvação pela fé somente, em Cristo somente, pela graça somente, revelado na bíblia somente, é o que é somente porque Deus é tipo de Deus que é.” Graeme Goldswhorty