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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

FACULDADE DE DIREITO DO RECIFE


CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS

FUNDAMENTOS DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO


Resenha Crítica

Elizabeth da Silva Guimarães

Recife
2021
Elizabeth da Silva Guimarães

FUNDAMENTOS DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO


Resenha Crítica

Trabalho apresentado para obter nota na


disciplina de Direito Internacional Público,
requisito para obtenção do título de
Bacharelado em Direito pela Universidade
Federal de Pernambuco.

Direito Internacional Público; Fundamentos.

Recife
2021
SUMÁRIO
1. O TEXTO ANALISADO
4
2. TEMÁTICA E ESTRUTURA DOS CAPÍTULOS
4
2.1. Sob a névoa da guerra: o império da guerra de todos contra todos. 4
2.2. Paz à vista: a superação do estado de guerra. 5
2.3. Sistema, sociedade e comunidade na política internacional. 6

3. BREVE ANÁLISE CRÍTICA


6

REFERÊNCIA 6
1. O TEXTO ANALISADO

O artigo científico ora analisado é intitulado de “Conflitos de Teorias das Relações


Internacionais sobre a Paz. Implicações Normativas” e foi publicado no ano de 2012 pelo
professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) Diego Trindade D'Avila Magalhães, no
volume 36 da Revista “Relações Internacionais”.

2. TEMÁTICA E ESTRUTURA DOS CAPÍTULOS

O tema central do artigo gira em torno da análise sobre a implicação normativa que as
teorias das relações internacionais têm sobre a realidade, com o objetivo de fazer inferências
sobre os impactos que tais teorias podem ter sobre o comportamento dos Estados.
Assim, observa-se que o artigo científico, além dos capítulos introdutório e
conclusivo, estrutura-se da seguinte forma: (i) Sob a névoa da guerra: o império da guerra
de todos contra todos, (ii) Paz à vista: a superação do estado de guerra e (iii) Sistema,
sociedade e comunidade na política internacional.

2.1. Sob a névoa da guerra: o império da guerra de todos contra todos.

O autor inicia seu trabalho fazendo uma rica análise sobre o fenômeno da guerra,
sendo ela, num mundo constituído por potências soberanas e independentes, o único meio
pelo qual cada uma delas pode, em última instância, defender seus interesses vitais.
Aponta para o pensamento realista das relações internacionais do teórico E. H. Carr,
no sentido de que, enquanto perdurar a anarquia internacional, as relações internacionais
continuarão essencialmente conflituosas, baseadas na política do poder, sendo, tal
pensamento a tradução da analogia feita pelo teórico de que “alcançar um estado de paz
entre estados seria tão utópico quanto transformar chumbo em ouro”.
Apontando sobre o pensamento de outros autores realistas, discorre o autor sobre a
relação existente entre o sistema estatal de guerra e a própria natureza humana, conforme a
lógica do teórico Thomas Hobbes. Nessa perspectiva, devido ao egoísmo e violência do
homem, o Estado apenas refletiria o comportamento de indivíduos num contexto anárquico.
Assim, para os realistas, não há uma fronteira entre a paz e guerra, mas, um estado de guerra
constante. Tal estado de guerra está associado, pois, ao próprio conceito de estabilidade
internacional, a qual condiz a ausência de guerras entre duas potências.
Ato contínuo, o autor define a estrutura internacional como sendo o conjunto de
incentivos e constrangimento que determinam o comportamento dos estados e o padrão de
relacionamento interestatal. Sendo apontado como características de tal estrutura, (a) a
anarquia, (b) a igualdade de funções das unidades do sistema e (c) a distribuição de poder
entre os estados.
Conclui o tópico apontando que, dado os pressupostos dos realistas discorridos, o
caráter normativo implícito deste tronco das relações internacionais é de que, se o Estado se
comportar racionalmente, perceberá os demais como possíveis rivais e buscará armar-se.
Sendo, a cooperação para a construção da paz com outros estados um comportamento
irracional que pode arriscar a soberania estatal.

2.2. Paz à vista: a superação do estado de guerra.

No capítulo subsequente do artigo, o autor inicia o tema da “paz” apontando alguns


teóricos que criticam a ideia de que objeto dos estados é o poder. O autor utiliza como critério
deste capítulo a concepção dos teóricos (i) do marxismo, (ii) da teoria crítica, (iii) do
construtivismo e (iv) do liberalismo sobre a possibilidade de alcançar-se uma paz duradoura
nas relações internacionais. Assim, o autor cria uma tabela com referências de cada uma das
perspectivas acima apontadas e as abordagens teóricas que cada um utiliza como meio de
superar o estado de guerra.
Para o marxismo, mais especificamente a corrente leninista, partindo-se de uma
análise a nível estatal, a substituição do capitalismo pelo socialismo é proposta de alcançar a
paz, já que, os estados socialistas não teriam interesses conflitantes que justificassem uma
guerra entre si. Portanto, a paz derivaria da revolução socialista sendo a eliminação de
estados pelo comunismo - fase seguinte à revolução socialista - a responsável por eliminar o
problema da guerra interestadual.
Para a teoria crítica, a partir de uma análise a nível transnacional, adota Linklater,
tomando Kant como uma de suas referências, uma perspectiva cosmopolita sobre o tema da
paz, em sua visão, a essência das relações internacionais reside na relação entre seres
humanos, e não no conflito entre estados. Assim, acredita o teórico na superação do conceito
de Estado-Nação a partir da emergência de cidadãos como atores globais nas estruturas
democráticas de poder regional e internacional. O resultado do fortalecimento de uma
sociedade de cidadãos do mundo pautados pela ética cosmopolita seria a harmonização dos
interesses e, por consequência, a inibição de guerras entre estados
O construtivismo, tendo A. Wendt como um dos seus expoentes, acredita na
influência de identidades e da cultura no comportamento estatal. Para tal tronco teórico, o
meio de superar o estado de guerra seria uma mudança na identidade dos estados, pois, o
entendimento coletivo de que o mundo não obedece a uma lógica hobbesiana geraria
cooperação e paz. Sendo então formado um “sistema de segurança cooperativo''.
Para o liberalismo político, pautado pela ideia kantiana, numa análise a nível estatal, a
mudança de regime político faria com que houvesse a superação do estado de guerra, pois, as
evidências sugerem que as democracias não são predispostas a uma conflagração entre si.
Assim, quanto mais as nações adotam o regime democrático, maior é a probabilidade e o
alcance da paz a nível mundial.
O liberalismo econômico, adotando o nível de análise da sociedade, entende que a
promoção de relações econômicas internacionais favorece a paz internacional. Assim, o meio
de superar o estado de guerra seria a mudança nas relações econômicas internacionais, pois, a
interdependência econômica cria redes sociais contrária à guerra.
Já para o liberalismo institucional, a partir de uma análise internacional, a qual
considera os estados como atores centrais, deve haver uma mudança de ordem internacional
com o fortalecimento do direito internacional para garantir a paz na sociedade internacional e
superar o estado de guerra.
Por fim, o liberalismo sociológico, que a partir de uma análise da sociedade, entende
que o meio para superar o estado de guerra seria a mudança na integração entre povos e nas
suas identidades a partir das comunidades de segurança que eliminaram a possibilidade de
guerra entre seus membros. Aqui, leva-se em consideração a integração social, econômica,
política e mesmo militar.

2.3. Sistema, sociedade e comunidade na política internacional.

No subtópico final do trabalho acadêmico, o autor inicia apontando que existe uma
gama de possibilidade, como visto acima, de interação interestatal. De um lado, aponta para o
sistema internacional sem ordem, o estado de guerra pura. De outro lado, supera-se a
anarquia internacional por meio de uma autoridade supranacional que extingue o sistema de
estados. O autor organiza em forma de tabelas as tipologias “guerra-paz” de acordo com os
conceitos chaves extraídos na análise anteriormente feita.

3. BREVE ANÁLISE CRÍTICA

Da leitura e interpretação de todo o texto, observa-se que o autor tentou analisar as


correntes teóricas das relações internacionais utilizando-se do critério guerra/paz.
Estabeleceu, em especial no tópico 2 do trabalho, a análise detalhada sobre como diferentes
troncos teóricos formulam soluções para superar o estado de guerra constante, em contraste
com as teorias realistas/neorrealistas das relações internacionais, as quais, acreditam que
sempre haverá o estado de guerra nos Estado.
No que tange aos fundamentos do Direito Internacional Público, observa-se
interessantes reflexões trazidas no texto, especialmente no que tange ao modo como as teorias
das relações internacionais posicional e interpretam a “paz” e a “guerra” nos estados,
reflexões as quais, podem ser verificadas na realidade social das nações. Inclusive, levando-
se em consideração os teóricos que não acreditam ser possível um estado de paz permanente.
É importante destacar, que a guerra (ou paz) nos estados se relaciona diretamente com
o acúmulo de poder, podendo-se levantar questionamentos sobre os regimes políticos e de
governo estabelecidos nos Estados. Portanto, a análise em torno dos modelos normativos das
diversas teorias das relações internados, sob o viés da paz/guerra, traz implicações diretas no
comportamento dos estados e se coloca como objeto de estudo essencial à análise dos
fundamentos do Direito Internacional Público.

REFERÊNCIA

MAGALHÃES, Diego T. D. Conflitos de Teorias das Relações Internacionais sobre a Paz.


Implicações Normativas. Relações Internacionais, n. 36, p. 119-136, dez. 2012.

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