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Disciplina ÉTICA II

2023/1
Prof. Dr. Paulo Hahn
Aluno: Umberto Maciel (00326075)

Sentimentos Morais em David Hume

Para que possamos entender a motivação de Hume para o desenvolvimento deste pensamento
precisamos situar Hume na modernidade, onde se dá uma troca de pensamento teocêntrico para um
pensamento antropocêntrico. Ou seja, no pensamento teocêntrico, predominante até a idade média,
tínhamos um pensamento vinculado com as questões religiosas, orientados nos mandamentos divinos.
Já no pensamento antropocentrista o ser humano é o centro de tudo, o homem se torna o pressuposto
racional da ética.
Seguindo esta linha antropocêntrica, e por ser um "ferrenho" empirista, David Hume
desenvolveu uma abordagem empírica e subjetivista para a moralidade, argumentando que os
sentimentos desempenham um papel central em nossos julgamentos morais. De acordo com Hume,
nossos sentimentos morais são a base de nossos juízos sobre o que é certo ou errado. Ele sustentava que
as ações humanas são avaliadas em termos de sentimentos de aprovação ou desaprovação que elas
evocam em nós. Para Hume, a moralidade não está enraizada na razão, mas nas emoções e sentimentos
humanos.
Hume argumentava que a razão é apenas um "escravo das paixões" e que nossos sentimentos
desempenham um papel fundamental em nossas decisões morais. Ele via a razão como um meio para
alcançar nossos objetivos, mas afirmava que é a nossa natureza emocional que nos leva a valorizar certas
ações e condenar outras. Na teoria do "sentimento moral", ele afirmava que, quando observamos as
ações de outras pessoas, não apenas entendemos intelectualmente o que elas fizeram, mas também
experimentamos uma resposta emocional automática em relação a essas ações. Essa resposta emocional
é a base de nossos sentimentos morais, como aprovação ou desaprovação. Além disso, Hume
argumentou que os sentimentos morais são universais em certa medida, pois os seres humanos
compartilham certos sentimentos básicos. No entanto, ele também reconheceu que os sentimentos
podem variar entre indivíduos e culturas, o que leva a diferenças morais.

Um exemplo simples seria:


Imagine que você está em uma avenida movimentada e observa uma pessoa idosa que não
consegue atravessar a rua, esta pessoa está muito aflita e não sabe o que fazer. Então, você, ao observar
esta situação, chega na pessoa idosa e ajuda ela a atravessa a rua. Ela se sentirá muito feliz e terá uma
sensação de agrado, de prazer, por você ter ajudado ela em um momento de aflição.
Próximo de você e da pessoa idosa, temos outra pessoa observando. Ela verá sua boa ação e terá
um sentimento de agrado, de prazer, e desta forma nós teremos um ato moral para Hume. Ou seja, o seu
ato não se limitou a pessoa que dá e a que recebe, mas ela "atingiu" outra pessoa, a pessoa que observa.
Desta forma, para identificar um ator moral, você precisa observar atos que resultem um sentimento de
prazer, algo que agrade a outras pessoas também, que afete outras pessoas. Mas ao contrário, um ato
que gerasse um sentimento de remorso, de dor, isso não poderia ser considerado um ato moral.

Em resumo, para Hume, os sentimentos morais são centrais para nossa compreensão da ética.
Ele sustentava que nossos sentimentos de aprovação e desaprovação formam a base de nossos
julgamentos morais, e que a razão desempenha um papel secundário nesse processo. Sua abordagem
subjetivista enfatiza a importância dos sentimentos individuais na formação de nossas noções de certo
e errado. Tudo isto influenciará diretamente Kant a pensar sobre os atos morais, provocando a busca
pelos limites da moral e a fundamentação da ética.

REFERÊNCIAS:
HUME, David. Tratado da natureza humana. (Tradução de Déborah Danowski) São Paulo: Editora
UNESP e Imprensa Oficial do Estado, 2001.

SILVA, Jean Pedro Malavolta e. Simpatia e sentimentos morais em David Hume. 2016. Dissertação
(Mestrado) -- Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas,
Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Porto Alegre, BR-RS, 2016. Orientador: André Nilo Klaudat.

NASCIMENTO, Edson Evangelista do. Razão e Sentimento nos Julgamentos Morais (em David
Hume). Março – 2016. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de
Filosofia e Ciências Humanas, Departamento de Filosofia. Florianópolis – SC. Orientador: Prof.a. Dra.
Sara Albieri.

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