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Licenciatura em História
Para a grande maioria dos pensadores escoceses, tais princípios refletiriam o plano
de um grande artífice, aquele que planejou e executou essa obra, um ser divino. Deus
estaria para o universo assim como o relojoeiro esta para o relógio. Este argumento era
associado a uma visão providencialista de que a humanidade é candidata a formar uma
comunidade moral ordenada, ou seja, cada indivíduo tem o potencial de atingir a
perfeição moral da natureza humana, potencial que ira se realizar na medida em que
cada um compreenda essa possibilidade. Caberia à filosofia moral descortinar essa
possibilidade, revelando a cada um o papel que desempenha na consecução do desígnio
divino.
Em relação ao modo como Smith concebe a moralidade, devemos inferir que ele
se distancia dos defensores da moralidade como algo intrínseco ou natural aos homens e
dos adeptos da visão que concebe a moralidade como um artifício criado para controlar
ou regular o potencial disruptivo das paixões humanas. A contribuição de mais original
de Smith a filosofia moral foi justamente a de ter removido a separação entre natureza e
artifício. Para Smith a moralidade em geral era artificial, mas ela era um artifício que
era natural para a humanidade, a personalidade das pessoas era algo adquirido no
intercurso com os outros.
Todavia, para Smith, ao mesmo tempo em que os homens são inclinados a buscar
seus interesses pessoais, eles também se preocupam com os outros homens, com sua
felicidade ou seu sofrimento. Como seres naturalmente dispostos para a vida em
sociedade, nem mesmo o menos virtuoso dentre os homens consegue ser indiferente ao
que se passa com os demais, nos emocionamos diante da visão do sofrimento alheio.
Como não temos acesso direto aos sofrimentos dos outros homens, só podemos
formar uma ideia da maneira como eles se sentem ao imaginarmos como é que nos
sentiríamos se estivéssemos em sua situação. Este sentimento de solidariedade é o que
Smith denomina de simpatia, um principio bem conhecido e que ocupa uma posição
essencial em sua filosofia moral, pois é com base nele que podemos conectar todos os
demais princípios da moralidade.
Aquilo a que temos acesso é apenas o que pode ser observado, as circunstancias
que cercam o agente, mas não sua mente. Desse modo, a simpatia não decorre de
observarmos a paixão efetivamente experimentada pelo agente, mas de nos colocarmos
na situação que a provoca. A isso Smith acrescenta que nada nos agrada mais que
observar em outros homens um sentimento solidário com todas as emoções de nosso
próprio peito.