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VIDA E OBRA – MICHEL FOUCAULT.

GOIÂNIA
2023
Anna Karolline Dias Bandeira

VIDA E OBRA – Michel Foucault.

Trabalho apresentado à disciplina de Filosofia,


para obtenção de nota complementar sobre a
orientação do Prof. Lucas Borges F. de Melo.

GOIÂNIA
2023
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 4
2 AUTOBIOGRAFIA ........................................................................................... 5
3 OBRA PRINCIPAL ........................................................................................... 7
4 CONCLUSÃO ................................................................................................... 9
5 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 11
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1 INTRODUÇÃO
O seguinte trabalho apresentado introduz ao leitor o filósofo Michel Foucault, sua vida
, obras e contribuições, além de mostrar considerações finais sobre o autor deste trabalho,
relacionando suas ideias com o mundo contemporâneo, utilizando pautas atuais e recursos
audiovisuais atuais para relacionar às ideias de Foucault. O trabalho está dividido em:
1- Autobiografia, onde será relatado a vida de Foucault, do começo ao fim, na
perspectiva de Foucault, como se ele estivesse contando para o leitor toda a sua trajetória,
indo desde sua juventude, descobrindo a filosofia, até os meados de sua morte, participando
de protestos e movimentos, com muitas obras no seu nome.
2-Obra principal, onde foi relatado três obras principais de Foucault, explicando sobre
o conteúdo dentro deles e as ideias presentes neles, além de mencionar algumas outras obras,
mas sem muitos detalhes
3- Conclusão, onde a autora do trabalho relaciona suas obras à coisas da atualidade,
além de dar sua opinião sobre o assunto e como ele está presente no mundo até hoje.
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2 AUTOBIOGRAFIA
Olá, meu nome é Paul-Michel Foucault. Nasci no dia 15 de outubro de 1926 em uma
“pequena” cidade na França chamada “Poitiers”. Muitos da minha família eram médicos ou
faziam parte desta área, inclusive meu pai, Paul-André Foucault, alguém com quem não tinha
muita afinidade. Minha mãe também tentou ser médica, mas como minha época é meio
machista, esse cargo de “médico” ainda não era acessível à ela. Mesmo assim, eu era rodeado
por médicos na minha infância (esse contato inclusive me ajudou a escrever minhas obras
quando fui crescendo)
Muitos da minha família tinham grandes esperanças que eu iria me tornar um ótimo
cirurgião quando crescesse, porém ficaram muito surpresos quando descobriram que eu queria
na verdade ser um professor de história, mas mesmo com isso, eu continuei bem atrelado com
a medicina, por causa da minha posição privilegiada com ela. Inclusive, eu estudei no Lycée
Henri IV e depois estudei na École Normale Supérieure, e foi por lá que meu interesse na
filosofia surgiu. Foi por aí também que começaram a me chamar de “frágil” e “instável
emocionalmente”, sendo alguém “fechado”, usando a “ironia” como arma principal, mas
também nunca gostei da vida comum mesmo, então não tem muita coisa que dava pra fazer,
considerando que eu estava rejeitando contato com meus colegas por causa do clima de
disputa do lugar, e com minha depressão constantemente aumentando a intensidade, talvez eu
era isso mesmo que falaram que eu era.
Nunca senti que me encaixava com o padrão da sociedade da minha época, como se eu
fosse uma peça estranha no meio daquela forte tradição católica de linhagem paterna bem
rígida sobre as coisas, que foi aí que, na minha fase jovem-adulta, descobri que sinto atração
por homens. Depois disso, minha vida desabou, por causa do grande conservadorismo da
época, não sabia pra onde correr para buscar conforto, e onde eu achava que estava seguro, foi
na verdade um inferno para mim. Meu pai, inclusive, já me levou para uma sala de cirurgia
para “voltar a ser homem”. Com toda essa pressão e depressão constante, eu tentei me
suicidar. Claro, essa questão da minha homossexualidade não é o único fator que levou a eu
fazer isso, mas foi um dos motivos e foi um dos mais importantes e aparentes pra mim.
Mesmo com essa tentativa, meu pai achava que eu estava “louco” e me internou em um
hospital psiquiátrico. Eventualmente eu tive que crescer aturando essas coisas sobre quem eu
gosto para que eu fique mais forte e, no futuro, usar esses relatos para escrever minhas obras
Em 1948, consegui uma licenciatura em filosofia e depois passei em psicologia. Com
isso, consegui ser um professor em uma das escolas onde estudei, a Escola Normal Superior.
A partir daí, as coisas começaram a não ficar tão ruins. Enquanto eu me interessava e estudava
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mais e mais sobre a filosofia e estudos no geral, eu atuei como um diplomata cultural e fiz
muitas conferências não só no meu país de origem, mas em muitos outros, inclusive no Brasil.
Baseado nas minhas experiências passadas, publiquei minhas duas primeiras obras: Doença
Mental e Psicologia e História da Loucura, e sim, podem me chamar de empirista, até de
“empirista cego.”
Ao longo do tempo, comecei a gostar de participar de debates, e me afastei um pouco
da fenomenologia e fiquei mais próximo do estruturalismo, por causa disso, muitos falam que
eu sou “pós-estruturalista”, o que eu não acho que é verdade, e me recuso de ter esse título.
Também participei de muitos protestos e ações sociais contra o governo de 1968, estando
presente em muitos grupos antirracistas/ grupos que lutam a favor dos direitos humanos no
geral. Vi muitos jovens por lá, indo para estes protestos, e fiquei muito admirado como esses
estudantes fazem todas essas coisas esperando nada em troca, com apenas paixão nos seus
corações, sem nenhuma sede de poder. Motivado por esses movimentos e pelas grandes
influências que tive num ambiente confortável em que eu estava no Collège de France, escrevi
e publiquei a Arqueologia do Saber, Vigiar e Punir e História da Sexualidade. Apesar do
assunto do “poder” ser a coisa que todo mundo associa comigo, eu não escrevi só isso. Outros
assuntos que quis experimentar comentar sobre foi a questão da identidade (a identidade fixa
é um pesadelo. Não somos um, mas vários) e da sexualidade.
Não consegui concluir todos os volumes da História da Sexualidade pois acabei
adoecendo por conta de complicadores provocados pela AIDS. Acabei morrendo em 25 de
junho de 1984 em Paris por conta dessa doença, e meu parceiro, Daniel Defert, criou a
primeira associação francesa contra AIDS na minha memória, chamada de AIDES.
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3 OBRA PRINCIPAL
O seu primeiro livro famoso, A História da Loucura, conta como que as pessoas ao
longo da história definem a loucura (e como o tratamento dessa loucura depende do contexto
cultural), onde inicialmente (como por exemplo no renascimento) era pensado que essas
pessoas tinham um conhecimento divino, onde podemos conhecer com essa loucura, sendo
algo que não é ruim, muito pelo contrário, é algo bom, sendo uma das formas da razão, onde
todos tinham um pouquinho de “louco”. Porém, mais ou menos na época da revolução
científica, pessoas “loucas” foram vistas como anormais, visto que a razão era vista como o
“pensamento certo” que nos leva ao “certo” e que o louco “não tem direito à verdade”, sendo
até vista como uma “doença”, sendo que a loucura é uma desarticulação do corpo e da alma,
uma definição cultural feita pela sociedade que varia de acordo com o tempo e o lugar, e não
uma doença que nem todo mundo estava falando que era. Com isso, a sociedade passou a
construir hospícios, escolas, hospitais e até a psiquiatria como forma de “curar” essas pessoas,
as “domesticando”, de acordo com Foucault, que diz que isso é uma forma de “controle
social”, essencialmente uma tática de manipulação para as pessoas terem poder sobre as
outras.
Basicamente, pessoas que nós chamamos atualmente como “loucos” e que iríamos
colocar em hospitais psiquiátricos muitas vezes poderiam ser líderes na era medieval ou em
outros lugares do mundo, essa questão do tratamento da loucura para Foucault é subjetivo,
dependendo muito da época e da cultura do local. E enquanto a psicanálise era uma forma boa
de compreender a loucura (que não era uma explicação biológica ou psiquiátrica), a
psicanálise dá a ideia de que a loucura é uma doença mental. Foucault refere-se à loucura, ao
invés disso, como a desarticulação do corpo e da alma
A obra mais famosa de Foucault, e potencialmente sua principal obra, Vigiar e Punir, é
uma reflexão sobre a sociedade moderna e a disciplina, falando sobre como a punição mudou
ao longo da história. Na obra, ele discorre, novamente associando ao poder, como as prisões
foram criadas de forma punitiva, como uma alternativa para não torturar mais pessoas que
fizeram atitudes horríveis, seja em público ou não (como por exemplo, o uso da guilhotina na
França na época do absolutismo). Segundo Foucault, essa modificação só mudou esse jeito de
punição pois agora é uma violência mais “adestradora” e “produtiva”, podendo usá-la como
disciplina aos presos e ao mesmo tempo não chamar tanta atenção da população, pois as
execuções em públicos chamavam muito a atenção e muitas vezes provocavam revoltas e
revoluções. Na escola, para Foucault, também podemos perceber essa estrutura prisional
quando analisamos ela um pouco mais a fundo: Semelhante ao pan-óptico, as cadeiras da sala
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são todas enfileiradas, organizadas e seguindo um padrão, onde o professor (que possui o
poder), consegue ter uma visão boa de todos os alunos, sempre incentivando alunos a
obedecer sem pensar muito sobre isso. Isso não é visto só na escola, mas também na família (a
família incentiva a pessoa a trabalhar e prosperar para que ele os sustente no futuro, quando
for mais velho), no trabalho (seguir ordens que podem vir de um chefe abusivo, mas a pessoa
não percebe pois está muito fixada no seu trabalho para perceber outra coisa), na igreja
(falando que você deve ir um certo número de vezes para alcançar a salvação), etc.
Outra obra também muito importante de Foucault é a História da Sexualidade, onde
ele analisa todos os aspectos sobre a sexualidade, gênero e identidade, relacionando o
desenvolvimento deles no crescimento da sociedade e também ao desenvolvimento do
capitalismo, e como esses tópicos foram mudando ao longo do tempo por causa da igreja, do
poder ou da ciência (como por exemplo, figuras nuas, como esculturas antigas, que antes não
causavam tanta polêmica, agora causam)
Outras obras que ele fez foram As palavras e as coisas, Microfísica do Poder, A
arqueologia do saber, O nascimento da clínica, O poder psiquiátrico, Em defesa da sociedade,
A verdade e as formas jurídicas, Subjetividade e verdade, dentre outros.
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4 CONCLUSÃO
Concluindo, podemos ver que Foucault é uma figura muito importante, não só para a
filosofia, mas também para a sociologia. Estando muito à frente do seu tempo, Foucault
aborda tópicos que estão presentes até hoje e, muitas das vezes, são frequentemente discutidos
por muito tempo, e como ele vivenciou alguns dos seus tópicos (como a “loucura” e a questão
da sexualidade), ele pode escrever algo coeso, que refletisse muito bem sobre o atual.
De acordo com Foucault, podemos perceber que todos estão envolvidos no poder, e,
mesmo estando mais presente na política, o poder está presente em tudo, não é à toa que
muitas pessoas falam que “o poder corrompe as pessoas”, pois quando as pessoas possuem
muito poder, elas podem possivelmente fazerem o que querem, basta colocar um sorriso no
rosto e falar de maneira convincente para que as pessoas acreditem e fiquem submetidas ao
seu poder. Uma série que retrata esse poder muito bem é a série animada “A Casa Coruja”,
onde no episódio 16 da segunda temporada, Mente Vazia, é mostrado uma versão mais nova
do vilão da série, o Imperador Belos, usa seu poder para abolir todo o tipo de magia selvagem
nas Ilhas Ferventes, utilizando uma fala convincente para controlar as pessoas a passar a usar
um sistema que restringe sua magia para, no final, destruir as Ilhas Ferventes. A mídia emula a
realidade, e em vários países, se não muitos países, está presente este modo de liderança, pois
a possibilidade de controlar as pessoas é muito tentadora, e muitos acabam se rendendo a isso.
A questão da sexualidade também está muito presente, visto que o preconceito e a
discriminação sobre gênero e sexualidade ainda são muito altas até hoje, sim, os números vêm
caindo ao longo dos anos, porém ainda é um problema sério que deve ser discutido e mudado
logo. Com o tempo, o corpo humano foi sexualizado mais e mais pelas pessoas, e com isso, a
nudez artística, vista em esculturas antigas, como as de Michelângelo, agora são vistas como
“polêmicas”, algo que “não deve ser mostrado nas escolas”, para “proteger as crianças” da
imagens “pornográficas”. Com o poder da igreja, também, muitas pessoas começaram a
separar as pessoas apenas em “feminino” e “masculino”, as diferenciando apenas pela
aparência, por causa que “de acordo com a bíblia, existem apenas dois gêneros, e qualquer
outro é pecado” Isso cresceu tanto que isso ficou enraizado na mente de muitas pessoas,
fazendo com que muitas pessoas trans, e até cis, percam vagas de empregos e sofram
discriminação constante por causa do que elas realmente são. Há também o que Foucault
chama de “sexualidades periféricas”, que foi quando a psicologia denominou a
homossexualidade como uma “doença patológica”, e mesmo hoje não sendo mais uma
“doença”, ainda sim está bem fresco, na mente de muitas pessoas, incluindo profissionais, que
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continuam com essas ideias e prosseguem com essas ideias antigas, e familiares, que levam os
filhos para “se curar”.
A questão da identidade, mesmo sendo algo pequeno, também é algo bem interessante.
Segundo Foucault, a identidade é um pesadelo, no sentido de que quando você tem uma
identidade definida, isso também define a luta que você trava, e toda identidade é algo
imposto. Para ele, nós somos vários, e não só um. Isso é visto no filme Nimona, lançado em
2023. A personagem principal, Nimona, é um metamorfo gênero não-conformista, e toda vez
que alguém pergunta para ela, ela sempre diz que é “Nimona”. O que encaixa nela, pois o
significado de “ser Nimona” é simplesmente vestir a roupa que se quer vestir (ou no caso
dela, se transformar no que quiser) como é a identidade para Foucault. A identidade está mais
relacionada a autenticidade, a capacidade de ser único. E isso está mais atrelado a roupas que
você veste: Você veste peças diferentes todos os dias e o tempo todo você está se tornando
algo totalmente diferente, ou seja, Foucault não acredita nessa “identidade fixa”, não somos
um, porém vários.
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5 REFERÊNCIAS
1- PORFÍRIO, Francisco. “Michel Foucault”; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/michel-foucault.htm. Acesso em 30 de Agosto
de 2023.
2- FRAZÃO, Dilva. “Michel Foucault, filósofo francês”; Ebiografia. Disponível em:
https://www.ebiografia.com/michel_foucault/. Acesso em 30 de Agosto de 2023.
3- Michel Foucault. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em:
https://www.todamateria.com.br/michel-foucault/. Acesso em 30 de Agosto de 2023.
4- Michel Foucault. In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. [São Francisco, CA:
Fundação Wikimedia], 2017. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Michel_Foucault. Acesso em 30 de Agosto de 2023
5- SIQUEIRA, Vinicius. “Michel Foucault: biografia, pensamento e livros”; Colunas
Tortas. Disponível em: https://colunastortas.com.br/michel-foucault/. Acesso em: 30
de Agosto de 2023
6- NOGUEIRA, André. “35 anos sem Michel Foucault: conheça a história de um dos
mais célebres filósofos do século 20”; Aventuras na História. Disponível em:
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/michel-foucault-vida-
biografia-filosofos-seculo-20.phtml. Acesso em: 30 de Agosto de 2023
7- A teoria da loucura de Michel Foucault. Psicanálise Clínica, 2023. Disponível em:
https://www.psicanaliseclinica.com/teoria-da-loucura-foucault/#:~:text=Ele
%20argumentou%20que%20a%20loucura,foi%20associada%20%C3%A0%20doen
%C3%A7a%20mental. Acesso em: 31 de Agosto de 2023
8- MOLINA, Daniel. “O filósofo que se atreveu a tudo”. Clarin, Buenos Aires, Abril,
1999. Disponível em:
http://michel-foucault.weebly.com/uploads/1/3/2/1/13213792/bio1.pdf.
9- CAIXETA, Vanessa. “Esboço biográfico: Michel Foucault” Lavras/MG, Março, 2010.
Disponível em: http://www.ded.ufla.br/generoesexualidade-ei/imagens/foucault.pdf
10- RAYANE, Joyceray. “Saúde Mental – Michel Foucault”. Youtube, 23/04/2021.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?
v=ouB19QWHSxY&ab_channel=JoycerayRayane
11- Prosa QUEER. “HISTÓRIA DA SEXUALIDADE (Michel Foucault) | Prosa Queer”.
Youtube, 14/05/2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=o-
V014k2Tbk&ab_channel=ProsaQUEER
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12- NIMONA. Troy Quane, Nick Bruno. Produção: Annapurna Pictures. Reino Unido-
Estados Unidos: Netflix, 2023.
13- MENTE VAZIA. In: A Casa Coruja. Criação de Dana Terrace. Direção de Amelia
Lorenz. 22 min, son., color. Temporada 2, Episódio 16. Série exibida pela Disney
Channel. Acesso em: 31 de Agosto de 2023

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