Com base na sua leitura, considerada racista, ou a gigante da
compreensão e interpretação dos indústria de alimentos, Goya,
textos motivadores a seguir, redija atacada por latinos nos Estados Unidos porque seu diretor apoia uma dissertação argumentativa, na Donald Trump, que defende modalidade culta da Língua políticas contra imigrantes. Portuguesa, com tamanho máximo “O ativismo no Twitter é fácil: de 30 linhas, sobre o tema “A em alguns segundos podemos cultura do cancelamento.” atacar alguém ou fazer uma petição para acusá-lo ou para que seja Texto 1 demitido”, explica Richard Ford, A cultura do cancelamento, uma professor de Direito da Universidade forma de mudança que gera a de Stanford. polarização Esse acadêmico é um dos mais de Grandes marcas, famosos, 150 signatários de uma carta sobre políticos ou cidadãos comuns: “justiça e debate aberto” que se ninguém mais está a salvo da preocupa com esse movimento, “cultura do cancelamento”, que publicada no início de julho na denuncia os erros de cada um e que revista Harper’s. exige que a pessoa se redima, a Os apoiadores, incluindo ponto de que alguns reclamam dos muitas personalidades do mundo da excessos e de sua contribuição para arte e da ciência, reconhecem que a polarização política. “parte do ativismo nas redes sociais Isso ocorreu com a escritora é construtiva e legítima”. britânica JK Rowling, autora da Muitas pessoas aprovam a saga Harry Potter, por declarações cultura do cancelamento porque sobre os transexuais consideradas veem nela o surgimento de um novo preconceituosas. poder, agora disponível para um Uma declaração polêmica, um tuíte número maior de pessoas quando com duplo sentido escrito há dez anteriormente era limitado a anos, um vídeo comprometedor, e poucos. as redes partem para o ataque. “O tempo em que as pessoas Deve-se “cancelá-lo”, deixar eram tratadas de maneira injusta e de consumir seus produtos, incapazes de responder a opiniões corromper sua imagem, perturbar atrasadas e tóxicas acabou”, sua atividade até que se redima, até ressalta Lisa Nakamura, professora que peça perdão ou tente da Universidade de Michigan, que compensar sua ação. estuda a cultura do cancelamento. O popular YouTuber Shane “Se existe uma personalidade Dawson passou pela situação, a que deseja cancelar transexuais, partir da divulgação de antigos não há razão no mundo para que vídeos com conteúdo racista, assim ela, por sua vez, não possa ser como a cantora Lana Del Rey, por cancelada”, explica Nakamura, em causa de uma mensagem no uma referência implícita ao caso de Instagram na qual criticava atrizes JK Rowling. negras. Como muitos outros, a A marca de arroz Uncle Ben’s pesquisadora vê nesse movimento também passou por essa situação um espectro muito mais amplo que por causa da sua logomarca ter sido inclui denunciar comportamentos discriminatórios ou socialmente opiniões”, explica Hampton, que inaceitáveis. considera que esse aspecto do Nakamura cita o exemplo de movimento “provavelmente Amy Cooper, uma mulher branca aumentará a polarização” entre a filmada no Central Park quando população americana. havia acusado falsamente à polícia No entanto, nos últimos anos, que um homem negro quis atacá- o próprio presidente Donald Trump la. favoreceu a cultura do Antes dos protestos do cancelamento, atacando em seu movimento Black Lives Matter, a Twitter uma série de pessoas ou cultura do cancelamento surgiu com grupos que ele queria criticar, o #MeToo, que desde 2017 ressalta Ford. denuncia o assédio sexual e o O fenômeno “pode ser abuso de homens poderosos contra problemático quando divide um as mulheres. movimento social ou o é usado “A cultura do cancelamento é pelas pessoas erradas”, mas “ele já o que acontece quando as vítimas tem sido uma ferramenta importante de racismo e sexismo não silenciam para a mudança”, admite mais a identidade de seus Nakamura. agressores”, argumenta Nakamura. “O movimento Black Lives – Uso político – Matter teria sido muito diferente sem Mas para Keith Hampton, os exemplos de racismo comum e professor de Mídia e Informação da recorrente nos supermercados do Universidade de Michigan, enquanto Walmart, nas pistas de corrida ou as redes sociais podem ser um em outros locais públicos”, vetor de mudança e progresso, a acrescenta. cultura do cancelamento pode ter Fonte: www.istoe.com.br | Acesso em 02/08/2020
momentos em que “escorrega”.
“Quando se trata de tentar Texto 2 destruir pessoas, isso cria outros problemas”, explica ele. Os autores da carta aberta publicada na Harper’s alertam sobre a radicalização dos discursos que não deixa mais espaço para o debate. As redes sociais “incitam a provocação e a raiva”, afirma Ford. Ele chama a atenção para o fato de que a cultura do cancelamento possa estar se espalhando para além das redes sociais, do mundo acadêmico e do trabalho em geral. “Às vezes, o objetivo é Fonte: www.facebook.com/quebrandootabu | Acesso simplesmente a satisfação por em 02/08/2020 derrubar alguém”, lamenta. Além disso, “a vergonha e o apontar o dedo não mudam as