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Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

CONCEITOS BÁSICOS de
GESTÃO da QUALIDADE
Profº Anderson Rocha

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Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

Fundamentos da Qualidade e Ferramentas da Qualidade 3

2. A Questão da Qualidade e sua Evolução Histórica 3

3. Princípios da Gestão da Qualidade 4

4. Foco no Cliente 5

5. Diagnósticos necessários 5

6. Técnicas da Gestão da Qualidade nas Operações de


Produção e o 5S 8
6.1. Ferramentas da Qualidade 10
Sumário Histograma 10
Diagrama de Causa e Efeito 11
1.
Folha de Verificação ou Lista de Verificação 13
Gráficos de Controle 13
Exemplo de como elaborar uma Carta de Controle 15
Estratificação 15
Diagrama de Pareto 16
Síntese 17

7. Ferramentas Gerenciais da Qualidade 18


7.1. Diagramas de Relações 18
7.2. Diagramas de Afinidades 20
7.3. Diagramas em Árvore 21
7.4. Matrizes de priorização 22
7.5. Matrizes de relações 24
7.6. Diagramas de processo decisório 24
7.7. Diagramas de Atividades 25

8. FMEA Análise de Modelo e Efeito da Falha 26

9. Seis Sigma 27

10. Ciclo PDCA 29

11. Fluxograma 33

12. Medição de Desempenho 34

13. Benchmarking 34

Referências Bibliográficas 37

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Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

O conceito da ISO 9000 de 2005 é o grau no qual


1. Fundamentos da Qualidade e um conjunto de características inerentes satisfaz os
Ferramentas da Qualidade requisitos e necessidades.

Esta disciplina insere os Conceitos Básicos de


Gestão da Qualidade e Ferramentas da Qualidade e 2. AQuestãoda Qualidadeesua
sua integração com o projeto da Gestão e Estratégia Evolução Histórica
Empresarial.

O objetivo é apresentar e discutir os conhecimentos Em todo o período que antecedeu a Revolução


relativos às atividades pertinentes, a identificação e Industrial, ou seja, estamos falando daquele anterior
compreensão dos componentes da gestão da ao ano de 1760, a qualidade era praticada pelos
qualidade e o respectivo fluxo de informações sob o próprios fabricantes denominados artesãos, porque
enfoque da gestão e utilização de ferramentas. criavam seus produtos com as próprias mãos e
efetuavam a inspeção da qualidade antes da entrega
As palavras-chave como: produtividade, ao cliente.
competitividade, integração são extremamente
difundidas no mercado; assim também ocorre com a Com o início da fabricação em massa, as indústrias
“qualidade”. Porém, o termo qualidade tem aspectos de manufatura, após as décadas posteriores aos anos
objetivos e subjetivos, o que cria certa confusão na 1840, o controle da qualidade mudou
sua utilização, pois se tratam de coisas diferentes. substancialmente, pois a atividade passou a ser
exercida fora da produção sendo executadas por
Assim, para alguns mestres, a qualidade está inspetores da qualidade. As teorias de F. W. Taylor
ligada à durabilidade e desempenho técnico, – Administração Científica da Administração já
resultando na comparação de produtos por estas acompanhavam essa indústria.
características. Quando a qualidade está associada à
satisfação do cliente afirma-se que ela está adequada De meados ao final do século 20, W. Shewhart
ao uso dos produtos. Quando a qualidade está ligada desenvolveu as Cartas de Controle de Processo,
diretamente ao produto, em termos fabris, diz-se que fundamentadas em estatística, entretanto, este
o produto foi fabricado visando atender às conceito não condizia com o de Taylor, pois a
especificações técnicas. Este último conceito é o mais execução era da produção, portanto sua utilização foi
antigo, mas trata-se da execução correta de um postergada por décadas para finalmente ser utilizada
projeto, tendo sido produzido no mais rigoroso como ferramenta.
atendimento às especificações determinadas.
A partir dos anos 1930 e décadas subsequentes, H.
Os historiadores ensinam que a qualidade ligada E. Dodge e H.G, Romig desenvolveram técnicas para
ao produto pode ser também definida por seu preço inspeção de lotes fabricados por amostragem. Esta
e aceitabilidade no mercado e na própria fabricante também era uma ferramenta com bases estatísticas,
deste produto considerado como dentro da cuja técnica se consolidou rapidamente, porque não
conformidade. se chocava com as teorias administrativas da época.

Nas últimas décadas a definição mais citada é da Em 1950, Joseph Moses Juran publicou o Manual
satisfação do cliente, contemplando a adequação ao de Controle de Qualidade que dizia que a qualidade
uso e a conformidade às especificações. deveria ser verificada em todas as atividades da

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Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

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Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

Controle, Folha de Verificação, Gráfico de Dispersão


produção, fazendo, portanto, que a qualidade
e Fluxograma. Este autor também demonstrou quea
ganhasse novas dimensões.
inspeção amostral, estimativa estatística e projeto de
Já nessa época, o argumento de Juran era da experimento, apesar de serem métodos estatísticos
visão do atendimento das expectativas do cliente, poderiam ser utilizados pelos gerentes da produção.
portanto, para “adequação do produto ao uso”.
Os resultados dos métodos japoneses começaram
Juran definiu o triplo papeldos processos, que “além a aparecer para o ocidente na década de 70, por
de produtor, cada processo é ao concomitantemente apresentarem produtos de qualidade e confiabilidade
cliente e fornecedor”. E a partir de 1954 Juran proferiu superiores aos dos americanos, que por sua vez
uma série de palestras e seminários que resultou no estavam perdendo mercado. Portanto, ficou claro que
processo de transição entre o controle estatístico e o o TQC japonês estava dirigido para a satisfação dos
controle da qualidade total. clientes.

Em 1951 foi lançado o livro Controle da Qualidade Nogueira cita Juran que também conceituou a
Total escrito por Feigenbaun com definições GQT Gestão da Qualidade Total como “o sistema de
importantes como: Controle de Projeto, Controle do atividades dirigidas para se atingir clientes satisfeitos,
Material Recebido; Controle do Produto e Estudos de empregados com responsabilidade e autoridade,
Processos Especiais. maior faturamento e menor custo”.

No Japão e nos EUA W. E. Deming, também se Este conceito foi amplamente praticado nas
tornou reconhecido na área como especialista na indústrias americanas a partir de 1980, e no Brasil o
aplicação de técnicas estatísticas, mas o mundo estava mesmo ocorreu a partir dos anos 90.
no período pós-guerra e as indústrias não estavam
Neste século, a GQT tornou-se menos utilizada e
totalmente voltadas ao controle de qualidade.
foi substituída por Gestão da Qualidade e os
Com o fim da 2ª Grande Guerra (já no final dos programas de qualidade das décadas anteriores
anos 40) o Japão percebeu que poderia ter um foram abandonados.
diferencial nos seus produtos; esse diferencial era “a
qualidade” e aproveitaram as ideias lançadas por
3. Princípios da Gestão da Qualidade
Deming, surgindo, assim, o TQC, que é o Controle da
Qualidade Total. A criação da ferramenta PDCA foi
outra contribuição de Deming.
Porter (1986) ensina que o foco no cliente é o
princípio estratégico para a indústria se tornar
O desenvolvimento da visão ampla da qualidade
competitiva, portanto, para conquistar o mercado
com base nos trabalhos de Ishikawa foi bastante
todos os esforços são dirigidos pelas empresas, que
Influenciado por Juran e Deming, bem como o
não só tem que identificar estes requisitos como
Diagrama de Causa e Efeito também desenvolvido
também aplicá-los na sua organização, transferindo
por ele, que apresenta o estudo de processo de um
as pesquisas de mercado para todo o seu processo
conjunto de causas que devem ser controladas para
produtivo.
se obter bons produtos e serviços.

O ciclo do produto tem de atender aos requisitos


Outras técnicas que deveriam ser usadas na
citados por Poter, que ainda sugere que é necessário
produção foram classificadas e estudadas por
estudar seus concorrentes. Note-se que os
Ishikawa, por exemplo: Histograma, Cartas de

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Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

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Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

condições de iniciar o processo de satisfazer estes


concorrentes também estão a todo instante buscando
clientes, sejam eles fornecedores, clientes, acionistas,
os mesmos objetivos, isto é, tentando conquistar os
parceiros, funcionários e até órgãos governamentais.
conhecimentos e atender às expectativas do mercado.

A visão de uma Cadeia de Suprimentos para


As diferenças estão na criação, inovação e
montante (downstream) traz todos os seus
melhoramento dos processos produtivos
fornecedores (suppliers), e a jusante (upstream) traz
continuamente, sempre seguindo os princípios da
seus distribuidores (dealers), vendedores (sellers) e
abordagem científica para a tomada de decisões. Os
o seu cliente final.
argumentos para esta abordagem são baseados em
dados históricos, atuais e futuros e no estudo das
As expectativas de cada participante desta cadeia
ocorrências dos eventos, ou seja, dos atos.
devem ser estudadas, avaliadas e definidas, portanto,
para a própria organização, assim como sua missão,
Esta diferença, dizem os autores da matéria,
visão e valores (integridade, pontualidade e outros);
determina os esforços de liderança,
o atendimento aos requisitos dos seus clientes, as
comprometimento, envolvimento e especialização de
expectativas de seus funcionários no tocante a talentos
todos os colaboradores da empresa na direção de
reconhecidos e compensação financeira; os acordos
torná-la eficaz e eficiente.
com seus fornecedores e parceiros em longo prazo,
A soma destes atos e fatos faz a diferença na que tem como requisito relações boas e corretas; o
gestão da qualidade. valor econômico da organização; lucratividade e valor
da marca; e também o atendimento a regras e
normas vigentes em lei.
4. Foco noCliente Carpinetti (2010) cita Juran e o “triplo papel das
funções” dizendo que todas as funções desenvolvidas
dentro de uma organização incorporam três papéis:
A visão da gestão da qualidade apresenta duas
de cliente, que recebe de um fornecedor interno
questões sobre o foco no cliente:
informações ou materiais para serem processados;
1ª. A visão do mercado. de processador, que executa as atividades previstas,
e de fornecedor, que entrega as informações ou
2ª. Atendimento aos seus requisitos por toda a produtos processados para o próximo cliente interno.
organização.

A moderna visão do mercado trata do atendimento 5. Diagnósticos necessários


aos clientes externos, que não necessariamente são
apenas os consumidores finais, mas é a visão ao
montante e à jusante da organização, isto é, os A etapa do diagnóstico é inicialmente o assunto
“stakeholders”, desde os fornecedores (de matéria- mais complexo e importante quando se fala em
prima) até o cliente final (inclusive processos de SAC qualidade. A definição dos levantamentos necessários
e Assistência Técnica), passando pela própria para o completo diagnóstico de uma organização
organização. Portanto, na definição da cadeia de para a utilização de um método ou ferramenta da
suprimentos, tendo como central (foco) a organização, qualidade surge da observação constante da cúpula
esta tem de definir quem são os clientes internos e da empresa. A autoridade pode ser delegada, a
externos. Feito este estudo, a organização está em responsabilidade não.

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Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

• Organizacional para Qualidade e Produtividade,


A etapa do processo de diagnóstico, assim como
que apresenta um instrumental para desenvol-
todas as tarefas relacionadas com programas e
vimento da atividade diagnóstica.
aplicação de ferramentas e métodos, necessita ser
• Cadernos de Instrumento de Avaliação Diag-
oficializado na organização que deseja chegar a bom
nóstica que apresentam os nove instrumentos,
termo nos seus resultados.
com as matrizes e os respectivos quadros de
Para se efetuar a etapa de diagnóstico das áreas análise.
da empresa e acompanhar a sua execução deve-se • Relatório Diagnóstico Organizacional para Qua-
determinar o estudo e elaboração de um projeto, que lidade e Produtividade para demonstrar os da-
é diferente do planejamento para o dia a dia da dos pesquisados dentro da estrutura organiza-
empresa. cional.

Esta oficialização deve ser feita informando a todos Ferreira cita programas de conscientização e
os colaboradores da organização, e compreende a motivação para a qualidade e produtividade;
definição de uma equipe que executará as tarefas em desenvolvimento e difusão de métodos de gestão;
período integral, nunca parcial, para que se alcance capacitação de Recursos Humanos; adequação dos
resultados integrais e não parciais. serviços tecnológicos para a qualidade e
produtividade; e articulação institucional.
Para o diagnóstico há a necessidade constante de
se saber o que fazer, sua amplitude e abrangência, A análise da organização, bem como a avaliação
que devem também fazer parte da informação oficial de suas necessidades e que pontos devem ser
da organização a todos os colaboradores. melhorados é uma função exclusiva da alta
administração, não podendo esta responsabilidade
Um bom exemplo trabalhado em empresa ser passada para os gestores operacionais.
brasileira é o do Professor Ferreira (1998), que no
prefácio de seu livro “Diagnóstico Organizacionalpara Ferreira (1998) diz que a alta cúpula deve analisar
Qualidade e Produtividade” dá a direção para o a organização e se o diagnóstico for deficiente poderá
trabalho de diagnóstico e cita que: afetar o desempenho individual ou grupal.

Este trabalho é resultado de mais de 6500 O resultado pode ser: fracasso em atingir
horas-homens treinados durante o exercício de objetivos, planejamento confuso, má delegação
1989 a 1992 nos conceitos de Qualidade, de funções, problemas disciplinares, maus
elaboração de diagnósticos e implantação de programas de incentivos, objetivos mal definidos,
programas de Qualidade Total para empresas inexistência de padrões e desempenho,
privadas, públicas e instituições. Durante esse favoritismo, má distribuição de trabalho, etc.,
período, notou-se que os profissionais não estão que inclusive poderão conduzir ao baixo moral e
conscientizados para a etapa de diagnóstico e, desempenho organizacional insatisfatório.
quando isso ocorre, acontece de maneira não-
sistematizada, o que acaba por prejudicar todo o Paladini (1994) comenta que muitos dos fracassos
processo de implantação da filosofia da cometidos pela implantação de um TQM (Total Quality
Qualidade Total. Management) são:

Ferreira divide os tipos de diagnóstico em:

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Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

(...) decorrentes de equívocos no conceito de


governo, dando um exemplo de vontade política de
qualidade, dificuldades originadas pelo confronto colocar o Brasil como um país competitivo no primeiro
entre teoria e prática, muitas palavras mundo. E aponta que este PBQP fez que empresas
(princípios) e pouca ação, falta de confiabilidade mudassem sua postura de ação em nível de
nos resultados dos programas, resistência à produção, Recursos Humanos e tecnologia, para
mudança e grande dificuldade de os gerentes se atender a essa linguagem universal da qualidade e
adaptarem à democracia da qualidade. produtividade.

Ferreira (1998) utiliza como instrumentos para Na avaliação diagnóstica está a área de Recursos
diagnóstico os métodos Workshop e Brainstorming e humanos da empresa, na qual podem ser estudados a
descreve seus procedimentos. estrutura e seus subsistemas; recrutamento e seleção,
depto de pessoal, treinamento e desenvolvimento,
As orientações para que se alcance umaavaliação serviço social, benefício social, medicina ocupacional,
diagnóstica devem abranger desde a necessidade de engenharia de segurança do trabalho, restaurante,
uma reunião com os funcionários de todos os níveis relações sindicais, cargos e salários, entre outros
envolvidos, como a supervisionada aplicação dos pontos que deverão ser analisados.
instrumentos de avaliação, a respectiva tabulação
dos dados e sua correta interpretação. A avaliação diagnóstica com referência à
Qualidade coloca em discussão assuntos como:
A alta administração deve determinar a política política de qualidade, internalização da política,
organizacional sob os aspectos: os níveis de gerência elaboração dentro da filosofia de qualidade, medição
que tenham a capacidade de administrar a da produtividade, roteiros de produção, desenhos
organização; que possuam liderança no processo técnicos, adequação a normas e procedimentos,
decisório na estrutura e, ainda, fornecer veículos de programas de controle e planejamento, controle
comunicação e de informação ágeis. estatístico do processo, controle total da qualidade,
filosofia de zero defeito (se existir), qualidade
Dentro das possíveis áreas a serem analisadas assegurada pelos fornecedores, e outros processos.
para um correto diagnóstico podem estar as relações
entre pessoas e a organização, organograma, Como exemplo quanto à área de controle, deve-
autoridades e responsabilidades, cooperação entre se considerar o conhecimento geral da organização,
áreas, planejamento organizacional, as engenharias no qual está o recebimento de matéria-prima; a
de operações e produção, engenharia de fabricação, qualidade no processo de produção, a qualidade no
engenharia de manutenção, engenharia de processos produto final, a qualidade na elaboração de projetos,
e engenharia da qualidade (essas quatro últimas do a estrutura de controle de custo, a contabilidade
PCP), gerência de RH, setor de pesquisa e informatizada, o controle de processo nas atividades
desenvolvimento de produtos, documentação e referentes a tratamentos de não-confomidade, o
informação tecnológica (sistemas de requisição de gerenciamento das ações que são consideradas
material e de recursos da indústria), política de corretivas a qualidade, itens estabelecidos para
qualidade, planejamento organizacional em nível controle, planos para tarefas de inspeção, inspeção
estratégico e seus prazos, automatização, durante o processo de fabricação na linha e o controle
informatização e programas de capacitação de RH. específico nas áreas de manuseio de materiais,
preservação de material, embalagens de material e
Ferreira (1998) explana sobre a ação política que expedição de material.
passou a acontecer com o PBQP (Programa Brasileiro
de Qualidade e Produtividade, 1990), lançado pelo

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Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

Ferreira (1998) finaliza com a descrição do


Quanto à área de normalização e documentação,
Relatório Diagnóstico Organizacional para Qualidade
deve-se considerar o planejamento e a execução nos
e Produtividade e faz uma citação de Jan Carlzon:
quais encontram-se as normas de produção, o
sistema documentado, o conhecimento da ISO 9000,
A busca da Qualidade passa, efetivamente,
a implementação, o Código de defesa do consumidor, por todas as pessoas, com ênfase principal sobre
a ABNT, a divulgação de normas internas, o aquelas que ocupam posições de interação com
treinamento, a conscientização dos profissionais, os os clientes e, na percepção destes, essas pessoas
procedimentos de fabricação e a especificação de são a própria empresa.
produto ou serviço.

Quanto à área de metrologia, deve-se considerar 6. Técnicas da Gestão da Qualidade


o ferramental aferição, calibração, adequação das nas Operaçõesde Produçãoe o 5S
operações, existência de plano sistemático para
manutenção destas atividades, treinamento dos
responsáveis, equipamentos legais e confiabilidade Principalmente a Professora Helena RIBEIRO
no laboratório. (1994) e depois Natali (1995) definem o 5S ou House
Keeping como um conjunto de técnicas que foram
Quanto à garantia da qualidade, considerando os
utilizadas pelas indústrias nipônicas, que se tornaria
processos e procedimentos; implementação, sistema e
básico para o sucesso da qualidade total, porém, há
auditoria, medidas de capacidade do processo, normas
que se observar a cultura e disciplina do povo desta
e procedimentos para novos produtos, auditoria
nação.
interna e externa, instrumentos e equipamentos
legais legal de segurança e responsabilidade civil pelo Esta técnica, como as demais que tiveram origem
produto/serviço, adequação às normas de produção, no Japão, novamente tem como vantagem o fato de
qualificação de fornecedores, orientação a provocar mudanças comportamentais em toda a
fornecedores, métodos estatísticos, manutenção de organização. Um dos seus objetivos é que em longo
rotinas e melhoria de processos, treinamento em prazo passa a ser incorporado na rotina, contribuindo
auditoria de qualidade. para a conquista da qualidade total. Outra afirmação é
que o programa 5S pode fazer parte do planejamento
Quanto a relacionamento com clientes, deve-se
estratégico.
considerar considerando os processos existentes:
sistema de informação para atender reclamações de É consenso entre os autores que o 5S é
clientes, informação a consumidores sobre o representado por: SEIRI, SEITON, SEISO, SEIKETSU,
produto/serviço, atendimento por vendas, sistema de SHITSUKE.
marketing e atingimento de objetivos; pós-venda,
assistência técnica, atendimento ao consumidor, SEIRI significa: organização e liberação de áreas.
processo de realimentação face ao processo de A principal regra é “utilizar a técnica para identificar
aceitação e/ou uso do produto. e eliminar objetos e informações desnecessárias,
existentes na organização’. Seu conceito básico é a
E, finalmente, avaliar se os colaboradores em
utilidade, porém, alertam os autores que deve- se
geral, após comunicação oficial sobre esta etapa,
cuidar da execução para que não se percam
conseguem identificar e ter a correta percepção do
informações ou documentos importantes.
assunto, para que se possa elaborar o programa
voltado para qualidade e produtividade.

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Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

Esta prática inclui “não desperdiçar materiais; não


Deve-se identificar e proceder às regras: “se é
forçar equipamentos; deixar banheiros e outros
usado a toda hora deixar no próprio local de
recintos em ordem após seu uso, e outras regras e
trabalho”; “se é usado todo dia deixar próximo ao
práticas de higiene”.
local de trabalho”; “se é usado toda a semana deixar
no almoxarifado”; “se não é necessário descartar ou
E como vantagens da aplicação destas medidas
disponibilizar”.
têm-se a “melhoria do local de trabalho; satisfação
dos empregados por trabalharem em ambiente limpo;
Podemos citar as vantagens dos ganhos provocados
maior segurança e controle sobre equipamentos,
pelo SEIRI, especificamente: “é se conseguir
máquinas e ferramentas; e eliminação de desperdício”.
liberação de espaço; eliminar armários, prateleiras e
materiais em excesso, inclusive ferramentas; eliminar
SEIKETSU, que significa “padronização, asseio e
informações e dados de controle ultrapassados;
saúde”. Esta etapa exige “perseverança e
eliminar itens fora de uso e sucatas; e reduzir os
manutenção dos avanços e sucessos já obtidos”, pois
riscos de acidentes”.
se não houver alteração no comportamento das
pessoas e das rotinas que geram sujeira, a situação
Áreas de descarte devem ser definidas e instaladas,
inicial retornará rapidamente. Portanto, nesta etapa,
devendo ser sinalizadas para evitar que também
pela regra, “devem ser elaboradas normas que serão
façam parte da desorganização. Os responsáveis são
executadas no dia a dia e as responsabilidades de
liberados somente após o destino final do material
cada um”.
descartado.

As vantagens do SEIKETSU são “o equilíbrio físico


SEITON, cujo conceito básico é a simplificação,
e mental; melhoria no ambiente de trabalho;
significa “ordem e arrumação” e “é uma atividade
melhoria das áreas comuns; melhoria nas condições
para organização do que sobrou” depois do SEIRI.
de segurança”.
Portanto, a regra é: “os materiais devem ser colocados
em locais de fácil acesso e de forma que seja fácil
SHITSUKE que significa “disciplina e também
verificar quando estão fora do lugar”.
autodisciplina”, cuja regra é “o compromisso pessoal
de cada profissional com o cumprimento dos padrões
As vantagens e ganhos provocados pelo SEITON
éticos, morais e técnicos”, definidos pelo programa
são “rapidez e facilidade para encontrar documentos,
5S, que define a última etapa desse programa.
materiais, ferramentas e outros objetos; economia de
tempo; e redução de acidentes”.
A implantação do programa 5S prevê como regra
“que as pessoas passem a fazer o que tem que ser
SEISO, que significa “limpeza” é a etapa utilizada
feito e como deve ser feito, mesmo que ninguém
com o objetivo de “limpar a área de trabalho e
esteja observando”. Isto significa que existe disciplina.
também investigar as rotinas e procedimentos que
Para a implantação desta nova cultura, todos devem
geram sujeira, alterando-as”. A regra é “tudo o que
participar na elaboração de regras, normas e
agride o meio-ambiente pode ser englobado como
procedimentos que foram adotados no programa 5S.
sujeira” (como exemplos a iluminação deficiente,mau
cheiro, ruídos, pouca ventilação, poeira etc.), “Ecada
As vantagens são: “trabalho diário mais agradável;
usuário de qualquer máquina é responsável pela
melhoria nas relações humanas; valorização do ser
manutenção da limpeza daquela área”.

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Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

humano; cumprimento dos procedimentos operacionais e administrativos; melhor qualidade, produtividade


e segurança no trabalho”.

Dizem os autores da área que o programa 5S caracteriza-se por ser de fácil entendimento, porém, o
mesmo não se pode dizer de sua implantação, pois “promove mudanças comportamentais, eliminação de
rotinas e vícios antigos nos hábitos e atitudes pessoais”. Essa afirmação reitera-se através de uma pesquisa
realizada em 2000, pelo SEBRAE no Brasil, sobre Gestão da Qualidade Total nas pequenas e médias empresas
do terceiro setor, onde se verificou que 72% dos programas 5Ss fracassaram (SEBRAE 2000).

6.1. Ferramentas da Qualidade

As ferramentas da qualidade, de acordo com Carpinetti (2010), envolvem basicamente as seguintes etapas:
• Identificação dos problemas prioritários.
• Observação e coleta de dados.
• Análise e busca de causas-raízes.
• Planejamento e implementação das ações.
• Verificação dos resultados.

As ferramentas mais utilizadas e seus conceitos encontram-se a seguir.

Histograma

O histograma, criado por Ishikawa é um gráfico que dispõe as informações de forma a permitir uma
visualização da distribuição de um conjunto de dados, apresentando no eixo horizontal valores assumidos por
uma variável na qual se tem interesse, e no eixo vertical os valores que pertencem ao intervalo correspondente.
A seguir apresenta-se a figura característica da ferramenta, que se encontra em vasta bibliografia.

Figura 1 – Exemplo amplamente conhecido de histograma

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Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

O histograma pode ser aplicado em situações menos complexas e para montá-lo basta seguir os seguintes
passos:
• Obter uma amostra de, no mínimo, 50 e, no máximo, 100 dados.
• Determinar o máximo e o menor valor.
• Calcular a amplitude dos dados (r=max-min).
• Determinar o número de classes.
• Calcular a amplitude das classes.
• Determinar os limites das classes.
• Construir a tabela.
• Traçar o diagrama.

Os histogramas podem ser classificados de acordo com suas características:


• Simétrico: que representa processos estáveis e padronizados.
• Assimétrico: que representa uma situação na qual a característica de qualidade possui apenas um limi-
te de especificação e é controlada durante todo o processo.
• Despenhadeiro: que ocorre quando foram eliminados dados correspondentes ao corte em uma figura,
dando a aparência de que o histograma está incompleto.
• Dois picos: quando há uma mistura de dados diferentes.
• Platô: quando há diversas misturas de distribuições com médias diferentes.
• Ilha isolada ou retângulos isolados: que representa uma situação na qual certamente houve alguma
anormalidade no processo decorrente de alguma falha, ou ainda erro de medição.

Diagrama de Causa e Efeito

O diagrama de causa e efeito, também criado por Ishikawa, lembra um o esqueleto de um peixe,
representando as causas problema e seu resultado. Geralmente a construção do diagrama de causa e efeito é
executada por profissionais que realizam as funções e tarefas em que aparecem os problemas. É um desenho
de fácil visualização e para a sua montagem é aconselhável a utilização do Brainstorming, que auxilia os
profissionais envolvidos a produzir o máximo possível de informações e ideias.

Geralmente as causas potenciais são colocadas em categorias principais e subcategorias, de forma que se
assemelhe a um esqueleto de peixe (vem daí seu nome alternativo). É usado para a análise de relações das
causas e efeitos, para a comunicação destas relações e para facilitar a resolução de problemas dos sintomas
para a causa, até sua solução.

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Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

Figura 2 – Exemplo amplamente conhecido de Causa e efeito

O diagrama de causa e efeito serve para visualizar, em conjunto, as causas principais e secundárias de um
problema, ampliar a visão das possíveis causas do mesmo, enriquecendo a sua análise e a identificação de
soluções e também analisar processos em busca de melhorias. Por exemplo:
• Mão de obra (ou pessoas).
• Materiais (ou componentes).
• Máquinas (ou equipamentos).
• Métodos.
• Meio ambiente.
• Medições.

Figura 3 – Exemplo amplamente divulgado de causa e efeito

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Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

Folha de Verificação ou Lista de Verificação

A folha de verificação é um formulário previamente desenhado com os itens que devem ser analisados;
geralmente já estão definidos os seus limites inferior e superior, e normalmente seu objetivo é de coleta de
dados, que por terem sido anteriormente estudados participam de um planejamento de verificação.

Figura 4. Exemplo de Formulário


Lista de verificação da unidade de processamento de Alumínio:

Responsável pelo preenchimento: Data início:


local de coleta dos dados: Lote: Data término:

ITEM VERIFICADO VERIFICAÇÃO


2- Erro na confecção da armadura devido:
1- Entrega do aço pelo fornecedor está:
Ao erro da elaboração do romaneio
Na data prevista.( ) SIM ( )NÃO
( ) SIM ( ) NÃO
Atrasada ( ) SIM ( ) NÃO
Erro de projeto ( ) SIM ( )NÃO

Figura 5 – Exemplo de formulário


Ferramenta Forma O que é Para que serve
Lista de verificação Planilha para a Facilitar a coleta dos
obtenção de dados. dados pertinentes a um
determinado problema.

Portanto, é um roteiro de verificação, obtenção e registro de dados utilizados rotineiramente. É aplicado


desde a Primeira Guerra Mundial pela aviação militar; depois foi estendido para a aviação civil e procedimentos
aeronáuticos gerais e é conhecido como check list.

Gráficos de Controle

Os gráficos de controle têm como objetivo básico a verificação de processos para sua garantia, portanto,
neste gráfico aparecem as variáveis de diversas amostras que devem ser comparadas por suas médias e
amplitude, que por sua vez na análise demonstram sua variação. Segundo Rossato (1996) estes gráficos
servem para examinar se os processos em que são aplicados estão ou não sob controle, utilizando-se para
isto métodos estatísticos para a observação das mudanças dentro do processo, baseado em dados de
amostragem.

Estes gráficos também dão a informação de como os processos se comportam num determinado espaço
de tempo, dentro dos limites pré-estabelecidos, demonstrado, portanto, a necessidade de se procurar a causa
da variação.

No Gráfico de controle aparecem três linhas paralelas que representam um limite de controle, a saber:
• Linha Central que representa o valor médio da característica de qualidade.
• Linha Superior que representa o limite superior do controle.

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Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

• Linha inferior que representa o limite inferior.

Figura 6 – Exemplo de Gráfico de Controle Fonte web generalizado.

Os gráficos de controle servem para monitorar a variação de um processo e atuar na sua correção e
ajuste. Para a sua construção:
• Construa um gráfico cartesiano.
• No eixo “x” divida em períodos.
• No eixo “y” coloque os valores da variável.
• Determine as linhas limites.
• Una os pontos.
• Identifique as variações.

Figura 7 – Exemplo de Gráfico de Controle Fonte web generalizado.

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Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

É necessário observar que se qualquer um destes


Exemplo de como elaborar uma Carta
casos ocorrer, o processo é considerado “fora de
de Controle
controle”.
As definições apresentadas aqui estão no Portal
O resultado de uma variação intrínseca ao processo
Action, cujo site é mantido sem fins lucrativos pela
será a flutuação dos pontos, dentro dos limites de
empresa Estatcamp - Consultoria Estatística e
controle.
Qualidade.

Sabendo-se que esta ocorre devido a causas


Disponibilizar uma ferramenta estatística é seu
comuns dentro do sistema, e o site cita os exemplos:
objetivo, com uma fonte de informação útil aos
projeto, equipamento, manutenções preventivas, e
profissionais interessados em ferramentas da área de
outros, e somente acontece por uma mudança no
gestão da qualidade, da qual reproduzimos as
próprio sistema. Se eventualmente, os pontos
seguintes definições:
encontrados caírem fora dos limites de controle e
refletirem causas especiais, como exemplo: erro
Um processo está sob controle estatístico quanto
humano, acidentes, etc., estes não são ocorrências
a “aplicação”; quando verificamos o quanto a
originais do processo, ensina o Portal. E continua
variabilidade do processo se deve à variação aleatória
dizendo que estas causas devem ser eliminadas antes
e quanto é determinado por causas comuns e ações
de se utilizar as cartas de controle como ferramenta
individuais.
de monitoração. Finalmente, aponta o site Portal
Todosos dados são estatisticamente determinados. Action, após estes pontos o processo estará sob
controle, cita que poderão ser tiradas amostras em
E lemos a carta de controle depois de montada intervalos regulares para se ter certeza de que o
como simplesmente um gráfico de acompanhamento processo não sofre mudanças.
com uma linha superior e uma linha inferior emcada
lado da linha média do processo. Estratificação

Deve-se considerar a operação normal do De acordo com Carpinetti (2010) mestre em


processo: ferramentas da qualidade, “com a estratificação dos
dados, objetiva-se identificar como a variação de
1º. Quando os limites são determinados (isto é, cada um destes fatores naturais (contidos em um
sem controles especiais). conjunto de dados: equipamentos, insumos, pessoas,
métodos, medidas e condições ambientais), interfere
2º. Coletando-se amostras. no resultado do processo ou problema que se deseja
investigar, a saber:
3º. Aplicando-se a média destas amostras à • Tempo.
fórmula apropriada. • Turno da produção.
• Local.
4º. Locando-se as médias das amostras na carta. • Matéria-prima.
• Operador.
5º. Verificando se os pontos estão fora dos limites
de controle ou se formam padrões “não definidos”. Geralmente essa estratificação mostra os
resultados indesejáveis que variam:

17
Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

• De acordo com o tempo (de manhã, a tarde e a noite).


• De acordo com o turno da produção.
• De acordo com a linha de produção.
• Ou ainda, nas diferentes regiões do país.
• Quando se verifica sua origem (fornecedores diferentes para a mesma matéria-prima).
• Conforme o operador do equipamento.

Figura 8 – Exemplo de Estratificação

Diagrama de Pareto

Vilfredo Pareto (1843 – 1923) sociólogo e economista criou uma teoria que Juran adaptou aos problemas
da qualidade. É conhecido como 80 – 20, comercialmente, por exemplo, 80% das receitas advêm de 20%
dos clientes; 80% dos problemas são advindos de 20% dos clientes, etc. E na indústria os itens defeituosos
ou não conformes, retrabalhos, refugos, gastos com assistência técnica, problemas apresentados ao SAC,
prazos e atrasos, todos se analisados aparecerão bem próximos a esta relação (80 – 20). Esta ferramenta
também é representada por um gráfico de barras verticais – Gráfico de Pareto.

18
Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

Figura 9. Exemplo do Diagrama de Pareto

Síntese

Cada ferramenta tem uma função e não há uma indicação adequada para saber qual a ferramenta a ser
utilizada em cada fase dos trabalhos estatísticos. Tudo depende do problema envolvido, das informações
adquiridas, dos dados históricos disponíveis e do conhecimento do processo em questão

Diagrama de Pareto - Diagrama de barra que ordena as ocorrências da maior para a menor. Utilização -
Priorizar as poucas, mas vitais.

Histograma ou Diagrama de Barra - que representa a distribuição de uma população. Utilização - Verificar
o comportamento de um processo em relação à especificação.

Diagrama de Causa e Efeito - Método que expressa a série de causas de um efeito (problema). Utilização
- Ampliar a quantidade de causas potenciais a serem analisadas.

Folha de Verificação - Planilha para coleta de dados. Utilização - Facilitar a coleta de dados referente a um
problema.

Gráfico de Controle - Gráfico com limite de controle que permite o monitoramento dos processos. Utilização
- a verificação de processos para sua garantia.

19
Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

Estratificação - identificar como a variação de cada um destes fatores naturais interfere no resultado.
Utilização - Verificar se o processo está sob controle.

7. Ferramentas Gerenciais da Qualidade

No Japão na década de 60 aparece uma técnica para gerenciar a qualidade de processo e produto nas
operações de produção: o QFD ou Desdobramento da Função da Qualidade.

O FMEA Failure Mode and Effect Analysis ou Análise do Modo e Efeito da Falha, desenvolvido nos anos 80
nos EUA, que tem como preocupação básica a identificação de falhas de projeto de produto e processo de
fabricação.

Pode-se também citar como técnica o resultado da Motorola nos anos 80, que recebeu uma forma final
nos anos 90, o programa denominado Seis Sigma.

7.1.Diagramas de Relações

O diagrama de relações pode ser usado no mesmo sentido que o causa e efeito, esqueleto de peixe ou
espinha de peixe, e tem o objetivo de também estabelecer a relação entre diferentes fatores, sendo mais
utilizado nas fases de análise dos problemas. Esta ferramenta pode demonstrar as relações de métodos de
trabalho por falta ou falha no treinamento. Para a elaboração do diagrama de relações, comumente é também
utilizado o Brainstorming e diferentemente do da espinha de peixe, este diagrama pode demonstrar mais de
uma opinião divergente.

20
Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

Figura 10 - Exemplo de relações entre relatórios

O diagrama das relações analisa fundamentalmente a inter-relação entre causa e efeito, ou seja, a inter-
relação que existe entre as causas, simplificando a busca por soluções de problemas através da indicação das
diversas causas envolvidas em um problema e suas relações.

Portanto, para a construção de um diagrama de relações deve-se partir de várias ideias sugeridas em um
processo de Brainstorming, Ishikawa e cinco por quês. Este diagrama poderá ser de Objetivo Simples ou
Objetivos Múltiplos. Cada uma das ideias deverá ser colocada em um quadro e a partir daí, deve-se

21
Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

verificar se existe relação com as demais ideias apresentadas, fazendo sua ligação por meio de setas. Feitas
as ligações, que deverão ter suas conexões exaustivamente discutidas, verifica-se a quantidade de setas
que entram e saem de cada quadro. Cada quadro deverá então conter um número E/S (entrada e saída),
de maneira a identificar se aquela etapa é um agente gerador de ações (muitas saídas) ou então um
processador de ações (muitas entradas). Deve-se então dar-se o inicio ao processo de análise ao principal
gerador de ações. O Gerador de ações deve conter somente saídas e nenhuma entrada.

Notar que os quadros com maior quantidade de entradas e diversas saídas serão denominados
processadores de ações, os com muitas entradas e poucas saídas são denominados de gargalos.

7.2.Diagramas de Afinidades

O diagrama de afinidades lista as atividades de um ou mais departamentos e demonstra claramente as


duplicidades existentes, falhas de fluxo, redundâncias, e até erros de processos. Possui a mesma base de
levantamento das ferramentas anteriores, o Brainstorming.

O diagrama de afinidades é utilizado para solucionar problemas através da coleta de dados verbais de
forma desordenada, porém a análise deve ser feita por afinidade.

Para a construção de um diagrama, deve-se pensar no problema em questão, suas causas e, posteriormente
separar estas causas em categorias, através de afinidades. Também é originado por Brainstorming e torna-se
complemento do Ishikawa, porém com aplicações mais amplas, porém sempre pelas afinidades levantadas.

Exemplo de um Diagrama de Afinidade

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Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

Figura 11 - Adaptado por Nelson Rosamilha

Fonte da imagem: http://nelsonrosamilha.blogspot.com.br/2012/06/ferramenta-de-qualidade-diagrama-de.html

7.3.Diagramas em Árvore

O diagrama em árvore é uma variação das duas ferramentas anteriores; trabalha com atividades e
processos, detalhamentos e desdobramentos, mas é representado de forma hierárquica. É bastante utilizado
também para a representação da estrutura de produtos, ou ainda seus requisitos.

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Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

Figura 12 – Exemplo de Diagrama em Árvore

Esta ferramenta serve para desdobrar uma ideia, um conceito, uma tarefa, um processo nos seus
componentes mais básicos, permitindo desta forma um conhecimento mais profundo.

As aplicações são as mais diversas, por exemplo, um plano para desenvolvimento de novos produtos,
criação de diagramas causa-efeito, desenvolver ideias para solução de problemas relacionados à qualidade,
custo e transporte que geralmente surgem em empresas novas, desenvolver objetivos, políticas e etapas de
implementação, seguir a especificação de eficiência incrementada em peças e funções de controles.

7.4.Matrizes depriorização

A matriz de priorização, como já indica o nome, é uma ferramenta dirigida para estudar problemas voltados
a assuntos de acordo com sua “gravidade”, que no fundo é o impacto do problema sobre organizações,
processos, resultados, pessoas, produtos que surgirão num certo prazo caso o problema não seja resolvido;
“urgência” é o tempo em que deve ser resolvido, e “tendência”, que é a avaliação da tendência e avaliação
de crescimento, redução ou até o desaparecimento do problema.

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Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

Figura 13 - Exemplo: análise das reclamações dos clientes de um restaurante

Fonte da imagem: Dicas de qualidade: Matriz de Priorização e Diagrama PDPC . Adaptado de Carpinetti (2010)

A matriz de prioridade focaliza a atenção de um grupo de trabalho sobre as principais opções, antes de
avançar para o planejamento da atividade, permitindo, desta forma, estabelecer uma classificação numérica
de prioridades em um conjunto de opções dado.

As aplicações são as mais diversas, por exemplo, estabelecimento de pontos de concepção de ideias para
o desenvolvimento e melhoria de um sistema de produtos, atingir a nelhoria no desenvolvimento do produto,
estabelecer e fortalecer o sistema de garantia de qualidade, ligando níveis de qualidade com as várias funções
de contrlole, perseguir as causas da não-conformidade de produtos e seu processo de fabricação, e por fim
estabelecer estratégias para grupo de produtos a serem comercializados, através das avaliações das relações
entre os produtos e a situação do mercado.

25
Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

O ponto mais importante na utilização de uma matriz


7.5.Matrizes derelações é decidir como combinar os conjuntos de fenômenos
e fatores correspondentes.

Matriz de relações é um gráfico no qual se A matriz tipo L é uma matriz básica e de ampla
registram as relações entre dois ou mais conjuntos de aplicação que permite relacionar dois conjuntos de
dados, multidimensionalmente. Mostra a intensidade fatores. Pode ser utilizada para associar metas e os
das relações entre os fatores estudados, dando meios para alcançá-las, assim como traçar conclusão
condições a que se avalie e combine os conjuntos de sobre as relações existentes entre as consequências
fenômenos e fatores correspondentes. Essa matriz e suas causas.
pode ser do tipo L, (metas e meios) T (soma de duas
L), Y (redução e defeito) e X. (uso restrito ou A matriz tipo T é uma superposição de duas
específico). matrizes tiipo L. É um bom metodo para análise de
atividades de redução de defeitos.
Figura 14 - Relação binária.
A matriz tipo Y é uma combinação de três tipos de
matrizes tipo L. Ela mostra a relação entre os fatores
A, B e C.

E a matriz tipo X é a combinação de quatro matrizes


tipo L, entretanto, seu uso é bem mais restrito.

7.6.Diagramas de processo decisório

Neste diagrama registram-se, como se fosse um


mapa, todos os caminhos possíveis e imagináveis
para se alcançar um objetivo, mostrando todos os
problemas e as medidas que devem ser tomadas,
portanto, dá condições de se definir o melhor caminho
para se alcançar o melhor resultado. O grande
objetivo é antecipar os desvios da rota principal, bem
como também desenvolver medidas alternativas.

Fonte da imagem: http://pt.wikipedia.org/


wiki/Rela%C3%A7%C3%A3o_bin%C3%A1ria

A matriz de relações estimula o pensamento


multidimensional através da investigação sistemática
das relações entre dois ou mais conjuntos de dados
verbais. Além de indicar a presença, também mostra

26
Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

a intensidade das relações entre fatores analisados.

27
Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

Figura 15 - Diagrama de Processo Decisório.

Fonte da imagem: http://sandrocan.wordpress.com/tag/diagrama-de-processo-decisorio/

7.7.Diagramas de Atividades

O diagrama de atividades mostra as atividades antecessoras e predecessoras dentro de um fluxo de


atividades de um único processo. O diagrama mostra as dependências uma da outra. Geralmente o diagrama
mostra as atividades (conectadas por arcos, que demonstram transições e dependências entre elas), por
regiões que estão associadas a um objeto modelo, destarte, dentro de cada região se encontrarão as
atividades relativas ao objeto da região.

Figura 16 - Diagramas: Seqüência e Atividades

Fonte da imagem: Diagrama Sequência e atividades. Adaptado de Carpinetti (2010)

28
Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

8. FMEA Análise de Modelo e Efeito da Falha

Lenzi (2000) diz que não é conhecida, pelo menos na literatura de ferramentas da qualidade, a ocasião em
que surgiu a análise de modelo e efeito na falha – FMEA. A ABNT, Associação de Normas Técnicas Brasileira,
na norma NBR 5462 de 1994, adota esta sigla e a traduz como análise dos modos de falha e seus efeitos. A
norma apresenta o FMEA como um método qualitativo e confiável que abrange o estudo dos modos de falhas
que podem existir para cada item estudado e a determinação dos efeitos. Conforme a literatura da área, o
método pode ser utilizado nas mais diversas áreas, a saber:

• Villacourt (1992) indica-o para estudo de equipamentos de semicondutores.


• Latino (1996) indica-o para sistemas hidráulicos e pneumáticos.
• Price (1996) indica-o para circuitos elétricos.
• Pinha et al. (1998) indica-o para desenvolvimento de reator nuclear.
• Castro (2000) indica-o para indústrias siderúrgicas.
• Souza (2000) diz que o FMEA pode ser utilizado com outras ferramentas, como exemplo, o QFD.

A crítica maior sobre o FMEA é o tempo gasto na sua execução, problema este que pode ser amenizado
com o uso de computadores e um software, e programas aplicativos nos quais basicamente se controlam os
cadastros de falhas, preenchimento de formulários e gerenciamento das reuniões.

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Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

Figura 17- Modelo do preenchimento de etapas de um FMEA.

Fonte da imagem: Elaborado pelos autores, a partir dos autores citados na


revisão de literatura. Djeison Rangel Berger (FAHOR) e outros

9. Seis Sigma

Em consenso diversos autores ensinam que para este processo o conceito de defeito como uma “não-
conformidade” de um produto ou serviço com base nas suas especificações não é o básico, o Seis Sigma o
define como valor agregado para atingir a meta estratégica da organização e como se sabe está em todos os
processos produtivos e estudos das conformidades, pois faz parte primordial com vistas ao bom atendimento
e satisfação dos clientes.

30
Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

DMADV
Figura 18 – Seis Sigma

Na metodologia DMADV se apresentam cinco


definições, a saber:
• Define goals: é a definição de objetivos consis-
tentes com o planejamento estratégico da or-
ganização, visando as demandas dos clientes.
• Measure and identify: é o mensuramento e
O Seis Sigma é definido como uma estratégia identificação de características críticas para a
empresarial; alguns autores o definem como qualidade de produtos, processos de produção
ferramenta, outros como um método, mas o objetivo e riscos.
é promover mudanças culturais na organização, • Analyze: é uma fase de análise, desenvolvi-
visando a melhoria de processos, produtos e serviços. mento de alternativas, isto com a criação de
Não muito diferentemente de outras ferramentas desenho de alto nível que auxilia a selecionar o
gerenciais, administrativas ou produtivas, o Seis melhor projeto;
Sigma tem como premissa a obtenção de resultados • Design details: é a fase de desenhar detalhes,
da qualidade, sempre de forma planejada, e atua otimizando o projeto e planejando a verificação
principalmente nos resultados financeiros, sendo seu do atendimento aos requisitos (geralmente é a
objetivo a redução da variação nos processos, fase de maior duração).
sempre eliminando defeitos ou falhas nos produtos e • Verify the design: é a fase de execução dos
serviços. pilotos do processo e implementação desses
processos na produção.
Atualmente já é visto como uma prática gerencial
voltada para melhorar a lucratividade, aumentar a DMADV
participação no mercado, reduzir custos e otimizar as
operações das organizações sejam produtivas ou de Este método também tem cinco fases, a saber:
serviços. A implantação do Seis Sigma é difícil porque
trabalha com mudança de culturas, por isso em • Define the problem: é a fase de definição dos
algumas empresas há insucesso na sua implantação. problemas a partir de pesquisa sobre os consu-
midores e os próprios objetivos do projeto.
Como todo e qualquer método ou ferramenta o • Measure Key Aspects: é a mensuração e inves-
início do processo tem de ser oficialmente comunicado tigação das relações de causa e efeito; dentro
a todos os colaboradores da empresa e formalmente desta fase procuram-se as principais causa dos
é definida uma equipe em trabalho integral para que defeitos.
os resultados não sejam parciais, e seus principais • Improve the process: é a fase de melhoramen-
eventos e metas a serem atingidas devem estar no tos e otimização dos processos com base na
documento de oficialização de implementação. análise dos dados, utilizando-se técnicas como
desenho de experimentos, prova de erros e pa-
Basicamente o Seis Sigma, segue a metodologia
dronização dos trabalhos para criação e execu-
do PDCA, compostas por fases denominadas DMAIC
ção de testes pilotos para o estabelecimento de
(usado para projetos que objetivam melhorar
capacidades de um novo processo.
processo de negócios atuais) e DMADV (usado para
• Control: é a fase de implementação dos con-
projetos novos com seus requisitos de desenhos de troles e monitoramento do futuro estado dos
produtos e processos). processos para que se efetue o estudo das

31
Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

possíveis correções de quaisquer desvios antes


que se tornem defeitos. • Disponibilidade de recursos para treinamentos
e materiais didáticos.
Os maiores benefícios do Seis Sigma são: • Apoio concreto, tornando o método exequível.
• Se necessário, apoio externo, como por exem-
• Redução dos custos da organização. plo, a contratação de uma consultoria de fora
• Resultados significativos no tocante a qualida- com suficiente conhecimento de mercado.
de e produtividade de produtos e serviços. • Nível alto na escolaridade dos participantes da
• Possibilidade de aumentar o número de clien- execução dos trabalhos.
tes e reter os atuais. • Apoio da tecnologia da informação com apli-
• Eliminação de atividades que não agregam va- cativos e programas que auxiliem na execução
lor. das atividades do método.
• Alteração significativa na cultura da organiza-
ção.
10. Ciclo PDCA
E finaliza Martins diz que na implantação do Seis
Sigma não se pode negligenciar a resistência dos De acordo BILLIG e diversos autores, o “Ciclo
colaboradores de mudar a cultura do trabalho e sua PDCA” é um método gerencial de ações voltadas à
produção ou prestação de serviços, alterando tomada de decisões para que haja garantia no
significativamente sua qualidade nos resultados, pois alcance das metas necessárias à sobrevivência de
está se aplicando uma melhoria contínua nos uma organização diz Werkema (1995). Este método
processos da produção, considerando-se como metas foi desenvolvido na década dos anos 30 pelo
os aspectos mais importantes para o negócio (tais americano Shewhart, porém seu maior divulgador foi
como: rentabilidade, aperfeiçoamento da eficiência e Deming. É um método de solução de problemas,
eficácia e outras que afetam as necessidades de porque cada meta de melhoria origina um problema
demanda do mercado) que a empresa deve solucionar.

Os fatores mais importantes do Seis Sigma são: Também de acordo com Werkema, o controle da
• A alta administração tem de estar comprometi- qualidade moderno teve início nos EUA com a
da e envolvida. aplicação industrial do gráfico de controle na empresa
• Haver gerenciamento de projeto hábil e flexí- de telefonia “Bell Telefhone Laboratories”. Já o Dr.
vel. Shewhart, havia proposto o uso do gráfico para a
• Deve existir uma maior priorização e seleção análise de dados resultantes de inspeção, fazendo
de projetos. com que a importância dada à inspeção, que era um
• A manutenção e revisão da documentação pas- procedimento baseado na detecção e correção de
sam a ser obrigatórias e com prazos. produtos defeituosos, começasse a ser substituída por
• Foco na satisfação dos clientes e consequente- uma ênfase no estudo da prevenção dos problemas
mente no mercado. relacionados com a qualidade, de modo a impedir que
produtos defeituosos fossem produzidos.

São obrigatórias as colocações de facilidades pela Camilato (2000) cita W. Edwards Deming,
alta administração: estatístico e especialista em qualidade, foi ao Japão
proferir palestra, no ano de 1950, para proferir

32
Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

ou processos. Esses métodos englobam, portanto, os


palestras para lideres industriais, seu foco auxiliara
procedimentos e as orientações técnicas necessárias
na reconstrução daquele país, conquistar novos
para se atingir metas.
mercados e melhorar a reputação dos produtos
nipônicos. A contribuição deste profissional para os
- “Do” (execução) que é realizar e executar as
esforços de agregar qualidade ao sistema fabril
atividades. Durante esta etapa devem ser coletados
japonês foi tão significativa que em 1951 foi criado o
os dados e informações que serão utilizados na fase
Prêmio Deming, em sua homenagem.
de verificação.
Joseph M. Juran também visitou o Japão, e
- Check (verificação) que é monitorar e avaliar
introduziu uma nova etapa no controle de qualidade
periodicamente os resultados, avaliando os processos
em 1954. Este profissional liderou a transposição de
e resultados e os confrontado com o planejado,
uma fase, na qual as atividades relativas á qualidade
consolidando as informações e confeccionando
eram baseadas nos aspectos tecnológicos das
relatórios. Para estes procedimento é bastante
fábricas para uma preocupação que passou a ser
comum a utilização de ferramentas de controle, tais
global e holística, abrangendo todos os aspectos do
como: cartas de controle: histogramas, folhas de
gerenciamento e toda a organização. O chamado
verificação e outras. O importante nesta etapa é que
PDCA.
as ações estejam respaldadas em “fatos” (não em
As metas e os métodos são definidos na fase “P” opiniões ou intuições).
de Plan ou Planejamento. A estrutura de feedback e
- “Act” (ação) que é a etapa de agir de acordo com
o plano de controle são passos que fazem parte desta
as avaliações e com os relatórios, ainda nesta etapa
etapa.
pode se determinar e confeccionar novos planos de
ação, de foram a melhorar a qualidade, eficiência e
Na fase “D” de Do ou executar, fazer e realizar
eficácia, aprimorando destarte a execução e
exige treinamento dos que vão atuar neste processo,
corrigindo eventuais falhas. Geralmente podem
pois uma coleta minuciosa de dados faz-se necessária.
ocorrer duas situações:
Na fase “C” de Check ou monitoramento e a “A”de
- Caso as metas não tenham sido alcançadas, faz-
Act ou atuar corretivamente englobam o
se necessário buscar as causas das inconsistências e
estabelecimento de controles do processo e o
agir de forma a prevenir a repetição dos efeitos não
mapeamento de ações corretivas.
desejados.
O ciclo PDCA tem como objetivo tornar mais claros
- Caso os objetivos tenham sido alcançados, deve-
e ágeis os processos que tenham envolvimento na
se adotar como padrão as metas definidas na fase de
execução da gestão e divide-a em quatro principais
planejamento.
fatos:

- “Plan” (planejamento) que estabelece a missão,


visão, objetivos, procedimentos e processos (até
metodologias) necessários para se atingir resultados.
De forma geral, as metas são desdobradas a partir
do Planejamento Estratégico e representam os
requisitos para a satisfação do cliente ou ainda
parâmetros e características de produtos, serviços

33
Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

Figura 19: PDCA

Fonte da imagem: DEMING (1990)

A melhoria contínua, na prática, ocorre quanto mais vezes for executado o PDCA, que otimiza a execução
dos processo, possibilita a redução de custos e o aumento da produtividade. A aplicação do PDCA a todas as
fases do projeto pode levar ao aperfeiçoamento e ajustamento do caminho que a organização deve seguir.

Estes processos podem ser considerados corretos e satisfatórios quando as melhorias forem também
aplicadas neles. As melhorias, com o PDCA, são gradativas e contínuas e agregam valor ao projeto,
assegurando a satisfação dos clientes.

34
Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

Figura 20: PDCA Etapas

Fonte da imagem: DEMING (1990)

Podem-se citar para as etapas do PDCA as necessidades de:

1 - Identificação do Problema para a qual existem métodos. Porém, em muitas organizações


predominam as ações do tipo “apagar incêndios”, sendo assim, é importante que sejam exaustivamente
estudados os métodos existentes.

2 – Observação que é uma técnica poderosa e que pode ser utilizada para ajudar a compreender
problemas como os de manufatura e de operações de serviços. Diz-se que “um problema bem entendido é
um problema metade resolvido”, portanto, sua interpretação é imprescindível; isto implica que uma grande
parte do tempo da solução de problema deveria ser dedicada ao seu entendimento antes de qualquer ação
corretiva.

3 – Análise do Processo é a etapa que se inicia a partir da coleta de dados, partindo-se para uma
sequência de etapas para estratificar os efeitos encontrados, descobrir as suas prováveis causas, priorizar as
mais exequíveis e factíveis de serem responsáveis pelas falhas e determinar as fundamentais causas destes
efeitos indesejados, além de efetuar a proposição de ações para eliminar os problemas.

4 – Plano de Ação que são efetuadas com base no planejamento estratégico.

5 – Ação, que segundo vários especialistas corretamente determinadas, tendo como base o extenso,
complexo, porém completo diagnóstico.

35
Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

6 - Verificação que é a etapa na qual são verificados se os resultados esperados foram alcançados e por
quê.

7 – Padronização que geralmente apresenta as dificuldades de algumas organizações com referência à


descrição de seus processos e atividades críticas.

8 – Conclusão que é a etapa de comunicação do trabalho executado, geralmente feita por escrito e cujo
relatório tem que ser feito de forma clara, concisa e exata. Este é um bom motivo para se executar a arte da
boa comunicação, que também é uma questão de sobrevivência profissional.

11. Fluxograma

Os fluxogramas também são considerados como ferramenta e representam todas as etapas que compõem
um processo completo e estão baseados no raciocínio lógico de execução de determinado processo de
fabricação e serviços, procedimentos operacionais, táticos ou estratégias, bem como de ações que devem ser
implementadas por um conjunto de pessoas. Com a aplicação de um fluxograma em uma função específica é
possível visualizar todas as tarefas que não podem deixar de ser praticadas, assim como sua ordem correta.

Os fluxogramas são representações pictóricas do processo e de sua normalização, sendo executados passo
a passo do processo com análise, discussão e comunicação.

Figura 21. Exemplo de Fluxograma

Fonte da imagem: Adatado de Carpinett (2010)

36
Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

sempre a visão de alto aprimoramento para, com


12. Medição deDesempenho consistência, procurar, encontrar e superar os pontos
fortes dos concorrentes. Diz o histórico que empresas
como a Ford, IBM e Xerox atingiram resultados
A medição de desempenho deve ser executada impressionantes em algumas décadas atrás.
estudando-se as atividades que têm como resultado
a eficiência e a eficácia da organização. O benchmarking é um processo contínuo de
comparação de serviços, produtos e práticas com as
É bastante normal que se faça confusão entre melhores empresas, basicamente entre as mais fortes
estas duas definições que por vezes levam as pessoas concorrentes ou reconhecidamente líderes de
a acreditar que se tratam da mesma coisa. Porém, a mercado. Portanto, Benchmarking é a comparação de
eficiência trata de como se fazer algo e não do que processos e práticas que pode acontecer entre
fazer. Trata também de como fazer certo e não companhias e até entre divisões e departamentos da
apenas fazer a coisa certa. Quando está se falando mesma companhia.
em fazer (produzir) mais com o mínimo de recursos
está se falando em eficiência. A literatura informa que benchmarking é um
processo de aprendizado contínuo e não um evento
Quando se busca fazer as coisas certas, está se ou ação isolada; é, em suma, uma investigação ou
falando sobre que caminho seguir e a eficácia busca que fornece informações de grande valor e não
geralmente está ligada à escolha do que fazer, de uma que fornece respostas simples com receitas
forma a atingir resultados da organização que prontas; é um aprendizado com base em outras
corresponda às necessidades e aos desejos do experiências internas e externas e não uma cópia ou
mercado. imitação; é um trabalho extenso que consome tempo
e que requer muita disciplina, portanto não é rápido
Portanto, a eficiência é fazer o certo, isto é, o meio
e fácil; por fim é uma ferramenta exequível e viável,
para se atingir um resultado; em última análise é a
aplicável a qualquer processo e empresa.
atividade ou aquilo que se faz. E eficácia é fazer a
coisa certa, isto é, alcançar resultados; é, portanto Envolvidos com o dia a dia, o executivo geralmente
aquilo que se faz, ou seja, a missão da organização. é ultrapassado pela necessidade de aprimoramento
exigido pelos mercados para a melhoria de seus
processos, produtos e serviços. Estes executivos
13. Benchmarking acabam presos aos seus próprios paradigmas e não
conseguem oferecer um desempenho favorável
visando oferecer alta qualidade com baixo custo e,
O benchmarking surgiu da grande necessidade de assim, não atingem as capacidades de chegar ou
informações e desejo de aprender rapidamente como manter a liderança.
resolver problemas empresariais.
Assim como as outras ferramentas da qualidade,
A comparação dos indicadores de qualidade entre o benchmarking também necessita de oficialização
unidades produtivas apresentados por organizações pela alta administração da organização, com regras e
produtivas semelhantes geralmente é tida como procedimentos (neste caso denominado plano de
premissa básica para a utilização do benchmarking. processo) que devem ser seguidos a fim de que todos
os objetivos sejam alcançados através de uma
O planejamento estratégico é um procedimento implementação (ação do processo) e com controles
que utiliza bastante o benchmarking, buscando

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Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

O benchmarking é um instrumento de gestão para


que demonstrem claramente as manutenções desta
otimizar ou simplesmente melhorar o desempenho da
cultura.
empresa e assim até conquistar superioridade à
Antes do início do processo a organização deve concorrência, envolvendo os resultados na
avaliar e analisar fatores como: o ramo, os objetivos, performance empresarial.
as amplitudes, as diferenças organizacionais e
O Benchmarking pode ser classificado em três
principalmente os custos, porque cada organização
tipos:
tem suas necessidades individuais.

Interno – Quando consiste em comparar as


Uma das maiores mudanças em uma organização,
operações da própria empresa com as de outro
com a aplicação do benchmarking é maneira de
departamento interno ou de outras empresas do
pensar. Esta ferramenta oferece um senso de
mesmo grupo. O objetivo é identificar internamente
urgência para melhoria de processos sempre com
o modelo a seguir.
base em indicadores, objetivos, de outra empresa,
mercado, diretorias, departamentos, filiais e até de
Competitivo – Que tem como alvo a concorrência
parceiros. Outro resultado muito positivo é que os
direta, ou seja, um concorrente direto que tem como
membros da equipe tornam-se motivados pelo senso
objetivo atender ao mesmo mercado. Neste caso as
de competitividade que surge na medida em que
informações são difíceis de serem obtidas porque os
executam os processos, seja por inovação, renovação
concorrentes nunca estão dispostos a fornecer
ou mesmo pela aplicação da nova forma de pensar,
informações sobre suas atividades. Portanto, sempre
que objetiva sua própria melhoria de processo.
é aconselhável a contratação de uma consultoria
externa para se conseguir os dados desejados.
Benchmarking é visto como uma ferramenta de
melhoria e as empresas que querem atender aos seus
Genérica ou multissetorial – Consiste na
procedimentos devem assumir a postura de aprender
determinação das melhores práticas para determinada
com as boas experiências dos outros, suas boas
área ou serviço, ou seja, é executada uma comparação
práticas, normas, políticas e por estes motivos
entre empresas de diferentes setores, geralmente as
justifica-se o esforço e empenhos que deverão ser
reconhecidas como as que prestam os melhores
investidos, porém, requer tempo e disciplina.
serviços ou possuem os melhores métodos.

Com o planejamento estratégico pode-se


O benchmarking possui os seguintes princípios:
vislumbrar oportunidades, fraquezas, pontos fortes e
ameaças próprias e dos concorrentes, constituindo
Reciprocidade – Quando solicitamos informações
uma ótima ocasião para que se execute um trabalho
de uma empresa e ao mesmo tempo fornecemos as
de aproveitamento intelectual, escapando de alguns
da nossa empresa. Portanto, criando e executando
erros de eventos conhecidos e já vividos por outros
relações recíprocas.
profissionais.
Para este tipo de processo deve ser feita uma
Benchmarking pode ser visto como uma ferramenta
negociação para se determinar os limites na troca de
composta de atributos que determinarão o sucesso e
informações.
pode-se até afirmar a sobrevivência das organizações
neste mundo extremamente competitivo. Analogia – O conhecimento dos métodos da
empresa devem ser sobejamente conhecidos

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Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

Ad Hoc – constituídas por profissionais que têm


para que se faça a adaptação de novos processos
como missão a coleta de informação que lhes permita
originados na empresa estudada.
ultrapassar desafios concretos.
Medição – Como o processo é de comparação de
A implementação das ações somente deve ser
desempenho entre empresas os sistemas de
executada após a identificação de métodos de
avaliação e medição estes dependem dos indicadores
reconhecida qualidade, bem como a avaliação desses
selecionados.
resultados. Portanto, verificando-se a aplicação de
Validação – Como a mera intuição ou suposição algumas regras:
não constituem métodos em que se possa acreditar
Coleta de dados internos – Compreender muito
fielmente, as equipes de trabalho devem validar seus
bem seu próprio processo.
estudos por métodos estatísticos sob pena de
incorrer em graves erros.
Coleta de dados externos – Analisar muito bem o
processo dos outros.
São quatro as etapas do benchmarking segundo
Edwards Deming:
Análise das informações – Comparar o seu
desempenho com o da análise;
Planejamento – que define o objeto do
benchmarking e define rigorosamente a missão, e a
Plano de ação – Que contenha a descrição do
seleção dos alvos a serem atingidos.
método e do modo como deverá contribuir para
reduzir os diferenciais da empresa, a fixação de um
Coleta dos dados – que consiste em analisar se as
cronograma, as responsabilidades e os recursos
informações que são de domínio público, portanto
envolvidos.
publicadas em mídias, e informações resultantes de
contato direto com as empresas.
Os objetivos proporcionados pelo benchmarking
são:
Análise dos dados – que é efetuada considerando-
• Facilitar o conhecimento interno da própria em-
se a determinação das diferenças de desempenho e a
presa.
identificação dos responsáveis pelos bons resultados.
• Promover o conhecimento do meio competiti-
Adaptação e melhoria – determinação das ações vo.
para melhorar o desempenho da empresa tendocomo • Facilitar a gestão por objetivos.
base a conclusão dos estudos. • Constituir uma nova cultura que reduz a resis-
tência interna.
Formar a equipe é um passo fundamental, desta
definição depende o sucesso da implementação do
processo. Estas equipes podem ser de três tipos:

Internas – profissionais do mesmo departamento


ou que hierarquicamente respondam ao mesmo
responsável.

Independentes – profissionais com competência


adequadas a cumprir a missão.

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Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

GLOBAL SUPPLY CHAIN FÓRUM (GSCF) –


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Conceitosbásicos de Gestão da Qualidade

PORTAL ACTION - Software Action, Como Montar


uma Carta de Controle. Este site é mantido sem fins
lucrativos pela empresa Estatcamp - Consultoria
Estatística e Qualidade. Disponível em: http://www.
estatcamp.com.br/empresa/.

PRADO, HRFº. Dicas de qualidade: Matriz de


Priorização e Diagrama PDPC. Disponível em:
http://qualidadeonline.wordpress.com/2009/12/17/dicas-
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PORTER, ME. Estratégia Competitiva: técnicas


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RIBEIRO, H. 5S A Base para a Qualidade


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ROSSATO, I. Capítulo III. Ferramentas


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