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Para mim, a nossa metrópole, de onde tudo devia irradiar (e há de chegar esse dia), de onde
tudo lhe partir, é Itabira do Matto Dentro, com a sua prodigiosa cristalização da alma brasileira,
de consciência e de seu princípio essencial.
Sei que ela está ameaçada de destruição, mas, como a cidade divina, ela se erguerá acima da
terra, e, pairando em nosso espirito, nos guiará e esclarecerá, conduzindo os discutidores e
carregando os verdadeiros míticos, seus filhos
prediletos.
Os homens que vemos caminhar pelas ladeiras longínquas, cabisbaixos, com um sonho
confuso no olhar, aprenderam duramente a viver, souberam dia a dia a têmpera crua da
minuciosa miséria de seu pão e de suas casas, construídas voluntariamente no pior lugar da
pedra áspera, da grota desesperada.
Sobre esse vazio, sobre esse plano absoluto, constroem lares fecundos. Seus filhos, que
fogem à procura da felicidade, deslumbrados pelo rumor e pelo brilho cá de longe, esquecem
desde logo a lição rude que receberam e, vencendo, são derrotados por esse mesmo
esquecimento, que deixa em seu lugar uma incompreensível angústia.
Há qualquer coisa que os faz parar em pleno surto, com o coração oprimido, confuso,
humilhado, tateando medrosamente em torno de si, completamente fora de seu eixo.
É o sagrado ritmo de Itabira que, uma vez partido, inutiliza e inutilizará sempre os seus
trânsfugas.