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INTRODUÇÃO
Rachel de Queiroz inicia sua obra “Dôra, Doralina” (2020, p. 13) com a
seguinte afirmação “Bem, como dizia o Comandante, doer, dói sempre. Só não
dói depois de morto, porque a vida toda é um doer”. Tal constatação nos
remete à política de memória e esquecimento da teoria da colonialidade.
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Mestranda de Literatura Comparada da UFPE. Trabalho realizado para avaliação da disciplina
Teorias da Colonialidade do professor Roland Walter.
Primeiramente, é importante compreender que colonialidade é diferente
de colonialismo, sendo este a colonização, isto é, a experiência de submeter
uma determinada raça, gênero, cultura a outra considerada superior; enquanto
aquela é o padrão utilizado pelo colonialismo. Sendo assim, a colonialidade é a
imposição de uma regra hegemônica, de modo que a partir dela os homens
brancos se sobrepõe aos negros, os portugueses aos seus colonizados, os
homens sobre as mulheres, entre tantos outros exemplos.
[...] mas o livro também ficciona para dizer a verdade, esse outro
grande paradoxo da literatura. Pode esperar-se que os factos
relatados correspondam ao que foi testemunhado, vivido e sentido,
não que sejam um relato literal isento de trabalho literário.
Passamos vinte e sete meses juntos nos cus de Judas, vinte e sete
meses de angústia e de morte juntos nos cus de Judas, nas areais do
Leste, nas picadas dos Quiocos e nos girassóis do Cassanje,
comemos a mesma saudade, a mesma merda, o mesmo medo, e
separamo-nos em cinco minutos, em aperto do mão, uma palmada
nas costas e um vago abraço, e eis que as pessoas desaparecem,
vergadas ao peso da bagagem, pela porta de armas, exaporadas no
redemoinho civil da cidade (ANTUNES, 2007, p. 83).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS