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Dirceu Martins Alves (19.09.2023)
Segundo o Site Meio & Mensagem: “Hoje, são oito câmaras do Conselho de
Ética estrategicamente localizadas no Brasil, em estados como São Paulo, Rio
de Janeiro e Recife e os conselheiros são todos voluntários”. E os conselheiros
são todos voluntários.
“De acordo com o próprio Conar, a criação do órgão foi uma resposta à ameaça
de censura na publicidade. À época, no final da década de 1970, o governo
federal considerou criar uma lei para avaliar, antecipadamente, o teor de
qualquer anúncio publicitário antes que ele fosse veiculado em algum meio de
comunicação.
Ou seja, nenhum anúncio de televisão, rádio, jornal, revista (ou qualquer outro
meio da época) poderia ser veiculado sem contar com um carimbo de “OK”.
Na teoria, essa determinação significaria um esforço burocrático para o Estado.
Já do ponto de vista do mercado publicitário, na prática, tal lei representaria
um retrocesso e a imposição de controle sobre o direito à liberdade de
expressão. ”
Petrônio Cunha Corrêa conta que o governo estava assinalando positivamente
para uma abertura do regime em relação à democracia, mas não se tinha certeza
de quão democrático seria esse futuro. Trabalharam com essa incerteza e
preocupação de garantias na liberdade de expressão na criação do CONAR.
Talvez por ter sido um órgão criado pelo próprio setor da publicidade tenha-se
demorado a punir ou suspender peças publicitárias que ficaram anos ou décadas
no ar, em todos os veículos, propagando conteúdos enganosos, como a
campanha do Danoninho, que circulou em 1989, 1996, sempre se renovando,
mostrando crianças se alimentando “bem” e felizes. Até que finalmente os
comerciais foram proibidos.
É certo que a entidade CONAR foi criada pelo setor da comunicação, na qual
participaram publicitários, agências de publicidade, veículos de Comunicação,
associações de imprensa etc., mas sem a participação do governo. O espírito do
tempo era de que um órgão do governo poderia significar censura para a
comunicação publicitária. Para o momento foi algo acertado, porque se fosse o
Governo o responsável por tudo não estaríamos mais próximo da censura e do
autoritarismo na publicidade, como era no regime da Ditadura Militar? Temos
problemas na falta do governo na regulamentação de setores da sociedade, mas
temos problemas também se o Governo assume um poder maior que a
sociedade. Pelo menos se o desejo é caminhar para um regime democrático,
com liberdade de imprensa e liberdade de expressão.
O modelo inglês, que inspirou a criação do CONAR no Brasil, funcionava bem
para a sociedade inglesa. Mas a pergunta se ele funcionaria bem para a
sociedade brasileira deve ser respondida com outra pergunta: Seria melhor ele
ou um órgão fiscalizador do governo militar? De algum modo a sociedade
brasileira correu o risco, ficando exposta aos abusos das empresas de
publicidade brasileiras.
Mas hoje parece que o CONAR funciona bem, a sociedade amadureceu política
e socialmente. Qualquer cidadão, entidade de classe, ONG, Movimentos sociais,
Ministério público e a justiça, em geral, podem denunciar os abusos na
publicidade. Particularmente, me parece interessante que hajam setores da
sociedade que se organizam, se autorregulamentam para o bom funcionamento
comercial e social, sem verbas do governo. Mas que o governo possa intervir
quando seja necessária sua intervenção.
Referências
BEZERRA, Glícia Maria Pontes. Antecedentes do Conar: contexto histórico e político
da organização corporativa do setor publicitário brasileiro. INTERCOM. XXXVIII
Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Rio de Janeiro, RJ – 4 a
7/9/2015. Disponível em:
Chrome
extension://efaidnbmnnnibpcajpcglclefindmkaj/https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/3
0246/1/2015_eve_gmpbezerra.pdf – Acesso em 18 set. 2023.
CONAR
http://www.conar.org.br/ - Acesso em: 15.09.2023.