sobrenaturais como deuses ou semideuses. Tem caráter explicativo ou simbólico. Uma das narrativas mais comuns da mitologia grega é o Mito da Caverna. Platão explica a ignorância da humanidade por meio da seguinte história: Dentro de uma caverna, alguns seres humanos conseguiam ver apenas o que se projetava como sombras do mundo exterior. Eles acreditavam que aquilo era a realidade e se recusaram a crer na verdade. O mito mostra como as pessoas são apegadas às suas crenças e vivem presas em seus próprio mundo, julgando-o único Narciso era um rapaz grego tão bonito quanto arrogante. Como castigo, apaixonou-se pela própria imagem refletida na água, ficou se admirando e ali morreu. A deusa Afrodite, então, o transformou em uma flor, chamada Narciso. Vem daí a palavra narcisismo, característica de quem faz uma avaliação exagerada de si mesmo: empáfia, soberba, convencimento. Filho de Zeus (um deus) e de Alcmena (humana), que era esposa de Anfitrião Hércules (semideus) foi um grande herói da Mitologia Grega. Segundo o mito, aproveitando o fato de Anfitrião estar ausente, em batalha, Zeus fez-se passar pelo mesmo. Teve um encontro amoroso com Alcmena, gerando um filho chamado Hercules. Ao retornar da batalha, Anfitrião descobriu a traição, e, irado construiu uma grande fogueira para queimar Alcmena viva. Zeus então mandou nuvens de chuva para apagar o fogo, o que acabou fazendo com que Anfitrião aceitasse a situação. Hércules, portanto, nasceu do encontro de Zeus e Alcmena. A Deusa Hera, esposa de Zeus, enciumada pela traição, enviou duas serpentes para matar Hércules ainda no berço. Não teve êxito, pois ainda bebe, Hércules estrangulou as serpentes com as próprias mãos. Hera provocou Hércules, já adulto, e num ataque de fúria, ele matou a sua esposa Mégara e os seus três filhos. Como punição pelo crime, o Oráculo de Delfos incumbiu-o de doze tarefas de extremo risco e aparentemente impossíveis de serem realizadas. Oráculo de Delfos, ou Templo de Apolo, era o local aonde os peregrinos vindos das mais diversas regiões da Grécia consultavam as pitonisas, as sacerdotisas oraculares, para saber qual o seu destino, da sua família ou da sua pátria. Delfos tornou-se um dos lugares sagrados mais venerados pelos gregos, sendo que as suas previsões e predições tiveram enorme repercussão nos destinos de reis, de tiranos e de muita outra gente famosa daqueles tempos. “Os doze trabalhos de Hércules”. A realização destes trabalhos foi uma penitência imposta ao herói. Matar o Leão de Neméia Matar a Hidra de Lerna Capturar o Javali de Erimanto Capturar a Corça de Cerínéia Expulsar as Aves do Lago Estínfale Limpar as Estrebarias do Rei Áugias Capturar o Touro de Creta Capturar as Éguas de Diomedes Obter o Cinturão de Hipólita, rainha das Amazonas Buscar os Bois de Gérion Buscar os Pomos de Ouro do Jardim das Hespérides Capturar o Cão Cérbero (cão de duas cabeças) MATAR O LEÃO DE NEMÉIA
Esse primeiro trabalho de Hercules
simboliza a coragem e a sagacidade que o homem deve ter para vencer dificuldades que, a principio, parecem insuperáveis. Os gregos antigos encareciam tais virtudes em suas iniciações. Nada devia parecer impossível a um verdadeiro homem, nenhuma dificuldade era insuperável, e a falta de recursos não podia ser invocada como desculpa para que ele não lutasse. Por isso os gregos superaram as próprias condições geográficas de sua terra, reconhecidamente pobre, e criaram as bases do mundo moderno. As lutas para superar os nossos vícios, nossas paixões, que são os monstros que devoram nossas virtudes, devem ser travadas sem quartel. Mesmo que a vitória pareça improvável, nunca devemos desistir de lutar, como Hércules na lenda grega. E depois de vitoriosos, são as memórias dessas lutas que nos tornam cada vez mais fortes para superarmos as novas dificuldades que surgirão. Porque a luta pelo aprimoramento moral e espiritual do maçom deve ser continua. MATAR A HIDRA DE LERNA
A segunda tarefa de Hércules foi a
destruição da Hidra de Lerna, monstro horripilante, semelhante a uma serpente de várias cabeças, que, a cada vez que uma delas era cortada, outra brotava imediatamente no lugar. Esse monstro habitava num pântano fétido e sombrio, devorando todos aqueles que se aventuravam a atravessá-lo. O simbolismo da Hidra de Lerna é particularmente interessante, e tem muito a ver com a prática da Arte Real. Desde os primeiros graus da Maçonaria Azul, nas Lojas simbólicas, afirma-se que o propósito do maçom ao freqüentar uma Loja é submeter suas paixões e cavar masmorras aos vicios. E todo o desenvolvimento da cadeia iniciática da Ordem jamais deixa de salientar que é esse o objetivo da iniciação maçônica. O monstro é possuidor de diversas cabeças indestrutíveis, que simbolizam os diversos vícios que se propagam pelo corpo e pela mente humana e não podem ser destruídos individualmente, pois a cada vez que um deles é cortado, outro surge em seu lugar. Para liquidar o monstro, Hércules usa uma estratégia que revela, também, profundos ensinamentos iniciáticos. Ele vai cortando as cabeças dele com a espada e, ao mesmo tempo, cauteriza as feridas com fogo para que elas não possam renascer novamente. A espada é a arma que simboliza o combate espiritual, razão porque a Maçonaria a utiliza em todos seus rituais. O fogo, que representa a purificação, é o elemento que impede que o vicio, uma vez extirpado, retorne. Por isso toda iniciação sempre evoca uma passagem pelo fogo para fins de purificação, o que significa que a purificação definitiva deve ser feita por esse elemento. Isso quer dizer que não basta “extirpar“ o vício; é preciso também cauterizar o ferimento que ele provocou no psiquismo do homem, para que ele não retorne como a cabeça da Hidra de Lerna. CAPTURAR O JAVALI DE ERIMANTO
Na Arcádia, região pastoril da antiga Grécia, famosa por suas
bucólicas paisagens, havia um monstruoso javali, que Hércules deveria capturar vivo e trazer ao rei de Argos. Essa criatura fantástica assustava os pastores e destruía suas florestas, pois nutria-se do fruto dos carvalhos, impedindo sua reprodução. O simbolismo dessa tarefa é bastante apropriado á filosofia maçônica. O javali é o símbolo do poder espiritual. Na tradição druida ele representa a força do espírito, enquanto que o urso é o símbolo da força temporal. Na religião celta, naturalista por excelência, cada animal representava uma espécie de manifestação de força da natureza. Essa crença sobreviveu na tradição de muitos povos, que adotaram como símbolos os mais diversos animais para representar suas qualidades, como por exemplo, a Inglaterra com o leão, a Rússia com o Urso, os Estados Unidos com a águia etc. O maçom deve procurar sempre submeter suas paixões pelo constante progresso que faz nos ensinamentos da Maçonaria. Essa, inclusive, é a resposta que ele dá ao trolhamento que lhe é feito por ocasião de visitas a Lojas co-irmãs. CAPTURAR A CORÇA DE CERÍNIA
Após escalar mais um degrau na
escala iniciática, pela conquista do poder espiritual, Hércules foi encarregado pelo rei de Argos de capturar, viva, uma das cinco corças de Cerínia, que vivia no monte Liceu. Eram animais sagrados que tinham os pés de bronze e os chifres de ouro, rápidas e de grande porte. Hércules perseguiu uma delas durante um ano, e finalmente conseguiu capturá-la. Dois deuses, Apolo e Artemis tentaram tomar-lhe o troféu, mas Hercules não o consentiu. Os chifres representam a iluminação e os cascos de bronze, o mundo material. O aprendizado nesse trabalho é substituir os impulsos por qualidades mais nobres, como sabedoria, delicadeza e paciência. Para o Maçom são virtudes imprescindíveis para a busca da realização de uma espiritualidade de nível superior. EXPULSAR AS AVES DO LAGO ESTINFALO
Numa floresta escura às margens do lago
Estinfalo, a região da Arcádia era habitada por aves de porte gigantesco, que viviam devastando as plantações e matando as pessoas com os dardos envenenados que faziam das suas penas. Como se escondiam nos recantos mais escuros da floresta, era difícil desalojá-las dos seus esconderijos. Hércules pediu ajuda à deusa Atena e esta mandou o demônio Hefesto fundir-lhes umas castanholas de bronze que provocavam um barulho ensurdecedor. Desta forma, Hércules fez com que as aves deixassem os esconderijos e pode matá-las com flechas envenenadas com sangue da Hidra de Lerna. A interpretação mais corrente deste mito iniciático é a que as aves do Lago Estinfalo são os desejos múltiplos e perversos que saem do inconsciente, para tentar evitar que o maçom continue o seu caminho na busca da iluminação. O voo das aves obscurecia o sol. E é exatamente isto que os desejos profanos fazem. Se não adequadamente combatidos, toldam a luz que guia o maçom na sua jornada para o aprimoramento espiritual. LIMPAR AS ESTREBARIAS DO REI ÁUGIAS
O rei Áugias era o rico monarca de
Elis, uma cidade no Peloponeso. Possuía um grande rebanho de animais, que guardava em imensos estábulos. Como não os mandava limpar a trinta anos, o acúmulo de estrume exalava fedor e pestilência por toda a região, despertando a ira dos reinos vizinhos. Eristeu ordenou a Hércules que limpasse os estábulos do rei Augias mesmo contra a vontade dele. A interpretação simbólica mais comum deste trabalho é que o acúmulo de maus pensamentos acaba por tornar a mente humana um território fétido e pestilento, degenerando em doenças diversas que fazem do individuo um estorvo e um constrangimento, não só para a família, mas também para toda a sociedade. É preciso que a mente seja limpa e irrigada com “água pura” constantemente, para que não pereça numa situação semelhante aos estábulos do Rei Áugias. Com um enorme esforço ele desviou as águas dos rios Alfeu e Peneu e as águas desviadas limparam a imundície num único dia. O rio é constante, perene, representa fertilidade, regeneração e movimento. A mente humana deve ser como ele, não pode ficar estagnada. Não devemos jamais deixar que nela se acumulem maus pensamentos, lembranças de desejos não satisfeitos, inveja, ciúme, rancores, etc. Estes sentimentos são estrumeira que devem ser lavados constantemente. CAPTURAR O TOURO DE CRETA
O sétimo trabalho de Hércules foi a sua vitória sobre o terrível
touro de Creta. Esse animal fantástico tinha sido enfeitiçado pelo Deus Poseidon, para castigar o Rei Minos, de Creta, por este não ter cumprido a sua promessa de sacrificá-lo em sua homenagem. O touro simboliza a força e a violência que devem ser conquistadas pela razão e a sabedoria. Muitas vezes os maçons deixam de cumprir os seus deveres e, em consequência, atraem sobre si e a sociedade em que vivem, os males da violência e do crime, que nada mais são que a pretendida realização das nossas necessidades e desejos da forma mais vil CAPTURAR AS ÉGUAS DE DIOMEDES
Diomedes era rei da Trácia. Possuía quatro éguas (Podarga, Lampona,
Xanta e Dina), que se alimentavam de carne humana. Eristeu encarregou Hércules de acabar com essa prática selvagem e trazer as éguas para Argos. Este mito simboliza o fato de que na vida humana há muita perversidade. Há homens que devoram outros para satisfazerem os seus instintos mais vis. Os perversos, quando vencidos, morrem por si mesmos, destruídos pelos próprios inimigos que criou, ou por outras feras iguais a eles. Mas nesse processo ocorre também a morte da beleza, da inocência e da pureza. O trabalho do Maçom é resgatar desse tipo de “morte” moral, as pessoas boas e puras que são vítimas desta perversidade. O CINTURÃO DE HIPÓLITA, RAINHA DAS AMAZONAS
Hipólita, rainha das
temíveis guerreiras amazonas, ganhara do Deus Áries um cinturão mágico que lhe conferia enorme poder. A filha do rei Euristeu, que também era sacerdotisa da Deusa Hera, exigiu que Hércules obtivesse para ela o cinturão de Hipólita. Conquistar o cinturão de Hipólita (para o estudo maçônico, conforme entendemos, essa tem profundas implicações morais) implica, não na destruição do poder feminino, mas sim, na sua sacralização. A partir da valorização da família, o respeito à mulher e a sua devida apreciação, como elemento mais importante do processo genético que garante a vida da humanidade, se recompõe a justiça e se elimina um preconceito comum, alimentado, inclusive em certos meios maçônicos, que vê a Fraternidade dos Obreiros da Arte Real como um círculo de interesses exclusivamente masculinos. O fato de a Maçonaria ser uma congregação essencialmente masculina tem raízes históricas, derivadas principalmente de suas influências filosóficas (herméticas), e militares (cavalarianas especialmente), mas não comportam elementos de preconceito contra as mulheres. A Maçonaria não é apenas um conjunto de irmãos que se reúnem num local chamado Loja. A Loja são os irmãos e suas famílias, suas esposas, filhos e parentes. O homem está na mulher como a mulher está no homem. Não há qualquer evolução possível em caminhos separados, em divisões de virtudes específicas para um e outro sexo. Não cabe exclusividade aos homens em relação á certos atributos, como força, segurança, competência para comandar etc. nem as mulheres são mais capazes de desenvolver o lado sutil do psiquismo humano. Ambos tem qualidades e atributos que se completam. OS BOIS DE GERIÃO
Gerião era um gigante monstruoso,
descendente de uma estirpe de monstros, que incluía a famosa e terrível Medusa, que era sua avó. Sua aparência era terrível. Possuía três troncos e três cabeças, que se bifurcavam logo acima dos quadris. Era dono de um imenso rebanho de bois vermelhos, que eram guardados por um pastor, também monstruoso, e um cão, da mesma espécie. Ele vivia numa ilha muito distante, além do Imenso Oceano. O significado iniciático desta tarefa tem a ver com a missão do Maçon, ou seja, a de resgatar, das mãos de um rei malvado, (que é o vicio), o rebanho sagrado (que é a humanidade). CAPTURAR O CÃO CÉRBERO DE TRÊS CABEÇAS.
Este é, talvez, uma das tarefas de
maior valor iniciático entre todos os trabalhos realizados por Hércules. Conta-se que Teseu, o herói de Atenas, e que tantas aventuras viveu ao lado de Hercules, foi levado para o Inferno (Hades), por conta de maquinações de seus inimigos e lá encarcerado vivo. A Hércules coube o encargo de invadir o mundo dos mortos e libertar o amigo. Para realizá-la ele teve, inclusive, que se iniciar nos Mistérios de Elêusis para aprender a entrar e sair com segurança do mundo dos mortos. A simbologia desse trabalho tem, como já se disse, um alto valor iniciático. Em primeiro lugar releva-se o fato de que o herói precisa iniciar-se nos Mistérios de Elêusis para aprender “a entrar e sair do mundo dos mortos”. Nessa prática está resumida a mais profunda lição do ensinamento iniciático que é a catábase, (a morte simbólica, a descida ao túmulo, a volta ao estado inicial de matéria amorfa, o mergulho no subconsciente), e a anábase , que é a subida, a ascensão, o vôo para a luz, a ressurreição, a aquisição de um estado superior de consciência, o auto conhecimento, conforme expresso no Oráculo de Delfos, e que se constitui na máxima que resume toda a filosofia: “conhece-te a ti mesmo”. Por isso, a tarefa hercúlea, representada pela descida do herói aos infernos, para ali recuperar seus amigos, ainda vivos, é bastante significativa. Esse é, efetivamente, o trabalho do maçom, o trabalho daquele que, através da prática iniciática, encontrou o auto- conhecimento e aprendeu a entrar e sair do mundo da inconsciência, onde conhece todos os monstros, fantasmas e demônios, que constantemente sobem á superfície para nos desviar de nossos caminhos. BUSCAR OS POMOS DE OURO DO JARDIM DAS HESPÉRIDES
As maçãs douradas do Jardim das Hespérides eram os frutos sagrados
que Hera, a esposa de Zeus, dele recebera por ocasião de suas núpcias. Os trabalhos de Hércules não podiam terminar de ouro modo. Essa tarefa simboliza, na verdade, a apoteose final de toda cadeia iniciática. Representa a aquisição do conhecimento, capaz de dar ao maçom aquele estado superior de consciência, que buscou desde o inicio quando iniciou a sua escalada, a sua “subida pela Escada de Jacó”. E aqui que o mito aparece na sua mais profunda significação. Hércules lutou e obteve os pomos dourados a mando do Rei Euristeu, isto é, não por força de uma predisposição de espírito dele mesmo, mas sim, em razão do desejo profano de alguém que quis apropriar-se desse atributo sagrado apenas por concupiscência. As tradições iniciáticas estão cheias de conselhos sobre esse desejo insano de apropriar-se desse fruto sagrado, que é o supremo conhecimento, apenas pelo desejo de poder ou por simples curiosidade. Não se assalta o céu para roubar o tesouro dos deuses. Esse tesouro só pode ser adquirido por quem sabe o que fazer com ele. É ele é dado voluntariamente pelos deuses aqueles que dele se fazem merecedores. A própria Bíblia utiliza-se deste símbolo para dar a entender que o pecado que causou a queda do homem foi ao fato do casal humano ter comido, indevidamente, o “fruto do conhecimento do bem e do mal” que Deus plantara no Jardim do Éden. Resenha extraida do livro: Mestres do Universo João Anatalino