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Maracanaú - CE
2022
Comparada a outros tipos de arquétipos societários, a holding é um arranjo societário
que sempre favoreceu os empresários brasileiros por seus inúmeros benefícios
fiscais, societários, sucessórios e administrativos. Assim, trata-se de traçar alguns
conceitos básicos e aspectos relacionados para entender o que é a formação desta
empresa, bem como compreender os mecanismos legais disponíveis para sua
constituição e exercício, a fim de obter maior proteção patrimonial e minimizar o risco
de investimento
Holding é uma sociedade, múltipla ou única, simples ou empresária, que tenha por
objeto social a administração, controle e/ou participação em outras sociedades, ou
que tenha por objeto social a administração de patrimônio de sócios, para otimização
de custos, tributação e sucessão planejada e gerenciada centralmente.
Vale ressaltar que a holding pode ser considerada a gestora da holding de ações,
podendo constituir e administrar uma única empresa ou entidade de grupo
empresarial. O modelo pode ser utilizado para reduzir custos administrativos,
centralizar funções, reorganizar empresas, padronizar práticas entre empresas,
manter parcerias com outras empresas, planejamento tributário ou sucessório e muito
mais. Muitas pessoas constituem pessoas jurídicas com a finalidade de administrar
seus próprios bens, que decorrem da quitação dos bens dos sócios, principalmente
imóveis. O objetivo é encontrar um melhor enquadramento tributário, especialmente
no que diz respeito ao imposto de renda. No caso de planejamento tributário que não
é proibido pelo ordenamento jurídico, isso não é em si ilegal.
Em relação à nomenclatura de "holding", é importante notar que a palavra "to hold"
vem do inglês, é um verbo que significa controlar/segurar, que por si só se traduz no
conceito mencionado acima.
As holdings, no ordenamento jurídico pátrio, encontram respaldo legal no art. 2º, §3º
da Lei 6.404/76, o qual assim dispõe:
Artigo 2º Pode tornar-se objeto da sociedade qualquer sociedade com fins lucrativos
que não violem a lei, a ordem pública e os bons costumes. […]
Ainda, no mesmo diploma legal, o artigo 243, §1º e §2º, ao tratar das sociedades
coligadas, controladas e controladoras, faz alusão às empresas (holdings) que
participam do capital de outras empresas, da seguinte forma:
Hoje, a doutrina faz uma classificação das espécies de holding a fim de facilitar o seu
estudo e analisar a dinâmica dessa empresa, trazendo soluções práticas às
necessidades da evolução empresária, sendo que a classificação mais completa é a
de Gladston Mamede e Eduarda Cotta Mamede (2014, p. 9), os quais classificam a
holding em 3 (três) espécies gerais, quais sejam: pura, mista, patrimonial, sendo que
dessas espécies, derivam ainda algumas subespécies, as quais merecem destaque
devido à sua importância prática.
Holding Pura
Sobre tal conceito, comporta trazer à baila o ensinamento de Roberta Nioac Prado,
Karime Costalunga e Deborah Kirschbaum (2011, p. 267).
Finalmente a sociedade holding pura é aquela que tem por objeto único ser titular
de participação no capital social, normalmente controladora de outra(s)
pessoa(s) jurídica(s). (g.n.)
Ocorre que essa espécie de holding pode vir a se manifestar de 3 (três) formas
distintas, podendo se manifestar como holding de controle, a qual será constituída
para exercer o controle acionário de outras sociedades; holding de participação, a qual
terá como objeto social a simples participação em outras sociedades, sem possuir o
controle acionário delas(mera participação), sendo que essa espécie de holding não
pode ser confundida com sociedade de participação, a qual é sinônima de holding
pura, sendo esta o gênero e aquela a espécie.
Por fim a Holding Pura poderá se manifestar como holding de administração, a qual
terá como objetivo a administração de outras sociedades.
Holding Mista
A holding mista, como o próprio nome já diz, é uma mistura de uma holding pura com
uma sociedade empresária comum, que exerce uma atividade empresarial
concomitante com participações societária em outras sociedades.
A holding mista, por sua vez, é aquela que, além de ela mesma explorar empresa de
fim lucrativo, seja financeiro, industrial, comercial ou prestação de serviços, participa
de outra(s) sociedade (s).
Assim, conclui-se que essa espécie de holding tem como característica a mescla de
objetos sociais, tendo como objeto uma atividade empresarial e participações
societária em outras sociedades.
Holding Patrimonial
A holding imobiliária é aquela que tem por objeto deter e/ou explorar patrimônio
imobiliário; para isso, as pessoas físicas conferem seus bens para a holding, que
passa a ser titular deles.
Assim sendo, a holding imobiliária tem por finalidade a administração dos bens
imóveis próprios em substituição à pessoa física.
Holding Familiar
Por fim, comporta trazer a lume o conceito de holding familiar, a qual não é
propriamente uma espécie de holding, haja vista que poderá assumir qualquer uma
das espécies anteriormente citadas, a depender do seu objeto social.
O que distingue essa modalidade (tipo) de holding é a sua formação societária. Como
o próprio nome já induz, esse tipo de holding é formado por pessoas físicas de um
mesmo grupo familiar, ou/e pessoas jurídicas controladas pelo mesmo grupo familiar,
com o intuito de fortalecer o patrimônio de uma família, unificando e concentrando nas
mãos de uma pessoa jurídica a respectiva administração e controle do patrimônio
familiar.
Diante disso, conclui-se que esse tipo de arranjo societário será composto por entes
familiares a fim de administrar o patrimônio familiar e perpetuá-lo através do tempo
dentro daquele grupo familiar.