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Centro Universitário Mauricio de Nassau

Disciplina: Direito Empresarial


Professor (a): Suellen leite
Curso: Ciências Contábeis Turno: Noite
Aluno: Pâmella Feitosa Matos

Holding Compay: conceito e espécies

Maracanaú - CE
2022
Comparada a outros tipos de arquétipos societários, a holding é um arranjo societário
que sempre favoreceu os empresários brasileiros por seus inúmeros benefícios
fiscais, societários, sucessórios e administrativos. Assim, trata-se de traçar alguns
conceitos básicos e aspectos relacionados para entender o que é a formação desta
empresa, bem como compreender os mecanismos legais disponíveis para sua
constituição e exercício, a fim de obter maior proteção patrimonial e minimizar o risco
de investimento

Holding é uma sociedade, múltipla ou única, simples ou empresária, que tenha por
objeto social a administração, controle e/ou participação em outras sociedades, ou
que tenha por objeto social a administração de patrimônio de sócios, para otimização
de custos, tributação e sucessão planejada e gerenciada centralmente.

Sobre o conceito de holding, os ensinamentos de Gladston Mamede e Eduarda Cotta


Mamede (2014, p. 109) para confirmar o conceito acima:

Holding Company, ou simplesmente holding, é utilizada para designar uma pessoa


jurídica (sociedade) como titular de bens e direitos, que podem incluir imóveis, bens
móveis, patrimônio, propriedade industrial (patentes, marcas, etc.), investimento e
financiamento, etc.

No entanto, sobre a definição de holding, Tarcísio Teixeira (2014. p 234/235) ensina


o seguinte:

Vale ressaltar que a holding pode ser considerada a gestora da holding de ações,
podendo constituir e administrar uma única empresa ou entidade de grupo
empresarial. O modelo pode ser utilizado para reduzir custos administrativos,
centralizar funções, reorganizar empresas, padronizar práticas entre empresas,
manter parcerias com outras empresas, planejamento tributário ou sucessório e muito
mais. Muitas pessoas constituem pessoas jurídicas com a finalidade de administrar
seus próprios bens, que decorrem da quitação dos bens dos sócios, principalmente
imóveis. O objetivo é encontrar um melhor enquadramento tributário, especialmente
no que diz respeito ao imposto de renda. No caso de planejamento tributário que não
é proibido pelo ordenamento jurídico, isso não é em si ilegal.
Em relação à nomenclatura de "holding", é importante notar que a palavra "to hold"
vem do inglês, é um verbo que significa controlar/segurar, que por si só se traduz no
conceito mencionado acima.

As holdings, no ordenamento jurídico pátrio, encontram respaldo legal no art. 2º, §3º
da Lei 6.404/76, o qual assim dispõe:

Artigo 2º Pode tornar-se objeto da sociedade qualquer sociedade com fins lucrativos
que não violem a lei, a ordem pública e os bons costumes. […]

§ 3º As sociedades podem ter por objeto a participação em outras sociedades, embora


não prevista no contrato social, a participação é permitida como forma de atingir os
objetivos sociais ou de se beneficiar de benefícios fiscais.

Ainda, no mesmo diploma legal, o artigo 243, §1º e §2º, ao tratar das sociedades
coligadas, controladas e controladoras, faz alusão às empresas (holdings) que
participam do capital de outras empresas, da seguinte forma:

Art. 243. O relatório anual da administração deve relacionar os investimentos da


companhia em sociedades coligadas e controladas e mencionar as modificações
ocorridas durante o exercício.

§ 1º São coligadas as sociedades nas quais a investidora tenha influência significativa.

§2º Considera-se controlada a sociedade na qual a controladora, diretamente ou


através de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de
modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a
maioria dos administradores.

Dessa forma, analisando essas considerações conceituais, legais e semânticas sobre


a sociedade holding, não temos qualquer definição de sua natureza jurídica, podendo
concluir que esse tipo societário pode assumir tanto a natureza jurídica de uma
Sociedade Simples ou de Sociedade Empresária, em qualquer tipo societário, o que
se mostra bem comum na prática empresarial, disponibilizando uma maior
flexibilidade ao empresário que deseja criá-la, podendo optar pelo melhor tipo
societário que se adeque a sua realidade e situação patrimonial.
ESPÉCIES DE HOLDING

Hoje, a doutrina faz uma classificação das espécies de holding a fim de facilitar o seu
estudo e analisar a dinâmica dessa empresa, trazendo soluções práticas às
necessidades da evolução empresária, sendo que a classificação mais completa é a
de Gladston Mamede e Eduarda Cotta Mamede (2014, p. 9), os quais classificam a
holding em 3 (três) espécies gerais, quais sejam: pura, mista, patrimonial, sendo que
dessas espécies, derivam ainda algumas subespécies, as quais merecem destaque
devido à sua importância prática.

Ademais, além dessas espécies, comporta fazer alusão ao tipo denominado de


holding familiar, a qual vem sendo muito utilizada na prática por empresas familiares
que pretendem perpetuar através do tempo a sua atividade econômica.

Holding Pura

A Holding Pura, ou também denominada de sociedade de participação, é uma


sociedade constituída com o fim exclusivo de participar de outras sociedades, através
da propriedade de quotas ou ações em outras sociedades, conforme o §3º do art.2º
da Lei 6.404/76, anteriormente citado.

Sobre tal conceito, comporta trazer à baila o ensinamento de Roberta Nioac Prado,
Karime Costalunga e Deborah Kirschbaum (2011, p. 267).

Finalmente a sociedade holding pura é aquela que tem por objeto único ser titular
de participação no capital social, normalmente controladora de outra(s)
pessoa(s) jurídica(s). (g.n.)

Ocorre que essa espécie de holding pode vir a se manifestar de 3 (três) formas
distintas, podendo se manifestar como holding de controle, a qual será constituída
para exercer o controle acionário de outras sociedades; holding de participação, a qual
terá como objeto social a simples participação em outras sociedades, sem possuir o
controle acionário delas(mera participação), sendo que essa espécie de holding não
pode ser confundida com sociedade de participação, a qual é sinônima de holding
pura, sendo esta o gênero e aquela a espécie.

Por fim a Holding Pura poderá se manifestar como holding de administração, a qual
terá como objetivo a administração de outras sociedades.
Holding Mista

A holding mista, como o próprio nome já diz, é uma mistura de uma holding pura com
uma sociedade empresária comum, que exerce uma atividade empresarial
concomitante com participações societária em outras sociedades.

Nesse sentido Roberta Nioac Prado, Karime Costalunga e Deborah Kirschbaum


(2011, p. 266), assim definem:

A holding mista, por sua vez, é aquela que, além de ela mesma explorar empresa de
fim lucrativo, seja financeiro, industrial, comercial ou prestação de serviços, participa
de outra(s) sociedade (s).

Assim, conclui-se que essa espécie de holding tem como característica a mescla de
objetos sociais, tendo como objeto uma atividade empresarial e participações
societária em outras sociedades.

Holding Patrimonial

A holding patrimonial, também conhecida entre os contadores como administradora


de bens próprios, como o próprio nome já traduz, é uma sociedade constituída com a
finalidade de administrar determinado patrimônio (bens, direitos e obrigações que os
seus sócios integralizaram), derivada dessa espécie a holding imobiliária, a qual é
uma holding patrimonial com fim especifico de administrar um patrimônio imobiliário,
sendo que atualmente esse tipo de holding tem grande aceitação prática por pessoas
físicas que têm um patrimônio vultuoso, por ser substituir a pessoa física na detenção
e administração do patrimônio imobiliário próprio, diminuindo a carga tributária e
facilitando a sucessão causa mortis, conforme o conceito de Roberta Nioac Prado,
Karime Costalunga e Deborah Kirschbaum (2011, p. 295):

A holding imobiliária é aquela que tem por objeto deter e/ou explorar patrimônio
imobiliário; para isso, as pessoas físicas conferem seus bens para a holding, que
passa a ser titular deles.

Assim sendo, a holding imobiliária tem por finalidade a administração dos bens
imóveis próprios em substituição à pessoa física.
Holding Familiar

Por fim, comporta trazer a lume o conceito de holding familiar, a qual não é
propriamente uma espécie de holding, haja vista que poderá assumir qualquer uma
das espécies anteriormente citadas, a depender do seu objeto social.

O que distingue essa modalidade (tipo) de holding é a sua formação societária. Como
o próprio nome já induz, esse tipo de holding é formado por pessoas físicas de um
mesmo grupo familiar, ou/e pessoas jurídicas controladas pelo mesmo grupo familiar,
com o intuito de fortalecer o patrimônio de uma família, unificando e concentrando nas
mãos de uma pessoa jurídica a respectiva administração e controle do patrimônio
familiar.

Sobre esse conceito, cabe apresentar a definição de Gladston Mamede e Eduarda


Cotta Mamede (2014, p. 109):

A chamada holding familiar não é um tipo específico, mas uma contextualização


específica. Pode ser uma holding pura ou mista, de administração, de organização ou
patrimonial, isso é indiferente. Sua marca característica é o fato de se encartar no
âmbito de determinada família e, assim, servir ao planejamento desenvolvido por seus
membros, considerando desafios como organização do patrimônio, administração de
bens, otimização fiscal, sucessão hereditária etc.

Diante disso, conclui-se que esse tipo de arranjo societário será composto por entes
familiares a fim de administrar o patrimônio familiar e perpetuá-lo através do tempo
dentro daquele grupo familiar.

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