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MISTÉRIO
Entenda de vinhos de forma simples, prática
e descomplicada
1
Sumário
Prefácio, 12
1. Como escolher vinhos de forma prática, 16
Como escolher vinhos pontuados, 18
Como escolher vinhos pelo preço, 24
Como escolher vinhos pelo custo-
benefício, 28 Como fugir de “roubadas”, 30
2. Decifrando rótulos, 34
Uva vs. propriedade, 36
Terroir, Denominações de Origem
e Classificações de Qualidade, 40
3. Degustação, 62
Cheira rolha, 64
Pode servir?, 66
Exame visual, 70
Exame olfativo, 76
Exame gustativo, 82
4. Enochatices,
94 Rolhas, 96
Taxa de rolha, 102
É defeito ou não?, 108
Vinho com moderação, 118
7
8
9
Beba vinho para o espírito,
beba vinho para a boa
digestão, beba vinho na festa,
beba vinho na solidão, beba
vinho por cultura, beba
vinho por educação, beba
vinho porque...
enfim, encontrarás uma razão.
Luis Fernando Veríssimo
11
1
Como
escolher
vinhos
de forma
prática
16
E scolher vinhos adequados a uma
comemoração, a um momento especial
ou simplesmente para o dia a dia não
é das tarefas mais fáceis. Exagero meu?
No momento em que escrevo estas
palavras, a rede social Vivino aponta que
há 49.824.363 rótulos em seu banco de
dados. Ou seja, se degustarmos um vinho
por dia a partir do nosso aniversário de 18
anos, até completarmos 90 anos, teremos
experimentado 26.280 vinhos. Faça as
contas. Precisaríamos de cerca de 1.900
vidas para experimentar todos os vinhos e
safras do planeta. Portanto, escolher um
vinho para a adega ou para acompanhar a
refeição não é tarefa fácil. Por isso, você
encontrará nas próximas páginas dicas simples
para facilitar a escolha do vinho, sem que
seja necessário apelar para rótulos já
conhecidos ou clichês. Afinal de contas,
com tanto vinho bom por aí, por que
degustar sempre os mesmos rótulos?
17
Como escolher
vinhos pontuados
23
Como escolher
vinhos pelo preço
26
Como escolher vinhos
pelo custo-benefício
29
Como fugir
de “roubadas”
31
32
33
2
Decifrando
rótulos
34
N ão é difícil entender por que muitos
A explicação é:
No Novo Mundo, bebemos
a casta.
No Velho, bebemos o terroir,
a região, a propriedade.
Há séculos, o vinho faz parte da
cultura dos países do Velho Mundo, e
sempre foram conhecidos pelo nome
de seus produtores ou localidade de
origem. Até hoje, essa cultura existe no
36
interior destes países. A cultura de ostentar nos rótulos
o nome da família produtora ou da localidade de onde
as uvas são provenientes sempre teve como objetivo
enaltecer a qualidade e sabores particulares dos
vinhos produzidos por tais famílias, regiões e vinhedos
tradicionais. A casta da uva nunca foi algo importante
e, no final das contas, não é sinônimo de qualidade.
Já no Novo Mundo, os produtores são sempre
muito novos para serem reconhecidos por seu histórico
na produção de vinhos, pelo menos quando
comparados com famílias e propriedades centenárias
do Velho Mundo. Além disso, os novos consumidores,
perdidos no grande universo ainda indomado de
sabores e estilos, encontram conforto nos sabores
padronizados de algumas castas mais populares. Por
esta razão, os rótulos do Novo Mundo,
frequentemente, apresentam a casta da uva utilizada
na produção, buscando criar alguma familiaridade junto
aos consumidores. Podemos não conhecer o produtor,
a região ou o estilo do vinho, mas nos sentimos
minimamente conectados ao identificar no rótulo o nome
de uma casta que nos agrada. No mar de inúmeras
opções, a casta da uva acaba sendo uma forma
sistemática e gerenciável de navegarmos pelos rótulos.
38
Terroir, Denominações
de Origem e
Classificações de
Qualidade
Terroir
No universo da vitivinicultu- Viticultura:
cultivo da uva.
ra, um conceito muito importante é o
de terroir. O termo francês não possui Vinicultura:
produção do
tradução precisa em outras línguas, vinho.
restando-nos apenas citar a ideia por
trás do termo. Basicamente, terroir
é a combinação das características
peculiares de clima, solo e técnicas
de cultivo e produção específicos de
uma localidade que transmitem ao
vinho seu aspecto singular. Um pouco
mais de sol em uma parte do vinhedo,
uma irrigação menos abundante ou
um terreno mais elevado são capazes
de gerar um vinho completamente
40
diferente dos produzidos com uvas de apenas
alguns metros de distância. O terroir expressa as
peculiaridades de clima, solo e técnicas de
localidades que podem ser tão grandes quanto uma
região ou tão pequenas quanto um único vinhedo.
Denominações de origem
Uma vez entendido o conceito de terroir, fica fácil
entender o que são as Denominações de Origem: são
demarcações que estipulam a área de incidência de um
determinado terroir. Ou seja, uma área delimitada que
produz vinhos com características semelhantes entre si
e diferenciadas com relação a vinhos de outras regiões.
França
• DOCG – Denominazione di
Origine Controllata e Garantita
• DOC – Denominazione di Origine
Controllata
o Spatlese
46
o Auslese
o Beerenauslese
o Trockenbeerenauslese
o Eiswein
• DO – Denominación de Origen
• Vino de Mesa
Portugal
• DOC – Denominação de Origem Controlada
47
Grécia
• OPE – Onomasia Proeléfseos Eleghomeni
• Epitrapezios inos
Áustria
o Auslese
o Beerenauslese
o Trockenbeerenauslese
o Eiswein
o Ausbruch
48
o Strohwein
o Bergwein
• Kabinett
• Qualitatswein
• Tafelwein
Classificações
de Qualidade
Para complicar ainda mais
a vida do jovem enófilo, além
das Denominações de Origem,
muitos vinhos apresentam uma
segunda definição em seus rótulos: a
Classificação de Qualidade. Diferente
das Denominações, que focam no
terroir e nas regiões produtoras, a
Classificação de Qualidade é uma
forma tradicional de apontar os
melhores vinhos de uma região.
A Classificação de Qualidade
mais conhecida é a de Bordeaux. Esta,
criada em 1855, definiu os Grand Cru
Classé da região e, salvo algumas
raras exceções, permanece inalterada
até hoje, sendo utilizada ano após ano
49
para orientar o mercado de vinhos da região.
62
F rutas vermelhas maduras. Maracujá.
63
Cheira rolha
65
Pode servir?
68
Exame visual
70
Já os vinhos brancos seguem o caminho
oposto: nascem claros, bem transparentes e
assumem uma cor mais escura ao envelhecer.
71
Naturalmente, cada vinho possui um ciclo de vida
particular. Alguns vinhos já nascem com aspecto mais
envelhecido, enquanto outros são melhor apreciados
jovens e, portanto, nunca chegam a envelhecer. Faz
parte do fascinante mundo dos vinhos desvendar o ciclo
de vida de tipos específicos de vinho, regiões do globo,
método de produção e uvas utilizadas.
Tonalidade
O primeiro passo do exame visual é a
identificação da tonalidade do vinho, ou seja, a
sua cor. Os termos utilizados para descrever as
tonalidades dos vinhos podem variar um pouco,
mas, em geral, ficam dentro de um escopo
limitado, como apresentado a seguir:
Brancos
Verde
Palha Dourado Âmbar Castanho Limão
72
Rosés
Pele de
Cebola Rosado Cereja Clarete
Tintos
Para a execução,
tanto deste primeiro
passo quanto
do segundo,
“Intensidade”, utiliza-
se uma técnica
muito simples:
inclinamos a taça
cerca de 45 graus
sobre uma superfície
branca e olhamos
através do vinho, em
sua região central.
73
Intensidade
O segundo passo do exame visual é
identificar a intensidade da tonalidade
identificada anteriormente. Basicamente,
identificamos se a intensidade da tonalidade é:
• Claro
• Médio
• Escuro
Reflexos
O terceiro e último passo é a identificação dos
reflexos. Como descrito anteriormente, no início do
capítulo, os vinhos evoluem, envelhecem, e, com
isso, assumem novas colorações. O reflexo do vinho
é exatamente esta passagem de uma tonalidade
para outra. Ou seja, os vinhos possuem uma
tonalidade mas podem apresentar reflexos, ou
seja, nuances de outra tonalidade.
Para a execução deste terceiro passo, analisamos
a “unha do vinho”, ou seja, a parte superior do vinho
74
quando inclinamos a taça a 45 graus. Uma segunda
técnica, também muito simples, consiste em inclinar
a taça a 45 graus, mas desta vez não mais para
frente, e sim para trás, em sua direção, e em
seguida levá-la para acima do nível dos olhos, na
direção de uma fonte de luz. Direcionamos, então, o
olhar para a fonte de luz, através do vinho, e, com
isso, identificamos seus reflexos com facilidade.
O reflexo mais fácil de ser identificado é o
alaranjado, mostrando os primeiros sinais de
envelhecimento do vinho tinto. Neste caso, o
vinho possui, à primeira vista, uma tonalidade rubi
ou granada e, através das técnicas descritas, são
identificadas as nuances alaranjadas.
Os vinhos brancos podem assumir reflexos
como:
• Esverdeado
• Dourado
• Âmbar
• Castanho
• Granada
• Alaranjado
75
Exame olfativo
Aromas fragrantes
Logo após o exame visual, leve a taça ao
nariz buscando identificar aromas fragrantes, ou
seja, aromas marcantes que se destacam dos
demais. Faça isso antes mesmo de oxigenar o
vinho, antes de rodopiá-lo na taça buscando liberar
e intensificar os aromas mais adormecidos.
Os aromas são divididos em alguns
grupos que, dependendo da literatura, podem
variar um pouco. Mas, em linhas gerais, os
grupos e aromas são os seguintes:
• Floral: acácia, lírio, margarida, jasmin,
petúnia, violeta, flor de pessegueiro, rosa,
gerânio etc.
• Frutado: limão, romã, amora, cereja, frutos
77
do bosque (framboesa, cassis,
mirtile, morango, groselha),
abacaxi, banana, maçã,
marmelo, melão, melancia,
pêssego, damasco, lima, pera,
tangerina, ameixa, maracujá,
noz, avelã, figo, castanha,
ameixa, uva, passa etc.
• Vegetais: capim, feno,
hortelã, tabaco, louro,
funcho, musgo, sous bois
(terra, folhas, grama e madeira
húmidas, aroma típico de um
bosque com pouca luz) etc.
• Especiarias: anis, canela,
noz-moscada, cravo-da-
índia, pimenta, alcaçuz etc.
• Animal: couro, pelica,
caça etc.
• Outros: café, amêndoa,
baunilha, alcatrão, trufa,
caramelo, leveduras, casca de
pão, mel, madeira, cacau etc.
78
• Em linhas gerais, salvo algumas poucas
exceções, vinhos brancos possuem
aromas de coisas brancas e vinhos tintos
possuem aromas de coisas vermelhas.
• Os aromas dos vinhos podem ser de três
tipos: primários, secundários e terciários.
Primários são aqueles originados da própria
uva, secundários são aqueles originados da
fermentação e terciários são aqueles oriundos
da madeira utilizada para amadurecimento do
vinho, a qual gera aromas como baunilha,
café, caramelo e carvalho.
• Não se acanhe para inserir o nariz na taça.
No começo, você pode até ficar desajeitado ou
envergonhado, mas, para melhor identificar os
aromas, você vai ter que fazer mais do que
levar a taça a alguns centímetros do nariz.
Oxigenação
Após identificar possíveis aromas fragrantes, é
hora de oxigenar o vinho, o que consiste, basicamente,
em fazê-lo entrar em contato com uma maior quantidade
de oxigênio. Gire a taça e faça o vinho rodopiar dentro
dela. Este movimento é importante pois o contato com o ar,
em particular, o oxigênio, faz o vinho liberar seus
aromas com maior intensidade. Desta forma, fica mais
fácil identificar os aromas menos intensos e mais sutis.
79
Não existe muita técnica para
realizar a oxigenação. Basta movimentar
a taça de forma circular, começando
lentamente e aumentando a
velocidade quando ganhar confiança.
Evite movimentos retos, para a frente ou
para os lados, o que faz com que
o vinho seja jogado para a borda da
taça. Para os mais inseguros, tente
girar a taça com ela sobre a mesa. Isso
dará mais firmeza e segurança.
Aromas secundários
Por fim, leve a taça mais uma
vez ao nariz e tente identificar aromas
que não foram facilmente identificados
inicialmente. A lista de aromas citadas
anteriormente continua valendo aqui.
Fique à vontade para repetir os
passos 2, oxigenação, e 3, aromas
secundários, quantas vezes quiser.
Dependendo da situação, relaxe, deixe
sua imaginação correr solta e procure
identificar o máximo de aromas
possíveis. Tente identificar nuances
que dão mais detalhes sobre o aroma
identificado, como por exemplo: frutas
80
do bosque frescas, secas ou em geléia; limão
tradicional ou siciliano; pimentão verde, vermelho
ou amarelo; ameixa fresca ou seca. São aromas
bem parecidos, mas a idade do vinho ou
particular método de produção pode gerar vinhos
que diferem em pequenos detalhes como estes.
81
Exame gustativo
Açúcar
O primeiro aspecto a ser notado, e também o
mais fácil, é a quantidade de açúcar que o vinho possui.
83
Dependendo dela, o vinho pode ser:
• seco
• meio doce
• doce
Acidez
O nível de acidez do vinho pode ser identificado
pela sensação de pequenas agulhas beliscando a língua.
A acidez traz frescor, jovialidade e refrescância ao vinho e é
característica marcante nos vinhos brancos.
Naturalmente, a acidez está também presente nos vinhos
tintos, mas é nos brancos que ela marca mais presença e
se faz mais fundamental. No exame gustativo, tente
identificar o quão ácido é o vinho. Podemos utilizar um
dos três níveis abaixo para pontuar a acidez:
84
• nervoso ou alta acidez
Álcool
O álcool é um dos principais componentes do
vinho e o que motiva a maior quantidade de técnicas
durante a produção. Produtores buscam
incansavelmente a produção de uvas com grande
quantidade de açúcar para que, durante a
fermentação, este possa ser transformado em… álcool.
Notamos o álcool através de um pequeno calor à
medida que o vinho desce pela garganta até o estômago.
Utilizamos termos, como os apresentados a seguir,
para pontuar o vinho de acordo com seu teor alcoólico:
Taninos
Os taninos estão presentes na casca da uva.
Assim, como o vinho branco não possui contato com a
casca durante sua produção, não possui taninos. Na
boca, os taninos transmitem uma sensação de secura,
de adstringência. Quando os taninos estão ressaltados,
percebemos esta sensação de ressecamento na
língua, céu da boca e paredes internas da bochecha.
86
Corpo
Tecnicamente falando, o corpo do vinho é tudo
o que sobra quando o álcool e a água são retirados.
No exame gustativo, identificamos o corpo do vinho
pela sensação de estrutura, de volume que o vinho
apresenta. Note que vinhos brancos e alguns tintos,
como os produzidos da uva Pinot Noir, por exemplo,
são delicados, sutis e possuem pouca presença na
boca. Outros, como os Cabernet Sauvignon e Malbec,
são corpulentos e parecem que preenchem a boca.
Para tanto, utilizamos uma escala como a abaixo para
pontuar o corpo dos vinhos:
• leve
• médio corpo
Equilíbrio
São três os aspectos que tornam um vinho
diferenciado: equilíbrio, intensidade e persistência.
Vinhos bons ou medianos podem até se superar em
um destes aspectos, mas apenas os vinhos especiais
combinam níveis excepcionais destes três aspectos.
87
e marcante. O primeiro aspecto que utilizamos
para avaliar o resultado da combinação dos
componentes do vinho é o equilíbrio. Aqui
buscamos identificar como se dá a harmonia entre a
acidez e maciez (açúcar e álcool), nos vinhos brancos,
e entre a acidez, maciez e taninos nos vinhos tintos.
Um vinho equilibrado é aquele onde nenhum
dos componentes se sobressai de forma indesejada,
transmitindo uma sensação desagradável.
Naturalmente, vinhos diferentes possuem níveis de
acidez, maciez e taninos diferentes, mas um vinho
especial, diferencial, ímpar é aquele que sempre
mostra harmonia entre seus componentes.
88
• equilibrado
Intensidade
A intensidade do vinho é o quão saboroso ele
se mostra na boca, o quão potente ele é. Alguns vinhos
diferenciados apresentam um impacto de sabor
quando o levamos à boca; desencadeiam ondas de
sabor que se multiplicam e tomam conta da boca.
Persistência
O último aspecto do exame gustativo diz respeito
ao tempo em que o sabor do vinho permanece na boca.
Um exercício interessante a ser feito é cronometrarmos
(mentalmente) quanto tempo o sabor do vinho
89
permanece em nossa boca até que suma completamente.
Vinhos medianos terão o sabor perceptível por poucos
segundos enquanto que vinhos mais especiais persistem
na boca durante vários segundos.
• razoavelmente persistente ou
média persistência
• persistente ou longo
90
92
93
4
Enochatices
94
O universo do vinho é permeado de
95
Rolhas
A rolha de cortiça
A rolha é, realmente, o método de vedação mais
tradicional de todos. Atualmente, devido à escassez da
sua matéria prima, a cortiça, pode alcançar elevado
valor comercial. A rolha do tipo Flor, rolha de melhor
qualidade no mercado, pode alcançar o valor de
€2 por unidade. No mercado europeu, onde
bons vinhos chegam ao consumidor final por
€1,50, uma rolha comercializada por este preço
é com certeza uma sofisticação.
Os principais tipos de rolhas de cortiça são:
Rolha Natural
Rolha inteiriça, feita de perfurações na
cortiça retirada do sobreiro. Produto mais
tradicional e também mais valorizado.
Possui oito níveis de qualidade,
baseados em critérios visuais e na
quantidade e tamanho de suas
ranhuras. Pode valer de €0,10 a €2.
A rolha Flor, a de maior qualidade,
costuma ser utilizada em vinhos
premium, feitos para envelhecer.
97
Rolha Técnica 1+1
Possui corpo aglomerado feito com
grânulos de cortiça, com discos inteiriços
nas extremidades. Mais baratas do que
as rolhas naturais, embora possua
eficiência similar. Também possui
diferentes níveis de qualidade.
Rolha de Espumante
Possui, na parte superior, aglomerado de
grânulos de cortiça e, na parte inferior,
dois discos inteiriços que, ao longo dos
anos, se mostrou a forma mais eficiente
para vedar os espumantes. A estrutura da
rolha de espumante é a mesma, seja para
os rótulos mais simples ou mais
sofisticados.
Rolha T
Utilizada em vinhos fortificados,
como o Porto, o Madeira e o Jerez.
Aspecto ímpar desta rolha é sua
característica reutilizável, ou seja,
ela é feita para que o vinho possa
ser aberto e fechado diversas vezes.
98
Algunas detalhes adicionais sobre a
rolha de cortiça:
• A cortiça é extraída da árvore sobreiro,
da mesma família do carvalho.
• Portugal é hoje o maior produtor de
cortiça, com 50% da produção mundial.
• A região do Alentejo possui hoje 80%
da plantação de sobreiros em Portugal.
• O sobreiro vive cerca de 200 anos. Seu
primeiro descortiçamento acontece após 25
anos de vida e, a partir de então, cada ciclo
ocorre a cada 9 anos.
Micro-oxigenação
Mesmo com o surgimento de alternativas (veja a
seguir outros tipos de vedação), as rolhas de cortiça
continuam sendo a principal escolha para os vinhos de
guarda, ou seja, para aqueles vinhos que se beneficiam
do amadurecimento. Isso ocorre pela micro-oxigenação
que só a cortiça é capaz de promover. Ela é capaz de
permitir a entrada de uma quantidade mínima de ar na
garrafa, ou seja, não veda totalmente mas também não
permite a entrada de ar em excesso. E é esta
quantidade mínima de ar, especificamente o oxigênio,
que altera o vinho de forma suave, lenta e contínua.
99
Problemas ocasionados
pelas rolhas de cortiça
O capítulo Cheira Rolha descreve em
detalhes o papel da rolha no vinho bouchonné,
vinho comprometido por uma substância chamada
TCA, desenvolvendo assim aromas desagradáveis
de pano/cortiça/papelão molhado.
Quando o vinho é mal acondicionado, ou
seja, mantido em local muito quente ou com pouca
humidade, quando a rolha é danificada ou, ainda,
quando possui algum defeito de fabricação, ela
pode permitir a entrada de ar na garrafa em
quantidade elevada, acelerando o processo de
amadurecimento do vinho. Dependendo do nível
de comprometimento da rolha, o vinho pode sofrer
alterações que vão de modificações mínimas, não
perceptíveis, até a sua completa deterioração.
Uma rolha com a sua face externa manchada
pode significar que o vinho esteja vazando. Se o vinho
está saindo, quer dizer que o ar está entrando, ou seja,
o vinho pode estar passando por um processo
acentuado de oxidação e irá se tornar intragável em breve.
101
Taxa de rolha
102
Argumentos a favor da Taxa de
Rolha
• A carta de vinhos possui um papel importante
na criação da personalidade do estabelecimento.
103
relacionados ao serviço de vinhos, como a
reposição de taças, decanter, gelo, treinamento
dos garçons, limpeza dos equipamentos,
entre outros.
106
É defeito ou não?
Bouchonné
O que é?
O capítulo Cheira Rolha descreve em detalhes o
vinho bouchonné, mas, de forma resumida, trata-se
108
da contaminação do vinho por uma
substância química chamada tricloroanisol,
ou TCA, oriunda de fungos que atacam a
rolha do vinho e elementos de madeira
utilizados na produção do vinho, como as
barricas de carvalho, por exemplo.
Como identificar?
Sim, é um defeito.
Refermentação
O que é?
É a fermentação do açúcar residual ocorrida na
garrafa de vinhos tranquilos, ou seja, vinhos
que não sejam espumantes ou frisantes.
Como identificar?
109
É defeito ou não?
Oxidação
O que é?
A relação do vinho com o oxigênio é de fato
paradoxal. Enquanto o oxigênio é
fundamental para que o vinho se desenvolva,
ganhando maturidade, complexidade, se
tornando mais redondo e menos agressivo na
hora da degustação, oxigênio demais resulta
em sua Oxidação, ou seja, processo em que
o oxigênio atua como catalisador de uma
série de reações irreversíveis no vinho
gerando substâncias indesejáveis.
A Oxidação pode ocorrer em diversos momentos
da vida do vinho: durante sua produção (na fase
de fermentação), seu amadurecimento ou na
armazenagem. A vedação do vinho é, portanto, um
aspecto crucial para evitar a sua Oxidação.
Como identificar?
111
Da mesma forma, alguns vinhos de mesa
também se beneficiam de uma pequena
Oxidação ao envelhecerem em barris por um
longo período, sem que sejam preenchidos após
a natural evaporação de uma pequena
quantidade do vinho. Este é o caso de uma série
de vinhos do Velho Mundo, como os vinhos da
região espanhola de Rioja, dos Chenin Blancs da
região francesa do Loire, das também francesas
Jura e sul do Rhône e de algumas regiões
italianas, principalmente, Montalcino (de onde sai o
famoso Brunello de Montalcino) e Piemonte (lar
dos igualmente badalados Barolo e Amarone).
Em tais regiões, a leve Oxidação é responsável
por desenvolver aromas complexos como o de nozes,
frutas secas, cera de abelha e mel.
Redução
O que é?
Em poucas palavras, Redução é o oposto da
Oxidação, ou seja, reações químicas que se
desenvolvem em ambientes com a ausência de
oxigênio, onde compostos sulfúricos indesejáveis
são produzidos. Certas leveduras, diante de
condições extremas de carência de nutrientes,
passam a se alimentar de aminoácidos que
contêm enxofre, produzindo tais compostos
112
indesejáveis, como o sulfeto de hidrogênio
(H2S). Como identificar?
113
elevados de Redução representam um
defeito, mas, em níveis gentis, podem trazer
complexidade ao vinho. O caráter marcante
de alguns Chardonnays fermentados em
barril de carvalho ou de cortes (mesclas)
Sémillon-Sauvignon Blanc são gerados pela
Redução, da mesmo forma que o aroma de
pólvora de muitos Sauvignon Blancs.
Brettanomyces
O que é?
Brett, como a brettanomyces é apelidada, é uma
levedura intrusa que ataca vinhos com elevado
pH (baixo nível de acidez), portanto,
dificilmente a encontramos em vinhos brancos.
Os vinhos são particularmente vulneráveis à
Brett na fase final da fermentação, quando toda
a levedura natural das uvas, Saccharomyces
cerevisiae, morre antes que a fermentação tenha
chegado ao fim. Mas nada impede que a Brett
também se manifeste durante a fase de
amadurecimento, especialmente quando o
dióxido de enxofre for utilizado parcamente.
Como identificar?
Tão logo a Brett se estabelece no vinho, uma série
117
Vinho com moderação
120
Uma conclusão interessante: apesar da
graduação alcoólica ter crescido apenas 25% (de
12% para 15%), a taxa de álcool no sangue cresce
33% para as mulheres e 43% para os homens. Esse
crescimento desproporcional mostra a sobrecarga do corpo
na metabolização do álcool. Após certo nível de
ingestão, cada vez menos álcool é metabolizado e
mais é absorvido pelo sangue.
Consumo responsável
Infelizmente, não há atalhos para o consumo
saudável e responsável de vinhos. Tomar litros de água,
café forte, banho gelado ou vento no rosto podem até
fazer a pessoa se sentir melhor, mas não alteram a taxa de
álcool no sangue. Uma boa medida para orientar a
quantidade de vinho que pode ser consumida de forma
responsável é fornecida pela Organização Mundial da
Saúde: 7 unidades de álcool por semana para mulheres
e 14 unidades por semana para homens, onde o número
121
de unidades de álcool é alcançado
multiplicando-se o volume de vinho (em litros)
pela graduação alcoólica. Alguns exemplos:
• Uma taça de 150ml de vinho com
gradução 14% = 0,15 x 14 = 2,1 unidades
• Uma garrafa de 750ml de vinho com
gradução 12% = 0,75 x 12 = 9 unidades
122
124