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Sociologia da Educação: educação reprodutora e educação transformadora (12 a 15/02)

BOURDIEU, P. A Escola conservadora e as desigualdades frente à escola e à cultura. In: CATANI,


A. (Org). Escritos de Educação. Petrópolis: Vozes, 1998.

DURKHEIM, Émile. A educação, sua natureza e o seu papel. In: DURKHEIM, Émile. Educação e
Sociologia. Lisboa: Edições 70, 2011, pp. 42-71.

1) Os fundamentos sociais da educação

A sociologia da educação em geral, em particular os escritos educacionais de Durkheim e


Bourdieu, apresentam os fundamentos sociais da educação, evitando uma autonomização das
concepções pedagógicas de seu terreno social. Ambos realizam a partir de seus pressupostos
filosóficos e metodológicos, muitas vezes semelhantes. Com os dois sociólogos franceses,
compreendemos que a educação, o conhecimento transmitido das gerações anteriores para as
posteriores, carregam aspectos sociais encontrados na sociedade e suas instituições ou nos
costumes de indivíduos e famílias.

Não devemos entender a educação como simples reflexo passivo de seus fundamentos sociais,
na medida em que há também espaços para intervenções e transformações a partir da escola.
No entanto, nos modelos apresentados por Durkheim e Bourdieu, ou seja, no primeiro como
uma educação reprodutora dos interesses da sociedade em geral e no segundo como
reprodutora de desigualdades, esse espaço de transformação é diminuído.

2) Educação enquanto reprodução social

É conhecida a tese de que Durkheim na qual a sociedade funciona como um organismo. As


diversas instituições sociais devem estar alinhadas para permitir a reprodução e manutenção
da sociabilidade. A escola é uma dessas instituições. A educação tem a função de garantir que
os conhecimentos acumulados sejam transmitidos às novas gerações de modo a preservar a
sociabilidade necessária a cada sociedade, mantendo a coesão.

É possível pensar que a escola, assim como as demais instituições, funcionam como um fato
social, ou seja, imperativos que atuam independente das vontades individuais. Tais
imperativos obedecem aos interesses coletivos que visam à coesão social. Neste sentido, por
exemplo, a educação não poderia se fragmentar em interesses individuais, pois arriscaria a
manutenção da necessária coesão para a reprodução da sociedade. A individualidade tem sua
importância desde que atenda aos interesses gerais da sociedade, por exemplo as
especializações técnicas, profissionais, que desempenhariam funções específicas dentro do
organismo social.

Não é estranho, portanto, que Durkheim considere o Estado como atuante na educação, ao
estabelecer as diretrizes que não afaste as escolas de seu objetivo. Em teoria é permitido a
existência de escolas privadas, no entanto, mesmo nessas as diretrizes devem ser alinhadas
com a do Estado, instituição capaz de regulação para a manutenção da coesão social.

3) Educação enquanto reprodutora da desigualdade social

Assim como Durkheim, Bourdieu considera aspectos sociais que condicionam a atuação da
educação. No entanto, o autor não reduz a sua explicação trabalhando com a ideia de que a
escola é somente reprodutora dos interesses da sociedade, mas que ela é reprodutora das
desigualdades presentes na sociedade. O que o leva e identificar problemas relacionados aos
limites das políticas educacionais de acesso universal à educação, o perfil dos educandos e dos
docentes, o nível cultural dos educandos entre outros fatores.

Uma das alternativas para se resolver os problemas educacionais em diversos países foi o de
democratizar o acesso à educação

4) As possibilidades de uma educação transformadora

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