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A TRANSFIGURAÇÃO
Mateus 17.1-9
Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro e aos irmãos Tiago e João e
os levou, em particular, a um alto monte. E foi transfigurado diante deles;
o seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tomaram-se brancas
como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele.
Então, disse Pedro a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei
aqui três tendas; uma será tua, outra para Moisés, outra para Elias. Falava
ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis, vindo da nuvem,
uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele
ouvi. Ouvindo-a os discípulos, caíram de bruços, tomados de grande medo.
Aproximando-se deles, tocou-lhes Jesus, dizendo: Erguei-vos e não temais!
Então, eles, levantando os olhos, a ninguém viram, senão Jesus. E, descendo
eles do monte, ordenou-lhes Jesus: A ninguém conteis a visão, até que o
Filho do homem ressuscite dentre os mortos.
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sempre uma alegria e um prazer para mim estudar os relatos
apenas poucos anos. É claro que, depois de um tempo, toma-se difícil en-
contrar novos superlativos, então vemos as empresas alegarem que seus
produtos deixam o “branco mais branco”. Ao escutarmos isso, sabemos
que se trata de uma linguagem publicitária e não de um fato, pois não existe
uma cor mais branca do que o branco. Uma vez que 0 branco é expresso em
sua pureza, não há como aprimorá-lo.
Ao explicar a transfiguração para crianças, eu costumava fazer uma per-
gunta simples:
— De que cor é o limão?
Elas sempre respondiam corretamente:
— Verde.
Em seguida, eu perguntava:
— De que cor é um limão no escuro?
Algumas diziam que continuava sendo verde, outras diziam que é preto,
e 0 restante dava diversos outros palpites. Então, eu explicava que, no es-
curo, o limão não tem cor, pois a cor não é uma qualidade primária dos
objetos; é uma qualidade secundária. A cor é manifesta quando a luz está
presente, e, sem luz, todos os tons desaparecem. Já a pureza da cor, a ple-
nitude da cor, é a perfeita brancura. Todas as cores do arco-íris são encon-
tradas no branco puro.
Foi isso 0 que os discípulos testemunharam. Conforme a glória de Je-
sus irradiava de sua pessoa, suas vestes brilhavam em total brancura. Não
havia qualquer vestígio de cinza, sombra ou trevas; apenas um branco puro
e imaculado. Os olhos dos discípulos nunca haviam contemplado algo tão
branco em toda a sua vida.
A Lei e os Profetas
Mateus, em seguida, registra: E eis que lhes apareceram Moisés e
Elias, falando com ele (v. 3). Moisés, o mediador da antiga aliança, não
havia sido autorizado a entrar na Terra Prometida, mas acabou pisando nela
nesse momento. Como já vimos também, Deus tinha prometido que Elias
retomaria por ocasião da vinda do Messias (Ml 4,5). Não é difícil descobrir
sobre 0 que eles estavam conversando, visto que os livros da Lei e dos Pro-
fetas no Antigo Testamento apontavam para Cristo e seu ministério. Sem
dúvida, estavam discutindo o que estava prestes a acontecer-lhe em Jerusa-
lém como auge do plano de Deus, profetizado havia tantos séculos. De fato,
Lucas diz que eles falavam sobre “sua partida, que ele estava para cumprir
em Jerusalém” (9.3 lb), isto é, as provações e a morte que ele enfrentaria em
breve. Talvez Moisés e Elias estivessem lembrando Jesus: “Foi para isso que
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o senhor nasceu. Este é 0 fim da maldição da lei. Este é o cumprimento de
todas as profecias.” Em outras palavras, a Lei e os Profetas foram ter com
Jesus no monte para incentivá-lo em sua missão.
Mateus também nos diz: Então, disse Pedro a Jesus: Senhor, bom
é estarmos aqui; se queres, farei aqui três tendas; uma será tua, ou-
tra para Moisés, outra para Elias (v. 4). Pedro expressou sua satisfação
em estar presente naquela magnífica exibição de glória ao oferecer-se para
montar três tendas - de modo que Jesus, Moisés e Elias pudessem permane-
cer ali, tudo em um esforço para prolongar aquela experiência transcenden-
tal. Contudo, é difícil fugirmos da simples conclusão de que Pedro estava
apenas tagarelando, sem ter noção do que dizia.
Seja como for, Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os
envolveu; e eis, vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é 0 meu Filho
amado, em quem me comprazo; a ele ouvi. (v. 5). A nuvem shekinah da
glória de Deus surgiu e cercou-os, e uma voz falou de dentro dela. Esta voz
era o Pai expressando o amor e o deleite que nutria em relação ao Filho.
Ele também proferiu uma exortação, claramente dirigida aos discípulos:
“a ele ouvi.” Não surpreende que, Ouvindo-a os discípulos, caíram de
bruços, tomados de grande medo (v. 6). Aquela voz era demais para eles.
Contudo, em meio ao terror, Aproximando-se deles, tocou-lhes Jesus, di-
zendo: Erguei-vos e não temais! Então, eles, levantando os olhos, a nin-
guém viram, senão Jesus (v. 7-8). Jesus estava novamente coberto por sua
humanidade, a nuvem shekinah havia se dissipado, e Moisés havia partido
na companhia de Elias. A transfiguração havia acabado.
Em uma breve nota de acréscimo, Mateus escreve: E, descendo eles
do monte, ordenou-lhes Jesus: A ninguém conteis a visão, até que 0
Filho do homem ressuscite dentre os mortos (v. 9). Assim como já havia
ordenado a muitas pessoas curadas que não falassem a seu respeito, Jesus
instruiu os discípulos a não dizer coisa alguma sobre a transfiguração até
que ressuscitasse. Mais uma vez, de forma indireta, Cristo indicou-lhes que
morrería, mas não permanecería morto. Eles, entretanto, aparentemente não
captaram a mensagem.
Nós temos a tendência de pensar na transfiguração como uma epifania
momentânea da verdadeira identidade de Jesus. No entanto, ela foi um vis-
lumbre do céu, local onde viveremos etemamente com Jesus, glorificados
como ele é glorificado (lJo 3.2). Aquele não foi um estado temporário de
Cristo, porque, desde sempre e para sempre, ele é o Senhor da glória. Não
admira que os discípulos tenham sido tomados de paixão pela obra do reino
após testemunharem o que havia acontecido no monte. Que Deus nos con-
ceda a mesma paixão pelo seu reino.