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Se a primeira definição que lhe veio à cabeça foi uma máquina de escrever, e não um
conjunto de teclas, engrenagens, peças de metal e papel, você está pensando como a
Gestalt afirma.
Segundo a Gestalt, ao observarmos um objeto, primeiro o compreendemos como um
todo, antes de notar seus elementos separadamente. De todos os princípios da Gestalt,
essa é premissa básica da teoria, a Lei da Pregnância, que veremos mais à frente.
Há oito princípios da Gestalt que são essenciais na área da criação e que estão
presentes no cotidiano. Você pode até mesmo notá-los em seu meio, ou aplicá-los sem
ter ideia do que representam ou quais suas definições.
Princípio 1: Lei da Pregnância (ou boa forma)
Como já falamos no tópico acima, a Gestalt afirma que sempre compreendemos o todo
de um composto visual, antes de aprofundar nos seus detalhes. Dentro do compilado, há
elementos que seu cérebro consegue destrinchar com rapidez e outros mais complexos
que você não associa tão rapidamente.
O nível de facilidade com que identificamos e compreendemos visualmente uma peça é
mensurado através da pregnância. Dado esse fato, a pregnância de um objeto é que vai
definir o quão rápido ele é percebido e assimilado, e também a eficiência da
comunicação da mensagem para com o receptor.
Observe o anúncio da Lego:
Rápido e intuitivo: primeiro você enxerga 5 conjuntos de blocos, depois processa as
cores. Com um pouco de raciocínio, já está imaginando os personagens dos Simpsons,
como o anúncio pede: “imagine”. A peça acima tem alta pregnância.
Agora este anúncio da Gazeta Mercantil:
São vários elementos contidos na peça. O que traduz a composição é a frase logo
abaixo: “Entenda o valor real do dinheiro”. A moeda retratada acima é o Yen e o
arranjo de elementos retrata parte do contexto do Japão. Por conter inúmeros
elementos em conflito e por necessitar de mais tempo de compreensão para digerir o
anúncio, essa peça é de menor pregnância, porém de fácil interpretação.
Sendo assim, até mesmo uma peça de pouca pregnância pode atingir o seu objetivo, se
utilizada com propriedade para que o público selecionado capte a mensagem. Para o
resultado eficiente na mensagem, o designer precisa pensar na questão estrutural da
peça como um todo, se sua interpretação realmente faz sentido ao juntar todas as partes
da composição.
Princípio 2: Lei da Unidade
Complementando a lei da pregnância, temos a unidade, que pode ser traduzida por um
elemento identificado de acordo com suas características como a parte irredutível em
um compilado, seja por sua cor, forma, ou dimensão. É muito comum que os elementos
únicos se combinem em função de uma unidade maior, tornando-se assim subunidades.
Como segunda lei dos princípios da Gestalt, a lei da unidade é essencial na criação,
pois se faz presente na organização e disposição de elementos, permitindo composições
originais e criativas a partir de unidades já existentes.
Elementos semelhantes em cor ou forma tendem a ser agrupados pelo cérebro em uma
só unidade. Isso faz com que objetos aproximados, apenas com uma característica
semelhante, se unam aos olhos do leitor. É a quinta lei da Gestalt, a semelhança.
Em um emaranhado de objetos, se o criativo deseja que o receptor da mensagem
identifique grupos de elementos mais facilmente, ele deve prezar pela igualdade de tons
e formatos entre as unidades. A semelhança é também utilizada para criar formas a
partir de outras formas.
Anúncio da Shootz Cafe & BillIards, no qual dois grupos de bolas de sinuca de cores
semelhantes se agrupam para formar uma nova composição.
Anúncio de Natal da Nespresso, que utiliza xícaras de café para formar uma árvore
natalina.
Princípio 6: Lei da Unificação
Um objeto formado por várias unidades pode ser harmoniosamente simétrico ou não.
Quando ocorre um peso igual de pregnância, proximidade, unidade e semelhança entre
objetos de um mesmo composto, podemos dizer que há uma unificação perfeita. Assim
como a lei da segregação, existem níveis de classificação que variam de uma pior ou
melhor organização de forma.
Um exemplo de unificação perfeita são as mandalas, que utilizam na proporção
balanceada dois princípios da Gestalt – semelhança e proximidade – para criar
composições simétricas e agradáveis.
Composições da Mercedes Benz, onde há duas unificações diferentes percebidas. Cada
uma separa o lado emocional e racional do nosso cérebro. Cria-se assim duas
unidades.
Princípio 7: Lei da Continuidade
Lembrança:
Mesmo sem nunca ter visto a arte anteriormente, o observador se familiariza com
elementos que remetem a uma memória ou uma sensação.
Curiosidade pelo oculto:
Ao enxergar um elemento que causa a sensação de falta ou omissão de algo, somos
desafiados a completar ou imaginar o outro objeto que o completa.
Assim, ao possuir conhecimento e técnicas de persuasão visual, o profissional de
criação tem a Gestalt e seus princípios como uma forte aliada para elaborar suas
composições de maneira autêntica e privilegiada das demais. O olhar também fica mais
apurado. Cada detalhe conta, ele está sempre à frente da percepção de senso comum.
Como consequência, mais preparado para o desafio diário de criar, reinventar e, acima
de tudo, cativar seu cliente e o público.
É importante ressaltar que a Gestalt é apenas uma das diretrizes para a criação de uma
boa peça. Aprofundar conhecimentos em psicologia das cores, regras de proporções, e
também pesquisa de mercado, público-alvo, consumir cultura e boas leituras são
essenciais antes de elaborar bons conteúdos visuais.