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COLÉGIO PEDRO II

CAMPUS DUQUE DE CAXIAS


EDUCAÇÃO FÍSICA

ANO: 3º
DOCENTES: Carlos Herdy, Daniela Nogueira e Matheus Castro.

 O ESPORTE A PARTIR DA MODERNIDADE: UMA BREVE


RETOMADA
 A MODERNIDADE E O ESPORTE ENQUANTO INSTITUIÇÃO
 A RETOMADA DOS JOGOS OLÍMPICOS
 O ESPORTE NO PERÍODO ENTRE GUERRAS.
 O ESPORTE DURANTE A GUERRA FRIA.
 O Esporte-Espetáculo: a faceta contemporânea do
fenômeno esportivo.
O ESPORTE A PARTIR DA MODERNIDADE: UMA BREVE
RETOMADA

Podemos dizer sem medo de errar que o esporte é mais que


um fenômeno social da Modernidade, enquanto tempo histórico,
mas uma instituição sua. Por que o esporte é uma instituição? Na
Modernidade, a prática “oficial” do esporte deve obedecer a um
preceito fundamental: possuir regras oficiais que uniformizam o jogo
em qualquer lugar, com quaisquer pessoas, cuja elaboração fica a
cargo das federações e confederações responsáveis pelo esporte
específico. Dessa forma, as competições/partidas oficiais de
qualquer esporte devem seguir um conjunto de normas superiores a
fim de que haja o devido reconhecimento.
Podemos citar alguns exemplos: Federação Internacional de
Futebol Associação (FIFA), Confederação Brasileira de Futebol
(CBF), Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FFERJ
ou FERJ). Além destas, temos o Comitê Olímpico Internacional
(COI), que organiza as Olimpíadas, em parceria com as
federações/confederações de outras modalidades esportivas.
Contudo, como isso surgiu? Apesar de podermos traçar um
paralelo com a Antiguidade Grega, com algumas similaridades
importantes, inclusive a existência de um grupo que organizava e
ditava as regras das Olimpíadas da Antiguidade, o Esporte
enquanto uma instituição social é um fenômeno típico da
Modernidade justamente por sua influência extrapolar os limites de
um único país para o mundo. O que isto quer dizer? As Olimpíadas
gregas por razões óbvias se limitavam ao território grego, enquanto
o alcance do esporte enquanto instituição é global, isto é, para que
haja a prática oficial de um esporte em qualquer lugar do mundo, as
pessoas devem se subordinar às normas estabelecidas
internacionalmente.
Entretanto, também vimos que, ao longo da história no
Ocidente, as práticas esportivas foram gradativamente
abandonadas até serem proibidas permanentemente pela Igreja
Católica por associá-las com o paganismo. Com isso, a partir da
Antiguidade Romana e, sobretudo na Idade Média, as grandes
competições existentes, além das práticas permitidas, eram
diretamente associadas com habilidades guerreiras, portanto,
voltadas para a formação de soldados.
Devemos recordar o contexto em que a Modernidade emerge:
1 – consolidação das relações sociais de mercado, do poder
econômico e político da burguesia, e, por conseguinte, da
necessidade de ter corpos mais produtivos para cumprir as novas
demandas de um trabalho mais produtivo nas jornadas de trabalho;
2 – ruptura com os valores culturais/simbólicos da Idade
Média, abrangendo igualmente a proibição das práticas esportivas,
sobretudo com a valorização do corpo forte/magro/resistente em
detrimento do corpo gordo, o trabalho x a ociosidade/não-trabalho
da aristocracia, além da laicidade em resposta ao poder teocrático
da Igreja;
3 – guerras de unificação dos Estados-Nação envolvendo
cidades, reinos, feudos, o que levava a uma permanente
necessidade de formação guerreira de quase toda população
masculina. “Na Alemanha, especialmente na Prússia, Friedrich
Ludwig Jahn inventou o programa de ginástica em Berlim com o
objetivo explícito de fortalecer a juventude alemã para as guerras de
libertação contra Napoleão” (GUMBRECHT, 2007, p. 90).;
4 – por fim, as próprias lutas da classe trabalhadora pelo
direito à saúde pública, por melhores condições de vida e trabalho,
o que inclui também o direito à lazer.
A MODERNIDADE E O ESPORTE ENQUANTO INSTITUIÇÃO.

O esporte é considerado um fenômeno específico da


modernidade e não anterior ao século XVIII. Assim, os esportes
“ressurgem” inicialmente por meio das competições nos próprios
círculos militares como forma de preparação e estímulo para os
soldados. Temos uma série de relatos esportes da retomada de
modalidades como: arremesso de peso, lançamento de disco,
saltos, corridas, além, é claro das corridas a cavalo, que passam a
se converter em um meio de distração para a nobreza e para a
burguesia ascendente (sobretudo envolvendo vultuosas apostas), e
para os competidores uma forma de ascensão social. O primeiro
esporte a se profissionalizar formalmente foi o boxe, que atraía uma
grande atenção da sociedade.
Nos altos círculos sociais no século XVIII, o entusiasmo pelo
boxe e pela disputa física pode ser explicado como uma retomada
de valores atinentes (pertencentes/relativos) à Antiguidade (mens
sana in corpore sano – “mente sã em um corpo são”). Nos países
anglófonos, os esportes profissionais eram alimentados por uma
extensa rede de apostas, e se massificaram sem ser afetados pelo
espírito do esporte amador, boxe, turfe e atletismo.
Em especial na Inglaterra, este processo se dissemina
rapidamente com a Revolução Industrial, que passa a concentrar
muitos trabalhadores em um mesmo espaço, e as práticas
esportivas são vistas, por um lado, como forma de contenção da
revolta desses trabalhadores para com suas condições de vida; por
outro, como uma demanda desses mesmos trabalhadores como
direito à saúde e ao lazer. “Inspiradas por intelectuais alemães, com
o arqueólogo Johann Joachim Winckelmann e o poeta Friedrich
Hölderlin, que no século XVIII e no início do XIX tinham
redescoberto a cultura grega dos corpos e se apropriado dela, as
escolas britânicas fizeram desse ideal imaginário o modelo para
educar os jovens e cosmopolitas cavalheiros ingleses”
(GUMBRECHT, 2007, p. 91).
O contexto de nascimento do esporte enquanto tal é o da
Revolução Industrial e consequentemente afirmação do capitalismo.
Nesse período, o trato com o corpo é marcado pela busca de uma
maior produtividade em virtude das demandas da sociedade
capitalista, e o esporte torna-se um elemento de adequação dos
sujeitos, em especial da classe trabalhadora, às demandas de uma
vida mais saudável com um corpo mais produtivo para o trabalho a
partir da prática de atividades físicas. Ademais, o esporte surge
também enquanto ferramenta de lazer, no qual o “tempo livre” dos
sujeitos deveria ser ocupado de modo a atenuar as péssimas
condições de vida e de trabalho daquela época, recordando as
jornadas de trabalho de 12 a 16 horas, condições extremamente
insalubres e miseráveis, etc.
Portanto, o esporte também passa a cumprir um papel
ideológico determinante. O controle social dos estamentos
dominantes por sobre os estamentos subalternizados se dava pela
articulação entre: poder religioso e poder militar. Entretanto, com a
sociedade capitalista, há redução relativa (apenas relativa) do papel
da força para manutenção do status quo, e o enfraquecimento das
perspectivas teocráticas como fonte de poder social e econômica,
era necessário ter um outro caminho de “racionalização” ou
“justificação” da ordem social. Para tanto, o “tempo livre” dos
trabalhadores mereceu grande atenção (MANSKE et alii, 2006).
Utilizar este tempo livre, ou “tempo de lazer” para tornar os
trabalhadores mais produtivos, menos doentes, e principalmente
menos revoltados para com o status quo era muito relevante.
Assim, o esporte tem a sua prática incentivada pela burguesia (após
um período inicial de proibição e restrição aos círculos sociais mais
abastados) como o principal instrumento de ocupação deste “tempo
de lazer”.
Além disso, o esporte era a mimese ideal dos valores
fundamentais da sociedade capitalista. Por que? O esporte traz
consigo basicamente todos os princípios do liberalismo: a ideia do
mérito e, consequentemente, da meritocracia (afinal de contas,
quem, ao ver um jogo de futebol, independente da qualidade dos
times/jogadores(as) oponentes, nunca ouviu a seguinte frase: “são
11 contra 11”, como se o contexto nada significasse?); almeja-se
uma pretensa neutralidade política, logo, os conflitos sociais, as
desigualdades sociais são todas “apagadas” em prol da exaltação
do mérito individual do sujeito-atleta que é capaz de vencer as mais
diversas barreiras; estabelece uma lógica de competição entre os
indivíduos, colocando a agressividade e a competitividade como
valores sociais a serem exaltadas pelos indivíduos, tal qual os
sujeitos devem competir no mercado de trabalho; é um espaço de
extravasar emoções e sentimentos represados pelos sujeitos (que
não poderiam fazê-lo em outros espaços por conta da repressão),
permitindo certos graus de agressividade e até mesmo de violência,
física e simbólica (STAREPRAVO; MEZZADRI, 2003).; por fim,
diante das diversas desigualdades sociais, falta de oportunidades e
acesso a serviços básicos por conta de grande parte dos
trabalhadores, o esporte torna-se uma opção de profissionalização
e esperança de ascensão social.
Sua importância se tornava tão grande que os esportes
também passavam pelo escrutínio da ciência e da racionalidade dos
negócios: começa a haver a profissionalização de atletas, a
profissionalização das equipes de preparação destes (e somente
lááá no futuro destas) atletas (PICH, 2003). Tanto que, na maioria
dos casos, a preparação de atletas ainda se dava por meio dos
treinamentos e métodos de origem militar, muitas vezes com
militares da ativa ou ex-militares com formação científica no campo
da saúde.
O esporte cresce em suas dimensões profissionais e
recreativas, o que faz nascer associações nacionais e
posteriormente internacionais que regulamentavam os esportes. Um
processo de homogeneização que se deu pari passu
(simultaneamente) com a diferenciação das modalidades, rúgbi e
futebol, por exemplo. Em 1863, foi fundada a Associação Inglesa de
Futebol, que regulamentava o jogo até uma forma bem próxima do
que é hoje em 1892. A FIFA nasce em 1907 para dar conta das
associações existentes na Europa.
Todavia, é importante ressaltarmos que o esporte não é
apenas determinado na sociedade, mas também se constitui em
relevante direito social. Mesmo na época inicial da Revolução
Industrial, na qual a exploração dos trabalhadores era levada a
níveis extremos, foi por conta das diversas lutas e manifestações
desses trabalhadores, que eles obtiveram o direito à prática
esportiva e ao lazer. Sendo assim, o esporte torna-se um elemento
contraditório na ordem social, pois, ao mesmo tempo que ele atuou
para reafirmar determinadas desigualdades, também possibilita a
reflexão e promoção de valores fundamentais em um processo de
melhoria social.
A RETOMADA DOS JOGOS OLÍMPICOS

Ao longo de sua existência, que já beira os 120 anos, o


Movimento Olímpico se liga intimamente com as transformações de
ordem mais geral nas sociedades. Para facilitar os nossos estudos,
iremos adotar a periodização proposta por Rubio (2010), que nos
ajuda a compreender mais claramente essa ligação entre esporte e
as profundas mudanças sociais que vivenciamos ao longo da
história. “Os quatro grandes momentos identificados são: Fase de
estabelecimento - de Atenas 1896 a Estocolmo 1912; Fase de
Afirmação - Antuérpia 1920 a Berlin 1936; Fase de conflito - de
Londres 1948 a Los Angeles 1984; Fase Profissional - de Seul 1988
até os dias atuais” (RUBIO, 2010, p. 57).
Podemos dizer que o ápice da retomada do esporte enquanto
o principal fenômeno da cultura corporal na Modernidade foi a
reedição dos Jogos Olímpicos. Após o seu banimento no final do
século IV, os Jogos Olímpicos foram reeditados em 1896 na cidade
de Atenas, por iniciativa do educador francês Pierre de Frédy, o
Barão de Coubertin. Coubertin (1863-1937), aristocrata nascido em
1863, diplomata, que buscou retomar os jogos pan-helênicos e via
neles o ideal do amadorismo e da participação acima da vitória.
Justamente por ser uma perspectiva aristocrática, se colocava
contra a profissionalização, o que ampliaria a participação de
trabalhadores nos esportes.
Por sua concepção aristocrática, o Barão se identificava
sobremaneira com esporte universitário inglês, que não recebia o
interesse à proposta de internacionalização da corrida de ramo de
Oxford, ao contrário de outros países. Assim, fundou-se uma rede
baseada na repulsão ao profissionalismo e nacionalismo,
aprovando os jogos olímpicos em um Congresso em Paris (1894),
uma reunião com delegados de 9 países para expor seu plano de
reviver os torneios que tinham sido interrompidos há 15 séculos. A
delegação grega disputou para que os jogos fossem na semana de
Páscoa em Atenas (1896), o que o Barão busca tornar como sua
ideia.
Os primeiros Jogos Olímpicos da Modernidade, Atenas
(1896), idealizados, entre outros, pelo Barão de Coubertain,
buscavam se estabelecer por meio de um caráter apolítico e
independente de forma a garantir adesão dos diversos países,
apenas sendo interrompido em 1916 pela Primeira Guerra Mundial.
Contudo, é fundamental destacar outro aspecto de aproximação
com Atenas. Como já vimos, o período dos Jogos era marcado pela
trégua olímpica (ekeicheria), e como lembramos, o fim do século
XIX caracteriza-se por um período de muitas convulsões sociais:
conflitos internacionais por disputas de território entre aos países
europeus; conflitos internos com o fortalecimento dos movimentos
operários.
O que Coubertin vislumbrou foi a possibilidade de, por meio
da reedição das Olimpíadas, estabelecer mecanismos de trégua
nos conflitos entre os países, sobretudo dentro dos mesmos,
neutralizar os conflitos sociais por meio de uma ideologia da
“neutralidade política”. Assim, dos jogos de Atenas até Estocolmo
(1912) foi considerada uma Fase de Estabelecimento com os Jogos
sendo praticados quadrienalmente, contando com os países
europeus e ampliando sua adesão a cada edição (PICH, 2003).
Nesse período, os Jogos ainda não contavam com uma grande
profissionalização e ocorreram até 1912, quando houve o primeiro
hiato temporal por conta da Primeira Guerra Mundial.
Além disso, devemos destacar que o embate com a
profissionalização resultava na exclusão das camadas mais pobres
da sociedade, já que privilegiava aqueles que tinham tempo para
praticar (isto é, que tinham jornadas reduzidas ou pouco
desgastantes de trabalho). O esporte ainda era uma manifestação
social e cultural bastante elitista, sendo “pouco praticável” junto às
camadas mais pobres da sociedade, e contava com uma
profissionalização ainda insipiente.
Os Jogos de Atenas (1896) possuem “eventos de atletismo,
além dos de luta livre, natação e talvez até esgrima e levantamento
de peso – isto é, esportes baseados em movimentos bem
elementares do corpo -, provavelmente foram escolhidos como
sugestões dos eventos competitivos do passado remoto, enquanto
o tiro, o ciclismo, o tênis e (num gesto de reverência em relação à
Alemanha) a ginástica e a subida de corda devem ter sido
encarados como componentes mais modernos. O interessante é
que não houve nenhum jogo com bola na primeira Olimpíada”
(GUMBRECHT, 2007, p. 98).
“O evento que, mais que qualquer outro, personificou o
espírito esportivo de 1896 foi a maratona, inventada sobre bases
historiográficas incertas por Michel Bréal [...] Ela reproduzia a
lendária corrida desde um campo de batalha próximo ao vilarejo de
Maratona até a cidade de Atenas; acredita-se que o maratonista
original era um mensageiro que morreu depois de anunciar aos
cidadãos de Atenas a vitória sobre os persas, em 490 a.C.”
(GUMBRECHT, 2007, p. 98).
Participaram destes jogos 285 atletas de 13 países,
disputando provas de atletismo, esgrima luta livre, ginástica,
halterofilismo, ciclismo, natação e tênis. Os vencedores das provas
foram premiados com medalhas de ouro e um ramo de oliveira.

REFERÊNCIAS:

GUMBRECHT, Hans Ulrich. Elogio da beleza atlética. São Paulo:


Companhia das Letras, 2007.
MANSKE, G.S.; FERRARI, A.; ORSI, F.; LASZUK, J.; POSTAI, L.
Esporte e sociedade. Motrivivência, ano 18, n.26, p. 141-152, jun.
2006.
PICH, S. A mítica neoliberal, o sistema esportivo, a mídia e o herói
esportivo: a construção de uma estória de retalhos de verdade
mascarada de verdade revelada. Perspectiva, Florianópolis, v.21,
n.1, p. 199-227, jan./jun. 2003.
STAREPRAVO, F.A; MEZZADRI, F.M. Esporte, relações sociais e
violências. Motriz, Rio Claro, v.9, n.1, p. 49-52, jan./abr. 2003.
O ESPORTE NO PERÍODO ENTRE GUERRAS.

O período entre guerras trouxe muitas mudanças para a


sociedade, e, consequentemente para o esporte. A Revolução
Russa, a escalada crescente dos conflitos internacionais, a
ascensão dos movimentos fascistas, a crise da Bolsa de Nova York,
um conjunto de acontecimentos que davam o prenúncio de grandes
acontecimentos e que impactaram bastante os esportes, e, neste
caso, a adesão às Olimpíadas.
Em virtude do aumento exponencial da popularidade dos
esportes, em um contexto de efervescência política, os esportes
têm o seu caráter de utilização política bastante intensificado. Se
lembramos do higienismo (as políticas eugênicas nazifascistas,
inclusive reproduzidas aqui no Brasil), os esportes se tornam uma
forma de exaltar os padrões estéticos e disciplinares desejados
para a nação. Além disso, o esporte, por meio da popularização das
seleções nacionais, também é utilizado como forma de amenizar os
confrontos entre as classes sociais.
Cabe ressaltar a histórica proibição da participação de negros
nos campeonatos de futebol na década de 1920 no Rio de Janeiro,
com a luta pela inclusão promovida pelo clube operário de Bangu, a
Ponte Preta em São Paulo, e o Vasco em uma história mais
controversa que deram visibilidade à luta negra no país pelo direito
ao esporte. Importante refletir que o racismo no esporte sempre
ocorria travestido de uma “luta pelos valores clássicos”, pelo
amadorismo, pelo esporte desinteressado, tendo em vista que o
profissionalismo era a única forma de ter atletas trabalhadores, e de
todos os segmentos populacionais subalternizados e oprimidos.
A partir de 1920 até 1936, novamente paralisados por conta
de uma Guerra Mundial, ocorreu a “Fase de Afirmação” dos Jogos,
que foram marcados pelos rearranjos políticos a partir da Primeira
Guerra, que se refletiram também na organização dos Jogos (por
exemplo, a Alemanha banida dos jogos de 1920). “Basicamente,
com o propósito diplomático que, de acordo com Proni (1998), os
transformaram no dissipador da ideologia de coexistência pacífica
entre as grandes potências a um maior número de pessoas
possíveis e no demarcador da presença de uma nação no cenário
internacional” (MINUZZI, MARIN, FRIZZO, 2013, p. 30).
Em um período marcado pela Revolução Russa e por uma
série de levantes populares, os Jogos Olímpicos assumem o caráter
de defender uma ideologia da tolerância entre os sujeitos, e,
sobretudo, entre as classes, contudo, contrastando, com o papel de
representação da ordem competitiva capitalista, na qual o mesmo
assume o aspecto de propaganda do desenvolvimento dos países
em relação com o grau de desenvolvimento esportivo (inicia a
associação entre desempenho esportivo e desenvolvimento social e
econômico).
Com a sua massificação para o conjunto da população,
tornando-se a principal ferramenta/ocupação no espaço de lazer,
junto com o desenvolvimento das tecnologias da comunicação, o
esporte se torna um elemento fundamental de disseminação dos
valores de sua época. Não obstante, nesse período, ocorre o início
da participação de empresas privadas interessadas em investir na
prática esportiva e em associar suas marcas ao esporte como forma
de propaganda, o crescimento do investimento público em
infraestrutura esportiva e as novas possibilidades de transmissão e
cobertura midiática dos eventos esportivos. (MINUZZI, MARIN,
FRIZZO, 2013).
A popularidade passou a se concentrar nos jogos com bola,
apesar de haver uma grande resistência com o profissionalismo,
sobretudo o futebol, que era o esporte mais acessível para a
população mais pobre. O futebol se torna a atividade mais popular e
a seleção uruguaia em Charmonix (1924) e Amsterdã (1928) é
bicampeã. “O sucesso incomparável do futebol nesses jogos, e seu
conflito implícito com a ideologia amadora da olimpíada, levou à
criação de uma Copa do Mundo do futebol, que rapidamente se
tornou o segundo maior evento esportivo do planeta. O primeiro
torneio aconteceu em Montevidéu, em 1930, em homenagem ao
centenário da independência do Uruguai” (GUMBRECHT, 2007, pp.
100-01).
As olimpíadas organizadas na Alemanha hitlerista extremou a
ideologia do amadorismo e retomada dos valores helênicos com
muita ostentação e distorções, como o Estádio de Berlim, cuja
arquitetura buscava emular o Coliseu, o Estádio de Olímpia. “Uma
sequência de profusas reiterações de equações ideológicas sugeria
que o esporte moderno era o esporte da Grécia antiga, que a
cultura alemã era herdeira da cultura da Grécia antiga, e que
portanto o esporte era ao mesmo tempo grego e alemão em sua
essência” (GUMBRECHT, 2007, p. 101). Carl Diem foi o mentor do
processo, inclusive crê-se que foi o inventor do ritual da tocha
olímpica.
Os Jogos de Berlim também produziram a vinculação
inexorável entre os grandes eventos esportivos e os meios de
comunicação, que é determinante da condição de espectadores dos
não-atletas e celebridades midiáticas dos atletas. Houve rádio
televisão, junto com a ascensão dos atletas afro-americanos. O
episódio mais marcante das olimpíadas hitleristas, sem qualquer
dúvida, foi quando Jesse Owens, um atleta negro, ganhou dois
ouros em uma competição organizada por Hitler com o intuito de
demonstrar a supremacia ariana, talvez um dos maiores momentos
da história do esporte.
Importante lembrar que os EUA também eram um país
extremamente racista, inclusive com um regime de apartheid social,
e que a presença de negros e negras em seus times esportivos não
significavam inclusão social, mas sim pequenas concessões para a
sua propaganda de potência desportiva.
O ESPORTE DURANTE A GUERRA FRIA.

A partir da Segunda Guerra Mundial, com a polarização do


mundo, os Jogos entram na fase de Conflito, o que conta com a
intensificação de seu caráter de espetáculo. “Nesse panorama, os
Jogos Olímpicos emergem incorporando a simbologia da guerra, as
motivações econômicas, as intenções políticas, as alianças, o
reflexo dos posicionamentos dos países e as estratégicas bélicas,
ao longo da equiparação entre atletas, países e sistemas
ideológicos. Isto é, eram um espaço para demonstrar superioridade
política, econômica e tecnológica tanto do bloco quanto dos seus
aliados mundialmente” (MINUZZI, MARIN, FRIZZO, 2013, p. 30).
Esse período é marcado pelo crescimento exponencial do número
de atletas e de modalidades (4099 em 1948 para 7078 em 1984) e
de 59 para 141.
Além disso, há um grande incremento do aparato tecnológico
no uso do esporte, que se profissionaliza e torna-se cada vez mais
um elemento ideológico fundamental, intensificando o seu caráter
de espetáculo, pautado pelo conflito capitalismo versus socialismo.
Nesse período, o esporte se consolida enquanto um fenômeno
social da maior relevância, e há o surgimento das gigantes
corporações relacionadas aos esportes como as marcas esportivas,
Adidas (1948), Nike (1964), Puma (1948), além da ampliação dos
patrocínios privados aos atletas, equipes e seleções nacionais dos
esportes.
O esporte, de fato, torna-se profissional em virtude das
próprias necessidades de propaganda política de um mundo
polarizado, no qual os resultados esportivos assumem um
significado fundamental nas disputas políticas e econômicas ao
redor do mundo. O desenvolvimento científico-tecnológico ligado ao
esporte cresce sem precedentes. Pode-se afirmar que o esporte se
configura enquanto uma mercadoria de nova ordem a ser
consumida pelos sujeitos.
Todavia, essa relação de esporte enquanto mercadoria e do
sujeito enquanto consumidor, uma relação que é mediada pelos
meios de comunicação como a televisão e o rádio, fazem com que
haja uma grande diferença na experiência dos sujeitos em relação
ao esporte. Se antes, o esporte era praticado como forma de lazer,
de maneira lúdica, o sujeito passa a experienciar o esporte
enquanto um espectador, de forma passiva, assistindo-o, seja no
estádio, seja por meio da televisão. Isso faz com que, em se
tratando de esporte, não se consiga compreendê-lo de outra forma
que não da maneira do esporte de rendimento, sempre associado
ao caráter de exacerbação da competitividade entre os sujeitos,
ainda que se apregoe uma ideologia pacifista de convivência das
diferenças entre as mais distintas nações.
No Brasil, sobretudo no período da Ditadura Militar, houve um
investimento material e simbólico muito grande na Confederação
Brasileira de Desportos (CBD), que controlada por militares, passa
a ter que dar resultados a fim de propagandear o país como um
sucesso social e esportivo. Em toda a América Latina, após os
golpes militares, há uma forte presença e controle militar dos
espaços relacionados ao esporte, em especial o futebol, que se
tornam instrumentos de propaganda política.
REFERÊNCIAS:

GUMBRECHT, Hans Ulrich. Elogio da beleza atlética. São Paulo:


Companhia das Letras, 2007.
MANSKE, G.S.; FERRARI, A.; ORSI, F.; LASZUK, J.; POSTAI, L.
Esporte e sociedade. Motrivivência, ano 18, n.26, p. 141-152, jun.
2006.
PICH, S. A mítica neoliberal, o sistema esportivo, a mídia e o herói
esportivo: a construção de uma estória de retalhos de verdade
mascarada de verdade revelada. Perspectiva, Florianópolis, v.21,
n.1, p. 199-227, jan./jun. 2003.
STAREPRAVO, F.A; MEZZADRI, F.M. Esporte, relações sociais e
violências. Motriz, Rio Claro, v.9, n.1, p. 49-52, jan./abr. 2003.
O ESPORTE-ESPETÁCULO: A RELAÇÃO ESPORTE-TELEVISÃO.

A configuração do esporte no período final da Guerra Fria é a


sua completa adesão e reconfiguração à lógica do mercado, isto é,
o esporte torna-se espetacularização. “A indústria esportiva vem
apresentando grandes índices de desenvolvimento nos últimos
anos, e seus princípios tornaram-se hegemônicos em relação às
outras práticas corporais, seja no sistema formal ou informal de
educação” (TEIXEIRA, DIAS, 2011, p. 102) definitivamente uma
mercadoria a ser consumida a partir de sua.
Com isso, os esportes passam por um paulatino processo de
mercadorização, inserindo de vez a profissionalização não apenas
de atletas, mas de equipes técnicas, profissionais de direção,
introduzem-se mecanismos empresariais de marketing, e os clubes
quando não empresas, buscam agir conforme fossem. Há o
investimento cada vez maior em ciência, preparação de atletas,
cursos de especialização, etc. Por exemplo, os torcedores passam
a ser tratados como clientes, como consumidores de um produto, a
paixão passa a ser comercializada, vemos surgir nomes como
“fidelização”. É a “clientelização” da torcida, o sócio-torcedor é
talvez a principal faceta deste processo.
Para este processo, a relação dos esportes com os grandes
meios de comunicação foi determinante: o televisionamento das
partidas foi um passo preponderante nesta caminhada, que gerou
modificações em toda estética do jogo para se tornar um produto
mais vendável. Deixa de ser o jogo que determina a forma de
transmissão, mas a transmissão e a rentabilidade que passam a
incidir sobre o jogo.
O exemplo mais evidente disso é a mudança das regras no
voleibol (antigamente, antes de fazer um ponto a equipe deveria
fazer uma vantagem, o que seria um ponto, e confirmar essa
vantagem, fazer um segundo ponto consecutivo, isto é, fazer dois
pontos consecutivos para valer apenas um). Com isso, as partidas
demoravam MUITO, 3, 4, 5 horas, havendo uma grande
imprevisibilidade que obstruía uma programação televisiva. Diante
disso, foi uma demanda das emissoras de televisão que o sistema
de vantagens caísse para diminuir o tempo de jogo e consolidar a
previsibilidade do término do jogo para ajustar às suas grades de
programação.
Outro exemplo muito bom neste aspecto é a introdução de
“árbitros de vídeo”, que surgem com o pretexto de dar mais justiça
ao jogo, mas que se configuram, na verdade, a partir de demandas
vindas tanto das emissoras televisão (que também passam a
vender seus equipamentos para federações e confederações),
quanto de casas de apostas (que, como já vimos, são muito
influentes no ramo esportivo). A introdução de recursos de imagem
televisiva na arbitragem é muito atraente para as casas de apostas
porque ajuda a garantir a previsibilidade do jogo, isto é, evitar que
aconteçam as chamadas “zebras” (quando um time muito menos
cotado consegue vencer um time mais cotado”.
O televisionamento dos jogos introduziu um conjunto de
mecanismos de publicidade que buscavam inserir-se durante as
partidas, ou na própria transmissão, como as placas de publicidade
nos campos que aumentam de valor. Além disso, os clubes também
passam a lutar pelos direitos de imagem e transmissão, junto com
os atletas, que veem uma enorme oportunidade de aumentar seus
rendimentos.
A partir do sucesso econômico das Olimpíadas na década de
1980, cresce a concepção de que o atleta mesmo nas modalidades
menos populares devessem participar da divisão de receitas. “A
transmissão televisiva, financiada pela indústria da publicidade (que
encara cada um daqueles espectadores como um consumidor em
potencial), criou dessa maneira um relacionamento bilateral entre os
muitos milhões que praticam esportes em prol da própria saúde ou
do lazer e os poucos milhares que praticam esporte num nível
altamente competitivo” (GUMBRECHT, 2007, p. 104).
Ademais, este processo traz consigo que a identificação com
a nacionalidade perde gradativamente relevância em prol dos
grandes ícones mundiais, um capital de qualidade mais individual e
econômico. Assim, os atletas se veem cada vez mais associados a
marcas e seus produtos que suas nacionalidades. Destarte, os fãs
em sua relação com o esporte superam a condição de meros
adeptos para consumidores preferenciais.
Os atletas tornam-se verdadeiras empresas, marcas mundiais,
seja em parceria com outras grandes marcas existentes, seja como
marcas próprias, vide o caso do “Air Jordan”, conjunto de materiais
esportivos de Michael Jordan (apontado como o maior jogador da
história do Basquete). Podemos apontar os atletas com marcas
personalizadas, como Ronaldo que tinha a marca R9, Ronaldinho
Gaúcho, que chegou a lançar uma criptomoeda, paramos por aqui
apenas nos atletas brasileiros.
Qual a consequência disso? O atleta quando entra em campo
gradativamente deixa de atuar em prol de uma equipe para ser o
representante de sua própria empresa em campo, fomentando a
busca por questões e marcas de cunho mais individual, em que os
objetivos coletivos ficam em segundo plano.
Essa inserção midiática eleva a capacidade de promoção
ideológica do esporte. Nesse sentido, os meios de comunicação
apresentam uma faceta do esporte fundamental enquanto
justificativa ideológica da ordem em vigor que é a competição, o
esporte é subsumido ao processo competitivo, em que só importa a
vitória e os vencedores.
“Os atletas são mostrados como aqueles que superam todas
as agruras de treinamentos intermináveis, uma espécie de super-
homens ou mulheres, gente que vence os mais incríveis desafios
apenas com a força bruta da sua vontade. O alto rendimento é
elevado à última potência. Esses aparecem como os que devem ser
imitados, os exemplos a serem seguidos. Por isso são frequentes
as reportagens mostrando as histórias de superação dos mais
diferentes atletas” (TAVARES, 2009, p. 163). Os atletas passam a
servir como grandes propagandistas do status quo, aqueles que
vencem apesar de todas as dificuldades, aqueles que são
disciplinados, seguem as regras, etc.
Nesse processo de mudanças na própria forma de produção
social e interação dos sujeitos, mediada pelo grande
desenvolvimento de tecnologias da informação e comunicação, a
produção cultural de todas as suas formas, artística, esportiva,
musical, visual, reduziu-se a uma mera produção de serviços, as
mercadorias que devem ser consumidos pelos sujeitos. A televisão
e demais aparatos midiáticos influenciam significativamente a forma
pela qual as pessoas se apropriam do esporte, o percebem e o
enxergam, tornando-se um fenômeno a ser espetacularizado.
Nesse processo, o sujeito, além de consumir comercialmente
o esporte, seja por ingressos ou por canais de televisão, ele
também se torna alvo de consumo das indústrias que buscam
associar suas marcas ao esporte, os “patrocinadores”. Uma gama
de mercadorias das mais distintas buscam associar-se aos
sentimentos, valores promovidos pelo esporte e por seus atletas. O
esporte, então, torna-se uma mercadoria muito peculiar, que agrega
valor e vende outras mercadorias, independente do que sejam:
alimentos, passagens aéreas, bancos, inclusive produtos que nada
se relacionam com o senso comum de “esporte-saúde”.

2. O NOVO CENÁRIO DOS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS.

Essa é uma nova fase, a partir de 1984, a Fase do


Profissionalismo na organização das Olimpíadas, em que o Comitê
Olímpico Internacional assume claramente uma posição pró-
mercado no sentido de transformar o esporte definitivamente em
uma mercadoria a ser vendida para o consumo dos sujeitos durante
o seu momento de lazer. O amadorismo sai de cena, e os atletas de
destaque profissionalizam-se, muitos ainda crianças. O cerne deste
processo são os jogos de Los Angeles (1984) e Seul (1988), que
produziram receitas maiores que as despesas. É uma enorme
ruptura de paradigmas: o COI abdica de vez da perspectiva
amadora, embora não assuma explicitamente as fraudes, e abraça
a profissionalização como meio de aumentar seus rendimentos.
O marco desse processo foi os Jogos Olímpicos de 1992 (Que
é celebrado por muitos como o modelo-ideal de realização dos
Jogos Olímpicos, além de ser um modelo de “legado olímpico”), “ao
aceitar o suborno da empresa Adidas; ao modelar o Movimento
Olímpico, segundo o regime Franquista Espanhol; ao permitir que
os Jogos Olímpicos tornassem um veículo de acumulação de
capital privado, por via do leilão, simbolizado pelo TOP e pela venda
dos direitos de retransmissão de imagens; ao naturalizar a
corrupção de seus membros, sobreposta por parte das candidaturas
das cidades a sede olímpica; ao liberar a participação de atletas
profissionais; ao contemporanizar o discurso sobre o doping; ao
enaltecer sua versão do ideal olímpico com amparo da mídia; ao
oportunizar ações sociais, via Programa de Solidariedade Olímpica;
e ao perpetuar a imagem da marca olímpica, com a criação do
museu olímpico em Lausanne” (MINUZZI, MARIN, FRIZZO, 2013,
p. 31).
1992 é um grande marco no processo de espetacularização
dos Jogos Olímpicos, em que foi gestada toda a estrutura de
privatização que vivemos atualmente, voltado majoritariamente para
o consumo na forma de uma mercadoria.
O esporte, então, passa a ser menos acessível para os
sujeitos que gostariam de usufruir ativamente por meio de práticas
sistemáticas, e cada vez mais algo a ser consumido passivamente
pelos sujeitos na forma de espectadores, quando, no máximo,
torcedores; Para tanto, consolida-se um discurso de inovação e de
garantia de legado em função dos jogos, cada vez mais tornados
entretenimento, cujos impactos sociais de fato não são sentidos
pela população, ou seja, não há um legado social a ser usufruído
pelos sujeitos.
Os sujeitos, por meio do discurso do legado, apenas poderiam
usufruir do esporte de maneira indireta, por conta das obras
realizadas para a realização dos eventos esportivos, pois, as arenas
construídas com dinheiro público são privatizadas e restritas, e até
mesmo a condição de espectador-consumidor é colocada em xeque
quando a maioria da população não tem condições de adquirir
ingressos para ver os jogos-espetáculo.
Por fim, destacamos o papel cumprido pelas entidades
esportivas, que deveriam primar pela acessibilidade, pelos “valores
esportivos”, mas que apenas zelam por “valores” financeiros em
virtude das vantagens obtidas com a mercadorização do esporte. É
o caso do COI nas Olimpíadas, e da FIFA na Copa do Mundo de
Futebol. Essas entidades são as responsáveis pela organização
dos esportes ao longo do mundo, determinando suas diretrizes,
possibilidades, mudanças e continuidades. FIFA e COI são também
as responsáveis pela realização dos eventos esportivos, o que faz
com que possuam patrocinadores próprios, sendo financiadas pelos
lucros obtidos por esses eventos. Isso faz com que haja uma
profunda ligação entre essas entidades e as empresas do ramo
privado envolvidas com o esporte, e que estas muitas vezes atuem
como seus representantes nas negociações junto a governos locais
para a obtenção de vantagens financeiras. Assim, há uma estreita
ligação entre os governos (municipais, estaduais e federais-
nacionais) e essas entidades, além dos segmentos dos setores
privados interessados que culminam no processo de realização
desses eventos e exploração do esporte (SOUZA et alii, 2013).

REFERÊNCIAS:

GUMBRECHT, Hans Ulrich. Elogio da beleza atlética. São Paulo:


Companhia das Letras, 2007.
MANSKE, G.S.; FERRARI, A.; ORSI, F.; LASZUK, J.; POSTAI, L.
Esporte e sociedade. Motrivivência, ano 18, n.26, p. 141-152, jun.
2006.
PICH, S. A mítica neoliberal, o sistema esportivo, a mídia e o herói
esportivo: a construção de uma estória de retalhos de verdade
mascarada de verdade revelada. Perspectiva, Florianópolis, v.21,
n.1, p. 199-227, jan./jun. 2003.
STAREPRAVO, F.A; MEZZADRI, F.M. Esporte, relações sociais e
violências. Motriz, Rio Claro, v.9, n.1, p. 49-52, jan./abr. 2003.

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