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CENTRO UNIVERSITÁRIO CLARETIANO

CURSO: EDUCAÇÃO FÍSICA – BACHARELADO

NOME: BRUNA ALMEIDA RIBEIRO


RA: 8109567

DISCIPLINA: Ginástica de Academia

TURMA: DGEFB2001VITA4S

TUTOR: Jander Goncalves Rolo

PORTFÓLIO

VITÓRIA
2021
O nome “Ginástica” surgiu há muitos séculos com a civilização grega. Mas, para
entendermos o contexto no qual a Ginástica era praticada pelos gregos, torna-se
importante compreendermos um pouco da organização social grega e, em especial, a de
Atenas, uma de suas cidades-Estado. A Ginástica praticada em Atenas não é a que
conhecemos hoje. Ela englobava atividades, como o atletismo (corridas pedestres,
lançamentos e saltos), lutas, exercícios equestres, jogos com bola, entre outras. Com a
democratização das práticas sociais na classe de homens livres, a Ginástica popularizou-
se. Vale lembrar que todo homem livre deveria estar pronto para o combate na guerra e
essa preparação fazia-se também por meio da Ginástica.

Com a decadência da sociedade grega e a ascensão de novas organizações sociais,


vemos a Ginástica perder seu caráter formativo e transformar-se em diferentes práticas
corporais. Na sociedade ocidental, podemos mencionar que o desporto, termo usado por
Rouyer (1965), iniciou-se a partir da Ginástica grega, transformando-se nas atividades
de luta de arena no Império Romano com os gladiadores; no Feudalismo, transmutou-se
para os treinamentos de combate na guerra e alguns jogos tradicionais, os quais a Igreja
permitia que os camponeses praticassem. Com o Renascimento e as transformações de
cunho político, social e econômico, a Ginástica ganhou nova roupagem, atendendo aos
interesses da classe social em ascensão: a burguesia.

A implantação do capitalismo na Europa alterou o modo de vida da população, pois era


necessária a preparação de “novos homens e mulheres” para servirem aos interesses do
capital. A burguesia, para manter-se no poder, lançou mão de mecanismos de controle
social no qual os aspectos morais, intelectuais, culturais e físicos da classe trabalhadora
eram monitorados e voltados para a produção e perpetuação do sistema capitalista.
Dentre as formas de controle social, encontramos a Ginástica que, com sua adoção nos
meios escolares, tornou-se Educação Física. Esse tipo de educação tem seu cerne nas
escolas de Ginástica europeias. De acordo com Soares (2007, p. 51):

A partir do ano de 1800 vão surgindo na Europa, em diferentes regiões,


formas distintas de encarar os exercícios físicos. Essas „formas‟ receberão o
nome de „métodos ginásticos‟ (ou escolas)e correspondem aos quatro países
que deram origem às primeiras sistematizações sobre a ginástica nas
sociedades burguesas: a Alemanha, a Suécia, a França e a Inglaterra (que teve
um caráter muito particular, desenvolvendo de modo mais acentuado o
esporte). Essas mesmas sistematizações serão transplantadas para outros
países fora do continente europeu.
Com um caráter disciplinador, os métodos ginásticos, apesar de suas características
peculiares, de acordo com seu país de origem, irão ter finalidades semelhantes como:

[...] regenerar a raça (não nos esqueçamos do grande número de mortes e de


doenças); promover a saúde (sem alterar as condições de vida); desenvolver a
vontade, a coragem, a força, a energia de viver (para servir à pátria nas
guerras e na indústria) e, finalmente, desenvolver a moral (que nada mais é
do que uma intervenção nas tradições e nos costumes dos povos) (SOARES,
2007, p. 52).

Apesar de suas particularidades, os métodos ginásticos possuem algumas semelhantes:


regenerar a raça, promover a saúde, desenvolver a vontade, a coragem, a força, a
energia de viver – tudo isso para servir a pátria nas guerras e na indústria. Na Alemanha,
um método de exercitação corporal é desenvolvido em resposta à necessidade de
preparação das tropas para a defesa da pátria, uma vez que esse país, no início do século
XIX, não havia ainda realizado a sua unidade territorial.

Era preciso, portanto, criar um forte espírito nacionalista para atingir a unidade, a qual
seria conseguida com homens e mulheres fortes, robustos e saudáveis. Seu criador foi
Johann Cristoph Guts Muths (1759-1839). Ao inventar o seu sistema ginástico, a
Alemanha buscava constituir a sua cultura, sistematizando práticas corporais dispersas e
dando a elas um caráter nacional, que pudesse fortalecer a unidade, capaz de revelar as
suas diferenças em relação a outros povos.

A ginástica buscava sistematizar práticas corporais em exercícios físicos objetivando


ganhos e acúmulos de força, velocidade, flexibilidade, capacidade cardiorrespiratória,
resistência à fadiga etc., valências físicas mensuráveis e comparáveis por meio de
avaliações de rendimento. Dessa forma, os exercícios poderiam ser divididos em
fundamentos que exigiam força: corridas, saltos, lutas. Agilidade: lançamentos,
escaladas, natação, equilíbrio. Porém, mais importante do que essas capacidades era o
que seria possível desenvolver por meio delas, a capacidade de resposta aos
escolarização58comandos, o conjunto de respostas que os recrutas, aprendizes ou alunos
deveriam, de forma coletiva, dar às ordens do instrutor, do mestre ou de um professor.

Um dos fundadores da ginástica francesa foi Francisco Amorós (1770-1840), coronel


espanhol convidado por José Bonaparte para ensinar em Paris a ginástica aos oficiais
franceses. Foram dadas a ele condições para criar na França uma escola normal de
ginástica militar, mas com acesso aos civis. Foi nessa instituição que Amorós
desenvolveu o método chamado de Ginástica Francesa. Para o desenvolvimento
pedagógico de seu método, Amorós inspirou-se em alguns dos princípios de Pestalozzi,
para o qual importava mais a formação do caráter do que a aquisição de conhecimentos,
condenando um ensino verbalista e enfatizando uma educação integral que formasse o
coração, a cabeça e as mãos.

Do ponto de vista técnico, Amorós, conforme Grifi (1989) utilizou, como referência, os
sistemas então conhecidos, o alemão e o sueco, deles extraindo os exercícios militares e
seus procedimentos higiênicos e discursos patrióticos para então criar o seu Manual de
Educação Física, ginástica e moral, com caráter essencialmente militar e médico,
atenuado pelos princípios de Pestalozzi.

A ginástica pensada por Amorós insere-se no conjunto das normas de conduta moral e
de pedagogias que se elaboram para formar ou reformar o corpo, regulando
corretamente suas manifestações e educando a vontade. Em seu desenvolvimento, o
Método Francês, sob a orientação de Demeny, buscará ampliar e entender o
funcionamento da ginástica, objetivando tornar mais científica a sua prática e mais
controlável os resultados advindos da exercitação física.

A Educação Física continuava a se desenvolver como disciplina escolar e a assentar


seus conhecimentos nas prescrições do Método Sueco de ginástica, pois ele foi
entendido como o sistema que poderia cumprir o papel de regenerar física e moralmente
o homem, construindo a perfeição e a harmonia, higienizando e preparando a infância
para uma vida de ordem e progresso.

O Método Francês torna-se oficial em um momento em que o Brasil entrava em um


novo período de sua história, após a Revolução de 1930, quando Getúlio Vargas,
assumindo o poder com um movimento armado, põe fim à República Velha, governada
pelas oligarquias rurais, também chamadas de “política do café com leite”,
historicamente ligada a uma economia agrário-exportadora, em crise pela Grande
Depressão de 1929, que se estendeu pela década de 1930.

Como sistema de ensino oficial da Educação Física, o Método Francês, em certo


momento, foi responsável por escolarizar a Educação Física, fazendo dela uma
disciplina com um programa definido, metodologia sistematizada, uma didática de
ensino, formas de avaliar o aprendizado e um discurso pedagógico pronto para
responder sobre o seu sentido no contexto escolar.
Referências

GRIFI, Giampiero. História da educação física e do esporte. Porto Alegre: Editora D. C.


Luzzatto, 1989.
Schneider, Omar. Educação física, educação e escolarização / Omar Schneider, Andrea
Brandão Locatelli. - Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo, Núcleo de
Educação Aberta e à Distância, 2013.
SOARES, Carmen Lúcia. Imagens da educação no corpo: estudo a partir da ginástica
francesa no século XIX. Campinas: Autores Associados. 2002.
DODÔ, Aline M; REIS, Lorena N. Século XIX e o Movimento Ginástico Europeu: o
processo de sistematização da ginástica. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos
Aires, Ano 18, Nº 190, Marzo de 2014. Disponível em:
www.efdeportes.com/efd190/seculo-xix-e-o-movimento-ginasticoeuropeu.htm. Acesso
em 31 jan. 2021.
OLIVEIRA, M. S.; NUNOMURA, M. A produção histórica em ginástica e a
constituição desse campo de conhecimento na atualidade. Conexões Educação Física,
Esporte e Saúde, v. 10, p. 80-97, 2012. Disponível em:
<https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/conexoes/article/view/8637663>.
Acesso em 31 jan. 2021.

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