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3.2.

João Amós Comênio (1592-1670)

Pastor, bispo dos morávios, autor da obra Porta aberta das línguas e mais influente no ensino de
línguas, foi o mais importante pensador educacional no seculo XVII, cujo método adotado por
ele foi o de partir de palavras mais simples e familiares da língua latina, para organiza-las em
sentenças, começando das mais simples e chegando progressivamente às mais complexas.

As suas principais ideias educacionais encontram-se na sua obra Didáctica magna publicada em
latim em 1657 e é nessa obra que extrairemos quatro aspectos fundamentais do pensamento
educacional em Comênio:

3.2.1. A finalidade da educação – o objectivo da educação em Comênio tem a ver com o fim
último do homem, que é a sua felicidade eterna com Deus e em consonância com a natureza
(desejos naturais, instintos e emoções). Entretanto, tal felicidade seria possível mediante o
conhecimento, a virtude e a piedade, uma vez que o conhecimento leva a virtude e piedade.

3.2.2. Conteúdo da educação – seria a pansofia (o conhecimento de tudo), pois segundo ele, era
possível ensinar tudo a todos, o conhecimento de todas as ciências e as artes, isto é, “ensinar a
todos a conhecer os fundamentos, as razões e os objectivos de todas as coisas principais, pois no
mundo, o homem é colocado não como espectador, mas como actor ” (PILETTI, 1991:110), mas
sobretudo, os fenómenos físicos.

3.2.3. Método – por causa da influência que ele sofreu de Bacon, sugeriu o método indutivo na
educação, pois este método está de acordo com a natureza. Neste caso, o ensino devia ser directo,
prático e sistemático começando do mais simples.

3.2.4. Os nove princípios metódicos em Comênio

1.º. O objecto ou a ideia a ser ensinado, deve ser apresentado de forma directa e não em
forma de símbolo;
2.º. O conteúdo a ser ensinado deve ser feito em função da sua aplicação prática quotidiana e
específica;
3.º. O conteúdo a ser ensinado deve ser de forma aberta e não de modo obscuro e
complicado;
4.º. Aquilo que deve ser ensinado, deve ser feito através das suas causas, ou seja, sua
verdadeira natureza e origem;
5.º. Para facilitar a compreensão de qualquer coisa, deve-se começar por explicar os seus
princípios gerais e, mais tarde, os seus detalhes;
6.º. Todas as partes de um ou matéria devem ser apreendidas na sua respectiva ordem,
posição e relação com as demais;
7.º. As coisas devem ser ensinadas na sua devida ordem e não mais de uma coisa de uma só
vez;
8.º. Não se deve deixar nenhum assunto antes de vê-lo completamente compreendido;
9.º. Deve-se realçar as diferenças que existem entre as coisas, a fim de que qualquer
conhecimento delas possa ser claro e distinto.

3.2.5. A organização das escolas – escola da infância ou maternal; a escola vernácula (para
aqueles que não pudessem prosseguir para o ensino superior); escola latina (o verdadeiro ginásio,
seguida pela Universidade); Universidade e o Colégio da Luz (continuação da universidade,
dedicada ao estudo científico de todo e qualquer assunto) (Ibidem:111).

3.3. Educação em Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827)

Pestalozzi procurou pôr em prática as ideias de Rousseau tanto educando seu filho quanto
escrevendo e actuando como mestre-escola.

Ele entendia a educação como principal meio de reforma social desde que respeitasse a natureza
e desenvolvimento do aluno. Defendendo a doutrina dos naturalistas, em especial a do Rousseau,
acreditava que o ser humano nascia bom e que o caracter do homem era formado por ambiente
que o rodeia, isto é, “a sociedade é que molda o homem”.

Pestalozzi sustentava que era necessário tornar esse ambiente o mais próximo possível das
condições naturais para que o carácter do individuo se desenvolvesse ou se formasse
positivamente. Para ele, a transformação da sociedade iria se processar através da educação que
tinha por finalidade o desenvolvimento natural, progressivo e harmonioso de todas as faculdades
e aptidões do ser humano.

Na teoria educacional de Pestalozzi podemos encontrar a semente da pedagogia moderna. Foi ele
o primeiro a formular de forma clara e explicita o princípio de que “a educação deveria respeitar
o desenvolvimento da criança”. Para ele, a educação consiste no desenvolvimento moral, mental
e físico da natureza da criança.

No que diz respeito ao método, Pestalozzi apresenta onze (11) princípios tais como:

1. A instrução de ser baseada na observação ou percepção sensorial;


2. Relação directa entre a linguagem e o objecto de observação ou conteúdo em estudo;
3. A rejeição de julgamentos e crítica no acto de aprendizagem;
4. No acto de aprendizagem, deve-se partir do mais simples para o mais complexo segundo
o estágio de desenvolvimento psicológico do educando;
5. Não abandonar determinado conteúdo antes de havê-lo compreendido;
6. O ensino deve interessar-se mais pelo desenvolvimento do educando do que mera
exposição;
7. O educador deve respeitar as particularidades de cada um dos seus educandos;
8. O ensino elementar deve ter por fim o desenvolvimento e aumento da inteligência e não
ministrar conhecimentos e talentos;
9. O saber deve corresponder ao poder e a aprendizagem à conquista de técnicas;
10. Relação de professor e aluno deve ser regida pelo amor;
11. A instrução deve estar ligada ao fim mais elevado da educação.

Bibliografia

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