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DA GEOGRAFIA Á CULTURA
A pequeneza territorial e demográfica da Europa leva a que a geografia contemporânea a caracterize como
uma Macro-Unidade Geografica (MUG) do continente Euroásia. Isto leva a que se afaste a sua caracterização
como verdadeiro continente.
É, por isso, que a noção de Europa não seja referente á sua dimensão geográfica mas sim á sua dimensão cultural,
alicerçada com a partilha de tradições comuns filosóficas, axiológicas, jurídicas, etc. Esta experiência, fundada no
contributo filosófico da antiguidade clássica é o produto de uma riquíssima historia partilhada de migrações e
conflitos, uniões e processos de integração que interessa conhecer melhor como introdução ao atual processo de
integração europeia.
COOPERAÇÃO INTERGOVERNAMENTAL
A Cooperação Intergovernamental, caracteriza-se pela cooperação entre os Estados Europeus nos fóruns
criados pelas tradicionais Organizações de Direito Internacional. Estas organizações caracterizam-se pela
salvaguarda da soberania Estadual, alicerçada dominantemente no método de deliberação inter-
governamental, pelo qual cada um dos Estados participa de igual forma na formação da vontade da
Organização.
COOPERAÇÃO ECONÓMICA
Acentua aqui, no plano económico, a cooperação no âmbito da Organização Europeia de Cooperação Económica
(OECE), orientada, originalmente, em especial à execução do Plano Marshall, no sentido de prestar auxilio
económico ás nações Europeias. O seu objetivo mais amplo encontrava-se enunciado na doutrina Trumann, que
dirigia a politica externa norte-americana à época, propondo-se auxiliar os Estados mais débeis do sistema
capitalista, de forma a confrontar a ambição expansionista do bloco soviético. Ainda assim, os Estados que
integravam este bloco politico, económico e militar, de Leste, foram convidados a participar neste plano, o que,
naturalmente, recusaram.
Os Estados Europeus debateram sobre a proposta norte-americana e, tendo chegado a acordo, constituíram a
OECE. Cumpridos os objetivos propostos pelo plano Marshall, e pela OECE, os Estados membros desta,
juntamente com os Estados Unidos e o Canada constituíram a OCDE com o propósito agora destinado a “realizar
a mais ampla expansão possível da economia e do emprego e a melhoria do nível de vida dos países membros”.
COOPERAÇÃO POLITICA
No plano politico, a principal referência de cooperação innter-governamental na Europa é a ação do Conselho da
Europa. O Conselho da Europa é atualmente constituído por 46 paises. Os objetivos propostos são ainda os de
realização de “uma união mais estreita entre os seus membros a fim de salvaguardar e promover os ideais e
princípios que são o seu património comum e de favorecer o respetivo progresso económico e social” (Esta
organização funciona segundo o método inter-governamental de cooperação)
O seu mais relevante marco foi a aprovação da Convenção Europeia para a proteção dos direitos do Homem e das
Liberdades Fundamentais. Esta Convenção é um dos mais importantes instrumentos na defesa dos direitos
fundamentais na Europa. A possibilidade que se abre aos cidadãos de diferentes Estados Europeus de recorrerem
para uma instância judicial supra-nacional, com jurisdição obrigatória, é um dos mais marcantes traços da
integração jurídica europeia.
COOPERAÇÃO MILITAR
Em termos militares, a resposta das democracias da Europa Ocidental passou pela criação da União da Europa
Ocidental (UEO), pela qual se pretendia garantir a segurança externa da Europa Ocidental face á ameaça militar
sempre presente do bloco soviético. No entanto, foi a constituição, em 1949, pelo Tratado de Washington, que
marcou e marca verdadeiramente a defesa externa da Europa Ocidental, pela associação de maior poderio
militar Norte-Americano.
INTEGRAÇÃO EUROPEIA
TEORIA DA INTEGRAÇÃO
A Teoria da Integração tem construído momentos teóricos para efeitos de uma disciplina autonoma que, na
verdade, acabam por se reconduzir a momentos históricos identificáveis na da Integração Europeia.
Como primeiro momento de integração é, tradicionalmente, referida a criação de uma zona de Comercio Livre,
pela qual os Estados-Membros acordam em abolir as taxas alfandegarias nas transações intra-comunitárias,
facilitando e promovendo o acesso dos seus produtos a um mercado mais alargado (Nesta fase de integração
cada Estado-membro mantem a sua pauta aduaneira nas transações com Estados terceiros, decidindo
livremente as modalidades deste comercio)
No aprofundamento da integração económica, os Estados poderão decidir unificar os termos deste comercio com
Estados terceiros, pela criação de uma pauta aduaneira comum. Neste caso passar-se-á a um momento mais
aprofundado de integração, chamado de União Aduaneira. No sentido de evitar as distorções no comercio intra-
comunitário (que poderiam surgir pelo facto de os Estados membro manterem relações especiais com Estados
terceiros), decide-se, pois, a uniformização entre os Estados-membros dos termos do comercio extra-comunitario.
Revelando um maior grau de integração, formula-se, seguidamente, a figura do mercado comum como um espaço
de livre circulação de mercadorias, que estende esta liberdade de circulação a pessoas, serviços e capitais. Trata-
se aqui de garantir a integração dos mercados, com inevitáveis consequências económicas e sociais, pela plena
livre circulação dentro de um espaço geográfico. Foi este o propósito do Tratado de Roma, na criação da CEE, pelo
qual se previam já estas “Quatro Liberdades”. Na integração Europeia distingue-se ainda a criação do Mercado
Único, em particular referido ao Ato Único Europeu onde se pretendeu abolir todas as barreiras (“visíveis” ou
“invisíveis”, mediatas ou imediatas) ás transações intra-comunitárias. Se o ato único pretendia cumprir a criação
de um verdadeiro Mercado Único, também se verifica que ainda hoje restam passos por cumprir.
A harmonização da legislação dos Estados membros, que passa pela coordenação das politicas económicas e
pela substituição de certas politicas económicas nacionais por politicas comuns, representa um passo adicional
na integração gradual económica, designado por União Económica. Aqui pretende-se por esta
harmonização/unificação a verdadeira integração já não, meramente, comercial, mas verdadeiramente
económica.
Esta união pode impor a unificação monetária. A cunhagem de moeda é um dos redutos mais importantes da
soberania estadual da qual os Estados poderão prescindir no sentido de maior integração económica, com a
criação de uma União Monetária, com as vantagens na facilitação do comercio e da promoção do bem-estar
económico que lhe estão associados. Estas duas realidades poderão co-existir sob a forma de União Económica e
Monetária, caracterizada pela existência, entre vários Estados, de politicas económicas concertadas, de uma
moeda única e de um Banco Central, que detém o poder de emitir a moeda.
O ultimo passo na integração, que poderá, ou não, ser alcançada, desejado ou não ab inito, será a plena
integração politica, sob a forma de uma União Politica. Esta poderá assumir uma qualquer forma jurídico-
politica: estadual (federal ou unitária) ou qualquer outra não cogitada ainda, sendo certo que impõe uma
convivência e deliberação politica única entre os participantes.
Cada um dos processos de integração poderá adotar estas formulas de integração, poderá também adota-las na
sucessão aqui construída e com o sentido aqui atribuído. Nada impede, contudo, que historicamente, estas fases
O TRATADO DE ROMA
No sentido de aprofundar a integração económica, segundo o plano funcionalista, os ministros dos Negocios
Estrangeiros dos Seis, reuniram-se na Conferência de Messina. Os acordos aqui alcançados conduziram á
assinatura dos Tratados de Roma, pelos quais, os mesmos Seis Estados, criaram a Comunidade Economica
Europeia (CEE) e a Comunidade Europeia da Energia Atómica (CEEA – EURATOM).
Pretendia-se, pois, aprofundar a integração económica, pela criação de um “Mercado Comum”, alicerçado em
“Quatro Liberdades”: livre circulação de pessoas, bens, capitais e serviços. Esta fase da integração caracteriza-se
pela criação de uma Zona de Comercio Livre, na qual todas as barreiras ao comercio intra-comunitário fossem
abolidas, acrescida da criação das condições efetivas á livre circulação. Essencialmente, a criação deste “Mercado
Comum” traduziu-se na criação das condições que assegurassem a livre circulação de mercadorias, uma vez que a
plena realização das restantes liberdades teve de aguardar um longo processo.
APROFUNDAMENTO DA INTEGRAÇÃO
INTEGRAÇÃO ECONÓMICA
Uma primeira fase deste processo de integração decorreu ate 1948 com o cumprimento do objetivo de criação
de uma União Aduaneira. Aqui se previa a eliminação de todos os direitos aduaneiros e de todas as restrições
entre os Estados-membros; a criação de uma pauta aduaneira comum (PAC), bem como uma politica comercial
comum. Novo impulso importante encontra-se no Ato Único Europeu que previu a realização do propósito de
criação do “Mercado Único” e, seguidamente, de uma “União Económica e Monetária”
Elemento essencial na promoção da integração Europeia, deu-se com o desenvolvimento das Politicas da
Comunidade , em part6icular, a adoção de uma Politica Agrícola Comum (PAC), pela qual se garantiu a liberdade
de circulação dos produtos agrícolas dentro da CEE. O Tratado de Roma, relativamente ás Politicas da
Comunidade, também estabeleceu a proibição de monopólios, algumas politicas comuns na área dos
transportes e a concessão de alguns privilégios comerciais aos territórios coloniais dos estados membros.
ALARGAMENTOS SUBSQUENTES
Durante os primeiros anos de integração Europeia, a ausência do Reino Unido não deixava de ser significativa.
Esta era uma opção fundada na recusa do projeto federal da integração Europeia, mesmo que segundo a logica
funcionalista. Por isso, coube ao Reino Unido promover muitos dos esforços de Cooperação Intergovernamental,
como a criação do Conselho da Europa. Em termos económicos, esta mesma opção norteou a criação da
Associação Europeia do Comercio Livre (EFTA), á qual aderiram a Suécia, a Suiça, a Noruega, a Dinamarca, a
Austria e Portugal. Esta associação pretendia, única e exclusivamente a criação de uma zona de comercio livre,
essencialmente de produtos industriais, não reconhecendo, por isso, qualquer fronteira (comercial) comum,
muito longe, portanto, de qualquer projeto de integração politica.
No entanto, o sucesso da integração económica Europeia, com taxas de crescimento bem superiores Àquelas do
Reino Unido, levou a que o primeiro ministro Britânico solicitasse o inicio das negociações para a entrada do
Reino Unido. No entanto, só com a demissão de De Gaulle (pr francês) é que se abriram as portas ás negociações
com o Reino Unido. Com o Reino Unido aderiram também á CEE a Dinamarca e a Irlanda.
O crescimento económico que marcou os primeiros anos do processo de integração europeia, chegou ao fim
com a crise energética no inicio da decdada de 70. No entanto, sucederam-se os pedidos de adesão á CEE , em
particular dos estados saídos de ditaduras autoritárias , aderindo , então, a Grecia, Portugal e Espanha, no
alargamento para 12 Estados-membros. Não se pode dizer que á data existissem requisitos específicos para a
adesão á União Europeia, o que levou a que os limites previstos nos tratados fossem desenvolvidos pelo
Conselho Europeu de Copenhaga e, mais tarde, reformulados no Conselho Europeu de Madrid. Assim, para
aderir á UE, um Estado deve cumprir três critérios: 1) em termos políticos o Estado candidato deve manter
instituições democráticas estáveis, sujeitas ao princípio dos Estados de Direito, bem como ao respeito pelos
Direitos do Homem e, em especial, das minorias; 2) em termos económicos, o Estado candidato deve observar o
principio da economia de mercado, sujeito ás regras do mercado e á concorrência da União ; 3) em termos da
relação com o agregado da UE, o Estado deve assumir que, entre as obrigações decorrentes da adesão, se inclui
a adesão aos objetivos de união politica, económica e monetária.
Qualquer um dos alargamentos subsequentes, esteve, por isso, sujeito aos critérios de Copenhaga, como por
exemplo a adesão da Austria, FinlÂndia e Suécia.
A UNIÃO EUROPEIA
A UNIÃO EUROPEIA
É caracterizada como a zona onde as mercadorias circulam livremente.
A designação de União Europeia é, neste Tratado, usada pela primeira vez, oficialmente, no processo de
integração. Assim, se marca o cumprimento de um objetivo histórico anunciado no art.º 2 do original TUE: “O
presente Tratado constitui uma nova etapa no processo criador de uma União cada vez mais estreita entre os
povos da Europa”.
Logo no artigo 1.o do TUE se estabelecia que “A União funda-se nas Comunidades Europeias, completadas pelas
políticas e formas de cooperação instituídas pelo presente Tratado”.
O primeiro pilar referia-se, pois, ao funda- mento da União Europeia no labor integracionista das
Comunidades Europeias e na sua longa e profícua história. Esta ideia de “funda-se” não é um conceito jurídico
de fácil explanação, apontando em sentido contrário face ao preconizado por SPINELLI, no Tratado da União
Europeia. Este defendia a que a União se substituísse às Comunidades Europeias, o que apenas veio a
acontecer, muito recentemente, com o Tratado de Lisboa. Pelo contrário, em 1992, pelo Tratado de
Maastricht, em especial pela previsão dos artigos 8.o, 9.o e 10.o TUE, a União Europeia absorveu a
experiência da integração comunitária, tal como plasmada nos seus Tratados, que mantiveram a sua
autonomia, no Tratado da Comunidade Europeia.
Ainda assim, o Tratado de Maastricht trouxe diversas novidades na ação das comunidades, entretanto
primeiro pilar da União Europeia.
Uma das mais relevantes trata-se da introdução da cidadania Europeia que se estudará adiante. Outra
importante novidade está relacionada com a UEM, marcada pela decisão de criação da moeda única, com o
nome de Euro, em 1 de Novembro de 1999, segundo um plano faseado, que previa, de 1990 a 31 de Dezembro
de 1993, a plena liberalização da circulação de capitais, de 1 de Janeiro de 1994 a 1 de Janeiro de 1999, a
coordenação das políticas económicas e monetárias entre os Estados-membros no sentido de cumprir os
“critérios de convergência” de redução da inflação, das flutuações do câmbio entre as moedas europeias, de
controlo do deficit e da dívida pública e, finalmente, após 1 de Janeiro de 1999, a definitiva criação do Euro, com
a fixação irreversível da sua equivalência com as moedas participantes, e o estabelecimento de um Banco
Central Europeu (BCE). Em 1999, onze países acederam à “Zona Euro”: Espanha, Portugal, Itália, Bélgica,
Holanda, Luxemburgo, França, Alemanha, Áustria, Irlanda e Finlândia.
O segundo pilar referia-se à Política Externa e de Segurança Comum (PESC), de algum modo retomando,
passados 35 anos, o projecto de uma Comunidade Europeia de Defesa, ainda que com competências que
incluem a política externa da União. Esta matéria encontra-se alicerçada na cooperação entre os governos,
permitindo empreender acções comuns em matéria de política externa, cabendo ao Conselho Europeu,
deliberando por unanimidade, definir os princípios e orientações gerais da PESC. Numa declaração anexa ao
Tratado, os Estados membros da
DEPOIS DE MAASTRICHT
A ratificação do Tratado de Mastricht não foi fácil. A situação económica nos diferentes Estado não se
encontrava fácil, fruto dos constrangimentos orçamentais impostos no cumprimento dos “critérios de
convergência” na adesão á UEM, lançando duvidas sobre o processo de integração europeia nomeadamente
devido ás dificuldades encontradas na politica externa – casos dos Balcãs
O TRATADO DE NICE
Algumas questões pendentes no Tratado de Amesterdão “impuseram nova revisão dos Tratados, considerando
também a adesão a novos Estados-membros, no alargamento a 27 Estados.
As grandes alterações introduzidas pelo tratado de Nice referiam-se á necessidade de adequar os procedimentos
de decisão numa União alargada. Isto levou a que se desse a redefinição da maioria qualificada. Foram também
alterados os procedimentos de decisão, o papel do Presidente. No que diz respeito á orgânica judicial, foi
redefinida a compartição de competências entre o Tribunal de Justiça e o Tribunal de primeira instância.
O tratado de Nice introduziu a votação por maioria qualificada em cerca de trinta disposições.
A declaração final do Conselho Europeu de Laeken, de 14-15 de Dezembro de 2001, que veio definir a agenda do
debate e o método adotado para a reforma, convocando nova CIG para 2004.
O método escolhido para proceder à redação do texto do Tratado foi o modelo de Convenção, assim,
procurando garantir uma maior virtualidade participativa identificado como o défice democrático da integração
europeia. A intenção seria “assegurar uma preparação tão ampla e transparente quanto possível da próxima
Conferência Intergovernamental”, pelo que o “Conselho Europeu decidiu convocar uma Convenção composta
pelos principais participantes no debate sobre o futuro da União”, que teria por missão “debater os problemas
essenciais colocados pelo futuro desenvolvimento da União e analisar as diferentes soluções possíveis”.
A convocação de uma Convenção para a Reforma dos Tratados constitui uma importante inovação institucional,
apesar do precedente da Convenção que elaborou a Carta dos Direitos Fundamentais.
A Convenção teve a sua reunião inaugural a 28 de Fevereiro de 2002. Os trabalhos da Convenção organizaram-
se em três etapas. A primeira fase de auscultação foi caracterizada pela tentativa de alargar o âmbito do
debate a diversos níveis: a recolha, através da internet da participação direta dos cidadãos, conferências a
nível dos Estados-Membros e dos países candidatos que permitissem o debate à escala nacional, a presença de
observa- dores do Comité Económico e Social, do Comité das Regiões, dos parceiros sociais e de organizações
não governamentais.
O TRATADO DE LISBOA
O Tratado de Lisboa pretende alterar, sem substituir, os Tratados da União Europeia e da Comunidade
Europeia, agora renomeado por “Tratado sobre o Funcionamento da União”
O MERCADO INTERNO
É um mercado sem fronteiras de mercadorias, pessoas, serviços e capitais (artigo 26º TFUE).
O actual art. 3º , nº 3 do Tratado da União consagra que “A União estabelece um mercado interno”. Esta é a
herança do artº 2 do Tratado da Comunidade Europeia que, desde o Tratado de Roma (TCEE), acometia à
Comunidade a missão de promover a realização dos objetivos económicos e sociais aí enunciados, mediante a
“criação de um mercado comum”, parte da integração económica, ainda que funcionalizada aos objetivos
políticos originais.
Já se viu a noção de Mercado Comum e o seu papel na Teoria da Integração. No caso da União Europeia, o
Mercado Comum, também referido como Mercado Interno, encontra-se previsto, no art.º 26, nº 2 do Tratado
sobre o Funcionamento da União Europeia, como: “(...) 2. O mercado interno compreende um espaço sem
fronteiras internas no qual a livre circulação das mercadorias, das pessoas, dos serviços e dos capitais é
assegurada de acordo com as disposições dos Tratados.”. Pode-se dizer que se caracteriza pela livre circulação
dos fatores de produção, aqui referidos a pessoas (enquanto trabalhadores, mas também consumidores como
se verá a propósito da política da concorrência), capitais, estabelecimento e serviços.
A ideia que fundamenta a livre circulação dos fatores de produção, no espaço da UE, é de que a plena realização
do mercado comum europeu não se bastaria com eliminação dos entraves à livre circulação das mercadorias. A
liberalização das trocas intracomunitárias, desacompanhada de outras medi- das de fundo, não seria suficiente
para alcançar os objetivos mais ambiciosos, enunciados no artº 3 nº 3 do TUE, de uma União Europa que
“Empenha- -se no desenvolvimento sustentável da Europa, assente num crescimento económico equilibrado e
na estabilidade dos preços, numa economia social de mercado altamente competitiva que tenha como meta o
pleno emprego e o progresso social, e num elevado nível de proteção e de melhoramento da qualidade do
ambiente. A União fomenta o progresso científico e tecnológico.”. Por isso, além da livre circulação de
mercadorias, típica de uma Zona de Comércio Livre, a ideia de Mercado Comum pressupõe ainda uma
coordenação/harmonização das algumas políticas nacionais, que implica, desde logo, a adoção de políticas
comuns aos diversos Estados-membros.
A liberdade de circulação consiste na proibição dos direitos aduaneiros e medidas de efeitos equivalente e nas
restrições quantitativas e medidas de efeito equivalente (medidas de efeitos equivalente são medidas que têm
um efeito equivalente a um aduaneiro independentemente da sua natureza) .
A LIBERDADE É UMA PROIBIÇÃO PORQUE EXISTEM LIMITAÇÕES:
* não há proibições absolutas, existem sempre excessões (art 36º) Para uma restrição ser admitida:
- não pode ser discriminatória
- tem de ser proporcional
- tem de cumprir um fim de ordem pública (um dos seguintes) (art 45º TFUE)
- ordem pública
- saúde pública
- segurança pública
As limitações à livre circulação de pessoas são especialmente referidas às noções de “saúde pública”, de “ordem
pública” e de “segurança pública”, nos termos do art. 45.o, n.o 3 do TFUE.
DIREITOS ADUANEIROS
São os encargos pecuniários que incidem sobre os produtos importados, no momento do desalfandegamento ou
em momento posterior, aquando da apresentação, pelo importador, da declaração desse produto com vista a
poderem colocar esses produtos em livre prática.
Existem três circunstâncias, nas quais os encargos pecuniários não são considerados de efeito equivalentes a
direitos aduaneiros, e, nessa medi- da, não são proibidos pelo Direito da UE. São os casos de esse encargo: a)
fazer parte de um sistema geral de imposições internas que se aplica quer a produtos nacionais ou estrangeiros;
b) no caso de se traduzir na contraprestação de um serviço prestado por um operador económico num montante
proporcional ao serviço prestado; ou c) de se tratar de controlos efectuados para cumprimento das obrigações
impostas pela legislação comunitária.
A LIBERDADE DE ESTABELECIMENTO
A liberdade de circulação de pessoas não se refere apenas ao desempenho de atividades de trabalho
subordinado, previstas anteriormente. São também proibidas “as restrições à liberdade de estabelecimento dos
nacionais de um Estado-Membro no território de outro Estado-Membro”, nos termos do artº 49 do TFUE. Todo o
capítulo 2, do Título IV, que se refere às quatro liberdades, consagra expressamente a liberdade de
estabelecimento, como permitindo o exercício de uma atividade não assalariada, que apresente características
de “estabilidade e permanência”.
DISPOSIÇÕES COMUNS
A distinção, entre a liberdade de estabelecimento e de prestação de serviços, em sentido estrito, não afasta as
duas figuras, em larga medida referidas à livre prestação de serviços, em sentido amplo, não assalariados: de for-
ma permanente (liberdade de estabelecimento) ou temporária (liberdade de prestação de serviços, em sentido
estrito). O regime respetivo é, por isso, aproximado pela remissão do artº 62 TFUE
Esta proibição de criação de entraves à livre circulação, não se limita à liberdade de estabelecimento de pessoas
singulares, mas proíbe também “restrições à constituição de agências, sucursais ou filiais pelos nacionais de um
Estado-Membro estabelecidos no território de outro Estado-Membro”. Os principais beneficiários desta
liberdade serão sempre pessoas singulares. No entanto, estende-se este regime também a pessoas coletivas que
pretendam exercer uma atividade dentro do espaço do Mercado Interno. Para este efeito, nos termos do § 2 do
artº 54 entende-se por “sociedades”: “as sociedades de direito civil ou comercial, incluindo as sociedades
cooperativas, e as outras pessoas coletivas de direito público ou privado, com exceção das que não prossigam
fins lucrativos”. Na criação de um Mercado Interno proíbe-se, então, qualquer discriminação de sociedades
constituídas de acordo
DIREITO DA CONCORRÊNCIA
Uma das decorrências da necessidade de criação, na Europa, de um mercado interno é a imposição de regras
específicas relativamente á garantia da liberdade de sã concorrência dentro desse espaço sem fronteiras. Esta é
também uma das marcas que revela a raiz económica liberal/social na génese da integração europeia, assente no
direito de propriedade privada, na liberdade de iniciativa privada e no reconhecimento do respeito pelos direitos
fundamentais. O que aqui se pretende é garantir o bom funcionamento da economia integrada num Mercado
Interno. Assim melhor se garante a proteção dos cidadãos europeus, em especial na defesa da sua liberdade de
circulação, originarias na sua qualidade de consumidores.
Distinguem-se duas modalidades de intervenção dos Tratados em matéria de concorrência: 1)regras aplicáveis ás
empresas e 2) a Estados e auxílios Estatais.