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Caros estudantes:

Esta primeira atividade visava estimular em vós o conhecimento da história de integração


europeia, desde finais da 2.ª Guerra Mundial até hoje. Na verdade, o processo de integração
europeia não se iniciou nessa altura, mas antes. Pelo menos desde os inícios do século XX que
havia esforços tendentes à integração da Europa. Porém, os esforços mais notórios são
posteriores à 2.ª Grande Guerra, quando um conjunto de europeus lúcidos percebeu que a
guerra não se poderia repetir.

Refiro-me a políticos europeus de vários quadrantes ideológicos, predominantemente


democratas-cristãos e social-democratas, que estiveram na base da criação das Comunidades
Europeias iniciais (a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, em 1951, e a Comunidade
Económica Europeia e a Comunidade Europeia de Energia Atómica, em 1958).

Essa atitude de rejeição da guerra foi acompanhada por intelectuais europeus, alguns dos
quais perseguidos durante a Guerra. Lembro-me do caso de Romano Guardini, um padre
alemão de origem italiana que foi perseguido pelos nazis e que foi um dos precursores de um
ideal de construção europeia baseado na paz e contra a guerra. Esse ideal haveria de ser
retomado pelo papa João Paulo II, quando, referindo-se à necessidade de evitar a guerra no
Iraque, lançou o célebre grito “Guerra nunca mais!”.

Muitas coisas se passaram desde a celebração dos tratados europeus iniciais, que foram sendo
sucessivamente revistos e aprofundados, dando-se progressivamente maior relevo à dimensão
da integração política, como condição para fazer funcionar uma comunidade cada vez maior e
mais complexa.

Ao mesmo tempo que se garantiu a paz na maior parte da Europa (não nos podemos esquecer
do grande drama que foi Guerra dos Balcãs) e se garantiu a capacidade de movimentação de
fatores produtivos no espaço europeu, com destaque para a liberdade de circulação de
pessoas, muitos problemas surgiram e estão à vista de todos. A incapacidade da União
Europeia de lidar com o influxo massivo de migrantes não previstos nem desejados pôs a nu as
debilidades do projeto europeu. A isso acresce a saída do Reino Unido da União Europeia,
decidida em referendo. E convém não esquecer que outros referendos foram no passado
desfavoráveis à ideia de uma Europa unida ou, pelo menos, mais integrada.

Existe uma história de integração europeia, ou seja, uma narrativa que seja lembrada pelas
pessoas e as mobilize? É difícil responder à questão, mas é bom que pensem nela. Continuem
pois a vossa reflexão com base no que aprenderam no livro de apoio e noutros recursos a que
sejam capazes de aceder, nomeadamente na internet.

Aceitamos de muito bom grado estudantes entusiastas e imaginativos!

João Caetano & Fernando Costa

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