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Todavia, o intuito do trabalho com da História Oral não é atribuir juízos de valor
entre o certo e errado, o verdadeiro ou o falso. O que se propõe é evidenciar as
narrativas a partir das perspectivas dos sujeitos entrevistados, que constituem fontes de
significados e experiências internalizadas.
Ao trabalhar com as fontes orais no ensino, deve se atentar as certas
particularidades metodológicas, adotando alguns cuidados que esse tipo de pesquisa
exige, pois trata-se, de um trabalho delicado, visto que muitas das vezes as narrativas
são compostas de sentimento e afetividade, o que requer sensibilidade e respeito aos
sujeitos que serão entrevistados.
Em termos finais, a História Oral é um meio importante de constituição
documental, porem as narrativas de memorias por si só não constitui o trabalho
historiográfico, razão pela qual é realizada a transcrição literal e a elaboração do
documento escrito e todo o trabalho analítico e crítico sobre os eventos narrados para
situar essas narrativas dentro da pesquisa que foi produzida, para então categoriza-las
para a partir das informações coletadas para que haja a produção do texto final.
A partir desse movimento, A metodologia da História Oral se apresenta como
uma opção adequada para esta pesquisa, pois serão utilizada as entrevistas como técnica
de coleta de dados, com o objetivo de identificar/explicitar a produção dos saberes
históricos dos alunos e a correlação com protagonismo na produção historiográfica
(pequeno espaço) por meio das narrativas provenientes do trabalho com as fontes orais e
da execução da Oficina Interativa (OI), que será o campo empírico desta investigação.
Em suma, História não é uma ciência que estuda eventos passados, mas uma
ciência que estuda o homem e suas ações no tempo, uma vez que segundo Bloch,
“passado não é objeto de ciência”. Ao contrário, é importante “o presente para a
compreensão do passado e vice-versa”. (BLOCH, 2001. p.7).
TEMPO
Um dos conceitos-chave para trabalhar no ensino de história é o conceito de
tempo. Ressalta-se logo de início que é importante fazer com que o aluno construa esse
conceito, pois a princípio ela não chega à escola com esta compressão. Logo, a ideia de
mudanças, transformações e processos históricos são concepções mais abstratas e
dependem de mediação no ensino. Parte importante do trabalho docente é fazer com
que os alunos desenvolvam a compreensão dos tempos históricos, da sucessão, da
permanência, da duração e das mudanças. Trabalhar com tempos históricos pode ajudá-
los a construir distinções, tanto entre diferentes momentos da história quanto entre
diferentes tipos de sociedades. (SCHMIDT, 1999).
Cabe definir a compreensão do conceito de tempo como uma construção
humana, o “tempo é uma categoria mental que não é natural, nem espontânea, nem
universal” (SCHMIDT; CAINELLI, 2009, p. 98) e o tempo histórico, uma construção
cultural dos povos em diferentes tempos e espaços e pode ser medido de diferentes
formas de acordo com as necessidades de cada grupo social.
As mais variadas sociedades se basearam movimentos naturais para a contagem
do tempo, como por exemplo, as sociedades indígenas, que se baseiam nos ciclos da
natureza, esse tipo de medição é chamado de tempo da natureza. Já o tempo cronológico
é a forma mais comum de medição, definido como o tempo onde se desenrolam as
atividades humanas cotidianas. O tempo cronológico trabalham com constantes e
medidas exatas e proporcionais de tempo em que instrumentos como a ampulheta, o
relógio e o calendário, são utilizados para controlar o tempo.
O tempo empregado pelos historiadores é o chamado “tempo histórico”, em que
se utilizam do tempo cronológico para marcar os fatos históricos. Isto é, utiliza o
calendário, que possibilita especificar o lugar dos momentos históricos na sucessão do
tempo, mas procura trabalhar também com a ideia de diferentes níveis e ritmos de
durações temporais de longa, média e curta duração, que estão relacionados à percepção
das mudanças ou das permanências nas vivências humanas.
De acordo com Marc Bloch (2001), o papel do historiador é ir além da
ordenação cronológica dos acontecimentos, sendo seu dever maior pensar os
acontecimentos no tempo da duração, que é um tempo continuo, mas também o de
mudança constante.
Segundo o historiador Fernand Braudel (1984), os fatos de curta duração
correspondem a um momento preciso, como por exemplo, uma assinatura de uma lei.
Os fatos de media duração referem-se a conjunturas políticas e econômicas, como a
ditadura militar brasileira. Os fatos de longa duração se ocupam de comportamentos
coletivos enraizados, de crenças ideológicas e religiosas, como por exemplo a presença
do cristianismo no mundo ocidental. Dessa forma, o historiador se utiliza das formas de
se organizar a sociedade para dizer que um determinado tempo se diferencia do outro
(BRAUDEL,1990).
As principais dimensões do tempo são: duração, sucessão e simultaneidade.
Isso pode ser trabalhado em aula apresentando-se as diferentes maneiras de
vivenciar e apreender o tempo e de registrar a duração, a sucessão e a
simultaneidade dos eventos – tais conteúdos tornam-se, portanto, objeto de
estudos históricos. O tempo que interessa ao historiador é o tempo histórico,
o tempo das transformações e das permanências. O tempo histórico não
obedece a um ritmo preciso e idêntico como o do relógio e/ou dos
calendários. Por isso o historiador considera diferentes
temporalidades/durações: a longa, a média e a curta duração (BOULOS,
2018, p.19).
O tempo representa, pois, um conjunto complexo de experiências humanas, é um
produto cultural criado pelas necessidades específicas de sociedades historicamente
situadas. Por conseguinte, há a necessidade de relativizar diferentes percepções do
tempo e periodizações propostas e situar os eventos históricos em seus respectivos
tempos, isto é, identificar quando o fato ocorreu. Ao trabalhar com os alunos essas
diferentes percepções do tempo, eles se conscientizam das diversas temporalidades que
existem ao longo da história e de seu significado nas formas de organização social,
evitando-se assim os anacronismos, que são muito comuns nas explicações históricas.
(BEZERRA apud KARNAL, 2003).
FONTES
Para uma definição de Fonte Histórica, utiliza-se Barros, 2019, p.1 que traz a
seguinte designação: “Fonte Histórica é tudo aquilo que, por ter sido produzido pelos
seres humanos ou por trazer vestígios de suas ações e interferência, pode nos
proporcionar um acesso significativo à compreensão do passado humano e de seus
desdobramentos no Presente”.
Portanto, em síntese, fontes históricas são tudo aquilo que trazem informações
sobre o passado que auxiliam para a construção do conhecimento histórico. Para uma
conceituação mais precisa no sentido mencionado,
são fontes históricas tanto os já tradicionais documentos textuais (crônicas,
memórias, registros cartoriais, processos criminais, cartas legislativas,
jornais, obras de literatura, correspondências públicas e privadas e tantos
mais) como também quaisquer outros registros ou materiais que possam nos
fornecer um testemunho ou um discurso proveniente do passado humano, da
realidade que um dia foi vivida e que se apresenta como relevante para o
Presente do historiador. Incluem-se como possibilidades documentais (ou,
mais precisamente, no âmbito do que chamamos de fontes históricas) desde
os vestígios arqueológicos e outras fontes de cultura material – a arquitetura
de um prédio, uma igreja, as ruas de uma cidade, monumentos, cerâmicas,
utensílios da vida cotidiana – até representações pictóricas, entre outras
fontes imagéticas, e as chamadas fontes da história oral (testemunhos
colhidos ou provocados pelo historiador) (BARROS, 2019, p.2).
E LUGARES DE MEMÓRIA
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THOMPSON, Paul. A Voz do Passado, Paz e Terra, 2. edição, 1998, São Paulo
Dados pessoais:
Nome:
Idade:
Naturalidade:
Escolaridade:
Profissão:
1. Quais são os espaços físicos do município de Jauru que te remete a uma lembrança
do passado?
tempo?
ROTEIRO DE QUESTOES COLOCADAS AOS ALUNOS DO 9° A E B – DJEC –
1ª ETAPA
Conhecimentos prévios:
1. Para você o que é história? Por que razões edificações são construídas e preservadas?
2. Para você o que é memória?
3. Para você o que é história do local?
4. Elabore uma narrativa sobre o que você conhece sobre a história da cidade de Jauru?
5. Aponte um lugar da cidade no qual conte uma história que você se identifica.
sujeitos da pesquisa,
sob uma análise reduzida, permite que os alunos compreendam os processos de disputas em
torna da memória, que se solidifica nestes lugares de memória. E, pelos lugares de memória,
também se possibilita compreender a presença e a ausência de determinados grupos sociais,
para que possa descontruir e reconstruir as representações locais que foram sendo
naturalizadas, às quais, muitas vezes, não se sentem pertencentes
Lembrança do passado
tinha como objetivo perceber, nas memórias, a tradição oral entre o presente-passado
dos processos de resistência da Balaiada em São Bernardo e região. Todas as entrevistas foram
gravadas, os encontros foram registrados, sendo o material analisado e editado na construção
do produto didático, um documentário construído com as narrativas dos moradores, com
representações do passado, valorizando a tradição oral desses grupos que preservam
memórias vivas dos seus antepassados. A pesquisa-ação deu protagonismo aos estudantes e
aos moradores como atores e sujeitos no processo de construção de narrativas históricas. A
O que representa pra você a Igreja Matriz Paróquia Nossa Senhora do Pilar, Pintura do Padre
Nazareno Lanciotti em destaque na principal avenida de Jauru, Cruzeiro na Avenida Pe. Nazareno, Praçã
Joao Rossi, Feira, cenec?
Quais são os espaços físicos do municipio que te remete a uma lembrança do passado?
São lugares de que memorias? Ou de que memórias? São lugares de memória de quem e para
a construção de que identidades?
TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE USO DE IMAGEM E VOZ
Obs. Em momento algum será permitido qualquer tipo de comercialização das imagens
do participante, sendo seu uso restrito a produção de documentário e construção de
narrativa da dissertação, apresentação do trabalho em eventos acadêmico, palestras e no
produto final apresentado como proposição didática.
a utilizar a minha imagem, em todo e qualquer material entre imagens de vídeo, fotos
e voz, capturados em todo e qualquer material entre fotos, documentos,
DIZER QUE O PARTICIPANTE NÃO SERA IDENTIFICADO NA PESQUISA VER SOBRE ISSO
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Assinatura do participante da pesquisa
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Ione Soares de Oliveira - Professora/pesquisadora
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
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Assinatura do Responsável
INSTRUMENTO DE PESQUISA - ANOTAÇÕES DOS GRUPOS – MINUTAGEM
Entrevistado:
Entrevistadores/alunos:
Data da entrevista:
Local:
Duração: