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Psicologia B-12ºano
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Joana Neto maio de 2022
Escola secundária Severim de Faria
CAROL GILLIGAN
Índice
Introdução .................................................................................................................................................... 4
Biografia de Carol Gilligan: ........................................................................................................................... 6
Vida académica e ínicio de carreira:......................................................................................................... 6
Carreira posterior: .................................................................................................................................... 7
Desenvolvimento Moral segundo Carol Gilligan: ......................................................................................... 8
Desenvolvimento moral: Jean Piaget ....................................................................................................... 8
Desenvolvimento moral: Lawrence Kohlberg .......................................................................................... 9
Dessenvolvimento moral: Carol Gilligan ................................................................................................ 10
Principais obras: ......................................................................................................................................... 13
Conclusão: .................................................................................................................................................. 14
Webgrafia e biliografia ............................................................................................................................... 15
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Introdução
Uma vez, numa aula de filosofia do 10ºano, o professor pediu-nos que fizêssemos
um trabalho de casa que consistia no seguinte: “Escrevam numa carta os vossos
principais valores por ordem de importância, façam-no a lápis para conseguirem mudar,
daqui a 20 anos abram a carta e observem o quanto os vossos valores podem ter
mudado”. Todos agímos de acordo com a nossa moral, que ,por sua vez, tem por base
valores que consideramos fundamentais. Porque nem todos possuímos uma moral igual,
algumas pessoas preferem votar e outras não, algumas são a favor da despenalização
do aborto e outras não, algumas pessoas acham correto fumar e outras nem por isso e
por aí em diante...
Dentro destas pessoas, há quem pratique o bem (ação correta) por medo das
consequências, alguma punição, ou por conformismo, agindo em conformidade com o
dever e tornando as suas ações legais. Por outro lado, há quem aja por dever tornando
a sua ação moral. No entanto, é frequente deparármo-nos com dilemas na nossa vida
,em que não há própriamente algo certo a fazer, sendo por isso necessário tomar
decisões através do nosso espriríto critíco, baseando-nos nos nossos valores. Valores
estes, que como o professor Chorão nos quiz fazer ver, alteram-se de acordo com as
nossas experiências.
Pois bem, é através do nosso contexto que nós desenvolvemos a nossa moral.
Isto é, se nos ensinam a não falar de boca cheia, se alguma vez virmos alguém a fazê-
lo, vamos considerá-lo errado. Da mesma forma, se ensinarem os rapazes a jogar
futebol, ensinando-lhes regras a que todos tem de obedecer para que o jogo funcione e
às raparigas lhes ensinem a brincar com bonecas, a cuidar delas e a preservar as
relações entre amigas para a brincadeira puder continuar, ambos serão influenciados
pelo contexto no desenvolvimento da sua moral.
Autores como Piaget, Freud, Kohlberg, entre outros, afirmaram que a
“incapacidade” das jovens raparigas apurarem um veredito nas discussões do que está
certo ou errado fazer nas brincadeiras era indicativo de um desenvolvimento moral mais
“fraco” ou “lento”. Posto isto, professoras como, Janet Lever, Nancy Chodorow, Gilligan
acusaram estes e outros autores de serem demasiado subjetivos nas suas observações,
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vendo a moral desenvolvida pelos rapazes como uma moral modelo e usando amostras
muito pouco representativas das jovens raparigas.
A pesquisa feita por Norma Haan (1975) sobre estudantes universitárias e
adolescentes indicam que os julgamentos morais feitos pelas mulheres diferem daqueles
que os homens fazem, em grande parte porque os julgamentos vindos das mulheres
estão ligados a sentimentos de empatia e compaixão e estão empenhados na resolução
no campo real mais do que em dilemas hipotéticos.
Carol Gilligan, como psicóloga e feminista, dedicou grande parte da sua vida a
estudar estas diferenças do desenvolvimento moral e é sobre esta sua pesquisa que me
vou debroçar neste trabalho. Assim sendo, vou mencionar alguns dados biográficos da
autora, descrever o fundamental do seu trabalho e apontar algumas das suas obras. Por
fim, realizarei uma breve apreciação critíca sobre o contríbuto de Carol Gilligan.
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estudos foram a base deste artigo acabando, mais tarde por dar no livro mais conhecido
da autora, In a Different Voice: Psychological Theory and Women’s Development (1982).
A partir daqui o seu trabalho inspirou um movimento de orientação feminista na ética
filosófica conhecido como a ética do cuidado.
Carreira posterior:
Em 1986, Gilligan tornou-se professora titular em Harvard onde foi a primeira a
lecionar a cadeira “estudos de gênero”. Ganhou o Prêmio Grawemayer em Educação
,em 1992, e foi nomeada pela revista Time como um dos 25 americanos mais influentes
em 1996.
Em 2001, é recebida pela Universidade de Nova York supervisionando o
estabelecimento do Harvard Center on Gender and Education no mesmo ano.
Atualmente, com 85 anos, tem 4 netos e mais de 700 00 cópias vendidas do seu
livro “In a different Voice”, com “Why does patriarchy persist?”, publicado em 2018,
igualmente, a caminho de ser um grande sucesso. A sua contribuição para uma nova
perceção do desenvolvimento moral pela psicologia é indiscutível.
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defecientes do ponto de vista do desenvolvimento moral. Isto acontece pois existe uma,
quase total, ausência do sexo feminino nos estudos de Lawrence, ainda assim o autor
reclamou universalidade para a sua sequência de fases do desenvolvimento.
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enfrentar as grandes exigências da sua vida, que elas são mais frequentemente
influenciadas, nos seus juízos, por sentimentos de afeto ou de hostilidade”.
Carol exemplifica esta situação fazendo uso de um dilema criado por Kohlberg
para medir o desenvolvimento moral na adolescência. Ela propõe-no a duas crianças de
11 anos,a Amy e o Jake. O dilema: “ Um homem chamado Heinz debate consigo próprio
se vai ou não roubar um medicamento que não tem posses para comprar, mas com ele
poderia salvar a sua mulher. O farmacêutico recusa-se a baixar o preço. Deve Heinz
roubar o medicamento?”
Jake: Para Jake, desde início, que Heinz deveria roubar o medicamento. “Por um
lado, a vida humana vale mais do que o dinheiro e se o farmacêutico ganhar $ 1,000 ele
ainda pode continuar a viver, mas se Heinz não roubar o medicamento, a mulher dele
vai morrer. (Porque é que a vida é mais valiosa do que o dinheiro?) Porque mais tarde o
farmacêutico pode receber mil dólares das pessoas mais ricas que sofram de cancro,
mas Heinz não pode recuperar a esposa.”
Jake, ao considerar o dilema moral como "uma espécie de problema matemático
com seres humanos", ele coloca-o como uma equação e procura encontrar a solução.
Uma vez que, a solução que encontra é atingida racionalmente, ele conclui que qualquer
pessoa, seguindo a razão, deverá chegar à mesma conclusão e, assim, um juiz devia
considerar que o roubo era a coisa certa que Heinz devia fazer.
Amy: Para Amy a resposta não é tão lógica. “Bem, acho que não. Penso que,
podem existir outras vias além do roubo do medicamento como, por exemplo, se ele
pedisse dinheiro emprestado, se obtivesse um crédito ou qualquer coisa assim, mas ele
na verdade não devia roubar o medicamento - mas a mulher também não devia morrer.”
(Por que razão não deveria Heinz roubar o medicamento?) “Se roubasse o medicamento,
ele podia estar a salvar a mulher, mas, se o fizesse, poderia ter que ir para a cadeia e
então a mulher poderia piorar de novo e ele já não poderia obter mais medicamentos e
isso não era bom. Portanto, eles deveriam discutir o assunto e descobrir alguma maneira
para arranjar o dinheiro.”
Amy visiona a continuação da necessidade que a mulher tem do marido no que
diz respeito à mulher e procura encontrar respostas para a necessidade do farmacêutico,
de forma a que possa manter o relacionamento em vez de o cortar.
Vendo um mundo constituído por relações mais do que por pessoas isoladas, um
mundo que se torna coerente mais pelas relações humanas do que pelos sistemas de
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Principais obras:
Carol Gilligan escreveu várias obras que ,na minha opinião, vieram dar um
importante contributo na visão do desenvolvimento moral, para a psicologia e para o
movimento femininista, ou seja, para a Humanidade no geral.
“In a different voice” é o seu maior sucesso e segundo a própria ,começou de uma
composição, “...foi a primeira composição que escrevi, que não foi para a escola.
Necessitava de arranjar um sentido para o porquê de ser tão dificíl para as mulheres
dizer o que sentiam ou pensavam e para serem ouvidas sem qualquer distorção...” (há
10 anos- Big Think). O livro foi publicado em 1982, sendo a sua primeira publicação.
“In a Different Voice” começou uma revolução, tornando a voz das mulheres
audível, com os seus próprios direitos e integridade e tornando-se numa das primeiras
vezes em que na comunidade de ciência social, se teorizou sobre as mulheres.
Além desta publicou também outras obras como: “Joining the resistence” (1991);
“The Birth of pleasure” (2002); “The Deepening Darkness:Patriarchy, Resistance, and
Democracy's Future” (2008) juntamente com David A. J. Richards; “La ética del cuidado”
(2013) e por fim, mas não menos interessante, “Why Does Patriarchy Persist?”, com uma
antiga aluna sua da universidade, Naomi Snider.
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Conclusão:
Escritora, filósofa, psicóloga, professora, feminista,ativista, Carol Gilligan , na
minha opinião, deu até hoje um grande contributo para a Humanidade, nem que seja por
nos relembrar que ser humano não significa ser homem. Não é fácil resumir ,o que foi
um trabalho de muitas décadas de Gilligan, em tão poucas páginas, porém o importante
a reter é simples: se os contextos socioeconómico, geográfico, histórico,entre outros
fazem variar o desenvolvimento da nossa moral, está claro que a nossa educação de
gênero também o fará.
Desde o inicío da minha pesquisa, foi importante para mim ter presente que,
apesar de Carol Gilligan fazer a distinção entre a ética desenvolvida pelos rapazes e
pelas raparigas,tal não é uma imposição biológica. Com isto quero dizer que, os rapazes
podem desenvolver uma “ética do cuidado”, sem que isso ponha em causa a sua
masculinidade e as raparigas uma “ética da justiça”,sem que isso ponha em causa a sua
feminilidade, porém Gilligan fala daquilo que observa, no geral, nas suas amostras,
nunca reclamando esta distinção como universal. No meu mundo perfeito, esta distinção
não existiria, mas todos sabemos que nascer menina e menino acarreta vários
estériotipos de gênero e a sua influência no nosso desenvolvimento não pode ser
ignorada pela ciência.
Na minha ótica, a precisão com que Carol Gilligan observa e descreve a maneira
como o auto-sacrificío está intranhado em várias mulheres é fenomenal. Pegando no
dilema que descrevi anteriormente, pensemos agora que, ao invés da precisarmos de
roubar um medicamento para outra pessoa, precisávamos de o roubar para nós. Grande
parte das pessoas não o faria por correr o risco de se tornar num ato de egoísmo.
Atualmente, é frequente vermos o julgamento de uma mulher que trabalhe muito
e não dedique o tempo “que uma mãe deve dedicar aos filhos”, algo que raramente se
faz com os homens. Por este motivo e por querer manter todas as relações, algumas
mulheres sacrificam-se/anulam-se para dedicar mais tempo à familía, sem abdicar de
nada no trabalho.
Por fim,penso que Gilligan, ao longo dos anos, tem procurado, acima de tudo,
fazer ultrapassar as perguntas “até que ponto as mulheres pensam como os homens e
até que ponto são elas capazes de entrar na hipotética e abstrata construção da
realidade?”, reforçando a necessidade de identificar e definir critérios de avaliação do
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Webgrafia e biliografia
GILLIGAN,Carol (1997)-Teoria psicológica e desenvolvimento da mulher, Fundação Calouste
Gulbenkian
https://schoolworkhelper.net/carol-gilligan-feminist-moral-development/
https://www.scielo.br/j/pcp/a/Nr5XvZvqVpNRgyQQ9Fq3hpc/?format=pdf&lang=pt
https://www.nytimes.com/2019/03/18/style/carol-gilligan.html
https://jwa.org/encyclopedia/article/gilligan-carol#biblio
https://dspace.uevora.pt/rdpc/bitstream/10174/14951/1/Implica%C3%A7%C3%B5es%20do%20feminin
o%20na%20%C3%89tica%2C%20a%20partir%20do%20pensamento%20de%20Carol%20Gilligan.pdf
https://www.bertrand.pt/livro/in-a-different-voice-8211-psychologi-carol-gilligan/18076486
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