1. “A modernidade altera radicalmente a natureza da vida social cotidiana e afeta os
aspectos mais pessoas da nossa existência.” p.9 2. “A vida social moderna é caracterizada por profundos processos de reorganização do tempo e do espaço à expansão de mecanismos de desencaixe - mecanismos que descolam as relações sociais de seus lugares específicos, reconhecendo-as através de grandes distâncias no tempo e no espaço.” p.10 3. MODERNIDADE: RISCO E CONFIANÇA 4. “O mundo moderno tardio - o mundo do que chamo de alta modernidade - é apocalíptico não porque se dirija inevitavelmente a calamidade, mas porque introduz riscos que gerações não tiveram que enfrentar.” p.11-12 5. “O projeto reflexivo do eu, que consiste em manter narrativas biográficas coerentes, embora continuamente revisado, tem lugar no contexto de múltipla escolha filtrada por sistema abstratos.” p.12 6. PLANEJAMENTO DE VIDA REFLEXIVAMENTE ORGANIZADO- ESTRUTURAÇÃO DA AUTO-IDENTIDADE p.13 7. “A reflexividade do eu, em conjunto com a influência dos sistemas abstratos, afeta de modo difuso o corpo e os processos psíquicos.” p.15 8. “A segregação da experiência significa que, para muitas pessoas, o contato direto com eventos e situações que ligam a vida individual a questões mais amplas de moralidade e finitude são raros e fugazes.” p.15 9. “A falta de sentido pessoal - a sensação de que a vida não tem nada a oferecer - torna-se um problema psíquico fundamental na modernidade tardia.” p.16 10. “Problemas pessoais, sofrimentos e crises pessoais, relações pessoais: o que eles podem nos dizer, e o que exprimem, sobre o panorama social da modernidade?” p.18 11. ENCONTRAR-SE A SI MESMO: “um processo de intervenção e transformação ativos.” p.19 12. “A ansiedade é o correlato natural dos perigos. É causado por circunstâncias perturbadoras, ou por sua ameaça, mas também ajuda a mobilizar respostas adaptativas e novas iniciativas.” p.19 13. “A vida apresenta os problemas pessoas de maneira aparentemente aleatória e, reconhecendo isso, algumas pessoas se refugiam numa espécie de apatia resignada. Mas muitos são capazes de perceber de maneira mais positiva as novas oportunidade que se abrem quando os modos preestabelecidos são barrados, e então mudam a si mesmas. Qual é a novidade dessas ansiedades, perigos e oportunidades? De que maneira são claramente influenciados pelas instituições da modernidade?” p.20 14. DINAMISMO DA MODERNIDADE: SEPARAÇÃO ESPAÇO E TEMPO, DESENCAIXE E REFLEXIVIDADE 15. “Virtualmente toda experiência humana é mediada pela socialização e em particular pela aquisição da linguagem.” p.28 16. “A especialização é na realidade a chave para o caráter dos sistemas abstratos modernos. O conhecimento incorporado nas formas modernas de especialização está em princípio disponível para qualquer um, desde que tenha os recursos, tempo e energia para adquiri-lo.” p.35 17. O EU: SEGURANÇA ONTOLÓGICA E ANSIEDADE EXISTENCIAL 18. O “ser humano é saber, quase sempre, em termos de uma descrição ou outra, tanto o que se está fazendo como por que se está fazendo.” p.39 19. “As convenções sociais produzidas e reproduzidas em nossas atividades diárias são reflexivamente monitoradas pelo agente como para do “seguir em frente” nas diversas situações de nossas vidas.” p.39 20. CONFIANÇA E “IR EM FRENTE”: “Em relação ao controle do corpo e do discurso, o ator deve manter vigilância constante a fim de “ir em frente” na vida social. A manutenção de hábitos e rotinas é um baluarte crucial contra as ansiedade ameaçadoras, mas por isso mesmo é um fenômeno intrinsecamente cheio de tensões.” p.42 21. SEGURANÇA ONTOLÓGICA: “inoculação emocional contra ansiedades existenciais - uma proteção contra ameaças perigos futuros que permite que o indivíduo mantenha a esperança e a coragem diante de quaisquer circunstância debilitantes que venha a encontrar mais tarde.” p.43 22. “A manutenção da vida, nos sentidos corporal e da saúde psicológica, está inerentemente sujeita ao risco.” p.43 23. CRIATIVIDADE - CONFIANÇA BÁSICA - AUTO- IDENTIDADE/IDENTIDADE PARA O OUTRO 24. “As rotinas adquiridas são “constitutivos de uma aceitação emocional da realidade do “mundo exterior” sem a qual uma existência segura é impossível.” p.45 25. “Saber o sentido das palavras é assim ser capaz de usá-las como parte integrante da rotina da encenação da vida cotidiana.” p.45 26. “A realidade não é apenas o aqui e agora, o contexto da percepção sensorial imediata, mas a identidade e a mudança do que está ausente - longe da vista no momento ou, de fato, nunca encontrado, mas simplesmente aceito como estando “lá”.” p.46 27. A modernidade “se faz” na interação diária.” p.49 28. “Ser ontologicamente seguro é ter, no nível do inconsciente e da consciência prática, “respostas” para questões existenciais fundamentais que toda vida humana de certa maneira coloca.” p. 49 29. “Todas as pessoas vivem em circunstâncias do que e outro lugar chamei de contradição existencial: somos do mundo inanimado, mas nos voltamos contra ele, como seres auto conscientes de nosso caráter finito.” p.51 30. “Ser uma “pessoa” não é apenas ser um ator reflexivo, mas ter o conceito de uma pessoas (enquanto aplicável ao eu e aos outros). O que se entende por “pessoas” certamente varia nas diferentes culturas embora haja elementos dessa noção que são comuns a todas elas. A capacidade de usar “eu” em contextos diferentes, característico de toda cultura conhecida é o traço mais fundamental das concepções reflexivas da pessoidade.” p.54 31. “A identidade de uma pessoa não se encontra no comportamento - por mais importante que seja - nas relações dos outros, mas na capacidade de manter em andamento uma narrativa particular.” p.55-56 32. “A tranquilidade de uma pessoas em qualquer situação supõe longa experiência no enfrentamento das ameaças e oportunidades que essa situação apresenta.” p.58 33. “O controle regular do corpo é um meio fundamental através do qual se mantém uma biografia da auto-identidade; e no entanto, ao mesmo tempo o eu está quase sempre “em exibição” para os outros em termos de sua corporificação.” p.59 34. “Seguir em frente” nos contextos da vida social cotidiana envolver trabalho constante e ininterrupto da parte de todos os participantes na interação social.” p. 62 35. “Monitoramento constante do corpo e dos gestos corporais.” p.64 36. “A onipotência precoce se transforma num sentido confiável de auto-estima, pela aceitação das imperfeições e limitações do eu.” p.68 37. MODERNIDADE - VERGONHA - ORGANIZAÇÃO PSÍQUICA 38. A TRAJETÓRIA DO EU 39. A terapia “é uma experiência que envolve o indivíduo na reflexão sistemática sobre o curso do desenvolvimento de sua vida.” p.70 40. “Viver cada momento reflexivamente é uma questão de intensificar a consciência dos pensamentos, sentimentos e sensações corporais. A consciência cria a mudança potencial, e pode de fato induzir a mudança por si mesma.” p.71 41. “[...] o desenvolvimento de um sentido coerente de nossa história de vida é um meio fundamental de escapar à escravidão do passado e abrir-se para o futuro.” p.71 42. “Tomar conta de nossas próprias vidas” envolve risco, porque significa enfrentar a diversidade de possibilidades abertas. O indivíduo deve estar preparado para fazer uma ruptura mais ou menos completa com o passado, se necessário, e deve contemplar novos cursos de ação que não podem ser guiados simplesmente por hábitos estabelecidos.” p. 72 43. “SOMOS NÃO O QUE SOMOS, MAS O QUE FAZEMOS DE NÓS MESMOS.” p.74 44. “Manter um diálogo com o tempo” é o base da auto-regulaçao porque é a condição essencial para alcançar a satisfação em qualquer momento - de viver a vida plenamente,” p.76 45. “O tecido moral da auto-realização é a autenticidade [...] baseada em “ser verdadeiro consigo mesmo.” p. 77 46. “A reflexividade da modernidade opera não numa situação de certeza cada vez maior, mas numa situação de dúvida metódica.” p. 82 47. “Uma pessoa só fica comprometida com outra quando, por qualquer razão, assom o decidir.” p.90 48. “Uma das razões por que a reflexividade do eu tende a produzir um autoconhecimento mais acurado e próprio é que ajuda a reduzir a dependência de relações próximas.” p.90 49. DESTINO, RISCO E SEGURANÇA 50. “Viver no universo da alta modernidade é viver num ambiente de oportunidade e risco, concomitantes inevitáveis de um sistema orientado para a dominação na natureza e para a feitura reflexiva da história.” p.104. 51. “A intromissão dos sistemas abstratos na vida cotidiana, junto com a natureza dinâmica do conhecimento, significa que a consciência do risco se infiltra nas ações de quase qualquer um.” p,106 52. “Muitas vezes os momentos decisivos acontecem devido a coisas que se abatem sobre o indivíduo, quer ele queira ou não.” p.108 53. “Estar “à vontade” no mundo é certamente problemático na era da alta modernidade, em que o referencial de “atenção” e o desenvolvimento de “histórias compartilhadas” com os outros são realizações basicamente reflexivas.” p.119 54. “Nas condições sociais modernas, quanto mais o indivíduo procura forjar reflexivamente uma auto-identidade, tanto mais estará consciente de que as práticas correntes moldam os resultados futuros.” p.122 55. “[...] onde a contingência é descoberta, ou fabricada, situações que pareciam fechadas e pré-definidas podem parecer outra vez abertas.” p.125 56. “o empoderamento está disponível rotineiramente para o leigo como parte da reflexividade da modernidade, mas muitas vezes há problemas sobre como esse empoderamento se traduz em convicções e em ação.” p.133. 57. A SEGREGAÇÃO DA EXPERIÊNCIA 58. SISTEMAS SOCIAIS - INSTITUCIONALMENTE REFLEXIVOS - COLONIZAÇÃO DO FUTURO p.135 59. “O desenvolvimento de sistemas sociais internamente referidos está na origem do projeto reflexivo do eu.” p. 136 60. “A vida passa a ser estruturada em torno de “limiares abertos de experiência, e não mais de passagens ritualizadas.” p.138 61. “Cada fase de transição tende a torna-se uma crise de identidade - e muitas vezes o indivíduo sabe disso por reflexão.” p.138-139 62. “[...] a segregação depende das características mais gerais dos sistemas internamente referidos na modernidade. Em termos amplos, o argumento que desenvolvo é que a segurança ontológica que a modernidade adquire, no nível das rotinas diárias, depende de uma exclusão institucional em relação à vida social de questões existenciais fundamentais que apresentam dilemas morais centrais para os homens.” p. 145 63. “O desenvolvimento de ambientes relativamente seguros da vida diária é de importância central para a manutenção de sentimentos de segurança ontológica.” p. 155 64. “Segregação de tipos fundamentais de experiência que relacionam as tarefas da vida cotidiana, e mesmo o planejamento de longo prazo da vida, a questões existenciais, o projeto reflexivo do eu é posto em movimento contra um pano de fundo de empobrecimento moral.” p.157 65. AS TRÊS TAREFAS DA MODERNIDADE: (1) “Num nível muito geral, os agentes nunca aceitam passivamente condições externas de ação, mas quase sempre refletem sobre elas e as reconstituem à luz de suas circunstâncias particulares; (2) tanto no plano coletivo quanto no individual, acima de tudo nas condições da modernidade, há áreas maciças de apropriação coletiva como consequência do aumento da reflexividade da vida social; (3) não é válido argumentar que, embora os microambientes da ação sejam maleáveis, os sistemas sociais mais amplos formam um ambiente de fundo não controlado.” p.162-163 66. “A vida social moderna empobrece a ação individual, mas favorece a apropriação de novas possibilidades; ela é alienante, mas ao mesmo tempo, de maneira característica, os homens reagem contra as circunstâncias sociais que acham opressivas.” p.163 67. “Viver numa cultura secular de risco é inerentemente inquietante, e sensações de ansiedade podem torna-se particularmente pronunciadas durante episódios que tenham um caráter decisivo.” p.168 68. “A pessoa autêntica é aquela que conhece a si mesma e é capaz de revelar esse conhecimento à outro, discursivamente e na esfera do comportamento.” p.173 69. “O indivíduo só se sente psicologicamente seguro em sua auto-identidade na medida em que os outros reconhecem seu comportamento como apropriado ou razoável.” p.177 70. “[...] o investimento de confiança também pode gerar novas capacidades.” p.178 71. “Sobreviver é ser capaz de enfrentar de maneira determinada as tarefas que a vida apresenta e superá-las.” p. 179 72. “Até o mais oprimido dos indivíduos [...] reage criativa e interpretativamente a processos de mercantilização que interferem com sua vida.” p. 184 73. POLÍTICA - VIDA: “Os homens são capazes de, reflexivamente, “usar a história para fazer história.” p. 194 74. COMO DEVEMOS VIVER? - “a política-vida é uma política das decisões da vida.” p. 198