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I. A SELEÇÃO DO DIRETOR
Os candidatos foram avaliados pela ENAP por meio de (i) avaliação curricular; e (ii)
avaliação das competências comportamentais; pelo Ministério da Economia por meio de
(iii) avaliação técnica; e pela Casa Civil por meio de (iv) pesquisa de antecedentes e de
reputação ilibada.
No dia 24 de outubro de 2022, Allan Turano foi eleito o Diretor, tendo tomado posse
em 01 de novembro de 2022.
É advogado, inscrito nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil, nas subseções do
Rio de Janeiro (OAB/RJ n. 205.287) e de São Paulo (OAB/SP n. 411.080).
No mercado privado, foi sócio de serviços dos escritórios FreitasLeite Advogados, Levy
& Salomão Advogados e JPN Advogados (atual PBF Advogados), entre os anos de 2016
e 2022. Sua atuação envolvia, precipuamente, Direito Empresarial, Societário, Contratos
Empresariais, Reorganizações Societárias e Fusões e Aquisições (M&A), Direito Autoral,
Privacidade e Proteção de Dados Pessoais (LGPD).
Foi Professor Substituto aprovado em processo seletivo público pela UFRJ, entre os anos
de 2018 e 2019. É atualmente Professor Convidado da Societário Academy, da
UERJ/CEPED, do ITS Rio, da EFAE, do IBMEC Rio, da FGV Direito Rio e da FGV IDE (Rede
Nacional).
Allan é ainda autor de diversos artigos jurídicos, capítulos de obras e do livro “Resolução
da Sociedade Limitada em Relação a um Sócio e a Ação de Dissolução Parcial”, publicado
pela Juruá Editora em 2016. Obra com tiragens esgotadas e que foi parte da bibliografia
obrigatória para ingresso nos cursos de Mestrado e Doutorado em Direito Comercial da
UERJ.
usuários dos serviços das Juntas Comerciais e do DREI que tenham interesse em propor
melhorias.
2 O serviço, infelizmente, foi descontinuado pela atual gestão do Departamento e não se encontra mais
disponível.
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É usual que parte dos usuários dos serviços das Juntas Comerciais – advogados,
contadores, paralegais, despachantes e empreendedores em geral – não tenham
qualquer conhecimento ou noção mínima sobre as competências e responsabilidades do
DREI. Em função disso, seguindo o benchmark básico de qualquer prestador de serviço,
a gestão propôs a criação da aba “Quem Somos”.
A Lei Complementar nº 167, de 24 de abril de 2019, criou um rito sumário para abertura
e fechamento de empresas sob o regime então denominado de Inova Simples. O DREI
e a Receita Federal do Brasil, com o apoio técnico do Serviço Federal de Processamento
de Dados (“Serpro”), precisaram de cerca de 3 (três) anos para efetivamente lançar o
sistema, no início de 2022.
Ocorre que mesmo após o seu lançamento, a iniciativa tem sido muito pouco difundida,
de modo que há número expressivo de profissionais e autoridades governamentais que
a desconhecem por completo.
Com o intuito de dar mais acesso à solução, foi incluído um botão na página inicial do
site do DREI que redireciona à página dedicada ao Inova Simples.
(Extrato da página inicial do site do DREI, com botão do Inova Simples no canto inferior direito) 5
III. INOVAÇÃO
Um dos principais objetivos do então Diretor foi criar mecanismos administrativos, dentro
da competência do DREI, que incentivassem o empreendedorismo e propiciassem
segurança jurídica para novos investimentos em empresas.
Cadastros das Juntas Comerciais ou da Receita Federal do Brasil, muitas vezes, não
refletem a composição completa ou atualizada do QSA. Sem uma base de dados
confiável e íntegra, proliferam decisões judiciais equivocadas que estendem a ex-sócios
ou ex-administradores a obrigação de satisfazer débitos que excepcionalmente seriam
de responsabilidade de seus sucessores, ou vice versa. Algo usual em incidentes de
desconsideração da personalidade jurídica, ou redirecionamento de execução fiscal.
A Junta Comercial do Estado de São Paulo – JUCESP, a maior do Brasil, foi uma das
primeiras a disponibilizar o serviço:
A inovação foi aclamada pela imprensa especializada, que a repercutiu destacando que
a medida diminuirá o risco de se fazer negócios no país:
Por sua vez, a Certidão de Ônus é documento hábil a demonstrar, dentre outras
informações, quaisquer ônus, restrições, suspensões, indisponibilidades, anotações,
bloqueios, suspensões ou cancelamentos impostos voluntariamente ou por força de
decisão administrativa, judicial ou arbitral a direitos, participações societárias ou outros
bens, corpóreos ou incorpóreos, relacionados a empresário individual ou a sociedade
empresária.
Diferente das sociedades limitadas em que os titulares das quotas são indicados no corpo
do contrato social, a Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 (Lei das S.A.) dispõe que
a titularidade das ações de uma sociedade anônima seja indicada no Livro de Registro
de Ações Nominativas. Na década de 70 fazia algum sentido que esses livros fossem
físicos. Era comum adquiri-los em papelarias, conforme exemplo abaixo:
Nos dias atuais, evidentemente, essa prática já não faz qualquer sentido. É comum que
as Juntas Comerciais precisem lidar com pedidos de recomposição de livros físicos
extraviados ou danificados. Nesse sentido, o DREI já havia proibido que novos livros
físicos fossem autenticados, forçando o processo de digitalização.
Para auxiliar os usuários nesse processo, o próprio Diretor Allan Turano criou um modelo
de livro digital, em formato Excel®, de uso facultativo:
O Diretor antecessor do DREI foi reconhecido pelo seu excepcional trabalho. Em especial,
no que diz respeito à redução do custo de observância e conformidade normativa,
decorrente da edição da Instrução Normativa nº 81, de 10 de junho de 2020, que
Por essa razão, a gestão do Diretor Allan Turano teve como foco apenas aperfeiçoar os
normativos existentes por meio de novas contribuições, aproveitando sua experiência
como advogado privado habituado a assessorar empresários e sociedades empresárias
com atividades nacionais e transnacionais nos mais diversos setores da economia.
A Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) e a Lei das S.A. preveem alguns
direitos cujo exercício é facultativo pelo seu titular, e que por isso não dependem de
qualquer anuência ou aceite de terceiros.
Nas sociedades limitadas, é o que ocorre com o sócio que queira se retirar e, tanto nesse
tipo societário quanto na sociedade anônima, com o administrador que decida renunciar
ao seu cargo.
O próprio Código Civil prevê o procedimento para exercício desse direito: uma vez
devidamente comunicado o interesse, o arquivamento da respectiva notificação na Junta
Comercial faz com o ato seja válido inclusive perante terceiros.
Diante desse grave cenário, a IN DREI nº 88/2022 foi editada para dispor que não só na
retirada ou na renúncia, mas em outros eventos em que a vontade da maioria dos sócios
é irrelevante, o cadastro deve ser alterado. Segundo inteligência do art. 95-B, os atos
de comunicação de falência de sócio, cessão de quotas em instrumento separado,
notificação de retirada de sócio e renúncia de administrador não dependem de ato
posterior para produzir seus efeitos no cadastro. A novidade foi repercutida pela
imprensa especializada em negócios:
Nas sociedades limitadas contratadas por prazo indeterminado, o Código Civil prevê em
seu art. 1.029 que é faculdade de qualquer sócio retirar-se dela mediante aviso com
antecedência mínima de 60 dias.
O Código Civil prevê em seu art. 997, VII que os sócios disponham no bojo do contrato
social sobre a participação de cada um nos lucros. Diante disso, é perfeitamente possível
a previsão de distribuição de resultados de forma desproporcional à participação de cada
sócio no capital social.
O Anexo IV da IN DREI nº 88/2022 foi alterado para esclarecer que esta poderá ser fixa
ou eventual, a ser deliberada em cada reunião/assembleia de sócios. Além disso, que os
eventos para ocorrência distribuição desproporcional, bem como os critérios para fixação
do montante atribuído a cada sócio, não precisarão estar previstos no contrato social.
Tanto o Código Civil (art. 1.055, § 2º) quanto a Lei das S.A. (art. 7º) vedam que os
sócios contribuam em serviços para a formação do capital social.
No entanto, por óbvio, isso não obsta que os sócios firmem contrato de prestação de
serviços com a sociedade, desde que não haja qualquer relação com a formação do
capital social. O Anexo IV da IN DREI nº 88/2022 foi alterado para evitar que as Juntas
Comerciais indefiram o arquivamento de contratos sociais que contenham essa previsão.
Diante das inovações promovidas à Lei das S.A. no que diz respeito ao regime de
publicações obrigatórias por sociedades anônimas, fez-se necessário esclarecer qual o
procedimento para se promover tais publicações de forma eletrônica quando se tratar
de companhias com receita bruta anual de até 78 (setenta e oito) milhões, na forma do
art. 294 da referida lei. O Departamento esclareceu no Anexo V da IN DREI nº 88/2022
que a publicação deve ser feita na Central de Balanços do Sistema Público de
Escrituração Digital (CB SPED), sem necessidade de publicação simultânea no site da
companhia.
O tipo de recurso mais usual dirigido ao DREI é aquele que tem por objeto a alegação
de colidência ou semelhança entre nomes empresariais. A gestão atualizou a
fundamentação padrão das decisões nessas matérias para esclarecer que não compete
ao DREI avaliação subjetiva sobre o tema que considere o objeto social dos empresários
ou sociedades empresárias em questão, bem como alegações fáticas sobre concorrência
desleal ou desvio de clientela.
Com isso, espera-se conferir maior segurança jurídica aos administrados, os quais
concentrarão seus esforços nesses casos para dirigir suas pretensões ao Instituto
Nacional de Propriedade Industrial (INPI), quando o nome empresarial for protegido
também pelo direito marcário, ou mesmo ao próprio Poder Judiciário.
Um dos objetivos centrais da gestão foi promover a integração técnica entre o DREI e
as Juntas Comerciais, de modo a garantir preventivamente o cumprimento das
orientações do Departamento.
(Aula Magna Aula Magna da VIII Jornada JucisRS de Interiorização em Porto Alegre, Rio Grande do Sul,
em 16 de dezembro de 2022)13
(41º Encontro Nacional das Juntas Comerciais – ENAJ sediado em Curitiba, Paraná, em 12 de dezembro
de 2022)14
O Plano de Ação contava ainda com visitas técnicas a todas as Juntas Comerciais do
Brasil até junho de 2023.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A gestão do então Diretor Allan Turano teve início em 1 de novembro de 2022 e término
em 2 de janeiro de 2023. Foram exatos 29 dias úteis, tendo em vista os feriados e os
pontos facultativos usuais em período de final de ano.
Apesar de brevíssima, a gestão foi muito aclamada pelo mercado privado, pelos seus
pares e até mesmo pela imprensa especializada, como pode ser visto a seguir:
Muito embora o DREI seja um órgão eminentemente técnico e a seleção de Allan Turano
tenha se pautado em processo seletivo técnico, público, conduzido pela ENAP, o atual
governo optou por exonera-lo em 2 de janeiro de 2023.
7. REFERÊNCIAS DIGITAIS
1024-servidores-que-eram-chefes-no-governo-bolsonaro/
18 Saiba mais em: https://www.gov.br/planalto/pt-br/assuntos/etica-publica/servicos-em-
destaque/consulta-sobre-conflito-de-interesses
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JUCEMG. Em visita técnica à Jucemg, diretor do DREI participa de reuniões onde são
apresentados os avanços da Autarquia. Disponível em:
https://jucemg.mg.gov.br/noticia/974/em-visita-tecnica-a-jucemg-diretor-do-drei-
participa-de-reunioes-onde-sao-apresentados-os-avancos-da-autarquia
JUCISRS. VIII Jornada de Interiorização: Segunda Aula Magna é ministrada pelo diretor
do DREI, Allan Turano. Disponível em: https://jucisrs.rs.gov.br/viii-jornada-de-
interiorizacao-segunda-aula-magna-e-ministrada-pelo-diretor-do-drei-allan-turano
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