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Ebook Fáscia
Os mais novos artigos científicos traduzidos que irão
mudar sua forma pensar!
Artigos de Robert Schleip

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Ebook 2019
Autora: Janaína Cintas

Nenhuma parte pode ser duplicada ou reproduzida sem


expressa autorização do Editor.

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Janaína Cintas
Escritora, Bicampeã mundial de BMX e Fisioterapeuta
graduada pela Universidade da Cidade de São Paulo.
Posteriormente aperfeiçoou em Gerontologia na Pós-Graduação
da Universidade Federal do Estado de São Paulo.
Subsequentemente se especializou em Cadeias Fisiológicas do
Método Busquet, RPG de Philippe Souchard, estudiosa das
relações viscerais com a pressão intra- -abdominal, formou-se
em Pilates e Pilates Aéreo pela Escola de Madrid, trabalhou
como fisioterapeuta no Hospital Albert Einstein e atualmente faz
parte do Grupo Voll Pilates, onde ministra cursos e palestras.

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Janaína também é autora do Livro Cadeias Musculares do Tronco
lançado em 2015 em Madrid e no Brasil, A Ciência do Pilates em
2017 pela Sarvier Editora de Livros Médicos Ltda e Livro de
Avaliação Postural 2018.

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EBOOK FÁSCIA
O uso constante e indiscriminado do termo fáscia vem
proporcionando preocupação aos pesquisadores devido seu
potencial para gerar confusão em diversas disciplinas e a
comunicação técnica sobre fáscia, logo, a Fascia Research
Society (FRS) estabeleceu um comitê de nome Comitê de
Nomenclatura Fáscia (FNC) para esclarecer e registrar a
terminologia correta relacionada à fáscia. Este comitê tenta
desenvolver e definir os termos: fáscia e, mais recentemente, o
sistema fascial.
Um dos principais tópicos do penúltimo Congresso Fascia
Research (Washington, 17 de setembro de 2015) foi a
terminologia sobre fáscia. Muitos pesquisadores estão
convencidos de que o uso indiscriminado do termo "fáscia" em
relação a vários tipos de tecido conjuntivo muitas vezes leva a
confusão. Além disso, o uso inconsistente de termos anatômicos
torna difícil comparar resultados em estudos de pesquisa e tirar
conclusões generalizadas (Langevin, 2014). Esta situação pode
ser comparável a um tempo na história da anatomia descrita por
Adstrum (2014): "mais de 50.000 termos foram usados para
identificar 5000 estruturas, então a terminologia anatômica
estava em um estado de caos, incoerente, cheio de
desigualdades, contradições e obscuridades ". Este esforço para
mais clareza em termos de terminologia ressoa com uma
tentativa comparável entre os pesquisadores para descrever

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terapias manuais. Em 2013, Paul Standley pediu o
estabelecimento de um conjunto unificado de termos para
melhorar a construção de uma base de evidências para
descrever a eficácia clínica dos vários tratamentos manuais. De
fato, ele observou que a maioria dos métodos manuais
envolvem combinações de forças de estiramento, compressão,
cisalhamento e torque, e que "apesar de serem chamados de
nomes diferentes, muitas dessas técnicas usadas em todo o
mundo realmente criam os mesmos (ou quase os mesmos)
efeitos nos tecidos e células ".
Fáscia é um termo anatômico amplamente usado, mas sua
definição mínima, inexata e ambígua confunde o
reconhecimento desta parte fundamental do corpo para (Mirkin,
2007). Ao longo do tempo, o termo fáscia, foi descrito por
diversos pesquisadores como: um tendão membranoso (Crooke
1651); Uma parte membranosa (Hall 1788); Uma forte banda
aponeurótica (Cruveilhier, 1844); Uma seção distinta de tecido
fibroso denso e tecido membranoso envolvendo órgãos internos
(Godman, 1824); Uma camada distinta, superficial ou profunda
de tecido conjuntivo (Ellis, 1840); Um tipo de tecido conjuntivo
distinto (isto é, Aponeurótico ou fibro-areolar) (Gray, 1858); Um
sistema global de tecido conectivo (Still, 1899); "Uma bainha,
folha ou outra massa dissecável de tecido conjuntivo" (FCAT,
1998); E "o componente de tecido mole do sistema de tecido
conjuntivo que engendra pelo corpo humano formando uma
matriz tridimensional contínua de todo corpo estrutural"

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(Findley e Schleip, 2007). Note, então que o termo fáscia
identifica vários tipos diferentes de partes do corpo, o que faz
sentido da afirmação de Standring (2016) de que a fáscia é
efetivamente uma expressão anatômica "genérica", e, portanto,
não cientificamente precisa.
Independente da nossa concordância ou não com todas
descrições citadas, o que mais tem preocupado a ciência é o fato
conforme vem sendo elucidada a palavra fáscia
indiscriminadamente, e para Robert Schleip, seu principal
pesquisador na Universidade de Ulm é o fato da mídia e muitos
clínicos, estarem começando a usar o termo fáscia de maneiras
não convencionais, o que tem gerado confusões cientificas
precisas no que se refere ao termo fáscia. Nestes contextos
profissionais, é vital que todo termo anatômico (como a fáscia)
se relacione de maneira, inequivocadamente, além de,
especificamente a mesma parte corporal. Recentemente um
editorial destacou enorme preocupação, editorial este publicado
por (Stecco, 2014) atraiu comentários de vários membros da
comunidade interdisciplinar de pesquisa sobre a fáscia, que
reconheceram mutuamente que a linguagem usada para
descrever fáscia requer muita atenção corretiva (Chaitow, 2014;
Kumka, 2014; Langevin, 2014; Myers, 2014a; Natale et al., 2014;
Schleip e Klinger, 2014; Tozzi, 2014; Adstrum, 2015).
A Fascia Research Society (FRS) estabeleceu então uma "força-
tarefa" (Langevin, 2014) e o Comité de Nomenclatura Fáscia
(FNC) criado afim de melhorar a linguagem relacionada à fáscia.

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Porém, os envolvidos não conseguiram chegar a um consenso
preciso sobre a definição da fáscia, suas discussões concluíram
que a fáscia é simultaneamente estudada de duas maneiras
principais, que são: morfológicas e funcionais, dentro da
comunidade cientifica. Consequentemente, como explicam
Stecco e Schleip (2016), os pesquisadores morfológicos são mais
adequados por uma definição de "fáscia" de forma mais
fidedigna sem interesses particulares envolvidos, pois buscam
investigar aspectos funcionais, e sobretudo, como a transmissão
de força, ou ainda, as capacidades sensoriais do tecido, logo uma
definição mais ampla para a fáscia pode nos ser a mais útil.
A importante, preocupação reconhecida pela FNC reconheceu
que a linguagem convencional (anatômica) relacionada à fáscia
não possui a capacidade linguística necessária para efetivamente
discutir a morfologia da fáscia, a distribuição arquitetônica, as
propriedades dos materiais e os papéis fisiológicos (por
exemplo, transmissão de força mecânica, capacidade sensorial,
dentre outros) a partir de uma posição ideológica mais holística.
Para muitos proponentes desta perspectiva "funcional", várias
estruturas fibrosas (como, por exemplo, aponeuroses,
ligamentos, tendões, retináculos e cápsulas articulares) que
tradicionalmente foram descritas como existentes
separadamente da fáscia, são agora retratadas como diferentes
aspectos de uma rede de tecido fibroso global unitário (ou
sistema fascial). Na ausência do idioma para diferenciá-los, a
palavra fáscia é atualmente (paradoxal e muitas vezes

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incompativelmente) aplicada a cada uma dessas duas maneiras
muito diferentes de compreender a fáscia, ou seja, a redução
descritiva e holística (Adstrum, 2015). O mais preocupante é que
este fato vem gerando grande confusão e invalidando várias
pesquisas.
A descoberta preliminar deste grupo foi relatada (por Robert
Schleip) e discutida na reunião do FNC realizada em Washington
D.C. em 19 de setembro de 2015, imediatamente antes do IV
Congresso de Pesquisa Fáscia (FRC4). Presidida conjuntamente
por Carla Stecco (Itália) e Robert Schleip (Alemanha),
participaram da votação 15 pesquisadores (da Austrália, Áustria,
Grã-Bretanha, França, Alemanha, Holanda, Itália, Nova Zelândia,
Turquia e Estados Unidos da América) E quatro observadores
sem direito a voto (da Áustria e da Alemanha). De forma
unanime os pesquisadores reconheceram a importância da
criação de duas novas definições que, juntas, representam de
forma equitativa a forma como a fáscia é amplamente conhecida
na comunidade interdisciplinar de pesquisa sobre fáscia.
A primeira descrição foi obrigada a se relacionar de forma
tangível com as porções dissecáveis do tecido fáscial que
tradicionalmente foram conhecidas como fasciae (singular,
fáscia). Precisava ser um "termo científico" precisamente
concebido racionalmente para identificar as fáscias individuais
dentro do discurso acadêmico. De acordo com Carla Stecco, esse
tipo de definição é essencial porque "permite que alguém saiba
exatamente sobre o que estamos falando quando usamos um

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termo específico. Permite o estudo in vivo de camadas fasciais
com tecnologia de imagem. Permite o isolamento dessas
camadas em cadáveres e a realização de estudos histológicos e
mecânicos. Além da amostragem dessas camadas durante a
cirurgia para avaliar alterações patológicas. E, permitir a
comparação de resultados de estudos realizados por diferentes
grupos”.
A outra definição procurada teve que ter um foco mais
expansivo, para atender à necessidade recém-reconhecida da
comunidade de pesquisa de fáscia de poder explicar um sistema
fascial global hipotetizado em termos funcionais. O uso deste
termo já foi discutido por Luigi Stecco (2004 pp. 19 e 20), que
sugeriu que poderia relacionar-se precisamente ao "sistema de
tecidos conjuntivos fibrosos que se influenciam reciprocamente
em todo o corpo" (2004, pp. 19e20). Ao final da reunião da FNC,
a maioria dos membros concordou com uma definição precisa
para um novo termo anatômico, uma fáscia.
Uma fáscia é uma bainha, uma folha ou qualquer outra
agregação dissecável de tecido conjuntivo que se forma sob a
pele para anexar, fechar e separar músculos e outros órgãos
internos.

Na conclusão da reunião da FNC de Washington, um subcomitê


de cinco membros foi nomeado e encarregado de progredir o
desenvolvimento de uma definição mais ampla e funcional do

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sistema fascial. Reconheceu-se, então, que este termo
precisava:

1- Refletir os desenvolvimentos no conhecimento científico


acumulado da fáscia.
2-Corresponder às formas como a fáscia é diversamente
percebida e discutida dentro de um campo interdisciplinar
emergente de discurso fasciarelating (relação fascial).
3- Referir-se especificamente a "uma rede de tecidos
interdependentes que interagem, formando um todo complexo,
colaborando para realizar o movimento" (Stecco e Schleip,
2016).
4- Ser preciso, anatomicamente coerente e livre de
ambiguidade.
5- Relacionar-se logicamente com o sistema preexistente de
nomenclatura anatômica, que foi cuidadosamente desenvolvido
de maneira muito valiosa pela Federação Internacional de
Associações de Anatomistas ao longo do século passado. O
processo de desenvolvimento desta nova definição é relatado
abaixo.

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A Terminologia Anatômica e Funcional da Fáscia

Terminologia Anatômica: diz que a fáscia consiste em bainhas,


folhas ou outras agregações de tecido conjuntivo dissecáveis,
termo que inclui não apenas as bainhas dos músculos, mas
também os investimentos de vísceras e estruturas dissecáveis
relacionadas a eles. (FIPAT, 2011, p.36)
Anatomy’s Grey’s: Fáscia é um termo aplicado a massas de
tecido conjuntivo suficientemente grande para ser visível a olho
nu. Sua estrutura é altamente variável, mas, em geral, as fibras
de colágeno na fáscia tendem a ser entrelaçadas e raramente
mostram a orientação compacta e paralela observada nos
tendões e aponeuroses. (Standring, 2008, pág. 39)
Dicionário Médico Ilustrado de Dorland: Fáscia é uma folha ou
faixa de tecido fibroso, como entranhas profundas na pele ou
forma um revestimento para músculos e vários outros órgãos do
corpo (reveja o contesto dessa frase. Está sem sentido essa
palavra “forma”). (Anderson, 2012, pág. 679)
Dicionário Médico Stedman: Fáscia é uma folha de tecido
fibroso que envolve o corpo embaixo da pele; também inclui
músculos e grupos de músculos e separa suas várias camadas ou
grupos. (Stegman, 2006, p. 700)

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Definições Holísticas para a Fáscia

1- O Congresso de Pesquisa sobre a Fáscia (Fascia Research


Congress) concluiu que fáscia é o componente de tecido mole do
sistema de tecido conjuntivo que permeia o corpo humano
formando uma matriz tridimensional contínua de corpo inteiro
de suporte estrutural. Penetra e se engendra por todos os
órgãos, músculos, ossos e fibras nervosas, criando um ambiente
único para o funcionamento do sistema corporal. O escopo de
interesse nessa definição se estende a todos os tecidos
conjuntivos fibrosos, incluindo aponeuroses, ligamentos,
tendões, retináculos, cápsulas articulares, túnicas de órgãos e
vasos, epineuro, meninges, periosteo e todas as fibras
endomisárias e intermusculares das miofáscias. (Findley e
Schleip, 2007, página 2)
2- A fáscia é um tecido conectivo resistente que se expande por
todo o corpo em uma rede tridimensional da cabeça aos pés
funcionalmente e sem interrupção. O sistema fascial envolve e
tem o potencial de influenciar profundamente todos os
músculos, ossos, nervos, vasos sanguíneos, órgão e célula do
corpo. A Fáscia também separa, suporta, conecta e protege
tudo. Esta teia tridimensional de tecido conjuntivo está viva e
sempre mudando conforme o corpo exige. Assim, é uma rede de
intercâmbio de informações, influenciando e remodelando cada
estrutura, sistema e célula no organismo. Como o ar e a

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gravidade, a sua influência é tão onipresente que tendemos a
dar por certo. (Barnes, 1990; pp. Xi & 3)
3- As fáscias constituem uma folha ininterrupta de tecido que se
estende da cabeça para os pés e do exterior para o interior. Este
é um sistema perfeitamente contínuo que está suspenso das
estruturas ósseas para formar uma estrutura de suporte
totalmente integrada. A fáscia onipresente não apenas reveste a
superfície externa de todas as estruturas diversas do corpo como
músculos, órgãos, nervos e vasos, formam também as matrizes
internas que sustentam essas estruturas e mantêm sua
integridade. (Paoletti, 2006, p. Xiii)
4- Fáscia é um tecido visco elástico ininterrupto que forma uma
matriz funcional de colágeno tridimensional. Envolve e penetra
todas as estruturas do corpo que se estendem da cabeça aos pés,
tornando difícil isolar e desenvolver a sua nomenclatura, sendo
virtualmente inseparável de todas as estruturas do corpo e atua
para criar continuidade entre os tecidos para melhorar suas
funções e o suporte. (Kumka e Bonar, 2012.
Finalmente o comitê se decidiu pela definição a seguir:
O sistema fascial consiste no contínuo tridimensional de tecidos
conectivos fibrosos flexíveis, colágeno, soltos e densos que
permeiam o corpo. Ele incorpora elementos como o tecido
adiposo, adventos e bainhas neurovasculares, aponeuroses,
fasciae profundas e superficiais, epineuro, cápsulas articulares,
ligamentos, membranas, meninges, expansões miofasciais,
periósteo, retináculos, septos, tendões, fasciae viscerais e todos

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tecidos conjuntivos intramusculares e intermusculares incluindo
endo-peri-epimísio.
O sistema fascial interpenetra e envolve todos os órgãos,
músculos, ossos e fibras nervosas, dotando o corpo de uma
estrutura funcional e proporcionando um ambiente que permite
que todos os sistemas corporais operem de forma integrada.

De acordo com Jean-Claude Guimberteau, perceber a fáscia


(tecido fibroso) como "uma rede fibrilar contínua em tensão"
permite compreender a fáscia e o corpo que a contém "de uma
nova maneira". No passado, ele explica, a pesquisa de anatomia
e cirurgia baseada em dissecação centrou-se principalmente na
identificação e descrição anatômica de partes fasciais distintas,
enquanto o uso de novas tecnologias de pesquisa, como a micro-
videografia endoscópica, o que revela a fáscia como uma "rede
fibrilar caótica", com uma estrutura arquitetônica poliédrica
dinamicamente mutável e fascinante.

Histologia do Sistema Fascial

A Fáscia é composta fundamentalmente de "tecidos conectivos


fibrosos, moles, colágenos, soltos e densos que permeiam (ou
seja, são espalhados por todo o corpo)". Esta parte da definição
é baseada no reconhecimento histológico estabelecido do tecido
conjuntivo como tipo de tecido básico, que é anatomicamente

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subdividido em três categorias de tecido conjuntivo
embrionário: mesênquima, tecido conjuntivo mucoso, tecido
conjuntivo propriamente dito (tecido conjuntivo solto e denso)
e tecido conjuntivo especializado (sangue, osso, cartilagem,
tecido adiposo, tecido hematopoiético, linfático) (Ross e
Pawlina, 2011). A partir desta perspectiva classificatória, a fáscia
é geralmente considerada como uma forma de tecido conjuntivo
propriamente dito, embora sua sub-identificação específica
como tecido conjuntivo solto e / ou "regularmente" ou
"irregularmente" tenha disposição no tecido conjuntivo denso,
mas que ainda não foi esclarecida. O uso desta definição dos
tecidos conjuntivos plurais reconhece que, em estudos
histológicos, o sistema fascial é constituído por vários tipos de
tecido conjuntivo, e não apenas um, por exemplo: areolar, denso
regular / irregular e adiposo.
Nos últimos anos, a especialização da histologia tem favorecido
cada vez mais o termo tecido conectivo e de suporte sobre o
tecido conjuntivo (Young et al., 2014, Programa Anatômico
Federativo sobre Terminologias Anatômicas [FAPAT] 2008). No
entanto, a definição proposta para o sistema fascial relaciona-se
com o termo tradicional, tecido conjuntivo, para permitir a
discussão sobre o papel do sistema fascial na transmissão da
força de tensão (em vez de apenas, como no passado,
principalmente estabilização das compressões mecânicas, para
a qual ossos e outros elementos são mais especializados) e

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também porque é assim que esse tipo de tecido é tipicamente
conhecido na comunidade da FRS e FRC.
A palavra suave distingue o tecido conjuntivo fascial da
cartilagem e do osso, embora ambos são formas de tecido
conjuntivo tangivelmente mais difíceis e diferentemente
especializadas. O termo tecido macio foi escolhido em vez de
outros (por exemplo, tecido fibroso, tecido conjuntivo
adequado, tecido de suporte macio), pois este é o termo
atualmente defendido na Terminologia Histológica (FAPAT,
2008).
Novamente, o termo colágeno que contém distingue
deliberadamente a fáscia do músculo, que é frequentemente
categorizado separadamente como outra forma "especializada"
de tecidos moles. Esta referência geral ao colágeno inclui
implicitamente os Tipos I e III, e deixa a porta aberta para
qualquer outro colágeno que possa (no futuro) se caracterizar
significativamente neste amplo grupo de tecidos.

Formação da Fáscia:

A fáscia é constituída de proteínas, tendo como sua principal


constituição o colágeno que é uma proteína produzida pelo
nosso organismo desde o nascimento e um dos mais
importantes para a manutenção dos blocos de sustentação dos
tecidos conjuntivos, responsável pela manutenção de sua
estruturação matricial e força. Porém, sua produção começa a
diminuir perto dos 28 anos de idade e, sobretudo, depois dos 35,

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diminui cerca de 1% ao ano. Aos 50 anos o organismo chega a
apenas 35% do colágeno necessário para executar sua principal
função, e começa a se utilizar do colágeno produzido até os 28
de idade de forma abundante, colágeno este que fica
armazenado. Esse processo leva à perda da elasticidade e
firmeza do conjuntivo em geral, essa proteína participa
ativamente da construção e constituição dos ossos, músculos,
cartilagens, cabelos e unhas, por isso os benefícios do colágeno
para a saúde são tão conhecidos. Aliás, o colágeno representa
cerca de 25% de toda proteína que existe em nosso corpo e, sua
função é dar sustentação às células, deixando-as firmes e juntas.
Tem papel importante para a saúde em geral da fáscia, sendo
seu principal componente proteico, fundamental para o
funcionamento de todo tecido conjuntivo fascial.

Os Tipos de Colágeno:

Colágeno hidrolisado: passa por um processo de hidrólise, ou


seja, é quebrado em partículas menores para ser absorvido mais
facilmente e ter melhor aproveitamento pelo organismo.
Colágeno tipo 2: é o mais abundante nas cartilagens
Pepto colágeno: é um colágeno altamente hidrolisado, que
chega aos peptídeos de colágeno (conjunto de aminoácidos), ou
seja, moléculas ainda menores e de mais fácil absorção. Diversos
estudos apontam que o colágeno na forma de peptídeos possui
benefícios potencializados.

Função Fascial:

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O fraseio do reconhecimento da definição de que o sistema
fascial "interpenetra e envolve todos os órgãos, músculos, ossos
e fibras nervosas" é copiado da definição amplamente utilizada
de FRAC de Findley e Schleip (2007), com seus conhecimentos e
permissão. É amplamente aceito que o sistema fascial também
pode preencher várias outras funções importantes no corpo e
incluindo (mas não limitado a) funções arquitetônicas /
estruturais, neurológicas, transmissão de força biomecânica,
morfogênese e transmissão de sinal celular (Schleip et al., 2012).
No entanto, no interesse da brevidade, a definição proposta do
sistema fascial não tenta identificar todas as funções atualmente
conhecidas da fáscia. Ele deliberadamente apenas alude a essas
várias e amplas funções de maneira geral, de modo que, em vez
disso, ele possa concentrar-se em seu objetivo de descrever o
que o sistema fascial é, por exemplo, identificar seus elementos
básicos (partes essenciais) - a partir de uma perspectiva
funcional. Uma vez que esta tarefa de descrição inicial é
realizada, outros podem decidir continuar a partir daqui e
começar a tarefa muito útil, embora possivelmente aberta, de
enumerar as funções atualmente conhecidas deste sistema
dentro de um corpo complexo.

Terminologias relacionadas à Fáscia: lentes diferentes para


diferentes fins

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Três nomenclaturas respectivas mais utilizadas foram
comparadas. A terminologia mais restritiva e precisa entre eles
é a "Terminologia Anatômica", proposta pelo Comitê Federativo
de Terminologia Anatômica (FCAT) em 1998. Sugere excluir a
denominada "fáscia de Scarpa" e "fáscia de Colle" (camadas de
tecido conjuntivo membranoso dentro da parede abdominal
anterior e peritônio), bem como todo o tecido conjuntivo
subcutâneo (entre a pele e a fáscia do músculo subjacente) a
partir de futuras descrições de "fáscia". Semelhante à
terminologia proposta no editorial da seção Fáscia da presente
edição da revista, o FCAT sugere restringir o termo "fáscia" a
folhas de tecido conjuntivo fibroso muito mais densas, tais como
envelopes musculares, septos intermusculares e periósteo e
excluindo muitos outros tecidos conjuntivos fibrosos (Wendell-
Smith, 1997). Embora tenha a lógica mais rigorosa e convincente
por trás disso, a nomenclatura FCAT falhou em termos de
implementação. O dialeto médico usado na medicina ou em
outras áreas da sociedade, (neste caso, estamos falando dos
pesquisadores da fáscia em específico) muitas vezes segue
diferentes dinâmicas de desenvolvimento do que aqueles que
chegaram através da lógica ou aqueles propostos pelos
especialistas atuais em um campo. Portanto, não é
surpreendente que a maioria das autoridades de livros didáticos
de inglês continuasse usando o termo "fáscia superficial" para
descrever os tecidos conectivos soltos subcutâneos (Platzer,
2008; Standring, 2008; Netter, 2011; Tank, 2012). Da mesma

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forma, a maioria dos livros de anatomia descritiva no mundo de
hoje continuaram a usar os termos 'Fáscia de Scarpa', Fáscia de
Colle e termos relacionados.
A segunda terminologia discutida nessa revisão é a utilizada na
última edição britânica do Anatomy’s Grey’s (Standring, 2008). A
nomenclatura deste livro de texto altamente considerado é
atualmente utilizada pelo maior número de autores médicos
quando comparada com qualquer outra nomenclatura
relacionada à fáscia. Ao excluir a aponeurose e as camadas
intramusculares de perimísio e endomísio do reino da fáscia,
esta terminologia reconhece especificamente toda a gama de
tecido conjuntivo solto subcutâneo da derme à fáscia muscular
mais densa como "fáscia superficial".
A terceira nomenclatura mais comum usada hoje em relação à
fáscia é aquela, que foi proposta como base para o primeiro
Congresso Fascia Research (Findley e Schleip, 2007); isto foi
desenvolvido para os dois congressos seguintes (Huijing e
Langevin, 2009). O termo fáscia aqui inclui todos os tecidos
colágenos fibrosos cuja arquitetura é formada principalmente
pelo carregamento tensional (em contraste com um
carregamento de compressão localmente dominante) e que
pode ser visto como tendo parte em uma rede de transmissão
de força tensional em todo o corpo. A rede fascial completa
abrange não só folhas de tecido colágeno denso (como
envelopes musculares, septos, cápsulas articulares, cápsulas de

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órgãos e retináculos), que também podem ser chamados de
"fáscia adequada".
Em vez disso, também inclui densificações locais desta rede sob
a forma de tendões e ligamentos. Além disso, inclui tecidos
conectivos colágenos mais suaves, como a fáscia superficial
(como na Anatomia de Grey) e a camada intramuscular mais
interna do endomísio. Note-se que os tecidos conjuntivos com
uma morfologia que se adapta principalmente ao carregamento
compressional (como ossos, cartilagens ou o núcleo pulposo dos
discos) não são considerados como tecidos fasciais nesta
perspectiva.
Ao comparar essas três terminologias mais comuns, é evidente
que cada abordagem traz consigo grandes vantagens que a
tornam superior ao aplicar a terminologia relacionada dentro de
um contexto específico (Tabela 1). Por exemplo, a nomenclatura
do Anatomy’s Grey’s tende a ser mais aplicável quando se
comunica com profissionais médicos e acadêmicos cuja
compreensão semântica está principalmente enraizada na
terminologia britânica ou americana convencional. Da mesma
forma, a aplicação da nomenclatura FCAT oferece uma precisão
preditiva melhorada em termos de análise histológica. Ao olhar
através de um microscópio, é realmente útil colocar tecidos
conjuntivos areolares soltos em um recipiente linguístico
diferente do que as cápsulas articulares mais densas.
Por outro lado, ao investigar o papel dos tecidos conjuntivos na
cicatrização de feridas, ele funciona bem para incluir tipos de

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tecidos conjuntivos soltos e mais densos em uma análise comum
com base em suas propriedades funcionais compartilhadas (Hinz
et al., 2012). O mesmo se aplica à propriocepção e nocicepção
para os quais uma alta densidade de terminações nervosas foi
relatada nos tecidos conectivos soltos hipodérmicos (Willard et
al., 2012). A terminologia mais abrangente dos congressos sobre
fáscia funciona bem quando se olha a transmissão de força em
vários segmentos corporais. Esta terminologia mais nova
também pode ser mais útil para descrever a arquitetura
anatômica em torno das principais articulações, onde uma
divisão arbitrária de tecidos locais em cápsulas, ligamentos,
fáscia, tendões e aponeuroses muitas vezes parece bastante
pesada e tende a ignorar a continuidade do tecido local presente
nessas áreas.
Conforme descrito anteriormente (Schleip et al., 2012), as
disputas semânticas improdutivas podem ser evitadas ao se
referir a tecidos conjuntivos densos especializados (como
cápsulas ou aponeuroses) como sendo parte da "rede fascial",
em vez de insistir que eles são "apenas fáscia"; Enquanto o
termo "fáscia apropriada" serve bem para reconhecer que os
tecidos relacionados expressam mais claramente as
características descritas como fáscia em terminologias mais
restritivas, como a do FCAT e a Anatomy’s Grey’s.
Além de reconhecer um tecido específico como sendo parte da
rede fascial global ou não, também é útil, usar um dos doze
outros termos descritivos propostos por Huijing & Langevin no

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segundo Congresso Fascia Research (como "tecido conjuntivo
frouxo”,' perimísio 'ou' endomísio '); pelo menos sempre que um
desses termos pareça aplicável (Huijing e Langevin, 2009).
É verdade que os tecidos fasciais reconhecidos pela terminologia
dos congressos sobre fáscia são bastante congruentes com a
compreensão dos leigos sobre o termo "tecido conjuntivo". No
entanto, o uso adequado desse termo no campo da medicina
inclui ossos, cartilagens e até mesmo sangue, todos os quais são
derivados do mesênquima embrionário. Os clínicos que se
referem ao tecido conjuntivo também devem saber que a
"pesquisa do tecido conjuntivo" é um campo científico muito
bem estabelecido, que inclui vários órgãos internacionais de
pesquisa e conferências científicas regulares, bem como o
periódico 'Connective Tissue Research' que está incluído no
índice Medline (Com mais de 170 questões publicadas desde
1972). Embora a grande maioria dos tópicos explorados neste
campo científico compartilhe muito pouco em comum com o
campo atual da pesquisa da fáscia, seria desrespeitoso e, se não
impossível e, sequestrar e torcer este campo científico
estabelecido em uma direção orientada a fáscia, que
principalmente olha para comportamento tecidual e
sensibilidade mecânica e sensorial durante intervenções de
terapia manual e de movimento, ou transmissão miofascial em
várias articulações.
A diversidade das terminologias existentes reflete não só a
arquitetura complexa da própria rede fascial, como também

Assoalho Pélvico – Janaína Cintas – 2019 25


reflete a rica diversidade de profissionais que trabalham em
diferentes campos que compartilham um interesse nesse tecido
fascinante. Em vez de usar um bisturi afiado para distinguir entre
o certo e o errado, recomendamos exercitar a capacidade de
entender e respeitar as vantagens específicas das terminologias
relacionadas. Cada uma das três terminologias descritas, se
apropriadamente aplicada, permite reconhecer as
continuidades e distinções dos tecidos através de uma lente
especialmente focada; sendo cada lente mais apropriada para
um campo específico de aplicação e perspectiva, sendo menos
apropriada para outras tarefas. Para mais detalhes sobre este
tema, encaminhamos o leitor para a extensa revisão acima
mencionada (Schleip et al., 2012).

Tabela 1
Comparação das três nomenclaturas mais comuns relacionadas
à fáscia. As vantagens e desvantagens relativas de cada sistema
estão listadas. FCAT: Comitê Federativo de Terminologia
Anatomy’s Grey’s: edição britânica mais recente da Anatomy’s
Grey’s, FRC: Congresso Sobre Pesquisas da Fáscia.
FCAT Gray’s FRC
1998 2008 2012
Histologia ++ + -
Transmissão de força - - ++
Reparação Tecidual - + ++
Propriocepção e nocicepção - + ++

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Comunicação com profissionais + ++ -
médicos familiarizados com
anatomia convencional
Comunicação com instrutores de - + ++
movimentos orientados a
incorporação (ioga, alongamento,
Pilates, dança.)
Tabela de Schleip et al., 2012.

Treinamentos Fasciais:

O treinamento de esportes convencionais enfatiza o


treinamento adequado de fibras musculares, de
condicionamento cardiovascular e / ou coordenação
neuromuscular. A maioria das lesões de sobrecarga desportivas,
no entanto, ocorrem dentro de elementos da rede fascial do
corpo, que são então carregados além da capacidade preparada.
Esta rede tensional de tecidos fibrosos inclui folhas densas, como
envelopes musculares, aponeuroses, bem como adaptações
locais específicas, como ligamentos ou tendões. Os fibroblastos
continuamente, mas lentamente, adaptam a morfologia desses
tecidos a estimulações de carga desafiadoras aplicadas
repetidamente. Os princípios de uma abordagem de
treinamento orientada para fáscia são introduzidos. Estes
incluem a utilização de retrocessos elásticos, contra movimentos
preparatórios, alongamento lento e dinâmico, bem como

Assoalho Pélvico – Janaína Cintas – 2019 27


práticas de reidratação e refinamento proprioceptivo. Esse
treinamento deve ser praticado uma ou duas vezes por semana,
de modo a produzir um terno de corpo fascial mais resiliente
dentro de um período de 6 a 24 meses. Sempre que um jogador
de futebol não é capaz de tomar o campo devido a uma dor
recorrente no joelho; uma estrela de tênis desiste cedo de uma
partida devido a problemas de ombro; ou um velocista coxeia
por toda a linha de chegada com um tendão rasgado de Aquiles,
o problema muitas vezes não é nem na musculatura nem no
esqueleto. Em vez disso, é a estrutura do tecido conjuntivo e
ligamentos, tendões, cápsulas articulares, etc. e que podem ter
sido carregados além da capacidade preparada (Renstro¨m e
Johnson, 1985; Hyman e Rodeo, 2000; Counsel e Breidahl, 2010).
A Fáscia foi descrita como uma rede de tensão de todo o corpo,
que consiste em todos os tecidos conectivos moles colágenos e
fibrosos, cuja arquitetura fibrosa é predominantemente
moldada por tensão tensional em vez de compressão.
Essa rede contínua envolve e conecta todos os músculos e
órgãos. Os elementos desta rede fibrosa incluem envelopes
musculares, cápsulas articulares, septos, tecidos conectivos
intramusculares, retináculos, aponeuroses, bem como
especificações locais mais densas, como ligamentos e tendões.
Embora em algumas áreas seja possível uma distinção local de
diferentes elementos de tecido (como aponeuroses, ligamentos,
etc.), muitas áreas como as que estão próximas das principais
articulações consistem em transições graduais entre diferentes

Assoalho Pélvico – Janaína Cintas – 2019 28


arquiteturas de tecido em que uma distinção clara aparece
frequentemente como arbitrária e enganosa (Schleip et al.,
2012b).
A terminologia anatômica anterior geralmente restringia o
termo fáscia à folhas densas de tecidos conectivos com
arquitetura de fibra similar a uma rede ou aparentemente
irregular. Em contraste, a terminologia mais abrangente e
inovadora proposta pela série de congressos internacionais de
pesquisa de fáscia continua a honrar esse uso, referindo-se a
esses tecidos como "fáscia adequada", mas que ao mesmo
tempo permite que outros tecidos conjuntivos mencionados
acima sejam incluídos como elementos de uma "rede fascial" de
todo o corpo para a transmissão de deformação tensional multi-
articular (Findley et al., 2007; Huijing et al., 2009; Chaitow et al.,
2012) (Fig. 1). É importante entender que a arquitetura local
desta rede se adapta à história específica das demandas
anteriores de carga de deformação (Blechschmidt, 1978;
Chaitow, 1988).

Assoalho Pélvico – Janaína Cintas – 2019 29


Figura 1

Diferentes tecidos conjuntivos considerados aqui como tecidos


fasciais. Os tecidos faciais diferem em termos de densidade e
alinhamento direcional das fibras de colágeno. Por exemplo, a
fáscia superficial é caracterizada por uma densidade solta e
principalmente por alinhamento de fibras multidirecional ou
irregular; enquanto nos tendões ou ligamentos mais densos as
fibras são principalmente unidirecionais. Note-se que a fáscia
intramuscular, septo, perimísio e endomísio, podem expressar
diferentes graus de direcionalidade e densidade. O mesmo é

Assoalho Pélvico – Janaína Cintas – 2019 30


verdade e, embora em muito maior grau e para a fáscia visceral
(incluindo tecidos moles como o omentum majus e folhas mais
duras como o pericárdio). Dependendo do histórico de
carregamento local, fáscia adequada pode expressar um arranjo
bidirecional ou multidirecional. Conforme indicado, existem
áreas substanciais sobreposições em que uma categoria de
tecido transparente será difícil ou arbitrária. Não se mostra aqui
retináculos e cápsulas articulares, cujas propriedades locais
podem variar entre as de ligamentos, aponeuroses e fáscia
apropriada.

Um treinamento focado desta rede fascial poderia ser de grande


importância para os atletas, dançarinos e outros defensores do
movimento. Se o corpo fascial for bem treinado, isto é,
otimamente elástico e resiliente, pode-se confiar para que ele
desempenhe efetivamente e ao mesmo tempo oferecer um alto
grau de prevenção de lesões (Kjaer et al., 2009). Até
recentemente, a maior parte da ênfase no esporte se
concentrou na tríade clássica da força muscular,
condicionamento cardiovascular e coordenação neuromuscular
(Jenkins, 2005). Algumas atividades de treinamento físico
alternativas, como Pilates, Yoga, Movimento contínuo e artes
marciais, já estão levando conta da rede de tecidos conjuntivos.
Aqui, a importância da fáscia é muitas vezes discutida
especificamente, embora as ideias modernas no campo da
pesquisa da fáscia não tenham sido especificamente incluídas.

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Por conseguinte, sugere-se que, para construir uma rede de
órgãos fasciais resistentes a lesões e elásticos, é imprescindível
traduzir os conhecimentos atuais do campo em
desenvolvimento dinâmico da pesquisa da fáscia em programas
de treinamento prático. A intenção é encorajar fisioterapeutas,
instrutores esportivos e outros professores de movimento a
incorporar os princípios apresentados aqui e aplicá-los ao seu
contexto específico.
A seguir, apresentam-se alguns fundamentos básicos
biomecânicos e neurofisiológicos para uma abordagem de
treinamento orientada à fáscia, seguidas de sugestões para
algumas aplicações práticas.

Fundamentos Básicos:

Remodelação Fascial
Uma característica reconhecida do tecido conjuntivo é a sua
impressionante adaptabilidade: quando regularmente
colocados sob uma tensão crescente ainda fisiológica, os
fibroblastos inerentes ajustam sua atividade de remodelação da
matriz de modo que a arquitetura do tecido atenda melhor a
demanda. Por exemplo, através da nossa locomoção bípede
diária, a fáscia no lado lateral da coxa desenvolve uma firmeza
mais palpável que no lado medial. Esta diferença na rigidez do
tecido dificilmente é encontrada nos pacientes com cadeira de
rodas. Se nós preferíssemos gastar a maior parte de nossa

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locomoção com nossas pernas sobre um cavalo, então
aconteceria o contrário, ou seja, depois de alguns meses a fáscia
no lado interno das pernas se tornaria mais desenvolvida e forte
(El-Labban et Al., 1993).
As variadas capacidades dos tecidos conectivos colágenos
fibrosos permitem que estes materiais se adaptem
continuamente às cepas regulares mais desafiadoras,
particularmente em relação às mudanças de comprimento, força
e capacidade de cortar. Não só a densidade das mudanças
ósseas, por exemplo, como acontece com os astronautas que
passam o tempo em gravidade zero, onde os ossos tornam-se
mais porosos (Ingber, 2008); os tecidos fasciais também reagem
aos seus padrões de carregamento dominantes. Com a ajuda dos
fibroblastos, eles reagem a deformação do tecido lentamente,
constantemente à tensão diária, bem como a treinamento
específico, remodelando constantemente a disposição de sua
rede de fibra colágena (Kjaer et al., 2009). Por exemplo, com
cada ano que passa, metade das fibrilas de colágeno são
substituídas em um corpo saudável (Neuberger e Slack, 1953). A
extrapolação dessas dinâmicas de renovação exponencialmente
predispostas prevê uma substituição esperada de 30% de fibras
de colágeno no prazo de 6 meses e de 75% em dois anos.
Curiosamente, os tecidos fasciais dos jovens mostram
ondulações mais fortes e chamados de crimpagem - dentro das
suas fibras de colágeno, remanescentes de molas elásticas,
enquanto em pessoas mais velhas as fibras aparecem como

Assoalho Pélvico – Janaína Cintas – 2019 33


bastante achatadas (Staubesand et al., 1997). A pesquisa
confirmou a suposição anteriormente otimista de que o
exercício apropriado se aplicado regularmente pode induzir uma
arquitetura de colágeno mais jovem, o que mostra um arranjo
de fibras mais onduladas (Wood et al., 1988; Jarniven et al.,
2002) e que também expressa uma capacidade de
armazenamento elástica aumentada significativa (Fig. 2) (Reeves
et al., 2006; Witvrouw et al., 2007).
No entanto, um estudo de exercício controlado com um grupo
de mulheres seniores que utilizam contrações de baixa
velocidade e baixa carga demonstrou apenas um aumento na
força e volume musculares; no entanto, não conseguiu produzir
qualquer alteração na capacidade de armazenamento elástico
das estruturas colágenas (Kubo et al., 2003). Embora a última
resposta possivelmente possa estar também relacionada às
diferenças de idade. Estudos mais recentes de Arampatzis et al.
(2010) confirmaram que, para produzir efeitos de adaptação nos
tendões humanos, a magnitude da tensão aplicada deve exceder
o valor que ocorre durante as atividades habituais. Esses estudos
fornecem evidências da existência de um limiar ou ponto de
ajuste na magnitude da deformação aplicada na qual a
transdução do estímulo mecânico influencia a homeostase
tensional dos tendões (Arampatzis et al., 2007).

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O Mecanismo de Catapulta: recuo elástico de tecidos fasciais
Os cangurus podem pular muito mais do que podem ser
explicados pela força da contração dos músculos das pernas. Sob
um exame mais minucioso, os cientistas descobriram o chamado
"mecanismo de catapulta" (Kram e Dawson, 1998). Aqui, os
tendões e a fáscia dos membros inferiores são tensionados como
elásticos de borracha. O lançamento desta energia armazenada
é o que torna possíveis os saltos surpreendentes. As gazelas
utilizam o mesmo mecanismo catapulta. Esses animais também
são capazes de saltar impressionantemente e correr, embora
sua musculatura não seja especialmente poderosa. Pelo
contrário, as gazelas são geralmente consideradas bastante
delicadas, tornando ainda mais interessante a facilidade elástica
de seus incríveis saltos.

Figura 2

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Maior capacidade de armazenamento elástico. O exercício
oscilatório regular, como a corrida rápida diária, induz uma
maior capacidade de armazenamento nos tecidos tendinosos
dos ratos, em comparação com seus pares não corredores. Isso
é expresso em um movimento de retrocesso semelhante a uma
mola, como mostrado à esquerda. A área entre as respectivas
curvas de carga versus descarga.

A possibilidade de exame de ultrassom de alta resolução


possibilitou a descoberta de orquestração semelhante de carga
entre músculo e fáscia no movimento humano.
Surpreendentemente, descobriu-se que as fáscias dos humanos
têm uma capacidade de armazenamento cinética semelhante à
dos cangurus e das gazelas (Sawicki et al., 2009). Isso não é
apenas usado para pular ou correr, mas também em uma
caminhada simples, uma parte significativa da energia do
movimento vem da mesma elasticidade descrita acima. Esta
nova descoberta levou a uma revisão ativa de princípios
longamente aceitos no campo da ciência do movimento.
No passado, assumiu-se que, em um movimento articular
muscular, os músculos esqueléticos envolvidos diminuem e esta
energia passa por tendões passivos, o que resulta no movimento
da articulação. Esta forma clássica de transferência de energia
ainda é verdadeira e de acordo com essas medidas recentes e
para movimentos estáveis, como o ciclismo. Aqui, as fibras
musculares mudam ativamente de comprimento, enquanto os

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tendões e aponeuroses pouco crescem. Os elementos fasciais
permanecem bastante passivos. Isso contrasta com o
movimento oscilatório com uma qualidade de mola elástica, em
que o comprimento das fibras musculares muda pouco. Aqui, as
fibras musculares se contraem de forma quase isométrica (elas
se endurecem temporariamente sem qualquer alteração
significativa de seu comprimento), enquanto os elementos
fasciais funcionam de forma elástica sem movimento. É esse
alongamento e encurtamento dos elementos fasciais que
principalmente "produzem" o movimento real (Fukunaga et al.,
2002; Kawakami et al., 2002).

Figura 3

Mudanças de comprimento de elementos fasciais e fibras


musculares no treinamento muscular convencional (A) e em
movimento oscilatório com propriedades elásticas de recuo (B).

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Os elementos tendinosos elásticos (ou fascial) são mostrados
como molas, as miofibras como linhas retas acima. Note-se que
durante um movimento convencional (A) os elementos fasciais
não alteram significativamente o seu comprimento enquanto as
fibras musculares mudam claramente o seu comprimento.
Durante movimentos como pular ou saltar, no entanto, as fibras
musculares se contraem quase de forma isométrica, enquanto
os elementos fasciais se alongam e encurtam como um elo
elástico. Ilustração adaptada de Kawakami et al. (2002).

É interessante que a qualidade do movimento elástico em jovens


esteja associada a um arranjo tipicamente bidirecional de sua
fáscia, semelhante à meia de uma mulher (Staubesand et al.,
1997). Em contraste, à medida que envelhecemos e geralmente
perdemos a elasticidade em nossa marcha, a arquitetura fascial
assume um arranjo de fibras mais aleatório e multidirecional.
Experimentos em animais também mostraram que a falta de
movimento promove rapidamente o desenvolvimento de
reticências adicionais nos tecidos fasciais. As fibras perdem a
elasticidade e não se deslizam uma contra a outra como antes;
Em vez disso, elas ficam presas e formam adesões teciduais, e
nos piores casos elas realmente se tornam emaranhados juntos
(Fig. 4) (Jarvinen et al., 2002). O objetivo do treinamento fascial
proposto é, portanto, estimular os fibroblastos fasciais a
estabelecer uma arquitetura de fibra mais jovem com uma
capacidade de armazenamento elástica semelhante a uma

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gazela. Isso é feito através de movimentos que carregam os
tecidos fasciais em várias extensões enquanto utilizam a
elasticidade elástica (Fukashiro et al., 2006).

Figura 4

A arquitetura do colágeno responde ao carregamento. Fáscia e


dos jovens (imagem à esquerda) expressa mais frequentemente
uma clara orientação da sua rede de fibra de colágeno. Além
disso, as fibras de colágeno individuais mostram uma formação
de crimpagem mais forte. Conforme evidenciado por estudos em
animais, a aplicação de exercícios apropriados pode induzir uma
arquitetura alterada com maior ondulação. A falta de exercício,
por outro lado, demonstrou induzir uma rede de fibra

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multidirecional e uma formação de crimpagem reduzida
(imagem direita).

Estiramento e Variações para a Saúde Miofascial:

Normalmente, os métodos de alongamento estático lento são


distinguidos dos alongamentos dinâmicos rápidos. O
alongamento dinâmico pode ser familiar para muitas pessoas,
pois fazia parte do treinamento físico no início e meio do século
passado. Durante as últimas duas ou três décadas, esse
alongamento "saltando" foi então assumido pela maioria dos
profissionais de educação física como menos benéficos, mas os
méritos do método foram confirmados em pesquisas recentes.
Embora esticar imediatamente antes da competição pode ser
contraproducente, parece que o uso prolongado e regular de tal
alongamento dinâmico pode influenciar positivamente a
arquitetura do tecido conjuntivo na medida em que ele se torna
mais elástico quando executado corretamente (Decoster et al.,
2005). Na verdade, quando praticados regularmente, o
alongamento estático e dinâmico mostrou produzir melhorias de
longo prazo em vigor, altura de salto e velocidade (Shrier, 2004).
Diferentes estilos de alongamento parecem atingir diferentes
componentes do tecido fascial. FIG. 5 ilustra alguns desses
diferentes tecidos alvo afetados por vários regimes de carga. O
treinamento clássico de peso carrega o músculo em sua
amplitude de movimento normal, fortalecendo assim os tecidos

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fasciais, que estão dispostos em série com as fibras musculares
ativas. Além disso, as fibras transversais em todo o envelope
muscular são esticadas e estimuladas também. No entanto,
pode-se esperar um pequeno efeito nas fasciae
extramusculares, bem como nas fibras fasciais intramusculares
dispostas em paralelo com as fibras musculares ativas (Huijing,
1999).

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Figura 5

Carregamento de diferentes componentes fasciais. A) Posição


relaxada: as miofibras são relaxadas e o músculo está no
comprimento normal. Nenhum dos elementos fasciais está
sendo esticado. B) Trabalho muscular habitual: miofibras
contraídas e músculos no intervalo de comprimento normal. São
solicitadas fibras fasciais que estão dispostos em série com as
miofibras ou transversais a eles. C) Alongamento clássico:
miofibras relaxadas e alongadas muscularmente. Os lenços
faciais estão sendo esticados e orientados paralelamente às
miofibras, bem como a conexão extramuscular. No entanto, os
tecidos fasciais orientados em série com as miofibras não são
suficientemente carregados, uma vez que a maior parte do
alongamento naquela cadeia de força disposta em série é
ocupada pelas miofibras relaxadas. D) Alongamento carregado
ativamente: músculo ativo e carregado no alcance final longo. A
maioria dos componentes fasciais estão sendo esticados e
estimulados nesse padrão de carregamento. Note-se que
existem várias misturas e combinações entre os quatro
componentes fasciais diferentes. Esta abstração simplificada
serve, portanto, apenas como uma orientação básica.
Por outro lado, os trechos clássicos de Hatha yoga, nos quais as
fibras musculares estendidas são relaxadas, mostrarão pouco
efeito sobre os tecidos fasciais, que estão dispostos em série
com as fibras musculares. A razão é que, uma vez que as

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miofibras descontraídas são muito mais suaves do que suas
extensões tendinosas dispostas em série, elas "engolirão" a
maior parte do alongamento (Jami, 1992). No entanto, esse
alongamento lento e derretido promete proporcionar uma boa
estimulação para os tecidos fasciais, que são dificilmente
alcançados pelo treinamento muscular clássico, como a fáscia
extramuscular e as fascias intramusculares, orientadas em
paralelo às miofibras.
Finalmente, um padrão de carregamento muscular dinâmico em
que o músculo é ativado brevemente em sua posição prolongada
promete a estimulação mais abrangente dos tecidos fasciais.
De acordo com exames recentes da síntese de colágeno em
tendões carregados ciclicamente, o aumento resultante da
produção de colágeno tende a ser amplo independente do
volume de exercícios (repetições); O que significa que apenas
algumas repetições são necessárias para produzir um bom efeito
(Magnusson et al., 2010). O treinamento de fáscia proposto,
portanto, recomenda rebotes elásticos macios nas faixas finais
do movimento disponível.
Além disso, recomenda-se a variação entre diferentes estilos de
estiramento, incluindo alongamentos passivos lentos em
diferentes ângulos, bem como trechos mais dinâmicos, para
promover a facilidade de cisalhamento fácil entre camadas
fasciais fisiologicamente distintas e para evitar a tendência de
alcance de movimento limitado que geralmente acompanha
envelhecimento (Beam et al., 2003).

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Hidratação e Renovação:

É essencial perceber que cerca de dois terços do volume de


tecidos fasciais é constituído por água. Durante a aplicação da
carga mecânica - seja de forma esticada ou através de
compressão local - uma quantidade significativa de água é
expulsa das zonas mais estressadas, semelhante à espremendo
uma esponja (Schleip et al., 2012a). Com o lançamento que se
segue, esta área é novamente preenchida com novo fluido, que
vem do tecido circundante, bem como a rede vascular local,
porém, em alguns locais mais estressados do tecido conjuntivo,
pode acontecer de haver falta de hidratação. A aplicação do
carregamento externo aos tecidos fasciais pode resultar em uma
hidratação atualizada desses lugares no corpo (Chaitow, 2009).
Muitas patologias - como condições inflamatórias, edema ou o
aumento de acúmulo de radicais livres e outros produtos de
resíduos, tende a acompanhar uma mudança para uma maior
porcentagem de água em massa dentro da substância moída. As
indicações recentes de Sommer e Zhu (2008) sugerem que
quando o tecido conjuntivo local é espremido como uma
esponja e subsequentemente reidratado, algumas das
anteriores zonas de água em massa podem então ser
substituídas por moléculas de água ligadas, o que poderia levar
a uma hidratação mais saudável para a fáscia.

Fáscia como Órgão Sensorial:

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Fáscia contém um rico suprimento de nervos sensoriais,
incluindo receptores proprioceptivos, receptores multimodais e
terminações nervosas nociceptivas. Alguns tecidos fasciais,
como os retináculos, contêm uma inervação sensorial mais rica
do que outras. Esses tecidos que foram encontrados para conter
um fornecimento mais rico, parecem poder detectar pequenas
mudanças de direção angular no carregamento mecânico,
enquanto que os tecidos menos densamente inervados, como o
lacertus fibrosus (aponeurose bicipital) que por ter menos
inervação, responde mais a uma solicitação mecânica. (Stecco et
al., 2007, 2008). Ao incluir os tecidos conjuntivos
intramusculares, o periósteo e a fáscia superficial como parte da
rede fascial do corpo largo como descrito acima, a fáscia pode
então ser vista como um dos nossos órgãos sensoriais mais ricos.
É certamente nosso órgão mais importante para a
propriocepção (Schleip, 2003).
É interessante notar que, durante a última década, os
"receptores articulares" clássicos localizados em cápsulas
articulares e ligamentos, têm demonstrado ser de menor
importância para a propriocepção normal, uma vez que
geralmente são estimulados apenas em intervalos extremos e
não durante movimentos fisiológicos (Lu et al., 2005; Proske e
Gandevia, 2009; Ianuzzi et al., 2011). Pelo contrário, as
terminações nervosas proprioceptivas localizadas nas camadas
mais superficiais estão mais otimamente situadas, pois aqui

Assoalho Pélvico – Janaína Cintas – 2019 46


mesmo pequenos movimentos da articulação angular levam a
movimentos de estiramento ou cisalhamento relativamente
distintos. Os achados recentes indicam que as camadas fasciais
superficiais do corpo são, de fato, muito mais densamente
povoadas com terminações nervosas sensoriais do que os
tecidos conjuntivos situados mais internamente (Benetazzo et
al., 2011; Tesarz et al., 2011). Em particular, a zona de transição
entre a fáscia profunda e o tecido conjuntivo solto subdérmico,
parece ter a maior inervação sensorial (Tesarz et al., 2011). Esta
parece ser também a zona em que grandes movimentos de
deslizamento ou cisalhamento entre as camadas fasciais
parecem ocorrer durante movimentos extensivos multi-
articulares, desde que não existam adesões patológicas nesta
zona de transição (Goats e Keir, 1991).
Uma relação mutuamente antagônica entre dor miofascial e
propriocepção frequentemente foi descrita. Expressões disso
são a propriocepção local significativamente diminuída na dor
lombar (Taimela et al., 1999) ou a diminuição do limiar de dor
quando os nervos proprioceptivos são bloqueados
experimentalmente (Lambertz et al., 2006). Além disso, foi
mostrado por Moseley et al. (2008) que um aumento na
propriocepção local pode diminuir significativamente a dor
miofascial. Muito provavelmente, a relação mutuamente
inibidora entre a dor nos tecidos moles e a propriocepção fascial
é facilitada através dos neurônios de dor ampla dinâmica (WDR)
no corno dorsal da medula espinhal (Sandkuehler et al., 1997).

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Curiosamente, a pesquisa de Moseley et al. (2008) também
indicou que a entrada aferente periférica induzida terapêutica
deve ser acompanhada por uma atenção consciente do paciente
para produzir um efeito antinociceptivo de longo prazo.

Princípios de Treinamento:

As seguintes orientações práticas são aplicações sugeridas com


base nessas considerações biomecânicas e neurofisiológicas
gerais. Note-se que, dado as limitações básicas da anatomia
humana e a longa e diversa história das explorações do
movimento humano, nenhum dos movimentos sugeridos será
completamente "novo". Na verdade, descobriu-se que muitos
aspectos das práticas de movimento conhecidas - como ginástica
rítmica, dança moderna, pliometria, gyrokinesis, chi corrida,
yoga, Pilates ou artes marciais, apenas para citar alguns e conter
elementos que são muito congruentes com as sugestões a
seguir. No entanto, essas práticas muitas vezes foram inspiradas
por uma busca intuitiva de elegância, prazer e beleza, e / ou
muitas vezes foram ligadas a conceitos de explicação teórica não
relacionados à fáscia. O novo aspecto da abordagem proposta é,
portanto, desenvolver seletivamente as sugestões de
treinamento, que visam especificamente uma renovação ótima
da rede fascial (em vez de, por exemplo, tecidos musculares ou
condicionamento cardiovascular) e que estão diretamente

Assoalho Pélvico – Janaína Cintas – 2019 48


ligados aos pontos de vista específicos acima delimitados do
campo de pesquisa da fascia em rápido crescimento.

Contra-movimento Preparatório:

Este princípio de movimento utiliza o efeito de catapulta dos


tecidos fasciais. Antes que o movimento aconteça no sentido da
flexão, por exemplo, deve-se fazer uma ligeira pré-tensão no
sentido da extensão, ou seja, na direção oposta. Isto é
comparável com o uso de um arco para disparar uma flecha;
Assim como o arco deve ter tensão suficiente para que a flecha
alcance seu objetivo, a fáscia torna-se ativamente pré-
tensionada na direção oposta. Em um exercício de amostra
chamado 'espada voadora', a pretensão é alcançada porque o
eixo do corpo é inclinado ligeiramente para trás por um breve
momento, enquanto ao mesmo tempo há um alongamento para
cima (Fig. 6). Isso aumenta a tensão elástica no terno do corpo
fascial e, como resultado, permite que a parte superior do corpo
e os braços se movam para frente e para baixo como uma
catapulta à medida que o peso é deslocado na direção desta.
O contrário é verdadeiro para endireitar e ativar a capacidade de
catapulta da fáscia através de uma pretensão ativa da fáscia das
costas. Ao balançar para trás e para cima a partir de uma posição
de flexão para frente, os músculos flexores na parte frontal do
corpo são primeiro ativados brevemente. Isso puxa
momentaneamente o corpo ainda mais para a frente e para

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baixo e, ao mesmo tempo, a fáscia posterior é carregada com
maior tensão. A energia cinética que é armazenada no lado
posterior da rede fascial é liberada dinamicamente através de
um efeito de retrocesso passivo, pois a parte superior do corpo
volta para a posição original. Para ter certeza de que o indivíduo
não está confiando no trabalho muscular de seus músculos das
costas, mas sim na ação de retrocesso dinâmico da fáscia, requer
um foco no tempo e muito parecido com o que se joga com um
hebraico ou um pêndulo elástico oscilante. É necessário
determinar o balanço ideal, que é aparente quando a ação é
percebida como fluida e prazerosa.

Figura 6
Exemplo de treinamento: A espada voadora A) Tensão do arco:
O contra movimento preparatório (pré-estiramento) inicia a

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mola elasticamente dinâmica em uma direção anterior e inferior.
Pesos livres também podem ser usados. B) Para retornar a uma
posição vertical, a "fáscia traseira catapultante" é carregada à
medida que a parte superior do corpo é saltada brevemente
dinamicamente para baixo, seguida de um balanço elástico de
volta. A atenção da pessoa que faz o exercício deve estar no
tempo ideal e na calibração do movimento para criar o melhor
movimento possível.

O princípio Ninja
Os lendários guerreiros japoneses que se mudaram tão
silenciosamente quanto os gatos e não deixaram vestígios,
inspiraram esse princípio. Ao realizar movimentos como saltar,
correr e dançar, é necessário prestar atenção especial para
executar o movimento de forma suave (smoothly and softly)
possível. Uma mudança de direção é precedida por uma
desaceleração gradual do movimento antes do término e uma
aceleração gradual depois, cada movimento flui do último; (fase
sem sentido) por conseguinte, devem ser evitados movimentos
estranhos ou irregulares (Fig. 7). Isso acompanha a percepção de
uma qualidade de movimento suave e "elegante". Como uma
analogia inspiradora para o paciente mais incorporado, pode-se
referir à forma como um gato se move enquanto se prepara para
pular. O felino primeiro envia um impulso condensado através
de suas patas para acelerar suavemente e silenciosamente
aterrando com precisão (Fig. 8).

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Figura 7 Figura 8

Figura 7
Formas de movimento durante as voltas de direção bruscas
versus elegantes. Quando as voltas direcionais (como mover um
membro para frente e para trás) são realizadas sem refinamento
proprioceptivo, eles tendem a incluir as voltas súbitas nas quais
os tecidos são frequentemente propensos a feridas devido ao
padrão de carregamento abrupto (acima). Em contraste, quando
os mesmos movimentos são conduzidos com uma busca interna
de elegância, pode-se observar uma mudança de movimento
mais sinusoidal, caracterizada por desaceleração gradual antes
do ponto de viragem e uma aceleração gradual subsequente.
Neste padrão, os tecidos carregados são menos propensos a

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lesões, os movimentos aparecem como mais graciosos, e
também é criado um ruído acústico menor (por exemplo,
durante os movimentos de rebote).

Figura 8
Exemplo de treinamento: rebocos de parede elástica. Imitando
os rebotes elásticos dos movimentos de saltos macios de uma
gazela é explorado em pé e saltando de uma parede. A pretensão
adequada em todo o corpo evita qualquer colapso em uma
"postura de banana". É imperativo fazer a menor quantidade de
som e evitar qualquer movimento abrupto. Uma progressão
para novos aumentos de carga pode ocorrer apenas com o
domínio dessas qualidades. Indivíduos mais fortes podem
eventualmente explorar, por exemplo, saltando uma mesa ou
uma janela em vez de uma parede. A pessoa mostrada ainda não
deve ser autorizada a avançar para cargas mais elevadas, pois
sua região do pescoço e dos ombros já apresenta uma ligeira
compressão.

Para pacientes mais tecnicamente orientados, o


desenvolvimento futuro de pequenos dispositivos de feedback
baseados em acelerômetro pode ser útil. As mudanças de
direção baseadas no princípio Ninja serão então caracterizadas
por uma forma de movimento mais sinusoidal, ao invés das
mudanças repentinas e bruscas da direção em uma pessoa que
se mova com menor elegância fluida e quem será mais provável

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para induzir lesões de tensão por sobrecarga durante estes
exercícios (Fig. 7). As escadas normais tornam-se equipamentos
de treinamento quando são usados adequadamente,
empregando um passo suave. A produção sugerida de "tão
pouco ruído quanto possível" fornece o feedback mais útil e
quanto mais o efeito de molas fascial é utilizado, mais silencioso
e mais suave será o processo. É claro que o uso de contatos de
pés plantares com os pés descalços ou descalços com o solo será
vantajoso para esse tipo de 'dança de escada'.

Alongamento Lento e Dinâmico


Ao invés de uma espera imóvel em uma posição de estiramento
estático, sugere-se um alongamento mais fluido. Recomenda-se
a utilização de modalidades de alongamento rápidas e rápidas,
mas fluidas. Antes de serem utilizados movimentos rápidos, os
tecidos miofasciais devem primeiro ser aquecidos e evitar
movimentos bruscos ou abruptos.
As longas cadeias miofasciais são o foco preferido ao fazer
alongamentos dinâmicos lentos. Em vez de esticar grupos
musculares isolados, o objetivo é encontrar movimentos
corporais que envolvam as cadeias miofasciais mais longas
possíveis (Myers, 1997). Isso não é feito por uma espera passiva,
como em um alongamento clássico Hatha yoga pose, ou em um
alongamento muscular convencional isolado. Movimentos
multidirecionais, com pequenas mudanças de ângulo são
utilizados; Isso pode incluir variações de movimento lateral ou

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diagonal, bem como rotações em espiral. Com este método,
grandes áreas da rede fascial são simultaneamente envolvidas
(Fig. 9).

Figura 9

Exemplo de treinamento: The Big Cat Stretch. A) Este é um


movimento de alongamento lento, desde as pontas dos dedos
até os ossos sentados do cóccix ao topo da cabeça e aos
calcanhares. O movimento vai em direções opostas (pense em
um gato espreguiçando-se e alongando o seu corpo inteiro).
Alterando ligeiramente o ângulo, diferentes aspectos da rede
fascial são abordados com movimentos lentos e estáveis. B) No
próximo passo um gira e alonga a pelve ou o peito em direção a
um lado (aqui mostrado com a pélvis começando a girar para a
direita). A intensidade do sentimento de estiramento nesse lado
todo do corpo é então gentilmente invertida. Depois, observe a
sensação de aumento de comprimento.

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Para estimular os tecidos tendinosos e aponeuróticos mais
colocados em série, recomenda-se movimentos de estiramento
com movimentos dinâmicos, semelhantes aos movimentos
extensivos elegantes e fluidos dos ginastas rítmicos. Os mesmos
tecidos também podem ser alvo de ativação muscular (por
exemplo, contra resistência) em uma posição prolongada,
semelhante a um gato que às vezes gosta de puxar suas garras
dianteiras em direção ao tronco ao se esticar. E, finalmente, os
chamados "mini-bounces" podem ser utilizados como
explorações suaves e brincalhonas na posição alongada de
alongamento.
O alongamento dinâmico e rápido pode ser combinado com um
contra movimento preparatório, conforme descrito
anteriormente. Por exemplo, ao esticar os flexores do quadril,
um breve movimento para trás pode ser introduzido antes de
alongar e alongar dinamicamente para a frente.

Refinamento Proprioceptivo
É essencial que a importância da propriocepção fascial seja
claramente explicada e enfatizada repetidamente durante o
processo de treinamento. Para uma motivação adequada,
devem ser utilizadas tanto explicações racionais como
componentes afetivos límbicos. Como exemplo, o caso de Ian
Waterman pode ser usado, um homem repetidamente
mencionado na literatura científica. Este homem impressionante
contraiu uma infecção viral aos 19 anos, o que resultou em uma

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chamada "neuropatia sensorial" abaixo do pescoço. Nesta
patologia rara, os nervos periféricos sensoriais, que fornecem ao
córtex somatomotor informações sobre os movimentos do
corpo, são destruídos, enquanto os nervos motores
permanecem completamente intactos. Isso significava que o Sr.
Waterman poderia se mover, mas não podia "sentir" seus
movimentos. Depois de algum tempo ele ficou virtualmente sem
vida. Somente com uma vontade de ferro e anos de prática, ele
finalmente conseguiu compensar essas sensações físicas
normais, uma capacidade comumente aceita. Ele o fez com um
controle consciente que depende principalmente do feedback
visual. Ele é atualmente a única pessoa conhecida com essa
aflição, que é capaz de ficar de pé sem ajuda, além de poder
caminhar (Cole, 1995).
A forma como o Waterman se move é semelhante à forma como
os pacientes com dor nas costas crônica se movem. Quando em
um lugar público, se as luzes se apagarem inesperadamente, ele
desajeitadamente cair no chão (veja documentário da BBC: O
homem que perdeu seu corpo, http: // bbc-horizon-1998-the-
man-who-lost-his -7812922.cooga. Net). Os movimentos de
elásticos, de balanço são possíveis para ele apenas com
mudanças óbvias e instáveis na direção. Quanto ao alongamento
dinâmico que faz parte do nosso treinamento fascial, ele
claramente não é capaz, pois ele não tem a propriocepção
necessária para uma boa coordenação.

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Congruentemente, no treinamento de fáscia proposto, um
refinamento perceptivo dos movimentos de cisalhamento,
deslizamento e tensão em membranas fasciais superficiais é
encorajado. Ao fazer isso, é importante limitar a função de
filtragem da formação reticular, pois pode restringir de forma
acentuada a transferência cortical de sensações de movimentos
que são repetitivos e que o cerebelo pode prever através de
antecipação de avanço (Schleip, 2003). Para evitar um
amortecimento tão sensorial, a ideia de experiências variadas e
criativas torna-se importante. Além dos alongamentos
dinâmicos lentos e rápidos observados acima, além de utilizar
propriedades de retrocesso elásticas, recomenda-se a inclusão
de elementos de "refinamento fascial", nas quais são
experimentadas diferentes qualidades de movimento, incluindo
variações de velocidade, micro- movimentos que podem até não
ser visíveis para um observador, bem como grandes
macromovimentos envolvendo todo o corpo. Para este fim,
pode não ser incomum colocar o corpo em posições
desconhecidas enquanto trabalha com a consciência da
gravidade, ou possivelmente através da exploração do peso de
um parceiro de treinamento.
Os "micro-movimentos" exploratórios com uma amplitude
abaixo de uma polegada (w2,5 cms.) podem ser incorporados
conforme descrito no trabalho do Movimento Contínuo de
Conrad (2007). Usando sensações de estiramento
proprioceptivos como orientação, pode ser possível que as

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adesões fasciais pós-operatórias ou outras possam ser
parcialmente afrouxadas pela utilização cuidadosa de tais micro-
movimentos quando realizados perto das posições de alcance
final disponíveis (Bove e Chapelle, 2012). Além disso, tais
movimentos locais minúsculos e específicos podem ser usados
para trazer atenção e refinamento proprioceptivo para áreas
perceptivamente negligenciadas do corpo cuja condição Hanna
(1998) descreveu com o termo "amnésia sensório-motora" (Fig.
10).

Figura 10

Exemplo de treinamento: Octopus Tentacle. Com a imagem de


um tentáculo de polvo em mente, uma multidão de movimentos
extensivos através de toda a perna é explorados em câmera
lenta. A propriocepção fascial tensional é ativada através de
mudanças criativas nos padrões de ativação muscular. Esta
função acompanha uma estimulação miofascial profunda que
visa alcançar não só os envelopes fasciais, mas também os

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septos entre os músculos. Ao evitar qualquer qualidade de
movimento brusco, a ação desses micro-movimentos
semelhantes a tentáculos leva a um sentimento de força fluente
na perna.

Espremer e Reidratar a esponja

O uso de rolos de espuma especiais ou materiais similares, pode


ser útil para induzir desidratação temporária de tecido
esponjosa localizada com hidratação renovada resultante. No
entanto, a firmeza do rolo e a aplicação do peso corporal
precisam ser monitoradas individualmente. Se aplicado
corretamente e incluindo mudanças direcionais muito lentas e
finamente sintonizadas, as forças do tecido e os benefícios
potenciais podem ser semelhantes aos dos tratamentos de
liberação miofascial manual (Chaudhry et al., 2008). Além disso,
a estimulação do tecido localizada pode servir para estimular e
afinar os proprioceptores fasciais possivelmente inibidos ou
desensibilizados em locais de tecido mais escondidos (Fig. 11).

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Figura 11

Exemplo de treinamento: Liberação Fascial. O uso de rolos de


espuma particulares pode permitir a aplicação de estímulos de
tecido localizados com forças semelhantes e, possivelmente,
benefícios similares em uma sessão de liberação miofascial
manual. No entanto, a rigidez do rolo e a aplicação do peso
corporal precisam ser ajustadas e monitoradas para cada
pessoa. Para promover a desidratação do tecido tipo esponja
com subsequente hidratação local renovada, apenas a câmera
lenta, como mudanças sutis nas forças e vetores aplicados, é
recomendada.

Para fins motivacionais e explicativos, o excelente material de


vídeo de Guimbertau et al. (2010) provou ser útil para promover
uma compreensão da plasticidade viscosa e da elasticidade
adaptativa da fáscia cheia de água. A percepção resultante da
arquitetura líquida da rede fascial provou ser especialmente

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eficaz quando incorporada ao alongamento dinâmico lento e ao
trabalho de refinamento fascial.
O tempo adequado para a duração das fases de carregamento e
liberação individuais é muito importante. Como parte do
treinamento de corrida moderno, muitas vezes é recomendado
reduzir frequentemente a corrida com intervalos de curta
caminhada (Galloway, 2002). Há uma boa razão para isso: sob
tensão, o fluido é pressionado para fora dos tecidos fasciais e
estes começam a funcionar de forma menos otimizada e sua
resiliência elástica e elástica diminui lentamente. Curtas pausas
de caminhada e com uma duração recomendada entre 1 e 3
minutos, que servirão para reidratar em parte o tecido, uma vez
que é dada a chance de absorver líquido nutritivo. Para um
corredor de início médio, as quebras de reidratação podem ser
melhores a cada 10 minutos, enquanto os corredores mais
avançados com uma consciência corporal mais desenvolvida
podem ajustar o tempo e a duração ótimos dessas quebras com
base na presença (ou na falta) desse rebote juvenil e dinâmico:
Se o movimento de corrida começa a sentir e parecer mais
amortecido e menos elástico, é provável que o tempo seja uma
pequena pausa. Da mesma forma, se depois de uma breve pausa
para caminhada há um retorno notável dessa recuperação de
gazela, então o período de descanso foi adequado. Para
corredores bem treinados com uma propriocepção cinestésica
sensual, menos refinada, o uso adicional de dispositivos de
feedback impulsionados pelo acelerômetro (conforme descrito

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na primeira seção deste artigo) pode ser um indicador útil para
o tempo apropriado de tais pausas de caminhada.
Este treinamento cíclico, com períodos de esforço mais intenso
intercalados com pausas propositadas, pode ser recomendado
em todas as fases do treinamento fáscial, pois, conhecer o
movimento e prestar atenção a dinâmica ao seu corpo fáscial,
permite que ao se exercitar, sejamos capazes de readequar os
movimentos a essa consciência corporal nova, afim de trazermos
esse conceito fáscial para nosso dia-a-dia.
Sustentabilidade: o poder de mil pequenas etapas um aspecto
adicional e importante que precisa ser entendido pelo
estagiário, é o conceito de renovação lenta e de longo prazo da
rede fascial. É explicado que, em contraste com o treinamento
de força muscular (em que grandes ganhos ocorrem no início e,
em seguida, um platô é alcançado rapidamente, onde apenas
ganhos muito pequenos são possíveis) a fascia muda mais
devagar e os resultados são mais duradouros. Ao treinar a fáscia,
as melhorias nas primeiras semanas podem ser pequenas e
menos óbvias por fora. No entanto, as melhorias têm um efeito
cumulativo duradouro que, após anos, pode resultar em
melhorias acentuadas na força e elasticidade da rede fascial
global (Fig. 12) (Kjaer et al., 2009).

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Figura 12

Volume de colágeno após o exercício. A curva superior mostra


síntese de colágeno nos tendões, está aumentando após o
exercício. No entanto, os fibroblastos estimulados também
aumentam a taxa de degradação do colágeno. Curiosamente,
durante os primeiros 1 e 2 dias após o exercício, a degradação
do colágeno supera a síntese de colágeno; E, posteriormente,
esta situação é revertida. Para aumentar a força do tendão, o
treinamento de treinamento fascial proposto, portanto, sugere
estimulação de tecido apropriada 1 e 2 vezes por semana
apenas. Ilustração modificada após Magnusson et al., 2010.

A intenção do treinamento orientado fascial proposto, é


influenciar a renovação da matriz através de atividades de
treinamento específicas que podem, após 6 e 24 meses, resultar

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em um terno de corpo de seda resistente à lesão e resistente,
que não só é forte, mas também permite um bom desempenho
na mobilidade da articulação deslizante em amplos intervalos
angulares. Uma boa nutrição e um bom estilo de vida,
promoverão a matriz extracelular uma boa dinâmica dos fluidos
com fibroblastos saudáveis passiveis de produzir o hormônio de
crescimento TGF –beta 2 como são expressos durante o sono
profundo e após um exercício muscular ou cardiovascular
desafiadoramente adequado, são fatores adicionais que
influenciam a renovação positiva da matriz em resposta.
Sugere-se que o treinamento seja consistente e que apenas
alguns minutos de exercícios apropriados, realizados uma ou
duas vezes por semana, sejam suficientes para a remodelação
do colágeno. O processo de renovação relacionado levará entre
6 meses e 2 anos e produzirá uma matriz colágena leve, flexível
e resiliente. Para aqueles que fazem yoga ou artes marciais, esse
foco em um objetivo de longo prazo não é nada novo. Para a
pessoa que é nova no treinamento físico, esse conhecimento de
propriedades fasciais pode percorrer um longo caminho para
convencê-los a treinar seus tecidos conjuntivos.
É claro que essas sugestões de treinamento orientadas para
fáscia não devem substituir o trabalho de força muscular, treino
cardiovascular e exercícios de coordenação; Em vez disso, eles
devem ser pensados como uma adição útil a um programa de
treinamento abrangente.

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However, the stimulated fibroblasts also increase their
rate of collagen degradation. Interestingly, during the first 1e2
days following exercise, collagen degradation over- weights
the collagen synthesis; whereas afterwards this situation is
reversed. To increase tendon strength, the proposed fascial
fitness training therefore suggests appropriate tissue stimulation
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Robert Schleip, PhD, MA a,*, Divo Gitta Mu¨ller, HP b


A Fascia Research Group, Divisão de Neurofisiologia, Universidade de Ulm, Albert-
Einstein-Allee 11, 89081 Ulm, Alemanha
B Somatics Academy GbR, Munique, Alemanha
Recebido em 11 de abril de 2012; recebido em forma revisada 16 de junho de 2012;
Aceito 18 de junho de 2012

Reconhecimentos
Os autores desejam reconhecer o apoio financeiro dado pela Fundação de Pesquisa
Ida P. Rolf e pelo Prêmio Vladimir Janda de Medicina Musculoesquelética.

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