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Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB

Bacharelado em Engenharia Agronômica


Disciplina: Legislação Rural
Professor: Edgard Larry
Aluna: Clara Carolina Souza Santos Matrícula: 202210910

Atividade assíncrona referente à aula de 04 de agosto de 2022: Exame dos


artigos 5 e 6 da Constituição Federal à luz da Consolidação das Leis Trabalhistas
Brasileira

Introdução
Este texto tece um breve e superficial comentário aos artigos 5 e 6 da Constituição
Brasileira de 1988 relacionando-os à Consolidação das Leis do Trabalho (Decreto-Lei no. 5.452,
de 1º. de maio de 1943) e, em especial, à Lei n. 5889, de 8 de junho de 1973, cujo propósito é
instituir normas reguladoras do trabalho rural, alterada pelas Medidas Provisórias n, 927, de 2020,
n. 1046, de 2021 e n. 1109, de 2022.
O texto está estruturado em três seções: (a) um breve resumo da história do Direito
do Trabalho Brasileiro; (b) um comentário a respeito do Direito do Trabalho à luz da
Constituição Federal, tal qual pensada pelo doutrinador Luís Barroso (1998) e, por fim, (c)
uma reflexão a respeito do direito trabalhista em uma realidade altamente tecnológica. Todo
o texto é amparado em leituras antigas e, por este motivo, requeremos o benévolo
entendimento do leitor, caso haja alguma imprecisão em termos conceituais. Buscamos, tanto
quanto possível, referendar todas as opiniões com teses, dissertações, artigos e livros
buscados nos repositórios virtuais, mais em específico, no Banco de Teses e Dissertações
brasileiro, priorizando textos publicados nos cinco anos mais recentes.
A pergunta norteadora deste breve comentário é: será que as leis trabalhistas mais
atuais cumprem as garantias constitucionais dos direitos dos trabalhadores?

Breve Histórico do Direito do Trabalho Brasileiro


Falar a respeito do Direito do Trabalho brasileiro requer um corte temporal de longa
duração (1930 – 2017). Resumidamente, (a) há uma matriz revolucionária em 1930, com
profundas alterações trabalhistas propostas por Getúlio Vargas, em franca oposição ao viés
imperialista vigente no século XIX e com transformações contínuas até 1964 (OLIVEIRA,
2020, p. 38). Em seguida, (b) a Constituição Cidadã (1988) inaugura um novo momento para o
trabalhador brasileiro do campo e da cidade, com clara proteção aos trabalhadores, interações
infraconstitucionais entre os direitos econômicos e sociais e, nos anos 90, um marcante
período de privatizações e flexibilização das leis trabalhistas. Atualmente, (c) assistimos uma
crise estrutural na aplicação das leis trabalhistas – ou pelo decurso do tempo, com profundas
alterações tecnológicas na realização de trabalhos, ou no plano de sua aplicação dogmática e,
mais ainda, na efetividade de suas normas e princípios (PORTO, 2020, p. 26).

O Direito do Trabalho brasileiro e a Constituição Federal de 1988


Datado de 1943, o Direito do Trabalho nasceu com forte viés social e regulou
relações conflituosas por natureza, pois sabemos a respeito da assimetria existente entre os
dois polos na relação de emprego (MARTINS, 2010, p. 46). As forças normativas do Direito
do Trabalho e suas funções reguladoras e redistributivas representam um dos alicerces para
um Estado Democrático de Direito (FERNANDES, 2014, p. 16). Essas forças são reguladas
pelas “virtudes e inovações criativas” (BARROSO, 1998, p. 08) previstas nos institutos dos
artigos quintos e sextos da Constituição Federal de 1988, com uma “valiosa carta de proteção
dos cidadãos brasileiros contra os abusos, tanto estatais quanto privados” (BARROSO, 1998,
p. 08).
Lido à luz da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988), o Direito do Trabalho
requer um compromisso fiel com a proteção da dignidade da pessoa humana, com os valores
sociais do trabalho e da livre iniciativa; favorecendo a construção de uma sociedade fraterna,
justa, solidária e pluralista, conforme previsto no preâmbulo da referida constituição
(BARROSO, 1998, p. 05). A Constituição Federal de 1988, em seus artigos 5 e 6, amparam o
Direito do Trabalho para a erradicação da pobreza e redução das desigualdades. Ambos
dispositivos preveem uma sociedade igualitária, com prevalência dos direitos humanos e
solução pacífica dos conflitos.

Direito do Trabalho e realidade contemporânea brasileira


Todavia, tristemente convivemos com a exploração da mão de obra escrava e infantil,
na cidade e no campo, sem uma clara indignação coletiva no tecido social. Exemplo disso é
o senso comum que julga o Direito do Trabalho como um obstáculo para “novas
oportunidades” e para o desenvolvimento da economia (PORTO, 2016, p. 76). Nas reformas
laborais mais recentes, a força e o protagonismo de uma cidadania mais participativa foram
diretamente atingidos ao reformular o acesso aos movimentos sindicais, por exemplo, -
importantes espaços para o direito de opinar na tomada de decisões e de negociar entre
patrões e empregados.

Referências bibliográficas
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.
Senado Federal: Centro Gráfico, Brasília – DF, 1988.
BARROSO, Luís Roberto. Dez anos da Constituição de 1988 (Foi bom pra você
também)? Revista de Direito Administrativo, v. 214, out/dez: Rio de Janeiro, 1998.
CAMPOS, Fernando Marques de. Os direitos sociais e sua função no
capitalismo. Dissertação. Faculdade de Direito: Universidade de São Paulo, São Paulo,
2010.
FERNANDES, Reinaldo de Francisco. Relações de emprego e
(in)disponibilidade dos direitos: proposta de modulação da autonomia da vontade.
Tese. Faculdade de Direito: Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.
MARTINS, Luísa Gomes. O princípio de proteção em face da flexibilização dos
direitos trabalhistas. Tese. Faculdade de Direito: Universidade de São Paulo, 2010.
NETO, Georgenor de Sousa Franco. A hipersuficiência e o dilema da proteção:
a evolução do Direito do Trabalho e as transformações do mundo do trabalho. Tese.
Faculdade de Direito: Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020.
OLIVEIRA, Denis Márcio Jesus. “Em favor da Economia e contra o
trabalhador” (?) Da Era Vargas à Reforma Trabalhista: as fases da política
econômica e a efetividade dos direitos dos trabalhadores. Dissertação. Programa de
pós graduação em Direito – UFG: Guanambi, 2020.
PÔRTO, Marcos da Silva. Direito do Trabalho e desenvolvimento: crise e
desafios do projeto constitucional. Dissertação. Faculdade de Direito de Ribeirão Preto:
Universidade de São Paulo, 2016.

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