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Revista de
DIREITO DO TRABALHO
E SEGURIDADE SOCIAL
Ano 46 • voí. 209 • jan.-fev. / 2020
S in d ic a l is m o e g reve n o estado d e m o c r á t ic o de
d ir e it o : o debate sobre o e x e r c íc io , pelas e n t id a d e s
« Raphael M iziara
Mestrando em Direito das Relações Sociais e Trabalhistas pela Centro Universitário do Distrito Federal -
UDF. Especialista em Direito do Trabalho e Governança Global pela Universidad Castilla-La Mancha
(Espanha).i Advogado. Professor da Faculdade Baiana de Direito e em diversos cursos de pós-graduação
em Direito, bem como Professor convidado das Escolas Judiciais dos TRTs da 5a, 6a, 7a, 8a e 22a Regiões.
miziararaphael@gmail.com
R esum o : 0 estudo apresenta as bases fundantes A bstract: The study presents the founding bases
do Estado democrático de direito, demonstran of the democratic rule of law, showing that a real,
do que um sindicalismo real, inclusivo e efetivo é inclusive and effective syndicalism isincispensable
Maurício Godinho; P imenta, José Roberto Freire; M iziaba, Raphael. Sindicalismo e greve no estado democrático
D elgado,
de direito: o debate sobre o exercício, pelas entidades sindicais, de atividades com dimensões políticas.
Rev/sfo de Direito do Trabalho e SeguridadeSociai. vol. 209. ano 46. p. 245-286. São Paulo: Ed. RT, jan.-fev. 2020.
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indispensável a essa mesma democracia, na medi to this same democracy, as it guarantees the in
da em que por meio dele se garante a inserção das sertion of the categories in the participation of
categorias na participação da vida política, sobre the political life, above all, in decision making and
tudo, na tomada de decisões e atos de poder que acts of power that influenced their sphere of ac
influenciaram sua esfera de atuação. Demonstra o tion. The work demonstrates that such insertion
trabalho que tal inserção pressupõe a observância presupposes the observance of the principles of
dos princípios da liberdade e autonomia sindicais freedom and autonomy of association and the
e da equivalência entre os contratantes coletivos, equivalence of coflective contractors, true pro
verdadeiras molas propulsoras para otimizaçãodas pelling springs for optimizing unions functions
funções sindicais, sobretudo, da sua função políti especially their political function, which will be
ca, que será o objeto centrai enfrentado. Oestudose the central object faced. The study ends with an
completa com a análise das greves políticas. analysis of political strikes,
Palavras- chave : Direito coletivo do trabalho - Es K eywords : Collective labor law - Democratic rule
tado democrático de direito - Sindicalismo - Liber of law - Trade unionism - Freedom and autonomy
dade e autonomia sindical - Atividades sindicais of association - Trade union activities with po
com dimensões políticas - Greve e política. litical dimensions.
I. I ntrodução
D elgado, Maurício Godínho; P imenta, José Roberto Freire; M izara , Raphael. Sind calismo e greve no estada democrático
de díreitot o debate sobre o exercido, pelas entidades sindicais, de atividades com dimensões políticas
Revista de Direito do Trabalho e Seguridade Social, vol. 209. ano 46. p. 245-286. 5áo Pauío: Ed. RT, jan -fev 2020
Estudos N a c io n a is 247
II . Estado d e m o c r á t ic o de d ir e it o : p il a r e s e s t r u t u r a n t e s
D elgado Maurício Godinho; Pimenta, José Roberto Freire; M iziara, Raphael. Sindicalismo e greve no estado democrático
de direito: o debate sobre o exercício, pelas entidades sindicais, de atividades com dimensões políticas.
Revista de Direito do Trabalho e Seguridade Social, vol. 209. ano 46. p. 245-286. São Paulo: Ed. RT,jan.-fev. 2020.
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D elgadoMauricio Godinho; P w n t a , Jose Roberto Freire; M iziara, Raphael. Sindicalismo e greve no estado democrático
de direito, o debate sobre o exercício, pelas entidades sindicais, de atividades com dimensões políticas
Revisto de Direito do Trabalho e Seguridade Social, vol. 209. ano 46. p. 245-286. São Paulo' Ed RT jan -fev 2020
Estudos N a c io n a is 249
Destarte, é nas organizações sindicais —e por meio delas que os atores so
ciais encontram um eficaz caminho para participação na vida política e social. Os
sindicatos representam o centro de organização dos trabalhadores e demais
participantes das relações trabalhistas, que visam ao alcance de uma melhor con
dição econômica, social e política. O movimento sindical, portanto, é imprescin
dível para o desenvolvimento da classe trabalhadora e das relações de trabalho
em geral - sendo também imprescindível para a efetiva configuração de um ver
dadeiro Estado Democrático de Direito.
Desde já , pode-se então afirmar que uma das características fulcrais da Demo
cracia é a aptidão que os diferentes grupos possuem de apresentar, brandir e rati
ficar os seus próprios interesses. Todavia, essa capacidade não é garantida apenas
por regras institucionais, pois depende, também, do gozo de condições mínimas
que propiciem o engajamento na atividade política e social.5
Nessa diretriz, a partir da ideia de que o sindicalismo é peça indispensável
dentro da engrenagem do Estado Democrático de Direito, a liberdade sindical e
a autonomia das entidades sindicais surgem, por sua vez, como elementos de ci
vilização democrática, como bem disse Antonio Baylos.6
Para o estabelecimento desse novo compromisso social e democrático, é in
dispensável que sejam apontados e estudados os princípios estruturantes do sindi
calismo - como adiante se passa a fazer.
ítarADO Maurício G odinto Pimenta, José Roberto Freire; M iziara, Raphael. Sindicalismo e greve no estado d e m o c rá tic o
de dire to - o d e b a te s o b re o exercício, pelas entidades sindicais, de atividades com dimensões p o lític a s
Revista de Direito do Trabalhos Seguridade Social, vol. 209. ano 46. p. 245-286. Sao Paulo. Ed. RT, jan.-fev. 2020.
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8. A Convenção 8 7 da OIT, apesar de suas sete décadas de existência, não foi, até então
(agosto de 2019 , data deste artigo acadêmico), ratificada pelo Brasil. Não obstante essa
omissão, o fato real é que a Constituição de 1988 inaugurou no País a presença dos
princípios da liberdade sindical e da autonomia dos entes sindicais, em seu art. 8 o, em
bora preservando certas especificidades do sistema trabalhista anterior, vigorante em
período em que esses dois princípios não eram, realmente, ainda incorporados pela
ordem jurídica brasileira. Essa peculiaridade constitucional brasileira será examinada,
ainda que sumariamente, ao longo deste artigo. ’
9. MAGANO, Octavio Bueno. Manual de direito do trabalho: direito coletivo do trabalho
3. ed. São Paulo: LTr, 1993. v. III. p. 27. "
Maurício Godinho; Pimenta, José Roberto Freire; M h ar a , Raphael. Sindicalismo) e greve no estado democrático
D elgado,
de direito: o debate sobre o exercício, peias entidades sindicais, de atividade
Revista de Direito do Trabalho e Seguridade Social, voí. 209. ano 46. 'p. 2 4 5 -2 8 6 . S ão^ulo^E TR T ja rf-fe v .^ C Ú O
Estudos N a c io nais 253
Direitos Humanos (DUDH), de 1948, no artigo XXIII, item 4: “toda pessoa tem
direito a organizar sindicatos e nele ingressar para proteção de seus interesses”.10
;Na verdade, anteriormente a 1948, na Declaração Relativa aos Fins e Objetivos
da Organização Internacional do Trabalho (Declaração de Filadélfia), aprovada
pela OIT em 1944, também consta, em outras palavras, esse mesmo direito: “a li
berdade de expressão e de associação é uma condição indispensável para um pro
gresso constante”.
Duas Convenções Internacionais da OIT que tratam do assunto já foram rati
ficadas peio Brasil: a Convenção 98, vigorante no País desde a década de 1950,
refere-se à necessidade de uma “proteção adequada” contra “atos de ingerência”
nas entidades sindicais, inclusive restrições empresariais a trabalhadores em face
da participação ou não participação em tal ou qual sindicato ou em atividades
sindicais (a respeito, art. 2 ,1 e 2, combinado com art. 1 ,2 , “a” e “b ”, da Conven
ção 98 da OIT). A Convenção 135 da OIT, por sua vez, estipula, em seu art. I o,
regras concernentes à “proteção de representantes de trabalhadores” no interior
das entidades empresariais. A Convenção 87 da OIT, que também trata do tema,
ainda não foi ratificada pelo Brasil, conforme visto.
A Constituição de 1988, entretanto, relativamente a esse assunto, inaugurou
fase nova no País, assegurando a “livre associação profissional ou sindical” e ve
dando, expressamente, “ao poder público a interferência e a intervenção na orga
nização sindical” (art. 8a, caput e inciso I, in fin e, CF). Com isso, expungiu o
tradicional controle que o Estado, há décadas, por meio do recém extinto Minis
tério do Trabalho, exercia sobre as entidades sindicais de trabalhadores, em inú
meros aspectos.11
De outro flanco, a liberdade sindical negativa consiste no direito que o traba
lhador ou o empregador possuem de não constituir e/ou não se filia r a uma orga
nização sindical ou dela saírem quando bem entenderem, bastando que, para
10. MARTINEZ, Luciano. Condutas antissindicais. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 246.
11. Sobre o papel civüizatório e progressista que a Constituição da República realizou, en
tre 1988 e 2015, na ordem jurídica trabalhista brasileira, particularmente em seu siste
ma sindical, consultar, por exemplo, o recente estudo de DELGADO, Maurício
Godinho. Sindicalismo e Sindicatos no Brasil: da democratização promovida pela
Constituição da República à Crise e Desinstitucionalização emergentes. Revista Magis
ter de Direito do Trabalho, Porto Alegre, Lex Magister, ano XVI, n. 91, p. 68-95, jul.-ago.
2019. Relativamente ao Ministério do Trabalho—originalmente instituído em outubro de
1930, passando por diversas reformulações e denominações nas décadas seguintes
deixou de existir na gestão governamental iniciada em janeiro de 2019.
D elgadoMaurício Godinho; P imenta, José Roberto Freire; M iziara, Raphael. Sindicalismo e greve no estado democrático
de direito: o debate sobre o exercício, pelas entidades sindicais, de atividades^com dimensões políticas^
Revisto de Direito do Trabalho eSeguridade Social, vol. 209. ano 46. p. 245-286. Sao Paulo: Ed. RT,jan.-fev. 2020.
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Delsabo, Maurício Godinho; P imenta, José Roberto Freire' M z w a RaoFiael S indiHkm r, p n ^ .--------- r -
Ä r erdC‘°' Pdas - t . d a d e f r d ^ r ^ f v ' i d a ^ c o m 9
Revtsta de D,rato tio Trabalho e Seguridade Social, vol. 209. ano 46. p. 24S-286. São Pauio: Ed. RT, jan.-fev 2020.
Estudos N acio nais 255
“ [...] aponta restrição incom um no con texto do sindicalismo dos países oci
dentais com experiência d em ocrática mais consolidada, não sendo tam bém
harm ônica à compreensão ju rídica da OIT acerca do financiamento autonô
m ico das entidades sindicais p o r suas próprias bases representadas.’’14
Para o jurista, essa diretriz, além disso, “não se ajusta à lógica do sistema cons
titucional trabalhista brasileiro e à melhor interpretação dos princípios da liber
dade e autonomia sindicais na estrutura da Constituição da República .
É que, “pelo sistema constitucional trabalhista do Brasil, a negociação coleti
va sindical favorece todos os trabalhadores integrantes da correspondente base
sindical, independentemente de serem (ou não) filiados ao respectivo sindicato
profissional”.16 E, por essa razão, insiste o autor, é que
“[...] torna-se proporcional, equânime e justo [...] que esses trabalhadores tam
bém contribuam para a dinâmica da negociação coletiva trabalhista, mediante
a cota de solidariedade estabelecida no instrum ento coletivo negociado.”17
16. Idem.
17. DELGADO, Maurício Godinho. Oh cit., p. 141.
S W ^ S K S a l »I. 209. .no 46. p. 245-286. S.O Paulo: Et. RT.pn.-ft« 2020.
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objeto de análise neste item III. 1 a liberdade sindical abrange duas outras rele
vantes dimensões: a individual e a coletiva.
A dimensão individual da liberdade sindical consiste na liberdade de os traba
lhadores e as empresas, individualmente considerados, criarem organizações e a
ela se filiarem (liberdade sindical individual positiva); ou, alternativamente re
portando-se à liberdade sindical individual negativa, à prerrogativa de não cria
rem qualquer entidade, nem se filiarem às existentes (ou, mesmo, delas se
desligarem, caso já filiados).
A dimensão coletiva da liberdade sindical consiste na liberdade de as próprias
organizações coletivas criarem ou se filiarem a outras organizações coletivas sin
dicais (como federações, confederações ou centrais sindicais, no caso brasileiro)
ou, alternativamente, não participarem da criação de qualquer outra entidade ou
se desfiliarem de entidades a que anteriormente se vincularam.
A dimensão coletiva da liberdade sindical ostenta, porém, aspectos mais am
plos dos que os retrocitados. É que, para o Direito Coletivo do Trabalho, tem su
ma importância a dimensão coletiva dos aspectos trabalhistas, inclusive o
aspecto organizacional, que é o que justifica a existência e a atuação das entida
des sindicais. Sem as entidades sindicais - especialmente se não sólidas, resilien
tes e poderosas dificilmente os trabalhadores teriam alcançado as conquistas
trabalhistas que deram corpo e direção ao Direito do Trabalho em diversos países
ocidentais ao longo do século XX. Nesse quadro, a dimensão coletiva da liberda
de sindical não pode ser obscurecida pela dimensão estritamente individual des
sa mesma liberdade.
Dessa maneira, diante das classificações apresentadas, pode-se afirmar que a
liberdade sindical também possui duas dimensões diferentes, mas entre si com
plementares, a individual e a coletiva, cada uma delas sob perspectivas positivas
ou negativas.18
Nesse prumo, pode-se enfatizar que qualquer ato que viole ou contrarie o
conteúdo do princípio da liberdade sindical é uma conduta ou com portam ento an-
tíssindical. Assim, qualquer comportamento, de quem quer que seja, que tente
impedir ou limitar ou, mais do que isso, obstar o exercício da liberdade sindical,
é considerado ato antissindical. Tais atos afrontam os princípios da liberdade sin
dical e da autonomia das entidades sindicais, afirmados pela Constituição de
1988 e pelas Convenções Internacionais da OIT, inclusive aquelas ratificadas pe
lo Brasil - como a Convenção 98 e a Convenção 135 da OIT.
18. É o que bem aponta MARTINEZ, Luciano. Curso de direito do trabalho. 8. ed. São Paulo-
Saraiva, 2018. p. 882.
D elgadoMaurício Godinho; Pimenta, José Roberto Freire; M iziara, Raphael. Sindicalismo e greve no estado democrático
Rrvistn Pl as e,nt,dades sindicais' de atividades com dimensões políticas.
Revisto de Direito do Trabalho e Seguridade Social, vol. 209. ano 46. p. 245-286. São Paulo: Ed. RT.jan.-fev. 2020
Estudos N a c io n a is 257
Por exemplo, viola a liberdade sindical, mais especificamente o art. 8o, inci
so V, da CRFB/8819, cláusula de instrumento normativo que estabelece a prefe
rência, na contratação de mão de obra, do trabalhador sindicalizado sobre os
demais (OJ 20 da Seção de Dissídios Coletivos do TST).
Igualmente, entendeu o Supremo Tribunal Federal, que viola os princípios
constitucionais da liberdade de associação (art. 5o, XX) e da liberdade sindical
(art. 8 o, V ), ambos em sua dimensão negativa, a norma legal que condiciona, ain
da que indiretamente, o recebimento do benefício do seguro-desemprego à filia
ção do interessado à colônia de pescadores de sua região (ADI 3.464, rei. min.
Menezes Direito, j. 29.10.2008, DJede 06.0 3 .2 0 0 9 ). No caso, impunha-se legal
mente (art. 2o, IV, a, b e c, da Lei 10.779/2003) a filiação obrigatória à colônia de
pescadores como condição stne qua non para a habilitação ao seguro-desempre
go . Tratava-se de tentativa de promover, por meio de regra legal inconstitucional,
sindicalização forçada, contrária ao princípio da liberdade sindical.
Também violam a liberdade sindical e a autonomia das entidades sindicais
condutas empresariais de restrição à contratação ou à manutenção nos empregos
de trabalhadores com filiação ou atuação sindicais.
Quanto aos seus sujeitos ativos, qualquer pessoa ou instituição pode incorrer
em conduta antissindical. Comece-se, por exemplo, pelo Estado, quando cria ta
xas exorbitantes para fim de registro sindical ou quando interfere, desproporcio
nalmente, na criação de uma entidade sindical.20 Cite-se,umavez mais, o Estado,
quando elabora políticas públicas prescritivas de severas e desproporcionais res
trições ao custeio das entidades sindicais dos trabalhadores. A propósito, políti
cas públicas cerceadoras da manutenção e da atuação dos entes integrantes do
sindicalismo, em seus distintos graus, têm sido consideradas como caracteriza-
doras, em certos países do mundo ocidental, de graves condutas antissindicais
praticadas na sociedade contemporânea.
19. Art. 8o É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: [...] V nin
guém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato.
20. A Constituição de 1988 veda essa interferência estatal (art. 8o, caput e inciso I) - prática
corriqueira, infelizmente, no período p ré-1988. Ressalva a Constituição, porém, a ne
cessidade de registro no órgão competente (inciso I do art. 8 o, C F), que foi considerado,
pela jurisprudência, desde os anos 1990, o hoje extinto Ministério do Trabalho (compe
tência esta que, com a extinção desse Ministério pelo art. 19 da Medida Provisória 870,
de 01 .0 1 .2 0 1 9 , convertida na Lei 1 3 .8 4 4 , de 1 3 .0 6 .2 0 1 9 , foi atribuída ao Ministério da
Econom ia, nos termos do art. 3 1 , XL1, deste Diploma legal, em decorrência do art. Io
da MPr. 8 8 6 ,1 8 .0 6 .2 0 1 9 ). Contra a decisão ministerial, cabe, evidentemente, ação ju
dicial pela entidade que se considerar prejudicada (art. 114, 111 e i y CF).
D elgadoMaurício Godinho; Pimenta, José Roberto Freire; M iziara, Raphael Sindicalismo e greve no estado democrático
de direito: o debate sobre o exercício, pelas entidades sindicais, de atividade com dimensões políticas
Revista de Direito do Trabalho e Seguridade Soda!, vol. 209. ano 46. p. 245-286. Sao Paulo: Ed. RT.jan.-fev. 2020.
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21. DELGADO, Maurício Godinho. Direito coletivo do trabalho. 7. ed. São Paulo- LTr 201 7
p. 76. ' *
D eLgad°Maurício Godinho; P.men- a , José Roberto Freire; M iziara, Raphael. Sindicalismo e greve no estado democrático
. * direito: o debate sobre o exercício, pelas entidades sindicais, de atividades com dirnensÕeTn^it™
Revista de Direito do Trabalho e Seguridade Social, voi. 209, ano 46. p. 245-286. Sâo Paulo: Ed. RT, jan.-fev. 2020.
Estudos N a c io n a i 5 259
“Evidentemente que essa natureza coletiva dos sindicatos deve ser real, ao invés
de mera formalidade ilusória. Nessa medida, os sindicatos de trabalhadores têm
de ostentar solidez e consistência, com estrutura organizativa relevante, além de
efetiva representatividade no que diz respeito á sua base profissional trabalhista.
Afinal, sabe-se que a entidade sindical frágil e sem representatividade verda
deira consiste na antítese da ideia de sindicato e de ente integrante do sindi
calismo, dificilmente sendo apta a realmente deter a natureza de ser coletivo
obreiro.”22
22. DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 18. ed. São Paulo. LIr,
2019. p. 1567 (grifos no original).
23. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 18. ed São Paulo- LTr
2019. p. 1567-1571. ’
R $500 milhões no ano passado. A tendência é que o valor seja ainda menor neste ano .
25. A respeito do tema do custeio das entidades sindicais de trabalhadores, a partir do pe
ríodo deflagrado pela Lei da Reforma Trabalhista de 2017 no País, consultar DELGA
DO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 18. ed. São Paulo. LTr, 2019.
p. 1608-1611. Consultar também: DELGADO, Maurício Godinho. Sindicalismo e Sin
dicatos no Brasil: da democratização promovida pela Constituição da República a Crise
e Desinstitucionalização emergentes. Revista Magisíer de Direito do Trabalho, Porto Ale
gre, Lex Magister, ano XVI, n. 9 1 , p. 68-95,jul.-ago. 2019.
26. DELGADO, Maurício Godinho. Direito coletivo do trabalho. 7. ed. São Paulo: LTr, 2017.
p. 129.
: Roberto Freire; M iziara, Raphael. Sindicalismo e greve no estado democrático
Revista d i r e i t o da Trabalha e Seguridade Social, vol. 209. ano 46. p. 245-286. Sao Paolo: Ed. RT, jan.-fev. 2020.
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fissional e no âmbito de sua base territorial, seja para defender seus interesses no
plano da relação de trabalho e, até mesmo, em plano social mais largo.27
Em sentido lato, a função representativa abrange inúmeras dimensões, tais
como a privada, a administrativa, a pública e a judicial. Na dimensão privada, 0
sindicato se coloca em diálogo ou confronto com os empregadores, em vista dos
interesses individuais de trabalhadores ou coletivos da categoria (aqui, a função
abrange também a negociai, a ser vista logo a seguir), Por meio da função admi
nistrativa, o sindicato busca se relacionar com o Estado, visando à solução de
problemas trabalhistas em sua área de atuação. Já emsua função pública, ele ten
ta dialogar com a sociedade civil, na procura de suporte para suas ações e teses
laborativas. E, por fim, na função judicial, o sindicato atua como representante
(mais do que isso: como substituto processual) na defesa dos interesses da cate
goria ou de seus filiados.28
Por meio da fu n ção n egociai, os atores coletivos produzem pactos de caráter
normativo (Acordo Coletivo de Trabalho ou Convenção Coletiva de Trabalho
no caso do Brasil, como estabelecem o art. 611, caput e seu § I o, da CLT), buscan
do a solução autônoma e negociada de seus impasses. Nesse caso, os entes sindi
cais atuam como verdadeiros produtores de normas, embora sempre em
conjugação e em consenso com os atores empresariais (a própria empresa, no ca
so do ACT; ou o sindicato da categoria econômica, no caso da CCT). E, sob o pon
to de vista das entidades de trabalhadores, a função negociai coletiva somente
pode ser lícita e legitimamente desempenhada mediante sua interveniência obri
gatória (art. 8 o, VI, CRFB/88). A Organização Internacional do Trabalho, na Con
venção 98, incentiva a atuação negociai dos sindicatos, considerando-a
instrumento de paz social, apta a permitirás próprias partes em conflito a escolha
das normas a serem observadas para a composição dos seus interesses. A propó
sito, no Brasil, é direito fundamental dos trabalhadores o reconhecimento dos
instrumentos de negociação coletiva (art. 7o, XVI, da CRFB/88).
Por sua vez, afu n ção assistencial consiste na prestação de serviços de natureza
médica, jurídica, educacional, cultural e recreativa, entre outras. Há correntes do
próprio sindicalismo que sustentam serem tais atribuições impróprias, desvian
do o sindicato do seu objetivo principal, mormente quando tais serviços deve
riam ser oferecidos pelo Estado, e não pelo sindicato.29
D elgadoMaurício Godinho; P imenta, José Roberto Freire; M iziara, Raphael. Sindicalismo e greve no estado democrático
de direito: o debate sobre o exercício, pelas entidades sindicais, de atividades com dimensões m litin li
Revisto de Direito do Trabalho e Seguridade Social, vol. 209. ano 46. p. 245-236. São Paulo: Ed. RT, jan -fev. 2020.
E studos N acio nais 263
Cabe se falar ainda na existência das funções econôm icas e políticas - estas úl
timas, sendo objeto central do nosso estudo. Sobre as funções econômicas, a
CLT, em sua inspiração restrita oriunda da década de 1940 —com cunho autori
tário subjacente às regras regentes do sindicalismo, conforme se sabe —, clara
mente tendia a rej ei tá-las, considerando-as incompatíveis como regular exercício
das atividades sindicais. Nessa linha, o art. 564 da CLT foi enfático ao dispor que
sindicalismo nas últimas décadas no mundo ocidental. De todo modo, trata-se de tema
complexo, a ser reservado para distinta pesquisa e novo artigo.
30. GOYARD-FABRE, Simone. O que ê democracia. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p. 283.
31. A teoria dos poderes implícitos tem sua origem na Suprema Corte dos EUA, no ano de
1819 no precedente Mc Culloch vs. Maryland. Não obstante a relevância ampla dessa
teoria ali arquitetada, o fato é que, ao longo dos séculos, a jurisprudência da Corte Cons
titucional norte-americana, por ser bastante influenciada pelo constitucionalismo libe-
ralista tradicional do século XVIII, não tem sido receptiva, na prática, aos princípios
internacionais da OIT da liberdade sindical e da autonomia das entidades sindicais. De
toda maneira, esse também não é o objeto do presente artigo, remetendo-se o seu exame
para futuro trabalho.
rViGADO Maurício Godmhcr P imenta, José Roberto Freire; M iziara, Raphael. Sindicalismo e greve no estado democrático
D de direito-0 debate sobre o exercício, pelas entidades sindicais, de atividades com dim ensões p o lrtira s
Revista de Direito do Trabalho e Seguridade Social, vol. 209. ano 46. p. 245-286. Sao Paulo. Ed. RT, jan.-fev. 202 .
264 R evista de D ireto do T rabalho e S eguridade S ocial 2020 • RDT 209
Naturalmente que a fu n ção econôm ica das entidades sindicais não deve ser a
essencial ou a exclusiva na atuação dessas entidades. Ao inverso, deve se carac
terizar como uma função m eram ente instrumental, ou seja, uma atividade-meio a
serviço do fortalecimento do sindicalismo para que esse atinja e cumpra os seus
objetivos primordiais.
Assim, pode o sindicato exercer atividades econômicas para melhor aparelhar
sua atividade-fim - o que, inclusive, se coaduna com a noção de sindicato livre
enquanto pessoa jurídica de direito privado. Ao contrário, a noção de sindicato
como braço do Estado, pessoa jurídica de direito público a serviço de atividades
estatais, é que se choca com a autonomia essencial à entidade sindical. Nessa
perspectiva, a proibição de atividades econômicas, em verdade, serve como po
deroso e eficaz instrumento de controle estatal sobre a organização e a vida do
sindicalismo - situação, por óbvio, incompatível com a regência constitucional
deflagrada pelos princípios de liberdade e autonomia sindicais.3233
A mesma reflexão se aplica às atividades políticas. Não é da essência da estru
tura e objetivos das entidades sindicais o exercício de atividades políticas, no
sentido de político-partidárias; entretanto, na medida em que a ordem jurídica
(inclusive a ordem jurídica trabalhista) é resultado de ações políticas bem suce
didas, não se p od e negar aos entes do sindicalism o a participação nos debates e mo
vimentos políticos d a sociedade civil e da sociedade política. Naturalmente que
nesses casos, o exercício de atividades políticas pelo sindicato acontece, confor
me percebido, também em caráter instrumental. Afinal, não se pode subtrair ao
sindicato um dos instrumentos mais eficazes de sua atuação para consecução de
sua finalidade principal, ou seja, a melhoria das condições de vida e de trabalho
para os seus representados. A política é atividade criadora do Direito - inclusive
de normas justrabalhistas não se podendo excluir o sindicalismo da atuação
nessa atividade.
Nesse contexto, a vedação explícita e excessivamente genérica lançada pelo
art. 521, “d”, da CLT,33 oriundo do início da década de 1940 (em que imperava no
país o autoritarismo do Estado Novo, fruto da Carta ditatorial outorgada em
1937), não mais prevalece na ordem jurídica do Brasil, a contar do Estado Demo
crático de Direito instaurado pela Constituição de 1988 no País e dos princípios
32. DELGADO, Maurício Godinho. Direito coletivo do trabalho. 7. ed São Paulo-LTr 2017
p. 131-132. ’ '
33. CLT; “Art. 521 - São condições para o funcionamento do Sindicato: [...] d) proibição de
quaisquer atividades não compreendidas nas finalidades mencionadas no art. 511, in
clusive as de caráter político-partidário”. ’
Mauncio Godinho, P imenta, Jose Roberto Freire; M iziata, Raphael. Sindicalismo e greve no estado democrático
D . lgapo
de direito: o debate sobre o exercício, pelas entidades sindicais, de atividades com dimensões políticas
Revista de Direito do Trabalho e Seguridade Social, vol. 209. ano 46. p. 245-286. São Pauícr Ed RT jan -fev 2020
Estudos N a c io nais 265
34. URIARTE, Oscar Ermida. Sindicatos en libertad sindical. 5. ed. Montevideo: Fundación
de Cultura Universitária, 2 0 1 6 . p. 179.
35. Arespeito da origem do capitalismo edo sindicalismo na Grâ-Bretanha no século XVIII
e dessa primeira fase de repulsa da ordem jurídica às entidades e atividades sindicais - a
fase de proibição - , consultar, ilustrativamente: DELGAD O, Maurício Godinho .Direito
Coletivo do Trabalho. 7. ed. São Paulo: LTr, 2017. p. 156-160; GOMES, Orlando,
GOTTSCHALK, Elson. Curso de Direito do Trabalho. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense,
1972. p. 2 e 4 7 4 -4 7 5 ; NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Compêndio de Direito Sindical.
6. ed. São Paulo: LTr,1999. p. 4 0 -4 2 ; RUSSOMANO, Mozart Victor. Princípios Gerais de
Direito Sindical. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000. p. 17.
D elgadoMaurício Godinho; P imenta, José Roberto Freire; M iziara, Raphaei. Sindicalismo e greve no estado democrático
de direito: o debate sobre o exercício, pelas entidades sindicais, de atividades com dimensões politicas_
Revista de Direito do Trabalho e Seguridade Social, vcl. 209. ano 46. p. 245-286. Sao Paulo. Ed. RT, jan.-fev. 2020.
266 R evista de D ireito do T rabalho e S eguridade S ocial 2020 ® RDT 209
36. A mesma bibliografia citada na nota de rodapé anterior, de n. 37, trata da evolução da
política pública de diversos países europeus com respeito aos sindicatos nessa época.
37. DELGADO, Mauricio Godinho. Direito Coletivo do Trabalho. 7. ed. São Paulo: LTr, 2017.
p. 156-160; GOMES, Orlando; GOTTSCHALK, Elson. Curso de Direito do Trabalho.
5. ed. Rio dejaneiro: Forense, 1972. p. 2 e 474-475; NASCIMENTO, Amauri Mascaro.
Compendio de Direito Sindical. 6. ed. São Paulo: LTr, 1999. p. 40 -4 2 ; RUSSOMANO,
Mozart Victor. Princípios Gerais de Direito Sindical. 2. ed. Rio dejaneiro: Forense 200o'
p. 17. ’ ’
38. DELGADO, Mauricio Godinho. Direito Coletivo do Trabalho. 7. ed.Sâo Paulo: LTr, 2017.
p. 156-160; GOMES, Orlando; GOTTSCHALK, Elson. Curso de Direito do Trabalho.
5. ed. Rio dejaneiro: Forense, 1972. p. 2 e 4 7 4 -4 7 5 ; NASCIMENTO, Amauri Mascaro.
Compêndio de Direito Sindical. 6. ed. São Paulo: LTr, 1999. p. 40 -4 2 ; RUSSOMANO,
Mozart Victor. Princípios Gerais de Direito Sindical. 2. ed. Rio dejaneiro: Forense 2 0 0 0
p. 17. ’ '
D elgado Maurício Godinho; P,venta , José Roberto Freire; M iziara, Raphael. Sindicalismo e greve no estado democrático
de direito: o debate sobre o exercício, pelas entidades sindicais, de atividades com dimensões oolítieas
Revista de Direito do Trabalho e Seguridade Social, vol. 209. ano 46. p. 245-286. São Paulo: Ed. RT, jan.-fev. 2020.
Estudos N a c io n a is 267
39. A respeito desse processo histórico e institucional de inserção das normas justrabalhis-
tas e previdenciárias nas constituições, acontecido durante o século XX, deflagrando
essas duas nova’s e muito progressistas fases do constitucionalismo, consultar, por
exemplo: BONAVIDES, Paulo. Do Estado liberal ao Estado social 11. ed. São Paulo:
Malheiros, 2014; DELGADO, Mauricio Godinho. Constituição da República, Estado
Democrático de Direito e Direito do Trabalho. In: DELGADO, Mauricio Godinho; DEL
GADO, Gabriela Neves. Constituição da República e Direitos Fundamentais: dignidade da
pessoa humana, justiça social e direito do trabalho. 4. ed. São Paulo: LTr, 2017. p. 33 -5 8 ,
DELGADO, Mauricio Godinho; PIMENTA, José Roberto Freire; NUNES, Ivana. O Pa
radigma do Estado Democrático de Direito: estrutura conceituai e desafios contempo
râneos. Revístajurídíca VN1CUR1TIBA, Curitiba, Centro Universitário UN1CUR1TIBA,
v. 2, n. 55, p. 4 8 5 -5 1 5 , abril-junho 2 0 1 9 ; STRECK, Lenio Luiz; MORAIS, Jose Luiz
Bolzan de. Ciência Política e Teoria do Estado. 8. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado,
2014. p. 91-110.
D elgadoMauricio Godinho; P imenta, José Roberto Freire; M iziara, Raphael. Sindicalismo e greve no estado democrático
de direito: o debate sobre o exercício, pelas entidades sindicais, de atividades com dimensões políticas.
Revista de Direito do Trabalho e Seguridade Social, vol. 209. ano 46. p. 245-286. Sao Paulo: Ed. RT,jan.-fev. 2020.
268 R evista de D ireito do T rabalho e S eguridade S ocial 2020 • RDT 209
Não se pode negar que, pelo menos em tese, os sindicatos possuem grande ca
pacidade de organizar e defender as preferências políticas da classe desprovida de
riqueza material acumulada (geralmente constituída pelos trabalhadores po
bres, a par de alguns setores de classe média que dependem exclusivamente de
seu trabalho).
Mesmo nos Estados Unidos da América, por exemplo - país em que prepon
dera uma visão liberalista mais tradicional - , Benjamin Sachs leciona que os sin
dicatos são uma clara fonte de influência política para os setores despossuídos de
riqueza e de poder.44 Segundo o Professor de Direito do Trabalho na Escola de Di
reito de Harvard, os sindicatos conseguiram organizaras classes baixa e média de
americanos em direção à eficiente ação política em números inatingíveis por
40. GASPAR, Gabriela Curi. Colisão de direitos fundamentais nas relações de emprego em or
ganizações de tendência. Salvador: UFBA, 2015. p. 177. Sobre o tema, conferir, também,
GIMENO, Francisco R. Blat. Relaciones laborales em empresas ideológicas. Madrid: Cen
tro de Publicaciones Ministério de Trabajo y Seguridad Social, 1986.
41. VERDIER, J. M. Syndicats. In: CAMERLYNCK (Dir.). Traité de droit du travail Paris:
Dalloz, 1966. p. 233.
42. LYON-CAEN, G.; LYON-CAEN, A. Droit social international et européen Paris- Dalloz
1993. p. 121. ' ’
D elsado Maurício Godinho; P imenta, Jose Roberto Freire; M iziara, Raphaet. Sindicalismo e greve no estado democrático
de direito: o debate sobre o exercício, pelas entidades sindicais, de atividades com dimensões políticas
Kevista de Direito do Trabalho eSeguridade Social, vol. 209. ano 46. p. 245-286. São Paulo' Ed RT jan -fev 2020
Estudos N acio nais 269
qualquer outro ator não partidário.45 Afirma ainda o jurista norte-americano que
os sindicatos também contribuíram com quantias substanciais para candidatos e
partidos, construíram operações eficazes de lobby (considerada atividade lícita
e legítima nos Estados Unidos), engajando-se também em extensas campanhas
políticas independentes de publicidade. Esclarece Benjamin Sachs que os sindi
catos, além disso, financiaram tais atividades com contribuições voluntárias de
pequenas quantias em dólares de seus membros.46
No curso da história mais longínqua do capitalismo também podem ser pin-
çados grandes episódios de atuação política das forças coletivas obreiras. Cite-se,
por exemplo, o Cartismo (1838-1848), que foi um movimento social britânico
que se iniciou na década de 1830 até o ano de 1848. Esse movimento lutou pela
inclusão política da classe operária, representada pela Associação Geral dos
Operários de Londres (London W orking M en’s A ssociation ). O Cartismo foi o
primeiro movimento revolucionário de massas na história da classe operária da
Grã-Bretanha.47
Como se sabe, o movimento ficou conhecido como “cartismo”, porque os
participantes do movimento publicaram a Carta do Povo, por meio da qual apre
sentavam uma série de reinvindicações de cunho político, tais como o sufrágio
universal e a revogação da exigência de ser proprietário de terras para ser eleito
deputado ao Parlamento (regime censitário), entre outras. Tratava-se, assim, de
um movimento de caráter político, organizado coletivam ente pelos trabalhadores.
Ao fim e ao cabo, o Parlamento inglês recusou-se a ratificar a Carta do Povo e
rejeitou todas as petições dos cartistas. Com isso, o governo reprimiu cruel
mente os cartistas, prendeu seus dirigentes e aniquilou o movimento. Mas, como
é de se notar, a influência do cartismo sobre o desenvolvimento do movimento
45. Idem. ,
46. SACHS, Benjamin I. The unbundled union: politics without collective bargaining. Re
vista Direito das Relações Sociais e Trabalhistas, Brasilia, Centro Universitário do Distrito
Federal, v. 4, n. 2, p. 9-3 4 , mai.-ago. 2018.
47. MIZIARA, Raphael. Moderno dicionário de direito do trabalho. São Paulo: LTr, 2019.
p. 42. A propósito, o movimento cartista britânico, ao lado da Revolução de 1848 na
França e do Manifesto Comunista, também de 1848, contribuiram de forma conjunta
para fixar o ano de 1848 como o marco do início dafase de sistematização e de consolida
ção do Direito do Trabalho na Europa Ocidental. A respeito, consultar, ilustrativamente,
MORAES FILHO, Evaristo de. Tratado Elementar de Direito do Trabalho. Rio de Janeiro:
Freitas Bastos, 1960. v. I. p. 81 -9 0 , e DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do
Trabalho. 18. ed. São Paulo: LTr, 2019. p. 105-113.
D elsadoMaurício Godinho; Pimenta, José Roberto Freire; M iziara, Raphael. Sindicalismo e greve no estado democrático
de direito; o debate sobre o exercício, pelas entidades sindicais, de atividades com dimensões políticas
Revista de Direito do Trabalho e Seguridade Social, vol. 209. ano 46. p. 246-286. Sao Paulo: Ed. RT, jan.-fev. 2020.
270 R evista de D ireito do T rabalho e S eguridade S ocial 202Q ® R D T 209
48. MIZIARA, Raphael. Moderno dicionário de direito do trabalho São Paulo' LTr 2019
p. 42. ' ’ '
49. MIZIARA, Raphael. Ob. cit., p. 42.
50. DELGADO, Maurício Godinho. Direito coletivo do trabalho. 7 ed São Paulo-LTr 2017
p. 131-132. ' ’ '
51. OIT. La libertad sindical: recopilación de decisiones de! Comité de Libertad Sindical. 6.
ed. Oficina Internacional dei Trabajo. Ginebra: OIT, 2018. p. 133.
D elgado Maurício Godinho; P w n t a , José Roberto Freire; M iziasa, Raphael. Sindicalismo e greve no estado democrático
. de dlre'!0-.0 d.eb^ te 50bre 0 exercício, pelas entidades sindicais, de atividades com dimensões políticas
flewsfo de Direito do Trabalho e Seguridade Social, vol. 209. ano 46. p. 245-286. São Paulo: Ed. RT, jan.-fev. 2020.
Estudos N a c io n a is 271
[ ...l o Estado, sem poder proibir, em geral, toda a atividade política das orga
nizações profissionais, deve d eixarás autoridades judiciais a tarefa de suprimir
os abusos que as organizações com etem ao perderem de vista seu objetivo fun
damental, que deveria ser o progresso econôm ico e social de seus mem bros ”55
Como dito a entidade sindical, por ser uma organização de tendência foi cria
da para defender determinados valores e ideologias e, por isso mesmo, goza de
5Z AmaUrí MaSCar° ' ComPêndio de direito sindical. 8. ed. São Paulo: Sarai-
“ [■■■Ia proibição geral de toda atividade política dos sindicatos seria não ape
nas incompatível com os princípios da liberdade de associação, com o tam bém
careceria de realismo quanto à sua aplicação prática. De fato, as organizações
sindicais podem querer, p o r exem plo, expressar publicamente sua opinião
sobre a política econôm ica e social de um governo.”56
Com efeito, conforme bem argumenta Oscar Ermida Uriarte, a liberdade sin
dical e a autonomia das entidades sindicais somente podem ter densidade na me
dida em que a organização coletiva e os próprios membros da categoria possam
exercer os demais direitos fundamentais, porque é praticamente impossível
constituir um sindicato livre e desenvolver uma atividade sindical autêntica se
não se puder exercer tais direitos, como o de expressão do pensamento.57
Naturalmente que incorre em equívoco a entidade sindical que atua essen
cialmente na dinâmica da política partidária de determinados país, sociedade e
Estado. Incorre em equívoco estratégico, sem dúvida nenhuma; porém, não in
corre em prática ’de ilicitude - pelo menos se forem corretamente considerados
os marcos do Estado Democrático de Direito. Tal equívoco estratégico pode com
prometer, logo àfrente, a própria legitim idade da respectiva organização sindical p e
rante a sua base representada, m as isso não significa a prática de ato ilícito p ela
respectiva entidade. Entre as liberdades amplas de associação, de organização, de
atuação e de manifestação inerentes às entidades da sociedade civil integrantes
D elgado,Maurício Godinha; P imenta, José Roberto Freire; M iziaba, Raphael. Sindicalismo e greve no estado democrático
de direito: o debate sobre o exercício, pelas entidades sindicais, de atividades com dimensões políticas.
Revisto deDireitodo Trabalho e Seguridade Social, vol. 209. ano 46. p. 245-286. São Paulo: Ed. RT, jan.-fev. 2020.
274 R evista de D ireito do T rabalho e S eguridade S ocial 2 0 2 0 • RDT 209
58
Agravo de Instrumento 5.124, Rei. Min. Ayres Britto, DJ 3 0 .0 6 .2 0 0 8 . p. 15
59. Ilustrativamente citem-se duas obras de Ronald Dworkin em que o autor analisa a na-
mreza normativa dos princípios e os hard cases envolvendo a sua incidência: Levando os
cm o 2.
cipio. 2 ed.
e°d Sao
Sn ° Paulo:
P 'l Martins
m ° PaUln MarÜnS
Fontes, FOnteS’ 2007; Ê aÍnda: UmÜ QueStã0 de Prin
2005.
Estudos N acionais 275
A própria função negociai dos sindicatos desempenha, além de seu papel ne
gociai e jurídico, um papel político altamente positivo, além de indispensável,
enquanto forma de diálogo entre grupos sociais em uma sociedade democrática,
para a valorização da inter-relação pacífica entre o capital e o trabalho, uma vez
que se mostra do interesse geral da sociedade que ambos superem as suas diver
gências. Ora, o equilíbrio do sistema político pode ser prejudicado quando os
conflitos sociais assumem proporções maiores e antagonistas, passando, assim, a
afetar a sociedade e a convivência pacífica e democrática de seus vários agentes e
setores. Quando isso ocorre, podem tais conflitos trazer instabilidade política. As
sim, a negociação coletiva é um instrumento de estabilidade nas relações entre os
trabalhadores e as empresas - a sua utilização passa a ter um sentido que ultrapassa
a esfera restrita das partes interessadas, para interessar a toda a sociedade política.
Merece críticas, portanto, a posição que ainda nega, de forma simplista e ab
soluta, a função política dos sindicatos. Embora sutilmente busque se arvorar em
argumentos relativamente técnicos e jurídicos, no fundo se trata de pensamento que
ainda veleja pelas águas turvas do corporativismo e do autoritarismo político que m-
felizmente preponderaram por décadas na História da República no Brasil.
60. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Compêndio de direito sindical. 8. ed. São Paulo. Sarai
va, 2015. p. 443.
61. A doutrina também realiza outras extensões do conceito de greve, as quais podem ter
maior ou menor relevância prática em casos concretos específicos. A respeito, consultar
VIANA, Márcio Túlio. Direito de resistência. São Paulo: LTr, 1996. p. 186.
276 R evisto de D ireito do T rabalho e S eguridade S ocial 2 0 2 0 • R D T 2 0 9
62. DELGADO, Maurício. Direito coletivo do trabalho. São Paulo: LTr, 2017. p. 284.
DeiMBO Maurício Godinho; Pimenta, José Roberto Freire; M iziara, Raphael. Sindicalismo e greve no estado democrático
R e J ta Ä A °cexereí ,0j P-elas entidades sindicais, de atividades com dimensões políticas
Revista de Direito do Trabalho e Seguridade Social, vol. 209. ano 46. p. 245-286, São Paulo- Ed RT jan -fev 2020
Estudos N a c io nais 277
“[...] las huelgas de carácter puramente político y las huelgas decididas siste
maticamente mucho tiempo antes de que las negociadones se lleven a cabo no
caen dentro dei âmbito de los principios de libertad sindical.”64
63. OIT. La libertad sindicai: recopilación de decisiones dei Comité de Libertad Sindical. 6.
ed. Oficina Internacional dei Trabajo. Ginebra: OIT, 2018. p. 146-150.
64. OIT. La libertad sindical: recopilación de decisiones dei Comité de Libertad Sindical. 6.
ed. Oficina Internacional dei Trabajo. Ginebra: OIT, 2018. p. 146-150.
D elsadoMaurício Godinho; P imenta, José Roberto Freire: M iziara, Raphael. Sindicalismo e greve no estado democrático
de direito: o debate sobre o exercício, pelas entidades sindicais, de atividad« com dimensões politicas_
Revista de Direito do Trabalho e Seguridade Social, vol. 209. ano 46. p. 24S-286. Sao Paulo: Ed. RT, jan.-fev. 2020.
278 R evista de D ireito po T rabalho e S eguridade S ocial 2020 ® R D T 209
65. MELO, Raimundo Simão de, A greve no direito brasileiro. 3. ed. São Paulo: LTr, 2011.
p. 45.
D elgadoMaurício Godinho; Pimenta, José Roberto Freire; M iziara, Raphael. Sindicalismo e greve no estado democrático
de direito: o debate sobre o exercício, pelas entidades sindicais, de atividades_com dimensões poiiticas
Revista de Direito do Trabalho e Seguridade Social, vol. 209. ano 46. p. 245-286. Sao Paulo. Ed. RT, jan.-fev. 2020.
280 R evista de D ireito do T rabalho e S fguridade S ocial 2020 ® R D T 209
“Si bien las huelgas de naturaleza puram ente política no están çubiertas por
los principios de la libertad sindical, los sindicatos deberían poder organizar
huelgas de protesta, en particular para ejercer una crítica contra la política
económicay social dei gobiem o." (grifos acrescidos)
Agrega ainda a OIT que “La prohibición de realizar huelgas por motivo de
problemas de reconocimiento (para negociar colectivamente) no están en con-
formidad con los principios de la libertad sindical”.67
Na mesma linha da OIT e do texto do art. 9o da Constituição Federal de 1988,
importantes juristas do Brasil e internacionais insistem em que as greves não ne
cessitam se circunscrever a interesses estritamente contratuais trabalhistas, sen
do indevida a cisão entre o político e o económico-contratual, sob pena de
subtração à classe trabalhadora de um dos seus mais eficientes instrumentos de
participação socioeconômica, profissional e política na realidade histórica con
temporânea. Notem-se, a esse respeito, as lúcidas e pertinentes observações, por
exemplo, de Raimundo Simão de Melo:
66. OIT. La libertad sindical: recopilación de decisiones dei Comité de Libertad Sindical.
6. ed. Oficina Internacional dei Trabajo. Ginebra: OIT, 2018. p. 146-150.
67. OIT. La libertad sindical: recopilación de decisiones dei Comité de Libertad Sindical.
6. ed. Oficina Internacional dei Trabajo. Ginebra: OIT, 2018. p. 149.
68. MELO, Raimundo Simão. Interesses tuteláveis pela greve no Direito brasileiro. Revista
Consultor Jurídico. 21.06.2019. Disponível em: [www.conjur.com.br/2019-jun-21/refle-
xoes-trabalhistas-interesses-tutelaveis-greve-direito-brasileiro] . Acesso em: 25.08.2019.
üe^ do Mauricm Godinho; Pimenta, José Roberto Freire; M iziara, Raphael. Sindical smc e greve no estado democrático
de direito, o debate sobre o exercício, pelas entidades sindicais, de atividades com dimensões Doliticas
fíewsío de Direito do Trabalho e Seguridade Social, vol. 209. ano 46. p. 245-286. São Paulo: Ed. RT, jan.-fev. 2020.
Estudos N a c io n a is 281
“ [...] o recurso à greve é tam bém lícito quando estejam em causa interesses
sócio-profissionais dos trabalhadores de carácter mais geral, m orm ente quan
do está im inente a emissão de legislação que possa afectar a condição social
e económ ica dos trabalhadores, podendo estes recorrer à greve com o forma
de pressionar o poder quanto à produção legislativa desde que o objectivo a
prosseguir não seja constitucionalm ente im próprio e caiba no com plexo de
interesses que tem reconhecim ento e tutela na disciplina constitucional das
relações económ icas e laborais” (Tribunal da Relação de Évora, Sec. Social,
Processo 1 .1 1 5 /0 4 -2 , Rei. André Proença, julgam ento de 2 2 .0 6 .2 0 0 4 ).
“Est licite la grève ayant pour objet le refus du blocage des salaires, la défense
de 1’emploi, et la réduction du tem ps de travail, revendications étroitem ent
liées aux préoccupations quotidiennes des salariés au sein de leur entrepri-
se”71 (Cham breSociale, Processo 7 8 -4 0 5 5 3 , decisão de 2 9 .0 5 .1 9 7 9 ).
69. MALLET, Estêvão. Dogmática elementar do direito de greve. 2. ed. São Paulo: LTr, 2015.
P- 55.
70. MALLET, Estevão. Loc. cit.
71. Em tradução livre: É lícita a greve para atacar política de congelamentos salariais, a de
fesa do emprego e a redução do tempo de trabalho, reclamações intimamente ligadas às
preocupações do dia a dia dos trabalhadores da empresa.
Maurício Godinbo; Pimenta, José Roberto Freire; M iziara, Raphael. Sindicalismo e greve no estado democrático
D elgado,
de direito: o debate sobre o exercício, pelas entidades sindicais, de atividades com dimensões poiíticas.
Revista de Direito do Trabalho e Seguridade Social, vol. 209. ano 46. p. 245-286. São Paulo; Ed. RT, jan.-fev. 2020.
282 R evista de D irfito do T rabalho e S eguridade S ocial 2 0 2 0 * R O T 2 0 9
No entanto, é preciso enfatizar que, nos últimos anos, tem prevalecido na Se
ção de Dissídios Coletivos do Tribunal Superior do Trabalho, por ampla maioria
de votos, o entendimento no sentido contrário. Ou seja, a jurisprudência m ajo
ritária que se sedimentou na SDC do TST afirma que a greve motivada por inte
resses políticos, ainda que com certo fundo trabalhista, mostra-se abusiva sob o
ponto de vista material, especialmente pela circunstância de a pretensão brandi
da no movimento paredista não ser passível de atendimento pelo respectivo em
pregador ou categoria econômica, por se situar fora da esfera de atuação do poder
empregatício, sendo inerente, de maneira geral, ao Poder Público. De fato, diver
sos acórdãos da SDC-TST têm reiterado essa compreensão mesmo em se tratan
do de greve contra Medida Provisória que altera significativamente as condições
D elgadoMaurício Godinho; P wenta, José Roberto Freire; M iz m a , Raphaei. Sindicalismo e greve no estado democrático
de direito, o debate sobre o exercício, pelas entidades sindicais, de atividades com dimensões políticas
Revista de Direito do Trabalho e Seguridade Social, vol. 209. ano 46. p. 245-286. São Paulo- Ed RT jan -fev 2020
Estudos N acio nais 283
VI. C o nclusão
A partir das bases fundamentais do Estado Democrático de Direito, estabele
ceu-se que a noção de democracia, quando plasmada nas relações de trabalho,
deve ser compreendida como a real e efetiva participação dos atores sociais nos
processos de formação dos atos de poder capazes de influenciar seu cotidiano.
Tal ideal pode ser concretizado por meio do movimento sindical, desde que
dotado de efetiva representatividade. Logo, pode-se concluir que o sindicalismo
é peça fundamental na concretização do Estado Democrático de Direito, na me
dida em que permite aos membros das categorias profissionais a inclusão e a par
ticipação na sociedade política e civil.
Ora, o sindicalismo substantivo só existe, realmente, na proporção em que se
jam assegurados e concretizados os seus princípios constitucionais e convencio
nais internacionais estruturantes, notadamente o da liberdade sindical e o da
autonomia das entidades sindicais, a par do princípio da equivalência dos con
tratantes coletivos. Só se pode falar em Estado Democrático de Direito e em seus
pilares estruturantes desde que de forma conjugada à ideia de um livre, represen
tativo e sólido sindicalismo.
Por sua vez, as plenas liberdade e autonomia das entidades sindicais pressu
põem a possibilidade de realização de atividades com dimensões políticas, desde
que conectadas com a dimensão econômica, social e trabalhista e os interesses
dos trabalhadores por elas representados, na linha ampla assegurada pela Cons
tituição de 1988 e pelos normativos internacionais da OIT.
72. Eis alguns arestos que têm afirmado a jurisprudência hoje dominante: a) TST-
-R O -51534-84.2012.5.02.0000, SDC, Rei. Min. Walmír Oliveira da Costa, 0 9 .0 6 .2 0 1 4 -
Informativo TST 85; b) T S T -R O -1393-27.2013.5.02.0000, SDC, Rei. Min. Maria de
Assis Calsing, 24.0 4 .2 0 1 7 - Informativo TST 157; c) T ST -R O -1001240-35.2017.5.02.
0000-SDC-TST, julgamento em 1 4 .0 5 .2 0 1 8 , Rei. Min. Aloysio Corrêa da Veiga; d)
TST-R O -10504-66.2017.5.03.000-SD C -T ST , julgamento em 0 9 .0 4 .2 0 1 8 , Rei. Min.
Dora Maria da Costa; e) T ST -D C G -1000418-66.201 8 .5 .0 0 .0 0 0 0 , SDC, redator p/acór-
dão Min. Ives Gandra da Silva Martins Filho, 1 1 .0 2 .2 0 1 9 (relator original: Min. Mau
rício Godinho Delgado) - Informativo TST 190. Esclareça-se que os Ministros Maurício
Godinho Delgado, Kátia MagaLhães Arruda e Lélio Bentes Correia têm apresentado,
em tais casos, quando votantes nos processos, compreensão contrária à da maioria
sedimentada.
D elgadoMaurício Godinho; Pimenta, José Roberto Freire; M iziara, Raphael. Sindicalismo e greve no estado democrático
de direito: o debate sobre o exercício, pelas entidades sindicais, de atividades com dimensões políticas
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