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Probióticos e Prebióticos . . . . . . . . . . . . . . . o • • • • • • • • • • • • • o • • • • • • o 65
Alessandra Pinheiro
Manuela Dolinsky
Leandro Pontes
Sílvia Lenho o o • o o o o o o o • o o o o o o o • o o o o o o • o o o o o o o o o • o o o o o o o o o o o o o o o o o o
Fitosterol . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . o • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 105
Fernanda Serpa
Antioxidantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . o • • • • • • • 123
Andréa Ramalho
Flavonóides . . . . o • • • • o • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 134
Alessandra Pinheiro
Fabiana Casé
Bases e Princípios
da Nutrição Funcional
Introdução
A sociedade moderna tem se tornado cada vez mais complexa, modifi
cando os padrões de vida. As pessoas freqüentemente mostram sintomas
de cansaço, depressão e irritação ou, mais comumente, uma forma de
estresse. Apesar disto, a baixa incidência de doenças em alguns povos cha
mou a atenção para a sua dieta, como é o caso dos esquimós, com sua
<ilimentação baseada em peixes e produtos do mar ricos em ácidos graxos
poliinsaturados das famílias ômega-3 e 6, apresentando baixo índice de
problemas cardíacos, e dos orientais, em razão do consumo de soja, que
contém fitoestrógenos, apresentando baixa incidência de câncer de mama,
comprovado por dados epidemiológicos. Os alimentos funcionais fazem
parte de uma nova concepção de alimentos, lançada pelo Japão na déca
da de 1980 por meio de um programa governamental que tinha como
objetivo desenvolver alimentos saudáveis para uma população que enve
lhecia e apresentava uma grande expectativa de vida 1. O Japão foi pioneiro
na formulação do processo de regulamentação específica para os alimen
tos funcionais. O princípio foi rapidamente adotado mundialmente.
Entretanto, as denominações das alegações, bem como os critérios para
sua aprovação, variam de acordo com a regulamentação de cada país ou
de blocos econômicos2,3.
Os alimentos funcionais devem apresentar propriedades benéficas além
das nutricionais básicas, sendo apresentados na forma de alimentos comuns.
São consumidos em dietas convencionais, mas demonstram capacidade
V)
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Definições
Os alimentos funcionais se caracterizam por oferecer vários benefícios à
saúde, além do valor nutritivo inerente à sua composição química, poden
do desempenhar um papel potencialmente benéfico na redução do risco de
doenças crônicas não-transmissíveis. Os alimentos e ingredientes funcio
nais podem ser classificados de dois modos: quanto à fonte (origem vegetal
ou animal) ou quanto aos benefícios que oferecem, envolvendo cinco áreas
do organismo- sistema gastrintestinal; sistema cardlovascular; metabolis
mo de substratos; crescimento, desenvolvimento e diferenciação celular;
comportamento das funções fisiológicas-e como antioxidantes. Os alimen
tos funcionais apresentam as seguintes características1•4:
neira intensiva nos aditivos alimentares que podem exercer efeito benéfico
sobre a composição da microbiota intestinal7·9.
Os probióticos eram classicamente definidos como suplementos ali-
mentares à base de microrganismos vivos que afetam beneficamente o
animal hospedeiro, promovendo o balanço de sua microbiota intestinal. -o
--l
Diversas outras definições de probióticos foram publicadas nos últimos ~
anos. Entretanto, a definição atualmente aceita em nível internacional é Y:
que eles são microrganismos vivos, administrados em quantidades ade- ~
.....
quadas, que conferem benefícios à saúde do hospedeiro. A influência ~
benéfica dos probióticos sobre a microbiota intestinal humana inclui fa- '""
tores como efeitos antagônicos, competição e efeitos imunológicos,
resultando em um aumento da resistência contra patógenos. Assim, a uti-
lização de culturas bacterianas probióticas estimula a multiplicação de
bactérias benéficas, em detrimento à proliferação de bactérias potencial-
mente prejudiciais, reforçando os mecanismos naturais de defesa do
hospedeiro7. Os probióticos são também conhecidos como bioterapêu-
ticos, bioprotetores e bioprofiláticos e utilizados para prevenir as infecções
entéricas e gastrintestinais. Em um intestino adulto saudável (preferencial-
mente íleo terminal e cólon), a microflora predominante é composta de
microrganismos promotores da saúde, em sua maioria pertencente aos
gêneros Lactobacillus e Bífidobacterium e, em menor escala, Enterococcus
faecium. Os Lactobaccillus geralmente citados como probióticos são: L.
casei, L. acidophilus, L. delbreuckii subsp. bulgaricus, L. brevís, L. cellibiosus,
L. lactis, L. fermentum, L. plantarum e L. reuteri. As espécies de Bifido-
bacteria com atividade probiótica são: B. bifidum, B. longum, B. infantis,
B. adolescentis, B. thermophilum e B. animalis. Segundo alguns estudio-
sos, outras bactérias ácido-láticas com propriedades probióticas são:
Enterococcus faecalis, E. faecium e Sporolactobacillus inulinus, ao passo
que Bacillus cereus, Escherichia coZi Nissle, Propionibacterium freuden-
reichii e Saccharomyces cerevisiae têm sido citados como microrganismos
não-láticos associados a atividades probióticas, principalmente para uso
farmacêutico ou em animais 1•7·10· 12• Deve-se salientar que o efeito de uma
bactéria é específico para cada cepa, não podendo ser extrapolado, indu-
sive para outras cepas da mesma espécie 11 .
Os benefícios à saúde do hospedeiro atribuídos à ingestão de culturas
probióticas são: controle da microbiota intestinal; estabilização da micro-
biota intestinal após o uso de antibióticos; promoção da resistência
gastrintestinal à colonização por patógenos; diminuição da concentração
dos ácidos acético e lático, das bacteriocinas e de outros compostos anti-
microbianos; promoção da digestão da lactose em indivíduos intolerantes
à essa substância; estimulação do sistema imune; alívio da constipação; e
aumento da absorção de minerais e vitaminas. Outros possíveis efeitos
dos probióticos são a sua atuação na prevenção de câncer, na modulação
de reações alérgicas, na melhoria da saúde urogenital de mulheres e nos
Bases e Principies da Nutrição Funcional- 7
Fibras Dietéticas
As fibras da dieta estão incluídas na ampla categoria dos carboidratos.
Pode-se classificar a fibra segundo o papel que ela cumpre nos vegetais,
em dois gruposl.l8.19:
Frutanos
A nova definição de fibras dietéticas sugere a inclusão de oligossacarídeos
e de outros carboidratos não-digeríveis. Deste modo, a inulina e a oligo-
frutose, denominadas de frutanos, são fibras solúveis e fermentáveis, as
quais não são digeríveis, na parte superior do trato gastrintestinal, pela
amilase e pelas enzimas hidrolíticas, como a sacarase, maltase e isomaltase.
Como os componentes da fibra dietética não são absorvidos, eles pene-
tram no intestino grosso e fornecem substrato para as bactérias intestinais.
As fibras solúveis são normalmente fermentadas de forma rápida, ao pas-
so que as insolúveis são lentamente ou apenas parcialmente fermentadas.
A extensão da fermentação das fibras solúveis depende de suas estruturas
física e química. A fermentação é realizada por bactérias anaeróbicas do
cólon, levando à produção de ácido lático, ácidos graxos de cadeia curta e
gases. Conseqüentemente, há redução do pH do lúmen e estimulação da :s 'f>
00
proliferação de células epiteliais do cólon7,2I. ~
Segundo alguns estudiosos, os efeitos do uso das fibras são a redução ~
dos níveis de colesterol sanguíneo e diminuição dos riscos de desenvolvi- ~
mento de câncer, decorrentes de três fatores: capacidade de retenção de v,
substâncias tóxicas ingeridas ou produzidas no trato gastrintestinal du-
rante processos digestivos; redução do tempo do trânsito intestinal,
promovendo urna rápida eliminação do bolo fecal, com diminuição do
tempo de contato do tecido intestinal com substâncias mutagênicas e
carcinogênicas; formação de substâncias protetoras pela fermentação
bacteriana dos compostos de alimentaçãol,l9.
O amido é um carboidrato complexo formado por unidades de glicose
e constituído de duas frações: amilose e amilopectina. No início da dé-
cada de 1980, descobriu-se que uma parte do amido dietético não era
digerida e absorvida no intestino delgado. Essa parte foi chamada ami-
do resistente. Entre 7 e 10% do amido de trigo, aveia e batata e 20% do de
feijão cozido podem chegar ao cólon, onde são fermentados pela micro-
flora e convertidos em ácidos graxos de cadeia curta. O amido resistente
aumenta a absorção de cálcio, magnésio, ferro, zinco e cobre, reduz o
colesterol e os triglicerídeos plasmáticos e auxilia na prevenção do cân-
cer de cólon22 ·25 .
Muitas organizações de saúde sugerem a ingestão de 20 a 35g de fibras
ao dia. O consumo excessivo de fontes isoladas de fibra pode impedir a
absorção de nutrientes importantes3.4.
Os prebióticos identificados atualmente são carboidratos não-digeríveis,
incluindo a lactulose, a inulina e diversos oligossacarídeos que fornecem
carboidratos capazes de serem fermentados pelas bactérias benéficas do
cólon. Os prebióticos avaliados em humanos constituem-se em frutanos
e galactanos. A maioria dos dados da literatura científica sobre os efeitos
Bases e Prindpjos da •... triçlo fa'làoJJa - 11
Beta-glucanas
As beta-glucanas são polissacarídeos que fazem parte da fração solúvel
da fibra alimentar e estão presentes nos cereais, principalmente cevada
e aveia. Estão contidas no endosperma da semente. Os primeiros estu-
dos científicos de beta-glucanas da cevada (Hordeum vulgare) foram
estimulados pela influência dessas substâncias na elaboração e quali-
dade da cerveja. Porém, após a descoberta dos efeitos fisiológicos, as
beta-glucanas da aveia (Aveia sativa) de estrutura química similar têm
dividido a atenção22,23,30,31 .
As beta-glucanas de cereais diminuem a taxa de colesterol plasmático,
principalmente em indivíduos hipercolesterolêrnicos, e atenuam a res-
posta glicêmica e insulínica pós-prandial, o que possibilita sua utilização
no controle ou retardo do aparecimento de doenças crônicas, como doen-
ças coronárias e diabetes melito. As atuais recomendações nutricionais
incentivam a expansão da ingestão de aveia e cevada mais ricas em beta- _., -..)
Frutooligossacarídeos
Os FOS são oligossacarídeos de ocorrência natural, principalmente em
produtos de origem vegetal. São chamados açúcares não-convencionais
e têm tido impacto na indústria do açúcar em razão de suas excelentes
características funcionais em alimentos, além de seus aspectos fisioló-
gicos e físicos. Os FOS podem ser divididos em dois grupos do ponto
de vista comercial: o primeiro grupo é o preparado por hidrólise enzimá-
tica de inulina. Esses oligossacarídeos podem ser encontrados em uma
grande variedade de plantas, mas principalmente em alcachofras,
aspargos, beterraba, chicória, banana, alho, cebola, trigo, tomate, tubér-
culos (como o yacon) e bulbos (como os de lírios vermelhos). O segundo
grupo é preparado por reação enzimática de transfrutosilação em resí-
duos de sacarose26•28•34 .
Estima-se que no meio oeste da Holanda o consumo per capita de
FOS seja de 2 a 12g/ dia. No Japão, o consumo diário é estimado em
13,7mg/kg/dia. No Japão, estabeleceu-se como consumo diário aceitá-
vel cerca de 0,8g de FOS/kg de peso corporal/ dia. Encontra-se, nesse país,
o maior mercado comercial de FOS, com um volume comercializado de
mais de 400t em 1990, mostrando que os oligossacarídeos são um dos
produtos mais populares como alimentos funcionais. Os japoneses pro-
duziram U$ 46 milhões de diferentes tipos de oligossacarídeos em 1990,
e foi projetado um mercado de alimentos funcionais no valor deU$ 4,5bi,
v; com crescimento anual de 8%, em 199519,24,34.
;i
r;-
Como status legal, os FOS são considerados, na maioria dos países, in-
~ gredientes e não aditivos alimentares. São fibras dietéticas, o que foi
J; confirmado pelas autoridades legais em vários países; nos Estados Uni-
~ dos, possuem o status de generally recognized as safe (GRAS). A sua ingestão
~ pode estar associada à flatulência, e isto se torna mais flagrante em indi-
víduos que possuem intolerância à lactose. A gravidade desse tipo de
sintoma está associada à dose de FOS consumida, isto é, quanto menos
FOS, menos sintomas. Em geral, a ingestão de 20 a 30g/ dia desencadeia o
início de um desconforto grave no indivíduo, sendo o ideal seguir as do-
ses recomendadas de cerca de lOg/dia. Comercialmente, os FOS são
suplementos caros, a cerca deU$ 0,20/g; o consumo nas doses recomen-
dadas pode custar U$ 2,00/dia20,34.
Estudos recentes demonstraram que a ingestão de FOS, em doses de
12,5g/ dia, por 3 dias (doses clinicamente toleradas), produziu efeitos signi-
ficativos de redução na contagem de anaeróbios totais nas fezes, alteração
de pH, atividade de nitroredutases, azoredutases e beta-glucoronidases, bem
14 - Bases e Principios da Nutrição Funcional
Glicosinolatos
Os glicosinolatos formam um grande grupo de glicosídeos sulfurados. Eles
podem ser produzidos ou perdidos pelas hortaliças durante o armazena-
mento. O processamento pode degradar os glicosinolatos, porém a
inativação enzimática pelo calor os preserva3.
16- Bases e Princípios da Nutrição Funcional
Vitamina E
A vitamina E é a principal vitamina antioxidante transportada na corrente
sanguínea pela fase lipídica das partículas lipoprotéicas. Junto com o
betacaroteno e outros antioxidantes naturais, chamados ubiquinonas, a
vitamina E protege os lipídios da peroxidação. A ingestão de vitamina E
em quantidades acima das recomendações correntes pode reduzir o risco
de doenças cardiovasculares, melhorar a condição imune e modular con-
dições degenerativas importantes associadas com envelhecimento. Essa
vitamina é um componente dos óleos vegetais e encontrada na natureza
em quatro formas diferentes: alfa, beta, gama e delta-tocoferol, sendo o
delta-tocoferol a forma antioxidante amplamente distribuída nos tecidos
e no plasma. A vitamina E encontra-se em grande quantidade nos lipídeos,
e evidências recentes sugerem que essa vitamina impede ou minirniza os
danos provocados pelos radicais livres associados com doenças específi-
cas, incluindo câncer, artrite, catarata e envelhecimento. A vitamina E tem
a capacidade de impedir a propagação das reações em cadeia induzidas
pelos radicais livres nas membranas biológicas. Os danos oxidativos po-
dem ser inibidos pela ação antioxidante dessa vitamina, juntamente com
a glutationa, a vitamina C e os carotenóides, constituindo um dos princi-
pais mecanismos da defesa endógena do organismo42,43.
Selênio
O selênjo é um mineral-traço essencial, ou seja, o organismo necessita
dele em quantidades mínimas, tornando-se tóxico em altas doses. Deficiên-
cias de selênio ocorrem na maioria dos animais de sangue quente, gerando
catarata, distrofia muscular, depressão, necrose do fígado, infertilidade,
doenças cardíacas e câncer. Esse mineral oferece proteção contra doen-
ças crônicas associadas ao envelhecimento, como aterosclerose (doenças
das artérias coronarianas, cerebrovascular e vascular periférica), câncer,
artrite, cirrose e enfisema. Está presente, entre outros alimentos, em bró-
colis, couve, aipo, pepino, cebola, alho e rabanete3.
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Polifenóis
Os polifenóis são os antioxidantes mais abundantes da dieta. Eles partici-
pam dos processos metabólicos responsáveis pela cor, adstringência e
aroma dos alimentos3.
22 - Bases e Princípios da Nutrição Funcional
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Algas
Nos últimos anos, muito interesse tem sido focado no potencial biotecno-
lógico das microalgas, principalmente em razão da identificação de
diversas substâncias sintetizadas por esses organismos. A imensa biodi-
versidade e a conseqüente variabilidade na composição bioquímica da
biomassa obtida das culturas microalgais, aliadas ao emprego de melho-
ramento genético e ao estabelecimento de tecnologia de cultivo em grande
escala, permitem que determinadas espécies sejam comercialmente uti-
lizadas. Esses microrganismos tradicionalmente são classificados quanto
aos tipos de pigmentos, à natureza química dos produtos de reserva e aos
constituintes da parede celular. Apesar das diferenças estruturais e morfo-
lógicas entre os representantes de cada divisão, são fisiologicamente similares
e apresentam um metabolismo análogo àquele das plantas. As algas são
principalmente encontradas no meio marinho, em água doce e no solo,
sendo consideradas responsáveis por pelo menos 60% da produção primá-
ria da Terra. O número exato de espécies microalgais ainda é desconhecido.
Atualmente, são encontradas citações relatando que podem existir entre
200.000 e alguns milhões de representantes desse grupo. Tal diversidade
também se reflete na composição bioquímica; dessa forma, as microalgas
são fontes de uma quantidade ilimitada de produtos. Cabe ressaltar que
algumas espécies sintetizam compostos que podem ser altamente tóxi-
cos para outras espécies de organismos, inclusive para o ser humano37,53.
Os cultivos de microalgas são realizados visando a produção de bio-
massa tanto para uso na elaboração de alimentos quanto para a obtenção
de compostos naturais com alto valor no mercado mundial. Dentre os inú-
meros compostos extraídos ou com potencial de exploração comercial,
podem ser relacionados ácidos graxos poliinsaturados, carotenóides,
ficobilinas, polissacarídeos, vitaminas, esteróis e diversos compostos
bioativos naturais (antioxidantes, redutores do colesterol, etc.), os quais
podem ser empregados especialmente no desenvolvimento de alimentos
funcionais por suas propriedades nutricionais e farmacêuticas. O merca-
do de alimentos funcionais, que utiliza microalgas em massas, pães,
iogurtes e bebidas, apresenta rápido desenvolvimento em países como
França, Estados Unidos, China e Tailândia. As microalgas são também
incorporadas em massas, petiscos, doces, bebidas, etc., tanto como suple-
mento nutricional quanto como corantes naturais. Atualmente, são
comercializadas como alimento natural ou suplemento alimentar; encon-
tram-se formulações em pó, tabletes, cápsulas ou extratos. Para o emprego
na elaboração de alimentos, bem como para a extração de alguma subs-
tância de interesse, é necessário primeiramente separar a biomassa do
32- Bases e Princípios da Nutrição Funcional
Estudo da Composição
Nutricional dos Alimentos
Funcionais
Tabela 2.1 -Organização das substâncias bioativas nos alimentos funcionais quanto
às naturezas química e molecular11 •12
Proteínas, Ácidos
Compostos aminoácidos Carboidratos graxos
lsoprerióides fenólicos e afins e derivados elipídeos Minerais Microbióticos
Carotenóides Cumarinas Aminoácidos Ácido PUFA Cálcio Probióticos
ascórbico ómega-3
Saponinas Taninos Compostos Oligossacarideos MUFA Selênio Prebióticos
alii-S
Tocotrienos Lignina lsotiocianatos Polissacarídeo Esfingoli- Potássio
não-amiláceo pídeos
Tocoferóis Antocianinas Folato lecitina Cobre
Terpenos lsoflavonas Colina Zinco
simples
Flavonóides
MUFA =ácidos graxos monoinsaturados; PUFA =ácidos graxos poliinsaturados.
40 - Estudo da Composição Nutricional dos Alimentos Funcionais
Frutas Cítricas
As frutas cítricas, tais como limão, laranja, tangerina e grapefruit, por exem-
plo, são ricas em vitamina C, ácido fólico, pectina (uma fibra solúvel),
Oleaginosas
As sementes nozes, avelãs, amêndoas, castanha-do-pará, castanha-de-
caju, macadâmia, pistache, entre outras pertencem à família das
oleaginosas e são cultivadas desde 1000 a.C. Crescem em árvores e são
duras e secas. Embora normalmente tenham muitas calorias, são ricas
em nutrientes diversos e estão sendo cada vez mais valorizadas pelo seu
valor nutricional e propriedade funcionaJ66.
50 - Estudo da Composição Nutricional dos Alimentos Funcionais
.,., tam que indivíduos com maior ingestão de magnésio tinham os menores
~ índices de morte por doenças do coração, em razão da estabilização dos
t";" ritmos cardíacos7o.
~
J; A variedade de nutrientes e substâncias bioativas nas oleaginosas su-
~ gere que os efeitos no risco cardiovascular são responsáveis por múltiplos
S:. mecanismos. Hertog et al. evidenciam os efeitos cardioprotetores do
flavonóide (resveratrol) presente nas oleaginosas73. Concomitantemente,
os fitoesteróis presentes nas oleaginosas conferem efeito protetor contra
o câncer e as doenças cardiovasculares.
Segundo Salgado, estudos epidemiológicos recentes demonstram, de
maneira consistente e em diferentes grupos populacionais, que os indiví-
duos que ingerem nozes e sementes afins com freqüência (cinco vezes por
semana) têm menor incidência de doenças cardiovasculares do que aqueles
que ingerem uma vez ou menos66. Esse efeito é atribuído ao tipo de gordura
encontrado nas nozes, mono e poliinsaturado - perfil este que é associado
a uma baixa concentração de LDL, conhecida como mau colesterol.
Segundo a ADA, a quantidade recomendada de oleaginosas é de 30 a
60g/dia e Salgado afirma que uma castanha-do-pará por dia supre todas
as necessidades diárias de selênio do organismozs,ss.
Alimentos de soja D G GL D G GL
Grãos de soja 270 418 92 27 25 7
Proteína texturizada de soja 493 696 179 41 51 19
Broto de soja 3.221 5.244 1.196 257 97 743
"Leite" de soja esterilizado 68 88 13 2 2 o
"Leite" de soja pasteurizado 23 34 5 3 4 1
Tofu 105 143 29 7 9 2
Missô 62 89 10 25 29 12
Tempeh 93 206 14 85 103 9
Salsicha de soja (crua) 11 17 5 o 3 o
Hambúrguer de soja (cru) 12 25 6 8 13 4
Carne de soja (crua) 63 2 4 o o
D = daidzeína, G = genisteína, GL = glíciteína.
54 - Estudo da Composição Nutricional dos Alimentos Funcionais
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Uvas e Vinho
Segundo Pacheco, a uva depois de colhida é prensada e se obtém o suco
chamado mosto, cujo componente maior é a água (70 a 85% do volume
total) 98. O vinho é produto da fermentação natural desse mosto de uvas
maduras. Durante esse processo, as leveduras atuam sobre o açúcar pre-
sente na uva (glicose e frutose), transformando-o em álcool etílico,
produzindo calor e liberando gás carbônico.
Existe uma evidência crescente de que o vinho, particularmente o tinto,
possa reduzir o risco de doenças cardiovasculares. Hasler menciona que a
ligação entre a ingestão de vinho e a doença cardiovascular tornou-se pela
primeira vez aparente em 1979, quando foi encontrada uma correlação
negativa entre a ingestão de vinho e a morte por doença cardíaca isquêmica,
tanto em homens como em mulheres de 18 paísess3.
Os compostos bioativos responsáveis por tais efeitos benéficos estão
contidos nas uvas. A casca da uva e o suco da fruta contêm os compostos
fenólicos, antocianinas, quercetina e miricetina 12. Dentre estes, o que mais
tem despertado interesse em decorrência de seus efeitos benéficos à saú-
de é o transresveratrotl.
O transresveratrol ou resveratrol é uma fitoalexina, substância sinteti-
zada pelas videiras, com o objetivo principal de proteger a planta contra a
infecção por fungos 1 . Essa substância está concentrada na casca das uvas,
Estudo da Composição Nutricional dos Alimentos Funcionais- 57
Salgado afirma que estudos mostraram que dois cálices de vinho tinto
por dia (IOOmL), junto com as refeições, são suficientes para proteger o
coração 1. Aqueles que desejam os benefícios à saúde provenientes do vi-
nho sem o risco alcóólico podem ingerir uvas escuras com casca, suco
natural e vinho sem álcool.
A ADA recomenda a ingestão diária de 200 a 400mL de suco de uva ou
200mL de vinho tinto, para promover a redução da agregação plaquetária26.
Vegetais Crucíferos
Vegetais como brócolis, couve, couve-flor, repolho, couve-de-bruxelas e
nabo pertencem à família das crucíferas e são botanicamente conhecidos
como pertencentes à espécie das Bra.ssicas75.
As propriedades anticarcinogênicas dos vegetais crucíferos são atribuí-
das ao seu conteúdo relativamente alto de glicosinolatos53 .
Evidência epidemiológica tem associado o consumo freqüente de ve-
getais crucíferos com a diminuição do risco de câncer. Verhoeven et al., ao
revisarem 87 estudos caso-controles, constataram uma associação inver-
sa entre o consumo total de brássicas e o risco de câncer 10 1• A porcentagem
dos estudos caso-controles que mostraram uma associação inversa entre
o consumo de repolho, brócolis, couve-flor e couve-de-bruxelas e o risco
de câncer foi de 70, 56, 67 e 29%, respectivamente. Verhoeven et al. atri-
buiu as propriedades anticarcinogênicas dos vegetais crucíferos ao
conteúdo relativamente alto de glicosinolatoslOl.
De acordo com Salgado, os glicosinolatos são um grupo de glicosídeos
armazenados dentro dos vacúolos celulares de todos os vegetais
crucíferos 1• Quando a estrutura celular da planta é rompida, por exemplo
ao cortar os vegetais crucíferos, a mirosinase, uma enzima encontrada em \()
que esse componente pode ser uma nova abordagem para redução do
risco de câncer de mama104.
Wattenberg demonstrou que a administração de 76g de brócolis/ dia,
durante um mês, diminui em 45% as células cancerosas em ratas com cân-
cer de mama1os. Em outro estudo, Arnbrosone et al. verificaram que a
ingestão de vegetais crucíferos, particularmente o brócolis, é associada
à redução do risco de câncer de mama em mulheres na pré-menopausa,
devendo ser consumidos diariamente 106. Além dos efeitos anticarcino-
gênicos, as brássicas são nutricionalmente importantes em razão dos
elevados teores de vitamina C, minerais e fibras encontrados nas inflores-
cências e folhas dessas hortaliças71 .
Segundo Lameu, a dose recomendada de ingestão dietética de vegetais
crucíferos para prevenção do câncer é de >0,5 xícara de chá por dia84 •
Evidências crescentes corroboram a observação de que os alimentos
funcionais que contêm compostos bioativos, sejam de origem animal
ou vegetal, podem melhorar a saúde e prevenir inúmeras doenças. Con-
tudo, esses alimentos não devem ser confundidos como "alimentos
mágicos e milagrososos".
A ciência dos alimentos funcionais é uma área de estudo recente e ca-
rece de um maior número de pesquisas sobre a composição nutricional,
particularmente os compostos bioativos contidos nesses alimentos, para
que se possam determinar os efeitos benéficos, bem como quantificar as
doses máximas e mínimas que podem ser ingeridas pela população, sem
oferecer riscos de toxicidade.
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8. CÂNDIDO, L M. M.; CAMPOS, A. M. Alimentos funcionais: uma revisão. Boletim da
Sociedmle Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos (Campinas), v. 29, n. 2, p.
193-203, Mar. 1995.
9. SOUZA, P. H. M.; SOUZA NETO, M. H.; MAIA, G. A. Componentes funcionais nos ali-
mentos. Boletim da Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos
(Campinas), v. 37, n. 2, p. 127-135, Ago. 2003.
10. STURMER, J. Comida, um Santo Hemédio. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 2002. 199p.
11. WILDMAN, R. E. C. Handbook o[ Nutraceuticals and Functional Foods. Boca Raton:
CRC Press, 2001. 142p.
Capítulo 3
PROBIÓTICOS E PREBIÓTICOS
Alessandra Pinheiro
Manuela Dolinsky
Leandro Pontes
Silvia Lenho
Introdução
Com o aumento na expectativa de vida da população e o crescimento
exponencial dos custos médicos hospitalares, a sociedade necessita ven-
cer novos desafios por meio do desenvolvimento de novos conhecimentos
científicos e novas tecnologias que resultem em modificações importan-
tes no estilo de vida. A nutrição tem como objetivo não somente maximizar
as funções fisiológicas de cada indivíduo, mas também assegurar tanto o
bem-estar quanto à saúde, reduzindo o risco de desenvolvimento de doen-
ças ao longo da vida 1.
Buscando melhorar a qualidade de vida, algumas pessoas acabam por
"'
g, modificar seus hábitos alimentares e de vida e, muitas vezes sem orienta-
r;- ção ou conhecimento suficiente, adotam medidas errôneas e até mesmo
~ extremas, que podem levar a um comprometimento de sua saúde, o que,
~ a princípio, seria o oposto do objetivo inicial2.
~ O consumo de alimentos funcionais parece ser uma parte importante do
bem-estar. Dentre as diretrizes para esse tipo de alimentos, são permitidas
65
66 - Aplicação dos Alimentos Funcionais no Auxílio Terapêutico e na Prevenção de Doenças
Probióticos
Histórico e Definição
A palavra "probiótico" é derivada do grego "biotikos" e significa "para a
vida", sendo atualmente utilizada para nomear bactérias vivas usadas como
agentes para alterar a composição ou as atividades metabólicas da
microbiota normal (endógena) ou para modular o sistema imune de for-
ma a promover efeitos benéficos para a saúde humana4 • A observação
desse papel positivo desempenhado por algumas bactérias selecionadas
é atribuída a Eli Metchnikoff, russo, ganhador do Prêmio Nobel no início
do século XX. Outro pesquisador, o pediatra francês HenryTissier, obser-
vou, em crianças com diarréia, fezes com baixo número de bactérias de
morfologia peculiar em Y. Essas bactérias "bífidas" eram, ao contrário,
abundantes em infantes saudáveis, fazendo com que Tissier sugerisse que
elas poderiam ser administradas aos doentes diarréicos para ajudar ares-
tabelecer uma flora intestinal saudáveis.
Os trabalhos de Metchnikoff e Tissier foram os primeiros a fazer sugestões
científicas sobre a utilização de bactérias benéficas à microflora intestinaiS.
A partir de 1960, a palavra "probiótico" começou a ser largamente utilizada,
porém seu conceito era restrito a produtos contendo microrganismos vivos
e com dose adequada de bactérias a fim de exercer os efeitos desejados5•
Essas observações foram tão atraentes que a exploração comercial ime-
diatamente foi seguida por trabalhos científicos, porém, como os
resultados nem sempre foram positivos e a maior parte dessas observa-
ções foi contestada, o interesse por probióticos diminui durante décadas.
Entretanto, nos últimos 20 anos, a investigação na área de probiótico evo-
luiu consideravelmente e progressos significativos têm sido feitos na
seleção e caracterização de culturas probióticas específicas, com devidas
fundamentações relacionadas ao seu consumo sobre a saúde humanas.
Probióticos são microorganismos vivos que, quando consumidos em
proporções adequadas, como parte de um alimento, conferem benefícios
salutares ao hospedeiro, normalmente utilizados para protegê-lo de agen-
tes patogênicos; são considerados como funcionais por demonstrarem
propriedades benéficas à saúde hurnana6. Também são conhecidos como
bioterapêuticos, bioprotetores e bioproflláticos e utilizados para prevenir
as infecções entéricas e gastrintestinais7 ·B.
Aplicação dos Alimentos Funcionais no Auxílio Terapêutico e na Prevenção de Doenças - 67
• De origem humana.
• Não patogênico.
• Resistente ao processo tecnológico, estocagem e armazenamento.
• Resistente à acidez do estômago e à alcalinidade da bile.
• Viável no ambiente gastrintestinal.
• Aderente ao tecido epitelial.
• Produtor de substâncias antibacterianas.
• Modulador do sistema imune do hospedeiro.
• Modulador da bioquímica do hospedeiro, como os níveis de colesterol
sérico e a absorção de minerais.
• Produtor de lactase, ácido graxo de cadeia curta ou vitaminas e, conse-
qüentemente, benéfico à saúde humana.
978-85-7241 -794-5
Produtos no Mercado
Inúmeros laticínios probióticos estão disponíveis comercialmente, e a
variedade desses produtos continua em expansão. Muitas pesquisas em
termos de probióticos encontram-se voltadas para leiles fermenlados e
iogurtes, sendo estes os principais produtos comercializados no mundo.
Entretanto, outros produtos comerciais contendo essas culturas incluem
sobremesas à base de leite, leite em pó destinado a recém-nascidos, sor-
vetes, sorvetes de iogurte e diversos tipos de queijo, além de produtos na
fórmula de cápsulas ou produtos em pó para serem dissolvidos em bebi-
das frias, alimentos de origem vegetal fermentados e maionese 26,27.
Diversos tipos de queijo foram testados como veículos para estirpes
probióticas de Lactobacilluse Bifidobacterium, revelando-se apropriados,
entre eles, o cheddar, o gouda, o crescenza, o arzúa-ulloa, o caciocavallo
pugliese e os queijos frescos, incluindo o minas frescaJ28-30.
Entretanto, é importante salientar que um produto probiótico deve
conter uma ou mais estirpes bem definidas, uma vez que os efeitos
probióticos são específicos para determinadas estirpes. Assim, a valida-
ção da função probiótica ou o monitoramento do impacto probiótico de
uma preparação de microrganismos com uma composição desconhecida
é cientificamente inaceitável31.
Efeitos Metabólicos
Uma das áreas mais promissoras para o desenvolvimento de alimentos
funcionais é a modificação da atividade do TGI com a utilização de
probióticos, prebióticos e simbióticos. Diferentes hipóteses explicam a
ação dos probióticos. Uma tentativa de resumir e delinear seus efeitos se-
gue os seguintes passos: o probiótico é ingerido oralmente, adere-se ao
Aplicação dos Alimentos Funcionais no Auxílio Terapêutico e na Prevenção de Doenças - 71
Efeitos na Sáude
A manipulação dietética com o intuito de aumentar o número relativo de
"bactérias benéficas" pode contribuir para o bem-estar dos hospedeiros.
Aplicação dos Alimentos Funcionais no Auxílio Terapêutico e na Prevenção de Doenças- 73
978-85-7241-794-5
Dessa forma, os benefícios para a saúde humana com o uso dos probióticos
são amplos, incluindo condições tais como infecções e distúrbios gas-
trointestinais (por exemplo, diarréia, doenças inflamatórias intestinais,
síndrome do cólon irritável, síndromes disabsortivas), processos alérgi-
cos e infecções urogenitais; atualmente, também sugerem-se efeitos sobre
a prevenção da carcinogênese e do crescimento tumora16. Logo, a utiliza-
ção de probióticos para prevenir e tratar esses distúrbios deveria ser mais
amplamente considerada pela comunidade médica16.
Contudo, a ingestão de probióticos pode ser recomendada como uma
abordagem preventiva para manter o equilíbrio da microflora intestinal
e, desse modo, promover o bem-estar. Assim, podem ser usados inclusive
por pessoas saudáveis como um meio de evitar certas doenças e modular
a imunidadeS.
A terapia convencional com probióticos tem um custo relativamente
baixo a longo prazo e é constituída por múltiplos mecanismos de inibição
dos patógenos, reduzindo as chances de complicações clínicas41 . Em pa-
cientes que usam antibioticoterapia, a utilização de probióticos pode ser
um mecanismo importante para diminuir os custos com internação e ocu-
pação de leitos em hospitais 42 •
A partir deste ponto, serão enfocados os efeitos benéficos dos probió-
ticos em determinados órgãos e sistemas.
74- Aplicação dos Alimentos Funcionais no Auxilio Terapêutico e na Prevenção de Doenças
Doenças Intestinais
A normalização da flora intestinal pode ser um fator positivo para a dimi-
nuição da translocação bacteriana, diarréia, doença inflamatória intestinal,
síndrome do intestino irritável e intolerância à lactose4 •
Doença Inflamatória Intestinal
A doença inflamatória intestinal (DII) é caracterizada por inflamação crô-
nica da mucosa intestinal com etiologia desconhecida e parece ser
influenciada por alguns membros da microflora endógena. A terapia
medicamentosa convencional na Dll envolve a supressão ou modulação
da resposta imunoinflamatória do hospedeiro, com pouca atenção à con-
tribuição à rnicroflora intestinal. As ações dos probióticos sobre a DII
incluem alteração no sistema imune da mucosa, com aumento da produ-
ção de anticorpos, atividade de macrófagos e de citocinas antiinflamatórias
(como interleucina-10 e fator transformador de crescimento beta), me-
lhora da barreira mucosa e alteração da flora intestinal44 .
Aplicação dos Alimentos Funcionais no Auxílio Terapêutico e na Prevenção de Doenças- 75
Diarréias
Pesquisas sobre o efeito profilático ou terapêutico de probióticos no tra-
tamento da diarréia são bem extensas. A causa de diarréia varia, assim
como a espécie e eficácia dos probióticos para o tratamento. De uma for-
ma geral, os probióticos possuem a capacidade de reduzir a diarréia
provocada por medicamento. Uma revisão feita por Marteau et al. mos-
trou uma redução importante da incidência de diarréia nos pacientes sob
antibioticoterapia, sendo os probióticos mais utilizados Bifidobacterium
longum, Enterococcus SF68, L. acidophilus, L. bulgaricus, L. rhamnosus GG
e Streptococcus faecium3M 7 .
O efeito terapêutico de Lactobacillus rhamnosus na diarréia por
rotavírus, em crianças, está bem estabelecido, podendo reduzir a fase de
infecção47 . Quanto à diarréia do viajante, o efeito de probióticos sobre sua
incidência parece depender das estirpes bacterianas e do destino do via-
jante, requerendo mais estudo47.
Câncer de Cólon ~
00
Infecção Urinária
Tanto as bactérias patogênicas como probióticas podem entrar no trato
urogenital por diversas vias, predominantemente pelo cólon e reto via
~t-;- períneo. Após entrarem no cólon, os microrganismos probióticos podem al-
~ terar a sua microbiota de forma favorável e determinadas estirpes podem
~ atingir a vagina e o trato urinário como células viáveis. Assim, a melhoria da
~ saúde urogenital de mulheres pode ser atribuída ao fato de infecções do
r-
O'> trato urinário e genital estarem freqüentemente associadas a bactérias
do cólon. Dessa maneira, o cólon funcionaria como fonte de microrganis-
mos benéficos para os tratos urinário e genital. Entretanto, estudos clínicos
controlados são necessários para substanciar esses achados prelirninares61.
Saúde Infantil
Há um interesse crescente na utilização terapêutica dos probióticos em
cuidados primários de pediatria62• Uns dos mais significantes efeitos em
crianças incluem a prevenção e o tratamento da diarréia. Em outros tipos
de doenças, sua aplicação clínica é aparentemente limitada, embora al-
guns resultados preliminares sejam promissores63.
78- Aplicação dos Alimentos Funcionaisno Auxílio Terapêutico e na Prevenção de Doenças
v;- microbiológicas benéficas. Logo, esse grupo pode ser beneficiado pelos
~ alimentos probióticos 13. Importantes alterações na microflora intestinal
.-;-
dessa população foram recentemente demonstradas, podendo ter conse-
~.;.., qüências clínicas. Novos estudos devem ser realizados para determinar se
::b o consumo de probióticos está associado a uma menor taxa de infecção e
s a uma maior eficácia das vacinas67 •
Considerações Finais
Os probióticos podem variar na sua eficácia, e os mesmos resultados po-
dem não ocorrer para todas as espécies13 . Em alguns alimentos, pode ser
difícil separar um efeito probiótico de um efeito relacionado com as ca-
racterísticas gerais do produto. Por isto, é essencial que os controles
adequados sejam incluídos nos ensaios humanos e que os dados obtidos
com um determinado alimento probiótico não sejam extrapolados para
outros microrganismos ou estirpes diferentes5.
Deve-se estar atento ao conceito de equilíbrio normal, pois se assume
que a situação normal, em qualquer trato intestinal, é conhecida. A
ingestão de estirpes probióticas não é, geralmente, mensurada a longo
prazo em relação à colonização e à sobrevivência no hospedeiro. Invaria-
velmente, os microrganismos são conservados durante dias ou semanas,
mas talvez não por um período maior, podendo a utilização de probiótícos
conferir efeitos a curto prazo; talvez, para manter esses efeitos a longo
prazo, deve-se prolongar a ingestão contínua desses probióticos5 .
Acredita-se que exista perigo no uso de algumas espécies de estirpes
enterocócicas, que podem não ser aconselháveis, uma vez que podem
aumentar sua resistência a certos antibióticos e se tornarem patogênicas68 •
A.inclusão de Enterococcus faecium em preparações pode ser considera-
da um risco, segundo alguns autores, pelo seu potencial patogênico e
relativamente alto nível de resistência antibiótica69 . Porém, alimentos de
linhagens enterocócicas foram, em grande parte, suscetíveis aos antibió-
ticos clinicamente relevantesss.
Prebióticos
Definição e Histórico
O termo "prebiótico" refere-se a componentes alimentares não-digerí-
veis, que estimulam a atividade bifidogênica, ou seja, o crescimento e/ ou
ação de algumas bactérias presentes no intestino. A modificação da
composição da microtlora colônica leva a uma predominância das bac-
térias potencialmente promotoras de saúde, mais especificamente das
80- Aplicação dos Alimentos Funcionais no Auxilio Terapêutico e na Prevençao de Doença)
Efeitos Metabólicos
O TGI possui uma enorme variedade de bactérias aeróbias e anaeróbias
que interagem entre si em um complexo "ecossistema". O cólon apresenta
uma flora muito rica, com aproximadamente 400 a 500 espécies de micror-
ganismos e de bactérias anaeróbias, destacando-se em ordem decrescen-
te: bacteróides, bifidobactérias, lactobacilos, entre outros. Logo após o
nascimento, o intestino do lactente, previamente estéril, começa a ser co-
lonizado pelas bactérias da mãe e do meio ambiente. Durante os primei-
ros dias de vida, Escherichia coli, Clostridium e estreptococos colonizam
o TGI; com a amamentação, surgem as bifidobactérias e os lactobacilos.
Logo em seguida, aparecem os bacteróides, eubactérias e peptococos. O
recém-nascido desenvolve coleção heterogênea de bactérias no TGI, sob
a influência de fatores relacionados ao indivíduo, às bactérias e a outros
fatores externos, como o uso de medicamentos, alimentação, estado
nutricional, e condições de higiene/ contaminação ambiental. A micro-
biota gastrintestinal permanece relativamente estável durante a vida do
indivíduo. As principais funções atribuídas à microbiota intestinal são:
antibacteriana, imunomoduladora e metabólica/ nutricional79.
O conhecimento da microbiota intestinal e de suas interações com o
hospedeiro levou ao desenvolvimento de estratégias alimentares, obje-
tivando a manutenção e o estímulo das bactérias normais ali presentes 10.
É possível aumentar o número de microrganismos promotores da saúde
no TGI por meio da introdução de probióticos pela alimentação ou com o
consumo de suplemento alimentar prebiótico, o qual modificará seleti-
vamente a composição da microbiota, fornecendo ao probiótico uma
~";' vantagem competitiva sobre outras bactérias do ecossistema.
~ Embora os prebióticos e os probióticos possuam mecanismos de atua-
:;; ção em comum, especialmente quanto à modulação da microbiota
~ endógena, eles diferem em sua composição e em seu metabolismo. Assim
~
como ocorre no caso de outros carboidratos não-digeríveis, os prebióticos
exercem um efeito osmótico no TGI, enquanto não são fermentados. Quan-
84- Aplicação dos Alimentos Funcionais no Auxilio Terapêutico e na Prevenção de Doenças
(VLDL, very low density lipoprotein). Essa inibição poderia ser conseguida
via produção de AGCC ou via modulação da insulinemia, por meio de
mecanismos ainda não identificados, mas que estão sob investigação84.
Por outro lado, deve ser salientado que tentativas de reproduzir em hu-
manos efeitos similares aos observados em ratos, com a administração de
inulina e oligofrutose, geraram resultados conflitantesss.
Essa disparidade de resultados é atribuída ao emprego de doses di-
ferentes de prebióticos entre os estudos. Desse modo, estudos futuros
sobre o efeito hipolipidêmico da inulina em humanos deverão consi-
derar as características dos indivíduos selecionados, a duração do
estudo e o histórico do indivíduo em termos de dieta, uma vez que estas
são importantes variáveis que podem exercer influências considerá-
veis sobre as enzimasB3.
O efeito da inulina e da oligofrutose sobre a glicemia e a insulinemia
ainda não foi elucidado e os dados disponíveis a esse respeito são, algu-
mas vezes, contraditórios, indicando que esses efeitos dependem da
condição fisiológica (em jejum ou estado pós-prandial) ou da doença (dia-
betes). É possível que, assim como ocorre com outras fibras, a inulina e a
oligofrutose influenciem na absorção de macronutrientes, especialmente
de carboidratos, retardando o esvaziamento gástrico e/ou diminuindo o
tempo de trânsito no intestino delgado. Além disto, uma gliconeogênese
induzida por inulina e oligofrutose poderia ser mediada por AGCC, espe-
cialmente o propionato83.
Logo, devemos considerar que o uso de prebióticos para a modificação
seletiva da composição da microbiota, a fim de reforçar o aumento do 1
crescimento das bactérias que já estão presentes no intestino, está relacio-
nado com outros fatores que poderão modificar a microbiota, tais como
dietas, doenças, drogas, antibióticos, idade, etc. 86.
Osteoporose
O cálcio é o principal nutriente envolvido na etiologia da osteoporose,
e sua deficiência afeta não só a quantidade da massa óssea, mas tam-
bém a qualidade do osso. O uso da alta ingestão de cálcio dietético ou
na forma de suplemento alimentar, embora questionado por alguns
autores, é a forma mais amplamente empregada para a prevenção e o
tratamento da osteoporose em todo o mundo. Controvérsias ainda exis-
tem sobre o papel da ingestão deficiente de cálcio na etiopatogênese
da osteoporose. Mas, em diversos consensos internacionais, já se demons-
trou a sua importância e se definiu a quantidade mínima e ideal para o
consumo diário desse elemento, com base no sexo, na idade e nos mo-
mentos de maior necessidade ao longo da vida, como lactação, clima-
tério e, principalmente, adolescência87 •
O crescimento e a manutenção do tecido ósseo dependem de uma gran-
de variedade de fatores genéticos e ambientais. Ahereditariedade contribui
com cerca de 60 a 70% da expressão fenotípica da densidade mineral ós-
sea (DMO), um dos mais importantes marcadores da saúde óssea. Por
outro lado, fatores ambientais, tais como dieta e estilo de vida, contribuem
com 30 a 40% da DMO. Um dos fatores ambientais de maior relevância
para a saúde óssea é o teor dietético de cálcio7 1• ~
Estudos experimentais e em humanos apresentam efeitos positivos ~
realcionados aos prebióticos quanto à absorção, metabolismo, compo- ~
sição e arquitetura ósseas. Foi demonstrado que os prebióticos estimulam ~
a absorção de minerais, como ferro, cálcio, magnésio e zinco, e que a u.
oligofrutose e/ou a inulina afetam também co-fatores de enzimas en-
volvidas na síntese de colágeno e de outros componentes da matriz
óssea. A ingestão de cerca de 15g de inulina por dia aumenta a proporção
de lactobacilos em cerca de 20 a 70%, bem como a biodisponibilidade do
cálcio, por meio de alterações no pH intestinal e aumento na concen-
tração de proteínas ligadoras de cálcio. O efeito osmótico também é
descrito, caracterizado pela transferência de água para o cólon, aumen-
tando, assim, o volume de fluídos em que os minerais podem ser
dissolvidos87 . No entanto, a eficácia desses produtos depende das ida-
des cronológica e fisiológica do indivíduo, menopausa e capacidade de
reabsorção de cálcio71 •
Aplicação dos Alimentos Funcionais no Auxílio Terapêutico e na Prevenção de Doenças- 87
Considerações Finais
A dose máxima de prebióticos geralmente utilizada nos estudos e que
apresenta segurança para todos os indivíduos maiores de um ano de idade
é de 20g/ dia. Suplementos podem ser uma forma simples para o consumo
de carboidratos, dando aos consumidores uma noção clara e conveniente
do tipo de prebiótico e da dose que o produto apresenta. Suplementos de
prebióticos podem ser encontrados acrescidos diretamente em alimen-
tos ou bebidas ou estar presentes em cápsulas, tabletes e comprimidos
mastigáveis. Vale ressaltar que alimentos contendo prebióticos deveriam
alegar tal conteúdo no rótulo. Entretanto, muitos produtos alimentícios
que contêm prebióticos não apresentam a indicação no rótulo7 9.
Conclusão
Uma microbiota intestinal saudável e microecologicamente equilibrada
resulta em um desempenho normal das funções fisiológicas do hospedeiro,
o que assegurará melhoria na quali?ade de vida do indivíduo. Esse resul-
Aplicação dos Alimentos Funcionais no Auxílio Terapêutico e na Prevenção de Doenças - 89
H3C COOH
Ácido alfa-linolênico C18:3 ômega-3
H3C COOH
Ácido eicosapentaenóico C20:5 ômega-3
H3C
COOH
Ácido docosa-hexaenóico C22:6 ômega-3
Figura 3.1 - Estrutura dos ácidos graxos essenciais e seus respectivos produtos
poliinsaturados de cadeia longa3.
96- Aplicação dos Alimentos Funcionais no Auxilio Terapêutico e na Prevenção de Doenças
978-85-7241-794-5
'<!"
Asa
Coraç~o
2,96
3,15
0,06
0,09
0,01
o, 13
""c-;- Coxa 2 0,05 0,09
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Carne de porco
oO Costela 2,75 0,09 0,12
r-
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Pernil 1,66 O, 11 0,05
98 -Aplicação dos Alimentos Funcionais no Auxílio Terapêutico e na Prevenção de Doenças
Tabela 3.5 - Valores de ingestão adequada diária para adultos. Valores expressos em
g/dia para uma dieta de 2.000 calorias 1
Ácidos graxos g/dia* % da energia*
AL 4,44 2
Limite superior
ALN
6,67
2,22 ,
3
Considerações Finais
O termo "alimento funcional" prevê que a propriedade que o caracteriza
esteja vinculada aos nutrientes presentes em quantidades convencionais
e próprias do alimento.
....
c::>
I
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~O>
.......
"''
o
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~
~
Tabela 3.6- Participação de ômega-3 como auxílio terapêutico e na prevenção de doenças 3"
Patologia Efeito/mecanismo Dose Referências "'::>
~
Câncer de cólon Aumento da apoptose, com redução do EPA e DHA pré-formados de óleo de peixe e 23 -n
c:
::>
desenvolvimento das células tumorais derivados. Associar vitamina E evita o aumento .....
õ"
e a formação de radicais livres ::>
Doença cardiovascular Controle da função plaquetária, redução da 1g/dia de EPA + DHA* 24, 25 ~-
::>
pressão sanguínea o
)>
Redução de triglicerldeos séricos 2- 4g/dia** de EPA + DHA
Distúrbios psiquiátricos Controle da estrutura e das funções biológicas da 650mg/dia*** de EPA + DHA, com um mlnimo de 5 ~
õ"
membrana do sistema nervoso 300mg/dia de DHA ~
Doenças hepáticas Regulação da expressão de enzimas envolvidas na 2 -5% do VET como ácidos graxos de 20 e 22 "O
O>
síntese e oxidação dos ácidos graxos, em 22 carbonos das séries ômega-6 e ômega-3 "''
~
;::;·
múltiplos níveis o
Doenças inflamatórias e Evidência epidemiológica 1,5 a 2,4% do VET 26 "'
Imunidade ....
::>
~
* Recomendação da American Heart Association para prevenção de um segundo ataque cardfaco. ~
•• Dosagem para o tratamento de hipertrigliceridemia grave, com efeito semelhante ao das drogas para controle da hipertrigliceridemia. ~ "'
• •• Dosagem para prevenção de distúrbios neurológicos e depressão pós-parto. au
o
DHA = ácido docosa·hexaenóico; EPA = ácido eicosapentaenóico; VET = valor energético total. 0..
"'oo
"'::>
.......
e:
Çi16L-JPZL-çS-8L6
Aplicação dos Alimentos Funcionaisno Auxílio Terapêutico e na Prevenção de Doenças- 103
Fernanda Serpa
Introdução
A partir da década de 1950, tem sido profundamente estudada a aplicação
dos fitosteróis na melhoria do perfil lipídico e, atualmente, são reconhe-
cidos como componentes funcionais, por apresentarem propriedades hi-
pocolesterolêmicas1. Alguns estudos também focam outras propriedades dos
fitosteróis, como as ações antioxidante e antünflamatória, além da redu-
ção do risco de alguns tipos de câncer e do processo de aterogênese2 •
Os esteróides são alcoóis de alto peso molecular que estão presentes
nas membranas da maioria das células eucarióticas. A sua estrutura ca-
racterística é um núcleo esteróide constituído de quatro anéis fundidos,
sendo três com seis carbonos e um com cinco. O colesterol é o esterol
mais importante dos tecidos animais, não apenas por ser o mais abun-
dante, como também por servir de precursor à síntese de vários derivados
biologicamente importantes, como sais biliares, hormônios e vitamina D3 .
Os esteróis encontrados nos tecidos vegetais são denominados fitaste-
róis. Esses esteróis vegetais possuem funções semelhantes às do coles-
terol quanto à manutenção da estrutura e da função da membrana celular
das plantas. Além de sua importância na manutenção das funções da
membrana celular, os fitosteróis são precursores de um grupo de fatores
de crescimento nas plantas4 •
.,.. Quimicamente, os fitosteróis apresentam analogias estruturais com a
ír;- molécula de colesterol. São compostos com 28 ou 29 átomos de carbo-
~ nos, diferindo do colesterol (27 carbonos) pela presença de um radical
:A
00
rnetila ou etila adicional na cadeia carbônica laterais. O termo "fitosterol"
~ engloba duas categorias de compostos: os esteróis e os estanóis vegetais.
"' Apesar de já terem sido identificados mais de 250 esteróis vegetais, os mais
encontrados na natureza são: sitosterol, campesterol e estigmasterol, que
correspondem, em média, a 65%, 30% e 3% da ingestão diária de fitosteróis,
respectivamente. Os estanóis vegetais são formados pela saturação dos
esteróis com o hidrogênio, isto é, não apresentam duplas ligações na es-
trutura do núcleo e podem ser extraídos dos alimentos ou produzidos
industrialmente por meio de reações de hidrogenação. Embora os estanóis
vegetais sejam menos abundantes nos alimentos, os mais representativos
são o sltostanol e o campestanol4 (Fig. 3.2).
105
106 - Aplicação dos Alimentos Funcionais no Auxílio Terapêutico e na Prevenção de Doenças
Colesterol
HO~ Saturação
Esteróis vegetais - - ----'--- - Estanóis vegetais
HO
EE Campesterol HO Campestanol
HO~ HO~
Sitosterol Sitostanol
HO
~ Estigmasterol
Figura 3.2 - Estrutura química dos esteróis e estanóis vegetais. Os vegetais esteróis,
campesterol, sitosterol e estigmasterol, são estruturalmente semelhantes ao
colesterol. Eles se diferem da estrutura do colesterol por conter, respectivamente, no
carbono 24 da cadeia, um grupo etil e um grupo meti I. A saturação desses esteróis
com o hidrogênio leva à formação dos estanóis vegetais, campestanol e sitostanol.
Note que a saturação do estigmasterol também leva à forma ção do sitostanol 4 .
>
~
...;:;·
..,..,
Tabela 3.7- Teor de fitosteróis em óleos vegetais, sementes e oleaginosas (mg/100g do alimento)6 ""
o
a..
~
Campesterol Campestanol Estigmasterol Sitosterol Sitostanol Total ~
~r
Óleo vegetal
Óleo de milho 250 14 66 586 28 909
"'
;;t
~
Óleo de linhaça 120 3,1 38 226 o 387 -n
c:
Azeite 9 o 4 141 o 154 ,..,
:::>
õ.
óleo de amendoim 52 o 28 203 3,3 286 :::>
"'
;;;·
Óleo de soja 68 5 56 189 18 335 :::>
o
óleo de girassol 52 o 47 309 3 411 >
c:
Sementes e oleaginosas
Amêndoa 7 o 7 165 3,9 183 õ~.
Avelã 8 o 2 122 6,5 138 ~
Amendoim 15 o 13 76 0,7 104 "'
-o
o
......
. ~
108- Aplicação dos Alimentos Funcionais no Auxílio Terapêutico e na Prevenção de Doenças
978-85-7241-794-5
Ação Hipocolesterolêmica
A terapia dietética é reconhecida como o principal elemento na prevenção
e tratamento da hipercolesterolemia e na redução do risco de desenvolvi-
mento de doenças cardiovasculares.
Os fitosteróis e seus ésteres representam uma classe de alimentos fun -
cionais que tem sido objeto de grande interesse científico, principalmente
em relação ao seu efeito redutor na fração de LDL-c, sem interferir na fra-
ção de colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL-c, high density
lipoprotein cholesterol). O mecanismo de ação na diminuição da
colesterolemia se deve, possivelmente, à sua semelhança estrutural com
o colesterol, o que favorece uma competição, na absorção intestinal, en-
tre colesterol e ésteres de esterol e/ou estanoP4 .
Há duas fontes de colesterol no intestino: a exógena, proveniente da
ingestão alimentar (dieta), e a endógena, proveniente do fígado, chegando
ao intestino pelos sais biliares. Na dieta, a maior parte dos lipídeos está na
forma de triglicerídeos, fosfolipídeos, colesterol esterificado e livre. O pân-
creas libera as lipases para o intestino delgado, que degradará os triglice-
rídeos em ácidos graxos livres e glicerol e removerá os és teres do colesterol,
produzindo o colesterol livre. Para que o colesterol se torne solúvel, há
necessidade de ser incorporado às micelas no intestino. Em razão de sua
semelhança estrutural, os fitosteróis também são incorporados às micelas,
impedindo a entrada do colesterol e deslocando-o destas. Assim, a ingestão
de alimentos contendo ésteres de fitosterol ou estanol reduz a absorção
do colesterol tanto dietético (ou seja. exógeno) quanto endógeno15.Aredu-
ção da absorção do colesterol estimula o fígado a aumentar a síntese
110- Aplicação dos Alimentos Funcionais no Auxilio Terapêutico e na Prevenção de Doenças
colestérica, porém parece que esse aumento não é suficiente para com-
pensar o fornecimento reduzido de colesterol. Em resposta, o fígado au-
menta o número de receptores de TDT .-c. para obter mais matéria prima
para a síntese de sais biliares. Conseqüentemente, tanto os valores totais
quanto os de LDL-c diminuem, ao passo que o valor de HDL-c não se altera,
permitindo, assim, um perfil lipídico mais adequado 1s.
Os efeitos hipocolesterolemiantes são observados com a ingestão de
um ou mais fitosterol/ estanol, utilizando-se doses variadas. Em uma re-
visão envolvendo 19 estudos randomizados e controlados, concluiu-se que
a ingestão de 1,5 a 3g/ dia de fitosteróis, quando incorporados a diferentes
alimentos, como margarina, manteiga, molho de salada, maionese, choco-
late, iogurte e produtos de padaria, reduziu significativamente a concen-
tração plasmática de LDL-c entre 8 e 15%16.
Em um estudo desenvolvido na Finlândia, demonstrou-se que o consumo
de 2g/dia de fitosteróis reduziu os níveis plasmáticos de LDL-c em 10% e
que doses superiores não trazem reduções adicionais, à semelhança do que
é constatado por Ostlund17· 18. De uma forma geral, constata-se que uma
dose diária de 1 a 3g/dia reduz os níveis de LDL-c em cerca de 5 a 15% em
diferentes populações, idades e condições Ccom ou sem hipercolesterolemia).
Uma metanálise envolvendo 18 estudos clínicos avaliou o efeito da
ingestão de diferentes alimentos (margarinas, maioneses, azeite e manteiga),
com ou sem adição de fitosteróis, na diminuição das concentrações de
colesterol. Catorze estudos demonstraram reduções significativas dos níveis
de colesterol total e LDL-c, com doses que variaram de 0,8 a 4g/dia. A resposta
obtida com o consumo de aproximadamente 2g/dia foi maior em compa-
ração àquela obtida com quantidades na ordem de 1g/ dia, não se verifican-
do, porém, maior efeito com a ingestão de doses superiores a 2g/ dia. Tendo
em conta os beneficios para a saúde da redução observada dos níveis de
colesterol, o autor alegou que o consumo de margarinas enriquecidas em
fitosteróis poderia reduzir o risco de doença coronariana em cerca de 25%1.
Em outro estudo, demonstrou-se que a ingestão regular de fitosteróis du- ~
rante cinco anos poderia reduzir o risco de doença cardiovascular em tomo de ~
12 a 20% l9. Segundo dados do relatório de estratégias para redução de coles- ~
terol sanguíneo do Programa Nacional Americano de Educação em Colesterol .!.J
(NCEP, National Cholesterol Education Program), estima-se que para cada t
1% de redução na concentração de colesterol sanguíneo, o risco de doen-
ças cardiovasculares diminua em 2%20• No entanto, até o momento, não exis-
tem estudos que testem de forma direta os efeitos da ingestão de fitosteróis
na incidência de doença cardiovascular.
O consumo de ésteres de esterol ou estanol apresenta eficácia similar
na redução da concentração plasmática de LDL-c21•22 • No entanto, O'Neill
et aL demonstraram que o efeito redutor dos ésteres de esterol, após dois
meses de intervenção, foi menor quando comparado aos ésteres de
estanoF3 . Os autores concluíramque os ésteres de fitostanóis podem ser a
opção de escolha no manejo a longo prazo da hipercolesterolemia.
Aplicação dos Alimentos Funcionaisno Auxílio Terapêutico e na Prevenção de Doenças - 111
Ação Antiinflamatória
Além da alteração no perfil lipídico e de outros fatores de risco já bem
estabelecidos, atualmente existem muitas evidências a favor da partici-
pação de um processo inflamatório no desenvolvimento e na progressão
da aterosclerose e suas complicações. Considera-se que a aterosclerose
seja uma resposta inflamatória a uma lesão endotelial3o.
A inflamação é a resposta do organismo a uma agressão sofrida. É um
processo mediado pelo aparecimento de moléculas de adesão no endotélio
vascular e de vários mediadores inflamatórios liberados pelas células
teciduais e pelos macrófagos. No início do processo, o monócito da cor-
rente sanguínea é atraído quimicamente pelo endotélio lesado, se adere à
superfície deste, penetra na íntima e se transforma em macrófago, que
tem a função de fagocitar o LDL-c. Os macrófagos, uma vez ativados pela
presença de LDL-c oxidado ou por outros fatores, sintetizam uma série de
diferentes citocinas inflamatórias, como as interleucinas-1 e 6 (IL-1 e IL-6)
e fator de necrose tumoral alfa (TNF-a, tumor necrosis factor alpha). Em
especial, a IL-6 estimula a síntese hepática de proteínas da fase aguda,
como fibrinogênio, amilóide sérico A e proteína C-reativa 31 .
O aumento dos níveis dessas proteínas, além de ser um marcador de
risco para os eventos vasculares, pode contribuir para o desenvolvimento
de doenças cardiovasculares. Dentre os marcadores inflamatórios, a pro-
teína C-reativa é a que mais se correlaciona com o risco de doenças
cardiovasculares e, segundo alguns autores, seria um melhor preditor de
risco do que os níveis de LDL-c. Além dos seus efeitos pró-inflamatórios,
demonstra-se que a proteína C-reativa exerce efeitos pró-trombóticos, ao
induzir a expressão e a atividade do inibidor do ativador de plasminogênio
do tipo 1 (PAI-1, plasminogen activator inhibitor type-1) nas células
endoteliais. Além disto, demonstra-se que a proteína C-reativa reduz a
expressão da enzima óxido nítrico sintase, diminuindo a síntese de óxido
nítrico e sendo uma preditora para o desenvolvimento de hipertensão32 .
Várias estratégias nutricionais já foram estudadas em razão da ação
antiinflamatória dessa proteína, como é o caso dos ácidos graxos poliinsa-
Aplicação dos Alimentos Funcionais no Auxílio Terapêutico e na Prevenção de Doenças- 113
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Ação Antioxidante
Está atualmente bem estabelecido que níveis plasmáticos elevados de
LDL-c constituem fator de risco importante para o desenvolvimento
da aterosclerose. Entretanto, em qualquer concentração plasmática de
LDL-c, há grande diversidade na magnitude da aterosclerose e na ex-
pressão clínica da doença cardiovascular. Tais diferenças são atribuídas
a fatores que vão "além do colesterol". Um desses fatores é o estado
pró-oxidante que, dentre outras coisas, pode promover a modificação
oxidativa da partícula de LDL-c. Modificação esta importante e, possi-
velmente, obrigatória na patogênese da doença aterosclerótica34 • A
modificação oxidativa da LDL, além de induzir uma maior captação de
macrófagos para a íntima, produz uma série de substâncias com efeitos
biológicos diversos, inclusive com ação acentuada na lesão endotelial
e na ativação de células endoteliais. Portanto, as LDL-oxidadas, além
de transformarem os macrófagos em células espumosas, aumentam a
adesão, ativação e migração dos monócitos, dando início à fo rmação
da placa de ateroma35.
Vários estudos sugerem que a inibição do processo oxidativo nas
lipoproteínas retarda o processo aterogênico. É nesse sentido que as subs-
..
tâncias antioxidantes desempenham um importante papel ao atrasar ou
inibir a oxidação desse substrato de maneira eficaz. Os antiox:idantes são
capazes de interceptar os radicais livres gerados pelo metabolismo celular
ou por fontes exógenas, impedindo o ataque sobre os lipídeos, aminoácidos
e bases do ácido desoxirribonucléico (DNA, deoxyribonucleic acid) . Alguns
nutrientes são essenciais para o sistema antioxidante, como algumas vi-
taminas, minerais, pigmentos vegetais, dentre outros, e promovem eficácia
na redução do risco de doenças cardiovasculares36.
Outra possibilidade de aplicação dos esteróis/ estanóis vegetais se deve
à sua atividade antioxidante37 . Em estudos in vitro, o sitosterol e sitostanol
demonstraram reduzir a perox:idação das membranas plaquetárias na pre-
sença de ferro3B. Entre indivíduos sadios, doses de 2 e 3g/ dia de ésteres de
estanol reduziram os níveis de LDL-c oxidado. Os autores concluíram que
a ingestão de ésteres de estanol pode proteger a partícula de LDL-c do
processo de oxidação39_ Com isto, baseado em resultados de estudos in
114- Aplicação dos Alimentos Funcionais no Auxílio Terapêutico e na Prevenção de Doenças
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Ação Antiaterogênica
Estudos in vitro demonstram que os esteróis vegetais são efetivos na pre-
venção da hiperproliferação das células da musculatura lisa vascular,
evento este que desempenha um papel crucial no desenvolvimento da
placa de ateroma40.
As atividades antiaterogênicas dos fitosteróis também foram verificadas
em estudos conduzidos com animais. Em ratos alimentados com sitosterol,
houve redução da agregação plaquetária nas artérias coronarianas, dos
níveis de fibrinogênio e das lesões ateroscleróticas41,4 2 .
Em relação ao efeito antitrombótico, um estudo demonstrou que indi-
víduos normocolesterolêmicos, consumindo 4g/ dia de estanóis vegetais,
apresentaram um aumento da atividade da antitrombina III, se compara-
dos ao grupo-controle43. Na presença da antitrombina III, a trombina deixa
de estimular a fragmentação do fibrinogênio para formar os monômeros da
fibrina. Desse modo, o coágulo não se forma.
Por essas evidências, os esteróis/ estanóis vegetais podem reduzir o risco
de desenvolvimento da doença aterosclerótica não apenas por diminuir
os níveis de colesterol, mas também por outras ações protetoras.
Ação Antineoplásica
Em outras linhas de pesquisa, o consumo de fitosteróis, especificamente
o beta-sistosterol, é inversamente relacionado ao risco de certos tipos de
câncer. Existem evidências que os fitosteróis possam afetar o desenvolvi-
mento do câncer de mama, próstata, cólon e pulmão, bem como auxiliar
no tratamento da hiperplasia prostática benigna (HPB).
Alguns estudos mostraram a ação dos fitosteróis na redução do cresci-
mento de células tumorais e um aumento na sua apoptose. Quando
comparado ao controle, o beta-sitosterol retardou em 24% o crescimento
das linhagens de adenocarcinoma LNCaP do câncer de próstata44. O efeito
protetor dos fitosteróis também pode ser observado em relação ao câncer
de cólon, por meio da inibição do crescimento das células HT29, uma
linhagem celular cancerosa do cólon humano45-47 . No entanto, em um es-
tudo epidemiológico prospectivo envolvendo 120.852 indivíduos, não
houve evidências de que ingestões maiores de fitosteróis pudessem estar
associadas ao menor risco de desenvolvimento de câncer de cólon e reto 48 •
Em um importante estudo in vivo, camundongos induzidos ao câncer
de mama e que receberam fitosteróis tiveram redução do tamanho do tumor
Aplicação dos Alimentos Funcionais no Auxílio Terapêutico e na Prevenção de Doenças -115
978-85-7241-794-5
Sitosterolemia
A sitosterolemia é um raro distúrbio mitocondrial autossôrnico recessivo,
que resulta na absorção de grandes quantidades de esteróis e estanóis
vegetais por meio de mecanismos ainda não muito compreensíveis53 .
Esse distúrbio leva ao aumento do risco de desenvolvimento de doenças
cardíacas coronarianas em indivíduos jovens e à ocorrência de xantomas
tendinosos.
Os indivíduos com sitosterolemia devem evitar alimentos que conte-
nham fitosteróis. Nessa população, os fitostanóis podem ser seguros, visto
que são menos absorvíveis que os fitosteróis, porém esse argumento é
especulativo.
Um estudo recente demonstrou que indivíduos heterozigóticos para a
sitosterolemia que receberem margarina contendo 3,3g de esteróis/ dia,
por quatro semanas, apresentaram uma redução de 10,6% nos níveis de
LDL-c54. Houve aumento dos níveis plasmáticos de sitosterol e campesterol,
mas a magnitude desse aumento não foi muito maior do que o observado
em indivíduos saudáveis que consumiram as mesmas quantidades da marga-
rina. Em outro estudo, 12 indivíduos heterozigóticos para a sitosterolernia
tiveram redução de 5,9% nos níveis de LDL-c após consumo de fitosteróis55.
Apesar de as concentrações plasmáticas dos fitosteróis terem se elevado, esse
aumento atingiu um platô, o que indica que esses indivíduos conseguiram
eliminar o excesso de fitosteróis, prevenindo o acúmulo no organismo.
Como precaução, não se deve recomendar que indivíduos com sitos-
terolernia façam uso de fitosteróis.
116 - Aplicação dos Alimentos Funcionaisno Auxilio Terapêutico e na Prevenção de Doenças
Regulamentação
Em 2000, a Food and DrugAdministration (FDA) aprovou o uso terapêuti-
co dos ésteres de esterol ou estanol vegetal na redução do risco de doenças
cardiovasculares. Essa decisão permitiu que alimentos adicionados com
fitosteróis, como margarinas, cremes vegetais e molhos cremosos para
salada, apresentassem o health claim (apelo de saúde) que ajuda a preve-
nir a doença cardiovascular72.
Segundo a FDA, esses alimentos devem conter, no mínimo, 1,7g de és teres
de fitostanol ou 0,65g de és teres de fitosterol, em cada porção, devendo ser
administrados duas vezes ao dia, somando 3,4g ou 1,3g/ dia, respectivamente.
Portanto, o rótulo dos alimentos que contêm ésteres de fitosterol ou fitos-
tanol deverá incluir a seguinte informação: "urna porção de (nome do alimento)
fornece XX: gramas de fitosteróis/fitostanóis." O rótulo poderá, também, ser
acompanhado da seguinte frase (em relação ou fitoestanol): "Alimentos que
contêm pelo menos 1,7g por porção de ésteres de estanol vegetal, ingeridos
duas vezes por dia nas refeições, resultando em uma ingestão diária total
de pelo menos 3,4g, como parte de uma alimentação com baixos teores de
gordura saturada e colesterol, podem reduzir o risco de doenças cardíacas".
Nos Estados Unidos e na Europa, existem produtos sendo comerciali-
zados com aditivos contendo fitosteróis. No Brasil, o único produto existente
no mercado até o momento é uma margarina. Essa margarina é aprovada
pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) - órgão ligado ao
Ministério da Saúde - , pois possui fitosteróis que reduzem a absorção do
colesterol no intestino. Estudos realizados comprovam que o consumo ·
diário de 20g de margarina (o que equivale a uma colher de sopa cheia),
dividido entre as refeições, como parte de uma dieta equilibrada e hábi-
tos de vida saudáveis, auxilia na redução dos niveis de LDL-c plasmático,
em apenas três semanas. Além disto, o produto tem o selo de aprovação
da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
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Recomendação
A III Diretrizes Brasileiras sobre Dislipidemia e a Diretriz de Prevenção da
Aterosclerose recomendam a utilização de 3 a 4g/ dia de fitosteróis como
fator adjuvante no tratamento da hipercolesterolemia73 . Já o Programa
Nacional de Educação em Colesterol (NCEP, National Cholesterol Edu-
cation Program) preconiza um consumo na quantidade de 2g/ dia de ésteres
de fitosterol ou fitostanol, o que pode ser conseguido pela ingestão de
20g de margarina enriquecida com fitosteróis, já que, normalmente, esse
alimento recebe adição de 8 a 10% de ésteres de fitosteroF4. Sugere-se,
ainda, o uso desse produto alimentar em associação com drogas
hipocolesterolêmicas. Parece que associar a utilização de fitosteróis com
a vastatina é mais eficaz que o aumento das doses do medicamento.
124- Aplicação dos Alimentos Funcionaisno Auxilio Terapêutico e na Prevenção de Doenças
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Estresse Oxidativo
Mais de 95% do oxigênio consumido durante o metabolismo aeróbico
são utilizados nas mitocôndrias para a produção de energia; o restante
não é completamente oxidado em água, produzindo radicais livres. Aos
efeitos nocivos das reações de oxidação induzidas pelos radicais livres e
capazes de lesar as estruturas dos sistemas biológicos dá-se o nome de
estresse ox:idativo4,7.
O estresse oxidativo é implicado na doença humana por um corpo cres-
cente de evidências científicas. Entretanto, as células apresentam múltiplos
mecanismos de proteção contra o estresse ox:idativo e obtêm sucesso na
prevenção de danos celulares, conforme a efetividade desses mecanismos3 .
Portanto, o estresse oxidativo ocorre quando as defesas antiox:idantes não
são completamente eficientes para combater a formação de radicais livres.
O estresse oxidativo leva à redução da formação de ATP, à inibição da
gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase, uma das principais enzimas da gli-
cólise, e à diminuição da atividade da enzima ATP sintetase durante a
fosforilação oxidativa nas mitocôndrias. A redução da ATP sintetase pode
levar à redução do metabolismo celular ou morte celular. O estresse
ox:idativo também é capaz de induzir a oxidação lipídica e, na presença
de oxigênio, ocasionar a perox:idação lipídica de membranas celulares9 • A
peroxidação lipídica é definida como um processo complexo e amplo de
deterioração oxidativa dos ácidos graxos poliinsaturados. Ela inicia-se com
a abstração de um átomo de hidrogênio do grupo metillocalízado entre
duas duplas ligações do ácido graxo. Ocorre, portanto, a formação de um
radical peróxido suficientemente reativo para continuar a reação em cadeia,
formando novos radicais peróx:idos. A decomposição dos hidroperóxidos
e dos radicais peróxidos resulta em urna variedade de intermediários e
produtos finais, alguns biologicamente ativos, destacando-se o malondial-
deído, que pode lesar as proteinas e o DNA1°.
Aplicação dos Alimentos Funcionaisno Auxílio Terapêutico e na Prevenção de Doenças -125
Antioxidantes
Para minimizar o efeito deletério dos radicais livres, existe um complexo
sistema de defesa antioxidante, definido como quaisquer substâncias
que, quando presentes em pequenas concentrações - comparadas com
aqueles substratos oxidáveis - retardam ou inibem de forma signifi-
cativa a oxidação desse substrato e podem agir em diferentes níveis da
seqüência oxidativa, a qual intercepta esses radicais para formar menos
compostos reativos9 •
Antioxidantes Enzimáticos
O organismo possui sistemas naturais de eliminação de radicais livres,
enzimáticos ou não, ou pode mesmo impedir a transformação desses
radicais em produtos mais tóxicos para as células. O efeito prejudicial
dos radicais livres ocorre quando estão em quantidade excessiva no or-
ganismo, ultrapassando a capacidade do organismo de neutralizá-los por
meio dos seus sistemas naturais. Esses sistemas enzimáticos de defesa
são compostos pelas seguintes enzimas: catalase, superóxido dismutase
e glutationa peroxidase.
A catalase atua apenas nas porções aquosas da célula; portanto, as par-
tes lipídicas, como a membrana celular, permanecem desprotegidas e
suscetíveis à ação dos peróxidos de hidrogênio. A glutationa peroxidase
é a enzima antioxidante mais abundante no corpo humano. Essa enzima
atua tanto no meio intracelular quanto extracelular, em busca de molécu-
las de peróxido de hidrogênio que possam ter escapado da ação da catalase.
Além disto, a glutationa peroxidase protege as membranas celulares con-
tra a peroxidação lipídica, urna reação em cadeia que age enfraquecendo
a membrana citoplasmática, podendo ocasionar a morte da célulall. A
enzima catalase capta o peróxido de hidrogênio e o decompõe em oxigê-
nio e água, antes que ele possa formar radicais hidroxilas. O oxigênio e a
água produzidos nesse processo são, então, reutilizados pelas células como
~ parte do metabolismo normal.
O">
S A enzima antioxidante superóxido dismutase (SOD) age transformando
~ dois ânions radicais superóxidos em um peróxido de hidrogênio, que é
:2 uma reação normal em pH fisiológico, porém muito acelerada por meio
s:.00 dessa enzima. A SOD pode ocorrer de três formas, dependendo do metal
a ela associado (cobre e zinco no citoplasma dos eucariontes, manganês
na matriz mitocondrial e ferro em bactérias). A enzima SOD catalisa a
dismutação do ânion superóxido em oxigênio e peróxido de hidrogênio,
que pode ser posteriormente degradado pela catalase ou peroxidasesl2,13.
Como visto, apesar dos antioxidantes endógenos, a produção destes
requer a presença de níveis adequados de minerais como zinco, cobre e
selênio, além de quantidades suficientes de proteínas de alta qualidade e
126- Aplicação dos Alimentos Funcionais no Auxílio Terapêutico e na Prevenção de Doenças
Antioxidante Não-enzimáticos
Os antioxidantes não-enzimáticos são, em sua maioria, exógenos, ou seja,
necessitam ser absorvidos pela alimentação apropriada. Os principais
podem ser divididos em: vitaminas lipossolúveis (vitamina A, vitamina E,
betacaroteno), vitaminas hidrossolúveis (vitamina C, vitaminas do com-
plexo B) e oligoelementos (zinco, cobre, selênio, magnésio, etc.).
Vitamina E
Alguns nutrientes essenciais podem atacar diretamente os radicais de oxi-
gênio. A vitamina E (alfa-tocoferol) é o antioxidante lipossolúvel mais im-
portante na célula, com efeito terapêutico dependente da concentração
plasmática e tissular. A ingestão e absorção adequadas estão relacionadas
com a integridade anatômica e funcional dos tratos entérico, biliar e pan-
creático, bem como com o sistema linfático esplênico. O termo "vitamina E"
abrange uma família de compostos lipossolúveis, tais como o alfa-toco-
fero!, a forma sintética d-l-alfa-tocoferol, o beta-tocoferol, o gama-tocofe-
rol, entre outros, com atuação antioxidativa diferenciada. O alfa-tocoferol
está entre os mais importantes antioxidantes lipof1licos presentes na
lipoproteína de baixa densidade (LDL, low density lipoprotein) e nas mem-
branas celulares, protegendo os fosfolipídeos insaturados da membrana
da degeneração oxidativa, em razão das espécies de oxigênio altamente
reativas e outros radicais livres. A vitamina E desempenha essa função por
meio de sua capacidade de reduzir tais radicais a metabólitos não-preju-
diciais, num processo chamado varredura de radicais livreslo.
A vitamina E também atua na proteção contra a peroxidação lipídica,
removendo o radical peroxil15 . A neutralização do radical peroxil pela vi-
tamina E exige uma adequada quantidade de vitamina C, glutationa
reduzida e dinucleotídeo de nicotinamida-adenina-fosfato reduzido
(NADPH, reduced formof nicotinamide-adenine dinucleotide phosphate).
Se a concentração de qualquer um desses compostos está alterada, a vita-
mina E pode se tornar um pró-oxidante em vez de um antioxidante,
induzindo todas as alterações clássicas dos radicais livres7.
Aplicação dos Alimentos Funcionais no Auxílio Terapêutico e na Prevenção de Doenças - 127
Vitamina C
A vitamina C, denominada cientificamente ácido ascórbico, consti-
tui a forma enólica de uma alfa-cetolona. O ácido ascórbico puro é
sólido, branco, cristalino e muito solúvel em água. Plantas e animais
podem sintetizá-lo, com exceção de humanos, primatas e cobaias, que
não conseguem e necessitam obtê-lo da dietaia. O ácido ascórbico é
necessário in vivo como co-fator de várias enzimas, sendo as mais
conhecidas a prolina-hidroxilase e a lisina-hidroxilase, envolvidas na
biossíntese do colágeno (é um co-fator para a hidroxilação pós-tra-
dução de resíduos prolina e lisina ligados a peptídeos durante a
formação do colágeno) e do tecido conjuntivo. Sua deficiência leva
à incapacidade de cicatrização de feridas, fraqueza dos pequenos vasos
sanguíneos, com sangramento da gengiva, nas articulações ósseas e
pele, anemia e perda de dentes 19.
A propriedade química de maior destaque do ascorbato é a sua habilida-
de para agir como agente redutor (doador de elétrons), pois a vitamina C,
como agente antioxidante inativa o radical livre hidroxila (o organismo
não contém um sistema antioxidante endógeno próprio para inibi-lo) e
protege o organismo contra a peroxidação de lipídeos e de LDL (o ácido
ascórbico parece proteger contra a peroxidação lipídica, seqüestrando
radicais peroxila na fase aquosa, antes que estes possam iniciar o proces-
so de peroxidação, e regenerando a forma ativa da vitamina E)20.
Novas evidências indicam que a vitamina C trabalha em parceria com a
vitamina E. Quando essas vitaminas são administradas em conjunto, tem-
se um efeito maior do que quando administradas separadamente. Isto
ocorre porque a vitamina C regenera a vitamina E após esta ter sido
inativada ao combinar-se com um radicallivre7·2o. A administração da vi-
tamina C necessita ser diária e dificilmente possui efeitos tóxicos por
acumulação orgânica, uma vez que é hidrossolúvel e a supressão do con-
sumo pode esvaziar rapidamente seus depósitos.
Vitamina A 978-85-7241-794-5
Cobre
O cobre é um elemento-traço essencial para inúmeras funções biológi-
cas, desempenhando um papel importante no metabolismo energético,
na homeostase do ferro e em mecanismos de proteção antioxidante como
componente de diversas enzimas24 .
O cobre ajuda na formação de eritrócitos e trabalha como um mecanis-
mo que mantém em equilíbrio o zinco e a vitamina C, formando a elastina.
Está diretamente envolvido no processo de cicatrização, na produção de
.,., energia e na manutenção do paladar. A deficiência de cobre pode provo-
~ car osteoporose e anemia similar à deficiência de ferro. É essencial para a
~ formação de colágeno, uma das proteínas fundamentais que produz osso,
~ pele e tecido conectivozo.
~ O cobre participa das enzimas superóxido dismutase e ceruloplasmina,
que possuem características antioxidantes, protegendo diferentes estru-
turas celulares da ação de espécies reativas de oxigênio.
Super6xido Dismutase
A redução do oxigênio por um elétron produz o ânion superóxido- radi-
cal livre potencialmente lesivo às células - , um processo favorecido nas
mitocôndrias. Apesar de o citocromo c oxidase proteger a redução do oxi-
gênio por um elétron, a liberação de uma pequena quantidade do ânion
superóxido é inevitável, e a função da superóxido dismutase é reduzir a
ação lesiva do ânion superóxido, catalisando sua conversão a espécies
menos reativaszs.
O raclical íon superóxido não atravessa as membranas biológicas, haven-
do necessidade da presença da enzima superóxido dismutase em distintos
compartimentos celulares (mitocôndria e citosol) e no espaço extracelular26.
A enzima superóxido dismutase possui três isoformas, sendo duas
intracelulares (manganês-dependente, mitocôndria e cobre-zinco-depen-
dente, citoplasma), além da cobre-zinco, extracelular. A cobre-zinco
superóxido dismutase é uma enzima muito estável, tendo o cobre como
co-fator essencial para a atividade catalítica, ao passo que o zinco desem-
penha função estrutural27 . Tecidos, como fígado, rim, cérebro, glândula
adrenal, muscular esquelético e coração, dentre outros, possuem elevada
atividade da cobre-zinco superóxido dismutase25. Os eritrócitos, por esta-
rem constantemente expostos ao oxigênio, requerem mecanismos muito
ativos de defesa antioxidante para prevenir ou reduzir lesões oxidativas28.
Entre os fatores identificados como estimulantes da atividade da co-
bre-zinco superóxido dismutase, destacam-se a adequação da ingestão
dietética do cobre e o exercício físico 29. A atividade física regular eleva essa
atividade enzimática, sendo maior nas modalidades aeróbias do que nas
anaeróbias, podendo ser, também, influenciada pela intensidade do trei-
namento físico30.3 1•
130- Aplicação dos Alimentos Funcionaisno Auxílio Terapêutico e na Prevenção de Doenças
Ceruloplasmina
A ceruloplasmina é uma glicoproteína encontrada no plasma, caracteri-
zada pela presença de seis átomos de cobre incorporados durante sua
biossíntese hepática. Em humanos, possui ação de ferroxidase, pois é capaz
de oxidar o íon ferroso em íon férrico 32. Alguns autores têm demonstrado
em animais que, subseqüente à oxidação catalisada pela ceruloplasmina,
o íon férrico é incorporado à apotransferrina, tornando a ceruloplasmina
uma enzima importante na homeostase do ferro32 .
A função antioxidante da ceruloplasmina consiste não apenas em sua
capacidade de manter os íons cobre e ferro ligados a suas proteínas espe-
cíficas, evitando que os mesmos participem da reação de Fenton, mas,
também, no seu efeito varredor sobre os ânions superóxido e outras espé-
cies reativas de oxigênio. A ceruloplasmina inibe a oxidação de lipídeos e
fosfolipídeos, protegendo estruturas protéicas e DNA de lesões33.
Zinco
O zinco é um micronutriente essencial de grande importância na ma-
nutenção da saúde, desempenhando pap éis essenciais nos fluidos
corporais como constituintes de tecidos do organismo e reguladores do
metabolismo de diversas enzimas34 .Atua como coenzima, participando
de praticamente 400 enzimas no organismo, agindo como catalisador
em cada uma delas e capacitando o organismo para executar várias fun-
ções, como a produção energética e o crescimento; também é essencial
na utilização adequada de vitaminas e outros nutrientes, visto que muitas
atividades enzimáticas envolvem esse elemento, atuando como cata-
lisador em diversas reações biológicas34 •
A participação do zinco no sistema de proteção antioxidante é evi-
denciada por meio de estudos in vivo, os quais demonstram que a
deficiência de zinco provoca lesões oxidativas relacionadas à ação de
espécies reativas de oxigênio em animais e em humanos, e por meio
de estudos in vitro, os quais demonstram o antagonismo do zinco na
formação de radicais livres, em modelos bioquímicós e celulares35. :s00
O papel exato do zinco como antioxidante não foi ainda elucidado, mas B:
as evidências disponíveis indicam a ação desse mineral envolvendo vários ~
mecanismos35,36. Esses mecanismos incluem a regulação da expressão de .!..!
metalotioneína, a atividade da enzima superóxido dismutase e a prote- t
ção de grupamentos sulfidrila de proteínas de membranas celulares por
antagonismo com metais pró-oxidantes, como cobre e ferro. A ação an-
tioxidante desse mineral é indireta, uma vez que o íon zinco não é ativo
em reações de óxido-redução.
O zinco induz a síntese da metalotioneína, família de proteínas de baixo
peso molecular, rica em resíduos de cisteína e com capacidade de ligação
de cinco a sete átomos de zinco por molécula. A metalotioneína apresenta
Aplicação dos Alimentos Funcionaisno Auxílio Terapêutico e na Prevenção de Doenças- 131
978-85-724 1-794-5
Selênio
O selênio é um sal mineral essencial no corpo humano, necessário para o
crescimento e desenvolvimento normais. Esse nutriente é urna parte im-
portante das enzimas antioxidantes, que protegem o organismo dos efeitos
dos radicais livres, e atua juntamente com a vitamina E para proteger as
membranas da célula e prevenir a geração de radicais livres, diminuindo,
assim, o risco de câncer e doenças do coração e dos vasos sanguíneos. O
selênio previne a oxidação dos ácidos graxos insaturados; lentifica o en-
velhecimento e o endurecimento dos tecidos provocados pela oxidação e
ajuda na função cardíaca adequada.Também é necessário para urna ade-
quada função imunológica e preserva a elasticidade dos tecidos39.
O selênio tem efeito antioxidante, fazendo parte da enzima glutationa
peroxidase e potencializando a ação da vitamina E, com conseqüente re-
dução da peroxidação lipídica. A glutationa peroxidase está ligada ao selênio,
sendo, na realidade, urna selênio-glutationa peroxidase. Atualmente, são
conhecidas quatro glutationas peroxidases dependentes de selênio40.
A primeira glutationa descoberta, a glutationa peroxidase citosólica, é
encontrada em todas as células e sua função é catalisar ou reduzir uma
ampla quantidade de peróxido de hidrogênio e hidroperóxidos orgânicos
livres, transformando-os, respectivamente, em água e álcool. Essa enzima
também serve como reserva corporal de selênio, podendo ser usada para
as necessidades imediatas desse nutriente40,41.
A glutationa peroxidase fosfolipídio hidroperóxido neutraliza a ação de
oxidação provocada na membrana da célula pelos hidroperóxidos de áci-
132- Aplicação dos Alimentos Funcionais no Auxilio Terapêutico e na Prevenção de Doenças
Alessandra Pinheiro
Fabiana Casé
Introdução 978-85-7241-794-5
Estrutura e Subclasses
Diversas moléculas apresentam uma estrutura polifenólica (por exemplo,
alguns grupamentos hidroxilas em anéis aromáticos), sendo encontradas em
plantas. Essas moléculas são metabólitos secundários de plantas que geral-
mente estão envolvidas na defesa contra a radiação ultravioleta ou agressão
por patógenos 1. Esses compostos podem ser classificados em diferentes
grupos, de acordo com a função do número de anéis fenólicos e dos elemen-
tos estruturais que ligam esses anéis entre si. Dessa forma, encontramos
quatro grupos distintos: ácidos fenólicos, flavonóides, estilbenes e ligninasl3.
Os flavonóides são as estruturas mais comuns, consistem em dois anéis
aromáticos (A e B), que são ligados por três átomos de carbonos formando um
heterociclo oxigenado (C), e podem ser subdivididos em seis classes: flavo -
nóis, flavonas, isoflavonas, antocianinas, flavononas e flavanóis (cateque-
ninas e proantocianinas), como descrito na Figura 3.3 14 . Normalmente, estão
ligados a açúcares (forma glicosilada), sendo, assim, solúveis em água. Oca-
sionalmente, também podem ser encontrados como agliconas15.
Fontes Alimentares
Polifenóis são abundantes rnicronutrientes na nossa dieta, no entanto pos-
suem biodisponibilidade significantemen te diferenciada. Existem vários
Flavw
onóís ?
R1 R Flaw
vononas ó
R1 R lsoflavononas Fla~
vononas R, R2
2 2 o HO o I
HO HO 1 I Rl
Rl Rl
::::,...
H
OH O OH O OH OH O
R2 =OH; R1: ~ : H: Campferol R1 = H; R2 : OH: Apigenina R1 = H: Daidzelna R1= H; R2 = OH: Naringenina
R1= R2 = OH; R3 = H: Quercetina R1 = R2 = OH: Luteolina R1 = OH: Genistelna R1= R2 = OH: Eriodictiol
R1= R2 = R3 = OH: Miricetina R1 = OH; R3 = OCH1: Hesperetina
Antocianidinas OH Fla~
vanóí: R, R2
HO r R
R2 I J
""- OH
OH
R1 = R2 : H: Pelargonidina R1 = R3 : OH; ~ = H: Catequina$
R1 = OH; R3 = H: Cianidina R1= R2 = R1 = OH: Galocatequinas
R1 =R2 = OH: Delfinidina OH
R1 = OCH 3; R2 =H: Petunidina
R1=R2 = OCH1: Malvidina
OH
Figura 3.3 - Estrutura química OH
dos flavonóides14.
OH
Procianidina trimérica
136 - Aplicação dos Alimentos Funcionais no Auxilio Terapêutico e na Prevenção de Doenças
Flavonol
Flavonol é o subgrupo de flavonóides mais presente em alimentos, sen-
do principalmente representado pela quercetina e campferol, e, em geral,
estão presentes em baixas concentrações (15 a 30mg/kg de peso fresco).
As principais fontes são cebolas, brócolis, erva-doce, blueberry, vinho
tinto e chá. Esses compostos geralmente estão presentes em sua forma
glicosilada, estando associados principalmente à glicose e rarnnose. No
entanto, outros açúcares também podem estar envolvidos, como a
galactose, rabinose, xilose e ácido glicurônico. As frutas contêm entre
cinco a dez flavonóis glicosilados 16 . Esses flavonóides se acumulam no
exterior e em tecidos aéreos (folhas e pele), pois sua biossíntese é esti-
mulada pela luz. Assim, diferenças marcantes existem entre partes da
fruta de uma mesma árvore, dependendo da exposição ao soF 4 .
Semelhantemente, em vegetais folhosos, como alface e repolho, a con-
centração dos glicosídeos é dez vezes maior nas folhas verdes externas,
se comparada à das internas, as quais apresentam coloração verde mais
clara. Esse mesmo fenômeno é encontrado nos tomates-cereja que apre-
sentam seis vezes mais quercetina por grama do que a maioria das
espécies de tomate. Isto se deve ao fato que os flavonóides são sintetiza-
dos e estocados na pele do tomate, logo espécies menores apresentam
maior relação de pele por volume17 .
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Flavo nas
Flavonas são mais ou menos comuns que flavonóis em frutas e vegetais
e consistem principalmente em glicosídeos de luteolina e apigenina.
As principais fontes comestíveis de flavonas identificadas são salsa,
salsinha e aipo. Cereais, como trigo e milho, contêm C-glicosídeos de
flavonas. Na pele de frutas cítricas, também podemos encontrar gran-
des quantidades de flavonas polimetoxiladas (tangeretina, nobiletina
e sinensetina) 14·Ia.
Aplicação dos Alimentos Funcionais no Auxilio Terapêutico e na Prevenção de Doenças - 137
Flavo nonas
Na alimentação humana, as flavononas são encontradas em tomates e
certas plantas aromáticas, como hortelã. No entanto, estão presentes em
maior concentração apenas em sucos cítricos. As principais agliconas
desse grupo são a naringenina, no grapefruit, a hesperetina, nas laranjas,
e o eriodictiol, em limões. Por exemplo, um copo de suco de laranja con-
tém cerca de 40 a 140mg de flavononas glicosiladas 19 . Todavia, a parte
sólida do fruto cítrico (particularmente o albedo, que é a porção branca e
esponjosa) e a membrana que separa os segmentos possuem maior con-
centração de flavononas; assim, a fruta inteira contém cinco vezes mais
flavo nonas do que um copo do suco.
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Isoflavonas
As isoflavonas são flavonóides estruturalmente similares aos estrógenos,
no entanto não são esteróides. As isoflavonas possuem grupos hidroxilas
nas porções 7 e 4', em uma configuração análoga à molécula de estradiol.
Isto confere propriedades pseudo-hormonais a elas, incluindo a habili-
dade de se ligar a receptores específicos de estrógenos; conseqüentemen-
te, são classificadas como fitoestrógenos. São encontradas principalmente
em leguminosas, sendo a soja e seus derivados as principais fontes de iso-
flavonas na dieta humana. As isoflavonas contêm três principais molé-
culas: genisteína, daidzeína e gliciteína, geralmente na concentração
1:1:0,2, podendo ser encontradas na forma de agliconas ou glicosiladas.
São sensíveis ao calor e, normalmente, hidrolizadas a glicosídeos durante
o processo industrial da produção de leite de soja2o. A fermentação que
ocorre durante o processo de manufatura de certos alimentos, como na
produção de rnisô e tempeh (especialidades da cozinha oriental), resulta
na hidrólise de glicosídeos a agliconas. Do total de isoflavonas, dois terços
são de glicosídeos conjugados de genisteína, sendo o restante composto
de conjugados de daidzeína e pequenas quantidades de gliciteína21 . Já nos
produtos fermentados de soja, predomina não só a genisteína, mas tam-
bém a daidzeína, em virtude da ação de glicosidases bacterianas. Assim, a
maior parte da proteína de soja que é utilizada pela indústria de alimen-
tos contém isoflavonas em concentrações variadas (0,1 a 3mg)22.
O conteúdo de isoflavonas na soja e em seus derivados varia significati-
vamente de acordo com a área geográfica, as condições de crescimento e o
processamento. Grãos de soja contêm entre 580 e 3.800mg de isoflavonas/kg
de peso fresco, ao passo que o leite de soja contém de 30 a 175mg/IJ2.
Flavanóis
Os flavanóisexistem nas formas de monômeros (catequinas) e polímeros
(proantocianidinas). As catequinas são encontradas em diversas frutas (o
138 - Aplicação dos Alimentos Funcionais no Auxilio Terapêutico e na Prevenção de Doenças
Antocianidinas
As antocianidinas são pigmentos dissolvidos no vacúolo de tecidos
epidermais, em flores e frutos, aos quais concedem a coloração rosa, ver-
melha, azul ou roxa. Elas existem em diferentes formas químicas, tanto
coloridas quanto sem coloração, de acordo com o pH. Apesar de serem
altamente instáveis na forma de agliconas, são resistentes à luz, ao pH e
às condições oxidativas, enquanto estão nas plantas. A degradação é pre-
venida pela glicosilação, esterificação com diversos ácidos orgânicos e
ácidos fenólicos. Na dieta humana, as antocianidinas são encontradas no
vinho tinto e em certas variedades de cereais, vegetais folhosos e raízes
(por exemplo, repolhos, feijões, cebolas, radicchios); todavia, são mais
abundantes em frutas. A cianidina é a antocianidina mais comum nos ali-
mentos. O conteúdo desses compostos nos alimentos é proporcional à
intensidade da cor e aumenta conforme a fruta amadurece27 .
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Efeitos Metabólicos
Diversos efeitos biológicos dos flavonóides já foram extensamente discu-
tidos na literatura, como ação antioxidante, inibição de proliferação celular
e modulação de atividades enzimáticas, assim como seu potencial an-
tioxidante, antialergênico, antiinflamatório e antiproliferativo.
Atividade Antioxidante
Dietas ricas em frutas frescas e vegetais são associadas com a baixa inci-
dência de doenças cardiovasculares e câncer, principalmente em razão
da elevada proporção de compostos bioativos, como vitaminas, flavo-
nóides e polifenóis38 . Os antioxidantes presentes na dieta são os principais
responsáveis por esses efeitos protetores.
Espécies reativas de oxigêruo são formadas durante o metabolismo normal
de células aeróbicas. O consumo de oxigênio inerente à multiplicação celular
leva à geração de uma série de radicais livres. A interação em excesso dessas
espécies com moléculas de natureza lipídica produz novos radicais: hidro-
peróxidos e peróxidos diferentes. Esses grupos de radicais podem interagir
com os sistemas biológicos das formas citotóxicas, podendo causar dano ao
ácido desoxirribonucléico (DNA, deoxyribonucleic acid), proteína e lipídeos,
apesar do sistema de defesa antioxidante normal. O acúmulo de produtos
danificados que não foram reparados pode ser crítico para o desen-
volvimento de câncer, aterosclerose, diabetes e inflamação crônica39 . Diversos
estudos demonstram que os flavonóides, incluindo os flavonóis, flavonas,
isotlavonas, flavanóis e antocianidinas, possuem atividade antioxidante.
Flavonóides, em conjunto com outras substâncias, incluindo algumas
vitaminas (dentre elas as vitaminas C e E), inibem a peroxidação de lipídeos
da bicamada de fosfolipídeos da membrana celular, causada pelas espécies
reativas de oxigênio. Em contraste às vitaminas C e E, que estão concen-
tradas na fase aquosa e na bicamada de fosfolipídeos, respectivamente,
os flavonóides atuam como antioxidantes na inativação dos radicais livres,
em ambos os compartimentos celulares lipofílico e hidrofílico. Assim, os
142- Aplicação dos Alimentos Fundortai~ no Auxílio Terapêutico e na Prevenção de Doenças
Me"+
HO ..•. ···
OH
978-85-7241-794-5
F1-0H Fl-0°
L
)l)
oH ~o
)()
Figura 3.5- Capacidade de seqüestro de radicais livres dos flavonóides39. F1-oo =radical
resultante da oxidação dos flavonóides; F1 -0H = flavonóides; R0 = radical livre; RH =
radical livre reduzido.
Estrógenos OH
OH
HO
lsoflavonas
lsoflavonas
Efeito genômico
Efeito não-genômico
Núcleo
\ Regulação da atividade
(inibição de proteína quinase)
Estrógeno ou ou
Regulação do ciclo celular
antiestrógeno
ou
Atividade antioxidante
:/
Expressão de proteínas Alteração da atividade de proteínas(+ ou -)
alterada(+ ou -) ~
Há alguns anos, um estudo clinico foi conduzido para avaliar o efeito clí-
nico de uma tradicional dieta vegetariana em pacientes adultos com
dermatite atópica. Após dois meses de tratamento, a gravidade da doença
diminuiu de 49,9 ± 18,6 para 27,4 ± 16,8, de acordo com escores referentes
à gravidade da doença e com base em parâmetros serológicos, incluindo
a atividade da enzima desidrogenase lática-5 e o número de eosinófilos
circulantes. Marcadores de danos oxidativos no DNA também foram redu-
zidos. Estudos subseqüentes demonstraram que os benefícios encontrados
foram decorrentes da presença de flavonóides nessa dieta52•
Mastócitos e basófilos expressam alta afinidade por receptores de
irnunoglobulina E (lgE) e participam na inflamação alérgica por meio da
liberação de mediadores químicos, como ahistamina, os leucotrienos, as
citocinas e as quimocinas. Fewtrell e Gomperts foram os primeiros auto-
res a demonstrar o efeito antialérgico das flavo nas associado à inibição da
secreção de histarnina por mastócitos53 . Flavonóides também são associa-
dos à supressão de leucotrienos da série pró-inflamatória por meio da
inibição da fosfolipase (PL, phospholipase) ~e da 5-lipoxigenase (5L0)54 .
De urna maneira geral, os flavonóides apresentam as seguintes proprie-
dades antialergênicas: inibição da liberação de histamina por mastócitos,
inibição da síntese de citocinas pró-inflamátorias, como as interleucinas-
4 (IL-4) e IL-3, e diminuição da expressão em mastócitos e basófilos de
ligantes de CD4oss,ss. Os efeitos clínicos encontrados até o momento são
melhora da dermatite atópica e da asma, em pacientes que receberam
uma dieta rica em flavonóides57,ss.
146- Aplicação dos Alimentos Funcionais no Auxílio Terapêutico e na Prevenção de Doenças
Atividade Antiproliferativa
Atualmente, investiga-se a capacidade dos flavo nóides em inibir a transfor-
mação celular e a proliferação. Flavonóis, flavo nas, flavononas, catequinas
e isoflavonas exibem capacidade antiproliferativa, com ausência de
toxidade celularl.
Em geral, a angiogênese (geração de novos capilares) é restrita a poucas
circunstâncias no organismo adulto saudável, incluindo formação do corpo
lúteo, do endométrio e da placenta. Essas condições são ordenadas, apre-
sentam tempo e duração específicos e são contrabalançadas por inibidores
e ativadores da angiogênese. A manifestação clínica patológica mais comum
da angiogênese é induzida pelo tumor. rumores bem vascularizados se ex-
pandem rapidamente, tanto localmente quanto por meio de metástases,
ao passo que tumores sem vascularização não crescem mais do que 1 a 2mm,
provavelmente por uma falta da difusão de nutrientes6o.
A angiogênese depende criticamente de alguns passos, incluindo a de-
gradação da célula endotelial da membrana basal, migração e proliferação
de células endoteliais e organização em tubos capilares. Esses processos
dependem da secreção de substâncias estimuladoras de angiogênese,
como o fator de crescimento vascular endotelial (VEGF, vascular endothelial
growthfactor), e de metaloproteinases (MMP) 45.
A primeira evidência da atividade antiangiogênica dos fitoestrógenos
foi feita eml997 por Fotsis et al., que identificaram a genisteína como po-
tente inibidor da proliferação de células endoteliais in vítro e que in vivo
irúbia a angiogênese61.
Atualmente, existe uma expressiva quantidade de estudos mostrando a
atividade antitumoral dos flavonóides. Estudos in vitro se concentram nas
ações diretas e indiretas dos flavonóides nas células tumorais e encontra-
ram uma variedade de efeitos anticancerígenos, dentre eles: inibição de
fatores de crescimento, indução de apoptose e supressão da secreção de
MMP e do comportamento invasivo do tumor. Estudos experimentais tam-
bém propõem diminuição da capacidade angiogênica do tumor62 .
Os autores demonstraram atividade dependente da estrutura química
dos flavonóides. A disposição da hidroxilação do anel B das flavo nas e dos
flavonóis, luteolina e quercetina, parece influenciar criticamente a ativi-
dade tumoral, em especial pela antiproliferação. Os flavonóis e flavonas
Aplicação dos Alimentos Funcionais no Auxilio Terapéutico e na Prevenção de Doenças- 147
têm como alvos enzimas da superfície da célula que são responsáveis pela
transdução dos sinais62.
Os diferentes mecanismos que envolvem o potencial de ação antican-
cerígena dos flavonóides ainda aguardam futuras elucidações, todavia este
é um importante campo de investigações para tratamento de câncer.
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Efeitos na Saúde
Doença Cardiovascular
Uma concentração elevada de LDL é fator de risco primário para o desenvol-
vimento de aterosclerose e doença arterial coronariana. As lipoproteínas
de densidade muito baixa (VLDL, very low density lipoproteins), produzi-
das no fígado, são convertidas a LDL quando estão no leito capilar. Espécies
reativas de oxigênio geram peroxidação lipídica, tornando essas moléculas
tóxicas para o endotélio dos vasos sanguíneos, iniciando o processo de
aterosclerose63 . Os flavonóides podem suprimir a oxidação da LDL e a
progressão da inflamação na parede arterial. O Zutphen Elderly Study,
conduzido em oito países, correlacionou inversamente o consumo de
flavonóides com a mortalidade por doenças cardiovasculares64,65 •
Um dos flavonóides mais estudados em decorrência dos seus benefícios
na doença cardiovascular é o resveratrol. Este é encontrado em sementes
e na pele de uvas, sendo relativamente pouco solúvel em água. Entretanto,
é solúvel em baixa porcentagem de álcool e, assim, eficientemente absorvi-
do pelo organismo. Estudos demonstram efeitos protetores desse composto
na reperfusão isquêrnica, nas doenças cardiovasculares, como trombose
e aterosclerose, e, mais recentemente, contra o cãncer66.
O efeito protetor do resveratrol no coração é, pelo menos em parte, re-
lacionado às suas atividades antiinflamatória e antioxidante, incluindo a
redução da oxidação da LDL, agregação plaquetária e inibição das enzi-
mas ciclooxigenases (COX)67 . Assim, o resveratrol age indiretamente na
inativação de certos genes, como citocinas pró-inflamatórias reguladas
pelo fator nuclear B (NFB, nuclear factor B). Além disto, o resveratrol está
associado à indução da vasodilatação por supra-regular a atividade da
enzima óxido nítrico sintase (eNOS) nas células musculares lisas. O resve-
ratrol induz a ação da eNOS, e a quercetina estimula a ação do óxido nítrico
formado nas células musculares lisas68 • Logo, polifenóis do vinho tinto,
como catequinas, quercetina e resveratrol, podem promover potenciais
mecanismos na prevenção das doenças cardiovasculares.
Outro mecanismo sugere que os flavonóides diminuem a trombogênese
pela diminuição da agregação plaquetária, por meio da inibição da ativi-
dade das COX e lipoxigenases, promovida principalmente por flavonóis,
flavo nas e isoflavonas69.
148 - Aplicação dos AlimentosFuncionais no Auxílio Terapêutico e na Prevenção de Doenças
Câncer
Desde o início da década de 1980, evidências baseadas em estudos epide-
miológicos indicam que a ingestão de fitoestrógenos pode ter um papel
protetor em vários tipos de câncer. É notório que países corno Japão,
Coréia, China e Indonésia, que possuem um alto consumo de fitoestró-
genos, principalmente derivados da soja, apresentem menor incidência
de câncer de mama, próstata e cólon. Como uma forma comparativa, a
ingestão de proteína da soja nos países orientais é considerada alta (30 a
35g/dia) e nos países ocidentais, baixa (5 a lOg/dia). Grãos de soja con-
têm flavonóides, dos quais os mais abundantes são a genisteína (l a 3rng/ g
proteína de soja) e a daidzeína, amplamente investigadas. A população
oriental consome cerca de 20 a 80rng de genisteína/ dia, ao passo que os
ocidentais, de 1 a 3rng/dia76.
Estudos realizados com japoneses que imigraram para os Estados Uni-
dos mostram que o aumento no risco de câncer é maior nos indivíduos
mais jovens, em razão da mudança nos hábitos alimentares. O mesmo
grupo de pesquisadores mostrou que o risco de câncer de mama diminuiu
conforme aumentou o consumo de tofu pela população ásio-americana77 .
Outro estudo prospectivo recente associou os altos níveis circulantes de
genisteína com a redução do câncer de mama em holandesas48. Alguns
flavo nó ides também inibem a beta-oxidação da testosterona e do estradiol,
produzindo esteróides menos ativos, como a androstediona e estrona78. Não
há indicação de risco à saúde por causa do consumo de soja ou isoflavonas
da soja como parte regular da dieta. Nas culturas orientais, a soja é conside-
rada tanto um alimento nutritivo quanto um agente medicinal.
O câncer de próstata é urna das principais causas de morte entre ho-
mens nas sociedades ocidentais; atualmente, é muito estudada a sua
Aplicação dos Alimentos Funcionais no Auxilio Terapêutico e na Prevenção de Doenças - 149
Osteoporose
Alguns estudos epidemiológicos mostram uma associação entre consumo
de flavonóides e massa óssea, em humanos, e reportam que a proteína da
soja e os flavonóides da soja são benéficos para manter ou modestamente
aumentar a massa óssea em mulheres na pós-menopausaB3_
Efeitos de vários flavonóides foram testados sobre o metabolismo ósseo,
incluindo a ação da quercetina, resveratrol e catequinas. Todavia, somente
as isoflavonas, em especial a genisteína, apresentaram efeitos anabólicos
no osso. Os efeitos anabólicos da genisteína sobre o metabolismo ósseo
são parcialmente mediados por sua ação sobre os receptores de estrógenos.
Seus efeitos, aumentando os componentes ósseos, são iguais àqueles esti-
mulados pela ação do estrógenoB4_ Entretanto, a hipótese dos efeitos
benéficos da soja ainda é especulada, e a dosagem ótima e os componentes
responsáveis por esses efeitos favoráveis da soja ou dos isolados da proteí-
na de soja ricos em isoflavonas ainda não estão claros.
Sintomas da Menopausa
Na Ásia, apenas 10 a 20% das mulheres no período pós-menopausa apre-
sentam ondas de calores. Nas mulheres ocidentais, esses números sobem
para 70 a 80%. A hipótese popular para explicar tal discrepância é o tipo
de dieta das mulheres orientais, que é rico em isoflavonas, principalmente
provenientes da soja. Suplementos dietéticos contendo isoflavonas,
amplamente apontados como benéficos, são, hoje em dia, usados por mu-
lheres como substituto do estrógeno92 .
Os resultados em estudos em humanos ainda são um pouco conflitantes,
principalmente em razão das diferenças na quantidade e no tipo de pro-
duto oferecido. Fazendo uma breve revisão desses estudos, encontramos
os seguintes resultados:
978-SS-7241 -794-S
Considerações Finais
Atualmente, observa-se uma maior preocupação, por parte da população
e dos órgãos públicos, com a alimentação. Nesse contexto, inserem-se os
alimentos funcionais, considerados promotores de saúde por estar asso-
ciados à diminuição dos riscos de algumas doenças crônicas, uma vez que
são encontrados em alimentos naturais ou preparados. Dentro desse grupo
de alimentos, encontramos os flavonóides, que estão associados à preven-
ção e ao tratamento de diversas doenças, como a obesidade, a aterosclerose,
a hipertensão, a osteoporose, o diabetes e o câncer.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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low-density lipoprotein by phenolic substances in red wine. Lancet, v. 341. n. 8843, p.
454-457, Feb. l993.
5. FUHRMAN, B.; LAVY, A.; AVIRAM, M. Consumption of red wine with meals reduces
the susceptibility ofhuman plasma and low-density lipoprotein to lipid peroxidation.
TheAmerican]ournal ofClinicalNutrition, v. 61, n. 3, p. 549-554, Mar. 1995.
6. HELZLSOUER, K. J.; BLOCK, G.; BLUMBERG, J. et ai. Summary of the round table
discussion on strategies for cancer prevention: diet, food, additives, supplements, and
drugs. Cancer Research, v. 54, n. 7, suppl., p. 2044s-205ls, Apr. 1994.
7. SHAHIDI, R; NACZK, M. (eds.). Food Phenolic, Sources, Chemistry, Effects,Applications.
Lancaster: Pechomic, 1995.
8. HOLLtvlAN, P. C.; TIJBURG, L. B.; YANG, C. S. Bioavailability of flavonoids from tea.
Critica[ Reviews in Food Science and Nutrition, v. 37, n. 8, p. 719-738, Dec. 1997.
9. TIJBURG, L. B.; WISEMAN, S. A.; MEIJER, G. W. et ai. Effects o f green tea, black tea and
dietary lipophilic antioxidants on LDL oxidizability and atherosclerosis in
hypercholesterolaemic rabbits. Atherosclerosis, v. 135, n. 1, p. 37-47, Nov. 1997.
10. ADLERCREUTZ, H.; MAZUR, W. Phyto-oestrogens and Western diseases. Ann. Med., v.
29, n . 2,p.95-120, ApLl997.
Capítulo4
Introdução
Existe um acentuado interesse mundial em melhorar a qualidade da ali-
'" mentação da população e reduzir os gastos com a saúde por meio da
~ prevenção de doenças crônicas não-transmissíveis e da melhoria da ex-
"'" pectativa de vida ativa. A inclusão, na dieta diária normal, de alimentos
~
.;,
ao
que exercem função específica na prevenção dessas doenças traz, para o
oc, mundo atual, um novo conceito de alimentação. Extensivas pesquisas
&;
desvendaram a funcionalidade de alguns nutrientes presentes natural-
mente nos alimentos e a influência deles no organismo, quando em
quantidades expressivas ou concentradas, ampliando, assim, o quadro de
aplicação desses conceitos em produtos industrializados.
A ingestão de alimentos funcionais é considerada parte importante do
bem-estar, no qual também estão incluídas uma dieta equilibrada e a prá-
tica de atividades físicas 1.
A partir da conscientização da população quanto à necessidade de
consumo de alimentos mais saudáveis, as indústrias de alimentos em
todo o mundo estão adotando um novo direcionamento da produção,
principalmente no que diz respeito aos impactos nutricionais causados
pelos métodos de conservação. Assim, surge a necessidade de adotar re-
gulamentos legais para informar o consumidor, evitando a aquisição
equivocada de alimentos rotulados inadequadamente.
A atuação profissional adequada, seja na área de desenvolvimento ou
na prescrição dietética de produtos com alegações funcionais e/ou sau-
dáveis, deve estar pautada no conhecimento legal e científico sobre o
157
158 - Legislação Brasileira para Comercialização de Alimentos Funcionais e Nutracêuticos
Anexo
Quadro 4.1 -Novos alimentos autorizados em cápsulas, comprimidos, tabletes e
outras formas 1
• Cápsulas, comprimidos e tabletes: - Óleo de borragem- borago
- Abacaxi (ácido gama-linoléico)
- Açai - Óleo de cártamo (não é CLA)
- Acerola - Óleo de cenoura
- Ácido linoléico - Óleo de farelo de arroz
- Ácidos graxos poliinsaturados - Óleo de fígado de bacalhau
marinhos - Óleo de fígado de cação
- Ágar-ágar - Óleo de ffgado de tubarão
- Algas marinhas - Óleo de gergelim
-Alho - Óleo de gérmen de trigo
- Berinjela - Óleo de girassol
- Beterraba - Óleo de linhaça (linho)
- Brócolis - Óleo de ovos (lecitina)
- Cenoura - Óleo de peixe
- Chore/la - Óleo de prlmula
- Cogumelo Agaricus blazei - Óleo de Ribes nigrum
- Cogumelo Agaricus sylvaticus (groselha negra)
shaeffer - Psyllium
- Colágeno - Quitosana
- Espirulina • Outras formas:
- Farelo de trigo - Amido resistente, com alto teor
- Fibra de aveia e beterraba de amilose em pó
- Fibra de aveia e mamão - Cogumelo fibra e geléia real
- Fibra de maçã desidratados
- Fibras de trigo - Colágeno bovino h idrolisado líquido
- Gelatina - Colágeno de peixe h idrolisado liquido
- Gelatina de peixe - Composto fermentado de legumes,
- Gérmen de soja verduras e f rutas
- Guaraná e açaí - Extrato de ácidos graxos
- Lecitina de OVOS poliinsaturados marinhos
- Lecitina de soja - Fibra de psyllium em pó
- Levedura de cerveja - Flocos de gengibre
- Maná cubiu - Lecitina de soja
- Mistura de farelo de aveia, mel - Quitosana com fibras de abacaxi e mamão
e mamão - Quitosana, psyllium e farelo de aveia
- Óleo (vegetal) e óleo de alho
CLA = ácido linol éico conjugado.
978-85-724 1-794-5
166 - l egislação Brasileira para Comercialização de Alimentos Funcionais e Nutracêuticos
Quadro 4.2- Requisitos adicionais que devem ser atendidos e/ou constar no
relatório técnico-científico1
• Algas ou produtos à base de algas:
- Incluir dados sobre consumo tradicional pela população sem histórico de efeito adverso.
- Quando apresentados em cápsulas, comprimidos, balas, pós e outras formas não-
convencionais na área de alimentos, fornecer dados de exposição a curto e longo prazos,
de f orma a possibilitar a avaliação de possível risco associado a um consumo superior à
recomendação de uso prolongado do produto, incluindo desenvolvimento de alergias.
- Incluir recomendação de consumo máximo diário.
- Apresentar as especificações do produto, incluindo identificação da espécie e local de
cultivo da alga. Quando se tratar de mistura de algas, devem ser fornecidas as
especificações de todas as espécies.
- Apresentar laudo de análise, utilizando metodologia reconhecida, informando os teores
(ppm) de mercúrio, chumbo, cádmio e arsênio. Utilizar como referência o Decreto n2
55871/65, categoria "Outros Alimentos".
- Descrever os testes utilizados para controle da qualidade da matéria-prima.
- Rotulagem (incluir as seguintes informações no rótu lo):
• "Consumir preferencialmente sob orientação de médico ou nutricionista."
• "Este produto não é indicado para gestantes, nutrizes (mães que amamentam) e
crianças."
• "O consumo deste produto deve ser acompanhado da ingestão de liquides."
• Colágeno (ou gelatina) em cápsulas ou comprimidos:
- Informar a origem ou fonte de obtenção.
• Goma guar parcialmente hidrolisada (planta do guar: Cyamoposis tetragonolobus - indian
c/uster bean):
- Rotulagem:
• Declarar na tabela de informação nutricional como fibra alimentar.
• Caso sej a comercializado na forma isolada, informar a quantidade mínima de água
em que o produto deve ser dissolvido.
• Guaranás em cápsulas, comprimidos, tabletes e outras formas não convencionais de alimentos:
- Produtos nas formas de pó, semente e bastões estão dispensados de registro e devem
atender a Resolução RDC nQ 272/2005.
- Apresentar laudo de análise informando o conteúdo de cafeína no produto.
- Rotulagem:
• Incluir a frase de advertência em destaque e negrito: "Crianças, gestantes, nutrizes
(mães que amamentam), idosos e portadores de enfermidades devem consultar o
médico ou nutricionista antes de consumir este produto."
• Declarar a quantidade de cafeína presente na porção recomendada pelo fabricante,
próximo à tabela de informação nutricional.
• Levedo de cerveja em cápsulas, comprimidos e outras formas de apresentação:
- O produto na forma de pó está dispensado, administrativamente, da obrigatoriedade
de registro. A condição de dispensa aplica-se somente à espécie de levedura inscrita na
Farmacopéia Brasileira (Saccharomyces cerevisae Meyen).
- Não deve ser enquadrado como suplemento vitamínico e/ou mineral, uma vez que não
atende ao teor mínimo de 25% da ingestão diária recomendada (IDR) de vitaminas.
• Óleo de cártamo em cápsula:
- Apresentar laudo analítico informando o teor de CLA, para comprovar que esse ácido
não foi adicionado, produzido ou concentrado durante o processamento do óleo.
• ômega-3:
- Apresentar laudo analítico informando o perfil de ácido graxo para EPA, DHA e ALN.
- Rotulagem:
• Caso a empresa queira informar na informação nutricional, pode fazê-lo desde que
declare os três tipos de gordura, conforme item 3.4.6 da Resolução RDC nQ360/2003,
da ANVISA.
• Incluir a seguinte advertência:
• "Pessoas que apresentem doenças ou alterações fisiológicas, mulheres grávidas e
lactantes devem consultar o médico antes de consumir este produto."
Legislação Brasileira para Comercialização de Alimentos Funcionais e Nutracêuticos- 167
Quadro 4.2- Requisitos adicionais que devem ser atendidos e/ou constar no
relatóriõ técnico-científico 1 (Continuação)
• Polissacarideos de plantas e algas:
- Apresentar identificação do polissacarideo e espécie da qual foi extraído, o local de
cultivo da alga (quando pertinente), dados de identidade e pureza. Quando se tratar de
mistura de ingredientes ativos, devem ser fornecidas as especificações de todos eles.
- Sempre que possível, as especificações do produto devem atender ao Food Chemica/
Codex, última edição, ou às especificações contidas no Compendium of Food Addtives
Specifications, FAO/FOOD Nutrition Paper (atualizado).
- Comprovar a segurança do produto por meio de dados de avaliação toxicológica do
polissacarídeo, incluindo exposição a longo prazo, tendo como referência organismos
internacionais (JECFA), regionais (EU) ou nacionais (FDA).
- Apresentar laudo de análise utilizando metodologia reconhecida, informando os teores
(ppm) de mercúrio, chumbo, cádmio e arsênio. Utilizar como referência o Decreto n9
55871/65, categoria "Outros Alimentos".
- Descrever os testes utilizados para contro le de qualidade da matéria-prima.
- Incluir recomendação de consumo máximo diário.
- Rotulagem (incluir as informações):
• "Consumir sob orientação de médico ou nutricionista."
• "Este produto não é indicado para gestantes. nutrizes (mães que amamentam) e crianças."
• "O consumo deste produto deve ser acompanhado da ingestão de líquidos."
• Produtos de origem marinha: cartilagem de tubarão e gelatina de peixe em cápsulas:
- Informar a origem ou fonte de obtenção.
- Apresentar laudo de análise utilizando metodologia reconhecida, informando os teores
(ppm) de mercúrio, chumbo, cádmio e arsênio. Utilizar como referência o Decreto n 2
55871/65, categoria "Outros Alimentos".
- Rotulagem (incluir a advertência em destaque e negrito):
• "Pessoas alérgicas a peixes e crustáceos devem evitar o consumo deste produto. "
• Quitosana:
- Informar a origem ou fonte de obtenção.
- Apresentar laudo de análise utilizando metodologia reconhecida, informando os teores
(ppm) de mercúrio, chumbo, cádmio e arsênio. Utilizar como referência o Decreto n2
55871/65, categoria "Outros Alimentos".
- Apresentar laudo analítico do teor de fibras e de cinzas.
- Rotulagem:
• Incluir recomendação de consumo máximo diário.
• Incluir recomendação de uso.
• Incluir a seguinte informação e frase de advertência em destaque e negrito:
• "Pessoas alérgicas a peixes e crustáceos devem evitar o consumo deste produto."
• "O consumo deste produto deve ser acompanhado da ingestão de líquidos."
• Soja ou produtos à base de soja:
- lsoflavonas isoladas não são registradas pela área de alimentos.
- Apresentar laudo de análise informando a quantidade de isoflavonas no produto pronto
para consumo. A quantidade máxima permitida de isoflavonas é 25mg/dia.
- Os dizeres de rotulagem e o material publicitário dos produtos à base de soja não podem
veicular qualquer alegação decorrente das isoflavonas, seja de conteúdo ("contém"),
funcional, de saúde e terapêutica (prevenção, tratamento e cura de doenças).
ALN = ácido alfa-linolênico; ANVISA =Agência Nacional de Vigilância Sanitária; CLA = ácido linoléico
conjugado; DHA =ácido docosa -hexaenóico; FAO = Food and Agriculture Organization; FOA = Food and
=
Drug Administration; EPA ácido eicosapentaenóico; JECFA = Joint Food and Agriculture Organization/
World Health Organization Expert Committee on Food Additives; RDC = Resolução da Diretoria Colegiada.
978-85-724 1-794-5
168- Legislação Brasileira para Comercialização de Alimentos Funcionais e Nutracêuticos
Quadro 4.3- Requisitos adicionais que devem ser atendidos e/ou constar no
relatório técnico-científico 1
• Dextrina resistente em pó:
- Apresentar laudo de análise comprovando que 40% ou mais do ingrediente não são
digeríveis.
- Utilizar métodos normalizados ou oficiais de organizações técnicas reconhecidas na área.
- A recomendação diária de consumo do produto não deve resultar na ingestão única de
dextrina resistente acima de 30g.
- Declarar na tabela de informação nutricional como fibra alimentar.
• Espirulina:
- A recomendação diária de consumo do produto não deve resultar na ingestão de
espirulina acima de 1,6g.
- Apresentar as especificações do ingrediente, incluindo identificação da espécie da alga
e seu local de cultivo.
- Apresentar laudo de análise, utilizando metodologia reconhecida, do teor dos
contaminantes inorgânicos (em ppm): mercúrio, chumbo, cádmio e arsênio. Utilizar como
referência o Decreto n~ 5587 1/65, categoria "Outros Alimentos".
- Descrever os procedimentos para controle da qualidade do ingrediente.
- Rotulagem (incluir as informações):
• "Consumir preferencialmente sob orientação de médico ou nutricionista."
• "Este produto não é indicado para gestantes, nutrizes (mães que amamentam) e
crianças."
• "O consumo deste produto deve ser acompanhado da ingestão de líquidos."
• Etil-éster de óleo de peixe refinado:
- Informar a origem ou fonte de obtenção.
- Apresentar laudo de análise, uti lizando metodologia reconhecida, do teor dos
contaminantes inorgânicos (em ppm): mercúrio, chumbo, cádmio e arsênio. Utilizar como
referência o Decreto n2 55871/65, categoria "Outros Alimentos".
- Rotulagem:
• Incluir a frase de advertência em destaque e negrito: "Pessoas alérgicas a peixes e
crustáceos devem evitar o consumo deste produto."
• Fitoestanóis*:
- Apresentar o processo detalhado de obtenção e padronização da substância, incluindo
solventes e outros compostos utilizados.
- Apresentar laudo com o teor do(s) resíduo(s) do(s) solvente(s) utilizado(s).
- Apresentar laudo com o grau de pureza do produto e a caracterização dos fitoestanóis
presentes.
• Fitoesteróis*:
- Apresentar o processo detalhado de obtenção e padronização da substância, incluindo
solventes e outros compostos utilizados.
- Apresentar laudo com o teor do(s) resíduo(s) do(s) solvente(s) utilizado(s).
- Apresentar laudo com o grau de pureza do produto e a caracterização dos fitoesteróis
presentes.
• Psyl/ium (Piantago ovatae):
- Apresentar as especificações do ingrediente, incluindo identificação da espécie e o local
de cultivo.
- Descrever os procedimentos utilizados para o controle da qualidade do ingrediente.
- Rotulagem (incluir as seguintes informações):
• "Consumir preferencialmente sob orientação de médico ou nutricionista."
• "Este produto não é indicado para gestantes, nutrizes (mães que amaentam) e crianças."
• "O consumo deste produto deve ser acompanhado da ingestão de líquidos."
• Quitosana:
- Informar a origem ou fonte de obtenção.
- Apresentar laudo de análise, utilizando metodolog ia reconhecida, do teor dos
contaminantes inorgânicos (em ppm): mercúrio, chumbo, cádmio e arsênio. Utilizar como
referência o Decreto n• 55871/65, categoria "Outros Alimentos".
Legislação Brasileira para Comercialização de Alimentos Funcionais e Nutracêuticos - 169
Quadro 4,3 ~ Requisitos adicionais que devem ser atendidos e/ou -constar no
relatório técnico-cíentifico1 (Cohtinu~ção)
- Apresentar ·laudo analítico do teor de fibras do produto.
- Apresentar laudo analítico do teor de cinzas da quitosana.
- Rotulagem:
• Indicar a porção diária.
• Incluir as seguintes frases de advertência, em destaque e negrito:
• "Pessoas alérgicas a peixes e crustáceos devem evitar o consumo deste produto."
• "O consumo deste produto deve ser acompanhado da ingestão de líquidos."
• Alfa-ciclodextrina:
- Sem requisito adicional.
• licopeno*:
- Apresentar o processo detalhado de obtenção e padronização da substância, incluindo
solventes e outros compostos utilizados.
- Apresentar laudo com o teor do(s) resíduo(s) do(s) solvente(s) utilizado(s).
- Apresentar laudo com o grau de pureza do produto.
• Luteína*:
- Apresentar o processo detalhado de obtenção e padronização da substância, incluindo
solventes e outros compostos utilizados.
- Apresentar laudo com o teor do(s) resíduo(s) do(s) solvente(s) utilizado(s).
- Apresentar laudo com o grau de pureza do produto.
• Zeaxantina*:
- Apresentar o processo detalhado de obtenção e padronização da substância, incluindo
solventes e outros compostos utilizados.
- Apresentar laudo com o teor do(s) resíduo(s) do(s) solvente(s) utilizado(s).
- Apresentar laudo com o grau de pureza do produto.
• Olestra:
- Apresentar o processo detalhado de obtenção e padronização da substância.
- Apresentar laudo do perfil lipídico, com o grau de pureza do produto.
- O rótu lo deve apresentar informação ao consumidor sobre os efeitos adversos do olestra
quanto à possível ocorrência de cólicas intestinais e fezes amolecidas.
• Diacilglicerol obtido dos óleos de cano la e/ou de soja:
- Apresentar o processo detalhado de obtenção e padronização da substância, incluindo
enzimas e outros compostos utilizados.
- Apresentar laudo com o teor do(s) residuo(s) do(s) compostos(s) utilizado(s).
- Apresentar laudo do perfil lipídico, com o grau de pureza do produto.
* Essas substâncias devem ser utilizadas somente em produtos enquadrados nas categorias de alimentos
com alegação de propriedade funcional e/ou de saúde ou em substâncias bioativas e probióticos
isolados, conforme o caso.
978-85-7241 -794-5
170 - Legislação Brasileira para Comercialização de Alimentos Funcionais e Nutracêuticos
978-85-7241-794-5
Legislação Brasileira para Comercialização de Alimentos Funcionais e Nutracêuticos -171
978-85-7241-794-5
172- Legislação Brasileira para Comercialização de Alimentos Funcionais e Nutracêuticos
978-85-7241-794-5
176 -legislação Brasileira para Comercialização de Alimentos Funcionais e Nutracêuticos
978-85-7241-794-5
Capítulo 5
Exemplos de Preparações-fonte
de Alimentos Funcionais
Introdução
As preparações apresentadas neste capítulo contribuem para uma alimen-
tação saudável, pois apresentam ingredientes que são fontes de alimentos
funcionais e que promovem efeitos benéficos à saúde.
Muitas foram extraídas de livros técnicos e do projeto de extensão "Ofi-
cina Saber do Sabor", do curso de graduação em Nutrição, da Universidade
Estácio de Sá, e outras, gentilmente cedidas por amigos e renomados chefs
de cozinha. Alguns ingredientes convencionais das culinárias brasileira e
mundial foram substituídos por outros, conferindo um caráter funcional
a estas preparações.
978-85-724 1-794-S
Alecrim
Confere um aroma delicioso aos pratos. Com sabor forte e picante, é utili-
zado em quase todas as preparações, com exceção de peixes.
Patê de Alho
Ingredientes:
3 dentes de alho (12g)
2 xícaras (chá) de leite bem gelado (400mL)
1 pitada de pimenta do reino
Azeite
Sala gosto
Aveia
Pode ser ingerida sob a forma de flocos, farinhas e como ingrediente no
preparo de biscoitos, sopas e caldos, tortas salgadas e doces, bolos, pães,
massas e biscoitos.
978-85-7241-794-5
Croquete de Aveia
Ingredientes.
2 xícaras (chá) de caldo de cozimento de frango (400mL)
1 xícara (chá) de aveia em flocos (120g)
1 unidade de cebola grande (150g)
3 dentes de alho amassado (12g)
1 colher (sopa) de alecrim fresco (4g)
2 xícaras de óleo de soja para fritar (400mL)
Panqueca de Aveia
Ingredientes:
1/ xícara (chá) de aveia em flocos (60g)
2
1/ xícara (chá) de queijo cottage (lOOg) ou tofu (80g)
2
4 claras de ovos
1 colher (chá) de essência de baunilha (lmL)
1 colher (café) de canela em pó (2g)
1 colher (café) de noz-mascada moída ou ralada (lg)
Biscoito de Aveia
Ingredientes:
1 xícara (chá) de aveia em flocos (120g)
1 xícara (chá) de açúcar (180g)
1f2 xícara (chá) de margarina lightderretida (100g)
182- Exemplos de Preparações-fonte de Alimentos Funcionais
1 ovo
2 colheres (sopa) de farinha de trigo (30g)
1/ colher (chá) de essência de baunilha (O,SmL)
2
1 pitada de sal
Modo de preparo: Bater bem o ovo até ficar espumado. Juntar o açúcar e
a margarina e mexer bem com uma colher. Acrescentar aos poucos o res-
tante dos ingredientes, mexendo bem. Com uma colher (chá), colocar a
massa em uma assadeira untada, deixando espaço entre os biscoitos. Pré-
aquecer o forno a 200°C. Levar ao forno por 15min ou até ficarem corados.
978-85-7241-794-5
Farofa de Aveia
Ingredientes:
1 unidade média de cebola (50g)
1 colher (sobremesa) de gengibre picado (Sg)
2 colheres (sopa) de óleo vegetal (20rnL)
1 colher (sopa) de uva-passa preta (12g)
1 colher (sopa) de uva-passa branca (12g)
1 unidade média de maçã sem casca (130g)
2 colheres (sopa) de alho-poró (10g)
1 xicara (chá) de aveia em flocos finos (100g)
5 colheres (sopa) de germe de trigo (Süg)
2 colheres (sopa) de salsa (4g)
Sal e pimenta a gosto
Cacau/ Chocolate
Chocolate é a mistura de pó de cacau desengordurado total ou parcialmen-
te, manteiga de cacau, sacarose e, às vezes, leite ou essências (baunilha,
menta). Essa mistura em pó é chamada achocolatado e pode ser usada como
bebida (normalmente preparado com leite) e em preparações doces.
4 ovos (200g)
6 colheres (sopa) de margarina sem sal (200g)
11/ 4 xícara (chá) de cacau em pó (l50g)
3 colheres (sopa) de farinha de tribo integral peneirada (50g)
3 colheres (sopa) de farinha de trigo branca especial peneirada (SOg)
Modo de preparo:
Massa: Bater as claras em neve, acrescentar as gemas e o adoçante. Re-
tirar da batedeira. Envolver delicadamente a farinha peneirada com o
cacau e o fermento. Colocar no aro e assar.
Mousse: Hidratar a gelatina na água e dissolver em banho-maria. Bater
todos os ingredientes no mix, exceto as claras. Bater as claras em neve e
incorporá-las delicadamente à mistura.
184- Exemplos de Preparações-fonte de Alimentos Funcionais
Chá Verde
Infuso proveniente da imersão de folhas secas (que não sofreram fermen-
tação) em água fervente. Apresenta cor suave e possui mais tanino que o
chá preto.
Frutas Cítricas
Ricas em vitamina C, caroteno, frutose, potássio e fibras. Podem ser
consumidas ao natural, na forma de sucos ou como ingredientes em
preparações.
978-85-7241-794-5
Molho de Iogurte com Laranja
Ingredientes:
1/ xícara de iogurte natural (lOOg)
2
Suco de lf2 laranja
Suco de Vz limão
1 colher (sopa) de salsa (2g)
1 colher (sopa) de cebolinha (5g)
1 colher (sopa) de azeitonas picadas (15g)
V2 colher (chá) de sal (1g)
Modo de Preparo:
Massa: Dextrinizar (torrar) a farinha em uma frigideira até ficar com a
cor ligeiramente amarelada. Esfriar. Misturar a farinha, o fermento, o ado-
çante e a raspa de limão em um a vasilha. Adicionar a margarina e
homogeneizar (não pode sovar). Levar à geladeira por 15min. Forrar a forma
de torta com a massa, com auxílio de um rolo de massa. Furar com o garfo
e levar ao forno a 170°C, por 5 a 10min. Esfriar e reservar.
Recheio: Preparar o leite condensado: misturar o leite em pó com o
adoçante e levar ao liquidificador com a água fervente. Bater por l Omin.
Levar para o resfriador e deixar descansar até pegar consistência de leite
condensado. Misturar o suco de limão e a gelatina hidratada e derretida
ao leite condensado. Acrescentar à massa. Levar para o resfriador.
Cobertura: Em fogo baixo, aquecer as claras e a frutose em uma panela
para perder a viscosidade. Retirar da panela, colocar na batedeira e bater
até ficar em neve. Aplicar sobre o recheio. Salpicar raspas de limão.
978-85-7241-794-5
Gengibre
Sabor doce e aroma intenso. A raiz picada fina ou ralada é usada em pi-
cles, molhos para presuntos ou galinha, chucrute, molho de tomate e em
preparações orientais. Moído, é usado em doces, bolos, pães e bebidas
quentes, tortas, biscoitos e pudins.
Linhaça
Pode ser utilizada como complemento alimentar adicionado em vitaminas,
massas, pães, bolos e farofas. Quando moída ou quebrada, deve ser logo uti-
lizada, pois pode oxidar rapidamente em razão do alto teor de gordura.
Exemplos de Preparações-fonte de Alimentos Funcionais- 189
Oleaginosas
Nozes, castanhas e amêndoas são fontes ricas em vitaminas do complexo
B e E, além de potássio, selênio, ferro, zinco, magnésio. Podem ser utiliza-
das em preparações tanto salgadas quanto doces.
Orégano
É usado como tempero na forma da folha seca. Utilizado principalmente
nas culinárias italiana e grega, em preparações de carnes, saladas, sopas,
massas e molhos à base de tomate.
Soja
Destaca-se por seu grande valor nutritivo, contendo alto teor de proteí-
nas, lipídeos, vitaminas do complexo A, B, C e E, magnésio e enxofre.
Ingredientes.
1 xícara (chá) de soja em grão sem casca (170g)
1 unidade média de cenoura (108g)
1 unidade média de laranja (72g)
3 folhas de alface (72g)
2 colheres (sopa) de salsa (4g)
4 folhas de hortelã
1 unidade média de milho em espiga (170g)
2 colheres (sopa) de azeite (15mL)
Estrogonofe de Soja
978-85-7241-794-5
Ingredientes.
1 1/ 2 xícara (chá) de proteína de soja fina (lOOg)
1 unidade média de cebola picada (lOOg)
3 colheres (sopa) de óleo vegetal (30mL)
2 dentes de alho (8g)
6 colheres (sopa) de champignons (150g)
2 unidades médias de tomate (200g)
5 colheres (sopa) de molho de soja (shoyu) (50mL)
1 colher (sopa) de mostarda (11g)
1 caixa pequena de creme de leite light (200g)
Sal a gosto
Salsinha a gosto
Tomate
Recentemente, descobriu-se no tomate um pigmento antioxidante, o
licopeno. Os tomates são consumidos crus (em saladas e sopas frias), co-
zidos (molhos) ou assados, em inúmeras preparações.
Tomates Recheados
Ingredientes:
1/ xícara de chá de agrião (6g)
2
1 colher (sopa) de arroz (6g)
1 colher (sopa) de atum em conserva (20g)
1 colher (chá) de azeite (10mL)
978-85· 7241· 794-5
1 fatia pequena de cebola (3g)
1 colher (sopa) cheia de cenoura cozida picada (25g)
1 colher (chá) de maionese (2g)
lf2 colher (café) de sal (1g)
1 colher (sobremesa) de salsa (1g)
1 colher (chá) de suco de limão (2mL)
2 unidades grandes de tomate (300g)
Uva
As uvas podem ser consumidas in natura ou em preparações como do-
ces, geléias, tortas, bolos, cremes, pudins e, principalmente, na fabricação
de vinho.
196- Exemplos de Preparações-fonte de Alimentos Funcionais
Creme de Uva
Ingredientes:
5 xícaras (chá) de suco de uva (900mL)
1 colher (sopa) de açúcar (16g)
1 1/ 2 colher (sopa) cheia de maisena (30g)
lfz de copo de água
Modo de preparo: Colocar o suco em uma panela, junto com o açúcar, e
deixar ferver. Preparar a maisena em uma vasilha com lf4 de copo de água;
derramar aos poucos no suco, sempre mexendo. Deixar ferver por 1Omin,
tirar do fogo e colocar em taças para esfriar.
friar. Em uma taça, dispor (ao fundo) 4 uvas, partidas ao meio e sem caro-
ço, cobri-las com 4 colheres (sopa) da pasta de damasco e salpicar 1 colher
de nozes (quebradas) por cima
Modo de preparo: Grelhar o filé por cerca de 15rnin para que fique ao pon-
to. Enquanto o filé é grelhado, preparar o molho, misturando o vinho, o açúcar,
as uvas-passas, e levar ao fogo alto para reduzir até a metade e volatizar o
álcool do vinho. Dissolver o amido com um pouco de leite (112 xícara de chá-
90mL), acrescentar ao molho até adquirir uma consistência cremosa e reser-
var. Para o preparo do riso to, misturar o arroz já cozido com o champignon, o
creme de leite e o molho de soja em uma panela; levar ao fogo para aquecer.
Vegetais Crucíferos
Recebem este nome por produzir flores em forma de cruz. Brócolis, repolho,
couve, couve-de-bruxelas e couve-flor são ricos em enxofre, vitaminas e fibras.
São consumidos cozidos, em saladas, sopas, refogados, gratinados e sutlês.
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Índice Remissivo
A Algas, 31
Alho (A/lium sativum L.), 41, 42, 179
Ácido compostos sulfurados, 41 t
alfa-linolênico, 29, 49, 50, 94 consumo indicado, 42
conteúdo, 97t, 98t Alicina, 41
araquidônico, 29, 95 Aliina, 41
conteúdo, 97t Aliinase, 41
ascórbico, 20, 40, 127, 142 Alimentos
caféico, 51 funcionais, 1, 3-5, 13, 38, 100
carnósico, 40 auxílio terapêutico, 65
cumarlnico, 51 avaliação do risco de segurança, 162
delta-aminolevulínico, 30 características, 2
docosa-hexaenóico, 29 categorias, 158
conteúdo, 97t composição nutricional, 39
eicosapentaenóico, 29, 95 conceituação e classificação, 37
conteúdo, 97t Legislação Brasileira para
fenólico, 22, 57, 135 Comercialização, 157
gama-linolênico, 101 -medicamentos, 4
graxo, 39t naturezas química e molecular, 39t
alegação funcional ou de saúde, 170q novos, 165q
de cadeia curta, 82 para f ins dietéticos, 4
preparações-fonte, 177
essencial, 100
prevenção de doenças, 65
metabolismo, 96
normalização, 158
Omega
para uso especifico de saúde, 158
-3, 94, 98, 99
perigo, 162
fontes alimentares, 97
procedimentos para registro, 160
-6,29
relatório técnico-científico, 161
aspectos nutricionais, 94
requisitos adicionais, 166q, 168q
balanço, 98 risco e segurança, 162
bioquímica, 94 rotulagem, 162
papel funcional, 99 sulfurados e nitrogenados, 14
poliinsaturado, 1, 2, 29-32, 38 Aminoácidos, 2, 39t
de cadeia longa, 94, 100 Amônia, diminuição dos níveis séricos, 88
sintase, 151 Angiogênese, 146
valores de ingestão, adultos, 98 Antioxidantes, 2, 17, 21, 23, 31, 38, 39, 43,
linoléico, 50, 94 45, 46, 52, 55, 11 3, 123, 14 1
conteúdo, 97t, 98t enzimáticos, 125
linolênico, 29, 48 não-enzimáticos, 126
oléico, 50 Antocianidinas, 138, 141
protocatecúico, 51 Antocianinas, 22, 56, 57, 135
regulamentação, 29, 70, 118, 159 Antoxantinas, 22
retinóico, 128 Apigenina, 136, 144, 146
rosmarínico, 51 Arginina, 50
Agliconas, 53, 135 Astaxantina microalgal, 33
Ajoeno, 41 Aterosclerose, 112
Alecrim (Rosmarinus officinalis L), 39, 117 Diretriz de Prevenção, 119
Alfacaroteno, 128 Aveia (Avena sativa L.), 42, 181
Alfa-tocoferol, 40, 126, 142 Avelã, 50t
B Colesterol (Cont.)
de baixa densidade, 18, 26, 42, 109
Beta redu ção, 11 O
-ciclase, 55 da absorção, 118
-criptoxantina, 128 Compostos
-frutosidases, 81 b ioativos naturais, 31
-g lucanas, 12, 42 fenó licos, 39t, 46t, 57t
-sistosterol, 114 funcionais, classes, 5
Betacaroteno, 18, 21, 32, 54, 55, 117,128 sulfurados, 41 t
Bifidobacterias, 8 Comprimidos novos, 165q
Bifidobacterium, 6, 67, 70, 72, 78 Cumarinas, 22
Biomassa, 31
Bisaboleno, 51
Borneol, 51 o
Bornilacetato, 51
Daidzeína, 53, 137
Densidade mineral óssea, 86
c Diabetes
melito, 87
Cacau (Theobroma cacao L.), 43, 182 tipo 2, 150
Cadineno, 51 Diarréia
Cafeína, 151 do viajante, 76
Campestanol, 25, 106f, 107t por rotavírus, 76
Campesterol, 25,105-107, 115 prevenção, 78
Campferol, 136, 144, 146, 149 probióticos, 76
Câncer, 148 provocada por antibióticos, 78
de cólon, 76, 102t Dislipidemia, Diretrizes Brasileiras, 119
Cápsulas novas, 165q Distúrbios psiquiátricos, 102t
Carboidratos, 39t Diterpenos fenó licos, 39
Cariofileno, 51 Doenças
Carne cardiovasculares, 102t
de boi, 97t hepáticas, 102t
de frango, 97t inflamatórias, 102t
de porco, 97t intestinais, 74, 85
Carnoso!, 40 prevenção, 65
Carotenóides, 18, 28, 31, 32, 54, 118, 128, 161 risco reduzido, 158
alegações funcionais ou de saúde, 171q Drogas hipocolesterolêmicas, 119
Carotenos, 18
Carvacrol, 51
Castanha-do-pará, 50t E
Catequeninas, 135
Catequinas, 22, 45, 46, 57, 137, 138, 146, 150 Efeito hipolipidêmico, 84
d istribuição e frações, 45t Enterococcus faecium, 6, 67, 79
Ceruloplasmina, 129, 130 Enxofre, 41
Cetoácidos, 2 Epicatequina, 57, 138
Chá verde (Camellia sinensis L.), 44-46, 184 Epilocatequinas, 138
concentraçã o de compostos fenólicos, 46t Epirosmanol, 40
Chocolate, 182 Eriodictiol, 137
Cianidina, 138 Espatulenol, 51
Ciclooxigenase, 97, 147 Estanóis, 25
Cimeno, 51 ésteres, uso terapêutico, 28
Cineol, 51 vegetais, 108
Cislicopeno, 55 estrutura química, 106f
Clorofi la, 22, 32 Estatinas, 111
Cobre, 129 Esteróis
Codex alimentarius, 2-4, 158, 159, 162 ésteres, uso terapêutico, 28
Colestero l, 108, 119 vegetais, 108
de alta densidade, 43, 109 estrutura q uímica, 106f
lndice Remissivo- 201