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Apoio:
Cascavel
-
23 à 27 de outubro de 2023
Lourdes Kaminski Alves
Kaline Cavalheiro
(Organizadoras)
Cascavel
-
23 à 27 de outubro de 2023
COORDENADORES DA EDIÇÃO 2023
Prof. Dr. José Carlos da Costa (Coordenação geral)
Profa. Dra. Lourdes Kaminski Alves (Coord. adjunta)
COMISSÃO ORGANIZADORA
COMISSÃO CIENTÍFICA
23/10/23
19 h - COLÓQUIO I: NARRATIVAS DO CIBERESPAÇO: EXPANSÃO
DAS ESCRITAS DE SI - [on-line]
Participantes:
Prof. Dr. Dionísio Geraldo Bahule (Universidade Pedagógica de Maputo –
Faculdade de Ciências da Linguagem, Comunicação e Artes. UP-MAPUTO -
Moçambique).
Profa. Dra. Beatriz Helena Dal Molin (PPGL/UNIOESTE)
Profa. Dra. Julia Cristina Granetto Moreira (UNILA)
Moderadora: Profa. Dra. Lourdes Kaminski Alves (PPGL/UNIOESTE)
24/10/23
19h - COLÓQUIO II: RECEPÇÃO E RESENHAS CRÍTICAS EM REDES
SOCIAIS DE LEITORES: INTERSUBJETIVIDADES LITERÁRIAS - [on-
line]
Participantes:
Prof. Airton Pott (Doutorando UFP/RS)
Profa. Dra. Ivânia Campigotto Aquino (PPGL/UFP/RS)
Prof. Dr. Gilmar de Azevedo (UERGS /RS)
Moderadora: Profa. Dra. Cleiser Schenatto Langaro (PPGL/UNIOESTE)
25/10/23
Local: Anfiteatro da Unioeste, Campus de Cascavel – PR
8h - Entrega das pastas aos participantes
8h30 - Abertura oficial do evento (Atividade presencial)
10h – Debate
10h15 – Café com livros
iv
10h30 – Lançamento da obra A CRÍTICA LITERÁRIA FEMINISTA IBERO-
AMERICANA PERSPECTIVAS TRANSATLÂNTICAS - [on-line]
Participantes:
Profa. Dra. Encarnacion Medina (Universidad de Jaén- Espanha)
Profa. Dra. Alexandra Santos Pinheiro (UFGD)
Profa. Dra. Maria de Fátima Macari (UNESP)
Profa. Dra. Adriana Aparecida de Figueiredo Fiuza (UEL)
26/10/23
Local: Anfiteatro da Unioeste, Campus de Cascavel – PR
8h30 – MESA REDONDA: O SUJEITO DA ESCRITA EM
PERSPECTIVAS CONTEMPORÂNEAS DOS ESTUDOS
LINGUÍSTICOS E DA ANÁLISE DO DISCURSO - [Híbrido]
Participantes:
Profa. Dra. Bethania Mariani (UFF)
Profa. Dra. Luciana Vinhas (UFRGS)
Moderadores: Profa. Dra. Dantielli Assumpção Garcia (PPGL/UNIOESTE)
Prof. Dr. Alexandre Sebastião Ferrari Soares (PPGL/UNIOESTE)
9h45 - Debate
v
Mediação: Prof. Dr. Stanis Lacowicz (UNIOESTE)
Prof. Dr. Pedro Leites Junior (IFPR/PPGL/UNIOESTE)
12h30 – Encerramento
26/10/23
13h30 – 17h30 – Simpósios
Participantes:
Prof. Dr. Julian Fuks - ROMANCE: HISTÓRIA DE UMA IDEIA (2021)
Prof. Dr. Décio Torres Cruz (UFBA) – AS HISTÓRIAS ROUBADAS DAS
PAISAGENS INTERIORES (2022)
Mediadores: Prof. José Carlos da Costa (UNIOESTE)
Prof. Dr. Stanis Lacowicz (UNIOESTE)
27/10/23
8h30 – Lançamento de livros
Convidado:
Prof. Dr. Evando Nascimento (Universidade Federal de Juiz de
Fora)
Mediadores: Prof. Dr. José Carlos da Costa (UNIOESTE)
Profa. Dra. Lourdes Kaminski Alves (PPGL/UNIOESTE)
vi
19h - MESA TEMÁTICA: ESCRITAS BIOGRÁFICAS NA LITERATURA
PARAGUAIA CONTEMPORÂNEA - [on-line]
Participantes:
Profa. Dra. Lilibeth Zambrano (Universidad de Los Andes –
Merida/Venezuela)
Profa. Dra. Alexandra Santos Pinheiro (UFGD)
Suzy Delgado (Escritora y periodista com atuação em Asunción,
Paraguai)
Profa. Dra. Alai Garcia Diniz (PPGL/UNIOESTE)
Mediação: Prof. Dr. Antonio Donizeti da Cruz (UNIOESTE)
Profa. Dra. Nincia Cecília Borges Teixeira (PPGL/UNICENTRO/
PPGL/UNIOESTE)
vii
Sumário
SIMPÓSIO 1 – AS ESCRITAS DE SI, AS PASSAGENS: UMA TESSITURA DA
PRÓPRIA VIDA DO EU ........................................................................................................ 22
COORDENADORAS: .............................................................................................................. 22
Neluana Leuz de Oliveira Ferragini (UNESPAR- Campus Apucarana).......................... 22
Stela Maris da Silva (UNESPAR- Campus Curitiba II ........................................................ 22
Zeloi Aparecida Martins (UNESPAR- Campus Curitiba II................................................ 22
viii
A música nunca parou e o “ouvir” musicoterapeutas como escrita de si .................. 28
Ana Maria de Barros (UNESPAR - Campus Curitiba II) ................................................. 28
A escrita fílmica a partir das obras “Janela da Alma” e “Um Filme de Cinema” de
Walter Carvalho ................................................................................................................... 32
Lucas da Cunha Selau (UNESPAR - Campus Curitiba II) ............................................... 32
Zeloi Ap. Martins (UNESPAR- Campus Curitiba II) ........................................................ 32
ix
SIMPÓSIO 2 - VOZES MINORITÁRIAS EM PRODUÇÕES CULTURAIS BRASILEIRAS
CONTEMPORÂNEAS (2000-2023)........................................................................................ 36
COORDENADORAS: ........................................................................................................ 36
Cilene Margarete Pereira (UNIFAL-MG) ......................................................................... 36
Luciano Marcos Dias Cavalcanti (UNICAMP.................................................................. 36
A poesia de Luiza Neto Jorge, Lêda Selma e Denise Emmer: elos, herança, ruptura
e fascínio ............................................................................................................................... 41
x
Maria de Fátima Gonçalves Lima (PUC/Goiás) .............................................................. 41
Tenda dos milagres: alto e baixo, preto e branco, rico e pobre, direita e esquerda 46
Thiago Waldeyr Faria da Silva – (UNIOESTE) ................................................................ 46
Wagner de Souza (Docente UNIOESTE - NuECP/PPGL) ............................................. 46
xi
SIMPÓSIO 5 - LITERATURA E ARTE NO BRASIL CONTEMPORÂNEO: O
TESTEMUNHO E AS HERANÇAS DA DITADURA ......................................................... 50
COORDENADORAS: ........................................................................................................ 50
Mariane Tavares (UFES)...................................................................................................... 50
Gabriele Borges (Unesp) ...................................................................................................... 50
Memórias da Torre das donzelas: uma história das mulheres na ditadura civil-
militar brasileira .................................................................................................................. 51
Meire Oliveira Silva (UNIOESTE - Campus Cascavel) .................................................... 51
xii
O Arquétipo Feminino na Obra La mujer de Cera, de Carmen Martín Gaite ......... 57
Beatriz Ferreira Soares (UNIFAL) ...................................................................................... 57
Katia Aparecida da Silva Oliveira (UNIFAL) .................................................................. 57
Uma análise comparativa entre As formigas, de Lygia Fagundes Telles, e The wives
of bath (1993), de Susan Swan ........................................................................................... 62
Lis Doreto Romero (UEL).................................................................................................... 62
xiii
Joias de família, de Zulmira Ribeiro Tavares: a potência dos recursos cômicos na
construção do romance ....................................................................................................... 65
Lucas Daniel Rocha Alves (UNIOESTE) ........................................................................... 65
Maricélia Nunes dos Santos (PPGL/UNIOESTE - NuECP/PPGL).............................. 65
Corpos gordos: reflexões sobre mulheres gordas nos contos Inmensamente Eunice
(2005) e A solução (1999) ..................................................................................................... 66
Andreia Piechontcoski Uribe Opazo (UNIOESTE) ......................................................... 66
Crislaine Alessandra de Lima Scher (UNIOESTE) .......................................................... 66
Paula Maria Lucietto Dylbas dos Santos (UNIOESTE) ................................................... 66
A deusa que me rege: Uma análise do arquétipo de Atena em Teresa D’ Ávila .... 68
Gilbéria Felipe Alves Diniz (UFPB) ................................................................................... 68
xiv
A poesia marginal de Nívea Sabino na obra Interiorana ............................................ 72
Neilde Silva de França Bois (Mestranda/PPGL/UNIOESTE) ...................................... 72
De Boal a Dubatti, uma breve passagem sobre a teatralidade Cidadã do ERRO .... 74
Marcelo Rodrigues (Doutorando/PPGL/UNIOESTE) .................................................. 74
Discurso mítico contra espanhóis na ditadura Vargas: o caso dos Mas Herrera, três
presos e um expulso e morto na Guerra Civil Espanhola............................................ 75
Solange Sólon Borges (USP) ................................................................................................ 75
xv
Alessandra Camila Santi Guarda (Doutoranda - PPG/UNIOESTE – Bolsista CAPES)
................................................................................................................................................. 79
Lourdes Kaminski Alves (Orientadora - PPGL/UNIOESTE) ....................................... 79
xvi
Uma rosa desfolhada: a guerra em A rosa do povo ....................................................... 87
Edemilson Antonio Brambilla (UPF) ................................................................................. 87
Tiago Miguel Stieven (UPF) ................................................................................................ 87
O cabelo “ruim” e seus efeitos de sentidos: o uso do cabelo natural crespo e suas
implicações ........................................................................................................................... 92
Camila Ramos de Paula (Doutoranda PPGL/UNIOESTE)............................................ 92
A luta pela ocupação dos espaços: as regularidades sobre o /do sujeito LGBTQIA+
no jornalismo esportivo ..................................................................................................... 93
Odair Jose da Cunha (Mestrando PPGL/UNIOESTE) ................................................... 93
Alexandre Sebastião Ferrari Soares (PPGL/UNIOESTE) ............................................... 93
xvii
Alexandre Sebastião Ferrari Soares. (PPGL/UNIOESTE) .............................................. 95
Ivan Cordeiro dos Santos (Mestrando PPGL/UNIOESTE) ........................................... 95
Um silêncio que não cabe na paisagem: efeitos de uma língua em movimento ....... 96
Dantielli Assumpção Garcia (PPGL/UNIOESTE)........................................................... 96
Vitória Delpino de Castro (Mestranda PPGL/UNIOESTE) ........................................... 96
xviii
Insensibilidade humana em contos: encaminhamentos de leitura e interpretação
para o nono ano do Ensino Fundamental ..................................................................... 102
Sidnei Luiz Flach (Mestrando ProfLetras/UNIOESTE) ............................................... 102
Valdeci Batista de Melo Oliveira (ProfLetras/PPGL/UNIOESTE) ............................ 102
A viagem de Pedro (2022): história e memória intermidiáticas sob o ritmo das ondas
e da turbulência ................................................................................................................. 104
Stanis D. Lacowicz (Docente UNIOESTE - NuECP/PPGL)......................................... 104
Uma análise da tradução das legendas da obra filmíca A Lavoura Arcaica (2001)
Para Língua Inglesa: um estudo baseado em Corpus ................................................. 104
Jessica Tomimitsu Rodrigues (Doutoranda PPGL/UNIOESTE) ............................... 104
xix
Wilma Nunes Rangel (Doutoranda PPGL/UNIOESTE) .............................................. 109
xx
Literatura Surda, acessibilidade cultural por meio do teatro.................................... 117
Carmen Elisabete de Oliveira (Doutoranda PPGL/UNIOESTE) ................................ 117
xxi
RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES NOS SIMPÓSIOS
HÍBRIDO
COORDENADORAS:
Neluana Leuz de Oliveira Ferragini (UNESPAR- Campus Apucarana)
Stela Maris da Silva (UNESPAR- Campus Curitiba II
Zeloi Aparecida Martins (UNESPAR- Campus Curitiba II
Resumo: A proposta do artigo tem como objetivo analisar a “escrita de si” a partir
da obra fílmica, A vida invisível (2019), do diretor Karim Aïnouz, o filme faz uma
passagem da obra literária A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, de Martha Batalha.
O objeto de estudo são “cartas”, tendo como pressuposto que podem ser
consideradas fontes do texto histórico, literário, ficcional. Permitem acessar
experiências compartilhadas do universo dos afetos, emoções, ideias,
experiências do vivido, constituindo janela para o desvendamento do universo
privado e público. As cartas como um elemento de conexão da invisibilidade das
personagens Eurides e Guida. Quando o espectador vai ao encontro com as
imagens do filme há um desvendar de imagens arquivadas na sua memória, e
por vezes tais imagens e memórias provocam o pensamento para percepção de
que a estética da obra fílmica, configure elementos para que “as cartas – escrita
de si” sejam esse fio condutor da memória das personagens. A fundamentação
teórico metodológico em: Robert A. Rosenstone, Jacques Le Goff, Deleuze,
Walnice Galvão, Nádia Gotlib.
Palavras-chave: Escrita de Si; Visibilidades e Invisibilidades; Cinema; História;
Memória.
22
arte e da filosofia. Foucault pergunta sobre a nossa atualidade: “O que é a nossa
atualidade? “Qual é o campo atual de experiências possíveis? Assim, a escrita de
si como um modo de constituição da subjetividade foi temática que Michel
Foucault situou na série de estudos sobre “as artes de si mesmo”. Com base no
texto A Escrita de Si, escrito por ele em 1983, pretendo mostrar a noção de estética
da existência e o domínio de si e dos outros na cultura greco-romana, destacando
as noções de askêsis e de hupomnêmata, e de parresía. O pressuposto para esse
estudo é o discurso da parresía, aquele situado no sujeito e nos efeitos produzidos
no seu interlocutor. Há um movimento que convoca para pensar e agir a fim de
reelaborar as relações entre o sujeito e a verdade. Para Foucault a parresía abre
para um risco indeterminado, ou seja, ela não tem um efeito codificado. Risco
esse que acorre, por exemplo, na arte moderna, como condição de possibilidade
do cuidado de si, na verdade do artista, da obra, e do espectador uma ontologia
do sujeito na experiência ético-estética, que se configura como estética da
existência.
Palavras-chave: Escrita de si; Foucault; Parresía; Estética da Existência.
23
Lavoura Arcaica: silêncios e silenciamentos do eu
24
sobre a tortura, autoritarismo e a luta por justiça. Também buscamos indagar
sobre a fronteira, na qual se encontra a cinebiografia, exibida durante a ditadura
ou atualmente, produz uma mensagem transcendente. Retrata um caso de
injustiça, mas apresenta uma crítica a outros aspectos de nossa sociedade e nossa
história. Nossa fundamentação teórica parte da análise da Criação de Bergala
(2008), do Mito Cinematográfico de Bazin (2014) Cinebiografia de Rosenstone
(2010) e da Contra Análise da História de Ferro (2012) para investigar como o
cinema conta a história das vidas de personagens, históricos ou anônimos.
Palavras-chave: Cinebiografia; História de vida; História; Memória; Arte.
25
outras referências teóricas no estudo realizado no segundo período do ano de
2022. Desse modo, em 2023, propõe incluir junto ao Diário de Leitura as
possíveis e novas percepções, memórias e imaginários da inclusão de mais
leituras realizadas. Assim, pretende-se dialogar com a literatura de autores e
autoras como Gaston Bachelard, Marguerite Duras, Paul Zumthor, Suely
Rolnik, Roberto Amaral, Vinciane Despret, Grada Kilomba, bem como tantas e
tantos, como possibilidade de encontro das múltiplas compreensões do ser por
meio do escrita Entende-se, por fim, que a escrita de si poderá encontrar
variações que acompanham a extensão própria do fazer de experimentar a
linguagem, forma de fruição literária capaz de exprimir subjetividades e
ressignificação.
Palavras-chave: Experiência; Performances Culturais, Escritas De Si.
26
Parece coisa de cinema: a escrita de si como uma atualização no modo de
pensar a loucura a partir do pensamento foucaultiano
27
análise de sua obra “O Estrangeiro” que traz como protagonista Meursault,
personagem caracterizado com uma apatia emocional, a falta de sentido na vida.
Para dialogar com a filosofia de Sartre discuto a ideia de autoconsciência através
dos conceitos de angustia e desespero. Da relação Camus Sartre surge a questão
chave dessa pesquisa: Quem é o homem diante de suas angústias e qual é o
sentido da vida para si mesmo? Seria esse aquele que faz a escritura de si? A
resposta vem da possível relação entre os dois pensadores e colaboram para uma
compreensão mais intensa da complexidade do “eu”.
Palavras-chave: Escrita de si; Existencialismo; Camus; Sartre
28
Tal obra foi escrita no contexto de disputas políticas-religiosas entre cristãos
arianos e nicenos durante o governo de Constâncio II (337-361), adepto do
arianismo e caraterizado por adotar medidas que interferiam diretamente no
âmbito religioso. A “Apologia ao imperador Constâncio II” é um dos vários
textos escritos por Atanásio, bispo de Alexandria e ligado à ortodoxia nicena. A
pesquisa se volta para os elementos referentes a uma escrita de si mesmo que se
notam na fonte, na qual Atanásio busca expor para o imperador a sua
inculpabilidade e uma defesa de sua posição, já que se encontrava exilado. Para
isso, será explorada a questão da “escrita de si mesmo”, associada ao conceito de
identidade narrativa perante o contexto histórico em que esse bispo estava
inserido. Assim, pretendemos analisar a representação que Atanásio criou sobre
si mesmo em sua escritura, considerando as relações de poder que marcaram o
governo de Constâncio II.
Palavras-chave: Atanásio de Alexandria; Constâncio II; Disputas político-
religiosas; Império Romano.
29
Subjetividades poéticas em relevo: processos de refiguração a partir de
Grande Sertão: Veredas
30
três tomos de seus diários permitem vislumbrar e refletir sobre o processo de
construção de seus primeiros textos literários; entre as reflexões que os diários
proporcionam sobre o tema, destaco três: os comentários feitos sobre o processo
de criação de seus textos literários; as conexões e disputas de Piglia em relação
ao contexto literário argentino; e, por fim, a elaboração crítica de suas leituras
teóricas e literárias. Tal publicação, abriu novas perspectivas de leitura para toda
a produção de Piglia. É como se a “máquina polifacética” de Piglia encontrasse
por fim seu carro-chefe. Mais do que criar conexões entre suas publicações, seus
diários devem ser postulados como uma máquina de fazer narrativas. Dessa
forma, tomando como ponto de partida Los diarios de Emilio Renzi, busco pensar
o processo criativo do romance Respiración artificial (1980) tendo como referencial
teórico Philippe Willemart (1940), Daniel Balderston (1952), entre outros.
Palavras-chave: Crítica genética; Escritas do Eu; Literatura Argentina.
31
A escrita fílmica a partir das obras “Janela da Alma” e “Um Filme de
Cinema” de Walter Carvalho
Resumo: A proposta do artigo tem como objetivo analisar a “escrita de si” a partir
das produções do diretor Walter Carvalho nas obras fílmicas “Um filme de
Cinema (2017)” e “Janela da Alma (2001)”. Carvalho convida diferentes
escritores, diretores e artistas para refletir sobre temas em comum, utilizando-se
da ferramenta de pesquisa, entrevistas costura as diversas concepções narradas
por eles. Os relatos percorrem histórias pessoais, memórias e reflexões filosóficas.
Em “Um filme de Cinema” o diretor convida Ruy Guerra, Júlio Bressane,
Lucrécia Martel, Bela Tarr, Ken Loach, Jia Zhang-ke, Karim Aïnouz, Andrzej
Wanda para refletirem sobre o “fazer cinema”. Já em “Janela da Alma”, Walter
Carvalho convida 19 pessoas com algum problema de visão, dentre elas, artistas
como Agnès Varda, José Saramago, Manoel de Barros, Eugene Bavcar, Wim
Wenders, entre outros para refletir a forma que enxergamos e a subjetividade
individual presente no olho de cada pessoa. A narrativa criada trata do sujeito da
pós-modernidade, exemplificado através dos diálogos entre os artistas. Como
um relato autobiográfico, de si e sobre si, Walter Carvalho nos leva às diferentes
formas de pensar, de enxergar e sentir, distanciando da linguagem canônica de
apenas uma narrativa verdadeira, aqui são várias, todas são “reais”. Conectando
História, Literatura e Cinema, utilizamos autores como fundamento teórico
Robert A. Rosenstone, Jacques Le Goff, Peter Burke, Stuart Hall, Michel Foucault,
Diana Klinger, Jacques Rancière e Walter Benjamin.
Palavras-chave: Escrita de Si; Walter Carvalho; História; Literatura; Cinema.
32
que diz respeito às relações de poder por ele estudadas, a visão de corpos dóceis,
resistência, entre outros. O foco da investigação é a dança no segundo ato da obra,
e em específico sobre as figuras femininas que estão presentes e principalmente
sobre a figura de “Eleita”, as suas danças, e os seus corpos. Ali observa-se como
agem os dispositivos de poder, elementos que indicam a docilidade dos corpos
femininos naquela dança, e a resistência de “Eleita”. Resistir pode ser entendido
como uma narrativa, uma representação de si, afinal Foucault já argumentava
que a escrita de si constitui o próprio sujeito, constrói a noção de indivíduo. Nesse
caso “Eleita” ao resistir se constitui enquanto sujeito no cuidado de si.
Palavras-chave: Dança; Corpos Dóceis; Resistência; “Eleita”.
Resumo: A proposta do artigo tem como objetivo pensar a “escrita de si”, a partir
do acervo do Museu da Imagem e do Som do Paraná (MIS-PR), instituição
museológica que se dedica à preservação de arquivos audiovisuais. Atualmente
possui um acervo caracterizado pela multiplicidade, incluindo arquivos
audiovisuais, assim como arquivos fotográficos, arquivos de áudio, documentos
e objetos tridimensionais. A pretensão é a de discutir a partir de um recorte do
acervo audiovisual o projeto “Memória Viva”, composto por depoimentos
realizados no período de 1986 a 1994, de artistas, políticos, intelectuais e outros
que deixaram suas impressões sobre o Estado do Paraná. Os museus são lugares
de conexão entre o passado, o presente e o futuro, além de locais de exposição,
guarda, pesquisa e produção de conhecimento. São espaços para serem
apropriados e utilizados por todos, valorizando a identidade e diversidade
cultural, com o potencial de conscientizar e promover a compreensão e
aproximação de várias questões, como as sociais, históricas, culturais e artísticas
de forma acessível. O MIS-PR tem como principal finalidade a preservação,
conservação e divulgação da memória audiovisual paranaense, por meio de suas
exposições, projetos e atividades, contribuindo também para o fomento da
formação de uma memória audiovisual paranaense. Para estabelecer essas
conexões, o estudo conta com o aporte teórico de autores como Paul Ricoeur,
Michael Pollak e Robert, Pierre Nora, Sandra Pelegrini e Pedro Paulo Funari.
Palavras-chave: Audiovisual; Depoimentos; MIS-PR; História; Memória.
33
Literatura cinematográfica: o roteiro literário como obra de arte
34
noções de negritude para hoje e para o futuro. Em alguns casos, é uma total
releitura do passado e especulação sobre o futuro repleta de críticas culturais
(WOMACK, 2013, p. 9). É provável que o fio condutor para as escolhas e
atualização dos trajes das personagens esteja fiado na paralisia da designer Ruth
Carter que não se mexia até que encontrasse a história e os trajes reais de tribos
africanas. Assim, ocorriam os relampejos para que, a partir do traje real,
surgissem os trajes ficcionais.
Palavras-chave: Afrofuturismo; Cinema Negro; Estética Artística; Literatura.
35
SIMPÓSIO 2 - VOZES MINORITÁRIAS EM PRODUÇÕES
CULTURAIS BRASILEIRAS CONTEMPORÂNEAS (2000-2023)
ON-LINE
COORDENADORAS:
Cilene Margarete Pereira (UNIFAL-MG)
Luciano Marcos Dias Cavalcanti (UNICAMP
Resumo: Este trabalho objetiva refletir sobre a violência contra a mulher no conto
“Maria”, de Conceição Evaristo, publicado em Olhos D’água (2015). O conto
elucida o que os dados 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2023)
revelam sobre a perpetuação da violência contra mulher na sociedade,
principalmente a mulher negra da classe popular. O texto literário, como
representação da realidade histórico-social e formado por uma materialidade
específica, propõe a seu leitor uma reflexão dialética sobre os problemas do
mundo (Candido, 2011). Por meio de uma leitura reflexiva do conto, é possível
pensar as estruturas que permeiam a sociedade e os sujeitos. Na narrativa de
Evaristo, Maria é uma trabalhadora doméstica explorada e chefe de família, que
cria sozinha dois filhos. Durante um assalto ao ônibus em que está, Maria é
acusada de comparsa dos assaltantes e sujeitada a várias violências (das quais se
destaca a cultural, dada pela linguagem), culminando em sua morte por
linchamento. O conto trata de temas que perpassam o universo feminino e que
são de interesse da Teoria da Reprodução Social (TRS), tais como o trabalho
reprodutivo, a opressão e exploração da mulher (Federici, 2017; 2019;
Bhattacharya; 2023). A misoginia, o sexismo e o racismo definem as relações de
poder na sociedade, utilizados de mecanismo de controle sobre os mais
vulneráveis, principalmente as mulheres (Saffioti, 2013; 2015), que são vítimas de
várias formas de violência, representadas no conto de Evaristo.
Palavras-chave: Mulher negra; Violência contra as mulheres; Teoria da
reprodução social.
36
Desconstruindo o mito da “mãe preta”: a impossibilidade da maternidade em
Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo, à luz do feminismo negro brasileiro
37
convidados, especialistas e juristas ligados à temática, buscando apresentar o
cotidiano destas pessoas em situação de violência e com a Lei 11.340/2006, mais
conhecida como Lei Maria da Penha, é aplicada. Através dos relatos coletados no
curta-metragem ocorre a apresentação da ideia que, mesmo com os diversos
avanços apresentados nas leis que possuem o intuito de coibir a violência contra
as mulheres, existem muitas falhas no sistema relacionados à estrutura social.
Para a discussão do curta-metragem, serão acionados, além da Lei 11.340/2006,
referencial teórico e crítico relativo ao assunto (Bourdieu, 2014; Conti, 2006;
Quina; Dias; Onuma, 2021; Saffioti, 1984, 2015), a fim de promover uma discussão
sobre as representações da violência contra as mulheres no curta-metragem.
Nele, aponta-se diversas categorias de violências contra as mulheres (BRASIL,
2006) e aspectos referentes à dominação histórica entre gêneros (Saffioti, 1984;
Bourdieu, 2014), que promove um silenciamento da sociedade diante das
situações, sendo refletido não apenas nos espaços privados, mas em toda a
estrutura social, tais como nos aparelhos do Estado que promovem a manutenção
desse sistema.
Palavras-chave: Violência contra as Mulheres; Lei Maria da Penha; Curta-
metragem.
38
indígena no curta-metragem, tendo como referencial de apoio Silva (2002), Sodré
(2005), Bahiana (2012), Vilema (2016), entre outros.
Palavras-chave: Demarcação de terras; Povos Indígenas; Curta-metragem.
Resumo: Este trabalho tem como objeto de análise o novo romance histórico
Guayrá (2017), de Marco Aurélio Cremasco. A obra ressignifica, de forma
ficcional, as relações estabelecidas entre europeus e o povo Guarani no então
denominado território do Guayrá, que abarcava grande parte do atual estado do
Paraná. Desde o século XVI, este território começou a ser palmilhado pelos
conquistadores, tendo a historiografia registros importantes acerca de sua
natureza e sua população, como os Comentarios, de Cabeza de Vaca. No século
XVII, essas terras se tornariam o palco da maior experiência de catequização da
América do Sul: as reduções jesuíticas com o povo Guarani. No entanto, a visão
desses acontecimentos históricos nos é relatada apenas pelo olhar do
colonizador, já que os nativos formavam uma sociedade ágrafa. É nesse sentido
que a obra de Cremasco é de fundamental importância para o revisionismo
acerca desse fato histórico. Em nossa análise, na busca pelo não-dito pela
historiografia oficial, tomaremos como base os estudos de Fleck (2021), Mignolo
(2007), Quijano (2007), entre outros autores que abordam a teoria da
decolonialidade e do romance histórico. Recontar, revisitar, reescrever,
ressignificar: eis o papel sublime do texto literário, daí a enorme contribuição da
obra em análise para uma visão crítica do passado.
Palavras-chave: Novo Romance Histórico; Decolonialidade; Guayrá.
39
uma espécie de “heteroterrosimo” (Bento, 2011), que se expressa em ações ou
discursos que inibem os comportamentos divergentes. Esta perspectiva
reconhece aqueles que não se encaixam no padrão cis heteronormativo como
seres desviantes, como é o caso da população trans. Considerando o contexto
acima e alinhado ao conceito de minorias sociais (Sodré, 2005) e com a Educação
em Direitos Humanos (ONU, 2006), este trabalho analisa a materialidade do
curta-metragem Primavera de Fernanda (2018), dirigido por Débora Zanatta &
Estevan de la Fuente, que expõe a violência a que são submetidos os corpos trans,
aprisionados a espaços sociais específicos, tratando-se de uma marginalização
dupla, vinda do corpo que é mercantilizado, e do corpo trans, que não é sujeito
de direitos. No curta-metragem, acompanhamos a dificuldade de inserção social
de Fernanda, uma mulher trans que se desloca do locus da prostituição para o do
emprego formal, necessitando, para isso, da mediação social e da solidariedade
feminina.
Palavras-chave: Corpo trans; Minorias sociais; Curta-metragem.
40
SIMPÓSIO 3 - GARIMPANDO A LITERATURA: O QUE DIZEM AS
AUTORAS BRASILEIRAS CONTEMPORÂNEAS?
ON-LINE
COORDENADORES:
Antonio Donizeti da Cruz (UNIOESTE/ NuECP/PPGL)
Maria de Fátima Gonçalves Lima (PUC-GO)
Vanderlei Kroin (PUC-GO/PDPG/CAPES)
A poesia de Luiza Neto Jorge, Lêda Selma e Denise Emmer: elos, herança,
ruptura e fascínio
41
diferentes âmbitos, a fim de reformular utopias, visceralmente decidida a
enfrentar infortúnios, mas também anunciar um dinamismo à altura de seus
interlocutores e às demandas de sua geração. Conhecê-la e divulgá-la significa
colaborar para que sua voz siga ecoando em todos os quadrantes e perdure na
criativa e atuante busca de entendimento de nossa pluralidade e de nossas
possibilidades. Portanto, para essa comunicação oral, vamos visibilizar a rede de
sociabilidades que desenhou o projeto estético de Fraga na obra Femina (1996),
mediante a observação da beleza dos versos vinculados à historiografia pessoal
tão amorosa e plural, verdadeiro deleite para seus leitores. Em torno deles, vamos
(re)encontrar, Jorge, Zélia, Carybé, Capinam, Calasans Neto e indagar sobre a
múltipla dicção da autora.
Palavras-chave: Autoras Baianas; Myriam Fraga; Poética do Espaço.
42
Artes em diálogo, poeticidade e memória em Virgínia Vendramini
43
Agamben (2000), a ideia de “entrelugar” no discurso latino-americano de
Silviano Santiago (2000) e de literatura fora de si e em expansão de Florencia
Garramuño (2014) corroboram com a discussão, a fim de elucidar como os
procedimentos aplicados por Garcia se destacam no cenário poético e crítico da
autoria de mulheres na contemporaneidade.
Palavras-chave: Poesia brasileira contemporânea; Entrelugar; Autoria de
mulheres; Marília Garcia.
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prostituição é, aqui, compreendida como trabalho, conforme a visão dos livros
elencados. Buscarei discutir “Performances do ser”, por meio de breve discussão
histórica sobre gênero, feminismo e estigma, contando, para tanto, com o aporte
teórico de Nickie Roberts (1998); Erving Goffman (1988) e Margareth Rago (2008);
(2013). Em “Performances da escrita”, abordo questões acerca das escritas do eu,
as tessituras paratextuais das obras e, finalmente, a assinatura, especulando
possibilidades em torno de pseudônimo e “nome de guerra”; nesse sentido,
amparo-me em Euridice Figueiredo (2013); Philippe Lejeune (2014) e Gérard
Genette (2009). Por fim, em “Performances do corpo”, debato a respeito dos
corpos que importam, pensando o corpo da trabalhadora sexual como corpo
político, contando com Monique Prada (2018), Georgelina Orellano (2022) e
Melissa Gira Grant (2021). Pretendo, em diálogo com as performances realizadas
por meio da escrita, da literatura e da chamada "antiautobiografia", demonstrar
a tônica desses objetos literários: exteriorizar e subverter, de modo que, ao
trazerem à pauta a prostituição, confrontando o discurso patriarcal vigente, tais
autoras reivindicam a autonomia da mulher nesse e nos demais espaços sociais,
o que reitera o caráter transformador da literatura e sua prerrogativa de
funcionar como arma de combate.
Palavras-chave: Putafeminismo; Antiautobiografia; Trabalho sexual.
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SIMPÓSIO 4 - GENOCÍDIO NEGRO NA LITERATURA: UM OLHAR
DA EPISTEMOLOGIA
PRESENCIAL
COORDENADORES:
Dejair Dionísio (UNICENTRO)
Karla Daniel Martins de Souza Albuquerque (Doutoranda PPGL/UNIOESTE)
Wagner de Souza (UNIOESTE)
Tenda dos milagres: alto e baixo, preto e branco, rico e pobre, direita e
esquerda
46
A caneta é de quem: questões de samba e racialização
47
negro, de Abdias do Nascimento (1978). Sendo assim, o objetivo é compreender
como a divisão racista do trabalho tem sido, desde o período colonial, um projeto
de segregação e de genocídio dos povos não-europeus. Para o desenvolvimento
dessa análise, será utilizado o método materialista histórico-dialético, conforme
compreendido por Marcusse (1977), e tratar-se-á de uma pesquisa básica e
qualitativa. Por fim, o estudo justifica-se em razão da importância de incorporar
e discutir obras periféricas no meio acadêmico.
Palavras-chave: Luta de classes; Colonialidade do poder; Genocídio negro; Arte
sequencial; Racismo.
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Resumo: Este estudo propõe uma reflexão sobre a representação literária das
dinâmicas de objetificação do corpo negro feminino presentes na obra Clara dos
Anjos, de Lima Barreto, sob as lentes de um viés decolonial. Destaca, assim, a
relação entre os personagens Clara e Cassi, explorando como a objetificação da
mulher negra é manifestada nesse contexto e como essa dinâmica é interpretada
sob a ótica de teóricos decoloniais. Para isso, a presente pesquisa, que se constitui
como qualitativa de cunho interpretativista, utiliza a abordagem do materialismo
histórico-dialético fundamentando-se em uma revisão bibliográfica do
referencial teórico que é composto, principalmente, pelos autores Laurentino
Gomes (2019), Nelson Maldonato-Torres (2018), Ramon Grosfoguel (2018), Maria
Lugones (2014), Luciana Ballestrin (2013), entre outros. Tais teóricos oferecem
bases sólidas para entender a complexa interseção entre raça, gênero e
colonialidade, bem como a objetificação do corpo negro feminino no cenário
literário e social. O artigo visa, dessa forma, contribuir para a compreensão crítica
do modo como a objetificação da negritude feminina é retratada no romance
barretiano. Busca-se evidenciar e analisar as mazelas do período colonial que
fomentam a marginalização social da mulher negra e que são denunciadas na
obra estudada baseando-se na teoria da decolonialidade. A análise da relação
entre Clara e Cassi em Clara dos Anjos permite desvendar as nuances complexas
da objetificação da mulher negra, permitindo uma reflexão mais profunda sobre
as interações entre raça, gênero e poder na narrativa.
Palavras-chave: Negritude; Decolonialidade; Lima Barreto.
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SIMPÓSIO 5 - LITERATURA E ARTE NO BRASIL
CONTEMPORÂNEO: O TESTEMUNHO E AS HERANÇAS DA
DITADURA
ON-LINE
COORDENADORAS:
Mariane Tavares (UFES)
Gabriele Borges (Unesp)
50
Memórias e traumas: O testemunho da ditadura civil-militar na obra “Ainda
estou aqui”, de Marcelo Rubens Paiva
51
erigem uma estética de aglutinação temporal entre a atroz época retomada (e
amalgamada ao próprio momento de veiculação fílmica), por meio das memórias
das ex-presas políticas entrevistadas. O filme, lançado em 2019, sob uma égide
política turbulenta, revela-se também atravessado por uma nova ameaça de
retorno totalitário. De fato, quando iniciado sete anos antes, não se vislumbrava
o fatídico golpe a ser desferido à presidenta Dilma Rousseff, uma das
entrevistadas – como personagem histórica da obra – que revive a ala feminina
do hoje extinto Presídio Tiradentes, na capital paulista. Isto posto, a presente
proposta de comunicação destaca a análise dos testemunhos junto ao resgate
histórico-social do período em questão, por meio de Napolitano (2018), Tavares
(2012), Didi-Huberman (2018), Arendt (1972), Benjamin (1995), Seligmann-Silva
(2003), Godoy (2014), Teles (2015) e Schwarz (2019). Justifica-se, portanto, esta
pesquisa, a partir da necessidade de preservação da memória do horror
totalitarista, a fim de se refletir a respeito da iminência sempre ameaçadora dos
mecanismos de opressão no seio da frágil democracia brasileira.
Palavras-chave: “Torre das Donzelas”; Ditadura civil-militar-empresarial;
Mulheres; Dilma Rousseff; Documentário.
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A Resistência de Julián Fuks: autoficção como ferramenta de militância
literária
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fenômenos. Gatti (2006, 2011) toma como base os contextos ditatoriais argentino
e uruguaio; entretanto, sua fundamentação pode também servir ao contexto
brasileiro. Também se faz importante retomar o conceito benjaminiano de
“rastro”, posto que a obra resulta, nas palavras da autora, da tentativa de
reconstrução da figura de Cilon Brum, da tentativa de apreensão de “sua
personalidade e seus rastros através do olhar daqueles que o conheceram”
(Brum, 2012, p. 12). Para tanto, além da consulta aos arquivos familiares, Liniane
Brum empreendeu duas viagens ao norte do país, para a região da guerrilha, a
partir das quais conseguiu dar cabo à sua busca e escrever o livro em questão.
Nesse sentido, para além dos autores já citados, são utilizados, como parâmetros
teóricos e críticos, as considerações de Vecchi (2018), Cavalcanti Junior (2018),
Abreu (2020), Coronel (2021), Cruz (2022), Eugenio (2021) e Silva (2022).
Palavras-chave: Romance Brasileiro Contemporâneo; Ditadura Brasileira;
Desaparecido Político; Guerrilha do Araguaia; Liniane Haag Brum.
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A estética da experiência fragmentada: narrativa e memória sobre a ditadura
civil-militar brasileira na antologia de contos Nos idos de março: a ditadura
militar na voz de 18 escritores, organizada por Luiz Ruffato
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SIMPÓSIO 7 – LETRAS FEMINISTAS – A PRODUÇÃO LITERÁRIA
DE AUTORIA FEMININA NA AMÉRICA LATINA, CARIBE E
EUROPA
ON-LINE
COORDENADORAS:
Adriana Aparecida de Figueiredo Fiuza (UEL/ UNIOESTE)
Jacicarla Souza da Silva (UEL)
Katia Aparecida da Silva Oliveira (UNIFAL)
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estudo de natureza aplicada, exploratória quanto aos seus objetivos, bibliográfico
quanto aos seus procedimentos técnicos, e qualitativo quanto a sua abordagem.
Como resultado, é possível perceber que, o romance As meninas, por meio da
linguagem possui como fio condutor as vozes das narradoras personagens, suas
subjetividades, medos e conflitos. No caso da relação entre a literatura
feminismo, além do discurso transgressor que compõe as vozes das
protagonistas, evidencia-se também uma interlocução no plano estrutural da
obra, que acaba por estabelecer uma relação literatura-cultura-sociedade.
Palavras-chave: Literatura de autoria de mulher; Romance Contemporâneo
brasileiro; Teoria Feminista.
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Resumo: O presente trabalho tem como objeto de estudo o conto La mujer de
Cera publicado, em 1954, pela escritora espanhola Carmen Martín Gaite (1924-
2000). A leitura se dá como análise da personagem la mujer de cera e sua
interação com o personagem principal Pedro, em que nesta é possível observar a
perspectiva da mulher sob um imaginário masculino. Em vista disso, objetiva-se
neste trabalho uma discussão sobre a construção da personagem “mulher de
cera” considerando a sua natureza insólita (Roas, 2014; Todorov, 2004) e
arquetípica (Jung, 2008), a fim de estabelecer uma leitura que reconheça a crise
psicológica do personagem Pedro e sua fobia em relação ao feminino. Adota-se
para esse trabalho a ótica da crítica feminista (Zolin, 2009), buscando
problematizar a construção de uma imagem negativa do feminino associada às
inseguranças e fragilidades do personagem principal. A partir disso, a proposta
de trabalho tem a intenção além de discutir a representação da mulher de cera a
partir do fantástico e como ela se relaciona com o masculino, busca-se também
focalizar sobre a importância da escritora espanhola em um âmbito de escassez
de obras de autoria feminina, assim como dar maior notabilidade aos estudos de
obras de escritoras ibero-americanas.
Palavras-chave: Feminino, Crítica, Arquetípico.
Resumo: Emilia Pardo Bazán (1851-1921) foi uma contista, romancista, ensaísta,
crítica literária, tradutora, dramaturga e jornalista galega espanhola, responsável
pela introdução da corrente literária naturalista na Espanha. Dedicou grande
parte de sua vida e suas obras para criticar e reivindicar o direito da mulher à
educação. Suas obras foram traduzidas, ainda em vida, para mais de dez idiomas
— incluindo tcheco, estoniano e japonês — porém as traduções para o português
não foram tão expressivas. Como contribuição para o resgate da autora e sua
divulgação para o público brasileiro, foi realizada a tradução do conto La Dama
Joven. A autora mostra as dificuldades e limitações na vida das mulheres daquele
período, especialmente as de classes mais baixas, reduzidas somente a esposas e
mães, que não podiam sonhar além do que sua posição social estabelecia. Sua
estética literária e temas abordados mostram a razão para a necessidade de
resgate de suas obras: ela discute questões sociais e femininas que não eram
comuns para a época, utilizando sua influência e seus trabalhos para questionar
a ordem social vigente. Para esse trabalho a tradução foi realizada a partir de um
viés crítico, baseando-se na visão da própria autora e de autores como Jorge Luis
Borges (1944), Paulo Henriques Britto (2012) e Walter Benjamin (2008). As
maiores dificuldades para a tradução estão relacionadas com as escolhas feitas
para manter o máximo do texto original, foram adaptados termos e expressões
58
considerando a linguagem específica do século XIX, além de ser respeitada, na
medida do possível, a estrutura textual.
Palavras-chave: Emilia Pardo Bazán; Tradução; La Dama Joven; Literatura De
Autoria Feminina.
Resumo: Este trabalho pretende apresentar uma análise acerca da obra de autoria
feminina latino-americana, Pássaros na Boca (2022), de Samanta Schweblin. Essa
coletânea de contos aborda aspectos do fantástico, tendo como característica
principal a presença de elementos inexplicáveis, colocando-os em cenários
cotidianos, os quais transitam entre o maravilhoso e o horror, expressando a
mistura do irreal com o real, sendo uma das formas contemporâneas presentes
na escrita latino-americana. O estudo se ancora nas discussões acerca do
fantástico empreendidas por David Roas, em Trás los límites de lo real: una
definición de lo fantástico (2011), Tzvetan Todorov, em Introdução à literatura
fantástica (2010), e Pampa Olga Arán, em El fantástico literario (1999), assim como
autores que elucidam concepções sobre os contos, como Ricardo Piglia, em
Formas Breves (2004), e Nádia Battella Gotlib, em Teoria do Conto (2006). Sendo
assim, em seus contos, Schweblin mostra ao leitor diversas faces de casos
rotineiros, transformando-os em coisas extraordinárias. Além disso, a autora
explana muitas questões femininas dentro de seus contos, tratando sobre
matrimônio, maternidade, infertilidade, aborto, entre outras questões que
permeiam a pressão e a opressão sobre a mulher na sociedade atual, transitando
sempre entre o real e o estranho. Portanto, percebe-se que os contos presentes na
obra Pássaros na Boca (2022), de Samanta Schweblin, procuram expor aos leitores,
além de aspectos fantásticos, demandas femininas que mesclam o estranho com
o âmbito sufocante da realidade.
Palavras-chave: Fantástico; Literatura; Feminismos, Crítica Literária Feminista.
59
classe menos favorecida com ações de medidas econômicas populares, diante
deste expõe-se a escrita com propósito de reflexões e apontamentos realizados
em torno de sua busca pelos direitos, a partir da sua conjuntura histórica,
inserção na política, seu posicionamento como ex-primeira-dama da Argentina e
representante da sustentação ideológica justicialista conhecida como partido
peronista. Por um viés pragmático, o presente estudo tem a proposta de implicar
reflexões em torno dos discursos realizados por Eva Perón que impactaram a
história política, social e econômica da Argentina. A asserção de pesquisa dar-se-
á por averiguações bibliográficas com tratamento qualitativo dos dados
coletados, fundamentando e baseando-se nas teses dos teóricos: Bakhtin (1992),
Maingueneau (2015) e Orlandi (2015), com observação na obra da Eva Perón:
discursos (selección) Biblioteca del Congreso de la Nación (2012). A vigente
escrita tem intento de analisar os efeitos sucedidos nos discursos políticos que
permitiram tamanho reconhecimento, exaltação de seu ser e seu influxo mundial.
Palavras-chave: Análise do Discurso; Eva Perón; Evita; Política.
60
A autobiografia da minha mãe e a construção de uma personagem em
ascensão: Xuela Claudette Richardson e o revide
61
literatura contemporânea, Rezende aborda no romance Carta à rainha louca (2019)
os infortúnios e humilhações a que as mulheres pobres, sem família e
escravizadas eram submetidas no século XVIII. Já seu romance Quarenta dias
(2014) enfoca o preconceito e a marginalização da mulher velha e mãe nos tempos
atuais. Pretende-se, portanto, analisar ambas as narrativas no que diz respeito às
suas semelhanças e diferenças, bem como ao preconceito de idade e de gênero,
salientando como as personagens femininas resistem a essa opressão, tendo
como aparato teórico os estudos decoloniais e feministas.
Palavras-chave: Resistência; Velhice; Literatura Contemporânea; Maria Valéria
Rezende
Resumo: Lygia Fagundes Telles, nascida no Brasil, e Susan Swan, canadense, são
consideradas escritoras contemporâneas em seus países. As duas escritoras são
singulares, de nacionalidades diferentes e, cada uma à sua maneira, abordam
temas em comum. Considerando as características que as aproximam e
objetivando contribuir para os estudos acerca da literatura comparada, os quais
são carentes de trabalhos que criem pontes entre o Brasil e o Canadá, esta
comunicação propõe fazer uma análise comparativa no que diz respeito aos
elementos grotescos presentes no conto “As Formigas”, de Lygia Fagundes
Telles, e no romance The Wives of Bath, de Susan Swan. Para tanto, os
pressupostos de Tzvetan Todorov sobre o fantástico, bem como os estudos acerca
do grotesco, de Bakhtin, e do grotesco feminino, de Mary Russo, serão utilizados.
Por fim, aproximando as duas autoras, suas obras, e também os dois países, será
observado que, embora distantes geograficamente, ambas, e ambos, possuem
literaturas e histórias semelhantes em suas diferenças.
Palavras-chave: Mulher; Grotesco; Literatura Comparada.
62
longo do projeto sobre a escrita e análise da crítica literária feita por mulheres
afro-brasileiras, como também acerca dos conteúdos teóricos que fundamentam
este estudo. Em seguida, a fim de evidenciar a representatividade dessas vozes
negras, será apresentado um breve resumo do estudo de levantamento de
autoras brasileiras e suas respectivas obras estudadas ao longo do
desenvolvimento desta pesquisa. Espera-se, por último, traçar uma reflexão
sobre os nomes resgatados e a produção dessas mulheres, tentando identificar
quais são as dificuldades que a mulher negra encontra para a produção literária
e qual o seu espaço, para além disso, na crítica literária.
Palavras-chave: Mulher; Literatura; Feminismo negro; Contemporaneidade.
63
Resumo: Como resultado da minha dissertação de Mestrado em Letras,
apresento, neste artigo, um estudo direcionado às personagens indígenas do
romance Mulheres empilhadas (2019), da escritora brasileira Patrícia Melo. Na
obra, a narradora descreve o assassinato brutal de Txupira, uma adolescente da
aldeia Kuratawa que foi estuprada, torturada e morta por três homens
representantes da elite acreana. Ao longo da narrativa, é possível observar um
processo de transformação de Txupira a partir da coletividade feminina e do
universo fantástico da floresta, retratado no coração da mata amazônica – que
tomo enquanto objeto de estudo deste trabalho. Com base nos Estudos
Comparados e na Crítica Literária Feminista, pretendo cotejar os mitos
amazônicos que são acionados ao longo de Mulheres empilhadas, com enfoque
na história das guerreiras icamiabas – figuras essenciais ao movimento de
resistência feminista que delineia o romance. Nesse sentido, dialogo com Rita
Segato (2003), Zilá Bernd (2013) e Lúcia Zolin (2019a; 2019b), à medida que
contextualizam os elementos estruturantes da violência na América Latina e
compreendem a literatura de autoria feminina a partir de elementos identitários,
memorialísticos e culturais. A perspectiva analítica parte dos feminismos
decoloniais, com María Lugones (2008; 2010) e Françoise Vergès (2020; 2021),
além de trazer vozes de mulheres indígenas à medida que contextualizo o
sistema moderno/colonial e de gênero, a literatura contemporânea e os direitos
humanos. O entrelaçamento das relações de poder que invisibilizam as
comunidades indígenas no Brasil, possibilita que constatemos o feminicídio de
Txupira como consequência direta da violência sistêmica e epistemológica na
América Latina.
Palavras-chave: Literatura Brasileira; Autoria Feminina; Crítica Literária
Feminista; Pensamento Decolonial.
64
personagens de modo a promover uma crítica social de resistência aos atos
praticados pelos militares naquele período e contexto. Ambas os escritores
trazem a temática da resistência feminina nas obras aqui selecionadas como
corpus, tendo como pano de fundo as ditaduras dos respectivos países. Como
base para essa reflexão que se desenvolverá sobre as obras, para a temática da
resistência, o estudo se vale de autores como Alfredo Bosi (2002) e Antonio
Candido (2000). Já com relação ao conceito de memória, tomará por base as
reflexões agenciadas por Le Goff (2003), Margareth Rago (2005), entre outros.
Palavras-chaves: Literatura e Resistência; Ditadura; Memória.
Resumo: Este artigo tem por objetivo analisar a representação do corpo feminino
gordo nas personagens femininas dos contos “A solução” (1999), de Clarice
Lispector, e “Inmensamente Eunice” (2005), de Andrea Blanqué. A primeira
narrativa está presente no livro A legião estrangeira, publicado pela primeira vez
em 1964, e traz como protagonista Almira; a segunda faz parte de La piel dura, de
1999, e nos apresenta a personagem central Almira. Como ambas as personagens
são obesas, objetivamos verificar como a gordura é representada nos contos e de
que modo os discursos gordofóbicos são perpetuados socialmente. Nossas
considerações são elaboradas a partir de estudos bibliográficos, considerando o
contexto histórico, a crítica feminista, os estudos de gênero e das violências
cometidas contra as mulheres e seus corpos e se pautam especialmente nas
autoras Joana de Vilhena Novaes (2004), que discute sobre as representações
sociais da gordura, destacando os estereótipos relacionados ao corpo gordo e
apontando os conceitos de obesos malignos e benignos; e María Florencia Reijo
(2022) que, em sua obra, discute sobre as exigências do patriarcado em prol de
um ideal de corpo perfeito. Constatamos, nesta ótica, que o preconceito sofrido
por ambas personagens femininas é uma pauta urgente na sociedade
contemporânea e deve ser discutida amplamente nos diversos espaços sociais,
propiciando que as mulheres gordas sejam vistas como sujeitas de direito.
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Palavras-chave: Mulheres Gordas; Corpos Gordos; Literatura; Contos.
Resumo: Esta comunicação tem por objetivo apresentar o romance Pança de burro
(2022), de Andrea Abreu sob a perspectiva de demonstrar a intencionalidade
estética escatológica para abordar temáticas como bullying, anorexia, homofobia,
a passagem da ingenuidade pueril para descoberta sexual da adolescência. O
título Pança de burro refere-se a um fenômeno meteorológico que acontece ao
norte das Ilhas Canárias. Quando o vulcão, adormecido, ameaça entrar em
erupção, as nuvens ficam baixas, deixando a atmosfera cinza em boa parte do
tempo. Nesse romance, narrado em primeira pessoa, com ambientação em
Tenerife, temos a amizade entre Isora e a narradora, a qual não tem nome
descrito. Por meio da voz infantil, sem ser infantilizada, o leitor se depara com
duas meninas que possuem uma amizade complexa, pois ao mesmo tempo em
que se amam, ou buscam se descobrir sexualmente, elas sentem inveja uma da
outra, possuem relação de dominação e opressão, ou seja, as duas não conseguem
administrar ou explicar os próprios sentimentos, situações que podemos
relacionar com a paisagem plúmbea do local, visto que suas angústias (erupções)
manifestam-se fisicamente e emocionalmente e, com isso, as protagonistas vão
descobrindo as complexidades das questões humanas.
Palavras-chave: Pança de burro; Andrea Abreu; Escatologia; Voz Infantil.
67
Seligmann-Silva (2017) o testemunho é construído a partir de uma experiência de
quase morte que faz com que a pessoa que a vivenciou tenha uma necessidade
de testemunhar sobre o evento. Para a realização desse trabalho, utilizar-se-á
obras de autores como Roig (1991;1980) para o entendimento do testemunho
feminino, Beauvoir (1949) para um suporte aos estudos de gênero, Hobsbawm
(1995) e Álvares (2021) para a compreensão do momento histórico e Seligmann-
Silva (2017) para a análise do testemunho de forma geral, entre outros. Espera-
se, assim, promover um olhar sobre o testemunho de Català que demonstre a
experiência feminina nos campos de concentração, reconhecendo assim, as
similaridades e diferenças entre o testemunho masculino e feminino.
Palavras-Chave: Neus Català; Testemunho feminino; Ravensbrück; Literatura
feminina.
Resumo: Não é algo simples tentar relacionar a figura da deusa Atena com a
imagem da escritora religiosa Teresa d’Ávila, visto que as duas estão situadas em
contextos e realidades bem distintas. No entanto, ao olharmos à nossa volta,
percebemos como comenta Woolger e Woolger (2007), que não apenas uma, mas
várias deusas estão por trás do comportamento e da configuração psicológica de
toda mulher. Sendo assim, é possível estabelecer, com base nos estudos sobre os
arquétipos femininos, uma relação entre Teresa d’ Ávila e a deusa Atena. Para
isso, este trabalho pretende, através de uma leitura que tenta ultrapassar a
perspectiva religiosa, utilizar o “Livro da vida” de Teresa D’Ávila para identificar
comportamentos que refletem os arquétipos da deusa Atena. Evidentemente, não
há como garantir que nossa visão alcance todos os padrões e instintos
comportamentais da deidade na figura de Teresa. Para a construção dessa
comparação arquetípica de forma abrangente utilizamos, principalmente, o
conceito do teórico Carl Jung no seu livro “Os arquétipos e o inconsciente
coletivo”, assim como as definições trazidas no livro “Os Arquétipos Literários”
de E. M. Meletínski. Para tratar dos arquétipos de forma específica, usamos o
livro “As Deusas e a Mulher, nova psicologia das mulheres” de Jean Shinoda
Bolen, que explora o arquétipo da deusa Atena.
Palavras-chave: Mulher; Deusa Atena; Arquétipos; Mitos.
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SIMPÓSIO 8 – A PERIFERIA EM CIRCUITOS E A REVIRAVOLTA
CRÍTICA DE OUTROS MUNDOS
HÍBRIDO
COORDENADORES:
Josué Ferreira de Oliveira (pesquisador do NuECP/PPGL)
Izabela Fernandes de Souza (Doutoranda/PPGL/UNIOESTE/
Bolsista/CAPES)
Marcelo Rodrigues (Doutorando PPGL/UNIOESTE)
Alai Garcia Diniz (PPGL/UNIOESTE)
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A construção de memórias identitárias no conto: O ovo de balcão e a
sacanagem, de Luiz Simas
Resumo: Este estudo propõe uma reflexão sobre a representação dos Estudos
Culturais na constituição de memória a partir de vozes minoritárias presentes no
conto O ovo de balcão e a sacanagem da obra O corpo encantado das ruas, de Luiz
Antonio Simas (2019), sob a perspectiva do conceito de carnavalização bakhtiano.
Neste conto o narrador, representante da voz minoritária, é o personagem que
retrata e defende a cultura da comunidade carioca por meio do ambiente
conhecido como “boteco”. Para isso, esta pesquisa se insere como qualitativa e
de cunho interpretativa e será fundamentada a partir de referenciais teóricos
composto, principalmente, pelos autores Bakhtin (1999), Culler (1999), Yates
(2007), Antônio Candido (1970), entre outros. Tais teóricos fornecem bases
concretas para analisar a ambivalência presente neste corpus e a construção de
uma identidade periférica sob a ótica do narrador personagem. O artigo pretende
contribuir para a compreensão crítica da relevância de cultivar e propagar o
conhecimento cultural formado pelas minorias a partir das vivências e,
posteriormente, serem reconhecidos como produtores culturais. O “boteco” é
capaz de proporcionar, por meio do contato com uma diversidade cultural, trocas
de ideias, experiências, desabafos que acarretam uma formação além das paredes
institucionais formalizadas, ou seja, uma formação de visão de mundos
diferentes e, assim, ensina e cultiva tradições sob outras perspectivas.
Palavras-chave: Estudos Culturais; Vozes minoritárias; Carnavalização.
70
partiu da teoria dos Cronotopos de Bakhtin para analisar a construção dos
espaços de marginalidade e sua interferência na narrativa das personagens, bem
como o conceito de Dialogismo para buscar compreender as cosmovisões das
personagens e seus diálogos com o contexto sociocultural além da teoria
feminista a partir de Butler (2003), Perrot (2006) e Beauvoir (1949). Por meio desta
análise se pode perceber que, em ambos romances, a construção das personagens
é influenciada pela realidade na qual estão inseridas, marcada por uma violência
estrutural presente principalmente nas relações familiares. Deste modo, verifica-
se uma forte presença da crítica social aos papéis de gênero ressaltando a
contemporaneidade da escrita de Selva Almada.
Palavras-chave: Literatura Argentina; Selva Almada; Análise Literária;
Cronotopo; Literatura Periférica.
71
classes e subjetividades como luta para diminuir distâncias e a própria
desigualdade.
Palavras- chave: Poesia; Movimento Social; Identidade e resistência.
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outros mundos: o portunhol selvagem, do também fronteiriço Douglas Diegues.
Trata-se de poética que desafia a uma só vez os limites mesmos das fronteiras
nacionais, das línguas e das literaturas ao se materializar numa língua, o
portunhol selvagem, que se faz a partir da recusa da(s) língua(s) oficia(l)is dos
países que se tocam nessa zona fronteiriça: O Português (Brasil), o Espanhol e o
Guarani (Paraguai), além de outras prestigiadas pelo poeta, como forma de
traduzir o modo de ser, ver e dizer o mundo visto do interior desta fronteira.
Interessa-me, nesse sentido, lançar luzes sobre aspectos dessa obra reveladores
de uma atitude desobediente, marginal e periférica capazes de promover uma já
há muito desejada reviravolta crítico-epistemológica.
Palavras-chave: Poéticas Decoloniais; Margens E Periferia; Portunhol Selvagem.
Resumo: A periferia das Terras Baixas da América do Sul não existe somente pelo
confisco de territórios. Na usurpação de vidas afro-diáspóricas, acrescem-se
73
posições coletivas que anseiam por confluências e se “Somos povos de
trajetórias... Somos da circularidade: começo, meio e começo.” (Nêgo Bispo, 2023,
p.102). Trazer o cartonerismo não é apenas dirimir fronteiras geopolíticas e
inventar conexões, é ouvir outras memórias que ensinam a pensar. Compartilhar
o sensível e imaginar como elaborar uma antropologia do presente, eis o que resta
a combinar corpo e mente, entre a voz e a letra que Cornejo Polar detecta, ao final
do século XX. Ao reunir a oralidade do Sarau, à execução de uma Antologia
Kartonera, na confluência de um despojo (o papelão), a ter em um objeto
reciclado e que reverbera em atos criativos e reexistindo em contexto periférico.
Além disso, a literatura no corpo vira performance e repertório, mas além do
corpo, há o coletivo, o afeto e na intencionalidade do ato há recepção. Victor
Turner em O processo ritual (2013), distingue entre liminaridade e comunitas
(comunidade), dois conceitos que ensinam como entender alguns processos de
iniciação xamânica, algo que nos ajuda a entender a obra de Davi Kopenawa, A
queda do céu (2015), que descreve o seu próprio processo de transformação em
xamã Yanomami. Assim o ato de reunir a todos em uma Oficina Kartonera é
também um ensaio para vivenciar na prática a reflexão sobre a gramática da
poesia oral (Zumthor, 1997, p. 132) no ato de “criar comunidade”.
Palavras-chave: Cartonerismo; poética sudaca; poesia oral; liminaridade.
74
Palavras-chave: Teatro; Coletivo teatral; ERRO grupo; Augusto Boal; Jorge
Dubatti.
Discurso mítico contra espanhóis na ditadura Vargas: o caso dos Mas Herrera,
três presos e um expulso e morto na Guerra Civil Espanhola
75
para la investigación por enfatizar esas relaciones de poder que llevaron a la
masacre de nuestra Abya Yala por partir desde que, juntando los 3 pilares del
poder hegemónico, El Patriarcado, La Colonialidad y el Sistema de Producción
Capitalista se asienta la idea del sometimiento del cuerpo (cuerpo femenino) a
través de la propiedad privada. Tomando esas referencias feministas
materialistas y anticoloniales centralizadas en la importancia del
cuerpo/territorio, la Iniciación Científica planteada decidió trabajar directamente
junto con las mujeres del MST de Paraná Sebastiao Camargo y Chico Mendes con
el objetivo principal de encontrar una imagen o identidad grupal que se pueda
retratar al final del proyecto en forma de mural una condición más allá de la
opresión y superexplotación que claramente se vive. El objetivo es generar un
espacio seguro y de confianza de encuentros comunales a partir de dinámicas
que faciliten el establecimiento de intimidad. Como resultados principales se
obtuvieron que la mujer ha ingresado paulatinamente a ocupar espacios de
discusión y toma de decisiones importante dentro de la dinámica de los
campamentos los últimos anhos, existe la necesidad de un espacio de discusión
de género en el cuál se trate los temas vinculados de mujeres acampadas
militantes, los temas más visibles en un espacio de mujeres son sobre abusos,
despojo, violencia.
Palavras-chave: Mujeres; Territorio; Feminismo; MST.
76
nossa vida mental. Cascudo relativiza, desta maneira, a crença generalizada na
superestimação das fontes escritas e eruditas em detrimento da oralidade
popular e, na riqueza dos contos, o amplo universo cascudiano que pode ser
apreendido da leitura desses contos agrupados, situado nas tradições folclóricas.
Palavras-chave: Tradução; Nheengatu; Cultura Popular; Modernismo;
Indigenismo.
77
SIMPÓSIO 9 - NARRATIVAS DE DESCONSTRUÇÃO E DE
RESISTÊNCIA: MEMÓRIA, ALTERIDADE E ESCRITAS DO EU E DO
OUTRO
HÍBRIDO
COORDENADORES:
Paulo Cesar Fachin (UNIOESTE/FAG)
Suzana Ceccato Casagrande (Doutoranda/PPGL/UNIOESTE/FAG)
Resumo: Neste ensaio vou falar de uma proposta realizada pela professora em
Literatura Latino-Americana, Maritza Aburto, da Universidade do Bio-Bío no Sul
do Chile. Ela participou de um colóquio na UFPR, no qual apresentou a
importância de incluir na grade curricular das universidades latino-americanas,
a literatura mapuche, como produção cultural, que vem crescendo em publicações
a mais de vinte e cinco anos. Trata-se de uma poética de-colonial que transmite a
sabedoria dos povos originários da América. A sua ancestralidade nos ensina a
amar a natureza à qual pertencemos e isto se traduz em respeitar a vida e
compreender as relações que nos vinculam a todas as esferas onde ela se
desenvolve. E como se isso fosse pouco, a importância de conhecer a literatura
mapuche radica em que ela nos enfrenta a uma realidade que vem sendo ocultada
para nós pelo sistema colonialista, que foi implantado com a invasão dos
territórios mapuches na conquistada europeia. Eles existem, estão ali, com sua
filosofia e sua arte, seus poemas carregados de história e espiritualidade. Não
como peças de museus, fragmentos ou vestígios de um passado acabado. Estão
ali, como pessoas com uma cosmovisão diferente e uma história em comum, as
quais nós não conhecemos, suas escritas poéticas nos instigam a conhecer e
aprender delas e a conviver com a alteridade.
Palavras-chave: Literatura mapuche; Proposta De Inclusão; Poética De-Colonial;
Ancestralidade.
78
Narrativas maternas na literatura contemporânea: os impactos da pandemia
no sucesso da adaptação tardia de A filha perdida
Resumo: O epistolário calviniano é uma obra que abarca uma seleção de mil
cartas enviadas pelo autor entre os anos de 1940 e 1985 e se constitui como um
rico acervo de pesquisa, por sua potencialidade de mostrar o desenvolvimento
da estética e da poética de Calvino ao longo dos mais de 40 anos de trocas entre
ele e diversos outros autores e amigos de sua época. De modo geral, interessam-
nos especialmente aquelas cartas cujo assunto esteja voltado para o campo
literário. O epistolário pode ser estudado como arquivo literário de autores,
79
perspectiva possível no campo da Literatura Comparada contemporânea. O
propósito do estudo das cartas é verificar e analisar reflexões do autor sobre o
campo literário na virada do século. Em especial, neste artigo, focamos no início
da atividade intelectual do autor, isto é, a primeira parte de suas escritas, para
observar, como um Calvino ainda muito jovem, em meio as tensões que
permeavam a época histórica e pessoal dessa primeira fase do epistolário, pensa
o mundo e, ao escrever a outros, pode escrever a si mesmo e compreender tais
processos. Sobretudo, entendemos que os ensaios e a escrita epistolar de Italo
Calvino podem expandir nossa compreensão sobre as relações entre literatura e
sociedade, literatura e humanidades, literatura e pensamento crítico, sobretudo
se estudado na perspectiva de polissistema (1990) dentro dos pressupostos dos
estudos comparados. A leitura analítica do corpus da pesquisa deverá apontar
para a compreensão de uma memória expandida do individual para uma
memória social ou coletiva que se desdobra de modo rizomático na produção
ensaística e literária de Italo Calvino.
Palavras-chave: Italo Calvino; Literatura; Correspondência; Ensaios; Memória
social.
80
A literatura infantojuvenil indígena de Yaguarê Yamã
Resumo: O presente artigo tem como objetivo fazer uma análise sobre a presença
e manifestação das variações linguísticas da Língua Portuguesa que fazem parte
da linguagem das populações das periferias dos grandes centros urbanos e que
são expressas por meio da Literatura Marginal. A diversidade linguística que
contempla a Língua Portuguesa faz aflorar na oralidade traços da identidade,
cultura, aspectos sócio-históricos e econômicos de seus falantes. Nosso trabalho
empreende análise de fragmentos da obra literária “Capão Pecado (2013)”, de
Ferréz, e visa refletir acerca das manifestações da linguagem em consonância com
81
as relações sócio-histórico-econômicas, dado o contexto de produção. Uma vez
que é por meio das interações sociais que a linguagem acontece e demonstra o
quão viva e mutável é a Língua, os atos de fala são a própria fruição entre o
homem e o seu idioma, que se fundem entre si e um incide sobre o outro. Há na
língua marcas intrínsecas que constituem o ser humano, no que tange sua
identidade e a sua inter-relação com o mundo. O presente estudo também
procura destacar a importância e o espaço que vem conquistando a Literatura
Marginal na valorização da língua fazendo uso das variações linguísticas e
evidências da oralidade, que contemplam seus falantes e rompem as barreiras
dos preconceitos linguísticos que excluem os interlocutores que não fazem uso
da norma culta.
Palavras-chave: Variação Linguística; Literatura Marginal; Oralidade.
82
Autorretratos e escritas de si: aproximações poéticas entre Tarsila do Amaral e
Frida Kahlo
83
SIMPÓSIO 10 – HISTÓRIA E COMUNICAÇÃO A PARTIR DA
INTERAÇÃO ENTRE OS SUJEITOS ENVOLVIDOS NO TEXTO
ON-LINE
COORDENADORES:
Airton Pott (UFP)
Ivânia Campigotto Aquino (UFP)
84
Bruxaria, gênero e narrativas: repensando a figura da bruxa no contexto do
Tribunal do Santo Ofício em Portugal
Resumo: A obra Confieso que he vivido (1974) apresenta em suas páginas, divididas
em pequenos capítulos, o relato memorialístico do poeta Pablo Neruda em
relação às suas experiências pessoais, profissionais, sociais e políticas. Por outro
lado, España en el corazón, elaborada em 1937, revela, em cada verso, um profundo
sentimento de resistência em relação à Guerra Civil Espanhola. Nesse contexto,
este texto propõe uma leitura do poema Explico algunas cosas, constante na obra
España en el Corazón, bem como a leitura e análise de alguns trechos da obra
Confieso que he vivido, em que são abordados os desdobramentos da Guerra Civil
Espanhola, ocorrida na Espanha, no período de 1936 a 1939. A questão central
85
que permeia essa discussão é a possibilidade de utilização destes textos como
memória coletiva e/ ou cultural, averiguando, em consequência, o papel da
literatura como uma fonte de preservação da história e também como
possibilidade de resistência. Para leitura dos poemas, foram utilizados como
aparato teórico: Wood (2012), Pierre (1993) Gagnebin (2006), entre outros. Ao ler
os textos literários e teóricos supramencionados foi possível refletir sobre a
relação entre história, memória e literatura e, consequentemente, sobre as
possibilidades estéticas que a escrita literária condensa em relação à
representação das experiências humanas.
Palavras-chave: Pablo Neruda. España en el corazón, Confieso que he vivido. Guerra
Civil Espanhola. Memória e História.
86
de um povo é a literatura, pois a partir dela é possível perceber como a identidade
cultural de uma sociedade é construída e perpetuada no imaginário social. Nesse
sentido, a análise literária das obras que formam o corpus do estudo ora proposto,
Torto arado (2019), de Itamar Vieira Junior e A confissão da leoa (2012), de Mia
Couto, constitui-se em uma poderosa ferramenta de verificação dos elementos
característicos à construção identitária da representação feminina na literatura,
uma vez que busca problematizar a representação da mulher sertaneja e
moçambicana, salientando o papel designado as personagens femininas nas
sociedades retratadas como forma de impossibilitar o total desenvolvimento
cidadão da mulher. Para tal desenvolvimento analítico, será trabalhado com o
conceito de interseccionalidade, apresentado por Patricia Hill Collins e Silma
Birge (2021). Além disso, serão abordados os estudos de Antônio Cândido (1976)
sobre a personagem de ficção e a literatura e sociedade e será trabalhado com as
contribuições acerca da literatura comparada, apresentadas por Tânia Franco
Carvalhal (1992). Ainda, será desenvolvida a análise das obras pesquisadas,
evidenciando as possíveis semelhanças e/ou diferenças entre a construção das
personagens femininas criadas por Viera Junior e Couto, além de abordar o
impacto da estrutura social perante as condições de vida das personagens
analisadas.
Palavras-chave: Mulher; Representação; Direitos; Literatura
87
de um problema que, ao longo dos séculos, revela-se como uma questão central
para a Teoria da Literatura: a relação entre literatura e sociedade.
Palavras-chave: Representação; Guerra; Recepção; Literatura; Sociedade.
88
Literatura, apresentando duas perspectivas diferentes desse tema, através do
confronto de lugar de fala dos respectivos autores.
Palavras-chave: Leitura; Literatura; Escravidão; Abolição; Expansão.
89
romance, utilizando, para isso, a obra de Otto Maria Carpeaux, História da
Literatura Ocidental, volume três, a fim de explorar os fatores históricos
considerados na formação do Romantismo Francês.Em conjunto com a
construção e análise da obra em seu momento literário, analisa-se a representação
do burguês na narrativa e a relação entre a personagem principal e as mulheres
francesas do século XIX, valendo-se do estudo de Franco Moretti em seu ensaio
O século sério.
Palavras-chave: Feminino; Romantismo; França; A Dama das camélias; mulher;
século XIX.
90
SIMPÓSIO 11 - DISCURSO: MOVIMENTOS DE SUJEITOS E
SENTIDOS
PRESENCIAL
COORDENADORES:
Alexandre Sebastião Ferrari Soares (PPGL/UNIOESTE)
Dantielli Assumpção Garcia (PPGL/UNIOESTE)
91
O cabelo “ruim” e seus efeitos de sentidos: o uso do cabelo natural crespo e
suas implicações
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo analisar dizeres e seus efeitos de
sentidos sobre o cabelo crespo e como a partir da escolha do cabelo natural ou
não um perfil-mulher passa a ser caracterizado socialmente. Para essa discussão,
utilizamos como aporte teórico a Análise do Discurso de linha francesa,
principalmente os conceitos de Ideologia e Formação Discursiva. As sequências
discursivas selecionadas para análise foram retiradas de comentários de
publicações da rede social Instagram. A partir da seleção do corpus, objetivamos
identificar os efeitos de sentidos a partir da aceitação ou não dos fios naturais e
como isso permeia o perfil feminino. Por meio das análises das sequências
analisadas, identificamos duas formações discursivas distintas: a que defende o
uso do cabelo crespo natural, e a que julga os fios naturais como não adequados
ao uso. Há dizeres diferentes sobre um mesmo tipo de cabelo, os quais se
relacionam a questões de autoestima e empoderamento, quer dizer, as duas
formações discursivas dominantes revelam discursos que ecoam socialmente
sobre os cabelos das mulheres e as determinam como empoderadas, por
exemplo, a partir do uso de um cabelo em específico. As análises revelaram que
o perfil-mulher considerado “padrão” no social é determinado a partir do uso de
um cabelo que, nesse caso, não é o natural.
Palavras-chave: Cabelo crespo; Ideologia; Feminino.
92
Brasil, que pretendemos mobilizar as noções de Sujeito, Ideologia e Memória
Discursiva. Como caminho para possíveis conclusões, o recorte retoma um
discurso religioso conservador em que a mulher está em uma posição inferior à
do homem e que precisa ter seu corpo controlado já que ele é pecaminoso, ao
mesmo tempo em que propõe novas leituras e sentidos do texto bíblico como
forma de emancipar as mulheres desse sistema de manipulação enaltecendo o
corpo feminino e dando voz as mulheres.
Palavras-chave: Análise de Discurso; Discurso Religioso; Teologia feminista;
Corpos Femininos; Mulher.
93
Imagem e Filosofia: representação de mulheres negras
94
sentimentos) com a violência patriarcal de gênero. Como resultado parcial da
pesquisa, é possível observar, intradiscursivamente, como são construídas redes
de filiação de sentido em que há uma relação direta entre a falta de afeto, a falta
de uma comunicação efetiva dos sentidos resultando em uma expressão de
gênero masculina atrelada a violência.
Palavras-chave: Masculinidades; Gênero; Violência.
95
neste trabalho, ousamos pensar que, tal como o copo que se quebrou, após a
constituição do discurso em texto, esse não volta a ser pensamento, promovendo
um aumento na entropia, haja vista que o sentido pode ser outro. Para Orlandi
(em entrevista à Revista Teias da UERJ), "[...] o que sempre me atraiu, me seduziu
na análise de discurso é que ela ensina a pensar, é que ela nos tira as certezas e o
mundo fica mais amplo, menos sabido, mais desafiador. E pensar que o sentido
pode ser sempre outro vai nessa direção" (Barreto, 2006). “Formular é dar corpo
aos sentidos” (Orlandi, 2005, p. 9), por isso, “todo dizer se encontra na
confluência de dois eixos: o da memória (constituição) e o da atualidade
(formulação), e é desse jogo que tiram seus sentidos” (Orlandi, 1999, p. 33). Cabe
ressaltar que o discurso do sujeito é atravessado pelo interdiscurso (memória
discursiva) e ele reporta seu dizer “ao conjunto de discursos possíveis a partir de
um estado definido das condições de produção” (Pêcheux, 1997, p. 79).
Palavras-chave: Análise de Discurso; Memória Discursiva; Entropia.
Resumo: Este trabalho busca produzir uma análise discursiva acerca de uma
coletânea de quadrinhos do cartunista brasileiro Evandro Alves. A partir da
perspectiva teórica da Análise de Discurso francesa, iremos nos ancorar,
principalmente, no trabalho de Gadet e Pêcheux (2014) acerca do impossível na
língua, buscando refletir de que modo a poesia (r)existe nessa materialidade como
efeito de resistência e de possibilidade. Quadrinista, roteirista, ilustrador e mestre
em geografia, os quadrinhos de Evandro Alves exploram as miudezas do
cotidiano. Sob uma narrativa poética, o autor desfia o tecido que sustenta a língua
em sua materialidade histórica, dando a ver o funcionamento de uma linguagem
metafórica, cujo significante se define em relação àquilo que é considerado como
o sem sentido, o desvio e o impossível na língua. A coletânea a ser analisada
compreende um trabalho de recorte realizado a partir da página do autor,
intitulada @materialpoetico, pertencente à rede social Instagram. A partir de uma
descrição sensível acerca das paisagens naturais, humanas e sentimentais de um
Brasil profundo, os quadrinhos do autor nos impele a refletir sobre a situação
socioambiental do Brasil e sobre a vida banal, essa que se pulveriza em nosso dia
a dia. A língua, então, funciona a partir daquilo que foi trazido de vários lugares,
de vários outros discursos, conservando-se em forma de poema.
Palavras-chave: Quadrinhos; Língua; Sentido.
96
O corpo da mãe substituta no lugar do (in)visível e (in)dizível
97
SIMPÓSIO 12 - QUESTÕES DO TEXTO E DISCURSO: ASPECTOS
TEÓRICOS, ANÁLISE DE CORPUS E PROPOSIÇÕES DIDÁTICAS
PRESENCIAL
COORDENADORAS:
Alcione Tereza Corbari (PPGL/UNIOESTE)
Mirieli Ferraça (UFPR)
99
enunciador que transita entre o individual e o coletivo, e que visa a mobilizar o
leitor a concordar com sua tese e a explicitar as obrigações das empresas com
esses trabalhadores. Desse modo, verifica-se que os elementos linguísticos
analisados contribuem para a argumentatividade do texto e se mostram
pertinentes ao gênero manifesto.
Palavras-chave: Gênero manifesto; Modalizador deôntico; Ethos e pathos.
100
justifica-se por se tratar de um fenômeno da fala presente no português brasileiro,
transcrito para a escrita. Nesse caso, o trabalho em sala de aula requer a reflexão
sobre a oralidade, para, então, levar o aluno a compreender que a escrita segue
regras arbitrárias, opacas em relação à fala. Elegemos esse fenômeno para
contribuir com a prática docente por meio de reflexões que problematizam a
notação gráfica, na tentativa de evitar que os alunos incorram na generalização
de regras e passem a grafar como nos exemplos a seguir: buneca, para boneca, e
tomati, para tomate. O alçamento vocálico foi eleito como objeto desta pesquisa
devido ao número frequente do registro gráfico nas atividades escritas dos
alunos. Além do anseio de que esta pesquisa possa contribuir para professores
de língua portuguesa do ensino fundamental, além da expectativa de auxiliar no
conhecimento a respeito do processo fonológico do alçamento vocálico,
comprometida em unir a teoria e a prática e promover o conhecimento reflexivo,
por meio de um ensino sistematizado, conduzindo os alunos à autonomia,
melhorando sua escrita, ao criar novas hipóteses e buscar novos desafios,
transformando seu conhecimento e ampliando sua visão de mundo.
Palavras-chave: Alçamento vocálico; Unidade didática; Ensino sistematizado.
101
imersivamente, fomentando pesquisas que resultam em novas perspectivas de
abordagem teórica no âmbito universitário.
Palavras-chave: Alfabetização; Letramento; Ensino Fundamental II; Extensão;
Estágio Supervisionado.
102
SIMPÓSIO 13 - INTERMIDIALIDADE, INTERARTES E AS
REPRESENTAÇÕES IMAGÉTICAS CONTEMPORÂNEAS:
IMAGINANDO (IM)POSSÍVEIS
PRESENCIAL
COORDENADORES:
Acir Dias da Silva (PPGL/UNIOESTE)
Robert Thomas Georg Wurmli (Doutorando PPGL/UNIOESTE)
Luiz Carlos Machado
(Doutorando PPGL/UNIOESTE)
Vanessa Luiza de Wallau (Doutoranda PPGL/UNIOESTE)
103
de Jameson (1985), Debord (1997), Kristeva (1994), Amaral (2005), Lévinas (2005),
Cândido (2006), Baudrillard (2011), Han (2017), Young (2019).
Palavras-chave: Alteridade; Literatura Comparada; Cyberpunk; Pós-
modernidade; Interartes.
104
processo improvisado e o aclamado resultado de uma leitura icônica que valida
os ecos poéticos da experiência e da vivência da leitura da obra, pelo diretor e
pelo elenco, e, também, pelo público. Em um segundo momento, primando
compreender como a produção estética brasileira contemporânea, com o filme de
A Lavoura Arcaica, encontra ensejo no espaço internacional, propomos um estudo
comparativo do par tradutório de olhos/eyes, vocábulo que, amparado pelo
software WordSmith Tools, apontou para a alta chavicidade no original, e sua não
correspondência na tradução revelou uma simplificação nas legendas em língua
inglesa, tornando-as mais fluídas e diretas para o leitor estrangeiro. Com o aporte
teórico dos Estudos da Tradução baseado em Corpus (Baker, 1993), dos Estudos
Interartes (Cluver, 2006) e dos universais da tradução (Baker, 1996) pode-se
destacar que as legendas de A Lavoura Arcaica apresentam uma tendência a
supressão de termos repetitivos, possivelmente usados pelo autor para reiteração
enfática e/ou pelo eco poético e sonoro no texto, e pela opção de uso de termos
mais comuns aos leitores de língua estrangeira, em substituição ao uso de
metonímias com olhos.
Palavras-chave: A Lavoura Arcaica, Raduan Nassar, Legendagem, Estudos da
Tradução Baseado em Corpus.
Resumo: Derivado dos estudos comparados da literatura a partir dos anos 1990,
a intermidialidade se apresenta como uma ideia de robusta fecundidade no
campo das relações interartes, em especial, quando articulada nas lacunas
deixadas por termos equivalentes que a precederam. Por meio da
intermidialidade, é possível lançar um olhar investigativo para várias formas de
cruzamentos de fronteiras midiáticas. Ao se aproximar do que é próprio do
cotidiano do homem comum, o artista brasileiro reelabora e combina elementos
comunicativos e representações culturais que são naturalmente identificáveis.
Estas produções, que por esta pesquisa serão denominadas poéticas brincantes,
são intermidialidades que "brincam" tanto com objetos, ícones e símbolos da
cultura popular, quanto com as tendências artísticas contemporâneas. A obra de
Manuel Messias parece se enquadrar no conceito de Poéticas brincantes, pois
propõe um exercício intermidiático quase instintivo porque parte da
aproximação ao primitivo das mídias. Suas composições gráficas reúnem
elementos folclóricos, da religião e da cultura pop, estruturam linhas, formas,
figuras e letras de uma maneira concisa e original teórico será oferecido pelos
escritos sobre intermidialidade de Irina Rajewsky (2012), Claus Clüver (2011),
Walter Moser (2006), Dick Higgins (2012), sobre arte e cultura brasileira,
Andrade (1990), Gullar (1978), Câmara Cascudo (2004), Suassuna (2008), Simas
(2018) e as contribuições sobre cultura popular e carnavalização de Bakhtin
(1981).
105
Palavras-chave: Intermidialidade, Interartes, Cultura Popular, Arte
contemporânea brasileira.
Resumo: Este estudo tem por objetivo analisar frames do filme Barry Lyndon (1975), do
roteirista e cineasta Stanley Kubrick, a partir dos estudos da Intermidialidade, a fim de
percebê-lo como um produto intermidiático que estabelece relações entre literatura,
cinema e pintura, em específico ao que chamamos de adaptação ecfrástica, terminologia
que faz referência a um processo baseado no recurso da écfrase. Para isso, o aporte
106
teórico-metodológico abarca os estudos da Intermidialidade, de acordo com Rajewsky
(2012, 2020), Elleström (2017) e Clüver (2011), os estudos da écfrase, segundo Clüver
(2017) e Vieira (2017), além da abordagem do termo adaptação ecfrástica, proposto por
Wallau e Luz (2021). A écfrase é usualmente tida enquanto a representação verbal de
um objeto não-verbal, um sinônimo de “descrição verbal”, compreendida
especialmente na literatura e suas relações com o pictórico. A noção de écfrase, contudo,
é redefinida pela sua incorporação aos estudos da Intermidialidade, por uma
perspectiva contemporânea, tratando-a como fenômeno intermidiático. Ainda assim,
Clüver (2017) afirma que a écfrase pode se fazer presente em quaisquer manifestações,
exceto nas mídias cinéticas, como o cinema e a televisão, afirmação contestada por
Wallau e Luz (2021), que propõem uma leitura da écfrase em uma obra cinematográfica,
considerando-a como um processo de representação verbo-visual de uma
representação verbo-voco-visual.
Palavras-chave: Écfrase; Intermidialidade; Cinema; Pintura.
Resumo: Mira Schendel, artista suíça radicada no Brasil, desenvolveu uma vasta
obra experimentando variadas formas artísticas como pintura, colagem, desenho,
instalação, tridimensional, escrita, entre outras. Seu trabalho incorpora conceitos
de diversas linguagens poéticas, evidenciando debates conceituais interartísticos.
Dessa forma, propõe-se apresentar um debate especificamente sobre a série
“Objetos Gráficos”, investigando as relações pertinentes entre a literatura e as
artes visuais. Nessas obras, Schendel trabalha com o uso de elementos gráficos
textuais adicionados a materialidades transparentes, como chapas de acrílico e
papéis arroz. Segundo Geraldo Souza Dias (2009), embora sobrepostos, esses
elementos não alcançam plena tridimensionalidade, pois seu aceno à terceira
dimensão (espessura) é mínima (p.257). Ainda assim, compete refletir sobre os
atravessamentos do olhar nessas superfícies. Ao observar a imagem, o espectador
é levado a uma nebulosa retida por símbolos gráficos suspensos, criando uma
presença bidimensional no espaço tridimensional. Incorporando escritas
manuais e colagens letraset, por vezes sem formar nenhuma frase ou palavra, a
artista mergulha no elemento gráfico em toda sua potencialidade visual. Os
símbolos gráficos suspensos no espaço, deslocados de um suporte literário,
oscilam seu significado interno. A simultaneidade e não linearidade dessas
formas pode anular a separação entre tempo e espaço, resultando em uma
poética temporal-espacial. Esta apresentação analisará como a série "Objetos
Gráficos" incorpora debates conceituais, desafia a percepção visual e questiona a
relação entre público, espaço e significado, expandindo o debate sobre a obra de
Mira Schendel e sua relevância nas discussões artísticas contemporâneas.
Palavras-chave: Interartes; Transparência; Objetos gráficos; Vazio; Visualidade
poética.
107
Entre cores e telas: representações e (re)criações de van Gogh e sua obra no
contexto cinematográfico
Desvendando o Jardim
108
questão do luto e o simbologismo do jardim. Na perspectiva de alcançar o
objetivo proposto, sustenta-se a pesquisa nos pressupostos teóricos de Jakobson
(1999), Plaza (1987), Bachelard (1989), Chevalier (2001), dentre outros. Trata-se,
portanto, de uma pesquisa bibliográfica pautada na tradução intersemiótica, na
mitocrítica e na fenomenologia.
Palavras-chave: Tradução intersemiótica; O Jardim Secreto; Literatura; Cinema.
109
of Metal) 2019, do roteirista e diretor americano Darius Marder (1974). O foco são
os personagens: Nádia, cantora e Rubem, baterista, ambos profissionais que
trabalham com música, mesmo sendo de filmes diferentes, prefiguram o caos
com a perda completa da audição. A cantora romântica do bar Paraíso Perdido
após violência doméstica traumática, não consegue ouvir seu próprio canto – é
estar na porta de Satanás. Pretendemos abordar os temas: identidade, trauma,
distopia, dissociação, caos, violência e o estar presente e ausente da pós-
modernidade. A antítese: O Silêncio e o Som roubam cenas - as formas de
produzi-los de forma sensorial, acontece com a Intermidialidade, com várias
mídias, interagindo na construção da subjetividade, permitindo assim que o
silêncio encene onde o som ensurdeceu. Quando aplicamos essa ideia à surdez
repentina dos personagens músicos, podemos pensar na perda da "aura" do som,
fundamentada por Walter Benjamin (1995). “A fissura do silêncio” por Baitalle,
(1992), as teorias do Cinema e Intermidialidade com: Claus Cluver (2008, 2006),
Irina Rajevsky (2012), Georges DidiHuberman (2017, 2020); Roland Barthes
(2008); as teorias do sujeito e o mundo em e Fenomenologia em Merleau-Ponty
(1990), o conceito de ritornelo proposto por Deleuze e Guattari (2011) um retorno
inexistente, Giorgio Agamben (2000), para tratar a ideia de "aura" na arte e como
ela é afetada pela reprodutibilidade técnica. A música faz parte das duas obras
fílmicas, em Alucinações Musicais de Oliver Sacks (2007), será suporte sobre a
música relacionada a alterações perceptivas e neurológicas. Yuki Hui (2019)
Palavras-chave: Silêncio/Som; Surdez/trauma; Cinema; Intermidialidade e IA
Inteligência Artificial; Distopia.
110
SIMPÓSIO 15 - POESIA BRASILEIRA: DAS ÚLTIMAS QUADRAS
DO SÉCULO XX ÀS PRIMEIRAS DÉCADAS DO XXI: VOZES &
POÉTICAS
ON-LINE
COORDENADORES:
Sandro Adriano da Silva (UNESPAR)
Sandra Mara Stroparo (UFPR)
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Palavras-chave: Poesia brasileira contemporânea. Anacronismo. Tradição.
Gênio não original.
Resumo: A segunda metade do séc. XX, em plena Guerra Fria, foi marcada por
várias tensões entre as duas superpotências de então, os Estados Unidos e a ex-
União Soviética. Neste contexto, desenvolveu-se entre essas duas nações uma
verdadeira corrida espacial: quem chegasse ao espaço primeiro mostraria ao
resto do mundo o seu poderio e a sua supremacia no conflito simbólico vivido
então. Em 1960, os soviéticos saíram na frente, e Yuri Gagarin (1934-1968) foi o
primeiro homem a ir ao espaço. Deste, é a célebre frase “A Terra é azul”. Em 2012,
o poeta carioca Eucanaã Ferraz publica no livro “Sentimental” (2012) o poema
“El laberinto de la soledad”, no qual se debruça sobre o personagem histórico em
questão e constrói um perfil lírico de um sujeito que se transformou
completamente após ter sido o primeiro ser humano a ter visto, do espaço, a
imensidão azul da Terra. Neste artigo, analisaremos o referido poema de
Eucanaã Ferraz, com o objetivo de identificar os recursos estéticos elegidos pelo
poeta na construção do poema (camada sonora, imagética e semântica) e como
estes auxiliam na construção da carga melancólica do texto e do próprio
personagem por ele tematizado. Por fim, estabeleceremos um diálogo com os
textos “O labirinto da solidão” (1984), de Octavio Paz – livro que dá o título ao
poema de Ferraz (2012); “O ânus solar” (1995), de Georges Bataille; e “Amor,
poesia e sabedoria” (2008) e “Os filhos do céu” (2008, em parceria com Michel
Cassé), de Edgar Morin, a fim de nos debruçarmos sobre a presença metafórica
da morte e da solidão no poema e sobre a experiência de finitude de Gagarin em
conjunção com o próprio fazer poético.
Palavras-chave: El laberinto de la soledad; Eucanaã Ferraz; Melancolia.
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obra do poeta. Movidos pela leitura de seu último livro e pela riqueza de sua
composição, com este trabalho propõe-se uma análise do poema “O grande
pinheiro, de Cézanne” que compõe a obra. A análise empreendida concentra-se
em torno dos matizes ecfrásticos que se apresentam materializados nas relações
interartísticas presentes no poema. Para tanto, considerou-se elementos
constitutivos do recurso da écfrase, como as categorias, especialmente a
topográfica e a prosopográfica (Hansen, 2006), as estruturas narrativa e diálogo
(Diniz; Santos, 2011) e as nuanças do pictural (Louvel, 2012). A leitura do poema
revela a composição de uma “expansão do olhar”, na medida em que o eu lírico
se coloca como um observador e reflete sobre a historicidade da tela, sua
materialidade, considerando dimensão, cores, e a sua localização atual: o salão
do MASP. Em alguma medida, o exercício imaginativo expansivo do eu lírico
possibilita a construção pelo leitor de sentidos em torno de diferentes visões da
obra de arte pintada por Cézanne, seja pela história por trás da criação da obra,
seja pela sua materialidade, presença e relações com o local em que está exposta
na cidade de São Paulo.
Palavras-chave: Poesia brasileira; Écfrase; Sequências; Júlio Castañon Guimarães.
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Mosaicos da excripta da dor na Estética Laharsista de Luís Serguilha
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SIMPÓSIO 16 – LITERATURA SURDA, LIBRAS E A TRADUÇÃO E
INTERPRETAÇÃO
ON-LINE
COORDENADORAS:
Carmen Elisabete de Oliveira (UFFS)
Taísa Aparecida Carvalho Sales (UFG)
Tânia Aparecida Martins (UNIOESTE)
Resumo: A cultura surda, como qualquer outra cultura, se revela nos aspectos
diferenciados construídos por um grupo de sujeitos que compartilham do
mesmo tipo de comportamento. A comunidade surda ancora suas crenças,
tradições e valores em três vertentes: visual, gestual e espacial, entre outras. A
pessoa surda se comunica por meio da Língua de Sinais, e no Brasil essa língua é
nominada como Libras (Língua Brasileira de Sinais). A pesquisa aqui se dobra na
perspectiva de levar a comunidade surda textos poéticos escritos na Língua
Portuguesa (L1) traduzidos em Libras (L2), viabilizando que o sujeito surdo
possa usufruir igualmente a comunidade ouvinte, destas obras literárias em sua
língua materna. Temos como objetivo identificar as principais dificuldades e
estratégias que os TILSP (Tradutor Intérprete de Língua de Sinais e Língua
Portuguesa) enfrentam para realizar a transposição do texto fonte, para o texto
alvo, ou seja, do texto escrito para a sinalização em Libras. Este estudo apresenta
uma abordagem qualitativa a partir de uma revisão teórica acerca de textos
poéticos utilizados na cultura ouvinte especialmente o poema aqui escolhido,
oriundo da cultura gaúcha do sul do Brasil. Comprovamos que o TILS precisa
conhecer profundamente as duas culturas envolvidas, para que sua tradução
mantenha o perfil e a mensagem da poesia original.
Palavras-chave: Literatura surda; Poema; Interpretação; Originalidade.
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A disciplina de Libras nas licenciaturas, sua importância e contribuições para
o professor em formação
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língua. A metodologia baseia-se na pesquisa qualitativa, sob o viés das
abordagens narrativa e autobiográfica. A importância deste trabalho se dá,
principalmente, pela falta de acervo a respeito do tema. Os resultados alcançados
na pesquisa relatam e comprovam a conexão entre a Literatura Surda e a
aquisição da Libras como segunda língua, e também a influência das
experiências, ambiente e vivências na construção do “eu” do sujeito, com sua
visão de si para si e do outro para si.
Palavras-chave: Literatura Surda; Narrativa; Aquisição de Libras.
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compreensão das obras literárias. A escolha do tema surgiu da necessidade de
compreender e conhecer a importância da sinalização das obras da Literatura
Surda Infantil, como também o papel dos classificadores no entendimento das
narrativas. Quanto à metodologia, trata-se de uma pesquisa documental e
bibliográfica de caráter qualitativo. Utilizou-se teóricos como Lyvia de A Cruz,
Michelle A Guedes e Andréa M Lemos, (2021), Lodenir Karnopp (2006), Strobel
(2008), Quadros e Karnopp (2004). Abordou-se temas como: Contextualização
sobre a Literatura Surda; A importância da Literatura Surda no desenvolvimento
cognitivo da criança surda; O uso dos classificadores na narrativa de histórias
infantil. A análise dos dados foi realizada por meio de apreciação de conteúdo
visual em que se pode identificar as estratégias e os classificadores usados nas
sinalizações. A partir das informações obtidas foram realizadas reflexões sobre
as contribuições do uso de Classificadores nas narrativas sinalizadas como um
recurso linguístico que viabiliza a compreensão das histórias por crianças surdas.
Portanto, espera-se que a Literatura Surda Infantil, seja apresentada desde cedo
à criança surda, em que o contador/sinalizador utilize este recurso linguístico da
Libras e assim promova o desenvolvimento do potencial imaginário, criativo,
crítico e reflexivo destas crianças.
Palavras-chave: Literatura Surda; Classificadores; Cultura Surda; Contação de
histórias.
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