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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE

CADERNO DE RESUMO DAS COMUNICAÇÕES

XV Seminário Nacional de Literatura, História e Memória e VI Congresso


Internacional de Pesquisa em Letras no Contexto Latino-Americano

A ESCRITA DE SI E AS ESTÉTICAS CONTEMPORÂNEAS

Apoio:

Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação


Programa de Pós-Graduação em Letras – PPGL
Centro de Educação, Comunicação e Artes - CECA

Cascavel
-
23 à 27 de outubro de 2023
Lourdes Kaminski Alves

Kaline Cavalheiro

(Organizadoras)

XV Seminário Nacional de Literatura, História e Memória e VI Congresso


Internacional de Pesquisa em Letras no Contexto Latino-Americano

A ESCRITA DE SI E AS ESTÉTICAS CONTEMPORÂNEAS

Cascavel
-
23 à 27 de outubro de 2023
COORDENADORES DA EDIÇÃO 2023
Prof. Dr. José Carlos da Costa (Coordenação geral)
Profa. Dra. Lourdes Kaminski Alves (Coord. adjunta)

COMISSÃO ORGANIZADORA

Prof. Dr. Acir Dias da Silva


Prof. Dr Antonio Donizeti da Cruz
Prof. Dr. José Carlos da Costa
Profa. Dra. Beatriz Helena Dal Molin
Profa. Dra. Lourdes Kaminski Alves
Profa. Dra. Kaline Cavalheiro
Profa. Dra. Maricélia Nunes dos Santos
Prof. Dr. Pedro Júnior Leites
Prof. Dr. Stanis Lacowicz
Prof. Dr. Wagner Souza

COMISSÃO CIENTÍFICA

Prof. Dr. Acir Dias da Silva (UNIOESTE)


Profa. Dra. Alai Garcia Diniz (UNIOESTE)
Profa. Dra. Alexandra Santos Pinheiro (UFGD)
Prof. Dr. Alexandre Sebastião Ferrari Soares (UNIOESTE)
Prof. Dr Antonio Donizeti da Cruz (UNIOESTE)
Profa. Dra. Beatriz Helena Dal Molin
Profa. Dra. Cleiser Schenatto (UNIOESTE)
Profa Dra. Dantielli Assumpção Garcia (UNIOESTE)
Prof. Dr. Décio Torres Cruz (UFBA)
Profa. Dra. Encarnacion Medina (Universidad de Jaén- Espanha)
Prof. Dr. Fausto Zamboni (UNIOESTE)
Prof. Dr. José Carlos da Costa (UNIOESTE)
Profa. Dra. Julia Cristina Granetto Moreira (UNILA)
Profa. Dra. Lourdes Kaminski Alves (UNIOESTE)
Profa. Dra. Lilibeth Zambrano (Universidad de Los Andes –
Merida/Venezuela)
Profa. Dra. Maricélia Nunes dos Santos (UNIOESTE)
Profa. Dra. Níncia Cecília Borges Teixeira (UNICENTRO/UNIOESTE)
Prof. Dr. Paulo Facchin (FAG/UNIOESTE)
Prof. Dr. Pedro Júnior Leites (IFPR/UNIOESTE)
Prof. Dr. Stanis Lacowicz (UNIOESTE)
Prof. Dr. Wagner Souza (UNIOESTE)
Profa.Dra. Zilá Bernd (UFRGS/UNILASALLE)
PROMOÇÃO:

Programa de Pós-Graduação em Letras, Área de Concentração em Linguagem e


Sociedade, Nível de Mestrado e Doutorado
Cursos de Graduação em Letras Português-Inglês/Espanhol/Italiano
Núcleo de Estudos Comparados e Pesquisas em Literatura, Cultura, História e
Memória na América Latina (NuECP)
Grupo de Pesquisa Confluências da Ficção, História e Memória na Literatura e
nas Diversas Linguagens (CNPq)
PROGRAMAÇÃO GERAL DO EVENTO

23/10/23
19 h - COLÓQUIO I: NARRATIVAS DO CIBERESPAÇO: EXPANSÃO
DAS ESCRITAS DE SI - [on-line]
Participantes:
Prof. Dr. Dionísio Geraldo Bahule (Universidade Pedagógica de Maputo –
Faculdade de Ciências da Linguagem, Comunicação e Artes. UP-MAPUTO -
Moçambique).
Profa. Dra. Beatriz Helena Dal Molin (PPGL/UNIOESTE)
Profa. Dra. Julia Cristina Granetto Moreira (UNILA)
Moderadora: Profa. Dra. Lourdes Kaminski Alves (PPGL/UNIOESTE)

Link do Canal Youtube do NuECP:


https://www.youtube.com/watch?v=Gn96dEFF54o

24/10/23
19h - COLÓQUIO II: RECEPÇÃO E RESENHAS CRÍTICAS EM REDES
SOCIAIS DE LEITORES: INTERSUBJETIVIDADES LITERÁRIAS - [on-
line]
Participantes:
Prof. Airton Pott (Doutorando UFP/RS)
Profa. Dra. Ivânia Campigotto Aquino (PPGL/UFP/RS)
Prof. Dr. Gilmar de Azevedo (UERGS /RS)
Moderadora: Profa. Dra. Cleiser Schenatto Langaro (PPGL/UNIOESTE)

Link do Canal Youtube do NuECP:


https://www.youtube.com/watch?v=VGdinqV-9gU

25/10/23
Local: Anfiteatro da Unioeste, Campus de Cascavel – PR
8h - Entrega das pastas aos participantes
8h30 - Abertura oficial do evento (Atividade presencial)

9h - CONFERÊNCIA: TEMAS EMERGENTES NA LITERATURA E NA


CRÍTICA LITERÁRIA CONTEMPORÂNEA.
Convidada: Profa. Dra. Alai Garcia Diniz (UFSC/ PPGL/UNIOESTE)
Moderadores: Profa. Dra. Lourdes Kaminski Alves (PPGL/UNIOESTE)
Prof. Dr. José Carlos da Costa (UNIOESTE)

10h – Debate
10h15 – Café com livros

iv
10h30 – Lançamento da obra A CRÍTICA LITERÁRIA FEMINISTA IBERO-
AMERICANA PERSPECTIVAS TRANSATLÂNTICAS - [on-line]
Participantes:
Profa. Dra. Encarnacion Medina (Universidad de Jaén- Espanha)
Profa. Dra. Alexandra Santos Pinheiro (UFGD)
Profa. Dra. Maria de Fátima Macari (UNESP)
Profa. Dra. Adriana Aparecida de Figueiredo Fiuza (UEL)

Link do Canal Youtube do NuECP:


https://www.youtube.com/live/KJ6pNmQD5bg?si=ESCfEYxykYLcerhi

OBS.: Haverá transmissão aos participantes presenciais, no anfiteatro da


Unioeste

13h30 – 17h30 – Simpósios

19h – CONFERÊNCIA: POESIA NEGRA BRASILEIRA: POÉTICAS


DA RESISTÊNCIA - [on-line]
Convidada:
Profa. Dra. Zilá Bernd (UFRGS/UNILASALLE)
Moderadores: Profa. Dra Lourdes Kaminski Alves (PPGL/UNIOESTE)
Prof. Dr. Wagner Souza (UNIOESTE)

Link do Canal Youtube do NuECP:


https://www.youtube.com/live/QZwquawJ6Qs?si=DYCln-rcmwRVL9HQ

26/10/23
Local: Anfiteatro da Unioeste, Campus de Cascavel – PR
8h30 – MESA REDONDA: O SUJEITO DA ESCRITA EM
PERSPECTIVAS CONTEMPORÂNEAS DOS ESTUDOS
LINGUÍSTICOS E DA ANÁLISE DO DISCURSO - [Híbrido]

Participantes:
Profa. Dra. Bethania Mariani (UFF)
Profa. Dra. Luciana Vinhas (UFRGS)
Moderadores: Profa. Dra. Dantielli Assumpção Garcia (PPGL/UNIOESTE)
Prof. Dr. Alexandre Sebastião Ferrari Soares (PPGL/UNIOESTE)
9h45 - Debate

Link do Canal Youtube do NuECP:


https://www.youtube.com/live/dJ2G7MfHHHg?si=dWuZKd_qgP4YUwVH

10h15 - Intervalo café, cultura e arte

Exposição: EDITORA DA UNIOESTE: EDUNIOESTE

11h00 – LANÇAMENTO DE LIVROS COM AUTORAS/ES

v
Mediação: Prof. Dr. Stanis Lacowicz (UNIOESTE)
Prof. Dr. Pedro Leites Junior (IFPR/PPGL/UNIOESTE)
12h30 – Encerramento

26/10/23
13h30 – 17h30 – Simpósios

15h45 – Intervalo, cultura e arte


Local: Saguão - Anfiteatro
Apresentação musical e exposição de trabalhos artísticos de acadêmicos e
professores.

16h15 - Simpósios (cada simpósio segue sua programação)

19h30 - RODA DE CONVERSA: ESCRITORAS E ESCRITORES


MEMORIALISTAS – [on-line]

Participantes:
Prof. Dr. Julian Fuks - ROMANCE: HISTÓRIA DE UMA IDEIA (2021)
Prof. Dr. Décio Torres Cruz (UFBA) – AS HISTÓRIAS ROUBADAS DAS
PAISAGENS INTERIORES (2022)
Mediadores: Prof. José Carlos da Costa (UNIOESTE)
Prof. Dr. Stanis Lacowicz (UNIOESTE)

Link do Canal Youtube do NuECP:


https://www.youtube.com/live/fNf9Tid_weA?si=-f-os9Rn9MVPnJZZ

27/10/23
8h30 – Lançamento de livros

10h - CONFERÊNCIA: ESCRITAS DE SI E ESTÉTICAS


CONTEMPORÂNEAS: RELAÇÕES LITERÁRIAS COM OUTROS
CAMPOS DO SABER - [on-line]

Convidado:
Prof. Dr. Evando Nascimento (Universidade Federal de Juiz de
Fora)
Mediadores: Prof. Dr. José Carlos da Costa (UNIOESTE)
Profa. Dra. Lourdes Kaminski Alves (PPGL/UNIOESTE)

Link do Canal Youtube do NuECP:


https://www.youtube.com/live/ttDdxbDrzHQ?si=tzbm4X5Y74MVE4nk

13h30 – 17h – Simpósios (conforme programação de cada simpósio)

vi
19h - MESA TEMÁTICA: ESCRITAS BIOGRÁFICAS NA LITERATURA
PARAGUAIA CONTEMPORÂNEA - [on-line]

Participantes:
Profa. Dra. Lilibeth Zambrano (Universidad de Los Andes –
Merida/Venezuela)
Profa. Dra. Alexandra Santos Pinheiro (UFGD)
Suzy Delgado (Escritora y periodista com atuação em Asunción,
Paraguai)
Profa. Dra. Alai Garcia Diniz (PPGL/UNIOESTE)
Mediação: Prof. Dr. Antonio Donizeti da Cruz (UNIOESTE)
Profa. Dra. Nincia Cecília Borges Teixeira (PPGL/UNICENTRO/
PPGL/UNIOESTE)

Link do Canal Youtube do NuECP:


https://www.youtube.com/live/41OTezSwb4I?si=XTIrVhXWTt9SIlPR

vii
Sumário
SIMPÓSIO 1 – AS ESCRITAS DE SI, AS PASSAGENS: UMA TESSITURA DA
PRÓPRIA VIDA DO EU ........................................................................................................ 22
COORDENADORAS: .............................................................................................................. 22
Neluana Leuz de Oliveira Ferragini (UNESPAR- Campus Apucarana).......................... 22
Stela Maris da Silva (UNESPAR- Campus Curitiba II ........................................................ 22
Zeloi Aparecida Martins (UNESPAR- Campus Curitiba II................................................ 22

Cinema e memória: a escrita fílmica a partir da obra A vida invisível (2019) do


diretor Karim Aïnouz ......................................................................................................... 22
Zeloi Aparecida Martins (UNESPAR - Campus Curitiba II) ........................................... 22

Escrita de si: “a arte de si” como estética da existência ................................................ 22


Stela Maris da Silva (UNESPAR - Campus Curitiba II) ................................................... 22

A entonação valorativa na escrita autobiográfica sobre a Síndrome de Down ....... 23


Neluana Leuz de Oliveira Ferragini (UNESPAR – Campus Apucarana)...................... 23

Lavoura Arcaica: silêncios e silenciamentos do eu ....................................................... 24


Luzia Aparecida Berloffa Tofalini (PPGL/UEM) ............................................................ 24

Estudo da obra fílmica O Caso dos Irmãos Naves: a metáfora e a memória no


cinema.................................................................................................................................... 24
João Diego Leite (UNESPAR - Campus Curitiba II)........................................................... 24
Zeloi Aparecida Martins (UNESPAR - Campus Curitiba II) ........................................... 24

Travessia de mim, encontros pessoais em O Grande Sertão: veredas ........................ 25


Magna Rodrigues Silva Macêdo (UFT) ............................................................................. 25

Diário de um Sertão: fragmentos de uma leitura de Grande Sertão: Veredas e o


escrever de si ........................................................................................................................ 25
Danila Laiana da Silva Mello (UFG) ................................................................................... 25

O Outro no tempo, o Eu no texto: um estudo da subjetividade frente ao discurso


sobre o outro ......................................................................................................................... 26
Camille Liege Naves dos Santos Oliveira Pinto (UTFPR) .............................................. 26
Evandro de Melo Catelão (UTFPR) ................................................................................... 26

Parece coisa de cinema: a escrita de si como uma atualização no modo de pensar a


loucura a partir do pensamento foucaultiano ................................................................ 27
Marcella A. Schiavo Trava (UNESPAR - Campus União da Vitória) ............................ 27
Stela Maris da Silva (UNESPAR - Campus Curitiba II) ................................................... 27

A vida do 'eu' em meio ao absurdo e à liberdade: uma análise comparativa de


Albert Camus e Jean-Paul Sartre ...................................................................................... 27
Marcos Balaban (UNESPAR - Campus União da Vitória) ............................................... 27
Stela Maris da Silva (UNESPAR - Campus Curitiba II) ................................................... 27

viii
A música nunca parou e o “ouvir” musicoterapeutas como escrita de si .................. 28
Ana Maria de Barros (UNESPAR - Campus Curitiba II) ................................................. 28

Escrita de Si e religião na era Constantiniana: A Apologia ao imperador Constâncio


de Atanásio de Alexandria................................................................................................. 28
Iasmin Eduarda Cangirana (UNIOESTE - Campus Marechal Cândido Rondon)........ 28
Moisés Antiqueira (UNIOESTE - Campus Marechal Cândido Rondon) ....................... 28

Desvendando a linguagem cinematográfica na educação: práticas pedagógicas e a


Escrita de Si .......................................................................................................................... 29
Julya Gonçalves da Silva (UNESPAR - Campus Curitiba II)........................................... 29
Zeloi Aparecida Martins (UNESPAR - Campus Curitiba II) ........................................... 29

Subjetividades poéticas em relevo: processos de refiguração a partir de Grande


Sertão: Veredas ..................................................................................................................... 30
Raimundo Vagner Leite de Oliveira (Doutorando em Performances Culturais -UFG-
PPG/PC) ................................................................................................................................ 30

O processo criativo de Respiración artificial ................................................................. 30


Valdir Olivo Junior (UNICENTRO) .................................................................................. 30

Os desafios do filosofar no ensino médio numa perspectiva metodológica: práticas


de aprendizagem musical e dialógica, com base numa possível relação entre
Wittgenstein e Freire........................................................................................................... 31
Tiago Willian da Rosa (UNESPAR - Campus União da Vitória) .................................... 31
Stela Maris da Silva (UNESPAR - Campus Curitiba II) ................................................... 31

A escrita fílmica a partir das obras “Janela da Alma” e “Um Filme de Cinema” de
Walter Carvalho ................................................................................................................... 32
Lucas da Cunha Selau (UNESPAR - Campus Curitiba II) ............................................... 32
Zeloi Ap. Martins (UNESPAR- Campus Curitiba II) ........................................................ 32

A Sagração da Primavera: uma análise das perspectivas de docilização e


resistência no segundo ato e em especial na cena de “Eleita” .................................... 32
Nara Corrêa Vargas (UNESPAR - Campus Curitiba II) ................................................... 32
Renata Noyama (UNESPAR - Campus Curitiba II).......................................................... 32

A escrita de si a partir do projeto “Memória Viva” do Museu da Imagem e do Som


do Paraná (MIS-PR) ............................................................................................................ 33
Eloisa Maria Fernandes (UNESPAR - Campus Curitiba II)............................................. 33
Zeloi Aparecida Martins (UNESPAR - Campus Curitiba II) ........................................... 33

Literatura cinematográfica: o roteiro literário como obra de arte............................... 34


Danilo Custódio Benites (UNESPAR - Campus Curitiba II) ........................................... 34
Zeloi Aparecida Martins (UNESPAR - Campus Curitiba II) ........................................... 34

O afrofuturismo, a imaginação, a tecnologia e o futuro em Wakanda no filme


Pantera Negra (2019) ........................................................................................................... 34
Ana Maria Vasconcelos (UNIOESTE - Campus Cascavel) .............................................. 34

ix
SIMPÓSIO 2 - VOZES MINORITÁRIAS EM PRODUÇÕES CULTURAIS BRASILEIRAS
CONTEMPORÂNEAS (2000-2023)........................................................................................ 36
COORDENADORAS: ........................................................................................................ 36
Cilene Margarete Pereira (UNIFAL-MG) ......................................................................... 36
Luciano Marcos Dias Cavalcanti (UNICAMP.................................................................. 36

“Maria” (2015), de Conceição Evaristo, e a representação da violência contra a


mulher negra e pobre.......................................................................................................... 36
Caio Correia dos Santos Quina (Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL-
MG/FAPEMIG) .................................................................................................................... 36
Cilene Margarete Pereira (Orientadora - Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL-
MG/FAPEMIG) .................................................................................................................... 36

Desconstruindo o mito da “mãe preta”: a impossibilidade da maternidade em


Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo, à luz do feminismo negro brasileiro ....... 37
Aline Santos Conceição (UEM) .......................................................................................... 37

A Lei Maria da Penha na prática: o que dizem os relatos do curta-metragem


Silêncio das Inocentes (2010), de Ique Gazzola ............................................................. 37
Amanda Marques Brito de Souza (Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL-MG)
................................................................................................................................................. 37
Cilene Margarete Pereira (Orientadora - Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL-
MG/FAPEMIG) .................................................................................................................... 37

A luta indígena pelo território no curta-metragem documental A Ditadura da


Especulação (2012), de Zé Furtado .................................................................................... 38
Lavínia Nascimento Silva (Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL-MG) .......... 38
Cilene Margarete Pereira (Orientadora - Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL-
MG/FAPEMIG) .................................................................................................................... 38

Rexa pyau – um novo olhar: ressignificações a partir do novo romance histórico


Guayrá (2017), de Marco Aurélio Cremasco ................................................................... 39
Toni Juliano Bandeira (SEED-PR) ...................................................................................... 39

Primavera de Fernanda (2018), de Débora Zanatta & Estevan de la Fuente, e a


(re)existência do corpo trans .............................................................................................. 39
Cilene Margarete Pereira (Universidade Federal de Alfenas - UNIFAL-
MG/FAPEMIG) .................................................................................................................... 39

Violência e racismo no Brasil de “As caravanas”, de Chico Buarque de Hollanda 40


Luciano Marcos Dias Cavalcanti (UNICAMP) ................................................................ 40

SIMPÓSIO 3 - GARIMPANDO A LITERATURA: O QUE DIZEM AS AUTORAS


BRASILEIRAS CONTEMPORÂNEAS? ................................................................................ 41
COORDENADORES: ......................................................................................................... 41
Antonio Donizeti da Cruz (UNIOESTE/ NuECP/PPGL) ............................................. 41
Maria de Fátima Gonçalves Lima (PUC-GO) ................................................................... 41
Vanderlei Kroin (PUC-GO/PDPG/CAPES) .................................................................... 41

A poesia de Luiza Neto Jorge, Lêda Selma e Denise Emmer: elos, herança, ruptura
e fascínio ............................................................................................................................... 41

x
Maria de Fátima Gonçalves Lima (PUC/Goiás) .............................................................. 41

Myriam Fraga: a tessitura de si nas espacialidades de Salvador da Bahia ............... 41


Denise Scolari Vieira (Docente - UNIOESTE) .................................................................. 41

Representação de Mulheres em Becos da Memória: Construindo uma Nação


Negra-Feminina ................................................................................................................... 42
Ana Luiza Nascimento Alves (UnB).................................................................................. 42

Artes em diálogo, poeticidade e memória em Virgínia Vendramini ........................ 43


Antonio Donizeti da Cruz (Docente PPGL/UNIOESTE - NuECP/PPGL) ................. 43

A poesia-ensaio-teoria nos testes poéticos de Marília Garcia, em “Expedição:


nebulosa” (2023) .................................................................................................................. 43
Emanuelle de Queiroz Oliveira Estiphano (UNICENTRO) ........................................... 43
Nilcéia Valdati (Orientadora - UNICENTRO) ................................................................. 43

Eros na poética de Lêda Selma.......................................................................................... 44


Vanderlei Kroin (PUC/GO – PDPG/CAPES) ................................................................. 44

E se estivéssemos em palimpsesto de putas? A prostituição pelas lentes e letras de


trabalhadoras sexuais ......................................................................................................... 44
Julia Luiza Bento Pereira (UFJF/IFMG) ............................................................................ 44

SIMPÓSIO 4 - GENOCÍDIO NEGRO NA LITERATURA: UM OLHAR DA


EPISTEMOLOGIA.................................................................................................................... 46
COORDENADORES: ......................................................................................................... 46
Dejair Dionísio (UNICENTRO) .......................................................................................... 46
Karla Daniel Martins de Souza Albuquerque (Doutoranda PPGL/UNIOESTE) ....... 46
Wagner de Souza (UNIOESTE) .......................................................................................... 46

Tenda dos milagres: alto e baixo, preto e branco, rico e pobre, direita e esquerda 46
Thiago Waldeyr Faria da Silva – (UNIOESTE) ................................................................ 46
Wagner de Souza (Docente UNIOESTE - NuECP/PPGL) ............................................. 46

A caneta é de quem: questões de samba e racialização ................................................ 47


Adenilson de Barros de Albuquerque (IFPR) .................................................................. 47
Karla Daniel Martins de Souza Albuquerque (Doutoranda PPGL/UNIOESTE) ....... 47

Luta de classes, colonialidade do poder e genocídio negro em Para Todos os Tipos


de Vermes ............................................................................................................................. 47
Meicielen Moises de Souza (Mestranda PPGL/UNIOESTE)......................................... 47

Senzala & casa grande ........................................................................................................ 48


Wagner de Souza (UNIOESTE - NuECP/PPGL) ............................................................ 48

A objetificação da mulher negra em Clara dos Anjos: a relação de Clara e Cassi


interpretada por uma perspectiva decolonial ................................................................ 48
Karolina de Abreu (Mestranda PPGL/UNIOESTE - Campus Cascavel) ...................... 48

xi
SIMPÓSIO 5 - LITERATURA E ARTE NO BRASIL CONTEMPORÂNEO: O
TESTEMUNHO E AS HERANÇAS DA DITADURA ......................................................... 50
COORDENADORAS: ........................................................................................................ 50
Mariane Tavares (UFES)...................................................................................................... 50
Gabriele Borges (Unesp) ...................................................................................................... 50

Um corpo em construção: o vazio da memória .............................................................. 50


Josiele Kaminski Corso Ozelame (UNIOESTE Campus Foz do Iguaçu) ....................... 50

Memórias e traumas: O testemunho da ditadura civil-militar na obra “Ainda estou


aqui”, de Marcelo Rubens Paiva ...................................................................................... 51
Luis Henrique Dias de Sousa (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará –
UNIFESSPA) ......................................................................................................................... 51
Abilio Pacheco de Souza (Orientador. UNIFESSPA) ...................................................... 51

Memórias da Torre das donzelas: uma história das mulheres na ditadura civil-
militar brasileira .................................................................................................................. 51
Meire Oliveira Silva (UNIOESTE - Campus Cascavel) .................................................... 51

Terra para quem nela trabalha .......................................................................................... 52


Luiz Renato de Souza Pinto (Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Mato
Grosso - IFMT) ...................................................................................................................... 52

A Resistência de Julián Fuks: autoficção como ferramenta de militância literária . 53


Luzimara de Souza Cordeiro (Instituto Federal do Espírito Santo – IFES).................. 53

Vozes silenciadas do Araguaia: o desaparecido em Antes do passado: o silêncio


que vem do Araguaia (2012), de Liniane Haag Brum ................................................... 53
Renata Rocha Ribeiro (UFG – Goiás) ................................................................................. 53

Literatura, jornalismo e testemunho nos anos 70 .......................................................... 54


Sueli Funari (UNICAMP) .................................................................................................... 54

A estética da experiência fragmentada: narrativa e memória sobre a ditadura civil-


militar brasileira na antologia de contos Nos idos de março: a ditadura militar na
voz de 18 escritores, organizada por Luiz Ruffato ......................................................... 55
Johny Paiva Freitas (UFC - Ceará) ..................................................................................... 55

SIMPÓSIO 7 – LETRAS FEMINISTAS – A PRODUÇÃO LITERÁRIA DE AUTORIA


FEMININA NA AMÉRICA LATINA, CARIBE E EUROPA ............................................. 56
COORDENADORAS: ........................................................................................................ 56
Adriana Aparecida de Figueiredo Fiuza (UEL/ UNIOESTE) ....................................... 56
Jacicarla Souza da Silva (UEL)............................................................................................ 56
Katia Aparecida da Silva Oliveira (UNIFAL) .................................................................. 56

Vozes de mulheres na literatura contemporânea brasileira ........................................ 56


Josélia de Fatima Tuschinski (PPGL/UFP)....................................................................... 56

Vozes femininas, vozes francófonas................................................................................ 57


Sarah Fernandes (UFSC) ..................................................................................................... 57

xii
O Arquétipo Feminino na Obra La mujer de Cera, de Carmen Martín Gaite ......... 57
Beatriz Ferreira Soares (UNIFAL) ...................................................................................... 57
Katia Aparecida da Silva Oliveira (UNIFAL) .................................................................. 57

A tradução como instrumento para o resgate e a divulgação literária: La Dama


Joven, de Emilia Pardo Bazán ............................................................................................ 58
Bruna Cardoso de Oliveira (UNIFAL) .............................................................................. 58
Kátia Aparecida da Silva Oliveira (UNIFAL) .................................................................. 58

As mulheres de Samanta Schweblin: visões acerca do feminino na obra Pássaros


na Boca................................................................................................................................... 59
Marina Daga (UNIOESTE - Campus Cascavel) ................................................................ 59
Maricélia Nunes dos Santos (Orientadora PPGL/UNIOESTE - NuECP/PPGL) ....... 59

Eva Perón: uma análise dos discursos políticos ............................................................ 59


Karolyne Schafer Marcondes (Mestranda/PPGL/UNIOESTE) .................................... 59
Paulo Cesar Fachin (Orientador PPGL/UNIOESTE/FAG/-NuECP/PPGL) ............. 59

A maternidade e as obrigações femininas em A Filha Perdida (2016), de Elena


Ferrante, e A Ilha de Arturo (1957), de Elsa Morante .................................................... 60
Julia Melare Franzini (UNESP)........................................................................................... 60
Kátia Rodrigues Mello Miranda (UNESP) ........................................................................ 60

A autobiografia da minha mãe e a construção de uma personagem em ascensão:


Xuela Claudette Richardson e o revide ........................................................................... 61
Rafael Francisco Neves de Souza (Doutorando - PPGL/UNIOESTE) ......................... 61
Lourdes Kaminski Alves (PPGL/UNIOESTE - NuECP/PPGL) ................................... 61
Leoné Astride Barzotto (PPGL/UFGD) ............................................................................ 61

Do voo ao salto: resistência e velhice na obra de Maria Valéria Rezende................ 61


Adriana Aleixo Neto (Doutoranda em Estudos de Linguagens Centro Federal de
Educação Tecnológica de Minas Gerais - CEFET-MG) ................................................... 61

Uma análise comparativa entre As formigas, de Lygia Fagundes Telles, e The wives
of bath (1993), de Susan Swan ........................................................................................... 62
Lis Doreto Romero (UEL).................................................................................................... 62

Estudo e Mapeamento da Produção Literária Feminina Afro-Brasileira


Contemporânea .................................................................................................................... 62
Nicole Fernandes Silva (UEL)............................................................................................. 62

De Lucíola a Lucy: Ressignificações da sexualidade em Tudo é rio, de Carla


Madeira ................................................................................................................................. 63
Eloisa Buzelatto (UNIOESTE - Campus Cascavel) ........................................................... 63

Os fios da mitologia amazônica na tecitura de Mulheres empilhadas ..................... 63


Paula Grinko Pezzini (UNIOESTE - Campus Cascavel) .................................................. 63

Memória e resistência na escritura de Leal e Aldecoa .................................................. 64


Leticia Zago de Oliveira (Mestranda PPGL/UNIOESTE) .............................................. 64
Pedro Leites Junior (Orientador - PPGL/UNIOESTE/IFPR - NuECP/PPGL) ........... 64

xiii
Joias de família, de Zulmira Ribeiro Tavares: a potência dos recursos cômicos na
construção do romance ....................................................................................................... 65
Lucas Daniel Rocha Alves (UNIOESTE) ........................................................................... 65
Maricélia Nunes dos Santos (PPGL/UNIOESTE - NuECP/PPGL).............................. 65

Individualidade feminina em Mrs. Dalloway: entre Clarissa e Virginia ................. 65


Dhandara Capitani (UNIOESTE – Campus Cascavel) ..................................................... 65
Julia de Oliveira Ferrari (UNIOESTE - Campus Cascavel) .............................................. 65

Corpos gordos: reflexões sobre mulheres gordas nos contos Inmensamente Eunice
(2005) e A solução (1999) ..................................................................................................... 66
Andreia Piechontcoski Uribe Opazo (UNIOESTE) ......................................................... 66
Crislaine Alessandra de Lima Scher (UNIOESTE) .......................................................... 66
Paula Maria Lucietto Dylbas dos Santos (UNIOESTE) ................................................... 66

Pança de Burro: um vulcão dentro e fora do corpo ....................................................... 67


Neila da Silva de Souza (UnB)............................................................................................ 67

As experiências femininas em campos de concentração de nazistas comparadas as


experiências masculinas segundo o testemunho de Català......................................... 67
Yasmin Duca (UNIFAL) ...................................................................................................... 67
Kátia Oliveira (UNIFAL) ..................................................................................................... 67

A deusa que me rege: Uma análise do arquétipo de Atena em Teresa D’ Ávila .... 68
Gilbéria Felipe Alves Diniz (UFPB) ................................................................................... 68

SIMPÓSIO 8 – A PERIFERIA EM CIRCUITOS E A REVIRAVOLTA CRÍTICA DE


OUTROS MUNDOS................................................................................................................. 69
COORDENADORES: ......................................................................................................... 69
Josué Ferreira de Oliveira (pesquisador do NuECP/PPGL).......................................... 69
Izabela Fernandes de Souza (Doutoranda/PPGL/UNIOESTE/ Bolsista/CAPES) ... 69
Marcelo Rodrigues (Doutorando PPGL/UNIOESTE) .................................................... 69
Alai Garcia Diniz (PPGL/UNIOESTE) ............................................................................. 69

A metáfora da estrela em Tudo nela brilha e queima de Ryane Leão ......................... 69


Atena Suiane Peter (UFFS) .................................................................................................. 69
Ana Carolina Teixeira Pinto (UFFS) .................................................................................. 69

A construção de memórias identitárias no conto: O ovo de balcão e a sacanagem, de


Luiz Simas ............................................................................................................................ 70
Alessandra Daniele Paiva Vieira (UNIOESTE) ................................................................ 70

Narrativas de violência: a construção de personagens femininas em El viento que


arrasa e No es un río, de Selva Almada ........................................................................... 70
Amanda Dezan Barbosa (UFFS) ......................................................................................... 70
Ana Carolina Teixeira Pinto (UFFS) .................................................................................. 70

Literatura sem terra: poesia como representação e transformação da realidade ..... 71


Rejane Severo Martins (UNIOESTE) ................................................................................. 71

xiv
A poesia marginal de Nívea Sabino na obra Interiorana ............................................ 72
Neilde Silva de França Bois (Mestranda/PPGL/UNIOESTE) ...................................... 72

Desobediente, marginal e periférico: o portunhol selvagem e a emergência de uma


crítica outra ........................................................................................................................... 72
Josué Ferreira de Oliveira Júnior (NuECP/PPGL- UNIOESTE) ................................... 72

Ajeun em perspectiva literária: caminhos decoloniais e confluências de Asé ........ 73


Izabela Fernandez de Souza (Doutoranda/PPGL/UNIOESTE) ................................... 73

Ocupando a oficina Kartonera com o ritual de uma poética sudaca: o lúdico; a


liminaridade e o afeto ......................................................................................................... 73
Alai Garcia Diniz (PPGL/UNIOESTE) ............................................................................. 73

De Boal a Dubatti, uma breve passagem sobre a teatralidade Cidadã do ERRO .... 74
Marcelo Rodrigues (Doutorando/PPGL/UNIOESTE) .................................................. 74

Discurso mítico contra espanhóis na ditadura Vargas: o caso dos Mas Herrera, três
presos e um expulso e morto na Guerra Civil Espanhola............................................ 75
Solange Sólon Borges (USP) ................................................................................................ 75

Arte, educación y resistencias. el mural como elemento reivindicativo de memoria


y la história de las mujeres militantes del MST ............................................................ 75
Nataly Mora Rios (UNILA)................................................................................................. 75
Ana Rita Ulhe (UNILA) ....................................................................................................... 75

Ficção, história e memória na obra folclorística de Câmara Cascudo e sua


atualidade no folclore brasileiro ...................................................................................... 76
Cláudio Antônio da Silva (USP) ......................................................................................... 76

Imaginário ameríndio: as raízes ancestrais da autonomia x sociedade heteronomia


................................................................................................................................................. 77
Valdirene aparecida Cotta (Doutoranda PPGL/UNIOESTE) ....................................... 77
Rosely Sobral Gimenez Polvini (Doutoranda/PPGL/UNIOESTE) .............................. 77
Franciele Lucia Libardi (Doutoranda/PPGL/UNIOESTE) ........................................... 77

SIMPÓSIO 9 - NARRATIVAS DE DESCONSTRUÇÃO E DE RESISTÊNCIA:


MEMÓRIA, ALTERIDADE E ESCRITAS DO EU E DO OUTRO ..................................... 78
COORDENADORES: ......................................................................................................... 78
Paulo Cesar Fachin (UNIOESTE/FAG) ............................................................................ 78
Suzana Ceccato Casagrande (Doutoranda/PPGL/UNIOESTE/FAG) ........................ 78

Literatura mapuche: ancestralidade e sabedoria popular nas universidades latino-


americanas ............................................................................................................................ 78
Patricia Virginia Cuevas Estivil Pós-Doctoranda (PPGL/UNIOESTE)........................ 78

Narrativas maternas na literatura contemporânea: os impactos da pandemia no


sucesso da adaptação tardia de A filha perdida.............................................................. 79
Patrícia Librenz (UFPR) ....................................................................................................... 79

Estética e poética no epistolário de Italo Calvino ......................................................... 79

xv
Alessandra Camila Santi Guarda (Doutoranda - PPG/UNIOESTE – Bolsista CAPES)
................................................................................................................................................. 79
Lourdes Kaminski Alves (Orientadora - PPGL/UNIOESTE) ....................................... 79

Luculus Brasilis e a catástrofe silenciada de um processo civilizatório .................... 80


Allan Valenza da Silveira (UFPR) ...................................................................................... 80

A literatura infantojuvenil indígena de Yaguarê Yamã ............................................... 81


Alex Viana Pereira (UFPR).................................................................................................. 81

Valorização da língua e identidade por meio das variações linguísticas presentes


na literatura marginal ......................................................................................................... 81
Cassiê Kaczuk Refosco Menegas (UNIOESTE) ................................................................. 81
Pamera Francieli Corrêa Pereira (UNIOESTE) ................................................................. 81

Corpos ausentes e viagem ao vazio na poética de Perla de la Rosa ........................... 82


José Ramón Castillo F. (Doutorando - PPG Sociedade, Cultura e Fronteiras/
UNIOESTE- Campus de Foz do Iguaçu) ............................................................................ 82

Autorretratos e escritas de si: aproximações poéticas entre Tarsila do Amaral e


Frida Kahlo ........................................................................................................................... 83
Nelci Batista dos Santos (Mestranda – PPGL/UNIOESTE) ........................................... 83
Lourdes Kaminski Alves (Orientadora - PPGL/UNIOESTE) ....................................... 83

SIMPÓSIO 10 – HISTÓRIA E COMUNICAÇÃO A PARTIR DA INTERAÇÃO ENTRE


OS SUJEITOS ENVOLVIDOS NO TEXTO ........................................................................... 84
COORDENADORES: ......................................................................................................... 84
Airton Pott (UFP).................................................................................................................. 84
Ivânia Campigotto Aquino (UFP) ...................................................................................... 84

A literatura fantástica em “O gato preto”, de Edgar Allan Poe .................................. 84


Gabriele Pedon Silva (UPF) ................................................................................................ 84
Lucas Wenning do Nascimento (UPF) .............................................................................. 84
Ivânia Campigotto Aquino (Orientadora. PPGL/UPF).................................................. 84

Bruxaria, gênero e narrativas: repensando a figura da bruxa no contexto do


Tribunal do Santo Ofício em Portugal ............................................................................ 85
Letícia Victória Alves Borba (UNIFESSPA) ...................................................................... 85
Marcus Vinicius Reis (UNIFESSPA) .................................................................................. 85

Pablo Neruda e a Guerra Civil Espanhola: quando a literatura, a história e a


memória se entrecruzam .................................................................................................... 85
Valéria Daiane Soares Rodrigues (UFU) ........................................................................... 85
De(re)cepção do patrimônio filosófico brasileiro ......................................................... 86
Rudião Rafael Wisniewski (IFFar-PB) ............................................................................... 86

A Representação da Mulher Em Torto Arado (2019), de Itamar Vieira Junior e A


Confissão Da Leoa (2012), de Mia Couto......................................................................... 86
Airton Pott (UPF) Ivânia Campigotto Aquino (UPF) ..................................................... 86
Milena Taliza Cazzonato (UPF) ......................................................................................... 86

xvi
Uma rosa desfolhada: a guerra em A rosa do povo ....................................................... 87
Edemilson Antonio Brambilla (UPF) ................................................................................. 87
Tiago Miguel Stieven (UPF) ................................................................................................ 87

"Queimar livros?" – análise das marcas intertextuais de Dom Quixote de La


Mancha em Fahrenheit 451 ................................................................................................. 88
Amanda Alves (UPF) ........................................................................................................... 88
Gilmar de Azevedo (UPF) ................................................................................................... 88

Uma proposta de sequência expansiva de leitura entre as obras O cortiço e Úrsula


................................................................................................................................................. 88
Aline Venturini (UPF) .......................................................................................................... 88

O fantástico na obra Incidente em Antares...................................................................... 89


Loreci Alves Marins (UPF) .................................................................................................. 89

O Feminino no Romantismo Francês .............................................................................. 89


Alice Nicolodi da Silva (UPF) ............................................................................................. 89
Ivânia Campigotto Aquino (UPF) ...................................................................................... 89

SIMPÓSIO 11 - DISCURSO: MOVIMENTOS DE SUJEITOS E SENTIDOS..................... 91


COORDENADORES: ......................................................................................................... 91
Alexandre Sebastião Ferrari Soares (PPGL/UNIOESTE) ............................................... 91
Dantielli Assumpção Garcia (PPGL/UNIOESTE)........................................................... 91

“Uma ocupação menos dolorosa”: os efeitos de sentido sobre a mulher política na


Mídia NINJA ........................................................................................................................ 91
Agnes Oliveira Krieger (Mestranda PPGL/UNIOESTE) ............................................... 91
Alexandre Sebastião Ferrari Soares (PPGL/UNIOESTE) ............................................... 91

O cabelo “ruim” e seus efeitos de sentidos: o uso do cabelo natural crespo e suas
implicações ........................................................................................................................... 92
Camila Ramos de Paula (Doutoranda PPGL/UNIOESTE)............................................ 92

Igreja e a Manipulação dos Corpos Femininos ............................................................. 92


Aline Fatima Moi (Mestranda PPGL/UNIOESTE) ......................................................... 92

A luta pela ocupação dos espaços: as regularidades sobre o /do sujeito LGBTQIA+
no jornalismo esportivo ..................................................................................................... 93
Odair Jose da Cunha (Mestrando PPGL/UNIOESTE) ................................................... 93
Alexandre Sebastião Ferrari Soares (PPGL/UNIOESTE) ............................................... 93

Imagem e Filosofia: representação de mulheres negras .............................................. 94


Karla D. Martins de Souza Albuquerque (Doutoranda PPGL/UNIOESTE)............... 94
Anna Deyse Rafaela Peinhopf (Doutoranda PPGL/UNIOESTE) ................................. 94
Dantielli Assumpção Garcia (PPGL/UNIOESTE)........................................................... 94

“Como assim os homens estão em silêncio”? ................................................................ 94


Guilherme Medeiros (UNICAMP)..................................................................................... 94

O discurso sobre o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello ........ 95

xvii
Alexandre Sebastião Ferrari Soares. (PPGL/UNIOESTE) .............................................. 95
Ivan Cordeiro dos Santos (Mestrando PPGL/UNIOESTE) ........................................... 95

A entropia do Discurso: uma introdução ........................................................................ 95


Rafael Ricardo de Oliveira (UNICENTRO) ...................................................................... 95

Um silêncio que não cabe na paisagem: efeitos de uma língua em movimento ....... 96
Dantielli Assumpção Garcia (PPGL/UNIOESTE)........................................................... 96
Vitória Delpino de Castro (Mestranda PPGL/UNIOESTE) ........................................... 96

O corpo da mãe substituta no lugar do (in)visível e (in)dizível ................................. 97


Thailline Dullius (Mestranda PPGL/UNIOESTE) .......................................................... 97
Célia Bassuma Fernandes (PPGL/UNICENTRO/UNIOESTE) .................................... 97

SIMPÓSIO 12 - QUESTÕES DO TEXTO E DISCURSO: ASPECTOS TEÓRICOS,


ANÁLISE DE CORPUS E PROPOSIÇÕES DIDÁTICAS.................................................... 98
COORDENADORAS: ........................................................................................................ 98
Alcione Tereza Corbari (PPGL/UNIOESTE) ................................................................... 98
Mirieli Ferraça (UFPR) ......................................................................................................... 98

Atitudes linguísticas de falantes brasileiros na localidade de Capanema-PR: o falar


diferente na fronteira .......................................................................................................... 98
Solange Goretti Moreira Pizzatto (Doutoranda PPGL/UNIOESTE) ............................ 98
Lohana Larissa Mariano Civiero (Doutoranda PPGL/UNIOESTE) ............................. 98
Renan Fabrício Lorenzatto da Silva (Doutorando PPGL/UNIOESTE) ........................ 98
Aparecida Feola Sella (PPGL/UNIOESTE) ...................................................................... 98

Formas de modalização em falas sobre a Revolta dos Posseiros (1957) .................... 98


Leandra Francischett (Doutoranda PPGL/UNIOESTE) ................................................. 98
Aparecida Feola Sella (PPGL/UNIOESTE) ...................................................................... 98

Ethos e pathos: uma análise a partir de modalizadores em um texto do gênero


manifesto............................................................................................................................... 99
Andréia Aparecida Colares (Mestranda PPGL/UNIOESTE) ........................................ 99
Nathalia Fagundes Rohde (Mestranda PPGL/UNIOESTE) .......................................... 99
Aparecida Feola Sella (PPGL/UNIOESTE) ...................................................................... 99

Proposta de leitura intertextual do conto “Os três porquinhos” no Ensino


Fundamental I .................................................................................................................... 100
Ana Paula Fernandes Massuia (ProfLetras/UNIOESTE)............................................. 100
Clarice Cristina Corbari (ProfLetras/PPGL/UNIOESTE) ........................................... 100

Registros gráficos do alçamento vocálico em produções escritas de alunos em


processo de alfabetização ................................................................................................. 100
Viviani Dias Barradas de Souza (ProfLetras/UNIOESTE) .......................................... 100
Sanimar Busse (ProfLetras/PPGL/UNIOESTE) ........................................................... 100

Dificuldades de leitura e escrita no Ensino Fundamental II: uma proposta de


intervenção por meio de atividade de Extensão e Estágio Supervisionado ........... 101
Alcione Tereza Corbari (PPGL/UNIOESTE) ................................................................. 101

xviii
Insensibilidade humana em contos: encaminhamentos de leitura e interpretação
para o nono ano do Ensino Fundamental ..................................................................... 102
Sidnei Luiz Flach (Mestrando ProfLetras/UNIOESTE) ............................................... 102
Valdeci Batista de Melo Oliveira (ProfLetras/PPGL/UNIOESTE) ............................ 102

SIMPÓSIO 13 - INTERMIDIALIDADE, INTERARTES E AS REPRESENTAÇÕES


IMAGÉTICAS CONTEMPORÂNEAS: IMAGINANDO (IM)POSSÍVEIS ..................... 103
COORDENADORES: ....................................................................................................... 103
Acir Dias da Silva (PPGL/UNIOESTE) .......................................................................... 103
Robert Thomas Georg Wurmli (Doutorando PPGL/UNIOESTE) .............................. 103
Luiz Carlos Machado ......................................................................................................... 103
(Doutorando PPGL/UNIOESTE) .................................................................................... 103
Vanessa Luiza de Wallau (Doutoranda PPGL/UNIOESTE) ....................................... 103

Aspectos do Cyberpunk enquanto arte pós-moderna: da crítica ao capitalismo à


busca incessante pelo Outro ............................................................................................ 103
Robert Thomas Georg Wurmli (Doutorando/PPGL/UNIOESTE) ............................ 103

A viagem de Pedro (2022): história e memória intermidiáticas sob o ritmo das ondas
e da turbulência ................................................................................................................. 104
Stanis D. Lacowicz (Docente UNIOESTE - NuECP/PPGL)......................................... 104

Uma análise da tradução das legendas da obra filmíca A Lavoura Arcaica (2001)
Para Língua Inglesa: um estudo baseado em Corpus ................................................. 104
Jessica Tomimitsu Rodrigues (Doutoranda PPGL/UNIOESTE) ............................... 104

Poéticas brincantes: Intermidialidade e cultura popular na obra de Manuel


Messias ................................................................................................................................ 105
Luiz Carlos Machado (Doutorando PPGL/UNIOESTE).............................................. 105

Assonâncias temáticas entre Coraline (2002) e O cemitério (1983): o uncanny como


efeito de terror na literatura pós-moderna.................................................................... 106
Marcela Franklin Ferreira (Mestranda PPGL/UNIOESTE) ......................................... 106

Jogos ecfrásticos em Barry Lyndon, de Stanley Kubrick ........................................... 106


Vanessa Luiza de Wallau (Doutoranda PPGL/UNIOESTE) ....................................... 106

“Objetos Gráficos” de Mira Schendel – A Neblina da Imagem............................... 107


Vinícius Bardi Castilho (Mestrando PPGL/UEL) ......................................................... 107

Entre cores e telas: representações e (re)criações de van Gogh e sua obra no


contexto cinematográfico ................................................................................................. 108
Fabiana Maceno Domingos Pedrolo (Doutoranda PPGL/UNIOESTE)..................... 108

Desvendando o Jardim ..................................................................................................... 108


Naiani Borges Toledo (Doutoranda PPGL/UNIOESTE).............................................. 108

Arte indígena contemporânea: um colorido interior de Jaider Esbell .................... 109


Rosalina de Godoy Dias da Silva(Mestranda PPGL/UNIOESTE).............................. 109

O Silêncio e o Som no Paraíso Perdido da cantora e do baterista ............................ 109

xix
Wilma Nunes Rangel (Doutoranda PPGL/UNIOESTE) .............................................. 109

SIMPÓSIO 15 - POESIA BRASILEIRA: DAS ÚLTIMAS QUADRAS DO SÉCULO XX


ÀS PRIMEIRAS DÉCADAS DO XXI: VOZES & POÉTICAS ........................................... 111
COORDENADORES: ....................................................................................................... 111
Sandro Adriano da Silva (UNESPAR) ............................................................................ 111
Sandra Mara Stroparo (UFPR).......................................................................................... 111

“- E da Fala/Estilhaçada/Restasse/Um Arquipélago”: tradição, anacronismo e gênio


não original em quatro vozes da poesia brasileira contemporânea ......................... 111
Sandro Adriano da Silva (Docente UNESPAR/UFPR) ................................................ 111

Morte, solidão e lirismo: uma análise do poema “El laberinto de la soledad”, de


Eucanaã Ferraz ................................................................................................................... 112
Ayrton Senna Alves da Silva (UFRN) ............................................................................. 112

“O grande pinheiro, de Cézanne”: a expansão do olhar num poema ecfrástico de


Júlio Castañon Guimarães ............................................................................................... 112
Cleber da Silva Luz (UFPR) .............................................................................................. 112

“Sonetos de amor e sacanagem”, de Gregório Duvivier: permanência e vitalidade


da sátira ............................................................................................................................... 113
Pedro Melo (UNIOESTE) .................................................................................................. 113
Elis de Almeida Cardoso (UNIOESTE) ........................................................................... 113

Mosaicos da excripta da dor na Estética Laharsista de Luís Serguilha ................... 114


Luciana Abreu Jardim (Universidade Federal do Pampa) ........................................... 114

SIMPÓSIO 16 – LITERATURA SURDA, LIBRAS E A TRADUÇÃO E


INTERPRETAÇÃO ................................................................................................................ 115
COORDENADORAS: ...................................................................................................... 115
Carmen Elisabete de Oliveira (UFFS) .............................................................................. 115
Taísa Aparecida Carvalho Sales (UFG) ........................................................................... 115
Tânia Aparecida Martins (UNIOESTE) ........................................................................... 115

Literatura Surda: Contexto histórico e desafios na tradução poética do Português


para Libras .......................................................................................................................... 115
Edevaldo André Gabrielli (Docente SEED, Maringá) ................................................... 115
Tenile Isabel Machado Cassanelli (Docente – SEES Palmas) ....................................... 115

A disciplina de Libras nas licenciaturas, sua importância e contribuições para o


professor em formação ..................................................................................................... 116
Maria Clara de Castro Isaac (UFG) .................................................................................. 116
Alessandra Campos Lima (UFG) ..................................................................................... 116

Narrativa autobiográfica: O papel da Literatura Surda na aprendizagem da Libras


como segunda língua, uma perspectiva ouvinte ......................................................... 116
Raphaela Mazer Tagliapietra (UFG) ................................................................................ 116
Alessandra Campos Lima (UFG) ..................................................................................... 116
Taísa Aparecida Carvalho Sales (UFG) ........................................................................... 116

xx
Literatura Surda, acessibilidade cultural por meio do teatro.................................... 117
Carmen Elisabete de Oliveira (Doutoranda PPGL/UNIOESTE) ................................ 117

O uso de classificadores na Literatura Surda Infantil ................................................ 117


Samuel Ribeiro Felix (UNIOESTE) .................................................................................. 117

xxi
RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES NOS SIMPÓSIOS

SIMPÓSIO 1 – AS ESCRITAS DE SI, AS PASSAGENS: UMA


TESSITURA DA PRÓPRIA VIDA DO EU

HÍBRIDO

COORDENADORAS:
Neluana Leuz de Oliveira Ferragini (UNESPAR- Campus Apucarana)
Stela Maris da Silva (UNESPAR- Campus Curitiba II
Zeloi Aparecida Martins (UNESPAR- Campus Curitiba II

Cinema e memória: a escrita fílmica a partir da obra A vida invisível (2019) do


diretor Karim Aïnouz

Zeloi Aparecida Martins (UNESPAR - Campus Curitiba II)

Resumo: A proposta do artigo tem como objetivo analisar a “escrita de si” a partir
da obra fílmica, A vida invisível (2019), do diretor Karim Aïnouz, o filme faz uma
passagem da obra literária A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, de Martha Batalha.
O objeto de estudo são “cartas”, tendo como pressuposto que podem ser
consideradas fontes do texto histórico, literário, ficcional. Permitem acessar
experiências compartilhadas do universo dos afetos, emoções, ideias,
experiências do vivido, constituindo janela para o desvendamento do universo
privado e público. As cartas como um elemento de conexão da invisibilidade das
personagens Eurides e Guida. Quando o espectador vai ao encontro com as
imagens do filme há um desvendar de imagens arquivadas na sua memória, e
por vezes tais imagens e memórias provocam o pensamento para percepção de
que a estética da obra fílmica, configure elementos para que “as cartas – escrita
de si” sejam esse fio condutor da memória das personagens. A fundamentação
teórico metodológico em: Robert A. Rosenstone, Jacques Le Goff, Deleuze,
Walnice Galvão, Nádia Gotlib.
Palavras-chave: Escrita de Si; Visibilidades e Invisibilidades; Cinema; História;
Memória.

Escrita de si: “a arte de si” como estética da existência

Stela Maris da Silva (UNESPAR - Campus Curitiba II)

Resumo: Com o desafio da proposta do simpósio “A escrita de si e as estéticas


contemporâneas” esse texto situa-se no campo das possibilidades de reflexão da

22
arte e da filosofia. Foucault pergunta sobre a nossa atualidade: “O que é a nossa
atualidade? “Qual é o campo atual de experiências possíveis? Assim, a escrita de
si como um modo de constituição da subjetividade foi temática que Michel
Foucault situou na série de estudos sobre “as artes de si mesmo”. Com base no
texto A Escrita de Si, escrito por ele em 1983, pretendo mostrar a noção de estética
da existência e o domínio de si e dos outros na cultura greco-romana, destacando
as noções de askêsis e de hupomnêmata, e de parresía. O pressuposto para esse
estudo é o discurso da parresía, aquele situado no sujeito e nos efeitos produzidos
no seu interlocutor. Há um movimento que convoca para pensar e agir a fim de
reelaborar as relações entre o sujeito e a verdade. Para Foucault a parresía abre
para um risco indeterminado, ou seja, ela não tem um efeito codificado. Risco
esse que acorre, por exemplo, na arte moderna, como condição de possibilidade
do cuidado de si, na verdade do artista, da obra, e do espectador uma ontologia
do sujeito na experiência ético-estética, que se configura como estética da
existência.
Palavras-chave: Escrita de si; Foucault; Parresía; Estética da Existência.

A entonação valorativa na escrita autobiográfica sobre a Síndrome de Down

Neluana Leuz de Oliveira Ferragini (UNESPAR – Campus Apucarana)

Resumo: A questão do valor é de extrema relevância nos estudos da linguagem


de perspectiva bakthiniana, uma vez que revela as avaliações sociais dos
interlocutores que participam da interação discursiva, atribuindo valores sociais
à materialidade linguística da palavra. Na escrita se si, o enunciador revela por
meio de suas escolhas expressivas e entonativas a forma como valora a si e o
mundo a sua volta. Nesta perspectiva, a presente proposta, a partir do arcabouço
teórico do Círculo de Bakhhtin e de seus caudatários, discute como a entonação
valorativa, elemento do dialogismo, apresenta-se e constitui-se numa escrita
autobiográfica. Para tanto, traz como corpus de análise o Grafic Novel
autobiográfico “Não era você que eu esperava”, de Fabien Toulmé, obra que
conta a trajetória do autor como pai de uma criança trissômica, doença
popularmente conhecida como Síndrome de Down. Trata-se de um estudo
qualitativo-interpretativo ancorado nos preceitos da perspectiva dialógica do
discurso. Ao longo da análise, evidencia-se como a entonação valorativa se
manifesta em recursos escritos, corroborada por elementos multissemióticos do
gênero. A reflexão também elucida a transformação de um discurso pautado sob
uma entonação valorativa preconceituosa da doença expressa na escrita de si que,
paulatinamente, vai dando lugar a uma entonação valorativa mais afetuosa e
compreensiva.
Palavras-chave: Dialogismo; Entonação valorativa; Grafic Novel autobiográfico.

23
Lavoura Arcaica: silêncios e silenciamentos do eu

Luzia Aparecida Berloffa Tofalini (PPGL/UEM)

Resumo: Esse trabalho empreende uma reflexão acerca de incidências de


silêncios e de silenciamentos em obras que pertencem a duas formas artísticas, a
saber, a literatura e o cinema. Os objetivos fulcrais dessa investigação consistem
em detectar e comparar ocorrências relacionadas ao silêncio e suas possibilidades
de sentido no texto artístico-literário de Lavoura arcaica (1975), de Raduam
Nassar, e no filme homônimo, escrito e dirigido por Luiz Fernando Carvalho, em
2001. Há uma profusão de construções de silêncio nas duas obras à espera de
leitores ideais que possam atribuir sentidos a elas. Os silêncios são elementos
essenciais de qualquer linguagem e, assim como as palavras, eles são passíveis
de investigação estética. Enquanto não se perscrutarem as dimensões, os sentidos
dos silêncios e suas implicações, a ótica que se tem do ser humano continuará a
ser superficial e incompleta. Quando se busca desvendar os segredos que
envolvem o sujeito, deve-se atentar para o fato de que a escrita do eu não se dá
apenas por intermédio de palavras, mas principalmente pela atuação dos
silêncios. As reflexões encontram-se ancoradas nos estudos relacionados ao tema
do silêncio de Eni Orlandi (2007), David Le Breton (1999), Santiago Kovadloff
(2003), entre outros. Aspira-se a contribuir com o debate acerca das formas de
silêncio construídas na literatura e no cinema.
Palavras-chave: Silêncios; Literatura; Cinema; Lavoura Arcaica.

Estudo da obra fílmica O Caso dos Irmãos Naves: a metáfora e a memória no


cinema

João Diego Leite (UNESPAR - Campus Curitiba II)


Zeloi Aparecida Martins (UNESPAR - Campus Curitiba II)

Resumo: A proposta do artigo é estudar os personagens históricos


frequentemente tomados como inspirações para produções cinematográficas.
Para o estudo, a obra fílmica selecionada foi, "O Caso dos Irmãos Naves
(Person,1967)". Essas produções são chamadas de cinebiografias, pois partem da
concepção de um cineasta que (re)constrói a trajetória de um “indivíduo”,
tornando-o conhecido para milhares de espectadores via a linguagem fílmica.
Esses espectadores, na sala escura do cinema, compartilham emoções e
sentimentos vividos pelos personagens que representam a história de vida de
homens, mulheres, artistas, políticos, soldados, ou até pessoas anônimas. O
cinema comoarte é o espaço no qual é possível restituir e reencontrar o jogo dos
discursos e observar aconstituição do indivíduo. Considerando o diálogo entre
história, memória e arte, na obra fílmica, partimos da questão como uma obra
sobre a ditadura Vargas, realizada durante os primeiros anos do regime militar,
transforma a história de personagens anônimos em uma metáfora, um mito,

24
sobre a tortura, autoritarismo e a luta por justiça. Também buscamos indagar
sobre a fronteira, na qual se encontra a cinebiografia, exibida durante a ditadura
ou atualmente, produz uma mensagem transcendente. Retrata um caso de
injustiça, mas apresenta uma crítica a outros aspectos de nossa sociedade e nossa
história. Nossa fundamentação teórica parte da análise da Criação de Bergala
(2008), do Mito Cinematográfico de Bazin (2014) Cinebiografia de Rosenstone
(2010) e da Contra Análise da História de Ferro (2012) para investigar como o
cinema conta a história das vidas de personagens, históricos ou anônimos.
Palavras-chave: Cinebiografia; História de vida; História; Memória; Arte.

Travessia de mim, encontros pessoais em O Grande Sertão: veredas

Magna Rodrigues Silva Macêdo (UFT)

Resumo: O objetivo deste artigo é apresentar uma observação realizada a partir


da leitura de Grande Sertão: veredas de João Guimarães Rosa (2006), realizada no
decorrer da disciplina “Linguagem e Poesia em Performance – Performances
Culturais na Literatura de Guimarães Rosa” do Programa de Pós- Graduação
em Performances Culturais da Universidade Federal do Goiás (UFG) e relatos
cotidianosda autora, buscando um entrelaçamento que percorra o texto literário,
o cotidiano e as teorias de Paul Zunthor (1993), Diana Taylor (2013) e Paul
Ricoeur (1996), relacionadas ao conceito de performance. O texto produzido
como resultado deste experimento é fruto de uma releitura e da construção de
um diário de leitura, buscando tal entrelaçamento, que se realiza em meio a
expressõesde memória e emoção transformadas em palavras. Para isso foram
selecionados textos que buscam representar a relação entre cotidiano, leitura e
teorias, e os efeitos deste experimento que atravessa as páginas dos textos e
alcançam a vida. Dessa forma, o texto busca a valorização da memória, daquela
construída por meio da leitura do texto literário e da que se fez presente no
momento da escrita, para que seja recriada a cada leitura, memória coletiva e
individual, memória viva que é a grande criadora dos seres humanos.
Palavras-chave: Performance; Cotidiano; Travessia; Entrelaçamento

Diário de um Sertão: fragmentos de uma leitura de Grande Sertão: Veredas e o


escrever de si

Danila Laiana da Silva Mello (UFG)

Resumo: Ao apresentar o exercício de escrita da disciplina “Linguagem e Poesia


em Performance – Performances Culturais na Literatura de Guimarães Rosa”,
do Programa de Pós-Graduação em Performances Culturais da Universidade
Federal do Goiás, UFG, é possível relacionar fragmentos do Diário de Leitura
com a leitura pessoal de Grande Sertão Veredas de Guimarães Rosa (2006) e de

25
outras referências teóricas no estudo realizado no segundo período do ano de
2022. Desse modo, em 2023, propõe incluir junto ao Diário de Leitura as
possíveis e novas percepções, memórias e imaginários da inclusão de mais
leituras realizadas. Assim, pretende-se dialogar com a literatura de autores e
autoras como Gaston Bachelard, Marguerite Duras, Paul Zumthor, Suely
Rolnik, Roberto Amaral, Vinciane Despret, Grada Kilomba, bem como tantas e
tantos, como possibilidade de encontro das múltiplas compreensões do ser por
meio do escrita Entende-se, por fim, que a escrita de si poderá encontrar
variações que acompanham a extensão própria do fazer de experimentar a
linguagem, forma de fruição literária capaz de exprimir subjetividades e
ressignificação.
Palavras-chave: Experiência; Performances Culturais, Escritas De Si.

O Outro no tempo, o Eu no texto: um estudo da subjetividade frente ao


discurso sobre o outro

Camille Liege Naves dos Santos Oliveira Pinto (UTFPR)


Evandro de Melo Catelão (UTFPR)

Resumo: Em vista da temática “As Escritas de Si, As Passagens: Uma Tessitura


da Própria Vida do Eu” busco encontrar particularidades dentro de um discurso
documentado do século XVII, cujo autor do texto relata suas experiencias dentro
do projeto de expedição colonial chamado França Equinocial. O livro de relatos
Continuação das Histórias Mais Memoráveis Acontecidas no Maranhão nos
Anos 1613 e 1614, retrata a passagem de Yves D’vreux, um religioso francês de
ordem capuchinha no Brasil. A ele é atribuído na memória atual, através do caso
do indígena Tibira do Maranhão, o primeiro registro da condenação de um
homossexual a morte na história do país. Ao me debruçar sobre a fonte, foi
possível explorar mais sobre o próprio autor e seu contexto do que o próprio caso
selecionado como objeto de estudo, encontrando os reflexos da colonialidade em
seu discurso e compreendendo o modo e a finalidade da produção de seus
relatos. Em um diálogo da História como área de estudo, da Antropologia como
referencial e Letras como apoio metodológico, é a partir da temática escritas de
si, que apresento, através do método de análise de discurso, uma discussão dos
aspectos subjetivos de Yves D’vreux dentro do contexto de colonização do século
XVII, frente a cultura indígena Tupinambá do norte do Brasil.
Palavras-chave: Escritas de si; Colonialidade; Análise de Discurso; Subjetividade.

26
Parece coisa de cinema: a escrita de si como uma atualização no modo de
pensar a loucura a partir do pensamento foucaultiano

Marcella A. Schiavo Trava (UNESPAR - Campus União da Vitória)


Stela Maris da Silva (UNESPAR - Campus Curitiba II)

Resumo: Considerando a proposta do Simpósio 1 – As Escritas de Si, As


Passagens: Uma Tessitura da Própria Vida do Eu, considerando o processo de
escrita da pesquisa do Mestrado Profissional em Filosofia, que tem como objeto
de estudo o filme brasileiro “Bicho de Sete Cabeça” e a fundamentação em Michel
Foucault, a proposta desse texto é uma oportunidade de escrever a partir de
experiências com situações, enquanto assistente social e, posteriormente,
enquanto professora de filosofia, que remeteram a inquietudes, questionamentos
e recusas. Isso se dá não só no campo profissional, mas na vida, no cotidiano.
Escrever é um testemunho, que de certa forma organiza e dá realidade à própria
existência. Tanto a experiência do protagonista do filme, como a minha são
narrativas que escrita de si, ou seja, tecem a vida do eu. Do filme, objeto de
estudo, à minha análise do mesmo, os estudos foram incessantemente, o refúgio,
na ânsia por respostas, por descobertas, por quietude. Os conceitos encontrados
em alguns textos obras de Michel Foucault contribuíram atualizar o modo de
pensar. As reflexões e as práticas passaram a ser de curiosidade e de inovações
nas experiências possíveis, o que resultou na experiência empírica no âmbito da
sala de aula. Neste sentido, o presente trabalho busca apresentar narrativas de
escritas de si, num fazer a vida do eu, no que tange as angústias e anseios
vivenciados a respeito da loucura, enquanto dispositivo de biopoder.
Palavras-chave: Loucura; Saber/Poder; Exclusão; Escrita de Si.

A vida do 'eu' em meio ao absurdo e à liberdade: uma análise comparativa de


Albert Camus e Jean-Paul Sartre

Marcos Balaban (UNESPAR - Campus União da Vitória)


Stela Maris da Silva (UNESPAR - Campus Curitiba II)

Resumo: A questão da vida e do vazio existencial são temas da filosofia


Existencialista, que assim como outras áreas do conhecimento tem se preocupado
com questão da vida. Ao que parece surge assim uma narrativa introspectiva,
pois é uma filosofia que pode nos colocar diante do desafio da lida com o “eu”.
Nessa perspectiva a pesquisa tem como referência as ideias de Camus, um
filósofo e escritor francês que nas suas obras apresenta elementos de grande
importância para se construir um enredo a respeito do ser humano e sua ligação
com seu próprio “eu”. A sua raiz filosófica está associada a ideia do absurdo, na
busca de significados para o viver. Juntamente com Camus, outra referência
importante é Sartre. Para ele o ser humano é essencialmente livre e responsável
nas suas escolhas e ações. Meu objeto de estudo é a filosofia de Camus através da

27
análise de sua obra “O Estrangeiro” que traz como protagonista Meursault,
personagem caracterizado com uma apatia emocional, a falta de sentido na vida.
Para dialogar com a filosofia de Sartre discuto a ideia de autoconsciência através
dos conceitos de angustia e desespero. Da relação Camus Sartre surge a questão
chave dessa pesquisa: Quem é o homem diante de suas angústias e qual é o
sentido da vida para si mesmo? Seria esse aquele que faz a escritura de si? A
resposta vem da possível relação entre os dois pensadores e colaboram para uma
compreensão mais intensa da complexidade do “eu”.
Palavras-chave: Escrita de si; Existencialismo; Camus; Sartre

A música nunca parou e o “ouvir” musicoterapeutas como escrita de si

Ana Maria de Barros (UNESPAR - Campus Curitiba II)

Resumo: O lugar de escrita pode expressar o vivido, as emoções de canções


ouvidas, lugar de poemas lidos, de filmes vistos, de conversas inesquecíveis, os
testemunhos de histórias, de estudos e pesquisas da vida docente. Expressa os
apontamentos de leituras realizadas, de hipóteses levantadas, de sistematizações
feitas. É com esse pressuposto que proponho para o “Simpósio 1– As Escritas de
Si, As Passagens: Uma Tessitura da Própria Vida do Eu” falar da minha pesquisa
sobre o ensaio “O último hippie” texto de Oliver Sacks, e a obra fílmica inspirada
nele, A música nunca parou, sob a direção de Jim Kohlberg. A questão da
pesquisa baseia-se na perspectiva de “tradução”, de uma obra na outra, como
passagem e presença, entendidos no esmaecer dos limites entre ensaio e obra
fílmica, destacando a visão de profissionais da área da Musicoterapia sobre o
filme. Tais visões são, na minha hipótese, escritas de si. Na pesquisa teórico-
prática fiz uma abordagem qualitativa com a opção do trabalho de campo para
“ouvir” musicoterapeutas. A ideia básica era que, no distanciamento da presença
do filme, das sensações provocadas pela poética desse, o sujeito pudesse
descrever livremente sobre as imagens que ficaram marcadas, com acesso
privilegiado às experiências e suas práticas, numa certa fusão entre o real e o
ficcional, o que caracteriza a escrita de si.
Palavras-chave: A música nunca parou; O último hippie; Musicoterapia; Escrita de
Si.

Escrita de Si e religião na era Constantiniana: A Apologia ao imperador


Constâncio de Atanásio de Alexandria

Iasmin Eduarda Cangirana (UNIOESTE - Campus Marechal Cândido Rondon)


Moisés Antiqueira (UNIOESTE - Campus Marechal Cândido Rondon)

Resumo: O proposito dessa pesquisa é o de analisar a “Apologia ao imperador


Constâncio”, elaborada por Atanásio de Alexandria por volta do ano de 356 d.C.

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Tal obra foi escrita no contexto de disputas políticas-religiosas entre cristãos
arianos e nicenos durante o governo de Constâncio II (337-361), adepto do
arianismo e caraterizado por adotar medidas que interferiam diretamente no
âmbito religioso. A “Apologia ao imperador Constâncio II” é um dos vários
textos escritos por Atanásio, bispo de Alexandria e ligado à ortodoxia nicena. A
pesquisa se volta para os elementos referentes a uma escrita de si mesmo que se
notam na fonte, na qual Atanásio busca expor para o imperador a sua
inculpabilidade e uma defesa de sua posição, já que se encontrava exilado. Para
isso, será explorada a questão da “escrita de si mesmo”, associada ao conceito de
identidade narrativa perante o contexto histórico em que esse bispo estava
inserido. Assim, pretendemos analisar a representação que Atanásio criou sobre
si mesmo em sua escritura, considerando as relações de poder que marcaram o
governo de Constâncio II.
Palavras-chave: Atanásio de Alexandria; Constâncio II; Disputas político-
religiosas; Império Romano.

Desvendando a linguagem cinematográfica na educação: práticas


pedagógicas e a Escrita de Si

Julya Gonçalves da Silva (UNESPAR - Campus Curitiba II)


Zeloi Aparecida Martins (UNESPAR - Campus Curitiba II)

Resumo: Neste estudo, abordamos a temática da escrita de si por meio da análise


das práticas pedagógicas de 12 professores que atuam nos anos finais do ensino
fundamental em escolas públicas estaduais de Ourinhos/SP. O enfoque da
pesquisa foi compreender a utilização do cinema em sala de aula e suas
implicações. Investigamos como os professores de diferentes disciplinas
abordam a linguagem cinematográfica, destacando sua relevância na introdução
do cinema na escola e os desafios associados. Através do contato com o cinema,
promovemos a escrita de si não apenas como expressão individual, mas também
como construção coletiva a partir das vivências ao assistir a um filme. Além disso,
salientamos a influência dos educadores no mundo cinematográfico dos alunos
e alunas. A escrita de si transcende a página escrita, fundindo-se à tela iluminada,
permitindo que os educadores propiciem aos seus estudantes experiências com
a alteridade a partir do contato com a linguagem do cinema. O referencial teórico
e metodológico baseou-se em autores como Alain Bergala (2008), Adriana
Fresquet (2013), Rosália Duarte (2002), Marcos Napolitano (2019), Paulo Freire
(1996) e Rosa Maria Fischer (2008).
Palavras-chave: Cinema; Educação; Professores; Alteridade; Arte.

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Subjetividades poéticas em relevo: processos de refiguração a partir de
Grande Sertão: Veredas

Raimundo Vagner Leite de Oliveira (Doutorando em Performances Culturais -


UFG- PPG/PC)

Resumo: O presente texto é um excerto eleito de uma das propostas


metodológicas da primeira oferta da disciplina “Linguagem e Poesia em
Performance – Performances Culturais na Literatura de Guimarães Rosa” do
Programa de Pós-Graduação em Performances Culturais da Universidade
Federal do Goiás, UFG, ministrada no segundo período de 2022. A referida
proposta é denominada de Diário de Leitura. Desse modo, este texto tem por
objetivo apresentar um experimento de referência subjetiva, urdido a partir dos
possíveis nexos entre linguagem, performance e literatura de gênero narrativo.
Tal experimento está fundamentado na leitura de Grande Sertão: veredas de
Guimarães Rosa (2006) observada basicamente à luz das seguintes correntes
teóricas, a saber: do arquivo e repertório, posto em relevo por Diana Taylor
(2013); da prefiguração, configuração refiguração, de Paul Ricoeur (1996); e das
multiplicidades da letra e da voz, em Paul Zumthor (1993). Todos esses textos, e
outros, nos ajudaram a pensar a escrita do Diário de Leitura. A refiguração,
considerado aqui pela recepção da obra, é o modo como transformamos a
experiência vivida. E esta experiência, costurada na linha do tempo,
humanamente falando, é uma dança que somos convidados a dançar ao
nascermos. Temos então o narrar-se, o fiar-se no fio da matéria da vida. Os
resultados mostram, nesta escrita de si, um atravessamento por veredas eleitas
(memórias) que levou a descobertas transformadoras (talvez a cura de um
trauma de infância); descobertas até então obscurecidas pelo véu nublado do
tempo.
Palavras-chave: Subjetividades Poéticas; Refiguração; Experiência; Escritas de Si;
Memória.

O processo criativo de Respiración artificial

Valdir Olivo Junior (UNICENTRO)

Resumo: Este trabalho objetiva o estudo do processo criativo do escritor


argentino Ricardo Piglia (1940-2017). Com a publicação dos três volumes de Los
diarios de Emilio Renzi, Piglia parece ter aprofundado ainda mais o projeto de
macedoniano do literário como reflexão de si mesmo e da indissociabilidade
entre literatura e vida. Como os diários de Piglia, os cadernos e manuscritos de
Macedonio Fernández (1874-1972) intercalavam fragmentos de romance, receitas
de cozinha, listas, reflexões filosóficas, etc. A publicação, coordenada por Piglia,
de partes selecionadas de seus diários, lançou luz sobre o laboratório criativo do
escritor. Além de servir como uma espécie de mapa cultural de sua geração, os

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três tomos de seus diários permitem vislumbrar e refletir sobre o processo de
construção de seus primeiros textos literários; entre as reflexões que os diários
proporcionam sobre o tema, destaco três: os comentários feitos sobre o processo
de criação de seus textos literários; as conexões e disputas de Piglia em relação
ao contexto literário argentino; e, por fim, a elaboração crítica de suas leituras
teóricas e literárias. Tal publicação, abriu novas perspectivas de leitura para toda
a produção de Piglia. É como se a “máquina polifacética” de Piglia encontrasse
por fim seu carro-chefe. Mais do que criar conexões entre suas publicações, seus
diários devem ser postulados como uma máquina de fazer narrativas. Dessa
forma, tomando como ponto de partida Los diarios de Emilio Renzi, busco pensar
o processo criativo do romance Respiración artificial (1980) tendo como referencial
teórico Philippe Willemart (1940), Daniel Balderston (1952), entre outros.
Palavras-chave: Crítica genética; Escritas do Eu; Literatura Argentina.

Os desafios do filosofar no ensino médio numa perspectiva metodológica:


práticas de aprendizagem musical e dialógica, com base numa possível
relação entre Wittgenstein e Freire

Tiago Willian da Rosa (UNESPAR - Campus União da Vitória)


Stela Maris da Silva (UNESPAR - Campus Curitiba II)

Resumo: A disciplina de filosofia tem sofrido mudanças no que se refere ao


tempo e conteúdo com uma diminuição de aulas semanais. Tal situação exige dos
professores uma adaptação ao processo de ensino e aprendizagem, mas, por
outro lado é essencial indagarmos sobre esses problemas e criar metodologias
que possam abranger um caminho inovador, sendo divisor de águas na
educação. Com a pesquisa pretendemos desenvolver uma metodologia para
resgatar nos estudantes a capacidade de filosofar e dialogar, sendo a linguagem
o elemento essencial, o que vem ao encontro com o poder da música. Desse modo,
a nossa investigação terá como ponto de partida a análise da relação entre as
teorias dos filósofos Ludwig Joseph Johann Wittgenstein e Paulo Freire. Em
suma, esses pensadores destacam em suas obras os princípios básicos para
podermos construir uma pedagogia da música e os jogos de linguagem em sala
de aula, visto que, a música como um processo construído na sociedade e
pertencente a realidade dos discentes é fundamental para atraí-los, e contribuir
para que uma escrita de si, e ao mesmo tempo fazer uma problematização dos
conteúdos propostos no Currículo Base do Ensino Médio do território
catarinense da área de Ciências Humanas referente ao componente da disciplina
de Filosofia.
Palavras-chave: Wittgenstein; Paulo Freire; Linguagem; Educação; Filosofar;
Pedagogia da música; Jogos de linguagem.

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A escrita fílmica a partir das obras “Janela da Alma” e “Um Filme de
Cinema” de Walter Carvalho

Lucas da Cunha Selau (UNESPAR - Campus Curitiba II)


Zeloi Ap. Martins (UNESPAR- Campus Curitiba II)

Resumo: A proposta do artigo tem como objetivo analisar a “escrita de si” a partir
das produções do diretor Walter Carvalho nas obras fílmicas “Um filme de
Cinema (2017)” e “Janela da Alma (2001)”. Carvalho convida diferentes
escritores, diretores e artistas para refletir sobre temas em comum, utilizando-se
da ferramenta de pesquisa, entrevistas costura as diversas concepções narradas
por eles. Os relatos percorrem histórias pessoais, memórias e reflexões filosóficas.
Em “Um filme de Cinema” o diretor convida Ruy Guerra, Júlio Bressane,
Lucrécia Martel, Bela Tarr, Ken Loach, Jia Zhang-ke, Karim Aïnouz, Andrzej
Wanda para refletirem sobre o “fazer cinema”. Já em “Janela da Alma”, Walter
Carvalho convida 19 pessoas com algum problema de visão, dentre elas, artistas
como Agnès Varda, José Saramago, Manoel de Barros, Eugene Bavcar, Wim
Wenders, entre outros para refletir a forma que enxergamos e a subjetividade
individual presente no olho de cada pessoa. A narrativa criada trata do sujeito da
pós-modernidade, exemplificado através dos diálogos entre os artistas. Como
um relato autobiográfico, de si e sobre si, Walter Carvalho nos leva às diferentes
formas de pensar, de enxergar e sentir, distanciando da linguagem canônica de
apenas uma narrativa verdadeira, aqui são várias, todas são “reais”. Conectando
História, Literatura e Cinema, utilizamos autores como fundamento teórico
Robert A. Rosenstone, Jacques Le Goff, Peter Burke, Stuart Hall, Michel Foucault,
Diana Klinger, Jacques Rancière e Walter Benjamin.
Palavras-chave: Escrita de Si; Walter Carvalho; História; Literatura; Cinema.

A Sagração da Primavera: uma análise das perspectivas de docilização e


resistência no segundo ato e em especial na cena de “Eleita”

Nara Corrêa Vargas (UNESPAR - Campus Curitiba II)


Renata Noyama (UNESPAR - Campus Curitiba II)

Resumo: Considerando o tema do Simpósio “As Escritas de Si, As Passagens:


Uma Tessitura da Própria Vida do Eu” propomos fazer uma análise de “Eleita”
na sua escritura de si, especialmente na atitude limite do “fora”. Esta pesquisa
tem como ponto de partida a obra artístico-coreográfica A Sagração da Primavera
do coreógrafo Nijinsky (1913), composta especialmente para a companhia Les
Ballets Russes de Serguei Diaghilev, remontada por Joffrey Ballet de 1987. A
análise crítica esta fundamentada em alguns conceitos tratados pelo filósofo
Michel Foucault nas obras Vigiar e Punir (2014) e a Microfísica do Poder (2021), no

32
que diz respeito às relações de poder por ele estudadas, a visão de corpos dóceis,
resistência, entre outros. O foco da investigação é a dança no segundo ato da obra,
e em específico sobre as figuras femininas que estão presentes e principalmente
sobre a figura de “Eleita”, as suas danças, e os seus corpos. Ali observa-se como
agem os dispositivos de poder, elementos que indicam a docilidade dos corpos
femininos naquela dança, e a resistência de “Eleita”. Resistir pode ser entendido
como uma narrativa, uma representação de si, afinal Foucault já argumentava
que a escrita de si constitui o próprio sujeito, constrói a noção de indivíduo. Nesse
caso “Eleita” ao resistir se constitui enquanto sujeito no cuidado de si.
Palavras-chave: Dança; Corpos Dóceis; Resistência; “Eleita”.

A escrita de si a partir do projeto “Memória Viva” do Museu da Imagem e do


Som do Paraná (MIS-PR)

Eloisa Maria Fernandes (UNESPAR - Campus Curitiba II)


Zeloi Aparecida Martins (UNESPAR - Campus Curitiba II)

Resumo: A proposta do artigo tem como objetivo pensar a “escrita de si”, a partir
do acervo do Museu da Imagem e do Som do Paraná (MIS-PR), instituição
museológica que se dedica à preservação de arquivos audiovisuais. Atualmente
possui um acervo caracterizado pela multiplicidade, incluindo arquivos
audiovisuais, assim como arquivos fotográficos, arquivos de áudio, documentos
e objetos tridimensionais. A pretensão é a de discutir a partir de um recorte do
acervo audiovisual o projeto “Memória Viva”, composto por depoimentos
realizados no período de 1986 a 1994, de artistas, políticos, intelectuais e outros
que deixaram suas impressões sobre o Estado do Paraná. Os museus são lugares
de conexão entre o passado, o presente e o futuro, além de locais de exposição,
guarda, pesquisa e produção de conhecimento. São espaços para serem
apropriados e utilizados por todos, valorizando a identidade e diversidade
cultural, com o potencial de conscientizar e promover a compreensão e
aproximação de várias questões, como as sociais, históricas, culturais e artísticas
de forma acessível. O MIS-PR tem como principal finalidade a preservação,
conservação e divulgação da memória audiovisual paranaense, por meio de suas
exposições, projetos e atividades, contribuindo também para o fomento da
formação de uma memória audiovisual paranaense. Para estabelecer essas
conexões, o estudo conta com o aporte teórico de autores como Paul Ricoeur,
Michael Pollak e Robert, Pierre Nora, Sandra Pelegrini e Pedro Paulo Funari.
Palavras-chave: Audiovisual; Depoimentos; MIS-PR; História; Memória.

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Literatura cinematográfica: o roteiro literário como obra de arte

Danilo Custódio Benites (UNESPAR - Campus Curitiba II)


Zeloi Aparecida Martins (UNESPAR - Campus Curitiba II)

Resumo: O roteiro de uma obra cinematográfica é considerado apenas como uma


das etapas do processo de realização do filme. Considera-se que a "obra de arte"
realizada por um roteirista é o filme já pronto, finalizado. Este estudo propõe um
novo olhar para essa questão, reposicionando o roteiro literário cinematográfico
para ser considerado como uma obra de arte em si, resultado da criação artística
do autor/roteirista. Para isso, partindo da perspectiva da teoria da arte, será
analisado as práticas de outras áreas das artes, em especial as performances
instrucionais de Yoko Ono e Robert Smithson, para compará-las aos roteiros e
storylines produzidas pelo cinema. A partir de estudos acerca dos Regimes de
Imanência como condição contemporânea das artes, em especial os textos de
Nelson Goodman e Gérard Genette, traçando paralelos com as ideias da Arte
Alográfica nos estudos de Artur Freitas, que trata das Alografias Projetual,
Textual e Instrucional, pretende-se destacar essa última, a Alografia Instrucional,
que é classificada pelo autor como "A arte dos gestos prescritos", para embasar a
teoria de que o Roteiro Cinematográfico pode ser visto como potencial obra de
arte, independente do filme que resulta dele, num cenário contemporâneo de
novas perspectivas sobre o que é arte e de como ela é produzida.
Palavras-chave: Roteiro Literário; Arte Alográfica Instrucional; Cinema

O afrofuturismo, a imaginação, a tecnologia e o futuro em Wakanda no filme


Pantera Negra (2019)

Ana Maria Vasconcelos (UNIOESTE - Campus Cascavel)

Resumo: O roteiro e a narrativa do filme Pantera Negra 2019 revelam


personagens que transitam entre o real e o imaginário em busca de si e do
equilíbrio de suas paixões. Ao mesmo tempo, entende-se que o caráter verossímil
da diegese permitiu observar aspectos universais, que transcendem a
materialidade da obra ficcional. Assim, noções como real e ficcional, o
embaralhamento proposital de noções de verdade e ilusão, promovidas pelo
diretor podem ocorrer na tentativa de produzir um efeito do real nas escritas de
si e na relação entre narrativa ficcional e a vida do diretor. O afrofuturismo surge
no filme como uma interseção de imaginação, tecnologia, futuro e libertação, os
quais são parte de Wakanda. “Geralmente defino o afrofuturismo como uma
forma de imaginar futuros possíveis através de uma lente cultural negra”, diz
Ingrid LaFleur, curadora de arte e afrofuturista. Achille Mbembe também se
refere a futuros de possibilidades que podem ser escritos por cada um. Seja pela
literatura, arte ou organização popular, os afrofuturistas redefinem cultura e

34
noções de negritude para hoje e para o futuro. Em alguns casos, é uma total
releitura do passado e especulação sobre o futuro repleta de críticas culturais
(WOMACK, 2013, p. 9). É provável que o fio condutor para as escolhas e
atualização dos trajes das personagens esteja fiado na paralisia da designer Ruth
Carter que não se mexia até que encontrasse a história e os trajes reais de tribos
africanas. Assim, ocorriam os relampejos para que, a partir do traje real,
surgissem os trajes ficcionais.
Palavras-chave: Afrofuturismo; Cinema Negro; Estética Artística; Literatura.

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SIMPÓSIO 2 - VOZES MINORITÁRIAS EM PRODUÇÕES
CULTURAIS BRASILEIRAS CONTEMPORÂNEAS (2000-2023)

ON-LINE

COORDENADORAS:
Cilene Margarete Pereira (UNIFAL-MG)
Luciano Marcos Dias Cavalcanti (UNICAMP

“Maria” (2015), de Conceição Evaristo, e a representação da violência contra a


mulher negra e pobre

Caio Correia dos Santos Quina (Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL-


MG/FAPEMIG)
Cilene Margarete Pereira (Orientadora - Universidade Federal de Alfenas –
UNIFAL-MG/FAPEMIG)

Resumo: Este trabalho objetiva refletir sobre a violência contra a mulher no conto
“Maria”, de Conceição Evaristo, publicado em Olhos D’água (2015). O conto
elucida o que os dados 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2023)
revelam sobre a perpetuação da violência contra mulher na sociedade,
principalmente a mulher negra da classe popular. O texto literário, como
representação da realidade histórico-social e formado por uma materialidade
específica, propõe a seu leitor uma reflexão dialética sobre os problemas do
mundo (Candido, 2011). Por meio de uma leitura reflexiva do conto, é possível
pensar as estruturas que permeiam a sociedade e os sujeitos. Na narrativa de
Evaristo, Maria é uma trabalhadora doméstica explorada e chefe de família, que
cria sozinha dois filhos. Durante um assalto ao ônibus em que está, Maria é
acusada de comparsa dos assaltantes e sujeitada a várias violências (das quais se
destaca a cultural, dada pela linguagem), culminando em sua morte por
linchamento. O conto trata de temas que perpassam o universo feminino e que
são de interesse da Teoria da Reprodução Social (TRS), tais como o trabalho
reprodutivo, a opressão e exploração da mulher (Federici, 2017; 2019;
Bhattacharya; 2023). A misoginia, o sexismo e o racismo definem as relações de
poder na sociedade, utilizados de mecanismo de controle sobre os mais
vulneráveis, principalmente as mulheres (Saffioti, 2013; 2015), que são vítimas de
várias formas de violência, representadas no conto de Evaristo.
Palavras-chave: Mulher negra; Violência contra as mulheres; Teoria da
reprodução social.

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Desconstruindo o mito da “mãe preta”: a impossibilidade da maternidade em
Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo, à luz do feminismo negro brasileiro

Aline Santos Conceição (UEM)

Resumo: O presente trabalho tem em seu escopo a análise da representação da


“mãe preta” e da problematização da maternidade da mulher afro-brasileira, que
segundo Eduardo de Assis Duarte (2013), foi forjada como uma lacuna na
literatura brasileira canônica. O teórico retoma Conceição Evaristo (2005) que
questiona que ao não representar a mãe negra significou esconder e manipular a
importância de seu papel na construção do Brasil, já que o papel da mãe bondosa
e arquetípica caberia apenas às brancas. Com efeito, a proposta do trabalho é
investigar a protagonista Ponciá Vicêncio, do romance homônimo da escritora
Conceição Evaristo (2003). No estudo da personagem, a impossibilidade de ter
filhos, os embates, os abortos e a posterior recusa, dialoga com a luta cultural da
mulher afrodescendente no meio literário e também como reflexo da estrutura
social brasileira, que lhes destinou, historicamente, a tarefa de cuidar de filhos
que não os seus, entre outros papéis, com vias à invisibilidade e ao
submetimento. O tema é tratado como constituinte da escrevivência evaristiana
e como um espaço de restituição e de resistência da literatura de autoria feminina
afro-brasileira contemporânea. Para tanto, o substrato teórico se ancora nos
estudos do feminismo negro brasileiro, a partir de Lélia Gonzalez (2020) e com o
aporte também necessário da interseccionalidade para interrogar a emergência
dessas vozes silenciadas. Destaca-se, portanto, a figura da mãe preta, ainda, como
símbolo de resistência política e cultural, com objetivo de desconstruir o mito
(Roncador, 2019) que imbui sobre ela apenas o lugar de marginalização.
Palavras-chave: Mulher afro-brasileira; Maternidade; Escrevivência;
Interseccionalidade; Resistência.

A Lei Maria da Penha na prática: o que dizem os relatos do curta-metragem


Silêncio das Inocentes (2010), de Ique Gazzola

Amanda Marques Brito de Souza (Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL-


MG)
Cilene Margarete Pereira (Orientadora - Universidade Federal de Alfenas –
UNIFAL-MG/FAPEMIG)

Resumo: O presente trabalho objetiva refletir, por meio de uma pesquisa


bibliográfica-documental, sobre as representações da violência contra as
mulheres no curta-metragem brasileiro O Silêncio das Inocentes (2010), dirigido
por Ique Gazzola. O curta-metragem, que apresenta um modo de representação
expositivo (Nichols, 2014), é construído por meio de relatos de mulheres que
passaram por situações de violências, intercalados por comentários de

37
convidados, especialistas e juristas ligados à temática, buscando apresentar o
cotidiano destas pessoas em situação de violência e com a Lei 11.340/2006, mais
conhecida como Lei Maria da Penha, é aplicada. Através dos relatos coletados no
curta-metragem ocorre a apresentação da ideia que, mesmo com os diversos
avanços apresentados nas leis que possuem o intuito de coibir a violência contra
as mulheres, existem muitas falhas no sistema relacionados à estrutura social.
Para a discussão do curta-metragem, serão acionados, além da Lei 11.340/2006,
referencial teórico e crítico relativo ao assunto (Bourdieu, 2014; Conti, 2006;
Quina; Dias; Onuma, 2021; Saffioti, 1984, 2015), a fim de promover uma discussão
sobre as representações da violência contra as mulheres no curta-metragem.
Nele, aponta-se diversas categorias de violências contra as mulheres (BRASIL,
2006) e aspectos referentes à dominação histórica entre gêneros (Saffioti, 1984;
Bourdieu, 2014), que promove um silenciamento da sociedade diante das
situações, sendo refletido não apenas nos espaços privados, mas em toda a
estrutura social, tais como nos aparelhos do Estado que promovem a manutenção
desse sistema.
Palavras-chave: Violência contra as Mulheres; Lei Maria da Penha; Curta-
metragem.

A luta indígena pelo território no curta-metragem documental A Ditadura da


Especulação (2012), de Zé Furtado

Lavínia Nascimento Silva (Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL-MG)


Cilene Margarete Pereira (Orientadora - Universidade Federal de Alfenas –
UNIFAL-MG/FAPEMIG)

Resumo: A Constituição Federal Brasileira, promulgada em 1988, aponta, em seu


artigo 215, que “o Estado deve proteger as manifestações das culturas populares,
inclusive indígenas” (BRASIL, 1988). Os artigos 231 e 232 referem-se
especificamente a comunidades originárias, com destaque para a preservação e
garantia de seus territórios. Apesar disso, o que se vê, na prática, é a violação dos
direitos dos povos indígenas, aos quais são negados frequentemente o exercício
de sua cultura e a posse de sua terra, desde a invasão/colonização portuguesa
(Krenak, 2019; Berardo, 2002). A luta pela posse da terra ancestral é o tema do
curta-metragem brasileiro A Ditadura da Especulação (2012), dirigido por Zé
Furtado e produzido pelo Centro de Mídia Independente e Coletivo Muruá. O
curta-metragem, de representação documental expositiva (Nichols, 2014), narra
a luta dos povos originários contra a especulação imobiliária em Brasília, na
ocupação ilegal de terras sagradas para os indígenas da etnia fulni-ô. Ao lado dos
indígenas, pela reivindicação da terra, estão estudantes, que confrontam a
administradora Terracap, que deseja construir, no território sagrado, um bairro
de classe média alta. Considerando o contexto acima, este trabalho visa refletir,
por meio de uma pesquisa bibliográfica-documental e de uma análise fílmica,
acerca desse conflito pela posse da terra e como se dá representação da figura

38
indígena no curta-metragem, tendo como referencial de apoio Silva (2002), Sodré
(2005), Bahiana (2012), Vilema (2016), entre outros.
Palavras-chave: Demarcação de terras; Povos Indígenas; Curta-metragem.

Rexa pyau – um novo olhar: ressignificações a partir do novo romance


histórico Guayrá (2017), de Marco Aurélio Cremasco

Toni Juliano Bandeira (SEED-PR)

Resumo: Este trabalho tem como objeto de análise o novo romance histórico
Guayrá (2017), de Marco Aurélio Cremasco. A obra ressignifica, de forma
ficcional, as relações estabelecidas entre europeus e o povo Guarani no então
denominado território do Guayrá, que abarcava grande parte do atual estado do
Paraná. Desde o século XVI, este território começou a ser palmilhado pelos
conquistadores, tendo a historiografia registros importantes acerca de sua
natureza e sua população, como os Comentarios, de Cabeza de Vaca. No século
XVII, essas terras se tornariam o palco da maior experiência de catequização da
América do Sul: as reduções jesuíticas com o povo Guarani. No entanto, a visão
desses acontecimentos históricos nos é relatada apenas pelo olhar do
colonizador, já que os nativos formavam uma sociedade ágrafa. É nesse sentido
que a obra de Cremasco é de fundamental importância para o revisionismo
acerca desse fato histórico. Em nossa análise, na busca pelo não-dito pela
historiografia oficial, tomaremos como base os estudos de Fleck (2021), Mignolo
(2007), Quijano (2007), entre outros autores que abordam a teoria da
decolonialidade e do romance histórico. Recontar, revisitar, reescrever,
ressignificar: eis o papel sublime do texto literário, daí a enorme contribuição da
obra em análise para uma visão crítica do passado.
Palavras-chave: Novo Romance Histórico; Decolonialidade; Guayrá.

Primavera de Fernanda (2018), de Débora Zanatta & Estevan de la Fuente, e a


(re)existência do corpo trans

Cilene Margarete Pereira (Universidade Federal de Alfenas - UNIFAL-


MG/FAPEMIG)

Resumo: Apesar da sexualidade ser parte de nossa constituição e se construir no


processo de interação entre os sujeitos, estando associada ao modo como nos
sentimentos e reconhecemos e não à nossa composição biológica, questões
relativas a ela são ainda polêmicas para algumas pessoas, que se sentem
amedrontadas e/ou incomodadas com o assunto. Esse incômodo tem relação
com o modo de construção de nossa própria sociedade, assumidamente cis-
hetereonormativa, que entende que haveria uma relação inequívoca entre sexo
biológico, gênero (identidade e expressão) e orientação afetiva, decorrendo, daí,

39
uma espécie de “heteroterrosimo” (Bento, 2011), que se expressa em ações ou
discursos que inibem os comportamentos divergentes. Esta perspectiva
reconhece aqueles que não se encaixam no padrão cis heteronormativo como
seres desviantes, como é o caso da população trans. Considerando o contexto
acima e alinhado ao conceito de minorias sociais (Sodré, 2005) e com a Educação
em Direitos Humanos (ONU, 2006), este trabalho analisa a materialidade do
curta-metragem Primavera de Fernanda (2018), dirigido por Débora Zanatta &
Estevan de la Fuente, que expõe a violência a que são submetidos os corpos trans,
aprisionados a espaços sociais específicos, tratando-se de uma marginalização
dupla, vinda do corpo que é mercantilizado, e do corpo trans, que não é sujeito
de direitos. No curta-metragem, acompanhamos a dificuldade de inserção social
de Fernanda, uma mulher trans que se desloca do locus da prostituição para o do
emprego formal, necessitando, para isso, da mediação social e da solidariedade
feminina.
Palavras-chave: Corpo trans; Minorias sociais; Curta-metragem.

Violência e racismo no Brasil de “As caravanas”, de Chico Buarque de


Hollanda

Luciano Marcos Dias Cavalcanti (UNICAMP)

Resumo: A obra musical de Chico Buarque é conhecida pelo caráter


interpretativo e crítico do Brasil, desde seu período mais participante das décadas
de 1960 e 1970 e hoje, como um cronista arguto das mazelas de nossa sociedade.
É possível dizer que em sua obra encontramos uma espécie de síntese das
esperanças e desalentos da história recente do Brasil. Nesta comunicação,
pretendemos analisar a canção “As caravanas”, do seu último disco Caravanas,
de 2017. A canção aponta ocorrências da vida brasileira, no caso específico,
acontecimentos violentos sucedidos na cidade do Rio de Janeiro, palco da canção.
A cidade é vislumbrada além do cartão postal e se apresenta por suas margens
periféricas, em que seus cidadãos transitam pelas ruas do bairro nobre de
Copacabana, situação que incomoda grande parte da classe média
preconceituosa da cidade, revelada por seus discursos de ódio que ambicionam
a intervenção da polícia a essa população que vem da periferia. É contra essa
mentalidade que Chico se posiciona, revelando um Brasil violento e
racista evidenciado pela exclusão social, fruto do escravismo, como cerne da
formação do Brasil. De maneira sintética, podemos dizer que a canção tem como
centro a violência e a escravidão como elementos constitutivos e presentes ainda
hoje na vida social de nosso país.
Palavras-chave: Chico Buarque; Brasil; Violência; Racismo

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SIMPÓSIO 3 - GARIMPANDO A LITERATURA: O QUE DIZEM AS
AUTORAS BRASILEIRAS CONTEMPORÂNEAS?

ON-LINE

COORDENADORES:
Antonio Donizeti da Cruz (UNIOESTE/ NuECP/PPGL)
Maria de Fátima Gonçalves Lima (PUC-GO)
Vanderlei Kroin (PUC-GO/PDPG/CAPES)

A poesia de Luiza Neto Jorge, Lêda Selma e Denise Emmer: elos, herança,
ruptura e fascínio

Maria de Fátima Gonçalves Lima (PUC/Goiás)

Resumo: O presente estudo apresenta um olhar contemplativo sobre a obra de


três poetisas contemporâneas: a portuguesa Luiza Neto Jorge, poetisa, cronista,
a contista e escritora de Goiás, Lêda Selma e a poeta, escritora, cantora,
compositora e violoncelista carioca, Denise Emmer com seus elos, herança,
ruptura e fascínio. Essas três mulheres que têm na agudeza do espírito, no olhar
uma disposição natural e superior para a poesia. Elas possuem capacidade
poética plena, quebraram as barreiras que a sociedade ainda insiste em
proporcionar às escritoras e conseguiram transpor todos os empecilhos,
romperam os cadeados do silêncio que esconde a força da mulher que faz poesia.
Por meio de suas escrituras, alcançaram a passagem para o poético de forma
perene, singular, inovadora, destemida e paradigmática. Seus versos líricos
oferecem aos leitores a oportunidade de buscarem os mistérios fascinantes da
literatura, atravessarem fronteiras, construírem mundos novos e plenos de
realizações.
Palavras-chave: Poesia; Elos; Herança; Ruptura; Fascínio.

Myriam Fraga: a tessitura de si nas espacialidades de Salvador da Bahia

Denise Scolari Vieira (Docente - UNIOESTE)

Resumo: Myriam Fraga, ainda muito jovem, já participava do eixo cultural


soteropolitano, ali começavam a desenhar-se vários esboços engendrados no
convívio de uma intensa interlocução, cujas formulações vicejavam concepções
da intelectualidade brasileira nascida na confluência de várias personalidades
advindas de inúmeras latitudes. O exercício da escritura literária, a intervenção
direta para o fomento à cultura associados à esfera pública formulavam-se em

41
diferentes âmbitos, a fim de reformular utopias, visceralmente decidida a
enfrentar infortúnios, mas também anunciar um dinamismo à altura de seus
interlocutores e às demandas de sua geração. Conhecê-la e divulgá-la significa
colaborar para que sua voz siga ecoando em todos os quadrantes e perdure na
criativa e atuante busca de entendimento de nossa pluralidade e de nossas
possibilidades. Portanto, para essa comunicação oral, vamos visibilizar a rede de
sociabilidades que desenhou o projeto estético de Fraga na obra Femina (1996),
mediante a observação da beleza dos versos vinculados à historiografia pessoal
tão amorosa e plural, verdadeiro deleite para seus leitores. Em torno deles, vamos
(re)encontrar, Jorge, Zélia, Carybé, Capinam, Calasans Neto e indagar sobre a
múltipla dicção da autora.
Palavras-chave: Autoras Baianas; Myriam Fraga; Poética do Espaço.

Representação de Mulheres em Becos da Memória: Construindo uma Nação


Negra-Feminina

Ana Luiza Nascimento Alves (UnB)

Resumo: Romancista, poetisa e contista, Conceição Evaristo é uma das mais


expoentes representantes da literatura afro-brasileira e destaca-se, atualmente,
pelo compromisso de promover o protagonismo negro-feminino em suas obras.
Este trabalho tem como objetivo central propor reflexões acerca da vida autoral
de Conceição Evaristo, que, a partir de sua condição de mulher negra, busca
inscrever-se em sua escritura, a fim de romper com uma tradição de
representações estereotipadas das mulheres, sobretudo das negras, na literatura
brasileira. Partindo do pressuposto de que há uma tradição de apagamento das
vozes de mulheres negras, na literatura brasileira, a proposta, aqui, é analisar
como a escrita escrevivente de Evaristo é um instrumento que opera
positivamente para a construção de uma nação negra-feminina, que centraliza
mulheres negras como sujeitos de seu próprio discurso em sua obra Becos da
Memória. Para tanto, por meio da obra, será realizada uma análise que visará
propor reflexões acerca das representações femininas na narrativa, sobretudo, da
protagonista, Maria-Nova, uma criança que busca compreender a miséria de seu
meio, mas que aspira novas perspectivas para a sua vida e para os seus iguais.
Desse modo, a fim de conduzir os caminhos desta análise, os aspectos da vida
autoral de Evaristo serão de extrema relevância, pois, a escritora, por meio da
literatura, positiva não só a sua produção de saberes, mas também a produção de
saberes de uma nação.
Palavras-chave: Conceição Evaristo; Representação; Literatura Negra-Feminina
e Nação

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Artes em diálogo, poeticidade e memória em Virgínia Vendramini

Antonio Donizeti da Cruz (Docente PPGL/UNIOESTE - NuECP/PPGL)

Resumo: Uma abordagem sobre as transversalidades poético-plásticas na obra


da artista Virgínia Vendramini – poeta, artista plástica, escultora, e desenvolve a
arte e técnica da tapeçaria. Virgínia Vendramini nasceu em Presidente Prudente
(SP), em 1945. Foi para o Rio de Janeiro aos dezesseis anos, para estudar no
Instituto Benjamin Constant, escolar especializada na educação de Portadores de
Necessidades Especiais (cegueira). Cursou, em seguida, Português e Literatura
na Universidade Gama Filho. Exerceu o Magistério durante 30 anos. Tem cinco
livros publicados: Rosas não (1995); Primavera urbana (1997, ed. Blocos); Hora
do arco-íris (1998, ed. Alba), que recebeu o Prêmio Murilo Mendes no Concurso
Livros Inéditos. Em 1999 publica Matizes, pela ed. Blocos. Publica em 2004, a
coletânea intitulada Trajetória: poemas. Em 2018, publica Única Certeza.
Virgínia Vendramini apresenta um legado social e poético relevante pela sua
presença e atuação de vida e arte, com vistas à sua obra poético-plástica centrada
no encantamento pelas palavras/cores, sensibilidade e lirismo. Na obra de
Vendramini, poesia, pintura, escultura e tapeçaria estão entrelaçados e
apresentam uma confluência de textos-imagens que evidenciam a correlação de
sentidos da arte em um universo imaginário, com suas redes-imagens
configurados em uma estética com suas potencialidades e sentido da arte.
Palavras-chave: Imagens poético-plásticas; Transversalidades; Virgínia
Vendramini.

A poesia-ensaio-teoria nos testes poéticos de Marília Garcia, em “Expedição:


nebulosa” (2023)

Emanuelle de Queiroz Oliveira Estiphano (UNICENTRO)


Nilcéia Valdati (Orientadora - UNICENTRO)

Resumo: Se em outros ecos da literatura Lewis Carroll preocupava-se em


questionar “quanto tempo dura o eterno?”, nas poéticas do tempo presente, ao
analisarmos a poesia brasileira contemporânea produzida por Marília Garcia, a
indagação que ecoa é: “quanto tempo dura o presente?”, pergunta originaria de
David Antin em seus talk poems. Partindo dessa discussão, o presente trabalho
tem como objetivo analisar o poema de Garcia “Expedição: nebulosa (10 atos +
diálogo)”, publicado no livro homônimo pela Companhia das Letras, 2023, no
qual a indagação citada anteriormente ecoa no procedimento da repetição por
todo o poema. A poesia metalinguística e ensaística é marca singular da escrita
de Garcia, é através da literatura que a poeta, editora e tradutora, também reflete
sobre a teoria literária, colocando a literatura num lugar que pensamos como um
“entrelugar”, afinal, nos multifacetados gêneros a poeta expande sua leitura e
fazer poético. Leituras sobre a noção de tempo e contemporâneo de Giorgio

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Agamben (2000), a ideia de “entrelugar” no discurso latino-americano de
Silviano Santiago (2000) e de literatura fora de si e em expansão de Florencia
Garramuño (2014) corroboram com a discussão, a fim de elucidar como os
procedimentos aplicados por Garcia se destacam no cenário poético e crítico da
autoria de mulheres na contemporaneidade.
Palavras-chave: Poesia brasileira contemporânea; Entrelugar; Autoria de
mulheres; Marília Garcia.

Eros na poética de Lêda Selma

Vanderlei Kroin (PUC/GO – PDPG/CAPES)

Resumo: Este trabalho procura desvelar e explorar a presença do Eros na obra


poética da autora goiana Lêda Selma (1950). O erotismo, o amor, o desejo e a
sensualidade aparecem com fecundo vigor e se mostram intermitentes em muitos
versos ao longo da obra da poeta, o que demonstra que essa pulsão é parte
inconteste do ser humano e por essa razão se insere também na arte, incluída a
literatura. Ademais, ao trazer e explorar o signo de Eros em sua poesia, Lêda
Selma, a exemplo de outras tantas escritoras brasileiras, “quebra” o paradigma
de que o erótico é assunto proibitivo na literatura de autoria feminina. Há tempos
a mulher pode escrever sobre o que bem entender e, ao externalizar os desejos
vicejantes – que também são constituintes do imaginário feminino - pela palavra
poética, a autora mostra que a mulher é sujeito humano, repleta de desejos,
anseios, pulsões, que são muitas vezes reprimidos, mas não irreprimíveis.
Portanto, a poesia de Lêda Selma fala do erotismo como algo natural, constituinte
do humano e inerente a ele. Para alicerçar as discussões acerca do Eros na poética
da autora nos valemos de autores tais como Paz (1994), Rougemont (1988), Lima
(2020), Platão (2005), entre outros.
Palavras-chave: Poesia brasileira; Escrita feminina. Lêda Selma; Eros.

E se estivéssemos em palimpsesto de putas? A prostituição pelas lentes e


letras de trabalhadoras sexuais

Julia Luiza Bento Pereira (UFJF/IFMG)

Resumo: Este estudo dialoga com autoras contemporâneas que abordaram em


seus livros a prostituição de forma autobiográfica: Putafeminista (2018), de
Monique Prada; E se eu fosse puta (2016), de Amara Moira; O prazer é todo nosso
(2014), de Lola Benvenutti; Eu, mulher da vida (1992) e Filha, mãe, avó e puta
(2009), de Gabriela Leite; e Puta autobiografia (2022) de Lourdes Barreto. É, a
priori, intenção desse trabalho tratar as obras para além de objetos de estudo,
veículos políticos nos quais prostitutas – figuras historicamente estigmatizadas e
silenciadas – contam a própria história e reivindicam direitos. Destarte, a

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prostituição é, aqui, compreendida como trabalho, conforme a visão dos livros
elencados. Buscarei discutir “Performances do ser”, por meio de breve discussão
histórica sobre gênero, feminismo e estigma, contando, para tanto, com o aporte
teórico de Nickie Roberts (1998); Erving Goffman (1988) e Margareth Rago (2008);
(2013). Em “Performances da escrita”, abordo questões acerca das escritas do eu,
as tessituras paratextuais das obras e, finalmente, a assinatura, especulando
possibilidades em torno de pseudônimo e “nome de guerra”; nesse sentido,
amparo-me em Euridice Figueiredo (2013); Philippe Lejeune (2014) e Gérard
Genette (2009). Por fim, em “Performances do corpo”, debato a respeito dos
corpos que importam, pensando o corpo da trabalhadora sexual como corpo
político, contando com Monique Prada (2018), Georgelina Orellano (2022) e
Melissa Gira Grant (2021). Pretendo, em diálogo com as performances realizadas
por meio da escrita, da literatura e da chamada "antiautobiografia", demonstrar
a tônica desses objetos literários: exteriorizar e subverter, de modo que, ao
trazerem à pauta a prostituição, confrontando o discurso patriarcal vigente, tais
autoras reivindicam a autonomia da mulher nesse e nos demais espaços sociais,
o que reitera o caráter transformador da literatura e sua prerrogativa de
funcionar como arma de combate.
Palavras-chave: Putafeminismo; Antiautobiografia; Trabalho sexual.

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SIMPÓSIO 4 - GENOCÍDIO NEGRO NA LITERATURA: UM OLHAR
DA EPISTEMOLOGIA

PRESENCIAL
COORDENADORES:
Dejair Dionísio (UNICENTRO)
Karla Daniel Martins de Souza Albuquerque (Doutoranda PPGL/UNIOESTE)
Wagner de Souza (UNIOESTE)

Tenda dos milagres: alto e baixo, preto e branco, rico e pobre, direita e
esquerda

Thiago Waldeyr Faria da Silva – (UNIOESTE)


Wagner de Souza (Docente UNIOESTE - NuECP/PPGL)

Resumo: conforme se nomeia o simpósio 4 “Genocídio Negro na Literatura: Um


Olhar da Epistemologia”, do evento Literatura, História e Memória, este trabalho
tem por objetivo analisar os parâmetros vividos pelo personagem Pedro
Archanjo, no livro Tenda dos milagres, de Jorge Amado, notando a mestiçagem
racial como tema. No romance, Nilo Argolo, pauta-se em ideais arianistas e
vinculando a fisionomia da raça negra como critério fundamental para furtos,
roubos e a falta de intelecto. Essa obra se passa em Salvador, na Bahia, e o autor
trabalha com os olhares multifacetados dos personagens, cada um possui uma
voz/ ponto de vista diferentes aos outros e há, nesse meio, conflitos entre o preto
e o branco, rico e o pobre, a direita e a esquerda, visto que Amado era filiado a
PCB (Partido Comunista Brasileiro) e era uma voz ativa dessa associação. Essa
polifonia presente no romance, que também conta com a voz do escritor, é o que
dá especificações da sociedade baiana, assim como as raízes preconceituosas que
as personagens contrárias ao ideal de Pedro se pautavam. Neste contexto haverá
uma inversão dos papéis dos personagens, o herói, Archanjo, tomará o lugar, de
rei, pelo processo de carnavalização, de seu antagonista depois de provar que a
ascendência deste possui genética da cor preta, tirando a idealização da “pureza
ariana” do seu corpo.
Palavras-chave: Mestiçagem; Política; Sociedade.

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A caneta é de quem: questões de samba e racialização

Adenilson de Barros de Albuquerque (IFPR)


Karla Daniel Martins de Souza Albuquerque (Doutoranda PPGL/UNIOESTE)

Resumo: A presente comunicação analisa letras de samba, com especial atenção


“O quitandeiro” (1932/primeira parte de Paulo da Portela; 1976/segunda parte
de Monarco) e “Identidade” (1992/de Jorge Aragão), levando-se em conta a
explicitação das palavras e a poeticidade musical, com o objetivo de discutir
alguns aspectos inerentes à ideia de racialização (GANS, 2016). Busca-se apoio
teórico em Gilroy (2012), Nascimento (2016), Fanon (1980), Fischer (2021), entre
outros. Embasada inicialmente na bibliografia mencionada, almeja-se como
principal resultado alcançar alternativas de abordagens críticas sobre a
elaboração discursiva de parte do que se entende como produção cultural
brasileira. Não se intentará, contudo, demarcar quem está certo ou errado, quem
é racista ou não, mesmo que alguma conclusão escape nas entrelinhas das
análises. O direcionamento da investigação está no conteúdo dos sambas, no
vocabulário, nos elementos históricos e sociais que levaram os compositores a
determinadas escolhas; e, em decorrência disso, discutir a leitura que delas se faz
hoje à luz de variados movimentos e posições teóricas. Conhecer, portanto,
aprofundada e criticamente esses temas, mediados por noções históricas, sociais
e de linguagem, pode ser de valia – não somente aos investigadores
especializados –, por se tratar de problemática presente em muitos tempos e
lugares, notadamente nos últimos anos.
Palavras-chave: Letras; Sociedade; Discurso.

Luta de classes, colonialidade do poder e genocídio negro em Para Todos os


Tipos de Vermes

Meicielen Moises de Souza (Mestranda PPGL/UNIOESTE)

Resumo: Na HQ afrofuturista Para Todos os Tipos de Vermes (2020), de Kione


Ayo, constata-se uma sociedade dividida entre duas classes: os lipídicos (classe
dominante) e os intestinais (classe dominada). Os intestinais são representados
visualmente como negros e, em função de suas características fenotípicas, são
marginalizados e sofrem violências estatais que limitam seu acesso a direitos
básicos de sobrevivência. Essa organização social trata-se, portanto, de um
projeto de genocídio desse grupo, já que Abdias do Nascimento (1978) considera
a privação de direitos e a condenação do negro à periferia de classes uma forma
de institucionalização sistemática do genocídio negro. Diante do exposto, o
questionamento que norteará este estudo será “De que modo se configura o
projeto de genocídio negro em Para Todos os Tipos de Vermes?”. A hipótese
interpretativa é de que o genocídio na HQ se baseia nas noções de luta de classes,
de Marx e Engels (2007), colonialidade do poder, de Quijano (2005), e genocídio

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negro, de Abdias do Nascimento (1978). Sendo assim, o objetivo é compreender
como a divisão racista do trabalho tem sido, desde o período colonial, um projeto
de segregação e de genocídio dos povos não-europeus. Para o desenvolvimento
dessa análise, será utilizado o método materialista histórico-dialético, conforme
compreendido por Marcusse (1977), e tratar-se-á de uma pesquisa básica e
qualitativa. Por fim, o estudo justifica-se em razão da importância de incorporar
e discutir obras periféricas no meio acadêmico.
Palavras-chave: Luta de classes; Colonialidade do poder; Genocídio negro; Arte
sequencial; Racismo.

Senzala & casa grande

Wagner de Souza (UNIOESTE - NuECP/PPGL)

Resumo: Genocídio, preconceitos racial e social e afrodescendência são temas


recorrentes nesse momento em nossas letras, e a literatura tem se ocupado desses
assuntos desde o descobrimento. O africano em diáspora fora escravizado e
sofrera todas as mazelas decorrentes de um regime escravocrata. Entretanto, o
fim da escravidão não acabou com preconceitos pois é digno de nota que, mesmo
depois de tanto tempo decorrido, diariamente, cenas grotescas, proporcionadas
por pessoas do mesmo predicado, vêm a público nos diversos meios de
comunicação de massa. Tal fato denota, obviamente, que não existe igualdade no
Brasil e a democracia racial é um grande embuste que serviu, e tem servido, para
mitigar aqueles nascidos em outra casta. No século XXI as expressões das
minorias se fazem notar e está em voga a história vista de baixo, dos marginais e
do revisionismo numa poética do pós-modernismo. Adrede, são muitas vozes,
cores e discursos presentes na sociedade brasileira que se mostram
multifacetados. Atualmente ficcionistas como Itamar Vieira Junior e Jeferson
Tenório, em suas obras, abordam a temática racial no Brasil. Dentre as muitas
escritoras negras que também se debruçam sobre o tema, nomes como os de
Conceição Evaristo e Eliana Alves Cruz são evocados. Não se pode ser ingênuo
e pensar em mudança de foco ou paradigma. O capitalismo não é bobo, nem se
importa quem se vai explorar, no entanto, espera-se que a partir deste século
ocorra uma inversão de Casa grande e senzala, para se olhar por ouro viés: agora,
Senzala e casa grande.
Palavras-chave: Literatura; Afrodescendência; História, Memória.

A objetificação da mulher negra em Clara dos Anjos: a relação de Clara e


Cassi interpretada por uma perspectiva decolonial

Karolina de Abreu (Mestranda PPGL/UNIOESTE - Campus Cascavel)

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Resumo: Este estudo propõe uma reflexão sobre a representação literária das
dinâmicas de objetificação do corpo negro feminino presentes na obra Clara dos
Anjos, de Lima Barreto, sob as lentes de um viés decolonial. Destaca, assim, a
relação entre os personagens Clara e Cassi, explorando como a objetificação da
mulher negra é manifestada nesse contexto e como essa dinâmica é interpretada
sob a ótica de teóricos decoloniais. Para isso, a presente pesquisa, que se constitui
como qualitativa de cunho interpretativista, utiliza a abordagem do materialismo
histórico-dialético fundamentando-se em uma revisão bibliográfica do
referencial teórico que é composto, principalmente, pelos autores Laurentino
Gomes (2019), Nelson Maldonato-Torres (2018), Ramon Grosfoguel (2018), Maria
Lugones (2014), Luciana Ballestrin (2013), entre outros. Tais teóricos oferecem
bases sólidas para entender a complexa interseção entre raça, gênero e
colonialidade, bem como a objetificação do corpo negro feminino no cenário
literário e social. O artigo visa, dessa forma, contribuir para a compreensão crítica
do modo como a objetificação da negritude feminina é retratada no romance
barretiano. Busca-se evidenciar e analisar as mazelas do período colonial que
fomentam a marginalização social da mulher negra e que são denunciadas na
obra estudada baseando-se na teoria da decolonialidade. A análise da relação
entre Clara e Cassi em Clara dos Anjos permite desvendar as nuances complexas
da objetificação da mulher negra, permitindo uma reflexão mais profunda sobre
as interações entre raça, gênero e poder na narrativa.
Palavras-chave: Negritude; Decolonialidade; Lima Barreto.

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SIMPÓSIO 5 - LITERATURA E ARTE NO BRASIL
CONTEMPORÂNEO: O TESTEMUNHO E AS HERANÇAS DA
DITADURA

ON-LINE

COORDENADORAS:
Mariane Tavares (UFES)
Gabriele Borges (Unesp)

Um corpo em construção: o vazio da memória

Josiele Kaminski Corso Ozelame (UNIOESTE Campus Foz do Iguaçu)

Resumo: Contra a imposição do esquecimento (Gagnebin, 2010), Claudia Lage


escreve O corpo interminável (2019), romance que trata, nos dois sentidos da
palavra, discorrer e cuidar, de um dos temas mais sensíveis da história do Brasil,
a ditadura militar. Por meio de um passado que reverbera no presente, Daniel,
disposto a escrever sobre sua mãe, uma guerrilheira desaparecida, encontra
dificuldades para narrar os fatos do passado, que o esquecimento coletivo
instaurou. São os vazios dessa história, desse corpo nunca encontrado, que
permitem com que ele reflita a respeito dela e da história do país. Essa reflexão
se dá por meio da relação (complexa) com o avô; do pai ausente, dos amigos de
guerrilha da mãe, da sua companheira, da descoberta da meia-irmã, do não-dito
e do não-contado. Desprovido de documentos de família, fotografias, narrativas,
elementos que permitem a transmissão da memória (Candau, 2018), o mais
próximo que Daniel chega de sua mãe, é por meio do livro lido por ela com
anotações nas margens. O sumiço e o não testemunho permite à Lage dar voz aos
que desapareceram e que não puderam contar o trauma, o abuso, a dor. Nesse
sentido, buscamos compreender, levando em consideração aspectos históricos,
de que forma esta narrativa, a partir dos vazios das memórias do passado
atravessa/versa o presente, ao (re)contar a história de uma sociedade que
silenciou e não reparou a ausência dos desaparecidos (KEHL, 2010).
Palavras-chave: Literatura Brasileira Contemporânea; Ditadura, Memória.

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Memórias e traumas: O testemunho da ditadura civil-militar na obra “Ainda
estou aqui”, de Marcelo Rubens Paiva

Luis Henrique Dias de Sousa (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará –


UNIFESSPA)
Abilio Pacheco de Souza (Orientador. UNIFESSPA)

Resumo: Faz-se evidente a suavização que historicamente a ditadura militar foi


submetida, sendo narrada a partir das perspectivas dos opressores, com os
oprimidos tendo as suas vozes cerceadas. Por conseguinte, toda a barbaridade
ocorrida entre 64 e 85 foi ocultada. Sabe-se que no tocante à literatura, muitos
escritores colaboraram para a explanação de tudo o que ocorreu naqueles tempos
sombrios, contribuindo para um não apagamento desses acontecimentos.
Perante a isto, esta comunicação possui como objetivo realizar reflexões acerca
do testemunho no livro autobiográfico “Ainda estou aqui”, do escritor Marcelo
Rubens Paiva, que juntamente com a sua família vivenciou toda a violência e
opressão da ditadura militar, tendo o seu pai, o político Rubens Paiva, preso,
torturado e morto por agentes da ditadura. Possuindo a memória como principal
ferramenta para relembrar as dores e traumas daquela época e, posteriormente,
construir a narrativa presente na obra, o autor traz à luz rememorações de um
período turbulento que impactou diretamente a vida de seus familiares. Ainda,
o literato narra acerca da luta de sua mãe para criar 5 filhos sozinha, clamar por
justiça, resistir e tentar entender o que aconteceu com o seu esposo. Portanto, esta
pesquisa, sucedendo a partir da bibliografia teórica sobre literatura de
testemunho de Márcio Seligmann-Silva (2003), se propõe a analisar o período da
ditadura civil-militar, que há muita violência, mas também, resistência. Além
disso, analisando a presença do testemunho tanto na linguagem poética do livro
quanto na história daqueles que sofreram arduamente por conta do período de
64-85.
Palavras-chave: Literatura de testemunho; Ditadura; Memória; Tortura.

Memórias da Torre das donzelas: uma história das mulheres na ditadura


civil-militar brasileira

Meire Oliveira Silva (UNIOESTE - Campus Cascavel)

Resumo: Torre das donzelas (2019), documentário de longa-metragem


produzido e dirigido pela cineasta Susanna Lyra, traz uma série de
representações cênicas entremeadas por relatos – em uma estética que se
aproxima do docudrama –, ao retomar memórias de mulheres que, em situação
de encarceramento político, veem-se envoltas em eventos traumáticos, no âmbito
da ditadura civil-empresarial-militar brasileira (1964-1989). Seja vivenciando
e/ou resistindo às agruras daquele momento-histórico, expõem-se as diversas
dores contidas nos depoimentos entrecruzados a encenações que, a um só tempo,

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erigem uma estética de aglutinação temporal entre a atroz época retomada (e
amalgamada ao próprio momento de veiculação fílmica), por meio das memórias
das ex-presas políticas entrevistadas. O filme, lançado em 2019, sob uma égide
política turbulenta, revela-se também atravessado por uma nova ameaça de
retorno totalitário. De fato, quando iniciado sete anos antes, não se vislumbrava
o fatídico golpe a ser desferido à presidenta Dilma Rousseff, uma das
entrevistadas – como personagem histórica da obra – que revive a ala feminina
do hoje extinto Presídio Tiradentes, na capital paulista. Isto posto, a presente
proposta de comunicação destaca a análise dos testemunhos junto ao resgate
histórico-social do período em questão, por meio de Napolitano (2018), Tavares
(2012), Didi-Huberman (2018), Arendt (1972), Benjamin (1995), Seligmann-Silva
(2003), Godoy (2014), Teles (2015) e Schwarz (2019). Justifica-se, portanto, esta
pesquisa, a partir da necessidade de preservação da memória do horror
totalitarista, a fim de se refletir a respeito da iminência sempre ameaçadora dos
mecanismos de opressão no seio da frágil democracia brasileira.
Palavras-chave: “Torre das Donzelas”; Ditadura civil-militar-empresarial;
Mulheres; Dilma Rousseff; Documentário.

Terra para quem nela trabalha

Luiz Renato de Souza Pinto (Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de Mato


Grosso - IFMT)

Resumo: A expansão e concentração de propriedade rural na costa sul do estado


da Bahia é pano de fundo para o coronelismo exacerbado em sua versão
cacaueira. Por trás do chocolate há um gosto amargo dessa homogeneização
cultural e colonialismo autocrata que mais do que tudo maltrata a cultura do
outro. Esse autoritarismo, produtor e reprodutor de silenciamento, não é fruto
apenas da ditadura Vargas, ainda que esta o tenha patrocinado. Ao longo da
década de 1930, a exploração diamantífera deixava profundas cicatrizes na região
da Chapada Diamantina. Itamar Vieira Júnior inscreve no painel da literatura
brasileira contemporânea seu “Torto arado” como ferramenta de uma linguagem
áspera a se espaçar pelas trilhas narrativas. Da força da palavra, o arado se
entorta pelos contornos da linguagem que brota do silêncio de Belonísia, uma
das narradoras. Há pares e duplos ao longo da história. Bibiana/Belonísia;
Crispina/Crispiniana; e os encantados Cosme e Damião. A assunção dos
quilombolas, ao custo do sangue que adubou a terra, representa os abusos em
todo o país, ao longo de trezentos anos de escravização. Para pensar a
contribuição da comunidade negro-brasileira, utilizaremos o pensamento de
Cuti; para as questões relativas ao texto/contexto, Anatol Rosenfeld; os modos
de usar a memória e aspectos latino-americanos, Wander Melo Miranda; o dever
da memória e os questionamentos da história, Cecil Jeanine Albert Zinani; a ética
na ficção, Cristovão Tezza e as inserções da literatura e cultura na América latina,
Ángel Rama.
Palavras-chave: Literatura; Terra; Silenciamento; Território; Memória.

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A Resistência de Julián Fuks: autoficção como ferramenta de militância
literária

Luzimara de Souza Cordeiro (Instituto Federal do Espírito Santo – IFES)

Resumo: Tendo como corpus de investigação o romance autoficcional A


resistência (2015), de Julián Fuks; o presente trabalho tem o propósito de
empreender uma reflexão crítico-analítica, a fim de evidenciar como a arte da
palavra desse escritor brasileiro, ao rememorar o passado da ditadura militar,
manifesta diversas formas de resistência contra o apagamento das barbáries do
passado e alerta sobre as possíveis formas de violência que ainda queiram
ameaçar o momento atual. Uma obra que se edifica estética, ética e politicamente
como ferramenta de militância literária, por meio de um jogo híbrido entre ficção
e realidade, que propicia uma leitura “a contrapelo” do passado ditatorial do
Brasil e da Argentina. Uma obra que não busca apenas recordar, mas também
refletir e sensibilizar sobre esse passado horrendo, por meio de questionamentos
geracionais, a fim de “combater o déficit de memória”. Logo, um “romance de
filiação” da literatura contemporânea brasileira que auxilia na política de
memória desse regime de repressão, ao mostrar, por intermédio da pós-memória,
os impactos da ditadura e do exílio, herdados por um filho de pais militantes da
esquerda. Para tanto, os ensinamentos teóricos de Walter Benjamin, Tzvetan
Todorov sobre a exigência da memória; de Jeanne Marie Gagnebin e Paul Ricouer
Seligmann-Silva sobre história, memória e elaboração do passado; de Julián Fuks
sobre pós-ficção e resistência; de Ana Faedrich, Diana Klinger e Eurídice
Figueiredo sobre as escritas de si, dentre outros teóricos que serão utilizados para
maior fundamentação das questões a serem discutidas.
Palavras-chave: Autoficção; Ditadura Militar; Militância Literária; Julián Fuks;
Resistência.

Vozes silenciadas do Araguaia: o desaparecido em Antes do passado: o


silêncio que vem do Araguaia (2012), de Liniane Haag Brum

Renata Rocha Ribeiro (UFG – Goiás)

Resumo: O presente trabalho pretende analisar a figura do desaparecido no


romance Antes do passado: o silêncio que vem do Araguaia (2012), da escritora
gaúcha Liniane Haag Brum. Entre depoimentos, recortes de jornal, documentos,
cartas e fotografias são redigidos fragmentos em que a escritora desvela a história
da própria família (seu tio e padrinho, Cilon Cunha Brum, foi visto pela última
vez no dia de seu batizado, 09 de junho de 1971) e a história da ditadura
brasileira, especialmente o episódio da Guerrilha do Araguaia. A acepção de
“desaparecido” será observada sob a perspectiva de Gatti (2006, 2011), para quem
a catástrofe é conceito fundamental para representar fenômenos de violência
social extrema, sendo o desaparecimento forçado de pessoas um desses

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fenômenos. Gatti (2006, 2011) toma como base os contextos ditatoriais argentino
e uruguaio; entretanto, sua fundamentação pode também servir ao contexto
brasileiro. Também se faz importante retomar o conceito benjaminiano de
“rastro”, posto que a obra resulta, nas palavras da autora, da tentativa de
reconstrução da figura de Cilon Brum, da tentativa de apreensão de “sua
personalidade e seus rastros através do olhar daqueles que o conheceram”
(Brum, 2012, p. 12). Para tanto, além da consulta aos arquivos familiares, Liniane
Brum empreendeu duas viagens ao norte do país, para a região da guerrilha, a
partir das quais conseguiu dar cabo à sua busca e escrever o livro em questão.
Nesse sentido, para além dos autores já citados, são utilizados, como parâmetros
teóricos e críticos, as considerações de Vecchi (2018), Cavalcanti Junior (2018),
Abreu (2020), Coronel (2021), Cruz (2022), Eugenio (2021) e Silva (2022).
Palavras-chave: Romance Brasileiro Contemporâneo; Ditadura Brasileira;
Desaparecido Político; Guerrilha do Araguaia; Liniane Haag Brum.

Literatura, jornalismo e testemunho nos anos 70

Sueli Funari (UNICAMP)

Resumo: A presente comunicação propõe uma reflexão acerca da produção


literária referente aos anos subsequentes ao golpe militar no Brasil, de 1964 – e
que se estende pelos anos 70 e 80 – expressivamente ocupada por uma literatura
de denúncia político-social, que assumiu a incumbência ética de preencher os
espaços jornalísticos da imprensa silenciada pelo AI-5. A ditadura militar(1964-
1985) instituiu no Brasil um regime de exceção, que teve como resposta da
sociedade brasileira um período bastante fértil para as manifestações artísticas. E
neste contexto, há que se ressaltar a colaboração decisiva da imprensa para o
florescimento de uma geração literária composta por escritores que mantinham
uma interface com o jornalismo cuja simbiose desempenhou importante papel de
resistência contra o regime ditatorial brasileiro. Desta forma, o referido binômio
literatura-jornalismo concentra algumas inquietações. Primeiramente,
destacamos as aproximações e divergências sobre a questão da dupla autoria, de
jornalista e de autor. O que nos faz questionar como se estabelece a fronteira entre
o literário e o jornalístico e, também, de que forma os dois gêneros confluem.
Outra instância de investigação tem como escopo a questão do vínculo imanente
que se operou entre literatura, experiência e testemunho, haja vista a
transformação do cotidiano dos jornais em matéria-prima literária. Adotamos
como aporte teórico Tres propuestas para el próximo milenio (y cinco
dificultades)”, de Ricardo Piglia.
Palavras-chave: Literatura; Jornalismo; Ditadura.

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A estética da experiência fragmentada: narrativa e memória sobre a ditadura
civil-militar brasileira na antologia de contos Nos idos de março: a ditadura
militar na voz de 18 escritores, organizada por Luiz Ruffato

Johny Paiva Freitas (UFC - Ceará)

Resumo: O objetivo desta pesquisa é compreender como os contos publicados no


livro “Nos idos de março: a ditadura militar na voz de 18 escritores” (2014),
organizado por Luiz Ruffato e publicado pela Geração Editorial, configuram um
espaço de resistência, ao mesmo tempo estético e político, no qual as experiências
de diferentes autores são mobilizadas pela escrita ficcional para compor
narrativas nas quais se recria o ambiente de censura, tortura e militância vivido
durante os anos de 1964 a 1985, período que corresponde à ditadura civil-militar
no Brasil. Desse modo, a discussão aqui proposta tem como perspectiva
metodológica a análise dos contos em diálogo com a historiografia produzida
sobre esse período, pincipalmente os estudos de Fico (2001), Figueiredo (2015)
Ferreira e Gomes (2014), Reis (2014), Ridenti (2014), Sá Motta (2014), ente outros.
É nessa dialética tensiva entre a escrita da história e o discurso ficcional, já
salientadas nos textos de Paul Ricoeur (2010) e Hayden White (1994), que este
estudo se assenta, uma vez que visa perscrutar como o passado ditatorial, seus
usos e representações, torna-se um campo envolvido constantemente por
disputas e negociações, seja pela historiografia ou até mesmo pela narrativa
literária. Por fim, o trabalho aqui desenvolvido é norteado por uma perspectiva
na qual a arte, mais especificamente a literatura, assume um papel de
contestadora do esquecimento e da denegação provocados pelos interesses
daqueles que ainda persistem em amordaçar a memória de um passado
composto por experiências esteticamente fragmentadas.
Palavras-chave: Literatura; História; Memória; Ditadura.

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SIMPÓSIO 7 – LETRAS FEMINISTAS – A PRODUÇÃO LITERÁRIA
DE AUTORIA FEMININA NA AMÉRICA LATINA, CARIBE E
EUROPA

ON-LINE

COORDENADORAS:
Adriana Aparecida de Figueiredo Fiuza (UEL/ UNIOESTE)
Jacicarla Souza da Silva (UEL)
Katia Aparecida da Silva Oliveira (UNIFAL)

Vozes de mulheres na literatura contemporânea brasileira

Josélia de Fatima Tuschinski (PPGL/UFP)

Resumo: Este trabalho é parte da dissertação de mestrado apresentado ao


Programa de Pós - Graduação em Letras da Universidade de Passo Fundo
(PPGL/UPF) e vincula-se à linha de pesquisa “Produção e recepção do texto
literário”, como pré-requisito para obtenção do título de mestre em Letras. Na
vereda dos estudos literários voltados à escrita ficcional de mulher, em diálogo a
história social da mulher, busca-se estabelecer uma relação entre literatura de
autoria de mulher e feminismos. O objetivo é investigar como ocorre a
interferência das instituições, Família, Religião e Estado, na sexualidade e no
direito reprodutivo das protagonistas: Lorena, Lia e Ana Clara, na obra, As
meninas, de Lygia Fagundes Telles, publicada em 1973, analisando os ecos dos
feminismos nas vozes das narradoras-personagens, a fim de perceber de que
maneira os discursos feministas atuam no processo de desconstrução da
hegemonia do discurso de dominação masculina. Para tanto, evidencia-se a
legitimidade do feminismo como importante componente da obra As meninas,
no sentido de possibilitar o debate sobre questões de gênero, tomando em
consideração o caráter político de examinar e contestar as relações de poder que
interferem na sexualidade e no direito reprodutivo das protagonistas. As análises
ancoram-se em estudos literários, estudos de gênero, estudos filosóficos e
sociológicos que dialogam com a questão da mulher. A escolha destas
abordagens justifica-se pela necessidade de se estabelecer interlocuções com
diferentes áreas do conhecimento que tratam a questão da voz da mulher na vida
e na arte. A base teórica deste trabalho, ampara-se especialmente nos estudos de
Mary Del Priore (2013;2000), Heleith Saffiot (2013;2015), Rose Marie Muraro
(1983), Marcia Tiburi (2015), Luís Felipe Miguel e Flávia Biroli (2013) e Michael
Foucault (2021). Quanto aos procedimentos metodológicos, trata-se de um

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estudo de natureza aplicada, exploratória quanto aos seus objetivos, bibliográfico
quanto aos seus procedimentos técnicos, e qualitativo quanto a sua abordagem.
Como resultado, é possível perceber que, o romance As meninas, por meio da
linguagem possui como fio condutor as vozes das narradoras personagens, suas
subjetividades, medos e conflitos. No caso da relação entre a literatura
feminismo, além do discurso transgressor que compõe as vozes das
protagonistas, evidencia-se também uma interlocução no plano estrutural da
obra, que acaba por estabelecer uma relação literatura-cultura-sociedade.
Palavras-chave: Literatura de autoria de mulher; Romance Contemporâneo
brasileiro; Teoria Feminista.

Vozes femininas, vozes francófonas

Sarah Fernandes (UFSC)

Resumo: A literatura em língua francesa pode ser analisada a partir de várias


perspectivas. Uma delas é a geográfica: à literatura francesa, atribui-se um valor
distinto do valor atribuído à literatura de língua francesa produzida fora da
França, como a caribenha ou africana. Dentro dessa disparidade de recepção,
ainda existe outro recorte, tão ou mais importante, que podemos fazer: o de
gênero. O presente trabalho procura entender qual a representação da literatura
em língua francesa produzida por mulheres de fora do eixo europeu tem no
sistema literário brasileiro, através da perspectiva de capital, difundida por
Pierre Bourdieu e ampliada por Pascale Casanova. Dentro dessa perspectiva,
cada sistema literário tem um valor relacionado a fatores como língua, economia
e história, ou seja, algumas literaturas tem mais prestígio mundial do que outras
dependendo de seu lugar de origem. Para isso, observa-se quais obras em língua
francesa de fora do eixo europeu são traduzidas no Brasil no século XXI e em
qual contexto as mesmas se inserem, considerando fatores como prêmios
recebidos, traduções prévias para outras línguas e outros que possam servir
como incentivos para que essas obras sejam traduzidas para o português. Assim,
é possível traçar um perfil, mais ou menos homogêneo, de quais fatores são os
mais preponderantes para que uma obra ganhe uma tradução no sistema literário
brasileiro.

Palavras-chave: Literatura Francófona; Literatura Feminina; Tradução.

O Arquétipo Feminino na Obra La mujer de Cera, de Carmen Martín Gaite

Beatriz Ferreira Soares (UNIFAL)


Katia Aparecida da Silva Oliveira (UNIFAL)

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Resumo: O presente trabalho tem como objeto de estudo o conto La mujer de
Cera publicado, em 1954, pela escritora espanhola Carmen Martín Gaite (1924-
2000). A leitura se dá como análise da personagem la mujer de cera e sua
interação com o personagem principal Pedro, em que nesta é possível observar a
perspectiva da mulher sob um imaginário masculino. Em vista disso, objetiva-se
neste trabalho uma discussão sobre a construção da personagem “mulher de
cera” considerando a sua natureza insólita (Roas, 2014; Todorov, 2004) e
arquetípica (Jung, 2008), a fim de estabelecer uma leitura que reconheça a crise
psicológica do personagem Pedro e sua fobia em relação ao feminino. Adota-se
para esse trabalho a ótica da crítica feminista (Zolin, 2009), buscando
problematizar a construção de uma imagem negativa do feminino associada às
inseguranças e fragilidades do personagem principal. A partir disso, a proposta
de trabalho tem a intenção além de discutir a representação da mulher de cera a
partir do fantástico e como ela se relaciona com o masculino, busca-se também
focalizar sobre a importância da escritora espanhola em um âmbito de escassez
de obras de autoria feminina, assim como dar maior notabilidade aos estudos de
obras de escritoras ibero-americanas.
Palavras-chave: Feminino, Crítica, Arquetípico.

A tradução como instrumento para o resgate e a divulgação literária: La Dama


Joven, de Emilia Pardo Bazán

Bruna Cardoso de Oliveira (UNIFAL)


Kátia Aparecida da Silva Oliveira (UNIFAL)

Resumo: Emilia Pardo Bazán (1851-1921) foi uma contista, romancista, ensaísta,
crítica literária, tradutora, dramaturga e jornalista galega espanhola, responsável
pela introdução da corrente literária naturalista na Espanha. Dedicou grande
parte de sua vida e suas obras para criticar e reivindicar o direito da mulher à
educação. Suas obras foram traduzidas, ainda em vida, para mais de dez idiomas
— incluindo tcheco, estoniano e japonês — porém as traduções para o português
não foram tão expressivas. Como contribuição para o resgate da autora e sua
divulgação para o público brasileiro, foi realizada a tradução do conto La Dama
Joven. A autora mostra as dificuldades e limitações na vida das mulheres daquele
período, especialmente as de classes mais baixas, reduzidas somente a esposas e
mães, que não podiam sonhar além do que sua posição social estabelecia. Sua
estética literária e temas abordados mostram a razão para a necessidade de
resgate de suas obras: ela discute questões sociais e femininas que não eram
comuns para a época, utilizando sua influência e seus trabalhos para questionar
a ordem social vigente. Para esse trabalho a tradução foi realizada a partir de um
viés crítico, baseando-se na visão da própria autora e de autores como Jorge Luis
Borges (1944), Paulo Henriques Britto (2012) e Walter Benjamin (2008). As
maiores dificuldades para a tradução estão relacionadas com as escolhas feitas
para manter o máximo do texto original, foram adaptados termos e expressões

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considerando a linguagem específica do século XIX, além de ser respeitada, na
medida do possível, a estrutura textual.
Palavras-chave: Emilia Pardo Bazán; Tradução; La Dama Joven; Literatura De
Autoria Feminina.

As mulheres de Samanta Schweblin: visões acerca do feminino na obra


Pássaros na Boca

Marina Daga (UNIOESTE - Campus Cascavel)


Maricélia Nunes dos Santos (Orientadora PPGL/UNIOESTE - NuECP/PPGL)

Resumo: Este trabalho pretende apresentar uma análise acerca da obra de autoria
feminina latino-americana, Pássaros na Boca (2022), de Samanta Schweblin. Essa
coletânea de contos aborda aspectos do fantástico, tendo como característica
principal a presença de elementos inexplicáveis, colocando-os em cenários
cotidianos, os quais transitam entre o maravilhoso e o horror, expressando a
mistura do irreal com o real, sendo uma das formas contemporâneas presentes
na escrita latino-americana. O estudo se ancora nas discussões acerca do
fantástico empreendidas por David Roas, em Trás los límites de lo real: una
definición de lo fantástico (2011), Tzvetan Todorov, em Introdução à literatura
fantástica (2010), e Pampa Olga Arán, em El fantástico literario (1999), assim como
autores que elucidam concepções sobre os contos, como Ricardo Piglia, em
Formas Breves (2004), e Nádia Battella Gotlib, em Teoria do Conto (2006). Sendo
assim, em seus contos, Schweblin mostra ao leitor diversas faces de casos
rotineiros, transformando-os em coisas extraordinárias. Além disso, a autora
explana muitas questões femininas dentro de seus contos, tratando sobre
matrimônio, maternidade, infertilidade, aborto, entre outras questões que
permeiam a pressão e a opressão sobre a mulher na sociedade atual, transitando
sempre entre o real e o estranho. Portanto, percebe-se que os contos presentes na
obra Pássaros na Boca (2022), de Samanta Schweblin, procuram expor aos leitores,
além de aspectos fantásticos, demandas femininas que mesclam o estranho com
o âmbito sufocante da realidade.
Palavras-chave: Fantástico; Literatura; Feminismos, Crítica Literária Feminista.

Eva Perón: uma análise dos discursos políticos

Karolyne Schafer Marcondes (Mestranda/PPGL/UNIOESTE)


Paulo Cesar Fachin (Orientador PPGL/UNIOESTE/FAG/-NuECP/PPGL)

Resumo: O presente artigo tem o intuito de analisar a representatividade dos


discursos realizados por Eva Duarte Perón, tal como a movimentação política
exercida em seu país no período dos discursos, salienta-se que o ensejo de Eva
Perón na política e as manifestações dos discursos direcionava-se em defesa da

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classe menos favorecida com ações de medidas econômicas populares, diante
deste expõe-se a escrita com propósito de reflexões e apontamentos realizados
em torno de sua busca pelos direitos, a partir da sua conjuntura histórica,
inserção na política, seu posicionamento como ex-primeira-dama da Argentina e
representante da sustentação ideológica justicialista conhecida como partido
peronista. Por um viés pragmático, o presente estudo tem a proposta de implicar
reflexões em torno dos discursos realizados por Eva Perón que impactaram a
história política, social e econômica da Argentina. A asserção de pesquisa dar-se-
á por averiguações bibliográficas com tratamento qualitativo dos dados
coletados, fundamentando e baseando-se nas teses dos teóricos: Bakhtin (1992),
Maingueneau (2015) e Orlandi (2015), com observação na obra da Eva Perón:
discursos (selección) Biblioteca del Congreso de la Nación (2012). A vigente
escrita tem intento de analisar os efeitos sucedidos nos discursos políticos que
permitiram tamanho reconhecimento, exaltação de seu ser e seu influxo mundial.
Palavras-chave: Análise do Discurso; Eva Perón; Evita; Política.

A maternidade e as obrigações femininas em A Filha Perdida (2016), de Elena


Ferrante, e A Ilha de Arturo (1957), de Elsa Morante

Julia Melare Franzini (UNESP)


Kátia Rodrigues Mello Miranda (UNESP)

Resumo: O presente trabalho tenciona expor uma pesquisa de mestrado que se


encontra em etapa preliminar de execução, inserida na perspectiva da literatura
comparada (NITRINI, 2010) e dos estudos da literatura de autoria feminina
(ZOLIN, 2019). As temáticas acerca da maternidade e das obrigações femininas
incorporadas nos romances A Filha Perdida (2016), de Elena Ferrante (1943-), e A
Ilha de Arturo (1957), de Elsa Morante (1912-1985), serão analisadas a partir da
construção das personagens femininas das narrativas e suas respectivas relações
com a maternagem, assim como com a carga emocional e física destinada a essas
mulheres. Ambas as escritoras têm em suas narrativas motes confluentes, como
a maternidade, a relação e ligação materna com os filhos, as obrigações que
permeiam o universo feminino e levantam a discussão sobre como a sociedade
percebe e acolhe as mulheres, em especial, as mães. Para a análise desses temas,
o trabalho dialogará com Ferreti (2018) e Secches (2020), propondo impulsionar
uma argumentação detalhada a respeito dos temas mencionados, além de outros
que se destacarem no cotejo das narrativas. Ademais, a fim de levar em
consideração a construção das personagens femininas nas obras e instigar a
reflexão a respeito do papel da mulher e seu movimento na sociedade, também
subsidiarão a análise estudos do âmbito da crítica literária feminista e da
literatura de autoria feminina, como Brandão (2003), Lerner (2019), Badinter
(1985) e Butler (1988), dentre outros.
Palavras-chave: Narrativa contemporânea; Elena Ferrante; Elsa Morante;
Personagem feminina; Maternidade.

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A autobiografia da minha mãe e a construção de uma personagem em
ascensão: Xuela Claudette Richardson e o revide

Rafael Francisco Neves de Souza (Doutorando - PPGL/UNIOESTE)


Lourdes Kaminski Alves (PPGL/UNIOESTE - NuECP/PPGL)
Leoné Astride Barzotto (PPGL/UFGD)

Resumo: Esta comunicação apresenta um estudo sobre a obra A autobiografia da


minha mãe, da escritora caribenha Jamaica Kincaid (2020). Tem-se como proposta,
refletir, como a personagem Xuela Claudette Richardson constrói-se à luz da
opressão colonizadora europeia na narrativa. Nesse sentido, interessam-nos os
movimentos sobre discussão feminista, tendo como base principal o feminismo
decolonial discutido por Françoise Vergès, no ensaio intitulado Um Feminismo
decolonial (2021), e o livro Por um feminismo afro-latino-americano (2020), de Leilá
Gonzales dentre outras/os autoras/es, que iluminam a análise literária da obra
de Jamaica Kincaid, nos permitindo uma leitura que ultrapassa as fronteiras
caribenhas. Elementos de transculturalidade, hibridizações, alteridade e
outrização reativa configuram a tessitura literária de A autobiografia da minha mãe
(2020). Este estudo aponta os processos de revide narrados na diegese e como a
personagem feminina encontra estratégias de sobrevivência no contexto do
sistema patriarcal. Observa-se que tanto a ficção quanto a produção crítica,
ensaística de autoria feminina contribui para pensar sobre a importância social e
política da vertente contemporânea do feminismo decolonial, interseccional,
trazendo à tona, bandeiras de lutas de mulheres que se encontram em uma esfera
de subjugação, principalmente por questões de gênero, raça e sexualidade. É
importante destacar, nesta perspectiva, que Xuela Claudette Richardson, rompe
com uma narrativa predestinada a ela, como uma mulher passiva, submissa e
objetificada.
Palavras-chave: Feminismo decolonial; Autobiografia da minha mãe; Jamaica
Kincaid; Personagem; Revide.

Do voo ao salto: resistência e velhice na obra de Maria Valéria Rezende

Adriana Aleixo Neto (Doutoranda em Estudos de Linguagens Centro Federal


de Educação Tecnológica de Minas Gerais - CEFET-MG)

Resumo: A presente comunicação tem como objetivo apresentar o trabalho de


Maria Valéria Rezende sob o enfoque da velhice e resistência das personagens
mulheres em seus romances. A discussão abordará dois de seus livros: Carta à
rainha louca (2019) e Quarenta dias (2014), a fim de ressaltar como a literatura de
Rezende trata a luta e a resistência das mulheres no decorrer da história do país.
O referencial teórico se baseia, principalmente, em estudos de Lélia Gonzalez,
Gayatri Spivak, Simone de Beauvoir e Natália Ginzbrurg. Escritora referência na

61
literatura contemporânea, Rezende aborda no romance Carta à rainha louca (2019)
os infortúnios e humilhações a que as mulheres pobres, sem família e
escravizadas eram submetidas no século XVIII. Já seu romance Quarenta dias
(2014) enfoca o preconceito e a marginalização da mulher velha e mãe nos tempos
atuais. Pretende-se, portanto, analisar ambas as narrativas no que diz respeito às
suas semelhanças e diferenças, bem como ao preconceito de idade e de gênero,
salientando como as personagens femininas resistem a essa opressão, tendo
como aparato teórico os estudos decoloniais e feministas.
Palavras-chave: Resistência; Velhice; Literatura Contemporânea; Maria Valéria
Rezende

Uma análise comparativa entre As formigas, de Lygia Fagundes Telles, e The


wives of bath (1993), de Susan Swan

Lis Doreto Romero (UEL)

Resumo: Lygia Fagundes Telles, nascida no Brasil, e Susan Swan, canadense, são
consideradas escritoras contemporâneas em seus países. As duas escritoras são
singulares, de nacionalidades diferentes e, cada uma à sua maneira, abordam
temas em comum. Considerando as características que as aproximam e
objetivando contribuir para os estudos acerca da literatura comparada, os quais
são carentes de trabalhos que criem pontes entre o Brasil e o Canadá, esta
comunicação propõe fazer uma análise comparativa no que diz respeito aos
elementos grotescos presentes no conto “As Formigas”, de Lygia Fagundes
Telles, e no romance The Wives of Bath, de Susan Swan. Para tanto, os
pressupostos de Tzvetan Todorov sobre o fantástico, bem como os estudos acerca
do grotesco, de Bakhtin, e do grotesco feminino, de Mary Russo, serão utilizados.
Por fim, aproximando as duas autoras, suas obras, e também os dois países, será
observado que, embora distantes geograficamente, ambas, e ambos, possuem
literaturas e histórias semelhantes em suas diferenças.
Palavras-chave: Mulher; Grotesco; Literatura Comparada.

Estudo e Mapeamento da Produção Literária Feminina Afro-Brasileira


Contemporânea

Nicole Fernandes Silva (UEL)

Resumo: Com o intuito de mapear a produção literária feminina afro-brasileira


do século XXI, bem como destacar a sua representatividade no campo da
Literatura, o presente trabalho tem o objetivo de realizar um estudo crítico sobre
a expressividade literária de escritoras negras no contexto contemporâneo. Para
isso, sob a perspectiva do Feminismo negro latino-americano, esta pesquisa
pretende, primeiramente, refletir brevemente sobre as leituras realizadas ao

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longo do projeto sobre a escrita e análise da crítica literária feita por mulheres
afro-brasileiras, como também acerca dos conteúdos teóricos que fundamentam
este estudo. Em seguida, a fim de evidenciar a representatividade dessas vozes
negras, será apresentado um breve resumo do estudo de levantamento de
autoras brasileiras e suas respectivas obras estudadas ao longo do
desenvolvimento desta pesquisa. Espera-se, por último, traçar uma reflexão
sobre os nomes resgatados e a produção dessas mulheres, tentando identificar
quais são as dificuldades que a mulher negra encontra para a produção literária
e qual o seu espaço, para além disso, na crítica literária.
Palavras-chave: Mulher; Literatura; Feminismo negro; Contemporaneidade.

De Lucíola a Lucy: Ressignificações da sexualidade em Tudo é rio, de Carla


Madeira

Eloisa Buzelatto (UNIOESTE - Campus Cascavel)

Resumo: O presente artigo se propõe a investigar como a sexualidade feminina


é trabalhada na construção da personagem Lucy, deTudo é rio (2014), escrito por
Carla Madeira. Ao pesquisar um romance contemporâneo de autoria feminina,
interessa-nos investigar se e como a representação feminina nessa obra subverte
o imaginário patriarcal e se ela aproxima ou se distancia de outras representações
de personagens prostitutas escritas por autores homens consagrados pelo cânone
literário brasileiro, traçando paralelos com obras como Lucíola (1862), de José de
Alencar, e Tereza Batista cansada de guerra (1974) de Jorge Amado, entre outros.
Em um primeiro momento, são revisados alguns conceitos acerca da sexualidade
e da prostituição no Ocidente. Depois, observamos como as temáticas da
sexualidade e da prostituição foram trabalhadas na literatura brasileira,
atentando para a subversão ocasionada pela literatura de autoria feminina e pela
Crítica Literária Feminista. Para tanto, evocamos autores e autoras como Zolin
(2019a; 2019b), Showalter (1999) e Dalcastagnè (2021), que tratam literatura de
autoria feminina; e Del Priore (2011) e Giddens (1993), que amparam as
discussões sobre sexualidade e erotismo. Finalmente, realizamos uma leitura
crítica e reflexiva do romance investigado, selecionando trechos em que a
sexualidade de Lucy é apresentada e desenvolvida, a fim de compreender se
Carla Madeira inova na representação da sexualidade feminina em sua obra.
Palavras-chave: Literatura Brasileira; Sexualidade; Autoria feminina; Carla
Madeira.

Os fios da mitologia amazônica na tecitura de Mulheres empilhadas

Paula Grinko Pezzini (UNIOESTE - Campus Cascavel)

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Resumo: Como resultado da minha dissertação de Mestrado em Letras,
apresento, neste artigo, um estudo direcionado às personagens indígenas do
romance Mulheres empilhadas (2019), da escritora brasileira Patrícia Melo. Na
obra, a narradora descreve o assassinato brutal de Txupira, uma adolescente da
aldeia Kuratawa que foi estuprada, torturada e morta por três homens
representantes da elite acreana. Ao longo da narrativa, é possível observar um
processo de transformação de Txupira a partir da coletividade feminina e do
universo fantástico da floresta, retratado no coração da mata amazônica – que
tomo enquanto objeto de estudo deste trabalho. Com base nos Estudos
Comparados e na Crítica Literária Feminista, pretendo cotejar os mitos
amazônicos que são acionados ao longo de Mulheres empilhadas, com enfoque
na história das guerreiras icamiabas – figuras essenciais ao movimento de
resistência feminista que delineia o romance. Nesse sentido, dialogo com Rita
Segato (2003), Zilá Bernd (2013) e Lúcia Zolin (2019a; 2019b), à medida que
contextualizam os elementos estruturantes da violência na América Latina e
compreendem a literatura de autoria feminina a partir de elementos identitários,
memorialísticos e culturais. A perspectiva analítica parte dos feminismos
decoloniais, com María Lugones (2008; 2010) e Françoise Vergès (2020; 2021),
além de trazer vozes de mulheres indígenas à medida que contextualizo o
sistema moderno/colonial e de gênero, a literatura contemporânea e os direitos
humanos. O entrelaçamento das relações de poder que invisibilizam as
comunidades indígenas no Brasil, possibilita que constatemos o feminicídio de
Txupira como consequência direta da violência sistêmica e epistemológica na
América Latina.
Palavras-chave: Literatura Brasileira; Autoria Feminina; Crítica Literária
Feminista; Pensamento Decolonial.

Memória e resistência na escritura de Leal e Aldecoa

Leticia Zago de Oliveira (Mestranda PPGL/UNIOESTE)


Pedro Leites Junior (Orientador - PPGL/UNIOESTE/IFPR - NuECP/PPGL)

Resumo: Este trabalho propõe um estudo comparativo entre produções literárias


das escritoras Josefina Aldecoa e Beatriz Leal com enfoque na resistência pela
literatura e na reconstrução da história através dos recursos memorialísticos.
Josefina Aldecoa escritora espanhola, na trilogia composta por Historia de uma
maestra (1990), Mujeres de negro (1994) e La fuerza del destino (1997), aborda
questões da resistência feminina na Espanha durante o período da guerra civil
espanhola e ditadura franquista. Tendo por protagonistas personagens mulheres
republicanas, revisita o passado histórico por meio da memória dessas
personagens, fazendo duras críticas ao período nas entrelinhas. Beatriz Leal é
uma escritora brasileira que em sua obra Mulheres que mordem (2015), aborda o
período de ditadura argentina por meio de uma narrativa fragmentária,
apresentada por diferentes vozes e compostas por variados estilos e formatos de
escrita, como seções de terapia e cartas. Nesse conjunto, recupera a memória dos

64
personagens de modo a promover uma crítica social de resistência aos atos
praticados pelos militares naquele período e contexto. Ambas os escritores
trazem a temática da resistência feminina nas obras aqui selecionadas como
corpus, tendo como pano de fundo as ditaduras dos respectivos países. Como
base para essa reflexão que se desenvolverá sobre as obras, para a temática da
resistência, o estudo se vale de autores como Alfredo Bosi (2002) e Antonio
Candido (2000). Já com relação ao conceito de memória, tomará por base as
reflexões agenciadas por Le Goff (2003), Margareth Rago (2005), entre outros.
Palavras-chaves: Literatura e Resistência; Ditadura; Memória.

Joias de família, de Zulmira Ribeiro Tavares: a potência dos recursos cômicos


na construção do romance

Lucas Daniel Rocha Alves (UNIOESTE)


Maricélia Nunes dos Santos (PPGL/UNIOESTE - NuECP/PPGL)

Resumo: O artigo tem como objetivo observar os elementos cômicos presentes


na obra Joias de família, de Zulmira Ribeiro Tavares. Através de estudos baseados
no riso e no cômico que tomam como base principalmente Henri Bergson (1983)
e Vladímir Propp (1992), buscamos destacar os trechos da obra que lançam mão
de tais elementos e observar como o uso ocorre e o efeito proporcionado.
Lançamos mão, ainda, da teoria da Carnavalização Bakhtiniana no intuito de
observar se a obra apresenta elementos dessa teoria de forma a contribuir para a
sua comicidade. Foi possível observar, dentro da teoria de Bergson, a presença
da repetição e do disfarce que são mecanismos utilizados para gerar comicidade.
Entretanto, observamos que em alguns momentos, apesar da presença desses
elementos, por meio do apelo à emoção, o corpus se distancia do cômico. Ainda
encontramos elementos de paródia, de acordo com a teoria de Propp, ao longo
de toda a obra que contribuem para que seja evidenciada a decadência da elite
paulista do século XX. Quanto à Carnavalização, segundo a obra de Bakhtin
(1987), observamos a presença do destronamento e da coroação. Tais elementos
abrem espaço para outros da teoria sendo estes a ruptura hierárquica, o mundo
às avessas, a aproximação de opostos, bem como a morte prenha.
Palavras-chave: Literatura; Comicidade; Paródia; Carnavalização.

Individualidade feminina em Mrs. Dalloway: entre Clarissa e Virginia

Dhandara Capitani (UNIOESTE – Campus Cascavel)


Julia de Oliveira Ferrari (UNIOESTE - Campus Cascavel)

Resumo: O presente artigo objetiva a análise da construção da individualidade


feminina em "Mrs. Dalloway" de Virginia Woolf. Woolf consegue manter sua
escrita permeada por vozes dialógicas no contexto do mundo moderno,
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amalgamando vozes femininas reprimidas com uma representação textual da
identidade feminina. Mediante essa abordagem, sua escrita viabiliza uma
rearticulação de vozes femininas que foram coibidas durante o período
modernista. Ademais, Woolf logra inserir concepções feministas que se
contrapõem à corrente dominante masculina. Desse modo, a autora erige um
novo estilo de expressão de gênero em prol da equidade das mulheres, um
objetivo ainda não plenamente alcançado. Nesse contexto, o escopo deste estudo
direciona-se à análise de "Mrs. Dalloway", bem como de sua protagonista,
Clarissa, enquanto dispositivo ficcional mais congruente empregado por Woolf
para questionar a individualidade feminina através do artifício da ficção. Através
de uma abordagem investigativa, busca-se compreender em detalhe como a
estrutura da narrativa e a caracterização de Clarissa funcionam de forma
interligada, manifestando-se como um dispositivo ficcional altamente
congruente. Woolf, conscientemente, utiliza Clarissa como uma lente por meio
da qual pode inquirir e ilustrar as complexas nuances da individualidade
feminina.
Palavras-chave: Individualidade; Patriarcado; Feminino; Dalloway.

Corpos gordos: reflexões sobre mulheres gordas nos contos Inmensamente


Eunice (2005) e A solução (1999)

Andreia Piechontcoski Uribe Opazo (UNIOESTE)


Crislaine Alessandra de Lima Scher (UNIOESTE)
Paula Maria Lucietto Dylbas dos Santos (UNIOESTE)

Resumo: Este artigo tem por objetivo analisar a representação do corpo feminino
gordo nas personagens femininas dos contos “A solução” (1999), de Clarice
Lispector, e “Inmensamente Eunice” (2005), de Andrea Blanqué. A primeira
narrativa está presente no livro A legião estrangeira, publicado pela primeira vez
em 1964, e traz como protagonista Almira; a segunda faz parte de La piel dura, de
1999, e nos apresenta a personagem central Almira. Como ambas as personagens
são obesas, objetivamos verificar como a gordura é representada nos contos e de
que modo os discursos gordofóbicos são perpetuados socialmente. Nossas
considerações são elaboradas a partir de estudos bibliográficos, considerando o
contexto histórico, a crítica feminista, os estudos de gênero e das violências
cometidas contra as mulheres e seus corpos e se pautam especialmente nas
autoras Joana de Vilhena Novaes (2004), que discute sobre as representações
sociais da gordura, destacando os estereótipos relacionados ao corpo gordo e
apontando os conceitos de obesos malignos e benignos; e María Florencia Reijo
(2022) que, em sua obra, discute sobre as exigências do patriarcado em prol de
um ideal de corpo perfeito. Constatamos, nesta ótica, que o preconceito sofrido
por ambas personagens femininas é uma pauta urgente na sociedade
contemporânea e deve ser discutida amplamente nos diversos espaços sociais,
propiciando que as mulheres gordas sejam vistas como sujeitas de direito.

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Palavras-chave: Mulheres Gordas; Corpos Gordos; Literatura; Contos.

Pança de Burro: um vulcão dentro e fora do corpo

Neila da Silva de Souza (UnB)

Resumo: Esta comunicação tem por objetivo apresentar o romance Pança de burro
(2022), de Andrea Abreu sob a perspectiva de demonstrar a intencionalidade
estética escatológica para abordar temáticas como bullying, anorexia, homofobia,
a passagem da ingenuidade pueril para descoberta sexual da adolescência. O
título Pança de burro refere-se a um fenômeno meteorológico que acontece ao
norte das Ilhas Canárias. Quando o vulcão, adormecido, ameaça entrar em
erupção, as nuvens ficam baixas, deixando a atmosfera cinza em boa parte do
tempo. Nesse romance, narrado em primeira pessoa, com ambientação em
Tenerife, temos a amizade entre Isora e a narradora, a qual não tem nome
descrito. Por meio da voz infantil, sem ser infantilizada, o leitor se depara com
duas meninas que possuem uma amizade complexa, pois ao mesmo tempo em
que se amam, ou buscam se descobrir sexualmente, elas sentem inveja uma da
outra, possuem relação de dominação e opressão, ou seja, as duas não conseguem
administrar ou explicar os próprios sentimentos, situações que podemos
relacionar com a paisagem plúmbea do local, visto que suas angústias (erupções)
manifestam-se fisicamente e emocionalmente e, com isso, as protagonistas vão
descobrindo as complexidades das questões humanas.
Palavras-chave: Pança de burro; Andrea Abreu; Escatologia; Voz Infantil.

As experiências femininas em campos de concentração de nazistas


comparadas as experiências masculinas segundo o testemunho de Català

Yasmin Duca (UNIFAL)


Kátia Oliveira (UNIFAL)

Resumo: Neus Catalá foi mulher espanhola sobrevivente do campo de


concentração nazista de Ravensbrück, para qual foi enviada após deixar a
Espanha ditatorial de Franco e se dirigir a França. A obra De la resistencia y la
deportación: 50 Testimonios de mujeres españolas (2000) foi produzida e
organizada por Català e conta com seu próprio testemunho e de outras
espanholas. Sua obra revela a perspectiva feminina em relação aos campos de
concentração nazistas, sendo esta uma perspectiva pouca explorada. Dado esse
cenário, esse trabalho tem como principal objetivo interpretar o testemunho de
Català, como enfoque nos traumas oriundos das violências que vivenciou em seu
tempo de cárcere, ademais, verificar as principais diferenças entre o testemunho
feminino e masculino. Esse estudo irá analisar os recursos literários utilizados
por Català para representar situações de violência e de trauma, visto que, para

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Seligmann-Silva (2017) o testemunho é construído a partir de uma experiência de
quase morte que faz com que a pessoa que a vivenciou tenha uma necessidade
de testemunhar sobre o evento. Para a realização desse trabalho, utilizar-se-á
obras de autores como Roig (1991;1980) para o entendimento do testemunho
feminino, Beauvoir (1949) para um suporte aos estudos de gênero, Hobsbawm
(1995) e Álvares (2021) para a compreensão do momento histórico e Seligmann-
Silva (2017) para a análise do testemunho de forma geral, entre outros. Espera-
se, assim, promover um olhar sobre o testemunho de Català que demonstre a
experiência feminina nos campos de concentração, reconhecendo assim, as
similaridades e diferenças entre o testemunho masculino e feminino.
Palavras-Chave: Neus Català; Testemunho feminino; Ravensbrück; Literatura
feminina.

A deusa que me rege: Uma análise do arquétipo de Atena em Teresa D’ Ávila

Gilbéria Felipe Alves Diniz (UFPB)

Resumo: Não é algo simples tentar relacionar a figura da deusa Atena com a
imagem da escritora religiosa Teresa d’Ávila, visto que as duas estão situadas em
contextos e realidades bem distintas. No entanto, ao olharmos à nossa volta,
percebemos como comenta Woolger e Woolger (2007), que não apenas uma, mas
várias deusas estão por trás do comportamento e da configuração psicológica de
toda mulher. Sendo assim, é possível estabelecer, com base nos estudos sobre os
arquétipos femininos, uma relação entre Teresa d’ Ávila e a deusa Atena. Para
isso, este trabalho pretende, através de uma leitura que tenta ultrapassar a
perspectiva religiosa, utilizar o “Livro da vida” de Teresa D’Ávila para identificar
comportamentos que refletem os arquétipos da deusa Atena. Evidentemente, não
há como garantir que nossa visão alcance todos os padrões e instintos
comportamentais da deidade na figura de Teresa. Para a construção dessa
comparação arquetípica de forma abrangente utilizamos, principalmente, o
conceito do teórico Carl Jung no seu livro “Os arquétipos e o inconsciente
coletivo”, assim como as definições trazidas no livro “Os Arquétipos Literários”
de E. M. Meletínski. Para tratar dos arquétipos de forma específica, usamos o
livro “As Deusas e a Mulher, nova psicologia das mulheres” de Jean Shinoda
Bolen, que explora o arquétipo da deusa Atena.
Palavras-chave: Mulher; Deusa Atena; Arquétipos; Mitos.

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SIMPÓSIO 8 – A PERIFERIA EM CIRCUITOS E A REVIRAVOLTA
CRÍTICA DE OUTROS MUNDOS

HÍBRIDO

COORDENADORES:
Josué Ferreira de Oliveira (pesquisador do NuECP/PPGL)
Izabela Fernandes de Souza (Doutoranda/PPGL/UNIOESTE/
Bolsista/CAPES)
Marcelo Rodrigues (Doutorando PPGL/UNIOESTE)
Alai Garcia Diniz (PPGL/UNIOESTE)

A metáfora da estrela em Tudo nela brilha e queima de Ryane Leão

Atena Suiane Peter (UFFS)


Ana Carolina Teixeira Pinto (UFFS)

Resumo: Nesta pesquisa analisamos a metáfora da estrela nos poemas de Ryane


Leão, poetisa contemporânea negra conhecida por suas participações em saraus,
slams, redes sociais, entre outros. Seus poemas analisados fazem parte da obra
Tudo nela brilha e queima, onde pretende-se e considerar o eu feminino,
problematizando os padrões de comportamento relacionados ao desejo, corpo,
raça e sentimento das mulheres à margem da sociedade contemporânea. Ainda,
partiu-se da concepção de poesia como atividade de “libertação interior” de
Octávio Paz e autores como Audre Lorde e Antônio Cândido para trazer a
metáfora e a poesia como agentes importantes no processo de leitura e
identificação que a leitora possui. Quanto à temática da mulher foram utilizadas
teorias de autoras mulheres, como Naomi Wolf, Bell Hooks, Sarah Ahmed, entre
outras, para evidenciar as concepções de comportamento acerca da mulher negra
que se encontra às margens da sociedade, e seu silenciamento. Assim, a pesquisa
sobre a metáfora da estrela na obra de Leão tem como objetivo ler as vozes
contidas nos poemas, além de reconhecer a metáfora da estrela como a
representação das mesmas, e trazer em discussão o que se compreende e espera
da mulher negra na sociedade contemporânea, bem como trazer em questão a
necessidade da discussão e divulgação do trabalho feminino na literatura e na
poesia.
Palavras-chave: Metáfora; Ryane Leão; Mulher; Poesia; voz.

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A construção de memórias identitárias no conto: O ovo de balcão e a
sacanagem, de Luiz Simas

Alessandra Daniele Paiva Vieira (UNIOESTE)

Resumo: Este estudo propõe uma reflexão sobre a representação dos Estudos
Culturais na constituição de memória a partir de vozes minoritárias presentes no
conto O ovo de balcão e a sacanagem da obra O corpo encantado das ruas, de Luiz
Antonio Simas (2019), sob a perspectiva do conceito de carnavalização bakhtiano.
Neste conto o narrador, representante da voz minoritária, é o personagem que
retrata e defende a cultura da comunidade carioca por meio do ambiente
conhecido como “boteco”. Para isso, esta pesquisa se insere como qualitativa e
de cunho interpretativa e será fundamentada a partir de referenciais teóricos
composto, principalmente, pelos autores Bakhtin (1999), Culler (1999), Yates
(2007), Antônio Candido (1970), entre outros. Tais teóricos fornecem bases
concretas para analisar a ambivalência presente neste corpus e a construção de
uma identidade periférica sob a ótica do narrador personagem. O artigo pretende
contribuir para a compreensão crítica da relevância de cultivar e propagar o
conhecimento cultural formado pelas minorias a partir das vivências e,
posteriormente, serem reconhecidos como produtores culturais. O “boteco” é
capaz de proporcionar, por meio do contato com uma diversidade cultural, trocas
de ideias, experiências, desabafos que acarretam uma formação além das paredes
institucionais formalizadas, ou seja, uma formação de visão de mundos
diferentes e, assim, ensina e cultiva tradições sob outras perspectivas.
Palavras-chave: Estudos Culturais; Vozes minoritárias; Carnavalização.

Narrativas de violência: a construção de personagens femininas em El viento


que arrasa e No es un río, de Selva Almada

Amanda Dezan Barbosa (UFFS)


Ana Carolina Teixeira Pinto (UFFS)

Resumo: Nos últimos anos, a literatura da escritora argentina contemporânea


Selva Almada vem ganhando notoriedade pela originalidade de sua escrita.
Segundo Beatriz Sarlo (2012) Almada se desloca no mapa da produção literária
atual pois sua ficção retrata a vida em pequenos povoados periféricos,
configurando uma "literatura de província". Deste modo, este trabalho possui
como objetivo analisar a construção da figura feminina, sobretudo as mais jovens,
dentro de espaços de marginalidade retratados em dois romances da autora
supracitada: El viento que arrasa (2012) e No es un río (2021). Para buscar
compreender o constructo feminino nestas províncias afastadas dos grandes
centros urbanos, se partiu da análise de três personagens: Leni (El viento que
arrasa), Lucy e Mariela (No es un río). Como aporte teórico para este trabalho se

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partiu da teoria dos Cronotopos de Bakhtin para analisar a construção dos
espaços de marginalidade e sua interferência na narrativa das personagens, bem
como o conceito de Dialogismo para buscar compreender as cosmovisões das
personagens e seus diálogos com o contexto sociocultural além da teoria
feminista a partir de Butler (2003), Perrot (2006) e Beauvoir (1949). Por meio desta
análise se pode perceber que, em ambos romances, a construção das personagens
é influenciada pela realidade na qual estão inseridas, marcada por uma violência
estrutural presente principalmente nas relações familiares. Deste modo, verifica-
se uma forte presença da crítica social aos papéis de gênero ressaltando a
contemporaneidade da escrita de Selva Almada.
Palavras-chave: Literatura Argentina; Selva Almada; Análise Literária;
Cronotopo; Literatura Periférica.

Literatura sem terra: poesia como representação e transformação da realidade

Rejane Severo Martins (UNIOESTE)

Resumo: A poesia criada no seio do movimento social é sem dúvida um


instrumento de luta contra o silêncio dos oprimidos e direito de expressão. O
contexto social em que são criadas é o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra
(MST) e a constante luta e vivências de um povo que busca soberania alimentar
e direito a um pedaço de terra, em um país rico em tudo o contraditório
transforma o lugar de luta em lugar de arte. O que essas pessoas tem a dizer e
como elas dizem? A literatura é inserida aos poucos, já na infância, a partir de
leituras orais, contações de histórias e também de poesias em momentos que
celebram a vida. O desafio maior é dar visibilidade aos anônimos que escrevem
suas lutas, não só a de sobrevivência, mas a de consciência de classe trabalhadora,
onde o trabalho é a própria vida. Neste sentido, é importante definir a identidade
“Sem Terra” e sua inserção na pluralidade de novas vozes em seus espaços de
luta. Entender como é a organização dos grupos no acampamento, as leituras e
os acervos de livros que contribuem para a resistência e a formação crítica e
cultural. A importância da alimentação, de um teto para morar, da liberdade
como projeto de vida, engajamento político, luta pela Reforma Agrária, esses e
outros temas são frequentemente usados como matéria para produção de textos
poéticos com teor de contestação, assim este texto pretende analisar o poema
Mandacaru, de Ana Claudia Pessoa um poema que resume todo o sentido da luta
e da vida do Movimento Sem Terra, além do trabalho de Roseli Salete Caldart
que faz um levantamento da produção de poemas no Sudoeste do Paraná: Sem
Terra com poesia (1987), seu estudo ainda permanece atual devido ao grande
número de pessoas que ainda vivem em acampamentos ou assentamentos, mas
que mantem viva a identidade e suas manifestações culturais, ainda como um
referencial, Ademar Bogo, (2010) e sua contribuição sobre identidade, luta de

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classes e subjetividades como luta para diminuir distâncias e a própria
desigualdade.
Palavras- chave: Poesia; Movimento Social; Identidade e resistência.

A poesia marginal de Nívea Sabino na obra Interiorana

Neilde Silva de França Bois (Mestranda/PPGL/UNIOESTE)

Resumo: Este trabalho pretende analisar brevemente a obra “Interiorana” da


poeta, slammer e educadora social mineira Nívea Sabino. Proveniente da cidade
Nova Lima Nívea Sabino vale-se de uma escrita potente, com linguagem
marcante que não deixa dúvidas a quem a lê sobre aquilo que diz: “a poesia
falada não vive presa dentro da livraria”. E é dessa forma que a poeta introduz
uma série de reflexões divididas em 4 partes em que na primeira a poeta faz uma
espécie de convite à palavra que atravessa os cantos, desde as janelas abastadas,
às frestas enxergadas através dos olhos que não são vistos nas favelas. Já na
segunda parte, a poeta reflete sobre a cidade do interior mineiro, Nova Lima, e à
personagem Interiorana que dá nome à sua obra. Na terceira parte,
contemplamos uma homenagem aos pais, o canto e o toque do violão que
embalava as poesias que a acompanharam desde a infância entoadas por seu pai.
Na última parte é possível perceber o tom de militância, em que a palavra falada
e escrita é utilizada como arma para a luta, mas também como a possibilidade do
encontro e pujança de voz daqueles que são diariamente silenciados e
vulnerabilizados pela sociedade.
Palavras-chave: Poesia; Periferia; Palavra; Luta.

Desobediente, marginal e periférico: o portunhol selvagem e a emergência de


uma crítica outra

Josué Ferreira de Oliveira Júnior (NuECP/PPGL- UNIOESTE)

Resumo: Margens e periferias são, por vezes, tomadas como sinônimos. Ou


habitam, por assim dizer, um espaço liminar, fronteiriço capaz de pôr em dúvida
os limites mesmos que demarcam as diferenças semânticas entre si. Razão pela
qual emergem, quase sempre, juntas em textos e trabalhos de pesquisadores que
se voltam para objetos localizados nas periferias das grandes cidades e/ou das
nações, ou ainda que falam, pensam e escrevem desde estes mesmos espaços,
como é, em certa medida, o meu caso. Isso porque falo, habito e penso de um
espaço que se avizinha da fronteira entre Brasil e Paraguai, no estado de Mato
Grosso do Sul, e me ocupo de uma das manifestações poético-culturais e políticas
que melhor expressa a periferia em circuitos e a necessária reviravolta crítica de

72
outros mundos: o portunhol selvagem, do também fronteiriço Douglas Diegues.
Trata-se de poética que desafia a uma só vez os limites mesmos das fronteiras
nacionais, das línguas e das literaturas ao se materializar numa língua, o
portunhol selvagem, que se faz a partir da recusa da(s) língua(s) oficia(l)is dos
países que se tocam nessa zona fronteiriça: O Português (Brasil), o Espanhol e o
Guarani (Paraguai), além de outras prestigiadas pelo poeta, como forma de
traduzir o modo de ser, ver e dizer o mundo visto do interior desta fronteira.
Interessa-me, nesse sentido, lançar luzes sobre aspectos dessa obra reveladores
de uma atitude desobediente, marginal e periférica capazes de promover uma já
há muito desejada reviravolta crítico-epistemológica.
Palavras-chave: Poéticas Decoloniais; Margens E Periferia; Portunhol Selvagem.

Ajeun em perspectiva literária: caminhos decoloniais e confluências de Asé

Izabela Fernandez de Souza (Doutoranda/PPGL/UNIOESTE)

Resumo: Este trabalho propõe uma aproximação literária a partir de uma


perspectiva dilatada, antirracista e decolonial, na tentativa de incluir
manifestações e processos de registros que elaboram dobras e modos narrativos
não letrado-centrados, mas que possuem no fazer performático e na memória
ancestral, neste caso na de asé, um lugar de fazer e (re)existir complexo, que
mantém repertórios, poéticas e arcabouços culturais e literários em movimento.
Trata-se então de outros modos de escrita que passam pelo corpo, pelo alimento,
pela percepção, pelo cosmológico, atendo-se como Leda Martins (2022) destaca,
que apesar dos hiatos históricos, provocados pela hegemonia eurocêntrica e sua
herança racista, esses registros emergem de vias e veredas pelas quais “a voz e a
grafia afro-brasileira insistentemente inscrevem a memória desse saber e dessa
experiência, estética e ontológica, nos repertórios da cultura e da literatura.”
(MARTINS, 2022, p. 57). Embalados pelo contexto de povos tradicionais de
matriz africana de terreiros, direcionamos nosso olhar para as engenhosidades
culturais conduzidas via as relações com o alimento, destacando sua importância
para as tradições de asé, como narrativa e condutor de permanência ancestral,
como um agente de ensino-aprendizagem, memória, repertório ancestral, ethos
que conecta, que transborda afetos, que manifesta tradição e gera continuidade.
Palavras-chave: Performance; Engenhosidades; Cultura de terreiro; Memória.

Ocupando a oficina Kartonera com o ritual de uma poética sudaca: o lúdico; a


liminaridade e o afeto

Alai Garcia Diniz (PPGL/UNIOESTE)

Resumo: A periferia das Terras Baixas da América do Sul não existe somente pelo
confisco de territórios. Na usurpação de vidas afro-diáspóricas, acrescem-se

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posições coletivas que anseiam por confluências e se “Somos povos de
trajetórias... Somos da circularidade: começo, meio e começo.” (Nêgo Bispo, 2023,
p.102). Trazer o cartonerismo não é apenas dirimir fronteiras geopolíticas e
inventar conexões, é ouvir outras memórias que ensinam a pensar. Compartilhar
o sensível e imaginar como elaborar uma antropologia do presente, eis o que resta
a combinar corpo e mente, entre a voz e a letra que Cornejo Polar detecta, ao final
do século XX. Ao reunir a oralidade do Sarau, à execução de uma Antologia
Kartonera, na confluência de um despojo (o papelão), a ter em um objeto
reciclado e que reverbera em atos criativos e reexistindo em contexto periférico.
Além disso, a literatura no corpo vira performance e repertório, mas além do
corpo, há o coletivo, o afeto e na intencionalidade do ato há recepção. Victor
Turner em O processo ritual (2013), distingue entre liminaridade e comunitas
(comunidade), dois conceitos que ensinam como entender alguns processos de
iniciação xamânica, algo que nos ajuda a entender a obra de Davi Kopenawa, A
queda do céu (2015), que descreve o seu próprio processo de transformação em
xamã Yanomami. Assim o ato de reunir a todos em uma Oficina Kartonera é
também um ensaio para vivenciar na prática a reflexão sobre a gramática da
poesia oral (Zumthor, 1997, p. 132) no ato de “criar comunidade”.
Palavras-chave: Cartonerismo; poética sudaca; poesia oral; liminaridade.

De Boal a Dubatti, uma breve passagem sobre a teatralidade Cidadã do ERRO

Marcelo Rodrigues (Doutorando/PPGL/UNIOESTE)

Resumo: Desde o final da década de 1970, quando países da América Latina,


entre eles, Argentina e Brasil, vivenciavam a experiência autoritarista dos
governos militares, mais conhecidos como ditaduras militares, o teatro
comunitário, surge como uma necessidade de resistência política, composta por
membros de uma comunidade e feito para a comunidade. Ou seja, coletivos
compostos por pessoas de um mesmo bairro, comunidade e/ou grupo social, que
por meio da arte, mais especificamente, do teatro, encontraram uma forma de
manifestar e reivindicar suas necessidades comuns e urgentes. Movidos
principalmente pela necessidade de conscientização política e transformações
sociais, consolidando-se, além de um grupo artístico, o coletivo teatral, ERRO
grupo, de Santa Catarina - Brasil, está atuando a mais de 20 anos na cena nacional
e internacional, ampliando sua influência alomórfica e consolidando-se como
uma das vertentes da arte de intervenção urbana mais conhecidas no eixo
independente. Evidenciando a pluralidade da atuação transformadora do grupo,
este trabalho reuniu os preceitos do dramaturgo brasileiro, Augusto Boal (1998,
2012, 2017), sobre o Teatro do Oprimido e o Teatro Fórum, e as contribuições do
teórico argentino, Jorge Dubatti (2008, 2012), sobre a vivência do teatro como
acontecimento, para apresentar as atividades promovidas pelo evidenciado
coletivo, por meio da dramaturgia, para estender e promover a cidadania entre
os membros da comunidade em que atua.

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Palavras-chave: Teatro; Coletivo teatral; ERRO grupo; Augusto Boal; Jorge
Dubatti.

Discurso mítico contra espanhóis na ditadura Vargas: o caso dos Mas Herrera,
três presos e um expulso e morto na Guerra Civil Espanhola

Solange Sólon Borges (USP)

Resumo: A imigração espanhola para o Brasil, desejada pela necessidade de mão


de obra para o café, levou ao estranhamento frente ao outro, uma dicotomia, e a
construção de narrativa mítica. Como objetivo, a contextualização do
chamado perigo vermelho, episódio repressivo, e o caráter expulsor da ditadura
Vargas. O tema justifica-se: os espanhóis representaram quase metade dos
expulsos de 1935 a 1937. À pesquisa documental, somam-se entrevistas,
levantamento de acervos pessoais e documentos inéditos brasileiros e espanhóis
sobre três integrantes da família Mas Herrera. São arquivos do DEOPS/SP e do
Tribunal de Segurança Nacional/RJ; documentos de Madri, do Arquivo
Histórico de Teruel e de Sagunto (Valência). O caso particular de Manuel Mas
Herrera dimensiona a repressão: residente há 29 anos no Brasil, com
propriedades e 11 filhos brasileiros, mesmo assim foi expulso. De 1929 a 1931,
por supostas atuações políticas e espiritistas, foi preso. Em 1935, acusado de
integrar a Intentona Comunista, ficou detido no presídio Maria Zélia e seu habeas
corpus foi negado. Em junho de 1937, integrou um grupo de 26 espanhóis
expulsos do território nacional, mas teve o navio desviado por um republicano
para o porto de Marselha, na França, a fim de salvá-los. Após atravessar os
Pirineus, Manuel alcançou a área republicana de Sagunto, em Valência, mas foi
morto em dezembro de 1937 em bombardeio protagonizado por italianos
apoiadores da ditadura de Francisco Franco. Esses casos analisados – de Manuel,
Miguel e Tomás Mas – elucidam as práticas repressoras da ditadura Vargas e do
discurso intolerante adotado contra o imigrante espanhol indesejável.
Palavras-chave: Xenofobia; Espanhóis; Ditaduras; Narrativas míticas.
Imigrantes; Intolerância.

Arte, educación y resistencias. el mural como elemento reivindicativo de


memoria y la história de las mujeres militantes del MST

Nataly Mora Rios (UNILA)


Ana Rita Ulhe (UNILA)

Resumo: Esta propuesta nació con la premisa de que la colonización de América


Latina dejó un proceso encargado de violentar, silenciar, subestimar, demonizar
e invisibilizar la historia de las mujeres. Silvia Federici fue una referencia clave

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para la investigación por enfatizar esas relaciones de poder que llevaron a la
masacre de nuestra Abya Yala por partir desde que, juntando los 3 pilares del
poder hegemónico, El Patriarcado, La Colonialidad y el Sistema de Producción
Capitalista se asienta la idea del sometimiento del cuerpo (cuerpo femenino) a
través de la propiedad privada. Tomando esas referencias feministas
materialistas y anticoloniales centralizadas en la importancia del
cuerpo/territorio, la Iniciación Científica planteada decidió trabajar directamente
junto con las mujeres del MST de Paraná Sebastiao Camargo y Chico Mendes con
el objetivo principal de encontrar una imagen o identidad grupal que se pueda
retratar al final del proyecto en forma de mural una condición más allá de la
opresión y superexplotación que claramente se vive. El objetivo es generar un
espacio seguro y de confianza de encuentros comunales a partir de dinámicas
que faciliten el establecimiento de intimidad. Como resultados principales se
obtuvieron que la mujer ha ingresado paulatinamente a ocupar espacios de
discusión y toma de decisiones importante dentro de la dinámica de los
campamentos los últimos anhos, existe la necesidad de un espacio de discusión
de género en el cuál se trate los temas vinculados de mujeres acampadas
militantes, los temas más visibles en un espacio de mujeres son sobre abusos,
despojo, violencia.
Palavras-chave: Mujeres; Territorio; Feminismo; MST.

Ficção, história e memória na obra folclorística de Câmara Cascudo e sua


atualidade no folclore brasileiro

Cláudio Antônio da Silva (USP)

Resumo: O potiguar Câmara Cascudo, “provinciano universal”, alcunha que ele


toma para si, inclusive em seus textos memorialísticos. Intelectual importante
brasileiro, Cascudo e sua obra, de erudição e simplicidade, “Contos tradicionais
do Brasil”, é de maior relevância para a atividade de problematização das nossas
questões pelo viés da cultura. Pensar o Cascudo folclorista, o Nordeste e a relação
sertanejo-indígena, via tradução para o nheengatu, língua geral amazônica
(L.G.A) dos povos originários, a literatura oral popular e o espaço geográfico
nordestino cascudiano em particular, a partir do qual ele produziu. O livro
“Contos Tradicionais do Brasil” reúne uma centena de estórias populares,
colhidas diretamente da boca do povo brasileiro. Cascudo nos apresenta o
vínculo entre o folclore e o popular. Os contos significariam, assim, uma
escapatória, uma justificativa, uma produção e uma promissora busca de solução
para a ampla questão da brasilidade. Ao fazer uso dos contos cascudianos, ao
retrabalhá-lo como referência estética, trazemos à tona a questão da disputa de
imaginário, e proporcionar, trazer, por via da tradução para a língua indígena
um deslocamento, perceber a cultura popular enquanto uma aquisição comum e
primeira à qual aos poucos acrescenta-se a cultura letrada diferenciadora. Os dois
lados, nestes termos, longe de se oporem, complementam-se, são duas forças de

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nossa vida mental. Cascudo relativiza, desta maneira, a crença generalizada na
superestimação das fontes escritas e eruditas em detrimento da oralidade
popular e, na riqueza dos contos, o amplo universo cascudiano que pode ser
apreendido da leitura desses contos agrupados, situado nas tradições folclóricas.
Palavras-chave: Tradução; Nheengatu; Cultura Popular; Modernismo;
Indigenismo.

Imaginário ameríndio: as raízes ancestrais da autonomia x sociedade


heteronomia

Valdirene aparecida Cotta (Doutoranda PPGL/UNIOESTE)


Rosely Sobral Gimenez Polvini (Doutoranda/PPGL/UNIOESTE)
Franciele Lucia Libardi (Doutoranda/PPGL/UNIOESTE)

Resumo: O presente estudo pretende analisar a obra de Ailton Krenak “Ideias


para adiar o fim do mundo, texto em que se busca refletir o conceito de
humanidade que sob diferentes perspectivas, ora humanidade e natureza numa
relação de consumo, ora humanidade como parte da natureza. Essas distintas
perspectivas moldam os valores e atitudes de cada sociedade. A vista disso, com
base nos conceitos de autonomia e de heteronomia, pretende-se verificar na
referida obra as significações imaginárias sociais que evidenciam um projeto de
autonomia, assim como a refutação e exposição da submissão da sociedade a
heteronomia e seus reflexos na manutenção ou destruição da vida na Terra. As
análises tem como base os pressupostos teóricos do imaginário radical de
Cornelius Castoriadis.
Palavras-chave: Imaginário; Autonomia; Humanidade; Natureza.

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SIMPÓSIO 9 - NARRATIVAS DE DESCONSTRUÇÃO E DE
RESISTÊNCIA: MEMÓRIA, ALTERIDADE E ESCRITAS DO EU E DO
OUTRO

HÍBRIDO

COORDENADORES:
Paulo Cesar Fachin (UNIOESTE/FAG)
Suzana Ceccato Casagrande (Doutoranda/PPGL/UNIOESTE/FAG)

Literatura mapuche: ancestralidade e sabedoria popular nas universidades


latino-americanas

Patricia Virginia Cuevas Estivil Pós-Doctoranda (PPGL/UNIOESTE)

Resumo: Neste ensaio vou falar de uma proposta realizada pela professora em
Literatura Latino-Americana, Maritza Aburto, da Universidade do Bio-Bío no Sul
do Chile. Ela participou de um colóquio na UFPR, no qual apresentou a
importância de incluir na grade curricular das universidades latino-americanas,
a literatura mapuche, como produção cultural, que vem crescendo em publicações
a mais de vinte e cinco anos. Trata-se de uma poética de-colonial que transmite a
sabedoria dos povos originários da América. A sua ancestralidade nos ensina a
amar a natureza à qual pertencemos e isto se traduz em respeitar a vida e
compreender as relações que nos vinculam a todas as esferas onde ela se
desenvolve. E como se isso fosse pouco, a importância de conhecer a literatura
mapuche radica em que ela nos enfrenta a uma realidade que vem sendo ocultada
para nós pelo sistema colonialista, que foi implantado com a invasão dos
territórios mapuches na conquistada europeia. Eles existem, estão ali, com sua
filosofia e sua arte, seus poemas carregados de história e espiritualidade. Não
como peças de museus, fragmentos ou vestígios de um passado acabado. Estão
ali, como pessoas com uma cosmovisão diferente e uma história em comum, as
quais nós não conhecemos, suas escritas poéticas nos instigam a conhecer e
aprender delas e a conviver com a alteridade.
Palavras-chave: Literatura mapuche; Proposta De Inclusão; Poética De-Colonial;
Ancestralidade.

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Narrativas maternas na literatura contemporânea: os impactos da pandemia
no sucesso da adaptação tardia de A filha perdida

Patrícia Librenz (UFPR)

Resumo: O propósito deste estudo consiste em examinar de que maneira a


emergência da pandemia do novo coronavírus impactou a recepção do filme A
filha perdida, disponibilizado na Netflix em 2021 e reconhecido com uma
indicação ao prêmio de Melhor Roteiro Adaptado no Oscar. Baseado no romance
homônimo, de Elena Ferrante e publicado na Itália no ano de 2006 sob o título La
figlia oscura, o enredo explora as complexidades da maternidade exigente e
questiona a idealização desse papel, trazendo à tona nuances relevantes para as
discussões e desvelando a ambivalência materna. A pandemia de Covid-19
evidenciou de maneira incontestável que, apesar dos avanços promovidos pelo
feminismo, as mulheres ainda se encontram distantes da conquista da equidade
de gênero. A literatura contemporânea tem se dedicado cada vez mais a uma
análise profunda desse tópico, particularmente após o feminismo de segunda
onda e a crescente participação das mulheres no mercado de trabalho e na
produção literária. Para sustentar essa abordagem, propõe-se um diálogo com as
correntes de estudo de gênero e com a crítica feminista contemporânea,
explorando autoras renomadas como Beauvoir (2019), Badinter (1985), Donath
(2017) e Felski (2003). Esses arcabouços teóricos fornecem o suporte para analisar
as reflexões sobre maternidade presentes na narrativa estudada. É esperado que
esta pesquisa contribua para uma compreensão mais aprofundada das
implicações da pandemia na percepção da maternidade, na adaptação tardia
deste romance para o meio cinematográfico, bem como no modo como a
literatura contemporânea aborda essa temática, enfatizando os desafios ainda
enfrentados pelas mulheres.
Palavras-chave: Sobrecarga Materna; Maternidade Compulsória; A Filha Perdida;
Elena Ferrante.

Estética e poética no epistolário de Italo Calvino

Alessandra Camila Santi Guarda (Doutoranda - PPG/UNIOESTE – Bolsista


CAPES)
Lourdes Kaminski Alves (Orientadora - PPGL/UNIOESTE)

Resumo: O epistolário calviniano é uma obra que abarca uma seleção de mil
cartas enviadas pelo autor entre os anos de 1940 e 1985 e se constitui como um
rico acervo de pesquisa, por sua potencialidade de mostrar o desenvolvimento
da estética e da poética de Calvino ao longo dos mais de 40 anos de trocas entre
ele e diversos outros autores e amigos de sua época. De modo geral, interessam-
nos especialmente aquelas cartas cujo assunto esteja voltado para o campo
literário. O epistolário pode ser estudado como arquivo literário de autores,

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perspectiva possível no campo da Literatura Comparada contemporânea. O
propósito do estudo das cartas é verificar e analisar reflexões do autor sobre o
campo literário na virada do século. Em especial, neste artigo, focamos no início
da atividade intelectual do autor, isto é, a primeira parte de suas escritas, para
observar, como um Calvino ainda muito jovem, em meio as tensões que
permeavam a época histórica e pessoal dessa primeira fase do epistolário, pensa
o mundo e, ao escrever a outros, pode escrever a si mesmo e compreender tais
processos. Sobretudo, entendemos que os ensaios e a escrita epistolar de Italo
Calvino podem expandir nossa compreensão sobre as relações entre literatura e
sociedade, literatura e humanidades, literatura e pensamento crítico, sobretudo
se estudado na perspectiva de polissistema (1990) dentro dos pressupostos dos
estudos comparados. A leitura analítica do corpus da pesquisa deverá apontar
para a compreensão de uma memória expandida do individual para uma
memória social ou coletiva que se desdobra de modo rizomático na produção
ensaística e literária de Italo Calvino.
Palavras-chave: Italo Calvino; Literatura; Correspondência; Ensaios; Memória
social.

Luculus Brasilis e a catástrofe silenciada de um processo civilizatório

Allan Valenza da Silveira (UFPR)

Resumo: Em consonância com a demanda contemporânea de revistar,


reconfigurar e buscar silêncios no passado, seja no discurso histórico, seja em
bens culturais, a dramaturgia da peça Black Brecht, de Dione Carlos, publicada
em livro em 2020, retoma a peça radiofônica O julgamento de Luculus, de Bertolt
Brecht. Elementos do teatro épico continuam presentes, como o distanciamento
e a quebra da ilusão dramática, mas a experiência de deslocar o olhar da Europa
pré-Segunda Guerra para o Brasil contemporâneo gera neste texto da dramaturga
brasileira uma força desconstrutora. Por mais que sua estrutura se aproxime de
um texto didático (se ficarmos com o termo brechtiano) o processo de
constituição deste texto, retirando de Lulucus os seus suportes materiais pela
morte, gera uma inversão da capacidade discursiva pelos quais os que foram
silenciados (mortos) por suas ações passam a narrar suas histórias. Aqui o
passado não mais remete à antiguidade clássica latina, como constituído por
Brecht, mas aos ecos e silêncios coloniais, que insistem em se manter presentes
em nossa contemporaneidade. A constituição da personagem Luculus Brasilis
explicita toda uma trajetória de poder e força cuja dinâmica catastrófica serviu a
um processo civilizador excludente que, como nos ensina Benjamin (1994) em
suas teses sobre o conceito de História, é o monumento de nossa barbárie e que
precisa ser desnudado e desconstruído.
Palavras-chave: Dione Carlos; Brecht; Luculus; Teatro negro; Brasil.

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A literatura infantojuvenil indígena de Yaguarê Yamã

Alex Viana Pereira (UFPR)

Resumo: No Amazonas, o número de obras e autores/as indígenas já é bastante


significativo, principalmente dentro do segmento da literatura infantojuvenil.
Entre os produtores dessa literatura, encontra-se Yaguarê Yamã, um dos mais
talentosos e prolíficos, considerado um dos precursores do movimento literário
indígena no Estado. Contudo, sua produção literária ainda é pouco conhecida e
estudada, o que nos motivou a colaborar, com esta pesquisa, na difusão e fortuna
crítica dessas obras. Compreendendo a literatura como um instrumento de
conscientização e diálogo com a sociedade brasileira, o referido autor procura
resgatar, adaptar e recontar para crianças e jovens, as mitologias e afamadas
histórias de assombrações do seu povo, a fim de (re)afirmar e salvaguardar esses
saberes tradicionais e entendimento de mundo. Diante disso, a presente pesquisa
tem como principal objetivo compreender a importância das narrativas míticas
na literatura infantojuvenil indígena amazonense de Yaguarê Yamã para a
revalorização, manutenção e sobrevivência dos saberes tradicionais de seu povo.
O trabalho abrange basicamente três tópicos: a) o surgimento da literatura
infantojuvenil de autoria indígena no macro cenário literário brasileiro; b)
discussão sobre a configuração da literatura infantojuvenil de autoria indígena,
no Amazonas, com foco na produção literária de Yaguarê Yamã; c) análise de
cinco obras de Yaguarê Yamã, a saber: Murugawa: Mitos, contos e fábulas (2016),
Wirapurus e muirakitãs: histórias mágicas dos amuletos amazônicos (2009),
Morõgetá Witã: Oito contos mágicos (2014), Contos da floresta (2012) e Yaguarãbóia:
a mulher-onça (2013). Como suporte teórico tem-se Almeida e Queiroz (2004),
Thiél (2012), Graça Graúna (2013), entre outros de igual relevância.
Palavras-chave: Literatura Infantojuvenil Indígena; Mitologias indígenas;
Yaguarê Yamã.

Valorização da língua e identidade por meio das variações linguísticas


presentes na literatura marginal

Cassiê Kaczuk Refosco Menegas (UNIOESTE)


Pamera Francieli Corrêa Pereira (UNIOESTE)

Resumo: O presente artigo tem como objetivo fazer uma análise sobre a presença
e manifestação das variações linguísticas da Língua Portuguesa que fazem parte
da linguagem das populações das periferias dos grandes centros urbanos e que
são expressas por meio da Literatura Marginal. A diversidade linguística que
contempla a Língua Portuguesa faz aflorar na oralidade traços da identidade,
cultura, aspectos sócio-históricos e econômicos de seus falantes. Nosso trabalho
empreende análise de fragmentos da obra literária “Capão Pecado (2013)”, de
Ferréz, e visa refletir acerca das manifestações da linguagem em consonância com

81
as relações sócio-histórico-econômicas, dado o contexto de produção. Uma vez
que é por meio das interações sociais que a linguagem acontece e demonstra o
quão viva e mutável é a Língua, os atos de fala são a própria fruição entre o
homem e o seu idioma, que se fundem entre si e um incide sobre o outro. Há na
língua marcas intrínsecas que constituem o ser humano, no que tange sua
identidade e a sua inter-relação com o mundo. O presente estudo também
procura destacar a importância e o espaço que vem conquistando a Literatura
Marginal na valorização da língua fazendo uso das variações linguísticas e
evidências da oralidade, que contemplam seus falantes e rompem as barreiras
dos preconceitos linguísticos que excluem os interlocutores que não fazem uso
da norma culta.
Palavras-chave: Variação Linguística; Literatura Marginal; Oralidade.

Corpos ausentes e viagem ao vazio na poética de Perla de la Rosa

José Ramón Castillo F. (Doutorando - PPG Sociedade, Cultura e Fronteiras/


UNIOESTE- Campus de Foz do Iguaçu)

Resumo: Corpo Ausente como categoria epistêmica para expor os níveis de


violência de uma região como a fronteira norte do México, é o que presenciamos
ao enfrentar a poética teatral da autora Perla de la Rosa (Juarez,1964) desde obras
como Antígona, Las Voces Que Incendian El Desierto (2004) ou El Enemigo (2019).
Além de passar por uma extensa quantidade de montagens da Companhia Telón
de Arena, da qual ela é a diretora, e que se converte em um laboratório que
aprofunda na temática e experimenta desde diferentes óticas interdisciplinares.
O objetivo desta pesquisa reside em revisar as linhas estéticas do teatro de Perla
de la Rosa que transita entre os corpos ausentes e as viagens ao vazio, sem
retorno, que ela, como mulher ativista, coloca nos personagens, denunciando
milhares de desaparecidos por conta da violência que se estabeleceu na região
desde há décadas. Aqui podemos falar dos corpos ausentes que viajam
constantemente dentro de cada narrativa e nesse sentido, a construção da
categoria vamos sustentar desde estudos desenvolvidos pelas pesquisadoras
Susana Baez, Rosa María Saenz e Rocío Galicia para fazer um mapeamento de
elementos e ferramentas estéticas de uma narrativa fraturada com imagens como
uma viagem eterna, vozes apagadas que falam desde as sombras, a escuridão, o
deserto, assim como os corpos fragmentados e torturados em um vazio constante,
mas não paralisado, ao contrário vemos o reforçamento de um imaginário
desolado, decepcionado e rebelde desde a voz da autora.
Palavras-chave: Corpo Ausente; Teatro de Fronteira; Violência.

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Autorretratos e escritas de si: aproximações poéticas entre Tarsila do Amaral e
Frida Kahlo

Nelci Batista dos Santos (Mestranda – PPGL/UNIOESTE)


Lourdes Kaminski Alves (Orientadora - PPGL/UNIOESTE)

Resumo: O presente artigo propõe uma análise do gênero artístico autorretrato,


perspectivado pela noção conceitual de “escritas de si”, considerando que este
gênero artístico carrega em si a autorreferenciação, aspecto característico das
escritas de si, uma vez que afere à vida individual um registro memorialístico, e,
portanto, matéria digna de ser narrada como uma história que pode sobreviver
na memória de si e dos outros. O autorretrato exprime a subjetividade de sua
autoria, como uma dimensão integrante da obra do artista ou do escritor, cuja
linguagem construída sobre si escolhe a sua verdade. Para isso, tomamos como
foco de análise as obras “Auto-Retrato” (1923); “Auto-Retrato” (1926), de Tarsila
do Amaral, representante da arte brasileira no século XX e, as obras “Com vestido
de veludo” (1926); “Na fronteira entre o México e os Estados Unidos (1932), de
Frida Kahlo, por sua vez, representante da arte mexicana do século XX. Partimos
do pressuposto que as artistas realizaram, por meio da pintura de seus
autorretratos, o exercício da memória, como artifício de atração e envolvimento
de seus públicos leitores, admiradores e críticos de arte. A linguagem da pintura
se impõe como uma forma de manifestação capaz de trazer, na sua esfera de
sentidos, a temporalidade. Desse modo, verificamos a configuração desses
autorretratos, a partir da relação tempo, subjetividades e espaços
representacionais, em aproximação com a escrita de si. Para embasar as análises,
consideramos as contribuições teórico-críticas de M. Foucault (2011); P. Lejeune
(2014); M. Halbwachs (2013); D. Klinger (2012); S. Santiago (2000), entre outros,
assimilando aspectos da escrita de si e da memória individual.
Palavras-chave: Autorretrato; Escrita de si; Memória; Tarsila do Amaral; Frida
Kahlo.

83
SIMPÓSIO 10 – HISTÓRIA E COMUNICAÇÃO A PARTIR DA
INTERAÇÃO ENTRE OS SUJEITOS ENVOLVIDOS NO TEXTO

ON-LINE

COORDENADORES:
Airton Pott (UFP)
Ivânia Campigotto Aquino (UFP)

A literatura fantástica em “O gato preto”, de Edgar Allan Poe

Gabriele Pedon Silva (UPF)


Lucas Wenning do Nascimento (UPF)
Ivânia Campigotto Aquino (Orientadora. PPGL/UPF)

Resumo: Ao iniciar um texto fantástico, é notório que os acontecimentos


descritos, supostamente, pertencem ao mundo “real”. Contudo, ao aprofundar a
leitura, eventos incabíveis e estranhos ao leitor e, principalmente, às personagens
acontecem - como um gato aparecer do nada dentro de uma parede. Tzvetan
Todorov afirma que o fantástico é “a hesitação experimentada por um ser que só
conhece as leis naturais, em face de um acontecimento aparentemente
sobrenatural” (TODOROV, 2004, p.16). Em outras palavras, o fantástico seria
uma mistura do sobrenatural com o real. O conto “O gato preto” é uma referência
do fantástico. O narrador em primeira pessoa é convicto dos fatos. A atmosfera
de terror, a história perturbadora, que mostra as características soturnas do
âmago humano, somadas aos problemas internos do narrador. Consciência
pesada pelo ato praticado, por exemplo. A hesitação vem ao leitor no momento
em que o narrador constrói uma breve conversa consigo, levando-o a questionar-
se sobre o que irá acorrer. O fantástico só existe se algo fora do considerado
“normal” acontecer. No conto de Poe, isso ocorre dentro do cotidiano de um casal
que possui uma relação conturbada, embora parte do conto retrate uma vida
comum e normal. O acontecimento que desencadeia o primeiro estranhamento é
quando o homem avista uma forca na parede, após ter assassinado o gato da
esposa. A incerteza de que aquilo realmente é real ou fruto de sua cabeça é
característica do texto fantástico, pois a dúvida do narrador leva o leitor a
duvidar também.
Palavras-chave: Literatura Fantástica; “O gato preto”; Edgar Allan Poe.

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Bruxaria, gênero e narrativas: repensando a figura da bruxa no contexto do
Tribunal do Santo Ofício em Portugal

Letícia Victória Alves Borba (UNIFESSPA)


Marcus Vinicius Reis (UNIFESSPA)

Resumo: Se por um ângulo pode-se considerar que o leitor integra um contexto


político, social e cultural e que suas experiências externas desenvolvem papel
fundamental nas leituras as quais se debruça, de outro temos que os textos
difundidos socialmente em larga escala em períodos políticos sensíveis atuam
como definidores de uma lente social estabilizadora. A partir disso, este trabalho
propõe analisar o contexto político e religioso carregado de um caráter patriarcal
e misógino que envolveu a Inquisição na Europa Moderna, dando ênfase à
Inquisição Portuguesa, onde a produção de textos e mesmo processos acerca do
fenômeno da bruxaria resultaram na perseguição de acusados, em sua maioria
mulheres, conferindo possibilidade de construção de um passado e presente
literário ao qual os discursos atuais sobre este fenômeno ainda se ancoram.
Ademais, esta análise está pautada nos estudos de Marcocci (2011), Novinsky
(1982) e Paiva (1992; 1997), voltados ao contexto de fundação do Tribunal do
Santo Ofício em Portugal, que possibilitam uma melhor compreensão acerca dos
mitos referidos à imagem das bruxas que percorrem as produções literárias e
historiográficas ao longo dos séculos. Em face dos parâmetros expostos, julga-se
que este trabalho poderá colaborar com investigações futuras que busquem uma
lente mais sensível e aproximada em relação às produções literárias que
ajudaram na construção de um retrato estereotipado acerca da figura da bruxa, e
como a partir de análises críticas pode-se romper este ciclo de padronização.
Palavras-chave: Inquisição; Bruxaria; Texto; Leitor.

Pablo Neruda e a Guerra Civil Espanhola: quando a literatura, a história e a


memória se entrecruzam

Valéria Daiane Soares Rodrigues (UFU)

Resumo: A obra Confieso que he vivido (1974) apresenta em suas páginas, divididas
em pequenos capítulos, o relato memorialístico do poeta Pablo Neruda em
relação às suas experiências pessoais, profissionais, sociais e políticas. Por outro
lado, España en el corazón, elaborada em 1937, revela, em cada verso, um profundo
sentimento de resistência em relação à Guerra Civil Espanhola. Nesse contexto,
este texto propõe uma leitura do poema Explico algunas cosas, constante na obra
España en el Corazón, bem como a leitura e análise de alguns trechos da obra
Confieso que he vivido, em que são abordados os desdobramentos da Guerra Civil
Espanhola, ocorrida na Espanha, no período de 1936 a 1939. A questão central

85
que permeia essa discussão é a possibilidade de utilização destes textos como
memória coletiva e/ ou cultural, averiguando, em consequência, o papel da
literatura como uma fonte de preservação da história e também como
possibilidade de resistência. Para leitura dos poemas, foram utilizados como
aparato teórico: Wood (2012), Pierre (1993) Gagnebin (2006), entre outros. Ao ler
os textos literários e teóricos supramencionados foi possível refletir sobre a
relação entre história, memória e literatura e, consequentemente, sobre as
possibilidades estéticas que a escrita literária condensa em relação à
representação das experiências humanas.
Palavras-chave: Pablo Neruda. España en el corazón, Confieso que he vivido. Guerra
Civil Espanhola. Memória e História.

De(re)cepção do patrimônio filosófico brasileiro

Rudião Rafael Wisniewski (IFFar-PB)

Resumo: A literatura é a arte da palavra, a filosofia é o amor pela sabedoria, o ato


de pensar e de fazer com que pensem. O texto literário, pela sua abertura, exige
um pensar sobre, ou seja, um filosofar. O objetivo deste texto é conectar, com as
mais diversas acepções que tal verbo possui, o leitor com o texto, o leitor com a
análise sobre o texto literário e o leitor com a análise da recepção dos leitores,
sempre mirando a potencialserdade. Na sociedade brasileira, cuja atividade do
pensamento conta pouquíssimo com o hábito de estudo de filosofia, a literatura
tem desempenhado este papel. Conforme Candido (2000), ela é fundamental,
pois o Brasil tem um desenvolvimento mítico e criativo, com raízes no
imaginário. Por contar pouco com a filosofia, se vale da literatura para se pensar.
Sendo assim, ela é patrimônio filosófico brasileiro por excelência. Portanto, o
leitor/receptor poderá, por meio da função que assim o nomina, a leitura,
podendo ser a audiência, em caso de se estar ouvindo e não lendo, analisar sua
recepção e a decepção de alguns a seu respeito. Isso é fundamental para se
compreender e mesmo repensar o papel do leitor frente a tão importante
expressão textual, entendendo e entremeando suas conexões intertextuais,
interpessoais, interdisciplinares, interessantíssimas.
Palavras-chave: Patrimônio filosófico; Recepção; Potencialserdade.

A Representação da Mulher Em Torto Arado (2019), de Itamar Vieira Junior e


A Confissão Da Leoa (2012), de Mia Couto

Airton Pott (UPF)


Ivânia Campigotto Aquino (UPF)
Milena Taliza Cazzonato (UPF)

Resumo: Um dos importantes meios de busca de referência das representações

86
de um povo é a literatura, pois a partir dela é possível perceber como a identidade
cultural de uma sociedade é construída e perpetuada no imaginário social. Nesse
sentido, a análise literária das obras que formam o corpus do estudo ora proposto,
Torto arado (2019), de Itamar Vieira Junior e A confissão da leoa (2012), de Mia
Couto, constitui-se em uma poderosa ferramenta de verificação dos elementos
característicos à construção identitária da representação feminina na literatura,
uma vez que busca problematizar a representação da mulher sertaneja e
moçambicana, salientando o papel designado as personagens femininas nas
sociedades retratadas como forma de impossibilitar o total desenvolvimento
cidadão da mulher. Para tal desenvolvimento analítico, será trabalhado com o
conceito de interseccionalidade, apresentado por Patricia Hill Collins e Silma
Birge (2021). Além disso, serão abordados os estudos de Antônio Cândido (1976)
sobre a personagem de ficção e a literatura e sociedade e será trabalhado com as
contribuições acerca da literatura comparada, apresentadas por Tânia Franco
Carvalhal (1992). Ainda, será desenvolvida a análise das obras pesquisadas,
evidenciando as possíveis semelhanças e/ou diferenças entre a construção das
personagens femininas criadas por Viera Junior e Couto, além de abordar o
impacto da estrutura social perante as condições de vida das personagens
analisadas.
Palavras-chave: Mulher; Representação; Direitos; Literatura

Uma rosa desfolhada: a guerra em A rosa do povo

Edemilson Antonio Brambilla (UPF)


Tiago Miguel Stieven (UPF)

Resumo: Este estudo se propõe a analisar a representação ficcional da guerra em


A rosa do povo (1945) de Carlos Drummond de Andrade. Com a finalidade de
estudar a questão proposta, definiu-se como objetivo verificar a representação da
Segunda Guerra Mundial na obra literária em questão, com enfoque na
manifestação desse acontecimento histórico, bem como na influência que exerce
na produção do autor por meio do tratamento conferido à temática, evidenciando
os diversos procedimentos empregados para tanto. Tomam-se como base teórica
as teses de Wolfgang Iser, contidas em O fictício e o imaginário: perspectivas de uma
antropologia literária (1996), com o intuito de examinar as relações possíveis entre
obra literária e realidade, distinguindo como ocorrem as operações de seleção e
combinação nos poemas: Carta a Stalingrado e Telegrama de Moscou. Dessa forma,
almeja-se investigar a construção do universo ficcional, revelando a recorrência
às imagens e aos símbolos da guerra como matéria para constituição do texto
poético. Ao falar dos dramas, do temor e dos sonhos desencadeados pela guerra,
a poesia captou aspectos que as análises objetivas e teóricas, talvez, não tenham
sido capazes de revelar com a mesma intensidade. Por fim, o trabalho, ao abordar
a temática da guerra na poesia, propicia uma reflexão entre texto e contexto,
levando-se em conta os âmbitos histórico, cultural e social, suscitando a discussão

87
de um problema que, ao longo dos séculos, revela-se como uma questão central
para a Teoria da Literatura: a relação entre literatura e sociedade.
Palavras-chave: Representação; Guerra; Recepção; Literatura; Sociedade.

"Queimar livros?" – análise das marcas intertextuais de Dom Quixote de La


Mancha em Fahrenheit 451

Amanda Alves (UPF)


Gilmar de Azevedo (UPF)

Resumo: Este estudo apresenta uma análise comparativa, em nível


intersemiótico, entre as obras Fahrenheit 451 (1966), filme dirigido por François
Truffaut – adaptado do romance homônimo (1953), de Ray Bradbury, e o
romance Dom Quixote de La Mancha (1605/1615), do escritor espanhol Miguel
de Cervantes Saavedra (1547-1616), considerando-se as marcas intertextuais no
filme e na obra espanhola e com estratégia para leitura no Ensino Médio. Como
aporte teórico, fez-se uso do conceito de intertextualidade em Genette (2006) e
Kristeva (1974), a fim de se verificar a presença de intertexto em uma cena do
filme na queima de livros, sendo o primeiro o de Cervantes, na compreensão do
seu impacto a partir da concepção de Benjamin (1984) sobre alegoria; Eco (2015)
e Stam (2006) em sua interpretação. Como intersecção do romance ao filme foram
abordados os acontecimentos da obra de Cervantes presentes no capítulo VI, Do
curioso e grande expurgo que o padre-cura e o barbeiro fizeram na livraria do nosso
engenhoso fidalgo, em que mostra a presença secreta do perigo que representa o
livro e seu leitor.
Palavras-chave: Intertextualidade; Literatura comparada; Fahrenheit 451; Dom
Quixote de La Mancha.

Uma proposta de sequência expansiva de leitura entre as obras O cortiço e


Úrsula

Aline Venturini (UPF)

Resumo: este trabalho apresenta uma proposta de trabalho com os romances, e


Úrsula, Maria Firmina dos Reis, e O Cortiço, de Aluísio de Azevedo, a partir dos
pressupostos de Cosson (2009). As etapas escolhidas da abordagem de Cosson
(2009) selecionadas são a temática, contextualização histórica, e a teórica sobre
duas obras, a fim de desenvolver um projeto em torno das consequências
históricas e sociais (o racismo estrutural) entre os momentos históricos da
escravidão e da abolição, respectivamente representados pelos romances. Além
de Cosson (2009), esta escrita se ancora nas reflexões em torno do ensino de
leitura e literatura de Bordini e Aguiar (1988) e Cândido (2004). Objetiva-se
apresentar uma abordagem do racismo estrutural e histórico no Brasil através da

88
Literatura, apresentando duas perspectivas diferentes desse tema, através do
confronto de lugar de fala dos respectivos autores.
Palavras-chave: Leitura; Literatura; Escravidão; Abolição; Expansão.

O fantástico na obra Incidente em Antares

Loreci Alves Marins (UPF)

Resumo: Este trabalho propõe refletir sobre a influência do Realismo Fantástico


na obra Incidente em Antares de Érico Verissimo. Para tanto, são consideradas
as duas condições necessárias, segundo Todorov (1975), para a existência do
fantástico na narrativa: primeiramente, o texto deve conduzir o leitor a
considerar o mundo das personagens como um ambiente de criaturas vivas e a
hesitar entre uma explicação natural e uma explicação sobrenatural diante do
fato ocorrido; em segundo, será necessário que a hesitação do leitor se identifique
com uma personagem em particular, de modo que a percepção desse leitor esteja
inscrita no texto com a mesma precisão com que o estão os movimentos da
personagem. Desse modo, o fantástico torna-se relevante devido ao contexto
histórico, às suas características e à sua finalidade. Nesse sentido, o fantástico
nasce nesta incerteza: escolher uma ou outra resposta face aos acontecimentos.
Para tanto, o objetivo é apresentar a origem do Realismo Fantástico e suas
contribuições na obra; identificar sua estrutura, a fim de comprovar a relevância
do período histórico para o estabelecimento desse movimento, uma vez que se
instaura decorrente de períodos ditatoriais, fundindo o real e o imaginário.
Palavras-chave: Realismo Fantástico; Incidente em Antares; Hesitação;
Sobrenatural; Autoritarismo.

O Feminino no Romantismo Francês

Alice Nicolodi da Silva (UPF)


Ivânia Campigotto Aquino (UPF)

Resumo: O trabalho é uma contribuição para os estudos literários que exploram


o Romantismo e suas representações na sociedade, na medida em que busca
analisar e investigar a representação feminina ao longo da obra A Dama das
Camélias (1848), de Alexandre Dumas Filho (1824-1895), a partir da verificação
da relação entre a personagem principal da obra, Marguerite Gautier, com o
feminino que constitui o quadro social do contexto histórico francês do século
XIX. Para isso, observa-se a formação do gênero Romance, a partir da obra A
ascensão do Romance, de Ian Watt, na qual o teórico assume como válida a
premissa de que o romance é a representação fiel da experiência
individual.Depois de verificada a construção do gênero Romance e a localização
da obra A Dama das Camélias dentro desse processo, parte-se para a análise do

89
romance, utilizando, para isso, a obra de Otto Maria Carpeaux, História da
Literatura Ocidental, volume três, a fim de explorar os fatores históricos
considerados na formação do Romantismo Francês.Em conjunto com a
construção e análise da obra em seu momento literário, analisa-se a representação
do burguês na narrativa e a relação entre a personagem principal e as mulheres
francesas do século XIX, valendo-se do estudo de Franco Moretti em seu ensaio
O século sério.
Palavras-chave: Feminino; Romantismo; França; A Dama das camélias; mulher;
século XIX.

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SIMPÓSIO 11 - DISCURSO: MOVIMENTOS DE SUJEITOS E
SENTIDOS

PRESENCIAL

COORDENADORES:
Alexandre Sebastião Ferrari Soares (PPGL/UNIOESTE)
Dantielli Assumpção Garcia (PPGL/UNIOESTE)

“Uma ocupação menos dolorosa”: os efeitos de sentido sobre a mulher


política na Mídia NINJA

Agnes Oliveira Krieger (Mestranda PPGL/UNIOESTE)


Alexandre Sebastião Ferrari Soares (PPGL/UNIOESTE)

Resumo: A ocupação do espaço da política institucional configura um desafio


para a mulher política, seja no momento de adentrá-lo, seja para manter-se nele.
Contemporaneamente, contudo, percebe-se que a imprensa jornalística possui
um papel importante ao discursivizar a presença dessas mulheres, e, com a
ascensão da mídia alternativa, contrária ao discurso hegemônico do jornalismo
das grandes corporações (Kucinski, 2018; Mazetti, 2009; Woitowicz, 2008;
Fiorucci, 2011), observa-se um movimento outro de sentidos sobre mulheres que
fazem política. Diante disso, busca-se analisar os dizeres circulados pela Mídia
NINJA, principal representante da mídia alternativa brasileira, sobre essas
mulheres, bem como se o seu fazer político é discursivizado a partir de sua
prática ou das violências que as permeiam. Assim, busca-se observar se a relação
que se estabelece é entre política e dor quando essas mulheres são
discursivizadas, ao se considerar que há uma ocupação dolorosa desse ambiente.
Assim, à luz da teoria da Análise de Discurso pecheutiana, será analisado o
corpus selecionado por meio de: formação ideológica e discursiva (Pêcheux,
2014), discurso (Orlandi, 2015), discurso jornalístico (Mariani, 1999),
denominação (Ferrari; Medeiros, 2011) e discurso sobre (Mariani, 1996). Salienta-
se, também, o caráter bibliográfico e dialético materialista da análise do corpus
selecionado. A partir disso, pretende-se, portanto, perceber como o
funcionamento da mídia alternativa, em específico da Mídia NINJA, produz
efeitos de sentido outros sobre essa relação dolorosa entre a mulher política e o
seu fazer político, isto é, questionando a perpetuação dessa violência em um
ambiente que se propõe represetativo do povo e democrático.
Palavras-chave: Análise de Discurso; Mídia NINJA; Mulher; Política; Dor.

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O cabelo “ruim” e seus efeitos de sentidos: o uso do cabelo natural crespo e
suas implicações

Camila Ramos de Paula (Doutoranda PPGL/UNIOESTE)

Resumo: O presente trabalho tem por objetivo analisar dizeres e seus efeitos de
sentidos sobre o cabelo crespo e como a partir da escolha do cabelo natural ou
não um perfil-mulher passa a ser caracterizado socialmente. Para essa discussão,
utilizamos como aporte teórico a Análise do Discurso de linha francesa,
principalmente os conceitos de Ideologia e Formação Discursiva. As sequências
discursivas selecionadas para análise foram retiradas de comentários de
publicações da rede social Instagram. A partir da seleção do corpus, objetivamos
identificar os efeitos de sentidos a partir da aceitação ou não dos fios naturais e
como isso permeia o perfil feminino. Por meio das análises das sequências
analisadas, identificamos duas formações discursivas distintas: a que defende o
uso do cabelo crespo natural, e a que julga os fios naturais como não adequados
ao uso. Há dizeres diferentes sobre um mesmo tipo de cabelo, os quais se
relacionam a questões de autoestima e empoderamento, quer dizer, as duas
formações discursivas dominantes revelam discursos que ecoam socialmente
sobre os cabelos das mulheres e as determinam como empoderadas, por
exemplo, a partir do uso de um cabelo em específico. As análises revelaram que
o perfil-mulher considerado “padrão” no social é determinado a partir do uso de
um cabelo que, nesse caso, não é o natural.
Palavras-chave: Cabelo crespo; Ideologia; Feminino.

Igreja e a Manipulação dos Corpos Femininos

Aline Fatima Moi (Mestranda PPGL/UNIOESTE)

Resumo: Este trabalho apresenta um gesto de leitura, sob a perspectiva teórica


da Análise de Discurso pecheutiana, acerca do funcionamento do discurso
religioso a respeito dos corpos femininos. O material de análise é constituído por
uma publicação vinculada à página do Instagram (Fé) ministras, que propõe trazer
reflexões entre o cristianismo e o feminismo amparadas na teologia feminista. Em
nossa sociedade, o discurso religioso quase sempre foi uma propriedade
masculina, produzida por homens, sobre homens e para homens. No entanto,
nos últimos anos, novas reflexões vindas de religiosas instituíram uma
hermenêutica feminista da Bíblia que, de acordo com Ivone Gebara, é “uma
leitura e interpretação dos textos a partir das mulheres, interpretação que leva
em conta não apenas nossos contextos, mas as perguntas atuais que nos habitam
e a especificidade de nossa identidade de gênero” (Gebara, 2023, p.85). É
consoante a essa perspectiva que olhamos para as sequências discursivas que
compõe o corpus escolhido, levando em consideração os pressupostos teórico-
metodológicos sugeridos por Michel Pechêux, na França, e por Eni Orlandi, no

92
Brasil, que pretendemos mobilizar as noções de Sujeito, Ideologia e Memória
Discursiva. Como caminho para possíveis conclusões, o recorte retoma um
discurso religioso conservador em que a mulher está em uma posição inferior à
do homem e que precisa ter seu corpo controlado já que ele é pecaminoso, ao
mesmo tempo em que propõe novas leituras e sentidos do texto bíblico como
forma de emancipar as mulheres desse sistema de manipulação enaltecendo o
corpo feminino e dando voz as mulheres.
Palavras-chave: Análise de Discurso; Discurso Religioso; Teologia feminista;
Corpos Femininos; Mulher.

A luta pela ocupação dos espaços: as regularidades sobre o /do sujeito


LGBTQIA+ no jornalismo esportivo

Odair Jose da Cunha (Mestrando PPGL/UNIOESTE)


Alexandre Sebastião Ferrari Soares (PPGL/UNIOESTE)

Resumo: Na presente pesquisa, realizamos uma análise em busca de entender


quais as regularidades enunciativas que aparecem no jornalismo esportivo
brasileiro quando se trata da luta do sujeito LGBTQIA+ pela ocupação de
espaços. Traçamos, a fim de alcançar nosso objetivo de compreender o
funcionamento discursivo sobre o sujeito LGBTQIA+, nas matérias jornalísticas-
esportivas, alguns encaminhamentos, tais como: entender as regularidades
enunciativas que são postas em circulação; perceber quais as memórias são
mobilizadas para a produção de sentido sobre esses sujeitos e discutir sobre o
que se diz quando se diz sobre a sexualidade dos sujeitos LGBTQIA+, quando se
trata de esporte. Para tanto, mobilizamos alguns conceitos da teoria francesa de
análise do discurso, tais como, Formações Discursivas, sujeito e memória
discursiva a fim de embasar as nossas análises acerca das produções de sentidos
apresentadas sobre os discursos que falam sobre esses sujeitos. Como conclusões,
destacamos que não há naturalidade na circulação da sexualidade dos sujeitos
LGBTQIA+ no jornalismo-esportivo, vez ou outra, quando circula, temos a
sexualidade sendo dita pelo próprio sujeito LGBTQIA+. Findando, evidenciamos
as regularidades que são postas em circulação através de discursos que
produzem efeitos de sentido sobre o sujeito LGBTQIA+ e os esportes, destacando
o estranhamento que há, nesse ambiente esportivo, quando temos o mesmo
sujeito ocupando a posição assumidamente gay concomitantemente com a
posição de sujeito atleta.
Palavras-chave: Análise do Discurso; Sexualidade; Esporte.

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Imagem e Filosofia: representação de mulheres negras

Karla D. Martins de Souza Albuquerque (Doutoranda PPGL/UNIOESTE)


Anna Deyse Rafaela Peinhopf (Doutoranda PPGL/UNIOESTE)
Dantielli Assumpção Garcia (PPGL/UNIOESTE)

Resumo: Quando fazemos a pergunta “Qual é a aparência de um/uma


filósofo/filósofa?”, o nosso imaginário moldado por estruturas historicamente
excludentes de outras raças, etnias e gênero, logo envereda para imagens
controladas, que remetem a sujeitos (figuras masculinas) brancos europeus. Não
é comum imagem outra como a representação da posição-sujeito filósofa/filósofo
vinculadas a mulheres, sobretudo, a de filósofas negras ou indígenas, o que
marca um efeito de sentido excludente. Diante disso, o presente texto promove
uma análise discursiva de imagens ao trazer à baila e expor, como restituição
histórica, algumas das numerosas mulheres negras na posição-sujeito filósofa
da/na atualidade. Mostrando que, mesmo em suas condições de produção de
discurso, em uma estrutura racista armada e mesmo silenciada sua atuação
feminina ao longo da história, essas mulheres, a partir desta posição-sujeito,
conseguiram se sobrepor com suas reflexões filosóficas muito mais conectadas
na compreensão da realidade, fazendo a diferença no dia a dia. Este gesto de
interpretação vai ser guiado pela Análise de Discurso pecheutiana, que nos
ajudará como aporte teórico a (des)controlar discursos e imagens.
Palavras-chave: Filósofas Negras; Discurso; Silenciamento.

“Como assim os homens estão em silêncio”?

Guilherme Medeiros (UNICAMP)

Resumo: O presente trabalho se configura como um recorte do projeto de


pesquisa de dissertação intitulado Não vou querer o que o meu pai fez comigo:
discursos sobre paternidades, masculinidades e homens, que tem como objeto de
análise o documentário O silêncio dos homens (2019). O longa metragem é
resultado de uma pesquisa qualitativa e quantitativa, a nível nacional, a respeito
da percepção dos participantes em relação a desigualdade de gênero e os avanços
em relação ao comportamento masculino perante as mulheres. Além disso, o
documentário reúne entrevistas com agentes locais que atuam em projetos sociais
pautados na promoção da equidade entre homens e mulheres, no combate ao
racismo, à LGBTQIAfobia, e à violência contra mulheres. Partimos do conceito
de silêncio (Orlandi, 2010) para pensar nos diferentes funcionamentos que são
observados no documentário: o silêncio constitutivo de linguagem, o silêncio
como não-dito e a própria autocensura, e em última instância a violência e o
feminicídio como prática de silenciamento das mulheres. Além disso, propomos
através deste trabalho um gesto de leitura para compreender os processos
metonímicos da relação do silêncio masculino (simbolizado para repressão dos

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sentimentos) com a violência patriarcal de gênero. Como resultado parcial da
pesquisa, é possível observar, intradiscursivamente, como são construídas redes
de filiação de sentido em que há uma relação direta entre a falta de afeto, a falta
de uma comunicação efetiva dos sentidos resultando em uma expressão de
gênero masculina atrelada a violência.
Palavras-chave: Masculinidades; Gênero; Violência.

O discurso sobre o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello

Alexandre Sebastião Ferrari Soares. (PPGL/UNIOESTE)


Ivan Cordeiro dos Santos (Mestrando PPGL/UNIOESTE)

Resumo: O tema deste trabalho é o discurso jornalístico e a produção de sentidos


sobre o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Tendo por
objetivo analisar os discursos veiculados pelo jornal O Globo e pela revista Veja a
respeito desse processo, assim sendo possível compreender, a partir dos
pressupostos teórico-metodológicos da Análise do Discurso de orientação
francesa, o funcionamento discursivo presente nos textos jornalísticos publicados
sobre o processo, no período compreendido entre 29 de setembro e 30 de
dezembro de 1992. Pretende-se, com esse trabalho, responder como o discurso
jornalístico construiu, significou e denominou o processo de impedimento do ex-
presidente Fernando Collor e como aconteceu a legitimação ou a desqualificação
do processo por meio desses sentidos postos em circulação, considerando as
seguintes condições de produção: a recente redemocratização do país, a vitória
de Collor através de uma campanha considerada como um exemplo de
marketing político na qual ele circulava como o “caçador de marajás”, as
acusações de corrupção e a considerável perda de popularidade após assumir a
presidência. Entende-se que é fundamental mostrar como os sentidos são
produzidos nos discursos jornalísticos, uma vez que entendemos a linguagem
como efeito de sentido entre os interlocutores e a mídia como um dispositivo
ideológico.
Palavras-chave: Análise de Discurso Pecheutiana; Fernando Collor; Impeachment.

A entropia do Discurso: uma introdução

Rafael Ricardo de Oliveira (UNICENTRO)

Resumo: Introduzido pelo físico e matemático alemão Rudolf Clausius (1822-


1888), um dos fundadores da termodinâmica, o conceito de entropia define a
"seta do tempo” dos acontecimentos, ou seja, se um copo cai no chão e se parte
em pedaços, não será possível reverter cacos de vidro em copo novamente. Nesse
exemplo, aquele objeto passa de um sistema organizado, de baixa entropia, para
um sistema mais aleatório (cacos de vidro), no qual a entropia aumenta. Assim,

95
neste trabalho, ousamos pensar que, tal como o copo que se quebrou, após a
constituição do discurso em texto, esse não volta a ser pensamento, promovendo
um aumento na entropia, haja vista que o sentido pode ser outro. Para Orlandi
(em entrevista à Revista Teias da UERJ), "[...] o que sempre me atraiu, me seduziu
na análise de discurso é que ela ensina a pensar, é que ela nos tira as certezas e o
mundo fica mais amplo, menos sabido, mais desafiador. E pensar que o sentido
pode ser sempre outro vai nessa direção" (Barreto, 2006). “Formular é dar corpo
aos sentidos” (Orlandi, 2005, p. 9), por isso, “todo dizer se encontra na
confluência de dois eixos: o da memória (constituição) e o da atualidade
(formulação), e é desse jogo que tiram seus sentidos” (Orlandi, 1999, p. 33). Cabe
ressaltar que o discurso do sujeito é atravessado pelo interdiscurso (memória
discursiva) e ele reporta seu dizer “ao conjunto de discursos possíveis a partir de
um estado definido das condições de produção” (Pêcheux, 1997, p. 79).
Palavras-chave: Análise de Discurso; Memória Discursiva; Entropia.

Um silêncio que não cabe na paisagem: efeitos de uma língua em movimento

Dantielli Assumpção Garcia (PPGL/UNIOESTE)


Vitória Delpino de Castro (Mestranda PPGL/UNIOESTE)

Resumo: Este trabalho busca produzir uma análise discursiva acerca de uma
coletânea de quadrinhos do cartunista brasileiro Evandro Alves. A partir da
perspectiva teórica da Análise de Discurso francesa, iremos nos ancorar,
principalmente, no trabalho de Gadet e Pêcheux (2014) acerca do impossível na
língua, buscando refletir de que modo a poesia (r)existe nessa materialidade como
efeito de resistência e de possibilidade. Quadrinista, roteirista, ilustrador e mestre
em geografia, os quadrinhos de Evandro Alves exploram as miudezas do
cotidiano. Sob uma narrativa poética, o autor desfia o tecido que sustenta a língua
em sua materialidade histórica, dando a ver o funcionamento de uma linguagem
metafórica, cujo significante se define em relação àquilo que é considerado como
o sem sentido, o desvio e o impossível na língua. A coletânea a ser analisada
compreende um trabalho de recorte realizado a partir da página do autor,
intitulada @materialpoetico, pertencente à rede social Instagram. A partir de uma
descrição sensível acerca das paisagens naturais, humanas e sentimentais de um
Brasil profundo, os quadrinhos do autor nos impele a refletir sobre a situação
socioambiental do Brasil e sobre a vida banal, essa que se pulveriza em nosso dia
a dia. A língua, então, funciona a partir daquilo que foi trazido de vários lugares,
de vários outros discursos, conservando-se em forma de poema.
Palavras-chave: Quadrinhos; Língua; Sentido.

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O corpo da mãe substituta no lugar do (in)visível e (in)dizível

Thailline Dullius (Mestranda PPGL/UNIOESTE)


Célia Bassuma Fernandes (PPGL/UNICENTRO/UNIOESTE)

Resumo: Sob a perspectiva da Análise de Discurso franco-brasileira, este trabalho


está centrado no modo como a mulher que é barriga de aluguel é discursivamente
falada nas mídias jornalísticas. Tomando o corpo como uma materialidade
discursiva, há produção de sentido, a partir, também, de uma exterioridade
histórica e ideológica, pois, assim como a língua, o corpo também é investido por
determinações sócio-histórico-ideológicas. Portanto, para a Análise de Discurso,
o corpo como materialidade discursiva, atravessado ideologicamente, pode
reproduzir o discurso dominante ou, por outro lado, resistir. Para isso, em relação
ao nosso corpus de análise, trazemos uma reflexão sobre o conceito de família e
maternidade na nossa sociedade. Ademais, para uma análise do corpo da mãe
substituta, nossos gestos de interpretação emergem ao caminharmos pelo
(in)visível e (in)dizível, pelo não dito, evocando uma das formas do silêncio
categorizada por Eni Orlandi, questionando quem são essas mulheres e os efeitos
de sentidos que os dizeres sobre o nosso corpus produzem e como essas mulheres
se colocam e se ocultam em/pelos seus corpos. Entre um ato de amor e uma
necessidade de dinheiro, os efeitos de sentido do amor materno ecoam na
memória e escapam, a mãe que não é mãe, a mãe substituta que cedeu/alugou
seu útero, a mulher que se inscreve e é inscrita a partir de seu corpo.
Palavras-chave: Barriga de aluguel; Corpo; Mulher; Análise de Discurso.

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SIMPÓSIO 12 - QUESTÕES DO TEXTO E DISCURSO: ASPECTOS
TEÓRICOS, ANÁLISE DE CORPUS E PROPOSIÇÕES DIDÁTICAS

PRESENCIAL
COORDENADORAS:
Alcione Tereza Corbari (PPGL/UNIOESTE)
Mirieli Ferraça (UFPR)

Atitudes linguísticas de falantes brasileiros na localidade de Capanema-PR: o


falar diferente na fronteira

Solange Goretti Moreira Pizzatto (Doutoranda PPGL/UNIOESTE)


Lohana Larissa Mariano Civiero (Doutoranda PPGL/UNIOESTE)
Renan Fabrício Lorenzatto da Silva (Doutorando PPGL/UNIOESTE)
Aparecida Feola Sella (PPGL/UNIOESTE)

Resumo: Este artigo apresenta investigação de indícios de atitudes linguísticas


em falas de informantes brasileiros moradores da localidade de Capanema,
situada na região Sudoeste do Paraná, fronteira com a Argentina. As análises
foram guiadas pela abordagem mentalista, que concebe a atitude como um
elemento complexo, formado por três componentes – o cognoscitivo, o afetivo e
o conativo. Buscou-se investigar a ocorrência desses componentes e a relação
deles com o prestígio e o desprestígio sobre o falar diferente, considerando a
coleta de dados promovida pelo Projeto Crenças e Atitudes Linguísticas: um
estudo da relação do português com línguas em contato (Projeto CAL),
coordenado por Aguilera (2009). Com base nos teóricos Lambert e Lambert
(1966), Bem (1973), López Morales (1993), Moreno Fernández (1998), Aguilera
(2009) e Corbari (2013), verificou-se que certos falantes expressam indícios de
atitudes linguísticas específicas sobre o falar espanhol e dos colonizadores.
Palavras-chave: Crenças; Atitudes linguísticas; Fronteira.

Formas de modalização em falas sobre a Revolta dos Posseiros (1957)

Leandra Francischett (Doutoranda PPGL/UNIOESTE)


Aparecida Feola Sella (PPGL/UNIOESTE)

Resumo: A história da região Sudoeste do Paraná é marcada por um conflito


decorrente da disputa de terras, que desencadeou, em 1957, a chamada Revolta
dos Posseiros. Trata-se de um levante organizado pelos moradores da região,
tanto da cidade quanto do interior, que se uniram para a conquista do título das
98
terras. A Revolta dos Posseiros de 1957, no Sudoeste do Paraná, envolveu a luta
pela propriedade jurídica da terra. As mulheres, embora presentes, não tiveram
a devida atenção nos registros históricos e jornalísticos. Considerando a
necessidade de registrar falas sobre o evento, desenvolve-se pesquisa pautada na
fala de senhoras que vivenciaram o evento. Neste artigo, pretende-se verificar,
em um único depoimento de uma senhora com idade a partir de 80 anos, marcas
linguísticas que indiquem formas de maior ou menor engajamento (Corbari,
2008). Para tanto, foram observados modalizadores epistêmicos que indicam
como determinado conteúdo proposicional foi concebido de forma mais tensa ou
menos tensa e como os recortes analisados podem ser considerados atos de fala
(Ottoni, 2002), o que justificaria a modalização epistêmica que vai do asseverativo
ao quase asseverativo (Castilho; Castilho, 1992). Percebeu-se que a dimensão de
um modalizador depende do tipo de ato de fala, principalmente quando se trata
de uma relação “pergunta e resposta” e existe a necessidade de preservação da
face. Sendo assim, o tipo de relação interlocutiva pode ser um indicador do perfil
e da extensão de um modalizador epistêmico.
Palavras-chave: Entrevista; Atos de Fala; Modalizadores.

Ethos e pathos: uma análise a partir de modalizadores em um texto do gênero


manifesto

Andréia Aparecida Colares (Mestranda PPGL/UNIOESTE)


Nathalia Fagundes Rohde (Mestranda PPGL/UNIOESTE)
Aparecida Feola Sella (PPGL/UNIOESTE)

Resumo: Segundo Aquino e Lotti (2016), o gênero manifesto caracteriza uma


declaração pública que pode expor reivindicações, declarar a posição de alguma
personalidade ou grupo em relação a algum assunto de relevância social e atrair
a atenção pública para a questão em pauta. Os textos decorrentes desse tipo de
gênero visam à adesão da audiência, seja para uma tomada de ação, seja para
discussão de ideias. Por ser de natureza argumentativa, tais textos mobilizam o
uso de modalizadores, como estratégia de construção dos argumentos. O objetivo
deste trabalho é, portanto, analisar o ethos e pathos, a partir dos modalizadores
presentes no texto “Aplicativos de entrega, distribuam alimentação e álcool em
gel para os motoboys!” (LIMA, 2020), produzido por um representante de
entregadores de comida por aplicativo e publicado no primeiro semestre da
Pandemia da Covid-19, no site change.org. A análise se pauta em autores como
Perelman e Olbrechts-Tyteca (2017) e Bini (2020), no que se refere à Retórica, em
Koch (2002; 2004), Castilho e Castilho (1992) e Nascimento (2002), no tocante aos
elementos linguísticos. Observa-se que a recorrência de modalizadores,
predominantemente do eixo deôntico, contribuem para o pathos, a fim de alcançar
a adesão dos leitores e evidenciar a necessidade do grupo de entregadores de
auxílio por parte de seus empregadores. No que se refere ao ethos discursivo, é
possível observar, a partir dos modalizadores deônticos verificados no texto, um

99
enunciador que transita entre o individual e o coletivo, e que visa a mobilizar o
leitor a concordar com sua tese e a explicitar as obrigações das empresas com
esses trabalhadores. Desse modo, verifica-se que os elementos linguísticos
analisados contribuem para a argumentatividade do texto e se mostram
pertinentes ao gênero manifesto.
Palavras-chave: Gênero manifesto; Modalizador deôntico; Ethos e pathos.

Proposta de leitura intertextual do conto “Os três porquinhos” no Ensino


Fundamental I

Ana Paula Fernandes Massuia (ProfLetras/UNIOESTE)


Clarice Cristina Corbari (ProfLetras/PPGL/UNIOESTE)

Resumo: Nesta comunicação, apresentamos um recorte de pesquisa em


andamento no Mestrado Profissional em Letras (ProfLetras), sobre leitura no
Ensino Fundamental I, com foco nas relações intertextuais presentes em diversos
gêneros do discurso. Partimos do entendimento de que a intertextualidade
constitui um fator de textualidade que permite potencializar e enriquecer a
experiência de leitura, ao mobilizar sentidos presentes em textos que os alunos
conhecem previamente, e, dessa forma, colabora para a formação de um leitor
mais proficiente. Com base em reflexões fundamentadas em Kristeva (1969),
Bakhtin (1979), Geraldi (1997), Koch (1998) e Solé (1998), entre outros autores,
apresentamos parte de uma proposta didática elaborada a partir do conto infantil
“Os três porquinhos”, com foco nas relações intertextuais presentes nos gêneros
charge e tirinha. O público-alvo pensado para a implementação da proposta é
uma turma do terceiro ano do Ensino Fundamental I de uma escola pública da
rede municipal de ensino de Cascavel (PR). Esperamos que esta pesquisa possa
contribuir para o ensino de Língua Portuguesa nos anos iniciais do Ensino
Fundamental, ao apresentar algumas possibilidades de abordagem da leitura
intertextual em sala de aula.
Palavras-chave: Língua Portuguesa; Ensino Fundamental I; Leitura;
Intertextualidade.

Registros gráficos do alçamento vocálico em produções escritas de alunos em


processo de alfabetização

Viviani Dias Barradas de Souza (ProfLetras/UNIOESTE)


Sanimar Busse (ProfLetras/PPGL/UNIOESTE)

Resumo: O presente trabalho tem por objetivo refletir a respeito do registro


gráfico do alçamento vocálico em produções escritas de alunos de um 2º ano em
processo de alfabetização e, assim, desenvolver uma unidade didática que venha
contribuir com atividades referentes a esse processo fonológico. A pesquisa

100
justifica-se por se tratar de um fenômeno da fala presente no português brasileiro,
transcrito para a escrita. Nesse caso, o trabalho em sala de aula requer a reflexão
sobre a oralidade, para, então, levar o aluno a compreender que a escrita segue
regras arbitrárias, opacas em relação à fala. Elegemos esse fenômeno para
contribuir com a prática docente por meio de reflexões que problematizam a
notação gráfica, na tentativa de evitar que os alunos incorram na generalização
de regras e passem a grafar como nos exemplos a seguir: buneca, para boneca, e
tomati, para tomate. O alçamento vocálico foi eleito como objeto desta pesquisa
devido ao número frequente do registro gráfico nas atividades escritas dos
alunos. Além do anseio de que esta pesquisa possa contribuir para professores
de língua portuguesa do ensino fundamental, além da expectativa de auxiliar no
conhecimento a respeito do processo fonológico do alçamento vocálico,
comprometida em unir a teoria e a prática e promover o conhecimento reflexivo,
por meio de um ensino sistematizado, conduzindo os alunos à autonomia,
melhorando sua escrita, ao criar novas hipóteses e buscar novos desafios,
transformando seu conhecimento e ampliando sua visão de mundo.
Palavras-chave: Alçamento vocálico; Unidade didática; Ensino sistematizado.

Dificuldades de leitura e escrita no Ensino Fundamental II: uma proposta de


intervenção por meio de atividade de Extensão e Estágio Supervisionado

Alcione Tereza Corbari (PPGL/UNIOESTE)

Resumo: O presente trabalho tem por objetivo compartilhar experiências


relativas a um projeto que alia Extensão e Estágio Supervisionado dos cursos de
Letras da UNIOESTE/Campus de Cascavel que está sendo implementado com
alunos do 6º ano do Ensino Fundamental II de um colégio estadual da periferia
de Cascavel, com foco no processo de alfabetização e letramento. Para
conhecimento do nível dos alunos quanto às habilidades de leitura e escrita e
posterior organização para trabalho por grupos, foi criado um protocolo inicial
para diagnóstico e nivelamento, o qual é constituído por uma ficha de
diagnóstico e atividades que consideram desde o conhecimento do alfabeto até
as condições de leitura e produção de textos com paragrafação. Trata-se de uma
oportunidade para os acadêmicos aplicarem conhecimentos relativos ao processo
de aquisição da língua escrita, refletindo sobre sua implementação didática em
uma realidade que é recorrente, com alunos chegando ao Ensino Fundamental II
sem terem completado o processo de alfabetização, como exemplifica esta frase,
escrita por um dos alunos avaliados: “Eu crero se camiomeiro e viagha o Basil
em tero”. Embora o projeto ainda não apresente resultados, é possível concluir
que: a) a universidade, por meio de ações de Extensão e de Estágio
Supervisionado, pode se constituir como uma aliada da escola básica na
perspectiva de contribuir para a superação dos desafios diários que lhe são
apresentados; b) a escola básica constitui-se como um importante locus de
formação, já que permite aos acadêmicos e aos professores universitários não só
conhecer a realidade pública, para a qual devem se preparar, mas também atuar

101
imersivamente, fomentando pesquisas que resultam em novas perspectivas de
abordagem teórica no âmbito universitário.
Palavras-chave: Alfabetização; Letramento; Ensino Fundamental II; Extensão;
Estágio Supervisionado.

Insensibilidade humana em contos: encaminhamentos de leitura e


interpretação para o nono ano do Ensino Fundamental

Sidnei Luiz Flach (Mestrando ProfLetras/UNIOESTE)


Valdeci Batista de Melo Oliveira (ProfLetras/PPGL/UNIOESTE)

Resumo: O presente estudo nasce da convicção de que a literatura pode


contribuir para a humanização das pessoas. Inseridos em uma cultura escolar em
que o texto literário é comumente utilizado como pretexto para atividades
metalinguísticas irreflexivas ou de mera decodificação, concorrendo com as
modernas tecnologias, em uma sociedade que valoriza a leitura fast-food,
praticada nas redes sociais, cabe à escola encontrar meios para desenvolver
leituras críticas de mundo e, para tanto, a potência da literatura é ferramenta
eficaz. Além disso, percebemos que a insensibilidade, que permeia as relações
humanas, tem se agravado à medida que o contato vis-à-vis de outrora vai sendo
substituído pelo contato virtual das redes sociais, e que nele, muito comumente,
o sofrimento alheio tem se tornado um espetáculo a ser apreciado. Diante do
exposto, esta pesquisa propõe encaminhamentos que busquem estimular o
interesse pela leitura em turmas do nono ano do Ensino Fundamental,
aumentando a proficiência leitora em contos que abordem a insensibilidade para
com o próximo. Após as considerações teóricas acerca da leitura, interpretação,
conto e insensibilidade nas relações humanas, há a proposição de uma Unidade
Didática, em que serão sugeridos encaminhamentos de leitura e interpretação
relativos a contos de Luiz Vilela, Dalton Trevisan, Ernest Hemingway e Anton
Tchekhov.
Palavras-chave: Conto; Insensibilidade; Leitura; Interpretação; Ensino
Fundamental II.

102
SIMPÓSIO 13 - INTERMIDIALIDADE, INTERARTES E AS
REPRESENTAÇÕES IMAGÉTICAS CONTEMPORÂNEAS:
IMAGINANDO (IM)POSSÍVEIS

PRESENCIAL

COORDENADORES:
Acir Dias da Silva (PPGL/UNIOESTE)
Robert Thomas Georg Wurmli (Doutorando PPGL/UNIOESTE)
Luiz Carlos Machado
(Doutorando PPGL/UNIOESTE)
Vanessa Luiza de Wallau (Doutoranda PPGL/UNIOESTE)

Aspectos do Cyberpunk enquanto arte pós-moderna: da crítica ao capitalismo


à busca incessante pelo Outro

Robert Thomas Georg Wurmli (Doutorando/PPGL/UNIOESTE)

Resumo: A presente proposta de pesquisa tem o objetivo de avaliar, a partir de


um viés intermidiático e interartístico, a forma como o gênero Cyberpunk tem
abarcado a sociedade de século XXI, com vistas, especificamente, à análise da
construção das cidades dentro das obras, atrelada às configurações das
personagens e ao processo de rechaço ao Outro. Nesse sentido, o gênero tem
representado aquilo de negativo que a sociedade pós-moderna capitalista pode
trazer. Enquanto subgênero da ficção científica, o lema “high tech, low life”
exemplifica a demanda dessas obras de arte em representar as dicotomias e os
paradoxos de uma sociedade que visa à máxima concentração/aquisição
tecnológica em detrimento de qualquer esperança ou oportunidade de vida a
seus concidadãos. A própria construção ficcional da cidade, assim, age como
modelo segregador pautado na máxima redução do indivíduo à peça descartável,
enquanto esse sujeito, transmutado às personagens das obras em pauta,
comumente sofre rechaço e é incompreendido enquanto Outro ou, até mesmo,
pratica esse mesmo preconceito, exemplificado na figura típica do Cyberpunk: o
androide. Este, por sua vez, representa a máxima potencialidade pós-moderna
para os estudos a respeito de alteridade, uma vez que encapsula, dentro de seu
próprio conceito e de sua própria raison d’étre, aquilo que define o problema da
convivência mútua dentro das sociedades contemporâneas: respeitar e aceitar
aquilo que não sou eu. Para que a pesquisa tome forma, utilizar-se-ão os estudos

103
de Jameson (1985), Debord (1997), Kristeva (1994), Amaral (2005), Lévinas (2005),
Cândido (2006), Baudrillard (2011), Han (2017), Young (2019).
Palavras-chave: Alteridade; Literatura Comparada; Cyberpunk; Pós-
modernidade; Interartes.

A viagem de Pedro (2022): história e memória intermidiáticas sob o ritmo das


ondas e da turbulência

Stanis D. Lacowicz (Docente UNIOESTE - NuECP/PPGL)

Resumo: Este trabalho constitui uma primeira entrada no longa metragem A


viagem de Pedro (2022), de Laís Bondanzky, ficção histórica que se volta à viagem
de retorno de D. Pedro I do Brasil à Portugal, em 1831, trajeto no qual são
narrativamente intercalados eventos anteriores de sua vida. A articulação entre
história e memória se traduz em uma tessitura atravessada a todo momento por
outras vozes, outras perspectivas sobre a história, em uma costura que mostra a
heterogeneidade do tempo presente, opondo-se a um olhar cristalizado e
monumental sobre o passado. Estes pontos serão o eixo principal de análise: a
(re)figuração da história por entre fissuras e fragmentos. Pretende-se também,
com essa investigação inicial, pontuar diálogos do filme com ficções romanescas
que se voltam à mesma personagem ou período histórico, observando como cada
mídia se debruça sobre a dinâmica da memória, um vai e vem que entrecruza
tempos e temporalidades. Nesse sentido, o texto se volta ao campo de estudos da
intermidialidade, a partir de Rajewsky (2012) e Hutcheon (2013). Também
pautam as análises os estudos sobre memória de Robin (2016), sobre romance
histórico de Perkowska (2008), dentre outros. Por fim, busco compreender como
essa película, no diálogo com outras obras e com o discurso da história, maneja
uma memória que se constitui de maneira transmidiática, ao passo que revisita
autoimagens e projetos de país, delineando espaços de abertura para (re)pensar
o presente.
Palavras-chave: A viagem de Pedro; ficção histórica; intermidiálidade;
(re)figuração; memória.

Uma análise da tradução das legendas da obra filmíca A Lavoura Arcaica


(2001) Para Língua Inglesa: um estudo baseado em Corpus

Jessica Tomimitsu Rodrigues (Doutoranda PPGL/UNIOESTE)

Resumo: O presente trabalho pretende apresentar uma análise comparativa das


legendas oficiais do filme A Lavoura Arcaica (2001), de Luiz Fernando Carvalho,
adaptação da obra de mesmo título do escritor brasileiro Raduan Nassar, de 1975.
Para tanto, embasamos a perspectiva analítica sob o mote de compreender,
primeiramente, a adaptação do livro em sua releitura fílmica, destacando seu

104
processo improvisado e o aclamado resultado de uma leitura icônica que valida
os ecos poéticos da experiência e da vivência da leitura da obra, pelo diretor e
pelo elenco, e, também, pelo público. Em um segundo momento, primando
compreender como a produção estética brasileira contemporânea, com o filme de
A Lavoura Arcaica, encontra ensejo no espaço internacional, propomos um estudo
comparativo do par tradutório de olhos/eyes, vocábulo que, amparado pelo
software WordSmith Tools, apontou para a alta chavicidade no original, e sua não
correspondência na tradução revelou uma simplificação nas legendas em língua
inglesa, tornando-as mais fluídas e diretas para o leitor estrangeiro. Com o aporte
teórico dos Estudos da Tradução baseado em Corpus (Baker, 1993), dos Estudos
Interartes (Cluver, 2006) e dos universais da tradução (Baker, 1996) pode-se
destacar que as legendas de A Lavoura Arcaica apresentam uma tendência a
supressão de termos repetitivos, possivelmente usados pelo autor para reiteração
enfática e/ou pelo eco poético e sonoro no texto, e pela opção de uso de termos
mais comuns aos leitores de língua estrangeira, em substituição ao uso de
metonímias com olhos.
Palavras-chave: A Lavoura Arcaica, Raduan Nassar, Legendagem, Estudos da
Tradução Baseado em Corpus.

Poéticas brincantes: Intermidialidade e cultura popular na obra de Manuel


Messias

Luiz Carlos Machado (Doutorando PPGL/UNIOESTE)

Resumo: Derivado dos estudos comparados da literatura a partir dos anos 1990,
a intermidialidade se apresenta como uma ideia de robusta fecundidade no
campo das relações interartes, em especial, quando articulada nas lacunas
deixadas por termos equivalentes que a precederam. Por meio da
intermidialidade, é possível lançar um olhar investigativo para várias formas de
cruzamentos de fronteiras midiáticas. Ao se aproximar do que é próprio do
cotidiano do homem comum, o artista brasileiro reelabora e combina elementos
comunicativos e representações culturais que são naturalmente identificáveis.
Estas produções, que por esta pesquisa serão denominadas poéticas brincantes,
são intermidialidades que "brincam" tanto com objetos, ícones e símbolos da
cultura popular, quanto com as tendências artísticas contemporâneas. A obra de
Manuel Messias parece se enquadrar no conceito de Poéticas brincantes, pois
propõe um exercício intermidiático quase instintivo porque parte da
aproximação ao primitivo das mídias. Suas composições gráficas reúnem
elementos folclóricos, da religião e da cultura pop, estruturam linhas, formas,
figuras e letras de uma maneira concisa e original teórico será oferecido pelos
escritos sobre intermidialidade de Irina Rajewsky (2012), Claus Clüver (2011),
Walter Moser (2006), Dick Higgins (2012), sobre arte e cultura brasileira,
Andrade (1990), Gullar (1978), Câmara Cascudo (2004), Suassuna (2008), Simas
(2018) e as contribuições sobre cultura popular e carnavalização de Bakhtin
(1981).

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Palavras-chave: Intermidialidade, Interartes, Cultura Popular, Arte
contemporânea brasileira.

Assonâncias temáticas entre Coraline (2002) e O cemitério (1983): o uncanny


como efeito de terror na literatura pós-moderna

Marcela Franklin Ferreira (Mestranda PPGL/UNIOESTE)

Resumo: Considerando os romances Coraline (2002) e O cemitério (1983), e suas


diversas adaptações em outras mídias, temos que o fascínio pela literatura tem
sido comumente despertado pelo contato mais acessível a narrativas fantásticas.
Ainda, as duas histórias, mesmo que distantes no público a quem se destinam,
aparentam convergir em suas temáticas. Investigando as possíveis assonâncias
temáticas existentes entre os romances Coraline (2002), de Neil Gaiman, e O
cemitério (1983), de Stephen King, questionamos, ainda, como, destas
semelhanças, o uncanny está presente como elemento de promoção do terror.
Adotamos a perspectiva teórica da Literatura Comparada e, como principal base
para o estudo são utilizados conceitos da literatura pós-moderna de Linda
Hutcheon (1991) e Steven Connor (2004), e da literatura fantástica, com
apontamentos de Todorov (1988) e H.P. Lovecraft (2007). Sobre o uncanny, Freud
(1925), Rudd (2008), Gooding (2008) e Bernstein (2003) são utilizados. Mesmo
décadas desde a publicação inicial de ambas as obras, é peculiar como suas
histórias continuam relevantes no mundo pop, recebendo adaptações em
diferentes mídias e atenção em inúmeras plataformas da internet. Tal relevância
permite que o fascínio pela literatura seja despertado de forma alternativa, uma
vez que o romance passa a atingir um público diferente. Contudo, observando
mais atentamente os temas abordados nas obras, percebemos certas
similaridades, mesmo com a diferença dos públicos a que se destina cada livro.
Ainda assim, suas assonâncias temáticas somam sete, com seis aparições do
uncanny. Existe, também, a dissonância entre a narração de cada autor como
crucial para a possibilidade da abordagem de ambas as obras em um contexto de
sala de aula, atentando-se para o público-alvo de cada livro.
Palavras-chave: Literatura Fantástica; Literatura Comparada; Estranho; Terror.

Jogos ecfrásticos em Barry Lyndon, de Stanley Kubrick

Vanessa Luiza de Wallau (Doutoranda PPGL/UNIOESTE)

Resumo: Este estudo tem por objetivo analisar frames do filme Barry Lyndon (1975), do
roteirista e cineasta Stanley Kubrick, a partir dos estudos da Intermidialidade, a fim de
percebê-lo como um produto intermidiático que estabelece relações entre literatura,
cinema e pintura, em específico ao que chamamos de adaptação ecfrástica, terminologia
que faz referência a um processo baseado no recurso da écfrase. Para isso, o aporte

106
teórico-metodológico abarca os estudos da Intermidialidade, de acordo com Rajewsky
(2012, 2020), Elleström (2017) e Clüver (2011), os estudos da écfrase, segundo Clüver
(2017) e Vieira (2017), além da abordagem do termo adaptação ecfrástica, proposto por
Wallau e Luz (2021). A écfrase é usualmente tida enquanto a representação verbal de
um objeto não-verbal, um sinônimo de “descrição verbal”, compreendida
especialmente na literatura e suas relações com o pictórico. A noção de écfrase, contudo,
é redefinida pela sua incorporação aos estudos da Intermidialidade, por uma
perspectiva contemporânea, tratando-a como fenômeno intermidiático. Ainda assim,
Clüver (2017) afirma que a écfrase pode se fazer presente em quaisquer manifestações,
exceto nas mídias cinéticas, como o cinema e a televisão, afirmação contestada por
Wallau e Luz (2021), que propõem uma leitura da écfrase em uma obra cinematográfica,
considerando-a como um processo de representação verbo-visual de uma
representação verbo-voco-visual.
Palavras-chave: Écfrase; Intermidialidade; Cinema; Pintura.

“Objetos Gráficos” de Mira Schendel – A Neblina da Imagem

Vinícius Bardi Castilho (Mestrando PPGL/UEL)

Resumo: Mira Schendel, artista suíça radicada no Brasil, desenvolveu uma vasta
obra experimentando variadas formas artísticas como pintura, colagem, desenho,
instalação, tridimensional, escrita, entre outras. Seu trabalho incorpora conceitos
de diversas linguagens poéticas, evidenciando debates conceituais interartísticos.
Dessa forma, propõe-se apresentar um debate especificamente sobre a série
“Objetos Gráficos”, investigando as relações pertinentes entre a literatura e as
artes visuais. Nessas obras, Schendel trabalha com o uso de elementos gráficos
textuais adicionados a materialidades transparentes, como chapas de acrílico e
papéis arroz. Segundo Geraldo Souza Dias (2009), embora sobrepostos, esses
elementos não alcançam plena tridimensionalidade, pois seu aceno à terceira
dimensão (espessura) é mínima (p.257). Ainda assim, compete refletir sobre os
atravessamentos do olhar nessas superfícies. Ao observar a imagem, o espectador
é levado a uma nebulosa retida por símbolos gráficos suspensos, criando uma
presença bidimensional no espaço tridimensional. Incorporando escritas
manuais e colagens letraset, por vezes sem formar nenhuma frase ou palavra, a
artista mergulha no elemento gráfico em toda sua potencialidade visual. Os
símbolos gráficos suspensos no espaço, deslocados de um suporte literário,
oscilam seu significado interno. A simultaneidade e não linearidade dessas
formas pode anular a separação entre tempo e espaço, resultando em uma
poética temporal-espacial. Esta apresentação analisará como a série "Objetos
Gráficos" incorpora debates conceituais, desafia a percepção visual e questiona a
relação entre público, espaço e significado, expandindo o debate sobre a obra de
Mira Schendel e sua relevância nas discussões artísticas contemporâneas.
Palavras-chave: Interartes; Transparência; Objetos gráficos; Vazio; Visualidade
poética.

107
Entre cores e telas: representações e (re)criações de van Gogh e sua obra no
contexto cinematográfico

Fabiana Maceno Domingos Pedrolo (Doutoranda PPGL/UNIOESTE)

Resumo: Esta apresentação é parte da pesquisa de doutorado em andamento que


analisa a personagem do pintor holandês Vincent van Gogh em quatro das
inúmeras cinebiografias produzidas sobre ele: Sede de Viver (1956), Vincent e Theo
(1990), Van Gogh (1991) e No Portal da Eternidade (2018). Como objetivo, espera-se
que a análise de diferentes visões sobre o artista, bem como a tessitura que
engloba imagem, som, luz, enquadramento e a influência da pintura no cinema
fomente uma ampliação do olhar sobre a imagem ficcional do referido pintor que,
embora consagrado e mundialmente conhecido, carrega consigo um perfil
estigmado e estereotipado. Ao analisarmos os filmes protagonizados pela versão
ficcionalizada de van Gogh, entendemos que temos como corpus não somente
algo sobre ele, mas o próprio van Gogh, estabelecendo assim uma forma
particular de interpretação que considera a imagem um elemento chave para
construção ficcional e histórica do pintor. Como cada filme apresenta um recorte
de tempo específico da vida do artista, é possível visualizar na escolha obtida por
cada diretor, o enfoque de cada diegese e as perspectivas diferenciadas que a
mesma história pode apresentar. Neste entrelaçamento de mídias pretende-se
acrescentar novos pontos de vista sobre van Gogh, compreendendo o artista
através de sua arte e comparando os olhares diferenciados que cada um dos
filmes é capaz de apresentar.
Palavras-chave: Intermidialidade; van Gogh; Cinema.

Desvendando o Jardim

Naiani Borges Toledo (Doutoranda PPGL/UNIOESTE)

Resumo: Considerando o conceito introduzido por Jakobson (1999) de que


tradução intersemiótica é a transformação de uma obra de arte ou comunicação
de um sistema semiótico para outro e o conceito estabelecido por Plaza (1987) de
que a tradução intersemiótica não é apenas uma simples conversão de um meio
para outro, mas sim uma exploração profunda das relações entre signos,
símbolos e significados em diferentes meios, faz-se necessário pensar a tradução
intersemiótica como reinterpretação ou recriação de elementos de uma mídia em
outra mídia, mantendo o significado central ou essência da obra original, mas
adaptando-a às particularidades do novo meio. Tendo isso em mente, o objetivo
deste estudo é analisar o filme O Jardim Secreto (2020) do diretor Marc Munden,
tradução do clássico da literatura inglesa infantojuvenil O Jardim Secreto (1911)
da escritora Frances Hodgson Burnett. Dentre os aspectos que analisaremos está
como é representada a questão da colonização da Índia por parte da Inglaterra, a

108
questão do luto e o simbologismo do jardim. Na perspectiva de alcançar o
objetivo proposto, sustenta-se a pesquisa nos pressupostos teóricos de Jakobson
(1999), Plaza (1987), Bachelard (1989), Chevalier (2001), dentre outros. Trata-se,
portanto, de uma pesquisa bibliográfica pautada na tradução intersemiótica, na
mitocrítica e na fenomenologia.
Palavras-chave: Tradução intersemiótica; O Jardim Secreto; Literatura; Cinema.

Arte indígena contemporânea: um colorido interior de Jaider Esbell

Rosalina de Godoy Dias da Silva (Mestranda PPGL/UNIOESTE)

Resumo: Falar da arte indígena contemporânea, sem mencionar Jaider Esbell é


impossível, ele foi o maior artivista indígena brasileiro contemporâneo, sua arte
o tornou conhecido no Brasil e exterior, Jaider foi curador, escritor, ativista e
produtor cultural indígena da etnia Macuxi. Na sua casa em Boa Vista – RR tem
a galeria: Jaider Esbell de arte indígena, com exposição de suas obras e outros
artistas indígenas. Em 2016 ganhou o primeiro prêmio PIPA on-line pelo voto
popular. No ano de 2021 ele e sua equipe organizaram uma exposição na 34ª
Bienal de São Paulo, intitulada o 1º encontro de todos os povos, as obras ficaram
de setembro a dezembro de 2021 no Museu de Arte Moderna de São Paulo
(MAN). No contexto da 34ª Bienal, em uma sucessão de cenas alegóricas, o artista
evoca a ideia dos Kanimes, descritos como espíritos fatais. Em setembro de 2019
escreveu Makunaimã: O mito através dos tempos, uma peça de teatro,
Makunaimã é uma divindade indígena de um tempo imemorial, faz parte do
sagrado de alguns povos indígenas. Dessa forma os objetivos dessa comunicação
é enfatizar o Artivista Jaider Esbell e seu importante trabalho para a divulgação
da arte e literatura indígena, desmistificando a forma como os povos indígenas
são vistos. Sendo a metodologia aplicada, a reunião de textos e a compilação de
vídeos de entrevistas do acervo do autor. A base teórica se dá a partir desse
acervo encontrado mais especificamente em:
http//www.jaideresbell.com.br/site/, vídeos do canal Bienal de São Paulo e
acervo da revista Select.art.br.
Palavras-chave: Arte indígena; Contemporânea; Jaider Esbell.

O Silêncio e o Som no Paraíso Perdido da cantora e do baterista

Wilma Nunes Rangel (Doutoranda PPGL/UNIOESTE)

Resumo: O silêncio, o som e a música, sempre fazem parte da poética do cinema,


com o tempo, tornou-se indispensável para construção ou reafirmação da
narrativa. A proposta intitulada - O Silêncio e o Som no Paraíso Perdido da
cantora e do baterista, tem como análise os filmes O Paraíso Perdido (2018), da
cineasta brasileira, Monique Gardenberg (1958), O Som do Silêncio (The Sound

109
of Metal) 2019, do roteirista e diretor americano Darius Marder (1974). O foco são
os personagens: Nádia, cantora e Rubem, baterista, ambos profissionais que
trabalham com música, mesmo sendo de filmes diferentes, prefiguram o caos
com a perda completa da audição. A cantora romântica do bar Paraíso Perdido
após violência doméstica traumática, não consegue ouvir seu próprio canto – é
estar na porta de Satanás. Pretendemos abordar os temas: identidade, trauma,
distopia, dissociação, caos, violência e o estar presente e ausente da pós-
modernidade. A antítese: O Silêncio e o Som roubam cenas - as formas de
produzi-los de forma sensorial, acontece com a Intermidialidade, com várias
mídias, interagindo na construção da subjetividade, permitindo assim que o
silêncio encene onde o som ensurdeceu. Quando aplicamos essa ideia à surdez
repentina dos personagens músicos, podemos pensar na perda da "aura" do som,
fundamentada por Walter Benjamin (1995). “A fissura do silêncio” por Baitalle,
(1992), as teorias do Cinema e Intermidialidade com: Claus Cluver (2008, 2006),
Irina Rajevsky (2012), Georges DidiHuberman (2017, 2020); Roland Barthes
(2008); as teorias do sujeito e o mundo em e Fenomenologia em Merleau-Ponty
(1990), o conceito de ritornelo proposto por Deleuze e Guattari (2011) um retorno
inexistente, Giorgio Agamben (2000), para tratar a ideia de "aura" na arte e como
ela é afetada pela reprodutibilidade técnica. A música faz parte das duas obras
fílmicas, em Alucinações Musicais de Oliver Sacks (2007), será suporte sobre a
música relacionada a alterações perceptivas e neurológicas. Yuki Hui (2019)
Palavras-chave: Silêncio/Som; Surdez/trauma; Cinema; Intermidialidade e IA
Inteligência Artificial; Distopia.

110
SIMPÓSIO 15 - POESIA BRASILEIRA: DAS ÚLTIMAS QUADRAS
DO SÉCULO XX ÀS PRIMEIRAS DÉCADAS DO XXI: VOZES &
POÉTICAS

ON-LINE
COORDENADORES:
Sandro Adriano da Silva (UNESPAR)
Sandra Mara Stroparo (UFPR)

“- E da Fala/Estilhaçada/Restasse/Um Arquipélago”: tradição, anacronismo e


gênio não original em quatro vozes da poesia brasileira contemporânea

Sandro Adriano da Silva (Docente UNESPAR/UFPR)

Resumo: Desde a crise do verso na Modernidade e do enfolhamento das tradições


(Nunes, 2009) - paródia e/ou intertextualidade com o cânone e o ciclo das
vanguardas - reverbera na poesia brasileira contemporânea o velho diálogo entre
tradição ruptura (Paz, 2013). São modos de agenciamento da subjetividade lírica
que ressignificam e tensionam conquistas da poesia moderna, tomando de
empréstimo e acomodando certas imagens, dicções e seus influxos (Siscar, 2010).
Dentre elas, destaca-se um anacronismo nostálgico, mas produtivo – posto que
não visa a uma postura meramente apropriativa de temas e imagens ou
subserviência a modelos poéticos -, em torno do imaginário clássico, e um regime
de pluralismo estético. Nas últimas quadras do século XX, essa cena poética
enfeixa poetas como Dora Ferreira da Silva, Alexei Bueno, Orides Fontela, Hilda
Hilst, Marcos Accioly, Paulo Henriques Britto, entre outras/os, cujo anacronismo
marca o lirismo, a subjetividade e a postura de resistência (Pedrosa, 2001),
mantidas suas diferenças de estilo. Nas duas primeiras décadas do século XXI,
constituem exemplos dessa tônica: Wesley Peres, Micheliny Verunschk, Marcelo
Ariel, Ricardo Domeneck, Ana Martins Marques, Luiza Romão, Mônica de
Aquino, Guilherme Gontijo Flores, entre outros. Nesta comunicação, para
delimitar a discussão, serão tratados, sucintamente: a plaquete De uma outra ilha
(2023), de Ana Martins Marques; o Também guardamos pedras aqui, de Luiza
Romão (2021), e a seção “Algaravia: outros fios, outras vozes”, de Linha, labirinto
(2020), de Mônica de Aquino, e um poema de Tróiades (2020), de Gontijo Flores.
Da primeira, a remissão à imagem clássica de Safo é permeada por perspectiva
metalinguística (Flores, 2023); na segunda, o anacronismo mistura-se a ecos do
presente (Didi-Huberman, 2012; 2013); o terceiro exemplo revela a estratégia
autoral na ideia de gênio não original (Perloff, 2013); o quarto exemplo, por fim,
põe em relevo as relações entre poesia, imagem e hipertextualidade (Genette,
2006).

111
Palavras-chave: Poesia brasileira contemporânea. Anacronismo. Tradição.
Gênio não original.

Morte, solidão e lirismo: uma análise do poema “El laberinto de la soledad”,


de Eucanaã Ferraz

Ayrton Senna Alves da Silva (UFRN)

Resumo: A segunda metade do séc. XX, em plena Guerra Fria, foi marcada por
várias tensões entre as duas superpotências de então, os Estados Unidos e a ex-
União Soviética. Neste contexto, desenvolveu-se entre essas duas nações uma
verdadeira corrida espacial: quem chegasse ao espaço primeiro mostraria ao
resto do mundo o seu poderio e a sua supremacia no conflito simbólico vivido
então. Em 1960, os soviéticos saíram na frente, e Yuri Gagarin (1934-1968) foi o
primeiro homem a ir ao espaço. Deste, é a célebre frase “A Terra é azul”. Em 2012,
o poeta carioca Eucanaã Ferraz publica no livro “Sentimental” (2012) o poema
“El laberinto de la soledad”, no qual se debruça sobre o personagem histórico em
questão e constrói um perfil lírico de um sujeito que se transformou
completamente após ter sido o primeiro ser humano a ter visto, do espaço, a
imensidão azul da Terra. Neste artigo, analisaremos o referido poema de
Eucanaã Ferraz, com o objetivo de identificar os recursos estéticos elegidos pelo
poeta na construção do poema (camada sonora, imagética e semântica) e como
estes auxiliam na construção da carga melancólica do texto e do próprio
personagem por ele tematizado. Por fim, estabeleceremos um diálogo com os
textos “O labirinto da solidão” (1984), de Octavio Paz – livro que dá o título ao
poema de Ferraz (2012); “O ânus solar” (1995), de Georges Bataille; e “Amor,
poesia e sabedoria” (2008) e “Os filhos do céu” (2008, em parceria com Michel
Cassé), de Edgar Morin, a fim de nos debruçarmos sobre a presença metafórica
da morte e da solidão no poema e sobre a experiência de finitude de Gagarin em
conjunção com o próprio fazer poético.
Palavras-chave: El laberinto de la soledad; Eucanaã Ferraz; Melancolia.

“O grande pinheiro, de Cézanne”: a expansão do olhar num poema ecfrástico


de Júlio Castañon Guimarães

Cleber da Silva Luz (UFPR)

Resumo: Desde Vertentes, sua primeira obra, publicada em 1975, e talvez de


maneira mais anunciada a partir de Inscrições (1992), o diálogo entre as artes é
matéria cara aos poemas de Júlio Castañon Guimarães, poeta importante para a
cena literária moderna e contemporânea do Brasil, tendo também atuado como
crítico literário e tradutor. Seu último livro, Sequências (2023), anuncia de maneira
quase total a filiação a essa linhagem, continuando o trabalho interartístico na

112
obra do poeta. Movidos pela leitura de seu último livro e pela riqueza de sua
composição, com este trabalho propõe-se uma análise do poema “O grande
pinheiro, de Cézanne” que compõe a obra. A análise empreendida concentra-se
em torno dos matizes ecfrásticos que se apresentam materializados nas relações
interartísticas presentes no poema. Para tanto, considerou-se elementos
constitutivos do recurso da écfrase, como as categorias, especialmente a
topográfica e a prosopográfica (Hansen, 2006), as estruturas narrativa e diálogo
(Diniz; Santos, 2011) e as nuanças do pictural (Louvel, 2012). A leitura do poema
revela a composição de uma “expansão do olhar”, na medida em que o eu lírico
se coloca como um observador e reflete sobre a historicidade da tela, sua
materialidade, considerando dimensão, cores, e a sua localização atual: o salão
do MASP. Em alguma medida, o exercício imaginativo expansivo do eu lírico
possibilita a construção pelo leitor de sentidos em torno de diferentes visões da
obra de arte pintada por Cézanne, seja pela história por trás da criação da obra,
seja pela sua materialidade, presença e relações com o local em que está exposta
na cidade de São Paulo.
Palavras-chave: Poesia brasileira; Écfrase; Sequências; Júlio Castañon Guimarães.

“Sonetos de amor e sacanagem”, de Gregório Duvivier: permanência e


vitalidade da sátira

Pedro Melo (UNIOESTE)


Elis de Almeida Cardoso (UNIOESTE)

Resumo: Apesar de uma certa “aura” de poema clássico e de estruturação


complexa, o soneto sempre fascinou poetas que, ao longo da história das
literaturas de línguas portuguesa, sempre enfrentaram os meandros da forma
para expressar lirismo ou temas metafísicos. Entretanto, nunca faltou quem
quebrasse propositalmente essa solenidade para enunciar temas cômicos, o que
já se percebe, por exemplo, em pleno período barroco, na obra de Gregório de
Matos Guerra, o “Boca do Inferno”. Mesmo com o advento do Modernismo e do
verso livre, o soneto nunca deixou de ser praticado na Literatura Brasileira e
adentra o século XXI na pena do poeta brasileiro Gregório Duvivier, autor do
livro “Sonetos de amor e sacanagem”, publicado em 2021, no qual mescla sonetos
líricos e humorísticos. Parte de uma pesquisa mais ampla da referida obra, este
trabalho, a partir da leitura do “Soneto da desistência”, pretende discutir como o
trabalho de Duvivier dialoga com uma longa tradição da poesia satírica e
revitaliza o soneto enquanto gênero poético.
Palavras-chave: Soneto; Humor; Estilo.

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Mosaicos da excripta da dor na Estética Laharsista de Luís Serguilha

Luciana Abreu Jardim (Universidade Federal do Pampa)

Resumo: Busca-se analisar a temática da dor em fragmentos escolhidos do poeta


Luís Serguilha que abarcam a sua Obra Poética I, (2022) o volume A Actriz A
Actriz: (o palco do esquecimento e do vazio) (2020) e sua Estética do Laharsismo
(no prelo). Radicado no Brasil há 17 anos, criador da Estética do Laharsismo,
Serguilha tem se dedicado a uma escrita experimental que evita referências ao
sujeito ficcional e ao sujeito histórico, oferecendo-nos, no lugar de personagens,
a sugestão de forças-lahars. No recorte de minha pesquisa mais ampla, proponho
leituras de suas composições poéticas com as artes plásticas, de forma a reler suas
referências visuais como Jackson Pollock, Francis Bacon e Georgia O’Keeffe à luz
de características que elenco para a formação do estilo chamado barroco floral,
inspirado no pensamento de Julia Kristeva, estudiosa de Santa Teresad’Ávila.
Nessa ótica, pretende-se retomar um tema de análise desse barroco que diz
respeito à experiência sensível, o que inclui um conjunto heteróclito de sensações,
sentimentos, emoções e inclusive afectos. Nesse recorte, a opção terá como ênfase
o estudo das manifestações da dor na poética de Serguilha.
Palavras-chave: Luís Serguilha; Poesia Experimental; Escrita Da Dor.

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SIMPÓSIO 16 – LITERATURA SURDA, LIBRAS E A TRADUÇÃO E
INTERPRETAÇÃO

ON-LINE

COORDENADORAS:
Carmen Elisabete de Oliveira (UFFS)
Taísa Aparecida Carvalho Sales (UFG)
Tânia Aparecida Martins (UNIOESTE)

Literatura Surda: Contexto histórico e desafios na tradução poética do


Português para Libras

Edevaldo André Gabrielli (Docente SEED, Maringá)


Tenile Isabel Machado Cassanelli (Docente – SEES Palmas)

Resumo: A cultura surda, como qualquer outra cultura, se revela nos aspectos
diferenciados construídos por um grupo de sujeitos que compartilham do
mesmo tipo de comportamento. A comunidade surda ancora suas crenças,
tradições e valores em três vertentes: visual, gestual e espacial, entre outras. A
pessoa surda se comunica por meio da Língua de Sinais, e no Brasil essa língua é
nominada como Libras (Língua Brasileira de Sinais). A pesquisa aqui se dobra na
perspectiva de levar a comunidade surda textos poéticos escritos na Língua
Portuguesa (L1) traduzidos em Libras (L2), viabilizando que o sujeito surdo
possa usufruir igualmente a comunidade ouvinte, destas obras literárias em sua
língua materna. Temos como objetivo identificar as principais dificuldades e
estratégias que os TILSP (Tradutor Intérprete de Língua de Sinais e Língua
Portuguesa) enfrentam para realizar a transposição do texto fonte, para o texto
alvo, ou seja, do texto escrito para a sinalização em Libras. Este estudo apresenta
uma abordagem qualitativa a partir de uma revisão teórica acerca de textos
poéticos utilizados na cultura ouvinte especialmente o poema aqui escolhido,
oriundo da cultura gaúcha do sul do Brasil. Comprovamos que o TILS precisa
conhecer profundamente as duas culturas envolvidas, para que sua tradução
mantenha o perfil e a mensagem da poesia original.
Palavras-chave: Literatura surda; Poema; Interpretação; Originalidade.

115
A disciplina de Libras nas licenciaturas, sua importância e contribuições para
o professor em formação

Maria Clara de Castro Isaac (UFG)


Alessandra Campos Lima (UFG)

Resumo: Esta pesquisa objetiva apresentar os resultados da análise da disciplina


de Libras ofertada nos cursos de licenciatura em uma Universidade pública do
estado de Goiás. Pretende, também, apontar as contribuições e sugerir possíveis
melhorias, tendo como base a ementa constante nesta disciplina. Para tanto,
lançou-se mão dos documentos legais que regem a oferta da disciplina em
questão. Metodologicamente buscou-se suporte na pesquisa qualitativa, de
cunho bibliográfico. Para a análise dos dados gerados, realizou-se um processo
de categorização. Os resultados deste estudo mostram que a disciplina de Libras
em muito agrega ao professor em formação por meio do conteúdo estipulado.
Em contrapartida, percebe-se que essa disciplina, até o presente, carece de
temáticas mais abrangentes, tais como a influência do afeto entre o professor e o
aluno surdo na aprendizagem e a parceria entre o professor e o intérprete de
Libras. Os resultados indicam que estes temas, sendo inseridos na disciplina,
podem promover a reflexão e a conscientização do professor em formação no
tocante ao trato com o aluno surdo, bem como elucidar o papel do intérprete de
Libras em sala de aula, podendo, este profissional, ser um aliado do professor na
preparação das aulas que envolvam uma sala mista, com alunos surdos e
ouvintes.
Palavras-chave: Disciplina; Libras; Licenciatura.

Narrativa autobiográfica: O papel da Literatura Surda na aprendizagem da


Libras como segunda língua, uma perspectiva ouvinte

Raphaela Mazer Tagliapietra (UFG)


Alessandra Campos Lima (UFG)
Taísa Aparecida Carvalho Sales (UFG)

Resumo: O trabalho apresenta a narrativa autobiográfica de uma mulher


ouvinte, durante seu processo de aprendizagem da Libras como segunda língua.
O relato desenvolve-se por meio de recortes de narrativas da infância até o
período da faculdade, momento em que a primeira autora tem o contato direto
com a Língua Brasileira de Sinais e a Literatura Surda. O objetivo da pesquisa é
validar a importância da Literatura Surda dentro do processo de aquisição da
Libras como segunda língua. Visa, também, investigar como a narrativa contribui
na constituição do “eu” durante o aprendizado de uma nova língua e seu
reconhecimento como sujeito composto por vivências, experiências e influências
do meio sobre si. Finalmente, busca acrescentar à dimensão das pesquisas que
interligam a Literatura Surda com a aprendizagem de Libras como segunda

116
língua. A metodologia baseia-se na pesquisa qualitativa, sob o viés das
abordagens narrativa e autobiográfica. A importância deste trabalho se dá,
principalmente, pela falta de acervo a respeito do tema. Os resultados alcançados
na pesquisa relatam e comprovam a conexão entre a Literatura Surda e a
aquisição da Libras como segunda língua, e também a influência das
experiências, ambiente e vivências na construção do “eu” do sujeito, com sua
visão de si para si e do outro para si.
Palavras-chave: Literatura Surda; Narrativa; Aquisição de Libras.

Literatura Surda, acessibilidade cultural por meio do teatro

Carmen Elisabete de Oliveira (Doutoranda PPGL/UNIOESTE)

Resumo: Este artigo apresenta reflexões acerca da relação entre literatura e o


teatro inclusivo, por entendermos que além do potencial artístico e criador, o
teatro é um meio valioso para a expressão de sentimentos, ideias. O primordial
objetivo em organizar uma peça teatral com crianças e jovens surdos foi dar
visibilidade às suas questões linguísticas e culturais, além de oportunizar aos
espectadores ouvintes experiências interlinguísticas e interculturais, haja visto
que a peça foi desenvolvida em Libras pelos atores surdos. A obra literária
apresentada: A Cigarra Surda e as Formigas (2005), é uma adaptação da fábula A
Cigarra e as Formigas atribuída a Esopo. Neste estudo, temos como substrato
teórico, autores como - Roland Barthes (1987, 2004); Haroldo de Campos (2006);
Augusto Boal (1988); Maria Lucia Pupo (1991,1997); Karin Strobel (2008), Fabiano
Rosa (2011), Cláudio Mourão (2011, 2016). A metodologia empregada foi a
pesquisa-ação, aplicada por meio de oficinas de dramaturgia e reuniões de
estudo acerca da expressão da arte pelo teatro articulada à cultura surda. O
projeto de teatro inclusivo possibilitou aos surdos, a experiência em conhecer
profundamente o clássico original, permitindo-lhes refletir e apontar conflitos e
comportamentos presentes no texto e que por vezes é parte de seu contexto social.
A peça contribuiu também para inspirar professores da rede pública da região, a
inserir artes cênicas em suas práticas escolares, além de sensibilizar a
comunidade externa para temas caros como a acessibilidade cultural.
Palavras-chave: Teatro de Surdos; Literatura; Inclusão de Surdos; Acessibilidade
Cultural.

O uso de classificadores na Literatura Surda Infantil

Samuel Ribeiro Felix (UNIOESTE)

Resumo: O presente trabalho tem como tema central o uso de Classificadores na


Literatura Surda Infantil e tem como objetivo geral demonstrar a importância do
uso desses classificadores nas narrativas a fim de trazer uma melhor

117
compreensão das obras literárias. A escolha do tema surgiu da necessidade de
compreender e conhecer a importância da sinalização das obras da Literatura
Surda Infantil, como também o papel dos classificadores no entendimento das
narrativas. Quanto à metodologia, trata-se de uma pesquisa documental e
bibliográfica de caráter qualitativo. Utilizou-se teóricos como Lyvia de A Cruz,
Michelle A Guedes e Andréa M Lemos, (2021), Lodenir Karnopp (2006), Strobel
(2008), Quadros e Karnopp (2004). Abordou-se temas como: Contextualização
sobre a Literatura Surda; A importância da Literatura Surda no desenvolvimento
cognitivo da criança surda; O uso dos classificadores na narrativa de histórias
infantil. A análise dos dados foi realizada por meio de apreciação de conteúdo
visual em que se pode identificar as estratégias e os classificadores usados nas
sinalizações. A partir das informações obtidas foram realizadas reflexões sobre
as contribuições do uso de Classificadores nas narrativas sinalizadas como um
recurso linguístico que viabiliza a compreensão das histórias por crianças surdas.
Portanto, espera-se que a Literatura Surda Infantil, seja apresentada desde cedo
à criança surda, em que o contador/sinalizador utilize este recurso linguístico da
Libras e assim promova o desenvolvimento do potencial imaginário, criativo,
crítico e reflexivo destas crianças.
Palavras-chave: Literatura Surda; Classificadores; Cultura Surda; Contação de
histórias.

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