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Já no segundo capítulo, Keynes nos leva a uma exploração mais profunda sobre a
natureza do desemprego na economia. Ele nos apresenta um conceito-chave: o
desemprego involuntário. Isso significa que as pessoas estão dispostas a trabalhar,
desejam emprego, mas não conseguem encontrá-lo devido a fatores que estão além de
seu controle, como a falta de demanda por bens e serviços. Essa ideia desafia a crença
anterior, baseada na visão clássica, de que o desemprego era principalmente resultado
de escolhas individuais, ou seja, as pessoas optavam por não trabalhar.
Aqui, a distinção entre inatividade e desemprego involuntário é fundamental. A
inatividade ocorre quando as pessoas decidem não trabalhar, muitas vezes por motivos
pessoais ou por não encontrarem empregos que considerem adequados. Por outro
lado, o desemprego involuntário ocorre quando as pessoas querem ativamente um
emprego, mas as oportunidades simplesmente não estão disponíveis devido à falta de
demanda efetiva na economia.
O que Keynes nos ensina é que, embora a economia possa alcançar o equilíbrio em
termos de igualdade entre oferta e demanda de trabalho, isso não garante o pleno
emprego. Se a eficiência marginal do capital for baixa, devido à incerteza ou
pessimismo em relação ao investimento, mesmo taxas de juros baixas podem não ser
suficientes para estimular investimentos e, consequentemente, o emprego. Essa
perspectiva desafia a crença anterior de que o mercado de trabalho, por si só,
resolveria o problema do desemprego.
Em suma, Keynes nos ajuda a compreender que o desemprego involuntário é um
problema real e persistente na economia, e que soluções simples baseadas na crença
de que os mercados se autorregulam não são suficientes. Ele lança as bases para a
necessidade de intervenção governamental e políticas econômicas ativas para criar
demanda agregada e combater o desemprego involuntário.
No terceiro capítulo desta obra seminal, Keynes mergulha na análise das curvas de
oferta e demanda de trabalho, oferecendo uma visão mais profunda sobre o
funcionamento da economia. Um conceito central introduzido por Keynes é o da
"eficiência marginal do capital," que é essencial para entender como o nível de
emprego é determinado.
Essa eficiência marginal do capital representa a taxa de retorno esperada de um
investimento adicional. Em outras palavras, quando um empresário considera investir
em um novo empreendimento, ele avalia a eficiência marginal do capital, ou seja, o
quanto ele espera ganhar em relação aos custos desse investimento. Isso é comparado
com a taxa de juros disponível no mercado.
A ideia fundamental aqui é que o nível de emprego na economia é definido pela
igualdade entre a eficiência marginal do capital e a taxa de juros. Se essas duas
quantidades se igualam, a economia atinge um equilíbrio. No entanto, o ponto
importante é que esse equilíbrio pode ocorrer com desemprego involuntário,
contrariando a crença anterior de que os mercados sempre alcançam o pleno emprego.
Aqui entra o fator crucial que Keynes destaca: a eficiência marginal do capital é
influenciada por fatores psicológicos e de incerteza. Se os empresários estão incertos
sobre o retorno de seus investimentos ou têm expectativas pessimistas em relação à
economia, a eficiência marginal do capital pode ser baixa, mesmo se a taxa de juros de
mercado for extremamente baixa. Isso implica que, mesmo quando o dinheiro é barato
para emprestar, os empresários podem hesitar em investir, resultando em uma
economia com desemprego involuntário.
Portanto, o terceiro capítulo destaca que o equilíbrio econômico, representado pela
igualdade entre a eficiência marginal do capital e a taxa de juros, não garante
automaticamente o pleno emprego. A incerteza e as expectativas desempenham um
papel crucial na determinação do nível de emprego, e isso tem implicações
significativas para a política econômica. Keynes argumenta que, em face de
desemprego involuntário persistente, a intervenção governamental e a gestão da
demanda agregada são necessárias para manter a estabilidade econômica e estimular
o emprego.