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1)
A união da teoria neoclássica com elementos do keynesianismo deu origem ao modelo IS-LM,
ou modelo Hicks-Hansen. A curva IS representava diversas combinações de taxa de juros e nível
de renda que equilibram o setor real, enquanto a curva LM representava diversas combinações
entre a taxa de juros e o nível de renda que equilibram o setor monetário, onde a intersecção
das duas curvas equilibra simultaneamente o setor real e monetário da economia. O modelo
matemático entende que a inovação de Keynes foi a interdependência entre os mercados
monetários, de bens e de trabalho, mas não acreditando sua teoria fosse algo completamente
diferente do modelo neoclássico, exceto nas situações de obstruções dos mecanismos de
alocação. O modelo também deixou de lado os fatores expectativas e incertezas dos
investidores porque sua teoria considera que todas as transações de mercado são feitas sobre
condições de certeza, enquanto Keynes considerava que decisões de produção eram
especulativas por natureza. O princípio da demanda efetiva de Keynes afirma que o nível de
produção como um todo e o volume de emprego a ele associados são determinados pelo
cruzamento entre a oferta agregada e estimativa de demanda agregada das firmas individuais,
puramente especulativo e dependente de análises entre resultados esperados e realizados
para futuras decisões de produção, afirmando dessa maneira que a produção “padrão” da
economia é distante do pleno emprego e plena capacidade produtiva.
A teoria neoclássica não acreditava que a moeda desempenhava um papel relevante, sendo
assim, instabilidades no mercado monetário não teriam capacidade de exercer nenhuma
mudança duradoura sobre as variáveis reais. Keynes, entretanto, reconhecia a preferência pela
liquidez como um comportamento padrão dos agentes e abordou a necessidade da existência
de tranquilizantes monetários num ambiente econômico incerto. Outro conceito que chocou
com as ideias neoclássicas foi de que Keynes demonstrou que são as variações no nível de
renda que possibilitaria igualdade entre poupança desejada e volume de investimento, e não
variações na taxa de juros.
Por fim, John Hicks, o cocriador do modelo IS-LM, veio a considerar mais tarde que o modelo
teve caráter reducionista e teve descontentamento com o potencial explicativo o aparato.
Pigou foi outro autor que fez uma releitura sobre Keynes em defesa, novamente, de como a
economia capitalista naturalmente voltaria ao pleno emprego se estivesse livre de obstruções.
Através do Efeito Riqueza ou Efeito Encaixes reais, o dinheiro poupado pelos indivíduos, em
uma situações de declínio dos salários e dos preços, aumentando o valor real da poupança,
seria capaz de ampliar os gastos de consumo, o que aumentaria o nível de renda gerando por
fim a restauração do pleno emprego, desde que os trabalhadores não reivindicassem taxas de
salários maiores que o de nível de equilíbrio (ou seja, sem obstruções ou rigidez salarial). Uma
série de outros economistas realizaram ressalvas frente a conclusão de Pigou. Kalecki não
acreditava que esse efeito pudesse levar um ajuste automático ao pleno emprego e
argumentou que isso pioraria o estado de confiança dos empreendedores. Tobin defendia que
a inflação, e não a deflação, era a solução para a depressão. Rabin e Keilany afirmaram que o
efeito não seria capaz de retirar a economia da armadilha de liquidez. Patinkin defendeu que a
queda nos preços poderia gerar expectativas de mais quedas, estimulando os agentes a
adiarem seus gastos e demorando para que o efeito seja efetivo na economia. Ainda assim,
Pigou concordou com as propostas intervencionistas de Keynes de redução de juros e
ampliação do déficit público para a recuperação eram melhores que a deflação.
Modigliani foi outro economista que teve ideias complementares as de Pigou, explicando que a
queda de preços e dos salários consequentemente resultaria na queda dos juros, o que por fim
estimularia a demanda por bens de investimento, dessa maneira, sendo a tendência natural da
economia o pleno emprego. Wells argumenta contrariamente de que nos casos de queda dos
salários, preços e rendas, os gastos reais do consumidores diminuirão e será reduzido o volume
de produção. A deflação generalizada também impacta negativamente na situação financeira
dos devedores, lucros dos empresários, piora condições de liquidez e aumenta o grau de
incerteza, induzindo empresários a reduzirem seus gastos de investimento, não tendo
sustentação nenhuma das hipóteses de Modigliani.