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NOVA ERA :: Conspirações - DROGAS E GUERRA: O Narcotráfico como instrumen...

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"Uma palavra sensata deve ser bem recebida, ainda que venha de um papagaio."

DROGAS E GUERRA: O Narcotráfico como


instrumento da CIA
A relação entre os serviços de inteligência e os mercados de
produção e distribuição de drogas

Entrevista com Michael Levine, ex-oficial da DEA, sobre a política norte-


americana de controle do tráfico de drogas. - Por Radio Nizkor

Gregorio Dionis, Diretor da Equipe Nizkor, entrevista Michael Levine, ex-oficial da


Drug Enforcement Agency (DEA) e adjunto desta agência na Argentina e no Uruguai
entre 1979 e 1982. Esta entrevista foi realizada nos marcos do “Seminário sobre
estados de exceção e estratégias para a paz e defesa dos direitos civis”, organizado
pela Equipa Nizkor e realizado em Bruxelas de 27 a 29 de março de 2003.

Trata-se de um testemunho único de alguém que conheceu profundamente a relação


entre os serviços de inteligência e os mercados de produção e distribuição de droga,
tanto no Sudeste Asiático como na América Latina.

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Gregorio Dionis: aparentemente não deveria entrar o tema do narcotráfico nem do


crime organizado, mas ocorre exatamente o contrário. Na realidade estamos falando
de estratégias para a paz e a defesa dos direitos civis na Colômbia, além de outros
países. E nesse lugar específico do discurso para a paz é necessário tocar a fundo o
tema do narcotráfico, como também o é, se quisermos falar da paz no sudeste
asiático ou da paz no Afeganistão.

Não são muitas as pessoas no mundo capazes de fazer uma interpretação global da
política norte-americana com relação ao narcotráfico. E não o são, entre outras
coisas, porque se trata de um tema obscuro que está situado no que se denomina de
política negra dos países, de muitos países e de muitos ministérios de relações
exteriores. Michael Levine é um alto oficial da DEA que conheci durante um colóquio
internacional sobre as drogas realizado em Paris, em dezembro de 1992, pelo então
existente Observatório Geopolítico de Drogas, e que foi organizado conjuntamente
com o que então era a Comunidade Econômica Européia, cuja conseqüência mais

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direta foi a criação posteriormente de um Comissário de Drogas ou de Narcotráfico


no contexto da política européia.

Naquela oportunidade tive a sorte de poder falar durante várias horas com Michael
Levine e sua companheira Laura Cavanot de Levine. Ambos criaram um discurso que
permite entender muitas das coisas dessa política obscura. Michael Levine produziu
vários livros que são referência obrigatória no caso do narcotráfico na América
Latina. É também uma referência obrigatória para entender o que aconteceu na
Bolívia, na Argentina e posteriormente no México e outros países onde o narcotráfico
se colocou entre as fontes de financiamento das políticas governamentais.

É muito pouco conhecido, mas a guerra na América Central, tal qual se conheceu
durante os anos 80, a partir do lado que se denominou de Guerra Suja ou Guerra
Encoberta ou Operações Encobertas, de diferentes nomes, dependendo da fonte de
fala, foram financiadas pelo narcotráfico, a partir da cocaína da Bolívia e do mercado
nascente da heroína que se trasladou àqueles lares exatamente para poder financiar
uma longa guerra que desestabilizou todo o continente e que ainda hoje em dia,
trinta anos depois de haver começado este período perigoso da política anti-
subversiva na América Latina continua dando o que falar.

A Colômbia é um modelo de financiamento da guerra e das operações militares


através do narcotráfico. Por mais que o governo colombiano negue e queira mostrar
ao resto do mundo que não é assim, na realidade todos sabemos que o
financiamento da guerra por parte do Estado colombiano é realizado desde há muitos
anos com o tráfico de drogas.

Michael Levine nos explicará em uma longa entrevista alguns aspectos desta política,
mas basicamente é importante entender que se trata de um testemunho direto de
uma pessoa envolvida na luta contra o narcotráfico em uma agência policial como é
a DEA norte-americana; portanto é um testemunho único e insubstituível para
entender o que dissemos no início: A Política Norte-Americana para as Drogas ou
para o narcotráfico, que é o título da palestra que lhe pedimos para o seminário que
organizamos em Bruxelas como forma de ajudar a compreender o quadro e o
contexto em que se produz o conflito colombiano e quais são as alternativas reais e
viáveis para encontrar uma paz com justiça social e com o reconhecimento dos
delitos que ali são cometidos:

SUA INICIAÇÃO NA DEA COMO AGENTE SECRETO

Gregorio Dionis: em primeiro lugar agradecer que tenha aceitado participar desta
questão...

Michael Levine: bem, estou aqui para isso.

Gregorio Dionis: O que ia te pedir é que fizesses uma pequena apresentação


pessoal. Quem és? O que tens feito? Por que estás aqui?

Michael Levine: Em primeiro lugar sou um veterano da DEA com 25 anos de


serviços. E a partir de minha aposentadoria da DEA no ano de 1990 comecei uma
carreira de consultor-testemunha-especialista em assuntos relacionados com
operativos secretos, direção de informantes, inteligência humana, uso de força

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mortífera da polícia e qualquer coisa relacionada ao tráfico de drogas internacional e


aqui nos EUA. Nisto eu trabalhei muito intensamente durante os últimos doze anos,
trabalhando sobretudo com advogados de defesa, mas de vez em quando há
escritórios de procuradorias gerais de diferentes estados aqui nos Estados Unidos
que também me empregam com expert em todos esses assuntos. O que mais quer
saber? Há livros!

Gregorio Dionis: Essa é uma das questões. Poderias nos contar um pouco sobre os
livros que tens escrito? Um breve resumo do que contas em cada um desses livros?

Michael Levine: Bem, o primeiro livro no qual eu tive participação foi com o título
“Undercover”, ou seja, encoberto. Esse foi escrito por Donald Gardeth, jornalista do
New York Times durante minha carreira. Quando ele estava escrevendo o livro eu
ainda estava trabalhando como agente secreto pela DEA. Este livro traz um enfoque
da minha carreira desde muito cedo, de minha juventude; de todas as coisas que
tinham a ver com a educação que eu tinha nas ruas de Nova Iorque, que me
preparou perfeitamente bem para a carreira de trabalhar em segredo, ou seja, eu
tenho diploma da rua, diploma dos embates duros e não há melhor preparação para
o trabalho secreto.

Eu comecei a trabalhar encoberto e me dei conta muito cedo em minha carreira de


que toda a guerra às drogas, não há outra maneira de dizer, era uma fraude. O que
acontece é que eu era crente e esse livro capta todos esses anos. Eu era crente em
toda a filosofia e toda a política de guerra às drogas, ou seja, que o inimigo número
um é o vendedor, o fornecedor de drogas; um estrangeiro, um tipo com pele como a
minha, escura, perigoso, na América do Sul, na Tailândia. E temos que fazer
qualquer coisa para destroçar este inimigo para proteger nossos filhos. E ao mesmo
tempo eu tinha um irmão que se meteu com heroína aos 15 anos de idade e eu era
crente número um.

O meu primeiro caso no qual eu comecei a aprender a verdade e não podia evitá-lo,
foi quando eu me metia com traficantes chineses na Tailândia, durante a Guerra do
Vietnã. E este também era um caso encoberto, Undercover. E este foi um caso mais
ou menos famoso, dos traficantes que foram introduzindo heroína nos Estados
Unidos ocultada nos cadáveres dos nossos soldados que foram mortos no Vietnã. Ao
final das contas eu fui à Tailândia e me meti com esses traficantes e eles se
encantaram comigo. É que eu caibo perfeitamente no enquadramento de um mafioso
número um e os chineses tinham total confiança em mim. E me convidaram a ir
aonde eles descreveram como a “feitoria”, onde em 1971, durante a Guerra do
Vietnã, estavam produzindo toneladas de heroína. E depois de dois ou três meses
trabalhando encoberto, sob uma situação, viajando dentro do Camboja até a
Tailândia, a CIA então se mete. Isso a primeira vez em minha vida, se mete no caso
a CIA e me dizem: “Levine, pare por aí, não queremos que vá mais além”. O porquê,
eu me dei conta depois, foi que os traficantes maiores, nessa região do mundo, no
tráfico de heroína eram aliados da CIA na Guerra do Vietnã. Eu não podia acreditar
nisso; eu era um bom soldado, não percebia porque antes disso eu estava no
Exército norte-americano, acreditava no sistema, cumpria ordens. E quando a CIA
me disse: “você não sabe de todos os interesses que funcionam agora; você não
conhece o desenho grande. Você tem que confiar em nossa palavra, sendo um bom
soldado: pare por aí”. E o fiz. E depois percebi que a CIA então estava protegendo os
traficantes que estavam introduzindo heroína nos Estados Unidos dentro dos
cadáveres dos nossos jovens. Vocês não podem imaginar como isto me causou

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impacto. Eu não queria acreditar nisso, não podia acreditar e continuar trabalhando
porque então eu tinha meu irmão que estava sofrendo por causa da heroína e
depois, como te disse, se lançou às drogas aos 15 anos de idade e aos 37 anos de
idade meteu em si uma bala escrevendo uma carta: “Perdoe minha família, meus
amigos, eu não podia mais agüentar a droga”.

Imagine como eu poderia continuar meu trabalho se havia absolvido a verdade; não
podia absolver isso, não podia conceber isso. Isso era uma opinião impensável. E eu
continuei trabalhando; trabalhando encoberto, atuando em caso após caso. E depois
vamos discutir o tema de informantes porque esse é um tema que não estou tão
seguro de que vocês estejam a par exatamente sobre o que significa o uso de
informantes no mundo da droga. Vocês têm que ter em mente que 99% dos casos
de tráfico de drogas começam, decolam através de informações, do trabalho de
informantes. E voltando àqueles anos, eu era muito bom no trato com informantes.
Eu sabia bem como dirigir os informantes; eu sabia como pensavam os informantes
porque eram criminosos e eu fui criado na rua; a metade dos meus amigos era
criminosa. Eu vivi uma vida bastante experimentada. Estou procurando outra
maneira de descrever isso. Eu atuei em milhares e milhares de casos: heroína,
cocaína, traficante. E outra coisa é que eu fui criado em um bairro latino de Nova
Iorque e aprendi, como nós dizemos na rua, Spanglish (mescla de espanhol e
inglês); e eu podia conversar sem lições, porque minha primeira namorada era
porto-riquenha, eu tinha 13 anos de idade e todos os meus amiguinhos eram
também boricuas (porto-riquenho). Nessa época não havia muito oficiais, não havia
muitos agentes da DEA ou de outras agências que podiam se defender em espanhol
e começar a ingressar todos.

O tráfico de cocaína foi aumentando tremendamente e a maioria dos traficantes era


de fala espanhola. E me colocaram na rua trabalhando, fazendo-me passar por
traficante; e comecei a atuar em caso após caso de cocaína, às vezes duzentos
quilos, cem quilos. E naqueles anos esses casos foram tremendos. E me passaram
para trabalhar na Argentina onde eu desempenhava o cargo de adjunto da DEA. Mas
a maior parte de meu trabalho na Argentina foi fazer me passar por traficante, meio
siciliano, meio porto-riquenho, conhecendo traficantes em todos os países. E lá eu
conheci gente ligada a Roberto Suárez.

E sobre essa história eu recomendo que obtenham uma cópia não impressa, que se
pode obter através da Internet facilmente. Saiu também na América do Sul sob o
título de “A Grande Mentira Branca”. E a história de Roberto Suárez é que ele
também se encantou comigo, tinha muita confiante em mim, acreditava em mim. E a
minha infiltração junto ao pessoal de Roberto Suárez veio através de um informante
de confiança de Suárez, como em todos os casos. E ele me apresentou como gente
de confiança; no final das contas chegamos a ter naquela época o maior caso da
história do tráfico de drogas.

QUEM ERA ROBERTO SUÁREZ, SUA RELAÇÃO COM OS DENOMINADOS


“NOIVOS DA MORTE” DO EX-SS NAZISTA KLAUS BARBIE E A POLÍTICA DE
SEGURANÇA NACIONAL EM INÍCIOS DOS ANOS 80 EM PAÍSES COMO
BOLÍVIA, PARAGUAI, ETC... E DE COMO MUITOS DOS MERCENÁRIOS DE
SUÁREZ ERAM INFORMANTES DA CIA.

Gregorio Dionis: Por que não explicas um pouco quem era Roberto Suárez? Sua

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relação com aqueles grupos dos “Noivos da Morte” e também com a política do que
se chamava de “Segurança Nacional” naquela época na Bolívia, Paraguai, para os
que nos ouvem possam ter uma opinião mas clara do que aconteceu.

Michael Levine: Roberto Suárez era, segundo o contador do cartel de Medelim, que
foi testemunho perante nosso congresso, o maior traficante da história, o mais
poderoso, maior e mais poderoso do que qualquer colombiano. Ele, naquela época,
controlava 99% do produto que saiu da Bolívia, a pasta básica. Daí a pasta básica foi
para a Colômbia para ser transformada em cocaína. Sem a pasta básica não haveria
mercado de cocaína. Roberto Suárez foi o controlador de toda a cocaína neste
planeta quando eu o conheci. E ao mesmo tempo ele tinha seus soldados de
segurança sob controle de Klaus Barbie, o nazi fugitivo. E a maioria de seus
seguranças era de ex-oficiais SS do exército nazista. Ele tinha também um grupo que
se chamava então de “los fianzes de la muerte”. E esse grupo também incluía
agentes da França, mercenários de todos os países do mundo que vieram para a
Colômbia trabalhar como assassinos, não há outra maneira de descrevê-los. E gente
bem experiente em métodos de tortura; esse foi seu exército.

O que acontece foi que eu me meti... tinham confiança em mim e atuamos em


tremendos casos e todos caíram presos. Pudemos conseguir êxito nesse caso com a
filha do presidente Lilia Geiler, naquela época. Segundo a CIA ela era esquerdista e o
que eu não sabia, o que a DEA não sabia durante o caso do operativo secreto foi que
a maioria das pessoas vinculadas a Roberto Suárez fosse informantes, agentes da
CIA. E a CIA ia protegê-lo a qualquer custo. O que aconteceu foi em toda a história...
vale a pena ler o livro, acredite. E o caso terminou em Miami. Eu pagava a dois
sócios de Roberto Suárez US$ 8 milhões, naquela época era o maior cargo da
história da cocaína. E caíram presos no ato José Roberto Gaza, de uma das famílias
mais poderosas da história da Bolívia e Alfredo Cutuchi Gutiérrez. Os dois caíram
presos. E saiu na imprensa em todo o mundo como uma tremenda vitória da DEA na
guerra às drogas. E todas as manchetes foram fraudulentas porque três semanas
depois derrubaram as acusações contra... o juiz de Miami derrubou todas as
acusações contra José Roberto Gaza, baixou o valor da fiança de Cutuchi Gutiérrez e
ele fugiu dentro de 24 horas. E os dois voltaram à Bolívia e ajudaram a começar a
Revolução da Coca para se desfazer das pessoas que nos ajudavam. E para fazer
isso tiveram que tomar o controle de todo governo, exatamente em 17 de junho.
Isso é exatamente o que aconteceu. O golpe de Estado.

O GOLPE DE ESTADO, CONHECIDO COMO A “REVOLUÇÃO DA COCA”, LEVADA


A EFEITO NA BOLÍVIA COM A INTERVENÇÃO DA MARINHA ARGENTINA E A
COLABORAÇÃO DE ROBERTO SUÁREZ

Gregorio Dionis: Para completar o tema: esse é o golpe famoso no qual participam
os argentinos diretamente junto com o que podemos chamar as tropas de Suárez?

Michael Levine: Exatamente, precisamente os argentinos. Eu me dei conta... duas


ou três semanas depois eu estava trabalhando encoberto com outro boliviano. Eu o
conheci em um hotel em Buenos Aires, o Shereton, e toda a conversa foi gravada
pelos argentinos. E durante esta reunião ele me deu uma mostra de 1 onça de coca
pura. Ele queria outro traficante - isso se pode ler no livro também. O tipo me disse:
“olha, tu tens que vir à Bolívia fazer a transação porque é muito perigo fazer a
transação aqui na Argentina”. Eu lhe digo: isso é impossível porque há pouco tempo

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a DEA agarrou todas as pessoas importantes de vocês. Ele me disse: “não há


problema, não há problema. Isso foi um tipo aqui na Argentina, judeu castanho”. Ele
me disse isso frente a frente, está me descrevendo. Eu tinha um informante ao lado,
um alemão louco. E eu lhe disse: ah sim?! Um judeu castanho? Como era o tipo? O
tipo está me descrevendo na minha frente! Bem, se todos os traficantes fossem
muito inteligentes não haveria uma guerra às drogas, não é?

No final das contas essa reunião aconteceu 8 ou 10 dias antes do golpe e durante a
reunião o tipo me diz: “dentro de pouco tempo vai haver um golpe e os traficantes
Roberto Suárez e seu grupo vai se apoderar de todo o governo e vai ser como fazer
uma transação em sua própria casa; estamos seguros, não haverá nenhum
problema”. Bem, fizemos um acerto: o tipo me disse que me faria chegar, 100, 200
quilos de coca e depois ficamos no acordo de que eu iria à Bolívia depois do golpe e
imediatamente depois as pessoas que me davam cobertura; a pessoas encobertas
dos argentinos que me tinham sob vigilância; as pessoas que estavam escutando as
conversações em outros quartos queriam matar este senhor. E aí começamos uma
disputa entre a DEA e os oficiais secretos da Argentina. E em uma conversação
gravada na minha própria casa com estes tipos, me dizem: não percebes Levine o
que está acontecendo aqui: braço esquerdo não fala com o braço direito? Nós
estamos trabalhando para a CIA com essas pessoas. Se esse golpe vai acontecer os
argentinos estão trabalhando nisso para a CIA e não podemos deixar este tipo vivo.
Porque tua nação e nossa nação vão ficar desmoralizadas perante o povo. Não
podemos permitir que essa informação saia na imprensa e nunca saiu na imprensa.
Essa é uma das razões pelas quais escrevi o livro A Grande Mentira Branca. Essa é a
história, exatamente como aconteceu.

A RELAÇÃO DA MÁFIA DA CÓRSEGA COM O CARTEL DE JUÁREZ DO MÉXICO E


OS MILITARES ARGENTINOS (CASO AUGUSTE RICORD).

Gregorio Dionis: a outra questão: estava o grupo, agora não lembro o nome, o
grupo que tinha relação com os corsos; aqueles famosos da Frent Conexion do
Paraguai, que estavam envolvidos também com o tráfico de drogas com Suárez e
com os argentinos desde o começo da história. Bem, eu não sei exatamente quando
começou. Mas em fins dos anos 60 ou inícios.

Michael Levine: Sim, isto aconteceu muito antes. O caso famoso de Auguste Ricord.
Auguste Ricord foi um tipo francês que foi trabalhar para os nazistas. Foi condenado
à morte pelos franceses e fugiu para a América do Sul onde ele criou uma
organização que os promotores de Nova Iorque chamaram de “Triângulo da Morte”.
Triângulo porque o tráfico de drogas foi assim. A heroína veio da América do Sul pela
a Europa e na América do Sul empacotaram carregamentos de heroína e cocaína
para enviar aos Estados Unidos. E dinheiro foi dos Estados Unidos para a Europa até
a América do Sul. E as cidades principais de todo o tráfico foram Macés, no Paraguai,
Buenos Aires e Nova Iorque. A máfia de Nova Iorque trabalhando com o grupo de
Auguste Ricord e com a máfia da Córsega. O ópio vinha da Turquia até Macés onde
era transformado em heroína. Essa é a história. Eu estava trabalhando com o grupo
que estava investigando Auguste Ricord Naquela época eu era bastante jovem e caiu
preso um dos traficantes que se chama Claude Pasteaux. O chefe me colocou para
trabalhar e me encontrar com Claude Pasteaux durante dois ou três meses e me
inteirei de todo o operativo. O que então ninguém sabia; isso foi no ano 71, 72, foi
que Auguste Ricord também era agente da CIA, protegido pela CIA.

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Esse foi mais ou menos o processo de educação para nós, saber a verdade, Deixe-
me dizer: neste momento há muita gente lá dentro que sabe a verdade, mas tem
muito medo, estão na metade de sua carreira. É suicídio dizer a verdade aqui nos
Estados Unidos.

A RELAÇÃO ENTRE AS OPERAÇÕES ENCOBERTAS (GUERRA SUJA) EM ZONAS


DA AMÉRICA CENTRAL E AFEGANISTÃO E A CUMPLICIDADE DA DEA E DA
CIA COM O NARCOTRÁFICO

Gregorio Dionis: há uma questão que está clara: que há uma relação direta,
historicamente demonstrável, entre as operações encobertas (guerras sujas), para
chamá-las assim, como na América Central ou no Afeganistão e o financiamento com
a droga. Acho que poderias explicar um pouco o que foi a época da heroína
proveniente do Afeganistão e como isso tinha relação direta com a guerra naquele
momento contra os russos.

Michael Levine: Claro. O que acontece é que a CIA reconhecia muito cedo que a
guerra às drogas foi uma fraude. Evidentemente se tomou uma decisão de usá-la
como ferramenta, como maneira de financiar sem que o congresso norte-americano
tomasse conhecimento dos objetivos. O que faziam naquela época e continuam
fazendo hoje em dia é deixar que seus aliados, agentes que estão trabalhando ao
lado da CIA, fazendo o que queiram, possam se financiar eles mesmos com o tráfico
de drogas. Exatamente o que aconteceu na Tailândia, por exemplo. Estes foram
nossos aliados na guerra do Vietnã, vendendo heroína aos Estados Unidos. Bem, a
CIA não participou do tráfico, mas protegeu os aliados, enquanto os aliados usavam
parte dos fundos cumprindo as metas da CIA. Deixaram correr e a mesma coisa
aconteceu em 1985, 86. Eu estava trabalhando em um caso e - vocês têm os
recortes - com gente de John Garthen. Queriam me matar e tentaram me emboscar,
segundo este recorte; mas a história desse objetivo é muito interessante porque a
heroína veio do Paquistão e eu me fazia passar por traficante paquistanês com os
italianos, com Tonito Fingido e tudo isso. Eu o estava vigiando, mas a verdade foi
que empregamos um informante. O caso começou com um traficante paquistanês
que me vendeu um quilo de heroína; e ao mesmo tempo o que estava acontecendo
era a guerra contra os russos no Afeganistão e a CIA estava utilizando como
trampolim armas, dinheiro, qualquer coisa do Paquistão. E os traficantes
paquistaneses foram os mais importantes para a CIA como aliados ao movimentar
armas, dinheiro, qualquer coisa porque eram os mais experientes no movimento
através das fronteiras. É lógico, não? E os traficantes paquistaneses e afegãos foram
logicamente usados pela CIA contra os russos na guerra.

RELAÇÃO ENTRE CRIME ORGANIZADO, TRÁFICO DE DROGAS, LAVAGEM DE


DINHEIRO E OS SERVIÇOS DE INTELIGÊNCIA

Como conseqüência nós enviamos um informante e esse paquistanês me fez a


entrega de um quilo de heroína e caiu preso no ato. Através desse caso adquirimos
um informante que podia viajar dentro do Paquistão e identificar todas as fontes de
heroína; exatamente o que fez. Enviamos esse paquistanês ao escritório da DEA no
Paquistão e o colocaram para trabalhar secretamente dentro de todas as tribos.
Naquela época estavam enviando qualquer quantidade de heroína aos Estados
Unidos e ao mesmo tempo estavam trabalhando para a CIA. E o que acontece?

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Nada. O tipo vem, identificou determinado número dos líderes do tráfico e recolhe as
provas encontradas e não acontece nada porque a CIA entrou para protegê-los,
entende? E fez um tremendo truque, uma tremenda fraude para o povo norte-
americano, para os contribuintes durante as últimas três décadas porque a guerra às
drogas começou com o presidente Nixon, que declarou a “Guerra às Drogas” em
1971. São mais de três décadas e o povo norte-americano já pagou um US$ 1 trilhão
para ganhar uma guerra e a situação agora é pior do nunca. O que mais se necessita
provar de que isso é uma fraude? Paga muito dinheiro e não recebe nada!
Igualmente uma fraude! É ou não verdade?

O CASO DA AMÉRICA CENTRAL NOS ANOS 80-83 E A SEMELHANÇA COM O


CENÁRIO COLOMBIANO ATUAL

Gregorio Dionis: a mesma situação aconteceu no ano 80- 83, no famoso caso da
guerra na América Central. E neste momento podemos dizer que este mesmo
cenário se está vendo na Colômbia no que foi o confronto entre os cartéis de Cali e o
de Medelim e a colaboração direta na guerra fictícia, a guerra como é denominada
nessa região

Michael Levine: sim, os contras. O que para mim é incrível é que Deus queria que
eu participasse de tudo. Aparentemente esse foi meu destino porque eu comecei a
trabalhar encoberto no caso que resultou no livro Deep Cover. O que aconteceu
durante esse operativo foi que eu conheci traficantes muito importantes da Bolívia e
também... (vocês têm um recorte das filmagens secretas de uma das reuniões
chave). Eu também fazia me passar por chefe da máfia dos Estados Unidos com o
mesmo truque: meio italiano, meio porto-riquenho, dois deles que eu conheci; gente
do exército mexicano. Eu conheci lavador de dinheiro no Panamá, conheci o grupo de
traficantes bolivianos que continua sendo um dos maiores grupos do planeta, que
agora se chama La Corporación. Fizemos muitas reuniões gravadas. Acontece que de
todas as reuniões no Panamá, Bolívia, Califórnia, México, houve uma transação que
se tratava de quinze toneladas de cocaína proveniente da Bolívia e os traficantes
tentavam fazer me chegar o carregamento através do México com o apoio do
exército mexicano. Daí iam nos ajudar a cruzar a fronteira até os Estados Unidos
com uma tonelada de cada vez. Assim chegamos ao contrato de quinze toneladas.
Vocês têm isso em filmagem, se vê o neto do ex-presidente do México através de
uma mesa dizendo-me: “sim, vamos ter o exército aí ajudando o avião,
descarregando com nafta, protegendo-lhes”. Preço: US$ 1 milhão cada tonelada de
cocaína. Fizemos todo o trato. Entra a CIA outra vez. Tudo isso filmado. Estamos
examinando um mapa do México: “quando exatamente ia acontecer isso ou outra
coisa”. O coronel Jaime Carranza, neto do ex-presidente diz: “ah, neste ponto aqui
estamos treinando os contras”. E daí caiu o caso. Estamos atuando com gente que
estavam ajudando os contras. E muitas outras complicações, por exemplo, naquela
época o governo norte-americano e o governo mexicano queriam que passasse no
congresso norte-americano a lei que se chama Nafta. Um dos tipos que estavam lá
na mesa foi um dos guarda-costas do presidente do México Carlos Salinas de Gortari.
Esse tipo me disse que... isso foi como seis meses antes da eleição do presidente. Da
famosa eleição. Esse tipo me disse diante de câmeras: “quando ele for Presidente
não vai haver nenhum problema, podemos trabalhar abertamente; a fronteira para
você, Miguel (meu encoberto) vai ser aberta”. Nosso governo não podia permitir que
saísse essa notícia e ponto final. Porque se os contribuintes norte-americanos
naquela época se dessem conta disso jamais seria aprovada a lei do Nafta.

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No final das contas, como eu descrevi no livro Deep Cover, tiveram que abafar o
caso. Exatamente o que fizeram. Abafar o caso para que não saísse a verdade. E
qual é a verdade? A guerra às drogas é uma fraude! É preciso levar em conta que o
povo nos Estados Unidos está pagando por essa guerra com a crença de que o
objetivo é derrotá-los nas cúpulas. O que o povo não percebe é que não se pode...
porque todas as pessoas no topo é gente protegida. Não se pode! Igualmente uma
fraude! É muito importante que me entendam. Deixe-me te dizer algo
particularmente para o teu grupo. Antes que acabemos eu tenho um tema bastante
importante para você pensar e considerar.

POR QUE A GUERRA CONTRA AS DROGAS É UMA FRAUDE PARA O


CONTRIBUINTE NORTE-AMERICANO

Gregorio Dionis: há um tema para completar o cenário de toda essa questão da


luta contra a droga que Nixon lançou, como bem me explicavas. Nixon começou a
chamada guerra contra os corsos. Então isso nos traz a colecionar o tema da relação
entre crime organizado - máfia norte-americana, máfia corsa, máfia siciliana e a
relação do tráfico de drogas, da lavagem de dinheiro e com os serviços de
inteligência, que é um pouco a história da Itália, da luta dos juízes como Falconi, luta
desigual contra um Estado, que era parte da própria máfia.

Michael Levine: exato. Essa é a história. Atualmente a máfia não tem muito a ver.
Eu diria que não representa mais do que 1% de todo o tráfico de drogas. Não conta
com muito... não tem muito a ver com o tráfico de drogas. Não representa nada na
verdade em comparação com os afegãos, os paquistaneses, a gente do “triângulo de
ouro”, as repúblicas que antes foram da União Soviética, a América do Sul. O México
conta com imensa quantidade de drogas. Agora observando todo o mundo, a
Colômbia continua no topo; a Bolívia, todos os países. O que acontece é que não
existe guerra às drogas. Deixe-me ver se eu posso explicar exatamente como
funciona a fraude: primeiramente, como é que o povo norte-americano, os
contribuintes, depois de três décadas, possam continuar pagando esse imenso... o
orçamento para este ano é de US$13 bilhões com a guerra às drogas; pagam a
conta aqui nos Estados Unidos. Como é que isto pode continuar apesar dessas cifras?
Bem, é fácil compreender aqui nos Estados Unidos porque os meios de comunicação
continuam vendendo ao povo a idéia de que é válida essa guerra, apesar das cifras.
Por exemplo, há uma associação aqui nos Estados Unidos que se chama Associação
para uma América Livre das Drogas. Essas são como uma máfia porque não há o
menor interesse realmente de tirar a droga dos Estados Unidos porque todos os
milhares e milhares de empregados dessa associação estão ganhando tremendos
salários e também têm benefícios médicos; têm também aposentadoria. Depois de
três décadas há milhares de pessoas já aposentadas. Você acredita que alguns
empregados dessa associação realmente querem que não haja problema de drogas
nos Estados Unidos? É ridículo! Além disso tinha um orçamento de US$ 2 bilhões
para pagar anúncios antidrogas. Bem, os especialistas aqui nos Estados Unidos
dizem que a maioria desses anúncios que digam: NÃO, etc, etc, fazem o contrário:
provocam um aumento do uso de droga, mas isso não faz parar essa associação. E
os meios de comunicação não querem dizer a verdade porque estão recebendo os
US$ 2 bilhões para divulgar esses anúncios falsos.

O PROBLEMA DO EMPREGO DE INFORMANTES FALSOS

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NOVA ERA :: Conspirações - DROGAS E GUERRA: O Narcotráfico como instrum... Página 10 de 13

Há muitos interesses criados para manter essa guerra falsa para sempre. Não vai
parar. Mas o tema mais importante para vocês, tocando na questão dos direitos
humanos. Toda essa guerra funciona com base no uso de informantes. 99% dos
casos descobertos da guerra às drogas começam com o uso de informantes. Esse é
primeiro programa que vocês têm nessa fita. E no final da fita há todo o programa
que se chama Informants (Informantes), que é sumamente importante
mundialmente. O informante é um delinqüente, um mentiroso. E ele é responsável
por toda a informação sobre a qual emerge a guerra às drogas. E de minha
experiência 99% são mentiras. Mas a pior das mentiras, a mentira que provoca... eu
diria que aqui nos Estados Unidos provocou a prisão de mais de trezentos mil
pessoas injustamente por causa de fraudes. Eu diria que 80% dos casos que são
julgados e que resultam em prisões nos Estados Unidos vêm como resultado de
embustes. Isso é importante em todo o mundo porque se há essa porcentagem aqui
nos Estados Unidos imagine o que está acontecendo em todo o mundo. Por exemplo,
se um informante trabalha encoberto durante um ano e tem que testemunhar... bem
os verdadeiros traficantes imediatamente saberão a identidade desse informante e
ele não pode continuar trabalhando com traficantes reais. Deixe-me explicar um caso
verídico de Nova Iorque: eu estava trabalhando com um grupo a algumas quadras
aqui em Nova Iorque. Eu tinha sob meu comando uns 15 oficiais. Cada oficial tinha
uns 10 informantes. Eu tinha sob meu comando 150 informantes e um dos
informantes se chamava Papo, um porto-riquenho de Nova Iorque. E Papo conhecia
uma dezena de taxistas envolvidos com o tráfico de drogas. Eu não podia acreditar.
Como este tipo pode continuar se encontrando com taxistas que são traficantes?
Bem, eu percebi exatamente como foi truque: não há taxista aqui em Nova Iorque
que não tenha conexão com alguma pessoa, com uma fonte de droga. Se você
estivesse comigo aqui em Nova Iorque iríamos à rua, procurávamos um taxista e
perguntávamos: onde podemos comprar coca? Eu te dou US$ 20,00 para me dizer. E
90% vão nos levar a um ponto onde há um tipo que vende coca. É fácil. É como
biscoito aqui em Nova Iorque. Então Papo, o que ele fazia era ir à rua procurar
taxista, mas não que seja apenas taxista, mas taxista que é o dono do táxi. Por que?
Segundo a lei norte-americana pessoas que vendem drogas o governo pode tomar
todos seus bens, todo seu dinheiro. E o informante fica com uma porcentagem de
até 10%. E um táxi aqui em Nova Iorque vale US$ 300 mil. Se ele conseguia
convencer o taxista a se envolver com o tráfico e ficava com o mínimo de US$ 30
mil. Não deixa de ser muito para dois ou três dias de trabalho, verdade? Então Papo
vai à rua e procura o taxista e diz: olha rapaz eu preciso de cocaína, estamos
festejando; se você me traz uma coleção eu te dou US$ 100,00. E ao mesmo tempo
está prestando atenção em quem é o dono do táxi. E o taxista diz: não, eu não quero
me meter com isso. Finalmente ele consegue convencê-lo e chegam ao ponto. E
agora Papo lhe diz: olha, o tipo não me conhece e você tem que me apresentar. Eu
te dou US$100,00 extras. Finalmente o taxista o leva, apresenta-o com seu amigo e
o vendedor de coca vende a Papo uma onça, meia onça, o suficiente para ficar preso
para sempre por duas ou três vidas. Depois de telefonar para mim Papo telefona
novamente para o taxista, desta vez gravando a chamada e diz: olha, irmão,
podemos fazer a mesma coisa? Eu te dou US$500,00 desta vez porque a primeira
saiu perfeitamente bem. E o taxista no mínimo está se cagando de medo e não sabe
como responder e diz: Ok! Vamos nos encontrar naquela esquina. Papo traz a fita ao
meu escritório e diz: eu tenho um taxista que está formando um grupo de
vendedores de coca. No final das contas ele faz dois ou três casos e através do
taxista vem um oficial trabalhando encoberto e o taxista com os vendedores ficam
presos durante muitos anos e os vendedores jogam a culpa no taxista por ser
informante. Quem sabe vai acabar morto na prisão. Mas sob a lei... foi enganado. Eu

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trabalhei por todo o mundo pela DEA. É pior em outros países porque é mais fácil
que os informantes tramem e isso provoca mortos em qualquer caso que você possa
imaginar. E os oficiais não querem se omitir porque se beneficiam dos casos. O que é
sumamente importante para os oficiais que estão comandando a DEA, qualquer
agência de polícia aqui ou mundialmente que está trabalhando para cumprir a lei
sobre o tráfico de drogas, são os resultados. Quantas pessoas foram presas, quantos
bens e propriedades confiscamos, etc, etc; porque isso é o único que interessa ao
congresso norte-americano. E a base de tudo é os informantes. Eu te juro meu
irmão, eu te digo que 80% até 90% dos casos são falsos, são sujos. Não podes
imaginar a quantidade de gente presa sob as leis sobre o tráfico de drogas. Para mim
é mundialmente inconcebível. Para vocês é algo a ser explorado.

AS POLÍTICAS ANTIDROGAS DEPOIS DO 11 DE SETEMBRO

Gregorio Dionis: Sabemos disso e ultimamente inclusive tivemos casos de


caminhoneiros espanhóis detidos, acusados falsamente na fronteira com o Marrocos
para fazer a cobertura da polícia marroquina que necessita das estatísticas de
prisões. Bem, isto termina mais no orçamento mas do que por outra coisa. Eu
gostaria de fazer a última pergunta antes de terminar: o que aconteceu depois do
famoso 11 de setembro com essa série de políticas do atual governo norte-
americano com o problema da repressão à droga?

Michael Levine: agora as pessoas que estão comandando a “guerra às drogas”


estão vinculando o tráfico de drogas com o terrorismo. Mas essa é a verdade. Graças
à CIA essa é a história do terrorismo, não é? Porque os mujahedim, os contra-
revolucionários, os aliados na guerra do Vietnã aprenderam com a CIA como se
financiar; e isto continua até hoje. E a partir do 11 de setembro o tráfico de drogas
se torna mais importante do que nunca para os aliados dos EUA e para os terroristas
também. Em outras palavras, vai continuar sendo importante.

Para mim há certas coisas que eu aprendei depois do 11 de setembro; de situações e


fatos que para mim são incríveis, sendo eu um expert no uso da inteligência
humana. Por exemplo, o FBI em 1993, seis meses antes do primeiro ataque ao
World Trade Center, tinha um informante infiltrado dentro da Al Qaeda, um ex-
policial egípcio que se chama Salim. Salim é um tipo bastante vivo; gravava todas
suas conversas com os oficiais do FBI. E o que aconteceu foi... e isso não foi
publicado em nenhum lugar... eu tenho as provas dessas conversas gravadas. Este
Salim se infiltrou neste grupo de terroristas que se chama Al Qaeda e nesse
momento estavam planejando e realmente fabricando a primeira bomba que
explodiu. E o FBI não acreditou nele. Os oficiais do FBI estavam lhe pagando então
um salário de US$ 500,00 por semana. E o chefe do grupo que comandava esse
informante disse: “eu não acredito nele, vamos demiti-lo, não vamos mais pagar o
salário dele”. E quando o demitiram este Salim gravou a conversa e eu a tenho. E
durante a conversa se ouve ele dizendo ao oficial do FBI: “já estamos preparando a
bomba, vai explodir e vocês não vão ter a mínima idéia de quem é o responsável”.
Disse o oficial: “eu estou metido com essa gente e não posso acreditar nisso”. Isso é
exatamente o que aconteceu. Demitem o informante e sete meses depois a bomba
explode no World Trade Center. E este foi o mesmíssimo grupo responsável pelo 11
de setembro! O que estou dizendo é que o FBI e a CIA já tinham um informante
metido no grupo em 1993.

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Gregorio Dionis: a história que se repete.

Michael Levine: exatamente. É incrível. Eu mando para você. Eu tenho em inglês


um CD que contém esta conversação. É incrível. E não interessa aos jornalistas aqui
nos Estados Unidos publicar isso. Eu não sei explicar isso; é um mundo para mim
bastante estranho. Mas eu continuo com o meu trabalho. O que quer que eu te diga
mais?

Gregorio Dionis: Pareceu-me muito bom. Bom, lamento que termine, uma
saudação e espero que possamos continuar em contacto sobre estes temas com mais
tranqüilidade.

Michael Levine: Tomara!

Gregorio Dionis: Até logo!

Retirado do site CMI Brasil - Centro de Mídia Independente

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