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JULHO

2017

FORMAÇÃO

Ativos não correntes


no SNC-AP

DIS4217

Victor Manuel Lopes Simões

www.occ.pt
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

FICHA TÉCNICA

Título: Ativos Não Correntes no SNC-AP

Autor: Víctor Manuel Lopes Simões

Capa e paginação: DCI - Departamento de Comunicação e Imagem da OCC

© Ordem dos Contabilistas Certificados, 2017

Não é permitida a utilização deste Manual, para qualquer outro fim que não o indicado, sem
autorização prévia e por escrito da Ordem dos Contabilistas Certificados, entidade que detém
os direitos de autor.

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Índice
NOTA PRÉVIA ................................................................................................................................................. 4
PARTE I .................................................................................................................................................... 6
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1.ATIVOS FIXOS TANGÍVEIS (NCP 5) ............................................................................................................... 7


1.1 Âmbito ................................................................................................................................................. 7

1.2 Controlo pela Entidade Pública ............................................................................................................... 8

1.3 Reconhecimento ................................................................................................................................... 8

1.4 Mensuração ....................................................................................................................................... 11

1.5 Depreciação ....................................................................................................................................... 15

1.6 Imparidades e Desreconhecimento ....................................................................................................... 16

1.7 NOTAS EXPLICATIVAS .......................................................................................................................... 17

1.8 CASOS PRÁTICOS ................................................................................................................................. 23

2. CLASSIFICADOR COMPLEMENTAR II ......................................................................................................... 33


PARTE II ................................................................................................................................................. 47

3.PROPRIEDADES DE INVESTIMENTO (NCP 8) ................................................................................................ 48


3.1 Âmbito.............................................................................................................................................. 48
3.2 Reconhecimento .................................................................................................................................. 50

3.3 Mensuração ......................................................................................................................................... 51

3.4 Transferências...................................................................................................................................... 53

3.5 Desreconhecimento ............................................................................................................................. 54

3.6 NOTAS EXPLICATIVAS ............................................................................................................................ 55

3.7 CASOS PRÁTICOS .................................................................................................................................. 57

4.IMPARIDADES (NCP 9) ..................................................................................................................................... 60


4.2 CASOS PRÁTICOS .................................................................................................................................. 67

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NOTA PRÉVIA

Tendo em conta a entrada em vigor do SNC-AP, com data referencial para 1/1/2018, a OCC planeou um

conjunto de ações de formação, tendo em conta a importância e atualidade desta nova normalização

contabilística para as Administrações Públicas e o papel ativo e fundamental que os contabilistas públicos

podem e devem ter neste processo, designadamente no regime de transição e na implementação do

mesmo, nos três subsetores de contabilidade que estão previstos:

• Contabilidade financeira

• Contabilidade orçamental

• Contabilidade de gestão

Depois de uma primeira formação a nível nacional desenvolvida em 2015, que apresentou o panorama

geral do novo normativo contabilístico e as substanciais diferenças com o regime atual do POCP, o plano

de formação incidiu posteriormente sobre as matérias mais específicas, pelo que decorreram entretanto

diversas formações segmentadas e à distância sobre os seguintes temas:

• Regime Transição do SNC-AP

• Regime Simplificado e NCP-PE

• Contabilidade e Relato Orçamental

• Contabilidade de Gestão

Desta feita e no âmbito da contabilidade financeira, apresenta-se uma formação sobre os Ativos não

Correntes, que cobre os Ativos Fixos Tangíveis; Propriedades de Investimento e Imparidades, dado que

são algumas das matérias de maior sensibilidade nas Administrações Públicas.

É dada ênfase a aspetos muito particulares das NCP 5; NCP 8; e NCP 9 e a apresentação de casos práticos,

pelo que se deseja que esta formação, possa contribuir para acréscimos de conhecimento dos

participantes, e assim facilitar-se o processo de transição para o novo regime contabilístico.

Decorridos mais de

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PARTE I

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1.ATIVOS FIXOS TANGÍVEIS (NCP 5)

1.1 Âmbito

Esta Norma aplica-se a ativos fixos tangíveis (quer de domínio público, quer de domínio privado),
incluindo:

Equipamento militar;

Infraestruturas;

Bens do património histórico;

Ativos de contratos de concessão após reconhecimento e mensuração de acordo com a NCP

Outras NCP podem exigir o reconhecimento de um bem do ativo fixo tangível com base numa abordagem
diferente da desta Norma. Por exemplo, a NCP 6 — Locações, exige que uma entidade avalie o
reconhecimento de um ativo fixo tangível na base da transferência de riscos e vantagens. Porém, nestes
casos são prescritos na referida Norma outros aspetos do tratamento contabilístico destes ativos,
incluindo a sua depreciação.

A presente Norma exige que uma entidade reconheça os bens relativos ao património histórico tangível,
desde que satisfaçam a definição e os critérios de reconhecimento de ativos fixos tangíveis. No caso de
não ser possível reconhecer tais ativos, a entidade deve, no mínimo, fazer a sua divulgação em notas às
demonstrações financeiras.

Alguns ativos tangíveis são descritos como património histórico devido ao seu significado histórico,
artístico, cultural ou ambiental. Exemplos destes ativos são edifícios históricos e monumentos, sítios
arqueológicos, áreas de conservação e reservas naturais e obras de arte. Estes ativos evidenciam algumas
características:

É improvável que o seu valor em termos culturais, ambientais, educacionais e históricos seja
inteiramente refletido num valor financeiro unicamente baseado num preço de mercado;

Obrigações legais e ou estatutárias podem impor proibições ou restrições severas à sua alienação
por venda;

São geralmente insubstituíveis e o seu valor pode aumentar ao longo do tempo, mesmo se a sua
condição física se deteriorar; e

Pode ser difícil estimar as suas vidas úteis, que em alguns casos podem ser de várias centenas de
anos.

As entidades do setor público podem deter ativos significativos do património histórico que adquiriram
ao longo de muitos anos e por variados meios, incluindo compra, doação, legado ou expropriação. Estes

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ativos raramente são detidos pela sua capacidade de gerar influxos de caixa e podem existir obstáculos
legais ou sociais para os usar para tais finalidades.

1.2 Controlo pela Entidade Pública

Para reconhecer um ativo, uma entidade pública tem que dispor do controlo sobre o recurso, o qual
implica:

A capacidade para utilizar o potencial de serviço ou os benefícios económicos provenientes do recurso


em causa; ou,

A capacidade da entidade pública em determinar a natureza e forma de utilização que outras


entidades fazem dos benefícios originados pelo recurso.

O controlo sobre um recurso pode decorrer de diversos meios, pelo que, ao analisar se existe ou não
controlo sobre o recurso, a entidade pública deverá considerar os seguintes indicadores:
Propriedade legal;

Acesso ao recurso, ou a capacidade de restringir o acesso de outras entidades ao mesmo;

Existência de meios capazes de assegurar que os recursos são utilizados para atingir os objetivos
propostos; e

A existência de um direito (legal ou outro) ao potencial de serviço ou aos benefícios económicos


futuros incorporados no recurso.

Embora estes indicadores não permitam concluir de forma inequívoca sobre a existência de controlo, a
sua análise isolada pode contribuir para tal conclusão. Por exemplo, se uma entidade pública não possui
a capacidade de evitar o acesso de terceiras entidades a determinado recurso, tal entidade pública poderá
não dispor desse ativo.

1.3 Reconhecimento

O custo de um bem do ativo fixo tangível deve ser reconhecido como ativo se, e apenas se:

For provável que fluirão para a entidade benefícios económicos futuros ou potencial de serviço
associados ao bem; e

O custo ou o justo valor do bem puder ser mensurado com fiabilidade.

As peças sobressalentes e equipamentos de serviço são geralmente registados como inventários e


reconhecidos nos resultados quando consumidos. Porém, as grandes peças sobressalentes e
equipamentos de substituição contabilizam-se como ativos fixos tangíveis quando uma entidade espera
usá-los durante mais de um período. De forma análoga, se as peças sobressalentes e equipamentos só
puderem ser usados em conexão com um bem do ativo fixo tangível, são contabilizadas como ativo fixo
tangível.

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Alguns ativos são geralmente descritos como infraestruturas. Embora não exista definição universalmente
aceite de infraestruturas, podem apresentar as seguintes características:

Fazem parte de um sistema ou rede;

São de natureza especializada e não têm usos alternativos;

São inamovíveis; e

Podem estar sujeitos a restrições na alienação.

O PCM apresenta as seguintes contas e códigos para reconhecimento de bens de domínio público,
património histórico, artístico e cultural, infraestruturas.

430 Bens de domínio público, património histórico, artístico e cultural

4301 Terrenos e recursos naturais

43011 Terrenos incluídos em planos de urbanização com capacidade construtiva

43012 Terrenos não incluídos em plano de urbanização solo rural 43013 Outros terrenos
situados dentro do perímetro urbano

43014 Recursos naturais

43018 Terrenos militares

43019 Outros terrenos e outros recursos naturais

4302 Edifícios e outras construções

43021 Habitações e edificações para serviços

43022 Edifícios para fins industriais

43023 Edifícios e construções com finalidade sociocultural

43024 Parques de estacionamento

43025 Piscinas e complexos desportivos

43026 Cemitérios

43027 Barragens

43028 Edifícios e outras construções militares

43029 Outros

4303 Infraestruturas

43031 Rodoviárias

43032 Ferroviárias

43033 Portuárias

43034 Aeroportuárias

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43035 Sistemas de esgotos

43036 Sistemas de abastecimento de água

43037 Redes de comunicações

43038 Infraestruturas militares

43039 Outras infraestruturas

4304 Património histórico, artístico e cultural

43041 Espaços arqueológicos

43042 Obras de arte, coleções e antiguidades

43043 Livros, arquivos e outras publicações de bibliotecas

43044 Mobiliário e tapeçarias

43045 Joalharia e artigos religiosos …

43049 Outros …

4309 Outros bens de domínio público

438 Depreciações acumuladas

439 Perdas por imparidade acumuladas

45 Investimentos em curso

450 Bens de domínio público em curso

Uma entidade não deve reconhecer na quantia escriturada de um bem do ativo fixo tangível os custos da
assistência técnica corrente do bem. Em vez disso, deve reconhecê-los nos resultados logo que
suportados. Os custos da assistência técnica corrente são principalmente os custos de mão-de-obra e
consumíveis, e podem incluir o custo de pequenas peças. A finalidade destes dispêndios é muitas vezes
descrita como «reparação e manutenção» do bem do ativo fixo tangível.

Algumas partes de alguns bens do ativo fixo tangível podem exigir substituição a intervalos regulares. Por
exemplo, uma estrada pode necessitar de repavimentação todos os cinco anos, um forno pode exigir
manutenção após um número especificado de horas de uso, ou o interior de uma aeronave tais como
assentos e corredores podem exigir substituição várias vezes durante a sua vida.

Uma entidade deve reconhecer na quantia escriturada de um bem do ativo fixo tangível o custo da parte
que substitui tal bem quando suportado, se estiverem satisfeitos os critérios de reconhecimento.

Quanto a grandes inspeções regulares independentemente de as partes do bem virem ou não a ser
substituídas, na data em que cada grande inspeção é efetuada, o respetivo custo é reconhecido na quantia
escriturada do bem do ativo fixo tangível como uma substituição se os critérios de reconhecimento
estiverem satisfeitos. Qualquer quantia escriturada remanescente do custo de anteriores inspeções deve
ser desreconhecida. Isto é válido independentemente de o custo da anterior inspeção estar identificado
na transação em que o bem foi adquirido ou construído.

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1.4 Mensuração

Um bem do ativo fixo tangível que satisfaça as condições de reconhecimento como um ativo deve ser
inicialmente mensurado pelo seu custo.

Porém, um bem do ativo fixo tangível pode ser adquirido através de uma transação sem contraprestação.
Neste caso, a mensuração far-se-á da seguinte forma:

Imóveis — Valor patrimonial tributário (VPT).

Outros ativos — Custo do bem recebido, ou na falta deste, o respetivo valor de mercado.

O reconhecimento inicial pelo justo valor de um bem do ativo fixo tangível adquirido a um custo nulo ou
simbólico não constitui uma revalorização.

O custo de um bem do ativo fixo tangível compreende:

O seu preço de compra, incluindo direitos de importação e impostos não dedutíveis ou reembolsáveis
sobre a compra, após dedução de descontos comerciais e abatimentos;

Quaisquer custos diretamente atribuíveis para colocar o ativo no local e nas condições necessárias
para ser capaz de operar da maneira pretendida pelo órgão de gestão; e

A estimativa inicial dos custos de desmantelamento e de remoção do bem e da restauração do local


em que está localizado, e que a entidade é obrigada a suportar quando o bem é adquirido, ou em
resultado de ter usado o bem durante um determinado período para fins que não sejam produzir
inventários durante esse período.

São exemplos de custos diretamente atribuíveis:

Custos de benefícios dos empregados (como definidos na NCP 19 — Benefícios dos Empregados)
decorrentes diretamente da construção ou aquisição do bem do ativo fixo tangível;

Custos de preparação do local;

Custos de entrega e manuseamento iniciais;

Custos de instalação e montagem;

Custos para testar o funcionamento adequado do ativo (após dedução do produto líquido da
venda de quaisquer bens produzidos, durante o período da sua colocação no local e nas condições
necessárias de funcionamento); e

Honorários profissionais.

Exemplos de custos que não são incorporáveis num ativo fixo tangível incluem:

Custos de abertura de novas instalações;

Custos de lançamento de um novo produto ou serviço (incluindo custos de publicidade e


atividades promocionais;

Custos de condução do negócio numa nova localização ou com uma nova classe de clientes
(incluindo custos de formação do pessoal); e

Custos de administração e outros custos gerais.

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O reconhecimento de custos na quantia escriturada de um bem do ativo fixo tangível cessa quando o bem
está no local e nas condições necessárias para ser capaz de operar da maneira pretendida pelo órgão de
gestão.

Algumas operações ocorrem em conexão com a construção ou desenvolvimento de um bem do ativo fixo
tangível mas não são necessárias para colocar o bem no local. Por exemplo, pode ser obtido um
rendimento ao usar um terreno como um parque de automóveis até que se inicie aí a construção de um
edifício. Esse rendimento e respetivos gastos de operações ocasionais são reconhecidos nos resultados e
incluídas nas respetivas rubricas.

O custo de um ativo construído para a própria entidade é determinado aplicando os mesmos princípios
relativos a um ativo adquirido. De forma similar, o custo de quantias anormais de materiais, de mão- -de-
obra ou de outros recursos desperdiçados suportados na construção de um ativo para a própria entidade,
não é incluído no custo do ativo. A NCP 7 — Custos de Empréstimos Obtidos estabelece critérios para o
reconhecimento de juros como um componente da quantia escriturada de um bem do ativo fixo tangível.

O custo de um bem do ativo fixo tangível é o equivalente ao preço a dinheiro ou, para um bem adquirido
através de uma transação sem contraprestação, o seu justo valor à data do reconhecimento.

Se o pagamento for diferido para além das condições normais de crédito, a diferença entre o equivalente
ao preço a dinheiro e o pagamento total deve ser reconhecida como um juro durante o período de crédito,
a menos que esse juro seja reconhecido na quantia escriturada do bem de acordo com a NCP 7.

O PCM prevê as seguintes contas e respetivos códigos para ativos fixos tangíveis:

431 Terrenos e recursos naturais

4311 Terrenos incluídos em planos de urbanização com capacidade construtiva

4312 Terrenos não incluídos em planos de urbanização solo rural

4313 Outros terrenos situados dentro do perímetro urbano

4314 Recursos naturais …

4319 Outros terrenos e outros recursos naturais

432 Edifícios e outras construções

4321 Habitações e edificações para serviços

4322 Edificações para fins industriais

4323 Edifícios e construções com finalidade sociocultural

4324 Parques de estacionamento

4325 Piscinas e complexos desportivos …

4329 Outros

433 Equipamento básico

4331 Equipamento informático e de telecomunicações

4332 Equipamento para investigação e formação, de medida e de utilização técnica especial

4333 Equipamento e material específico dos serviços de saúde

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4334 Equipamento e material recreativo, desportivo, de educação e de cultura

4335 Equipamento e material para serviços de alimentação, rouparia e lavandaria

4336 Equipamento para agricultura, pesca e jardinagem

4337 Equipamento e material de apoio à produção

4338 Equipamento militar, de segurança e defesa

4339 Outro equipamento básico

434 Equipamento de transporte

4341 Transportes ferroviários

4342 Transportes rodoviários

4343 Transportes marítimos e fluviais

4344 Transportes aéreos …

4348 Viaturas militares

4349 Outros

435 Equipamento administrativo

4351 Equipamento informático e de telecomunicações

4352 Equipamento de escritório e de reprografia

4353 Mobiliário de escritório e de arquivo …

4359 Outros

436 Equipamentos biológicos

4361 Animais de trabalho

4362 Animais de atividades desportivas

4363 Plantas …

4369 Outros equipamentos biológicos

437 Outros ativos fixos tangíveis

4371 Equipamento de oficina e reparações

4372 Equipamento de decoração e conforto, de utilização comum

4373 Equipamento individual para fins especiais

4374 Equipamento para acondicionamento de embalagens …

4379 Outros

438 Depreciações acumuladas

439 Perdas por imparidade acumuladas

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45 Investimentos em curso

453 Ativos fixos tangíveis em curso

459 Perdas por imparidade acumuladas

No caso da troca de um ativo não monetário por outro, o custo do ativo fixo tangível adquirido deve ser
mensurado ao justo valor, a não ser que a transação com contraprestação não tenha substância
comercial, ou o justo valor do ativo recebido e o justo valor do ativo cedido não possam ser mensurados
com fiabilidade. O ativo adquirido deve ser mensurado desta maneira mesmo que uma entidade não
possa de imediato desreconhecer o ativo cedido. Se o bem adquirido não puder ser mensurado pelo justo
valor, o seu custo deve ser mensurado pela quantia escriturada do ativo cedido.

Se a entidade for capaz de determinar com fiabilidade o justo valor quer do ativo recebido quer do ativo
cedido, então o justo valor do ativo cedido deve ser usado para mensurar o custo do ativo recebido, a
menos que este seja claramente mais evidente.

Após reconhecimento como ativo, um bem do ativo fixo tangível deve ser registado pelo seu custo, menos
qualquer depreciação acumulada e quaisquer perdas por imparidade acumuladas, devendo aplicar-se
essa política a uma classe inteira de ativos fixos tangíveis.

Em algumas circunstâncias os ativos fixos tangíveis podem ser objeto de revalorização de acordo com
critérios e parâmetros a definir em dispositivo legal adequado.

A revalorização a que se refere o parágrafo anterior pressupõe a determinação, à data da revalorização,


da vida útil remanescente do ativo.

Se um bem do ativo fixo tangível for revalorizado, qualquer depreciação acumulada à data da
revalorização deve ser tratada de uma das seguintes formas:

Eliminada contra a quantia escriturada bruta do ativo, sendo a quantia líquida reexpressa para a
quantia revalorizada do ativo. Este método deve ser usado na revalorização de terrenos e
edifícios;

Reexpressa proporcionalmente à alteração na quantia bruta registada do ativo, a fim de que a


quantia escriturada do ativo após a revalorização iguale a sua quantia revalorizada. Este método
deve ser usado na revalorização dos restantes ativos fixos tangíveis pela aplicação de um índice
ao seu custo de reposição depreciado.

Se um bem do ativo fixo tangível for revalorizado, toda a classe a que esse ativo pertence deve ser
revalorizada.

Se a quantia escriturada de um ativo fixo tangível for aumentada em consequência de uma revalorização,
o aumento deve ser creditado diretamente no património líquido como excedentes de revalorização.
Porém, este aumento deve ser inicialmente reconhecido nos resultados até ao limite em que reverta uma
redução de revalorização do mesmo ativo anteriormente reconhecida nos resultados.

Se a quantia escriturada de um ativo fixo tangível for reduzida em consequência de uma revalorização, a
redução deve ser reconhecida nos resultados. Porém, essa redução deve ser reconhecida diretamente no
património líquido até ao limite de qualquer saldo credor existente no excedente de revalorização desse
mesmo ativo.

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Parte ou a totalidade do excedente de revalorização incluído no património líquido relativo a ativos fixos
tangíveis pode ser transferido diretamente para resultados transitados quando os ativos forem
desreconhecidos. Tal pode ocorrer quando o ativo com o qual o excedente se relaciona for abatido ou
alienado. Porém, parte do excedente pode ser transferido quando o ativo ainda estiver a ser utilizado pela
entidade. Neste caso, a quantia do excedente a transferir será a diferença entre a depreciação baseada
na quantia escriturada revalorizada do ativo e a depreciação baseada no seu custo inicial. As
transferências dos excedentes de revalorização para resultados transitados não devem passar pelos
resultados do período.

No caso das entidades sujeitas a IRC, tem de se efetuar os registos dos impostos diferidos passivos
associados.

Para o registo da revalorização resultante da mensuração subsequente o PCM prevê as seguintes contas
e códigos:

58 Excedentes de revalorização de ativos fixos tangíveis e intangíveis

581 Reavaliações decorrentes de diplomas legais

5811 Antes de imposto sobre o rendimento

5812 Impostos diferidos …

589 Outros excedentes

5891 Antes de imposto sobre o rendimento

5892 Impostos diferidos

56 Resultados transitados

561 De períodos anteriores

562 Regularizações

563 Resultados atribuídos

65 Perdas por imparidade

655 Em ativos fixos tangíveis

76 Reversões

762 De perdas por imparidade

1.5 Depreciação

Cada parte de um bem do ativo fixo tangível com um custo que seja significativo em relação ao custo total
do bem deve ser depreciada separadamente.

O gasto de depreciação de cada período é geralmente reconhecido nos resultados. Porém, algumas vezes,
os benefícios económicos futuros ou potencial de serviço incorporados num ativo são absorvidos na
produção de outros ativos. Neste caso, o gasto de depreciação constitui parte do custo desse outro ativo
e é incluído na sua quantia escriturada.

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A quantia depreciável de um ativo deve ser imputada numa base sistemática ao longo da sua vida útil.

A reparação e manutenção de um ativo não prejudicam a necessidade de o depreciar. Pelo contrário,


alguns ativos podem ser mantidos com pouca manutenção ou a manutenção ser diferida indefinidamente
devido a constrangimentos orçamentais. Quando as políticas de gestão de ativos agravam o desgaste de
um ativo, a sua vida útil deve ser reapreciada e ajustada em conformidade.

A quantia depreciável de um ativo deve ser determinada após dedução do seu valor residual. Na prática,
o valor residual de um ativo é geralmente insignificante e, por isso, imaterial no cálculo da quantia
depreciável.

A depreciação de um ativo começa quando fica disponível para uso, isto é, quando estiver no local e nas
condições necessárias para ser capaz de operar da forma pretendida pelo órgão de gestão. A depreciação
de um ativo cessa quando o ativo é desreconhecido. Assim, a depreciação não cessa quando o ativo se
tornar ocioso ou for retirado de uso e ficar detido para alienação, a menos que esteja completamente
depreciado.

Os terrenos e os edifícios são ativos separáveis e são contabilizados separadamente, mesmo quando são
adquiridos conjuntamente. Os terrenos têm uma vida útil ilimitada pelo que não são depreciados, salvo
algumas exceções como, por exemplo, pedreiras e aterros. Os edifícios têm uma vida útil limitada e, por
isso, são ativos depreciáveis.

Se o custo do terreno incluir os custos de desmantelamento, remoção e restauro do local, essa parcela do
custo do terreno é depreciada durante o período de benefícios económicos ou potencial de serviço
obtidos ao suportar esses custos.

O método de depreciação deve refletir o padrão pelo qual se espera que os benefícios económicos futuros
ou potencial de serviço sejam usufruídos pela entidade.

Existem vários métodos de depreciação. Estes métodos incluem o método das quotas constantes (ou da
linha reta), o método das quotas degressivas (ou do saldo decrescente) e o método das unidades de
produção.

A presente Norma preconiza que o método mais adequado às Administrações Públicas é, em regra, o mé-
todo das quotas constantes (ou da linha reta).

1.6 Imparidades e Desreconhecimento

Para uma entidade determinar se um bem do ativo fixo tangível está ou não em imparidade, deve aplicar
a NCP 9 — Imparidade de Ativos.

A compensação por terceiros relativa a bens do ativo fixo tangível que sofreram imparidade, ou foram
perdidos ou cedidos, deve ser incluída nos resultados quando essa compensação se tornar recebível
(indeminização).

Um bem do ativo fixo tangível deve ser desreconhecido:

No momento da alienação (incluindo alienação através de uma transação sem contraprestação);


ou

Quando não se esperam benefícios económicos futuros ou potencial de serviço do seu uso ou
alienação.

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O ganho ou perda decorrente do desreconhecimento de um bem do ativo fixo tangível deve ser
determinado como a diferença entre o produto líquido da alienação, se existir, e a quantia escriturada do
ativo, e deve ser reconhecido nos resultados quando o bem for desreconhecido.

A retribuição a receber pela transmissão de um bem do ativo fixo tangível deve ser reconhecida
inicialmente pelo seu justo valor. Se o pagamento for diferido, a retribuição recebida deve ser reconhecida
inicialmente pelo equivalente ao preço a dinheiro. A diferença entre a quantia nominal da retribuição e o
equivalente ao preço a dinheiro deve ser reconhecida como um juro de acordo com a NCP 13, refletindo
o rendimento efetivo sobre a conta a receber.

1.7 NOTAS EXPLICATIVAS

430 Bens de domínio público, património histórico, artístico e cultural

De acordo com a legislação em vigor (nomeadamente com o Decreto-Lei n.º 477/80, de 15 de outubro -
inventário geral dos elementos constitutivos do património do Estado), são considerados bens de domínio
público passíveis de reconhecimento no âmbito da NCP 5 - Ativos Fixos Tangíveis, nomeadamente os
seguintes:

a) Terrenos e recursos naturais, incluindo os bens de uso público, tais como parques, jardins, e caminhos;
b) Edifícios e outras construções, nomeadamente os enquadrados pelo Decreto-Lei n.º 280/2007, de 7 de
agosto (regime jurídico do património imobiliário público);

c) Infraestruturas;

d) Bens que, conforme a Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro (lei de bases do património cultural) são
classificados como património histórico, artístico e cultural;

e) Edifícios, infraestruturas e equipamento militares.

4301/431 Terrenos e recursos naturais

Compreende os terrenos e recursos naturais (por exemplo, plantações de natureza permanente, minas e
pedreiras) afetos às atividades operacionais da entidade, quer sejam de domínio público (conta 4301)
quer sejam de domínio privado (conta 431).

Inclui os gastos de preparação dos terrenos, tais como desbravamento, movimentação de terras e
drenagem que lhes respeitam.

São ainda registados nesta conta os terrenos subjacentes a edifícios e outras construções, mesmo que
tenham sido adquiridos em conjunto e sem indicação separada de valores. Quando não haja elementos
concretos acerca do valor do terreno, deverá considerar-se que este representa 25 % do valor global,
tanto para efeitos de separação da natureza do ativo como para efeitos de apuramento do elemento
depreciável do elemento não depreciável.

Abrange os seguintes terrenos quando não considerados propriedades de investimento (contas 4201 e
421) nem destinados a venda (conta 324):

a) 43011/4311 Terrenos incluídos em planos de urbanização com capacidade construtiva, tais como
terrenos em aglomerados urbanos, em zona diferenciada de aglomerado urbano, e outros terrenos;

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b) 43012/4312 Terrenos não incluídos em planos de urbanização - solo rural, vocacionados para atividades
agrícolas, pecuárias, florestais, minerais, espaços naturais, espaços de proteção ou lazer e solo para outros
fins;

c) 43013/4313 Outros terrenos situados dentro do perímetro urbano, nomeadamente espaço natural,
zona verde ou de lazer, praças públicas, terrenos destinados a equipamento público e outros terrenos;

d) 43014/4314 Recursos naturais, tais como plantações de natureza permanente, minas e pedreiras,
afetos às atividades operacionais da entidade;

e) 43018 Terrenos militares;

f) 43019/4319 Outros terrenos e outros recursos naturais

4302/432 Edifícios e outras construções

Integra os edifícios fabris, comerciais, administrativos e sociais, incluindo as instalações fixas que lhes
sejam próprias (por exemplo, água, energia elétrica e aquecimento) quer sejam de domínio público (conta
4302) quer sejam de domínio privado (conta 432). Compreende também outras construções, tais como
muros, silos, parques, albufeiras, canais, estradas e arruamentos, vias férreas internas, pistas de aviação,
cais e docas.

Inclui nomeadamente:

a) 43021/4321 Habitações e edificações para serviços, tais como, casas de função, habitações sociais,
instalação de serviços de natureza administrativa, instalação de serviços de natureza social, instalação de
serviços de natureza escolar, instalação de serviços de natureza hospitalar, instalações para escritórios e
outros edifícios para o setor dos serviços;

b) 43022/4322 Edificações para fins industriais, tais como instalação de serviços do setor da indústria,
instalação de serviços do setor da agricultura, instalação de serviços do setor das telecomunicações e
outros edifícios para fins de natureza industrial;

c) 43023/4323 Edifícios e construções com finalidade sociocultural, tais como monumentos, palácios,
museus, bibliotecas, arquivos, teatros, imóveis situados em zona de proteção e outros imóveis de
relevância histórica e cultural;

d) 43024/4324 Parques de estacionamento, a desagregar por localização;

e) 43025/4325 Piscinas e complexos desportivos, a desagregar por localização;

f) 43026 Cemitérios, a desagregar por localização;

g) 43027 Barragens, a desagregar por localização;

h) 43028 Edifícios de natureza militar, adquiridos ou construídos pela entidade, que se utilizam
exclusivamente na Defesa Nacional (por exemplo, quartéis);

i) 43029/4329 Outros, tais como equipamentos não integrados nos edifícios para serviços e outras
construções.

4303 Infraestruturas

As infraestruturas são ativos fixos tangíveis que, conforme a NCP 5 - Ativos Fixos Tangíveis, apresentam
usualmente as seguintes características:

a) Fazem parte de um sistema ou rede;

18
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

b) São de natureza especializada e não têm usos alternativos;

c) São inamovíveis;

d) Podem estar sujeitos a restrições de alienação.

Infraestruturas são, assim, ativos não correntes que se materializam em obras de engenharia civil ou em
imóveis, utilizáveis para a generalidade dos cidadãos ou destinados à prestação de serviços públicos,
adquiridos a título oneroso ou gratuito, ou construídos pela entidade, e que têm uma finalidade
específica, não permitindo outros usos.

Incluem-se nesta conta as infraestruturas rodoviárias, ferroviárias, portuárias, aeroportuárias, sistemas


de esgotos, sistemas de abastecimento de água, redes de comunicações e outras infraestruturas.

Inclui ainda as infraestruturas de natureza militar, adquiridas ou construídas pela entidade, que se utilizam
exclusivamente na Defesa Nacional e para fins predominantemente militares de que, entre outros, são
exemplos, os campos de tiro, os aeródromos, as estradas e as pontes militares.

As infraestruturas destinadas a arrendamento são registadas numa subconta da conta da conta 42.

4304 Património histórico, artístico e cultural

O reconhecimento no âmbito desta conta atende também ao disposto na Lei n.º 107/2001, de 8 de
setembro - Lei de bases do património cultural.

De acordo com a NCP 5 - Ativos Fixos Tangíveis, alguns ativos são descritos como património histórico
devido ao seu significado cultural, ambiental ou histórico, apresentando usualmente as seguintes
características, embora estas características não sejam exclusivas de tais ativos:

a) É improvável que o seu valor em termos culturais, ambientais, educacionais e históricos seja
inteiramente refletido num valor financeiro baseado puramente num preço de mercado;

b) Obrigações legais e/ou oficiais podem impor proibições ou restrições severas à sua alienação por venda;
c) São geralmente insubstituíveis e o seu valor pode aumentar ao longo do tempo, mesmo se a sua
condição física se deteriorar; e

d) Pode ser difícil estimar a sua vida útil, que em alguns casos, pode ser de várias centenas de anos.

Inclui livros de bibliotecas públicas, de escolas, bem como o espólio de arquivos históricos, como por
exemplo da Torre do Tombo, livros de museus, entre outros, isto é, que seja suscetível de constituir junto
dos indivíduos fator de cultura e conhecimento da História.

É desdobrada pelas subcontas constantes no Plano e ainda pela divisão apresentada no Classificador
Complementar 2, para efeitos de inventário.

433 Equipamento básico

Trata-se do conjunto de instrumentos, máquinas, instalações e outros bens, com exceção dos indicados
na conta 4371 Equipamentos de oficina de reparações, com os quais se realiza a extração, transformação
e a produção de bens ou a prestação de serviços. Compreende os gastos adicionais com a adaptação de
maquinaria e de instalações ao desempenho das atividades próprias da entidade. Quando o objeto da
entidade respeite a atividades de transporte ou de serviços administrativos, devem ser incluídos nesta
conta os equipamentos dessas naturezas afetos a tais atividades.

Inclui ainda o material escolar e material utilizado em unidades de saúde, equipamento de cozinha, postos
médicos, equipamento das instalações desportivas e culturais, dos refeitórios, das cantinas e de outras

19
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

instalações, com duração superior a um ano. Na conta 4338 Equipamento militar, de segurança e defesa,
são registados os equipamentos de segurança e defesa de atividades essenciais, unicamente utilizados
pelas forças armadas, corporações de bombeiros e forças de proteção civil e segurança.

Esta conta deve ser desdobrada pelas subcontas constantes no Plano, tendo em conta também a divisão
apresentada no Classificador Complementar 2 para efeitos de inventário.

434 Equipamento de transporte

Inclui o equipamento militar, tais como as fragatas, o equipamento de radar e os aviões integrados na Lei
Orgânica n.º 7/2015, de 18 de maio (Lei de Programação Militar), por terem como missão predominante
o patrulhamento da área oceânica de interesse nacional. Também se englobam os equipamentos
principais utilizados pelas Forças Armadas, como, por exemplo, aeronaves, navios, viaturas blindadas e
outras viaturas táticas.

Esta conta deve ser desdobrada pelas subcontas constantes no Plano, tendo em conta também a divisão
apresentada no Classificador Complementar 2 para efeitos de inventário.

435 Equipamento administrativo

Inclui o equipamento administrativo, social e mobiliário diverso, destinado ao apoio administrativo da


atividade principal da entidade. Inclui, por exemplo, computadores, impressoras, telefones, mesas e
cadeiras.

Esta conta deve ser desdobrada pelas subcontas constantes no Plano, tendo em conta também a divisão
apresentada no Classificador Complementar 2 para efeitos de inventário.

436 Equipamentos biológicos

São registados nesta conta os animais e plantas vivos que reúnam os requisitos de reconhecimento como
investimento e que não se enquadrem na NCP 11 - Agricultura, que estabelece as normas contabilísticas
dos ativos biológicos relacionados com a atividade agrícola e que são registados na Classe 3 - Inventários,
conta 37 Ativos Biológicos.

Assim, não se incluem nesta conta os animais que se destinam à produção, reprodução ou consumo
(contas 371 e 372).

São exemplo de um equipamento biológico os equídeos da GNR e de uma escola de equitação e as


unidades cinotécnicas. No caso de plantas, inclui-se, por exemplo os jardins ou plantas decorativos de
duração superior a um ano.

437 Outros ativos fixos tangíveis

São registados nesta conta outros ativos fixos tangíveis que não tenham enquadramento nas contas
anteriores, descritos no Classificador Complementar 2. No caso de a vida útil ser inferior a um ano ou,
mesmo que superior, tenha um valor individual inferior a € 100, devem ser registados na conta 623
Materiais de consumo.

Esta conta deve ser desdobrada pelas subcontas constantes no Plano, tendo em conta também a divisão
apresentada no Classificador Complementar 2 para efeitos de inventário, Inclui nomeadamente:

a) 4371 Equipamento de oficina e reparações - bens desta natureza e ferramentas, utensílios e máquinas
ligeiras, cuja vida útil exceda, em condições de utilização normal, o período de um ano.

20
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

b) 4372 Artigos de decoração e conforto, de utilização comum - artigos honoríficos, nomeadamente


bandeiras, estandartes e galhardetes. Inclui ainda os artigos de conforto e decoração (candeeiros, tapetes,
alcatifas, objetos decorativos, quadros não considerados património histórico, artístico e cultural, entre
outros).

Os artigos honoríficos e de decoração considerados como património histórico, artístico e cultural são
registados na conta 43042 Obras de arte, coleções e antiguidades.

Os artigos para oferta e publicidade são registados na conta 6234 Artigos para oferta e de publicidade e
divulgação.

c) 4373 Equipamento individual para fins especiais - designadamente equipamento especial de proteção
individual, equipamento especial de polícia, equipamento para prática desportiva, vestuário, calçado e
outros fardamentos (incluindo para prática desportiva) e equipamento para animais, entre outros.

d) 4374 Equipamento para acondicionamento de embalagens - designadamente contentores, tambores


e outras embalagens, máquinas de selar e rotular e máquinas para acondicionamento ou embalagem.

Compreende ainda as taras e vasilhames destinados a conter ou acondicionar as mercadorias ou


produtos, quer sejam exclusivamente para uso interno da entidade, quer sejam embalagens retornáveis
com aptidão para utilização continuada.

e) 4379 Outros - conta de caráter residual, incluindo todos os bens duradouros inventariáveis que, pela
sua natureza, não se enquadrem em qualquer das contas que antecedem.

45 Investimentos em curso

Abrange os investimentos de adição, melhoramento ou substituição enquanto não estiverem concluídos.


Inclui também os adiantamentos feitos por conta de investimentos, cujo preço esteja previamente fixado.

A conta deve ser desdobrada considerando subcontas idênticas às das contas 42, 43 e 44.

É uma conta de uso temporário, que deverá ser saldada para as contas 42, 43 e 44, quando o respetivo
ativo fica concluído e começa a ser utilizado.

56 Resultados transitados

Esta conta é utilizada para registar os resultados líquidos acumulados de períodos anteriores (conta 561).
Caso o saldo seja credor, pode ser debitada para constituição de reservas (conta 55), para reforço do
património/capital (conta 514) ou para distribuição de dividendos (caso em que se debita a conta 563 por
contrapartida da conta 264), conforme seja deliberado pelos detentores do património líquido/capital.

Excecionalmente, esta conta também poderá registar regularizações não frequentes e de grande
significado que afetam positiva ou negativamente o Património Líquido, mas não o resultado do período
(conta 562), nomeadamente as provenientes de alterações nas políticas contabilísticas e erros, nas
condições previstas na NCP 2 - Políticas Contabilísticas, Alterações em Estimativas Contabilísticas e Erros,
bem como as que resultem da aplicação do SNC-AP pela primeira vez, e ainda as resultantes dos lucros
não atribuídos no âmbito da aplicação do método da equivalência patrimonial.

Nesta conta também se registam ajustamentos aos ativos e passivos que decorram da aplicação pela
primeira vez do SNC-AP, conforme artigo 14.º do Decreto-Lei n.º 192/2015, de 11 de setembro, exceto se
houver uma conta mais apropriada (por exemplo, a conta 5931 Transferências e subsídios para aquisição
de ativos depreciáveis).

58 Excedentes de revalorização de ativos fixos tangíveis e intangíveis

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Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

5811/5891 Reavaliações decorrentes de diplomas legais/outros excedentes - Antes de impostos sobre


o rendimento.

Esta conta é creditada pelos aumentos de valor de ativos fixos tangíveis e intangíveis em consequência de
uma revalorização e é debitada por contrapartida da conta 561 Resultados transitados - de períodos
anteriores, em função da realização do excedente de revalorização. Essa realização ocorre pela
depreciação/amortização, abate ou venda do ativo revalorizado.

As diminuições de valor de ativos fixos tangíveis e intangíveis em consequência de uma revalorização


serão debitadas nas mesmas contas (5811/5891) até ao montante do saldo existente. A parcela da
diminuição que exceda o saldo existente, será considerada gasto do período (perdas por imparidade,
contas 655 ou 656). Se, posteriormente, ocorrer novo aumento do ativo em consequência de nova
revalorização, trata-se de uma reversão de uma perda reconhecida em períodos anteriores. Essa reversão
deve ser registada como rendimento do período (subcontas da conta 762 - 7625 e 7626) até ao limite da
perda anterior, e apenas o remanescente será considerado excedente de revalorização, a registar nestas
contas.

5812/5892 Reavaliações decorrentes de diplomas legais/outros excedentes - Impostos diferidos

Relativamente a revalorizações, após o registo nas subcontas 5811/5891 do valor do aumento do ativo
não corrente líquido, as subcontas 5812/5892 serão debitadas por contrapartida da conta 2742 Passivos
por impostos diferidos, pelo montante da quantia do imposto correspondente à fração do excedente de
revalorização não aceite fiscalmente. Aquando da realização do excedente de revalorização, as subcontas
5812/5892 serão creditadas pela correspondente fração do imposto sobre o rendimento, por
contrapartida da conta 562 Resultados transitados - de períodos anteriores. Simultaneamente, a conta
2742 Passivos por impostos diferidos, será debitada aquando do reconhecimento do respetivo imposto a
pagar, por contrapartida da subconta 8122 Imposto diferido.

65 Perdas por imparidade

Esta conta regista as perdas por imparidade a serem reconhecidas no período, relativas a contas a receber,
inventários, investimentos financeiros, propriedades de investimento, ativos fixos tangíveis, ativos
intangíveis e investimentos em curso, em obediência aos requisitos da NCP 9 - Imparidade de Ativos, NCP
10 - Inventários e NCP 18 - Instrumentos Financeiros.

Debita-se por contrapartida das contas 219, 229, 239, 269, 279, 329, 339, 349, 359, 419, 429, 439, 449 e
459, respeitantes a perdas por imparidade acumuladas. V. notas explicativas a estas contas.

76 Reversões

Regista-se nesta conta o desreconhecimento (anulação ou diminuição) de depreciações, amortizações,


perdas por imparidade e provisões, creditando-se por contrapartida dessas contas.

762 De perdas por imparidade

Esta conta credita-se por contrapartida das contas 219, 229, 239, 269, 279, 329, 339, 349, 359, 419 429,
439, 449 e 459.

22
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

1.8 CASOS PRÁTICOS

CASO PRÁTICO N.º 1


Foi publicado um decreto-lei que estipulou uma revalorização geral dos edifícios adquiridos e
contabilizados antes de 1990, não classificados como bens de domínio público.

O instituto público Ómega possui nos seus ativos fixos tangíveis um edifício onde desenvolve a sua missão
e atribuições.

Esse edifício foi adquirido em 1985 por 300.000, tendo sido estimada uma vida útil de 50 anos.

Aplicando as disposições do decreto-lei, o justo valor do edifício ascende a 500.000.

Admitindo que está no ano de 2017, proceda à contabilização dos factos descritos.

Depreciações acumuladas = 300.000/50 x 32 anos = 192.000

Quantia escriturada à data da revalorização = 300.000 – 192.000 = 108.000

Excedente de revalorização = 500.000 – 108.000 = 392.000

Eliminação das depreciações acumuladas

PCM Descrição Débito Crédito


438 Depreciações acumuladas 192 000
4321 Habitações e edificações para serviços 192 000

Pelo reconhecimento da excedente de revalorização:

PCM Descrição Débito Crédito


4321 Habitações e edificações para serviços 392 000
5813 Revalorizações decorrentes de diplomas 392 000

De salientar que as revalorizações são exclusivas do subsistema da contabilidade financeira.


Autor: Viana, Luís Cracel

CASO PRÁTICO N.º 2


A entidade pública Alfa adquiriu um equipamento básico para investigação por 200.000 euros tendo sido
obtido um desconto de 15%. A máquina será depreciada pelo método das quotas constantes, durante 10
anos, com um valor residual nulo. Os custos relacionados com a aquisição e montagem foram:

• Comissão paga a um intermediário nacional: 6 000 euros;


• Despesas de transporte a partir das instalações do fornecedor: 1 500 euros;
• Honorários pagos a um engenheiro: 2 000 euros;
• Honorários pagos a um formador que monitorizou a formação do pessoal que irá trabalhar com
a nova máquina: 1 500 euros;
• Campanha publicitária em jornal local para anunciar os serviços prestados pela nova máquina: 1
000 euros.

23
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Pretende-se que:

1. Calcule o custo do novo equipamento básico para investigação


2. Contabilização da aquisição e da depreciação no fim do primeiro ano

Resolução:

1. O custo de aquisição inclui todos os custos, exceto formação e publicidade já que não são
capitalizáveis, sendo levados a gastos. Assim, o custo de aquisição deste equipamento é igual a:

Custo de aquisição do equipamento Montante


Preço de aquisição abatido do desconto comercial 170 000
Comissão a intermediário 6 000
Despesas de transporte 1 500
Honorários pagos a engenheiro 2 000
Total 179 500

Nota: o equipamento deve ser depreciado à taxa de 10%, ou seja, 17 950 por ano.

2. Lançamentos contabilísticos, assumindo que as despesas foram pagas:

Descrição Contas Débito Crédito


Pela aquisição do 4332 Equipamento para investigação e formação de medida e de
equipamento utilização técnica especial 179 500
para investigação 121 Depósitos à ordem no Tesouro 179 500
Pelos gastos que 6224 Honorários 1 500
não fazem parte 6222 Publicidade, comunicação e imagem 1 000
do custo de 121 Depósitos à ordem no Tesouro 2 500
aquisição do
equipamento
Pela depreciação 6423 Gastos de depreciação de equipamento básico 17 950
da máquina 4383 Depreciações acumuladas de equipamento básico 17 950
Autores: Nunes, Alberto Velez; Roderigues, Lúcia Lima; Viana, Luís Cracel

CASO PRÁTICO N.º 3


A entidade pública B construiu uma estação de tratamento de águas residuais, existindo a obrigação de
desmantelar a estação de tratamento de resíduos industriais após 10 anos de utilização. O custo de
construção foi de 1 500 000 euros e o custo estimado de desmantelamento é de 100 000 euros.

Pedidos:

1. Cálculo do custo da fábrica (considere uma taxa de desconto de 5%);


2. Proceda aos registos necessários.

Resolução:

1. Valor atual do custo com o desmantelamento: 100.000/(1+0,05)10= 61 391


Custo da fábrica =1 500 000+61 391=1 561 391

2. Momento inicial:

24
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Descrição Contas Débito Crédito


Pelo reconhecimento da provisão 432 Edifícios e outras construções 1 561 391
para custos com 2711 Fornecedores de investimentos
desmantelamento 298 Outras Provisões 1 500 000
61 391

De N+1 a N+10 haverá que atualizar o valor da provisão de tal forma que no final de N+10 o valor seja de
100 000 euros (claro que a atualização também poderá ocorrer em função do valor da estimativa poder
variar).

Assim, no primeiro ano a atualização será de: 61 391X0,05 = 3 070:

Descrição Contas Débito Crédito


Pela atualização do valor da 6918 Outros juros 3 070
provisão 298 Outras provisões 3 070

No segundo ano, o lançamento repete-se pelo valor de 3 223 (61 391+3.070)X0,05 e assim
sucessivamente.

A depreciação faz-se pelo custo (1 561 391), considerando uma vida útil de 10 anos: 156 139, o que
significa que os encargos com a depreciação levarão em conta a totalidade dos custos.
Autores: Nunes, Alberto Velez; Roderigues, Lúcia Lima; Viana, Luís Cracel

CASO PRÁTICO N.º 4


A entidade pública A trocou com a entidade pública B um computador marca XPTO por outro computador
marca XPTL: a entidade A recebeu o computador XPTL e entregou 5 000 euros em dinheiro para além de
ter entregue o computador XPTO à entidade B.

Os bens trocados têm os seguintes valores:

Quantia escriturada Justo Valor


Computador XPTL 26 000 20 000
Computador XPTO 12 000 16 000

Pedido:

Lançamentos contabilísticos relativos a esta troca de computadores nas duas entidades públicas.

Sendo a entidade capaz de determinar com fiabilidade o justo valor tanto do ativo recebido como do ativo
entregue, então o justo valor do ativo cedido é usado para mensurar o custo do ativo recebido.

Lançamentos a efetuar pela entidade pública A, assumindo que já havia sido feito o lançamento relativo
à quantia escriturada, ou seja, anulação das depreciações acumuladas por contrapartida do valor bruto
do computador (recebe XPTL, entrega XPTO e 5 000 euros).

Descrição Contas Débito Crédito


Pela troca de 4351 Equipamento informático e de telecomunicações – XPTL 16 000
computadores 6875 Gastos e perdas em investimentos não financeiros – Trocas 1 000
121 Depósitos à ordem no tesouro 5 000
4351 Equipamento informático e de telecomunicações – XPTO 12 000

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Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Lançamentos a efetuar pela entidade pública B, assumindo que já havia sido feito o lançamento relativo
à quantia escriturada, ou seja, anulação das depreciações acumuladas por contrapartida do valor bruto
do computador (recebe XPTO, entrega XPTL):

Descrição Contas Débito Crédito


Pela troca de 4351 Equipamento informático e de telecomunicações – XPTO 20 000
computadores 121 Depósitos à ordem no tesouro 5 000
6875 Gastos e perdas em investimentos não financeiros – Trocas 1 000
4351 Equipamento informático e de telecomunicações – XPTL 26 000

Nota: As duas empresas apuram uma perda de 1.000 euros.


Autores: Nunes, Alberto Velez; Roderigues, Lúcia Lima; Viana, Luís Cracel

CASO PRÁTICO N.º 5


Em 2016 a empresa Municipal Desporto & Artes, E.M. (aplica o SNC) adquiriu um edifício para instalar os
seus escritórios pelo montante de 500 000€.

A entidade considerou que o terreno afeto ao imóvel representava 25% do custo total e atribuiu uma vida
útil ao edifício de 50 anos.

Em Janeiro de 2017 a empresa revalorizou o imóvel com base no justo valor determinado por avaliador
independente, para o montante de 600 000€.

A taxa de IRC aplicável à entidade é de 21%;

Em 2018 a entidade foi considerada uma entidade pública reclassificada, pelo que irá adotar o SNC-AP.

Descreva os lançamentos que devem ser efetuados relativos à abertura do ano de 2018.

Resolução

- Lançamento da Aquisição em 2016:

Conta Descrição Débito Crédito

431x Terrenos e Recursos Naturais 125 000 €

432x Edifícios e outras Construções 375 000 €

12x Depósitos à Ordem 500 000€

- Lançamento das depreciações de 2016 (375 000€/50 = 7 500€):

Conta Descrição Débito Crédito

6422x Gastos de Depreciações - Edifícios 7 500€

4382x Depreciações Acumuladas - Edifícios 7 500€

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Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

- Lançamento da revalorização em 2017:

Repartição Revalorização Valor Liquido 2017 Excedente

Terreno 150 000 € 125 000 € 25 000 €

Edifício 450 000 € 367 500 € 82 500 €

Total 600 000 € 492 500 € 107 500 €

De acordo com o parágrafo 35, alínea b) da NCRF 7, a quantia das depreciações acumuladas deve ser:

“b) Eliminada contra a quantia escriturada bruta do ativo, sendo a quantia líquida reexpressa para a
quantia revalorizada do ativo. Este método é muitas vezes usado para edifícios.”

Conta Descrição Débito Crédito

431x Terrenos e Recursos Naturais 25 000 €

5891x Outros Excedentes – Antes de IRC 25 000 €

432x Edifícios e outras Construções 7 500 €

4382x Depreciações Acumuladas - Edifícios 7 500€

5891x Outros Excedentes – Antes de IRC 82 500 €

432x Edifícios e outras Construções 82 500 €

- Lançamento do respetivo Passivo Por Impostos Diferidos em 2017:

107 500 € x 21% = 22 575 €

Conta Descrição Débito Crédito

5892x Outros Excedentes – Impostos 22 575 €


Diferidos

2742x Passivos por Impostos Diferidos 22 575 €

- Lançamento das depreciações de 2017:

450 000 €/ 49 Anos = 9 183,67 €, sendo que 7 500 € dizem respeito à depreciação do valor do custo e
1.683,67 € dizem respeito à depreciação do valor da revalorização (após a revalorização a nova
depreciação é calculada pela divisão entre a nova quantia escriturada e o numero de anos de vida útil
restante):

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Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Conta Descrição Débito Crédito

6422x Gastos de Depreciações - Edifícios 9.183,67€

4382x Depreciações Acumuladas - Edifícios 9.183,67€

5891x Outros Excedentes – Antes de IRC 1.683,67€

561x Resultados Transitados 1.683,67€

5892x Outros Excedentes – Impostos 353,57€


Diferidos

561x Resultados Transitados 353,57€

2742x Passivos por Impostos Diferidos 353,57€

8122 Impostos Diferidos 353,57€

Nota explicativa: simultaneamente ao lançamento da depreciação de 2017 é necessário realizar a parte


do excedente de revalorização (1.683,67€) transferindo o mesmo da conta de excedentes para resultados
transitados e registando também o imposto diferido relativo ao excedente realizado.

Lançamento a efetuar na abertura de 2018:

Em 2018 a entidade passa a aplicar o normativo contabilístico SNC-AP que não prevê revalorizações livres
(apenas em algumas circunstâncias os ativos fixos tangíveis podem ser objeto de revalorização de acordo
com critérios e parâmetros a definir em dispositivo legal adequado – paragrafo 34 da NCP 5 – Ativos Fixos
tangíveis).

Desta forma, na abertura do ano de 2018 terá de se reverter os lançamentos efetuados aquando da
revalorização:

Conta Descrição Débito Crédito

431x Terrenos e Recursos Naturais 25 000 €

432x Edifícios e outras Construções 82 500 €

5891x Outros Excedentes – Antes de IRC 107 500 €

5892x Outros Excedentes – Impostos 22 575€


Diferidos

2742x Passivos por Impostos Diferidos 22 575€

E também os lançamentos das depreciações do ano anterior relacionados com o excedente de


revalorização:

28
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Conta Descrição Débito Crédito

564x Resultados Transitados 1.683,67€

4382x Depreciações Acumuladas - Edifícios 1.683,67€

5891x Outros Excedentes – Antes de IRC 1.683,67€

561x Resultados Transitados 1.683,67€

5892x Outros Excedentes – Impostos 353,57€


Diferidos

561x Resultados Transitados 353,57€

2742x Passivos por Impostos Diferidos 353,57€

564x Resultados Transitados 353,57€

No final de 2018, as depreciações voltam pois a ser efetuadas com base no custo histórico inicial:

Conta Descrição Débito Crédito

6422x Gastos de Depreciações - Edifícios 7 500 €

4382x Depreciações Acumuladas - Edifícios 7 500 €

Autores: Simões, Victor e Carvalho, João

CASO PRÁTICO N.º 6


Em Janeiro de 2017 a Associação de Municípios X comprou um aterro sanitário para depositar resíduos
industriais provenientes dos Municípios seus associados, pelo montante de 5 000 000€;

A capacidade do aterro está estimada em 5 anos, ao fim dos quais a entidade deve proceder ao seu
encerramento e efetuar a recuperação paisagística do local.

Na mesma data o custo estimado para as referidas operações de encerramento do aterro eram de
1 000 000 € e a taxa do custo médio do capital da Associação é de 6%.

- Efetue o tratamento contabilístico das operações nos períodos de 2017 a 2021.

Resolução

Ano 2017

Em 2017 a Associação de Municípios X reconheceu em Imobilizações Corpóreas a compra do aterro


sanitário:

Conta Montante Débito/Crédito

421x – Terrenos e Recursos 5 000 000 € D


Naturais - Aterro

12x – Depósitos à Ordem 5 000 000 € C

29
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Uma vez que o bem tem uma vida útil de 5 anos a Associação de Municípios reconheceu a respetiva
amortização anual:

Conta Montante Débito/Crédito

4821x – Amortizações 1 000 000 € C


Imobilizações corpóreas

6621x – Amortizações – 1 000 000€ D


Imobilizações Corpóreas

O POCAL no ponto 2.7.1 – Provisões não prevê esta situação.

Ano 2018

Abertura 2018

Em virtude da alteração do código de conta a Associação de Municípios deve reclassificar a conta 42 –


Imobilizações Corpóreas para a conta 43 – Ativos Fixos tangíveis, bem como as depreciações acumuladas
da conta 4821x para a conta 438x.

Com a entrada em vigor do SNC-AP a entidade deve ter em atenção no reconhecimento das suas provisões
o preconizado no parágrafo 16 da NCP 15 – Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes:

16 — Uma provisão deve ser reconhecida quando, cumulativamente:


(a) Uma entidade tem uma obrigação presente (legal ou construtiva) como resultado de um
acontecimento passado;
(b) É provável que seja exigido um exfluxo de recursos incorporando benefícios económicos ou potencial
de serviço para pagar essa obrigação;
(c) Pode ser feita uma estimativa fiável da quantia dessa obrigação

Desta forma a entidade pública é obrigada a tratar como provisão os gastos da requalificação paisagística
futura, de acordo com a sua melhor estimativa (parágrafo 37) e de acordo com o valor presente, quando
o efeito temporal do dinheiro é materialmente relevante (parágrafo 45).

Em 2018, em primeiro lugar é necessário determinar o exfluxo previsto a suportar na data de


encerramento do aterro, para poder efetuar o ajustamento de transição, ou seja, a abertura em 2018.

O Valor descontado da provisão será dado por = 1 000 000/(1+6%)5 = 747 257,17€

Data Valor Presente da Valor dos Juros Pagamento Final


Provisão

2017 747 258,17 € 44 835,49 €

2018 792 093,66 € 47 525,62 €

2019 839 619,28 € 50 377,16 €

2020 889 996,44 € 53 399,79 €

2021 943 396,23 € 56 603,77 € 1 000 000,00 €

30
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

O Lançamento contabilístico na abertura de 2018 (para colocar o balanço de 2017 em referencial SNC –
AP) será:

Conta Montante Débito/Crédito

431x – Terrenos e Recursos 747 257,17€ D


Naturais

295x – Provisões Matérias 747 257,17€ C


Ambientais

A depreciação anual do período de 2017 é calculada como se segue:

Custo do Aterro 5 747 257,17€

Valor de Aquisição 5 000 000 €

Provisão para Encerramento 747 257,17€

Vida Útil 5 Anos

Quota Anual de depreciação 1 149 451,63€

Desta forma o montante de 149 451,63€ deverá na abertura de 2018, ser somado às depreciações
acumuladas do bem por contrapartida conta de resultados transitados – 56:

Conta Montante Débito/Crédito

438x – Depreciações 149 451,63€ C


Terrenos e Recursos
Naturais

564x – Resultados 149 451,63€ D


Transitados de períodos
anteriores - transição

No final de 2017 haveria também reconhecimento do gasto financeiro por contrapartida do aumento da
provisão, que deve ser registado na conta de resultados transitados na abertura de 2018:

Conta Montante Débito/Crédito

295x – Provisões Matérias 44 835,49 € C


Ambientais

564x – Resultados 44 835,49 € D


Transitados –Transição

31
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Fecho 2018

No final do período de 2018 há lugar ao reconhecimento da depreciação anual e do gasto financeiro


desse ano:

Conta Montante Débito/Crédito

438x – Depreciações 1 149 451,63€ C


Terrenos e Recursos
Naturais

642x – Depreciações AFT 1 149 451,63€ D

Conta Montante Débito/Crédito

295x – Provisões Matérias 47 525,62 € C


Ambientais

6988 – Outros Juros 47 525,62 € D

Ano 2019

Lançamentos contabilísticos a efetuar no final de 2019:

Conta Montante Débito/Crédito

438x – Depreciações 1 149 451,63€ C


Terrenos e Recursos
Naturais

642x – Depreciações AFT 1 149 451,63€ D

Conta Montante Débito/Crédito

295x – Provisões Matérias 50 377,16 € C


Ambientais

6988 – Outros Juros 50 377,16 € D

Ano 2020

Lançamentos contabilísticos a efetuar no final de 2020:

Conta Montante Débito/Crédito

438x – Depreciações 1 149 451,63€ C


Terrenos e Recursos
Naturais

642x – Depreciações AFT 1 149 451,63€ D

32
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Conta Montante Débito/Crédito

295x – Provisões Matérias 53 399,79 € C


Ambientais

6988 – Outros Juros 53 399,79 € D

Ano 2021

Lançamentos contabilísticos a efetuar no final de 2021:

Conta Montante Débito/Crédito

438x – Depreciações 1 149 451,63€ C


Terrenos e Recursos
Naturais

642x – Depreciações AFT 1 149 451,63€ D

Conta Montante Débito/Crédito

295x – Provisões Matérias 56 603,77 € C


Ambientais

6988 – Outros Juros 56 603,77 € D

No final de 2021 o nosso bem está totalmente depreciado e o valor da provisão registada na conta 295 é
de 1 000 000 €, sendo o passo seguinte a sua utilização pelo pagamento da recuperação paisagística do
local.

Conta Montante Débito/Crédito

295x – Provisões Matérias 1 000 000,00€ D


Ambientais

12x – Depósitos à Ordem, 1 000 000,00€ C

Autores: Simões, Victor e Carvalho, João

2. Classificador Complementar II

O anexo III ao Decreto-lei 192/2015 de 11/9 apresenta no ponto 7 – o classificador complementar 2 –


Cadastro e vidas úteis dos ativos fixos tangíveis; ativos intangíveis e propriedades de investimento.

Este classificador substitui a Portaria n.º 671/2000, 17 de abril, que aprovou o CIBE — Cadastro e
Inventário dos Bens do Estado, contendo:

33
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

a) Os códigos para efeitos de cadastro dos ativos fixos tangíveis, intangíveis e propriedades de
investimento, registados na Classe 4 do subsistema de contabilidade financeira;

b) As respetivas vidas úteis a serem utilizadas como referência pelas entidades, nomeadamente
na aplicação do método de depreciação da linha reta, em ativos fixos tangíveis e propriedades de
investimento.

Os primeiros dígitos coincidem com as contas da classe 4 do PCM. Deverá existir uma ficha de cadastro
por cada bem.

As depreciações e amortizações correspondem à desvalorização normal dos ativos fixos, decorrentes do


gasto com a sua utilização, devendo, por regra, utilizar-se o método da linha reta, considerando a vida útil
de referência da tabela.

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Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

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Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Fonte: Diário da República, 1ª Série – N.º 178 – 11 de setembro de 2015

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Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Fonte: Diário da República, 1ª Série – N.º 178 – 11 de setembro de 2015

PARTE II

47
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

3.Propriedades de Investimento (NCP 8)

3.1 Âmbito

Esta Norma aplica-se na contabilização de propriedades de investimento incluindo quanto à mensuração


nas demonstrações financeiras de um locatário dos interesses em propriedades de investimento detidos
segundo uma locação financeira, e à mensuração nas demonstrações financeiras de um locador de
propriedades de investimento disponibilizadas a um locatário numa locação operacional.

Propriedade de investimento é um terreno ou um edifício, ou parte de um edifício, ou ambos, detidos


(pelo proprietário, ou pelo locatário segundo uma locação financeira) para obtenção de rendas ou para
valorização do capital, ou ambos, e que não seja para:

Usar na produção ou fornecimento de bens ou serviços ou para fins administrativos; ou

Vender no decurso normal das operações.

Apresentam-se a seguir exemplos de propriedades de investimento:

Terreno detido por uma autarquia para valorização do capital que pode ser vendido num
momento vantajoso no futuro.

Terreno detido para um uso futuro atualmente indeterminado. Se uma entidade não tiver
determinado que usará o terreno como propriedade ocupada pelo titular, incluindo ocupação
para prestar serviços tais como os proporcionados por parques nacionais a gerações correntes e
futuras, ou para venda a curto prazo no decurso normal das operações, o terreno é considerado
como estando detido para valorização de capital.

Edifício propriedade da entidade (ou detido pela entidade segundo uma locação financeira) e
locado segundo uma ou mais locações operacionais numa base comercial.

Uma propriedade que está a ser construída ou desenvolvida para uso futuro como propriedade
de investimento.
Apresentam-se a seguir exemplos de itens que não são propriedades de investimento e, por isso, não
estão no âmbito desta Norma:

Propriedade detida para venda no decurso normal das operações ou em construção ou


desenvolvimento para venda (ver NCP 10 - Inventários). Por exemplo, uma entidade pública pode
ter como atividade principal ou complementar a compra e venda de propriedades com o objetivo
da sua alienação subsequente no futuro próximo ou para desenvolvimento para revenda sendo
tais propriedades classificadas como inventário. Um departamento de habitação social pode por
rotina vender parte do seu inventário de casas no decurso normal das suas operações em
resultado de alterações demográficas, caso em que a existência de casas detidas para venda é
classificada como inventário.

48
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Propriedade ocupada pelo titular (ver NCP 5) incluindo, propriedade detida para uso futuro como
propriedade ocupada pelo titular, propriedade detida para desenvolvimento futuro e
subsequente uso como propriedade ocupada pelo titular, propriedade ocupada por empregados
tal como habitações para militares (quer os militares paguem ou não uma renda a preços de
mercado) e propriedade ocupada pelo titular aguardando alienação.

Propriedade que seja locada a uma outra entidade segundo uma locação financeira.

Propriedade detida para prestar um serviço social, mas que também gera influxos de caixa. Por exemplo,
um departamento de habitação pode deter um grande inventário de casas usadas para proporcionar
habitação a famílias de baixo rendimento a rendas abaixo do mercado. Nesta situação, a propriedade é
detida para prestar serviços de habitação e não para obter rendas ou valorização de capital, e o
rendimento gerado pelas rendas é inerente aos objetivos que estão na base da detenção da propriedade.
Esta propriedade não é considerada uma propriedade de investimento e seria contabilizada de acordo
com a NCP 5.

Propriedade detida para fins estratégicos que seria contabilizada de acordo com a NCP 5.

Um interesse em propriedade que seja detido por um locatário numa locação operacional pode ser
classificado e contabilizado como propriedade de investimento se, e apenas se:

A propriedade satisfizer a definição de propriedade de investimento; e

O locatário usar o modelo do justo valor.

As entidades públicas detêm propriedades que compreendem uma parte utilizada como Propriedade de
Investimento e outra parte para uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços ou para finalidades
administrativas (AFT). Se as partes puderem ser vendidas ou locadas separadamente, devem ser
contabilizadas separadamente. Se não, então é Propriedade de Investimento apenas se a parte detida
para uso (AFT) for insignificante.

No caso de Propriedades de Investimento usadas por entidades consolidadas, nas Demonstrações


Financeiras consolidadas esses imóveis não são reconhecidos como PI, mas como AFT se servirem os
interesses do grupo público.

49
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

3.2 Reconhecimento

Fonte: Manual de Implementação SNC-AP

Uma propriedade de investimento deve ser reconhecida como um ativo quando, e apenas quando:

For provável que fluirão para a entidade benefícios económicos futuros ou potencial de serviço
associados à propriedade de investimento; e

O custo ou o justo valor da propriedade de investimento puder ser mensurado com fiabilidade.

Em determinadas circunstâncias, uma propriedade de investimento pode ser adquirida sem custo ou a
um custo simbólico. Nestes casos, o custo da propriedade de investimento na data de aquisição é o seu
justo valor.

Partes das Propriedades de Investimento podem ter sido adquiridas para substituição. Deve ser
reconhecido o custo de substituição e desreconhecida a parte substituída.

50
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

3.3 Mensuração

As propriedades de investimento devem ser inicialmente mensuradas pelo seu custo (os custos de
transação devem ser incluídos nesta mensuração inicial).

O custo de aquisição de uma propriedade investimento compreende o seu preço de compra e quaisquer
dispêndios que lhe sejam diretamente atribuíveis. Estes dispêndios incluem, por exemplo, honorários
profissionais por serviços legais, impostos de transferência da propriedade e outros custos de transação.

O custo das propriedades de investimento não é acrescido de:

Custos de arranque (a menos que sejam necessários para colocar a propriedade na condição
necessária para ser capaz de operar na maneira pretendida pelo órgão de gestão);

Perdas operacionais iniciais suportadas antes da propriedade de investimento atingir o nível


planeado de ocupação; ou

Quantias anormais de materiais, mão-de-obra ou de outros custos desperdiçados que tenham


sido suportadas na construção ou desenvolvimento da propriedade.

Se o pagamento da propriedade de investimento for diferido, o seu custo é o equivalente ao preço a


dinheiro. A diferença entre esta quantia e os pagamentos totais deve ser reconhecida como gasto de juros
durante o período de crédito.

Uma propriedade de investimento pode ser adquirida através de uma transação sem contraprestação e,
nesse caso, o seu custo deve ser mensurado pelo seu justo valor à data da aquisição.

Uma propriedade de investimento pode também ser adquirida através de uma transação sem
contraprestação pelo exercício de poderes de apropriação. Também nestas circunstâncias o custo da
propriedade é o seu justo valor à data em que é adquirida.

Quando uma entidade reconhecer inicialmente a sua propriedade de investimento ao justo valor, esse é
o custo da propriedade. A entidade pode decidir, subsequentemente ao reconhecimento inicial, adotar
ou o modelo do justo valor ou o modelo do custo previstos na presente Norma.

O custo inicial de um interesse de propriedade detido segundo uma locação e classificado como uma
propriedade de investimento deve ser apurado conforme prescrito para uma locação financeira na NCP 6
— Locações, isto é, o ativo deve ser reconhecido pela quantia mais baixa entre o justo valor da
propriedade e o valor presente dos pagamentos mínimos da locação. De acordo com essa mesma Norma
deve ser reconhecida como passivo uma quantia equivalente.

No caso de troca, o custo das Propriedades de Investimento deve ser mensurado pelo Justo Valor a não
ser que a transação não tenha substância comercial ao Justo Valor dos ativos recebido e cedido e não
possam ser mensurados com fiabilidade. Se o ativo adquirido não for mensurado ao justo valor, o seu
custo é mensurado pela quantia escriturada do ativo cedido.

Uma entidade deve escolher como mensuração subsequente o modelo do justo valor ou modelo do custo.
É altamente improvável que uma alteração do modelo de justo valor para o modelo do custo, resulte
numa apresentação mais relevante (NCP 2 – Alterações de Políticas Contabilísticas).

Exige-se que todas as entidades determinem o justo valor das propriedades de investimento para efeitos
de mensuração (se a entidade usar o modelo do justo valor) ou de divulgação (se a entidade usar o modelo
do custo).

51
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Após o reconhecimento inicial, uma entidade que opte por utilizar o modelo do justo valor deve mensurar
todas as suas propriedades de investimento ao justo valor, exceto se for incapaz de o mensurar com
fiabilidade.

Um ganho ou uma perda proveniente de uma alteração no justo valor de propriedades de investimento
deve ser reconhecido nos resultados do período em que ocorre.

O PCM apresenta as seguintes contas e códigos, relacionadas com Propriedades de Investimento.

42 Propriedades de investimento

420 Bens de domínio público

4201 Terrenos e recursos naturais

4202 Edifícios e outras construções …

4209 Outros

421 Terrenos e recursos naturais

422 Edifícios e outras construções …

426 Outras propriedades de investimento …

428 Depreciações acumuladas

429 Perdas por imparidade acumuladas

45 Investimentos em curso

452 Propriedades de investimento em curso

66 Perdas por reduções de justo valor

663 Em propriedades de investimento

77 Ganhos por aumentos de justo valor

773 Em propriedades de investimento

76 Reversões

761 De depreciações e de amortizações

7611 Propriedades de investimento

Uma entidade deve determinar o justo valor sem dedução dos custos de transação em que possa incorrer
na venda ou outra forma de alienação.

O justo valor das propriedades de investimento deve refletir as condições de mercado à data de relato.

52
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

O justo valor das propriedades de investimento refletem, entre outras coisas, o rendimento das rendas
de locações correntes e os pressupostos razoáveis e justificáveis que representam o que partes
conhecedoras e dispostas a negociar assumiriam acerca de tal rendimento à luz das condições correntes.

A melhor evidência do justo valor é dada através de preços correntes num mercado ativo para
propriedades similares na mesma localização e condição e sujeita a locação e outros contratos similares.

Se uma entidade apurar que o justo valor de uma propriedade de investimento (que não esteja em
construção) não é fiavelmente determinável numa base continuada, deve mensurar essa propriedade de
investimento aplicando o modelo do custo previsto na NCP 5 — Ativos Fixos Tangíveis.

Após o reconhecimento inicial, uma entidade que escolha o modelo do custo deve mensurar todas as suas
propriedades de investimento de acordo com os requisitos da NCP 5 — Ativos Fixos Tangíveis, isto é, ao
custo menos depreciação acumulada e perdas por imparidade acumuladas.

3.4 Transferências

As transferências para, ou de, propriedades de investimento devem ser feitas quando, e apenas quando,
existir uma alteração no uso, evidenciada por:

Começo da ocupação pelo titular — no caso de uma transferência de propriedade de investimento


para propriedade ocupada pelo titular;

Começo do desenvolvimento com o objetivo de venda — no caso de uma transferência de


propriedade de investimento para inventários;

Fim da ocupação pelo titular — no caso de uma transferência de propriedade ocupada pelo titular
para propriedade de investimento; ou

Começo de uma locação operacional (numa base comercial) — no caso de uma transferência de
inventários para propriedade de investimento.

Quando uma entidade usar o modelo do custo, as transferências entre propriedades de investimento,
propriedade ocupada pelo titular e inventários não alteram a quantia escriturada da propriedade
transferida e não alteram o custo da propriedade para efeitos de mensuração ou divulgação.

No caso de uma transferência de propriedades de investimento registada pelo justo valor para
propriedade ocupada pelo titular ou para inventários, o custo da propriedade para contabilização
subsequente segundo a NCP 5 — Ativos Fixos Tangíveis ou a NCP 10 — Inventários, deve ser o seu justo
valor à data da alteração do uso.
Se uma propriedade ocupada pelo titular se tornar uma propriedade de investimento que vai ser registada
ao justo valor, uma entidade deve aplicar a NCP 5 — Ativos Fixos Tangíveis até à data da alteração no uso.
A entidade deve tratar qualquer diferença nessa data entre a quantia escriturada da propriedade segundo
a NCP 5 e o seu justo valor da mesma maneira que uma revalorização segundo essa Norma.

No caso de uma transferência de inventários para propriedades de investimento que vai ser registada ao
justo valor, qualquer diferença entre o justo valor da propriedade nessa data e a sua anterior quantia
escriturada deve ser reconhecida nos resultados.

53
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Quando uma entidade concluir a construção ou o desenvolvimento de uma propriedade de investimento


construída para si própria que vai ser registada ao justo valor, qualquer diferença entre o justo valor da
propriedade nessa data e a sua quantia escriturada anterior deve ser reconhecida nos resultados.

3.5 Desreconhecimento

Uma propriedade de investimento deve ser desreconhecida na data de alienação ou quando for
permanentemente retirada do uso e da sua alienação não se esperam benefícios económicos futuros ou
potencial de serviço.

Se uma entidade reconhecer na quantia escriturada de um ativo o custo de substituição de uma parte da
propriedade de investimento, deve desreconhecer a quantia escriturada da parte substituída. No caso de
propriedades de investimento contabilizadas segundo o modelo do custo, uma parte substituída pode
não ser uma parte que era depreciada separadamente. Se não for praticável para uma entidade
determinar a quantia escriturada da parte substituída, pode usar o custo da substituição como uma
indicação de qual seria o custo da parte substituída à data em que foi adquirida ou construída.

Os ganhos ou perdas provenientes do abate ou alienação de propriedades de investimento devem ser


determinados como a diferença entre os rendimentos líquidos da alienação e a quantia escriturada do
ativo e devem ser reconhecidos nos resultados.

O PCM apresenta as seguintes contas e códigos relacionados com o desreconhecimento

787 Rendimentos e ganhos em investimentos não financeiros

7871 Alienações

78711 Propriedades de investimento

687 Gastos e perdas em investimentos não financeiros

6871 Alienações

68711 Propriedades de investimento

Se o pagamento de uma propriedade de investimento for diferido, a retribuição recebida deve ser
reconhecida inicialmente pelo preço a dinheiro equivalente. A diferença entre a quantia nominal da
retribuição e o preço a dinheiro equivalente deve ser reconhecida como rendimento de juro segundo a
NCP 13 usando o modelo do juro efetivo.

No Regime Simplificado aprovado pela Portaria 218/2016 de 9 de Agosto, não está prevista a opção pelo
Modelo do Justo Valor.

O parágrafo 102 da NCP-PE estabelece que as Propriedades de Investimento devem ser mensuradas pelo
custo e os custos de transação devem ser incluídos na mensuração inicial.

54
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

As Propriedades de Investimento no Regime Simplificado são depreciadas de acordo com o Classificador


Complementar II.

3.6 NOTAS EXPLICATIVAS

42 Propriedades de investimento

Conforme a NCP 8 - Propriedades de Investimento, esta conta regista os terrenos ou edifícios, ou parte
de edifícios, ou ambos, detidos pelo proprietário, ou pelo locatário numa locação financeira, para obter
rendas ou para valorização do capital, ou ambos, não sendo para usar na produção ou fornecimento de
bens ou serviços ou para fins administrativos (conta 43), nem para vender no decurso normal das
operações (contas 324, 343 ou 36).

Esta conta poderá incluir bens de domínio público e património histórico, artístico e cultural,
excecionalmente destinado a investimento (conta 420).

As contas 420 a 426 têm registo geralmente similar às contas 430 a 437, nomeadamente nas aquisições,
transferências a favor da entidade, alienações, abates, transferências para outras entidades, entre outras.

420 Bens de domínio público

Inclui os terrenos e recursos naturais (conta 4201), edifícios e outras construções (conta 4202), e outros
(conta 4209), destinados a obter rendas ou para valorização do capital, ou ambos.

421 Terrenos e recursos naturais

Compreende os terrenos e recursos naturais (por exemplo, plantações de natureza permanente, minas e
pedreiras) não afetos às atividades operacionais da entidade, ou seja, destinados a obter rendas ou para
valorização do capital, ou ambos.

V. nota explicativa à conta 431.

422 Edifícios e outras construções

Compreende os edifícios e outras construções, não afetos às atividades operacionais da entidade, ou seja,
destinados a obter rendas ou para valorização do capital, ou ambos.

V. nota explicativa à conta 432.

428/438/448 Depreciações/Amortizações acumuladas

A depreciação ou amortização dos ativos não correntes deve obedecer aos requisitos da NCP 3 - Ativos
Intangíveis, da NCP 5 - Ativos Fixos Tangíveis e da NCP 8 - Propriedades de Investimento, bem como ao
Classificador Complementar 2 do PCM.

Esta conta é creditada no momento do cálculo das depreciações ou amortizações do período, por
contrapartida das respetivas subcontas da conta 64 Gastos de depreciação e de amortização. É debitada
no momento do desreconhecimento, nomeadamente por alienação, abate ou transferência para outra
categoria de ativo.

55
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Para efeitos do cálculo das depreciações e amortizações, a entidade deve utilizar o método das quotas
constantes (também designado por método da linha reta), cujas vidas úteis de referência constam no
Classificador Complementar 2 do PCM.

429, 439, 449 e 459 Perdas por imparidade acumuladas

Estas contas registam as diferenças acumuladas entre as quantias escrituradas e as que resultem da
aplicação dos critérios de mensuração dos correspondentes ativos incluídos na Classe 4, podendo ser
subdivididas a fim de facilitar o controlo e possibilitar a apresentação das quantias líquidas no balanço.

As perdas por imparidade anuais são registadas nas subcontas apropriadas da conta 65 Perdas por
imparidade, e as suas reversões (quando deixarem de existir as situações que originaram tais perdas) são
registadas nas subcontas apropriadas da conta 762 Reversões (De perdas por imparidade).

Quando se verificar o desreconhecimento dos ativos a que respeitem as imparidades, estas contas serão
debitadas por contrapartida das respetivas subcontas da Classe 4, tomando-se como referência para o
desreconhecimento a respetiva quantia líquida.

Sobre perdas por imparidade de ativos, v. a NCP 9 - Imparidade de ativos.

45 Investimentos em curso

Abrange os investimentos de adição, melhoramento ou substituição enquanto não estiverem concluídos.


Inclui também os adiantamentos feitos por conta de investimentos, cujo preço esteja previamente fixado.

A conta deve ser desdobrada considerando subcontas idênticas às das contas 42, 43 e 44.

É uma conta de uso temporário, que deverá ser saldada para as contas 42, 43 e 44, quando o respetivo
ativo fica concluído e começa a ser utilizado.

66 Perdas por reduções de justo valor

Esta conta regista as perdas por reduções de justo valor a serem reconhecidas no período, relativas a
instrumentos financeiros, investimentos financeiros, propriedades de investimento e ativos biológicos,
em obediência aos preceitos das NCP 8 - Propriedades de Investimento, NCP 11 - Agricultura e NCP 18 -
Instrumentos Financeiros.

Debita-se por contrapartida das contas dos ativos cujo justo valor deve ser reduzido.

687 Gastos e perdas em investimentos não financeiros

Respeita aos gastos e perdas relacionados com os investimentos não financeiros contabilizados nas contas
42, 43, 44 e 45.

As contas 6871/6872/6873 são debitadas pela quantia escriturada bruta do ativo e creditadas pelas
amortizações e depreciações acumuladas e perdas por imparidade acumuladas, por contrapartida das
contas respetivas da Classe 4.

O produto da venda é creditada na conta 6871 Alienações e, no caso de um sinistro, a eventual


indemnização creditada na conta 6872 Sinistros.

76 Reversões

Regista-se nesta conta o desreconhecimento (anulação ou diminuição) de depreciações, amortizações,


perdas por imparidade e provisões, creditando-se por contrapartida dessas contas.

761 De depreciações e de amortizações

56
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Esta conta credita-se por contrapartida das contas 428, 438 ou 448, quando se verificar uma anulação ou
diminuição de depreciações ou amortizações previamente registadas nestas contas.

77 Ganhos por aumentos de justo valor

Regista o ganho por aumento do justo valor em instrumentos financeiros, investimentos financeiros,
propriedades de investimento e em ativos biológicos, quando as variações do justo valor devem ser
reconhecidas diretamente nos resultados, nos termos da NCP 18 - Instrumentos Financeiros, NCP 8 -
Propriedades de Investimento e NCP 11 - Agricultura.

78 Outros rendimentos e ganhos 781 Rendimentos suplementares

Esta conta regista os ganhos inerentes ao valor acrescentado, das atividades que não sejam próprias dos
objetivos principais da entidade.

787 Rendimentos e ganhos em investimentos não financeiros

7871 Alienações

Esta conta é utilizada quando ocorre uma mais-valia contabilística.

3.7 CASOS PRÁTICOS

CASO PRÁTICO N.º 1

A entidade pública EP comprou uma propriedade de investimento em 23 de maio de 2017 por 2 000 000€,
a pronto (500 000€ respeitam ao terreno e 1 500 000€ ao edifício, todos os custos incluídos). Nos termos
do parágrafo da NCP 8, entidade pública escolheu o modelo do justo valor na mensuração após
reconhecimento. No final de 2017, o preço corrente num mercado ativo para propriedades similares na
mesma localização e condição e sujeitas a locação e outros contratos similares era de 2 500 000€ (o
terreno passa a valer 750 000€ e o edifício 1 750 000€).

Pedido: Proceda à escrituração das transações e outros eventos referidos.

Escrituração:

Descrição Contas Débito Crédito


[maio/N] Pela 421 Propriedade de investimento- 500 000€
aquisição da Terrenos e recursos naturais
propriedade de 422 Propriedades de investimento- 1 500 000€
investimento a pronto Edifícios e outras construções
121 Depósito à ordem no Tesouro 2 000 000€
[dez/N] Pelo ganho 421 Propriedades de investimento- 125 000€
decorrente do Terrenos e recursos naturais
aumento do justo 422 Propriedades de investimento- 375 000€
valor em PI Edifícios e outras construções
773 Ganhos por aumentos do justo 500 000€
valor em propriedades de investimento

Nota: A variação do justo valor foi imputada proporcionalmente ao terreno e edifício.


Autores: Nunes, Alberto Velez; Roderigues, Lúcia Lima; Viana, Luís Cracel

57
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

CASO PRÁTICO N.º 2

Considerando as propriedades detidas pela entidade pública A descritas seguidamente, identifique


justificadamente aquelas que devem ser classificadas como propriedades de investimento nos termos
da NCP 8 – Propriedades de Investimento.

a) A entidade pública A dedica-se à produção de refeições e comprou um armazém para


armazenar os alimentos que usa na confeção das refeições;

b) A entidade pública A detém um lote de terreno para construção que não pretende afetar à sua
atividade e que detém uma potencial valorização;

c) A entidade pública A arrendou um terreno à entidade pública B;

d) A entidade pública A comprou um novo edifício para expandir as suas atividades de prestação
de serviço;

e) A entidade pública A arrendou ao Banco Lusitano um escritório que lhe foi doado na Avenida da
Liberdade.

Resolução:

a) e d) são ativos fixos tangíveis porque são usados na produção ou fornecimento de bens ou serviços;
as restantes são propriedades de investimento porque são terrenos ou edifícios, ou ambos, detidos para
obtenção de rendas, para valorização do capital, ou ambos (§ 5 da NCP8- Propriedades de
Investimentos).
Autores: Nunes, Alberto Velez; Roderigues, Lúcia Lima; Viana, Luís Cracel

CASO PRÁTICO N.º 3

A Universidade Alfa tem dois terrenos que estão contabilizados nas seguintes contas (POC-E) ao custo:

Contas Valor

4141 Investimentos Financeiros 500 000€


Terrenos e Recursos Naturais
421 Imobilizações Corpóreas 400 000€
Terrenos e Recursos Naturais

O terreno 1 está arrendado a um agricultor e em 2/1/2018, a Universidade decidiu que as suas


propriedades de investimento passassem a ser valorizadas pelo modelo do justo valor1 sendo que o
relatório do avaliador independente atribuiu a este terreno o valor de 850 000€.

O terreno 2 não tem tido uso, pelo proprietário e tem o objetivo de valorização futura. O perito atribuiu
um valor de mercado de 900 000€.

1
Note-se que a opção pelo modelo de justo valor só pode ser tomada no período em que o normativo SNC –AP entra em vigor (2018) e não no
ano em que é aplicável o normativo anterior. Assim, a opção pelo justo valor, não é em nossa opinião um ajustamento de transição, a qual é feita
ao custo. Quando a opção é tomada a diferença entre o justo valor e o custo é registado nos resultados do período da mensuração subsequente
(conta 773). A regra de transição da página 43 do Manual de implementação só é aplicável quando não se conheça o custo com fiabilidade.

58
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Resolução:

Na transição o terreno 1 é reclassificado automaticamente para a conta 421 – Propriedades de


Investimento – Terrenos e Recursos Naturais, pelo custo, pelo valor de 500 000€ (ver tabela do capítulo 3
do Manual de Implementação, Pág. 54) e aí se mantem.

Quanto ao terreno 2 e de acordo com a tabela do Manual de implementação, é reclassificado na transição


para a conta 431x – Terrenos e Recursos Naturais.

De acordo com o parágrafo 5 da NCP 8 – Propriedades de Investimento, este terreno é classificado como
tal porque se destina a valorização futura, e conforme o parágrafo 32 uma entidade ao escolher o modelo
do justo valor (decisão de 2/1/2018) deve aplicar essa política a todas as suas Propriedades de
Investimento. Pelo que é efetuado um lançamento de passagem do saldo para a conta 421 – Propriedades
de Investimento.

Os lançamentos a efetuar serão os seguintes:

1. Na abertura a 1/1/2018

Contas Débito Crédito

431x Terrenos e Recursos Naturais 400 000€

421 Propriedades de Investimento (terreno 2) 400 000€

2. Em 2/1/2018

Contas Débito Crédito

421 Propriedades de Investimento 350 000€

773 Ganhos por aumento Justo Valor (efeito do terreno 1) 350 000€

3. Em 2/1/2018

Contas Débito Crédito

421 Propriedades de Investimento 500 000€

773 Ganhos por aumento Justo Valor 500 000€

No preenchimento do Quadro 1 da página 38 deveria considerar-se:

59
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Rubricas de balanço Valores conforme Reclassificações SNC-AP


normativo anterior (2)
(9) (10)

Ativos Fixos Tangíveis 400 000€ (400 000€) 0€

Propriedades de Investimento 900 000€ 900 000€

Outros Ativos Financeiros 500 000€ (500 000€) 0€


Autores: Simões, Victor e Carvalho, João

4.Imparidades (NCP 9)
O objetivo desta Norma é prescrever os procedimentos que uma entidade deve aplicar para determinar
se um ativo está em imparidade e assegurar que as perdas por imparidade são reconhecidas. A Norma
também especifica quando uma entidade deve reverter uma perda por imparidade.

Uma entidade deve aplicar esta Norma na contabilização da imparidade de ativos, exceto para:

Inventários;

Ativos provenientes de contratos de construção;

Ativos financeiros incluídos no âmbito da NCP 18 — Instrumentos Financeiros;

Propriedades de investimento mensuradas pelo modelo do justo valor;

Ativos fixos tangíveis e ativos intangíveis mensurados por quantias revalorizadas;

Ativos decorrentes de benefícios de empregados;

Goodwill;

Ativos biológicos relativos à atividade agrícola mensurados pelo justo valor menos custos de venda;

Outros ativos relativamente aos quais existem requisitos contabilísticos de imparidade noutras NCP. Esta
Norma não se aplica a estes ativos porque as NCP existentes que lhes são especificamente aplicáveis
contêm os respetivos requisitos de reconhecimento e mensuração da imparidade.

Os termos seguintes são usados nesta Norma com os significados indicados:

Imparidade é uma perda de benefícios económicos futuros ou potencial de serviço de um ativo, para além
do reconhecimento sistemático da perda dos benefícios económicos futuros ou potencial de serviço desse
ativo por via da depreciação.

Justo valor menos custos de vender é a quantia a obter da venda de um ativo numa transação entre
partes conhecedoras e dispostas a negociar e em que não haja relacionamento entre elas, menos os
custos de alienação.

Quantia recuperável de serviço é a maior quantia entre o justo valor de um ativo não gerador de caixa
menos custos de vender e o seu valor de uso.

60
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Uma unidade geradora de caixa é o mais pequeno grupo de ativos identificáveis, detidos para gerar um
retorno económico, que gera influxos de caixa a partir do uso continuado e que é largamente
independente de outros ativos ou grupos de ativos

Valor de uso de um ativo gerador de caixa é o valor presente dos fluxos de caixa futuros que se espera
obter do uso continuado de um ativo e da sua alienação no final da sua vida útil.

Valor de uso de um ativo não gerador de caixa é o valor presente do potencial de serviço remanescente
do ativo.

Vida útil é, ou:

O período de tempo durante o qual se espera que um ativo seja usado pela entidade; ou

A quantidade de produção ou de unidades semelhantes que se espera obter do ativo pela entidade.

A determinação de uma perda por imparidade resulta da diferença entre a quantia escriturada do ativo e
a sua quantia recuperável. Para uma entidade determinar se um ativo está em imparidade utiliza um
conjunto de indicadores ou indícios na base dos quais faz os testes necessários para concluir se de facto
existe ou não uma perda do valor do ativo. Se houver, deve reconhecer essa perda.

Esquematicamente podemos representar este processo como segue:

Fonte: Manual de Implementação do SNC-AP

61
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

ATIVOS GERADORES DE CAIXA

Ativos geradores de caixa são ativos detidos para gerarem um retorno económico. Um ativo gera um
retorno económico quando é usado de forma consistente com a adotada por uma entidade comercial. A
detenção de um ativo para gerar um retorno económico indica que uma entidade pretende gerar influxos
de caixa a partir desse ativo (ou da unidade geradora de caixa de que o ativo faz parte), e obter um retorno
económico que reflita o risco envolvido pela sua detenção.

Existem algumas circunstâncias em que as entidades do setor público podem deter alguns ativos com o
objetivo principal de gerar um retorno económico, embora a maior parte dos ativos não sejam detidos
com essa finalidade.

Em alguns casos, um ativo pode gerar fluxos de caixa embora seja principalmente detido para prestar um
serviço.

Noutros casos, um ativo pode gerar fluxos de caixa e ser usado também para efeitos de não geração de
caixa.

Em alguns casos, pode não ser claro se o objetivo principal da detenção de um ativo é o de gerar um
retorno económico. Nesses casos, é necessário avaliar a importância dos fluxos de caixa para determinar
quais os requisitos a aplicar. Uma entidade deve desenvolver critérios para que possa exercer esse juízo
de forma consistente de acordo com a definição de ativo gerador de caixa e ativo não gerador de caixa.

Num ativo gerador de caixa a imparidade reflete uma diminuição nos benefícios económicos futuros ou
no potencial de serviço incorporado nesse ativo para a entidade que o controla. Por exemplo, uma
entidade municipal pode ter um parque de estacionamento que atualmente está utilizado em apenas 25
por cento da sua capacidade. Este parque é detido para fins comerciais e o órgão de gestão estimou que
gera uma taxa económica de retorno quando a utilização atinge 75 por cento ou mais da capacidade. A
redução na utilização não é acompanhada por um aumento significativo nas cobranças do parqueamento.
O ativo é visto como estando em imparidade porque a sua quantia escriturada excede a sua quantia
recuperável.

Uma entidade deve avaliar em cada data de relato se há qualquer indício de que um ativo possa estar em
imparidade. Se existir qualquer indício, deve estimar a quantia recuperável do ativo.

Ao avaliar se existe qualquer indício de que um ativo possa estar em imparidade, uma entidade deve
considerar, no mínimo, o seguinte:

Fontes externas de informação

Durante o período, o valor de mercado de um ativo diminuiu significativamente mais do que seria
esperado como resultado da passagem de tempo ou do seu uso normal;

Ocorreram durante o período, ou ocorrerão no futuro próximo, alterações significativas com um efeito
adverso na entidade, relativas ao ambiente tecnológico, de mercado, económico ou legal em que a
entidade opera, ou no mercado a que o ativo está afeto;

As taxas de juro de mercado ou outras taxas de retorno de investimentos aumentaram durante o período,
e é provável que esses aumentos afetarão a taxa de desconto usada no cálculo do valor de uso do ativo e
diminuirão materialmente a sua quantia recuperável.

Fontes internas de informação

Existência de obsolescência ou danos físicos no ativo;

62
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Ocorreram durante o período, ou espera-se que ocorrerão no futuro próximo, alterações significativas de
longo prazo com efeitos adversos na entidade, na extensão ou na forma em que um ativo é usado ou se
espera que seja usado. Estas alterações incluem um ativo tornar-se inútil, existir um plano para
descontinuar ou reestruturar as operações a que o ativo pertença, ou um plano para alienar um ativo
antes da data previamente esperada, e a reavaliação da vida útil de um ativo;

Uma decisão para suspender a construção do ativo antes de estar concluído ou em condições de ser
utilizado; e

Evidência indicando que o desempenho económico de um ativo está a ser, ou será, pior do que o
esperado.

Quantia recuperável é a maior quantia entre o justo valor de um ativo menos custos de vender e o seu
valor de uso.

Nem sempre é necessário determinar o justo valor do ativo menos custos de vender e o seu valor de uso.
Se uma destas quantias exceder a quantia escriturada, o ativo não está em imparidade e não é necessário
estimar a outra quantia.

A quantia recuperável é determinada para cada ativo individual, exceto se o ativo não gerar influxos de
caixa que sejam largamente independentes dos de outros ativos ou grupos de ativos.

Uma perda por imparidade de uma unidade geradora de caixa deve ser reconhecida se, e apenas se, a
quantia recuperável da unidade for inferior à sua quantia escriturada. A perda por imparidade deve ser
imputada para reduzir a quantia escriturada dos ativos geradores de caixa da unidade numa base pró-rata
e tendo em conta a quantia escriturada de cada ativo na unidade.

Ao imputar uma perda por imparidade de acordo com o parágrafo 115, uma entidade não deve reduzir a
quantia escriturada de um ativo abaixo da maior das seguintes quantias:

O seu justo valor menos custos de vender (se for determinável);

O seu valor de uso (se for determinável); e

Zero. A quantia da perda por imparidade que teria sido imputada ao ativo, deve ser imputada aos outros
ativos geradores de caixa da unidade numa base pró-rata.

Se a quantia recuperável de um ativo individual não puder ser determinada:

É reconhecida uma perda por imparidade do ativo, se a sua quantia escriturada for superior à maior
quantia entre o seu justo valor menos custos de vender e os resultados dos procedimentos de imputação;
e

Não é reconhecida qualquer perda por imparidade do ativo, se a respetiva unidade geradora de caixa não
estiver em imparidade. Isto aplica-se mesmo se o justo valor menos custos de vender do ativo for inferior
à sua quantia escriturada.

Para avaliar se existe qualquer indício de que uma perda por imparidade reconhecida em períodos
anteriores relativamente a um ativo, possa ter diminuído ou deixado de existir, uma entidade deve
considerar no mínimo as seguintes indicações. Esta situação pode originar o registo de uma reversão de
imparidade.

Fontes externas de informação

O valor de mercado do ativo aumentou significativamente durante o período;

63
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Ocorreram durante o período, ou ocorrerão no futuro próximo, alterações significativas com um efeito
favorável na entidade, relativas ao ambiente tecnológico, de mercado, económico ou legal em que a
entidade opera, ou no mercado a que o ativo está afeto;

As taxas de juro de mercado ou outras taxas de retorno de investimentos diminuíram durante o período,
e é provável que essas diminuições afetarão a taxa de desconto usada no cálculo do valor de uso do ativo
e aumentarão materialmente a sua quantia recuperável;

Fontes internas de informação

Ocorreram durante o período, ou espera-se que ocorrerão no futuro próximo, alterações significativas,
com efeito favorável na entidade, na extensão em que, ou na forma como, o ativo é usado, ou se espera
que seja usado. Estas alterações incluem os custos suportados durante o período para melhorar ou
aumentar o desempenho do ativo ou reestruturar a atividade à qual o ativo pertence;

Uma decisão de retomar a construção do ativo que anteriormente tenha sido suspensa antes de estar
concluído ou em condições de ser utilizado; e

Exista evidência indicando que o desempenho económico do ativo é, ou será, melhor do que o esperado.

A reclassificação de ativos geradores de caixa para ativos não geradores de caixa, ou vice-versa, só deve
ocorrer quando for claro que tal reclassificação é apropriada. Uma reclassificação, por si própria, não
desencadeia um teste de imparidade ou uma reversão de uma perda por imparidade. Em vez disso, o
indício para um teste de imparidade ou uma reversão de uma perda por imparidade provém, no mínimo,
dos indícios enumerados aplicáveis ao ativo após redesignação.

ATIVOS NÃO GERADORES DE CAIXA

Um ativo não gerador de caixa está em imparidade quando a quantia escriturada do ativo excede a sua
quantia recuperável de serviço. O parágrafo 23 identifica os principais indícios de provável ocorrência de
uma perda por imparidade. Se algum desses indícios estiver presente, deve fazer-se uma estimativa
formal da quantia recuperável de serviço.

Uma entidade deve avaliar em cada data de relato se há algum indício de que um ativo possa estar com
imparidade. Se existir algum indício, deve estimar a quantia recuperável de serviço do ativo.

Ao avaliar se existe algum indício de que um ativo possa estar em imparidade, uma entidade deve
considerar pelo menos o seguinte:

Fontes externas de informação

Cessação, ou cessação eminente, da procura ou da necessidade dos serviços proporcionados pelo ativo;

Ocorreram durante o período, ou ocorrerão no futuro próximo, alterações significativas de longo prazo
com um efeito adverso na entidade, no ambiente tecnológico em que a entidade opera, na legislação ou
na política governamental;

Fonte internas de informação

Evidência de obsolescência ou danos físicos no ativo;

Ocorreram durante o período, ou espera-se que ocorrerão no futuro próximo, alterações significativas de
longo prazo com efeitos adversos na entidade, na extensão ou na forma em que um ativo é usado ou se
espera que seja usado. Estas alterações incluem o ativo tornar-se inútil, existir um plano para

64
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

descontinuar ou reestruturar as operações a que o ativo pertença, ou um plano para alienar um ativo
antes da data previamente esperada, e a reavaliação da vida útil de um ativo;

Uma decisão para suspender a construção do ativo antes de estar concluído ou em condições de ser
utilizado; e

Evidência indicando que o desempenho de serviço de um ativo está a ser, ou será, significativamente pior
do que esperado.

A quantia recuperável de serviço é definida como a maior quantia entre o justo valor de um ativo menos
os custos de vender e o seu valor de uso.

Nem sempre é necessário determinar o justo valor menos custos de vender do ativo e o seu valor de uso.
Se uma destas quantias exceder a quantia escriturada, o ativo não está em imparidade e não é necessário
estimar a outra quantia.

A presente Norma define o valor de uso de um ativo não gerador de caixa como o valor presente do
potencial de serviço remanescente do ativo (ou seja, a sua quantia recuperável). Tal valor presente é
determinado utilizando qualquer das abordagens seguintes:

Abordagem pelo custo de reposição depreciado – o valor presente do potencial de serviço remanescente
do ativo é o custo de substituição depreciado do ativo. O custo de substituição depreciado é o custo de
reprodução ou de substituição do ativo (dos dois o mais baixo), deduzido da depreciação acumulada
calculada na base desse custo para refletir o potencial de serviço já consumido.

Abordagem pelo custo de restauro – o valor presente do potencial de serviço remanescente do ativo é o
custo estimado de restauro deduzido do custo de substituição depreciado do ativo antes da imparidade.
O custo de restauro é o custo de restaurar o potencial de serviço do ativo para o seu nível antes da
imparidade.

Abordagem pelas unidades de serviço – o valor presente do potencial de serviço remanescente do ativo
é o custo corrente do potencial de serviço do ativo reduzido para estar conforme a quantidade de
unidades de serviço esperadas no estado de imparidade.

A quantia escriturada de um ativo deve ser reduzida para a sua quantia recuperável de serviço se, e
apenas se, a quantia recuperável de serviço for menor do que a quantia escriturada. Essa redução é uma
perda por imparidade.
Uma perda por imparidade deve ser reconhecida imediatamente nos resultados.
Após o reconhecimento de uma perda por imparidade, o encargo da depreciação (amortização) do ativo
deve ser ajustado em períodos futuros para imputar a quantia escriturada revista do ativo, menos o seu
valor residual (se houver), numa base sistemática durante a sua vida útil remanescente.
Uma entidade deve avaliar em cada data de relato se há qualquer indício de que uma perda por
imparidade reconhecida em períodos anteriores possa ter diminuído ou deixado de existir. Verificando-
se tal indício, a entidade deve apurar a quantia recuperável estimada de serviço desse ativo.

65
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Ao avaliar se há qualquer indício de que uma perda por imparidade de um ativo reconhecida em períodos
anteriores possa ter diminuído ou deixado de existir, uma entidade deve considerar, pelo menos, o
seguinte, o que poderá originar a reversão da imparidade.
Fontes externas de informação
Ressurgimento da procura ou da necessidade dos serviços proporcionados pelo ativo;
Ocorreram durante o período, ou ocorrerão no futuro próximo, alterações significativas de longo prazo
com um efeito favorável na entidade, no ambiente tecnológico em que a entidade opera, na legislação
ou na política governamental.
Fontes internas de informação
Ocorreram durante o período, ou ocorrerão no futuro próximo, alterações significativas de longo prazo
com efeitos favoráveis na entidade, na extensão ou na forma como um ativo é usado ou se espera que
seja usado. Estas alterações incluem os custos suportados durante o período para melhorar ou aumentar
o desempenho de um ativo ou reestruturar a operação a que o ativo pertence;
Uma decisão para recomeçar a construção do ativo que anteriormente tenha sido suspensa antes de
estar concluído ou em condições de ser utilizado; e
Evidência indicando que o desempenho de serviço de um ativo é, ou será, significativamente melhor do
que esperado.

4.1 NOTAS EXPLICATIVAS


As contas aplicáveis às imparidades e respetivas notas são as seguintes:

429, 439, 449 e 459 Perdas por imparidade acumuladas


Estas contas registam as diferenças acumuladas entre as quantias escrituradas e as que resultem da
aplicação dos critérios de mensuração dos correspondentes ativos incluídos na Classe 4, podendo ser
subdivididas a fim de facilitar o controlo e possibilitar a apresentação das quantias líquidas no balanço.
As perdas por imparidade anuais são registadas nas subcontas apropriadas da conta 65 Perdas por
imparidade, e as suas reversões (quando deixarem de existir as situações que originaram tais perdas) são
registadas nas subcontas apropriadas da conta 762 Reversões (De perdas por imparidade).
Quando se verificar o desreconhecimento dos ativos a que respeitem as imparidades, estas contas serão
debitadas por contrapartida das respetivas subcontas da Classe 4, tomando-se como referência para o
desreconhecimento a respetiva quantia líquida.

65 Perdas por imparidade


Esta conta regista as perdas por imparidade a serem reconhecidas no período, relativas a contas a
receber, inventários, investimentos financeiros, propriedades de investimento, ativos fixos tangíveis,
ativos intangíveis e investimentos em curso, em obediência aos requisitos da NCP 9 - Imparidade de
Ativos, NCP 10 - Inventários e NCP 18 - Instrumentos Financeiros.
Debita-se por contrapartida das contas 219, 229, 239, 269, 279, 329, 339, 349, 359, 419, 429, 439, 449 e
459, respeitantes a perdas por imparidade acumuladas. V. notas explicativas a estas contas.
76 Reversões

66
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Regista-se nesta conta o desreconhecimento (anulação ou diminuição) de depreciações, amortizações,


perdas por imparidade e provisões, creditando-se por contrapartida dessas contas.
762 De perdas por imparidade
Esta conta credita-se por contrapartida das contas 219, 229, 239, 269, 279, 329, 339, 349, 359, 419 429,
439, 449 e 459.

4.2 CASOS PRÁTICOS

CASO PRÁTICO N.º 1:


Alterações significativas de longo prazo com um efeito adverso na entidade quanto ao ambiente
tecnológico em que opera – Subutilização de um sistema informático.
(a) Introdução
Em 2010, o Ministério da Saúde comprou um sistema informático sofisticado por 3.000.000 de euros. A
vida útil estimada deste ativo seria de 7 anos e, em média, 80% da capacidade da unidade central de
processamento seria utlizada pelos diversos departamentos. Estava prevista uma “almofada” de 20% da
capacidade para acomodar picos de trabalho. Passados alguns meses após a aquisição, a capacidade da
unidade central de processamento atingiu os 80% mas caiu para os 20% em 2014 porque muitas
aplicações dos departamentos foram convertidas para funcionarem em desktops e servidores. Existe no
mercado um computador por um preço de 300.000 euros que pode proporcionar o remanescente do
potencial de serviço do sistema comprado em 2010 usando as restantes aplicações.
(b) Avaliação da imparidade

O indicador de imparidade é uma alteração significativa de longo prazo no ambiente tecnológico que
resulta da conversão das aplicações do sistema computorizado inicial para outras plataformas,
diminuindo, assim, o uso daquele sistema. (Também pode ser argumentado que existe imparidade porque
existe um declínio da extensão do uso do sistema). A perda por imparidade é determinada usando a
abordagem pelo custo de reposição depreciado como segue:

Custo de aquisição, 2010 3 000 000


Depreciação acumulada, 2014 (Custo de aquisição x 4 / 7) 1 714 286
Quantia escriturada, 2014 1 285 714
Custo de reposição 300 000
Depreciação acumulada, 2014 (Custo de reposição x 4 / 7) 171 429
Quantia recuperável de serviço 128 571
Perda por imparidade 1 157 143

Fonte: Manual de implementação do SNC-AP

67
Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

CASO PRÀTICO N.º2:


Alterações significativas de longo prazo com um efeito adverso na entidade quanto à forma de uso do
ativo – Escola utilizada como armazém
Introdução

Em 1994, o Ministério da Educação construiu uma escola B+S cujo custo acendeu a 10 milhões de euros.
A vida útil estimada da escola é 50 anos. Em 2014, a escola foi encerrada devido ao declínio não esperado
de matrículas o qual se ficou a dever à mudança da população para outra área em resultado da falência
do maior empregador da área onde se localiza a escola. A escola foi convertida em armazém e não existem
espectativas que as matrículas aumentem no futuro de tal forma que a escola venha novamente a ser
utilizada como tal. O custo de reposição corrente para um armazém com a mesma capacidade é de
4.800.000 euros.

Avaliação da imparidade

O indicador de imparidade é o facto de a finalidade para que foi construída a escola ter alterado
significativamente de um equipamento de ensino para um armazém, e não se prevê que esta situação se
altere no futuro. A perda por imparidade é determinada como segue:

Custo de aquisição, 1994 10 000 000


Depreciação acumulada, 2014 (Custo de aquisição x 20 / 50) 4 000 000
Quantia escriturada, 2014 6 000 000
Custo de reposição 4 800 000
Depreciação acumulada, 2014 (Custo de reposição x 20 / 50) 1 920 000
Quantia recuperável de serviço 2 880 000
Perda por imparidade 3 120 000

Fonte: Manual de implementação do SNC-AP

CASO PRÁTICO N.º 3: Alterações significativas de longo prazo com um efeito adverso na entidade quanto
à extensão de uso do ativo – Edifício parcialmente não ocupado no futuro previsível
Introdução

Em 1998, o Ministério da Economia comprou um edifício administrativo com quinze pisos que custou
45.000.000 de euros. A vida útil estimada do edifício é 50 anos. Em 2014, uma regulamentação europeia
relativa a segurança exige que os três últimos pisos devam ficar desocupados no futuro. O justo valor
menos custos de vender do edifício é de 25.000.000 euros. O custo de reposição corrente de um edifício
similar de 15 pisos é de 55.000.000 de euros.

Avaliação da imparidade

O indicador de imparidade é a alteração do uso de 15 para 12 pisos. Esta redução de uso é significativa e
prevê-se que se mantenha no futuro. A perda por imparidade é determinada como segue:

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Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Custo de aquisição, 1998 45 000 000


Depreciação acumulada, 2014 (Custo de aquisição x 16 / 50) 14 400 000
Quantia escriturada, 2014 30 600 000
Custo de reposição (de um edifício similar) 55 000 000
Depreciação acumulada, 2014 (Custo de reposição x 16 / 50) 17 600 000
Custo de reposição depreciado antes do ajustamento pelas
unidades de serviço remanescentes 37 400 000
Valor de uso do edifício depois da entrada em vigor da regulamentação
(custo de reposição depreciado x 12 / 15) 29 920 000
Justo valor menos custos de vender 25 000 000
Quantia recuperável de serviço (maior entre os dois últimos) 29 920 000
Perda por imparidade 680 000

Fonte: Manual de implementação do SNC-AP

CASO PRÁTICO N.º 4

No ano N-4 o Município Z adquiriu um autocarro para transportar os alunos do ensino básico que residem
a mais de 20 quilómetros do Agrupamento de Escolas do Concelho, não cobrando qualquer preço pelo
serviço prestado.

O custo de aquisição foi de 100 000€ e a vida útil é de 10 anos.

No ano N o autocarro sofreu um acidente, felizmente sem consequências para os alunos transportados,
sendo necessária uma reparação (restauro) no valor 50 000€ para que o autocarro volte estar em
condições de circulação.

O custo de autocarro novo para prestar um serviço idêntico ascende a 200 000€.

Admitindo que não é possível calcular o justo valor menos custos de vender, calcule o valor de uso deste
ativo não gerador de caixa, aplicando a abordagem pelo custo de restauro.

São necessários os seguintes cálculos auxiliares:

[1] Custo de aquisição 150 000


[2] Depreciação acumulada ([1]/10x5) 75 000
[3] Quantia escriturada [1]-[2] 75 000
[4] Custo reposição 200 000
[5] Depreciação acumulada ([4]/10x5) 100 000
[6] Custo de reposição depreciado (sem danos) [4]-[5] 100 000
[7] Custo de restauro 50 000
[8] Quantia recuperável de serviço [6]-[7] 50 000
[9] Perda por imparidade [3]-[8]>0 25 000

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Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Escrituração:

Descrição Contas Débito Crédito


Pelo 655 Perdas por imparidade em ativos fixos 25 000
reconhecimento da tangíveis
perda de imparidade 439 Perdas por imparidade acumuladas 25 000

A quantia escriturada do autocarro passa a ser: 150 000 – 75 000 – 15 000 = 60 000

Caso não ocorram mais imparidades, a depreciação do período passa a ser 50 000/5 = 10 000
Autores: Nunes, Alberto Velez; Roderigues, Lúcia Lima; Viana, Luís Cracel

CASO PRÁTICO N.º 5

Em 2013, a entidade pública BETA adquiriu uma licença de software para uso no seu novo computador
mainframe por 350 000 euros. BETA estimou que a vida útil do software seria de sete anos e que receberia
benefícios económicos e potencial de serviços do software numa base linear.

Em 2017, o uso da aplicação declinou atingindo 15% da sua procura originalmente prevista. A licença de
uma aplicação de software para substituir o potencial de serviço remanescente do software que sofreu
perda por imparidade custa 70 000 euros.

Proceda à avaliação da perda por imparidade e caso se justifique ao seu reconhecimento contabilístico.

Resolução:

Cálculos auxiliares:

[1] Custo de aquisição 350 000


[2] Depreciação acumulada ([1]/7x4) 200 000
[3] Quantia escriturada [1]-[2] 150 000
[4] Custo de substituição 70 000
[5] Depreciação acumulada ([4]/7x4) 40 000
[6] Quantia recuperável de serviço [4]-[5] 30 000
[7] Perda por imparidade [3]-[6]>0 120 000
Nota: A indicação da perda por imparidade é a mudança tecnológica ocasionada pela perda de capacidade
da unidade central (mainframe).

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Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

Reconhecimento contabilístico da perda por imparidade:

Descrição Contas Débito Crédito


Pelo reconhecimento 656 Perdas por imparidade em ativos fixos intangíveis 120 000
da perda de 449 Perdas por imparidade acumuladas
imparidade 120 000

CASO PRATICO N.º 6

Em 1997, a autarquia Alfa construiu uma escola por 2.5 milhões de euros. A entidade estimou que a escola
seria usada por 40 anos. Em 2017, as matrículas declinaram de 1 000 para 200 estudantes, como resultado
do deslocamento da população causado pela falência do principal empregador da região. A gestão decidiu
fechar os dois andares superiores do edifício da escola que tem três andares. A autarquia não tem
nenhuma expectativa de que as matrículas aumentem no futuro e que os andares superiores sejam
reabertos. O custo de substituição atual de um andar da escola será estimado em 1,3 milhões de euros.

Proceda à avaliação da perda por imparidade utilizando a abordagem do custo de substituição depreciado
e caso se justifique proceda ao seu reconhecimento contabilístico.

Resolução:

[1] Custo de aquisição 2 500 000


[2] Depreciação acumulada ([1]/40x20) 1 250 000
[3] Quantia escriturada [1]-[2] 1 250 000
[4] Custo de substituição 1 300 000
[5] Depreciação acumulada ([4]/40x20) 650 000
[6] Quantia recuperável de serviço [4]-[5] 650 000
[7] Perda por imparidade {3]-[6]>0 600 000

Nota: A perda por imparidade é indicada porque a intenção do uso da escola mudou de três para um
andar como resultado de uma redução do número de estudantes de 1.000 para 200. A redução do uso é
significativa e as matrículas prevê-se que permaneçam a um nível reduzido no futuro próximo.

Reconhecimento contabilístico da perda por imparidade:

Descrição Contas Débito Crédito


Pelo 655 Perdas por imparidade em ativos fixos 600 000
reconhecimento da tangíveis
perda de imparidade 439 Perdas por imparidade acumuladas 600 000
Autores: Nunes, Alberto Velez; Roderigues, Lúcia Lima; Viana, Luís Cracel

CASO PRÁTICO N.º 7

Em 2003, o Município Gama construiu um prédio de escritórios de 20 andares para seu uso, por 80 milhões
de euros. O edifício tinha a previsão de ter uma vida útil de 40 anos. Em 2018, as normas de segurança
exigiram que os últimos 4 andares de edifícios que excedessem uma determinada altitude deveriam ser
deixados desocupados num futuro próximo. O edifício, em 2018, tem um justo valor menos os custos de

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Ativos Não Correntes no SNC-AP
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS

venda de 45 milhões de euros, já depois de o novo regulamento entrar em vigor. O custo de substituição
atual de um edifício similar de 16 andares é de 85 milhões de euros.

Pedido: Proceda à avaliação da perda por imparidade usando a abordagem das unidades de serviço.

Resolução:

A perda por imparidade é indiciada pela redução do uso do prédio de escritórios que passou de 20 andares
para 16 andares como resultado das novas Normas Nacionais de Segurança. A redução do uso é
significativa e espera-se que a ocupação do edifício permaneça a um nível reduzido (16 andares) no futuro
próximo.

[1] Custo de aquisição 80 000 000


[2] Depreciação acumulada ([1]/40x15) 30 000 000
[3] Quantia escriturada [1]-[2] 50 000 000
[4] Custo de substituição 85 000 000
[5] Depreciação acumulada ([4]/40x15) 31 875 000
[6] Custo de substituição depreciado [4]-[5] 53 125 000
[7] Valor de uso do edifício após a regulação ([6]/20x16) 42 500 000
[8] Justo valor menos custos de vende depois da regulação 45 000 000
[9] Quantia recuperável de serviço (o mais alto de [7] e [8]) 45 000 000
[10] Perda por imparidade [3]-[9]>0 5 000 000

Reconhecimento contabilístico da perda por imparidade:

Descrição Contas Débito Crédito


Pelo reconhecimento 655 Perdas por imparidade em ativos fixos tangíveis 5 000 000
da perda por 439 Perdas por imparidade acumuladas
imparidade 5 000 000
Autores: Nunes, Alberto Velez; Roderigues, Lúcia Lima; Viana, Luís Cracel

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