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Anton Tchékhov
A ilha de Sacalina
Notas de viagem
Tradução e apresentação
Rubens Figueiredo
Posfácio
Samuel Titan Jr.
Apresentação
A ilha de Sacalina
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
XI
XII
XIII
XIV
XV
XVI
XVII
XVIII
XIX
XX
XXI
XXII
XXIII
Rubens Figueiredo
A ilha de Sacalina
I
A cidade de Nikoláievsk no Amur — O vapor Baikal — O
cabo de Prongue e a entrada no estuário — A península
de Sacalina — La Pérouse, Broughton, Krusenstern e
Nevelskói — Os exploradores japoneses — O cabo de
Djaoré — A costa da Tartária — De-Kástri
E no fim:
E. Fiódorov
A cova recém-escavada estava com água até um
quarto de sua profundidade. Os forçados, ofegantes,
de rostos suados, conversavam em voz alta sobre algo
que não tinha qualquer relação com o enterro, até
que, por fim, trouxeram o caixão e o colocaram na
beira da cova. O caixão de tábuas pregadas às pressas
não tinha nenhuma pintura.
— E aí? — disse alguém.
Tombado de modo brusco, o caixão fez a água
espirrar. Torrões de barro bateram na tampa, com
baques surdos, o caixão balançava, mas os forçados,
enquanto trabalhavam com as pás, continuavam a
falar de seus assuntos e Kelbokiáni, com ar perplexo,
olhava para nós e, abrindo os braços, queixou-se:
— E agora, o que vou fazer com essas crianças?
Mais um peso nas minhas costas! Fui falar com o
inspetor, pedi para me dar uma mulher, mas ele não
dá!
O menino Aliochka, de três ou quatro anos, que a
mulher trazia pela mão, está parado e olha para a
cova. A camisa não é do seu tamanho, as mangas são
compridas demais e a calça azul está desbotada; tem
remendos azul-claros nos joelhos.
— Aliochka, cadê a mãe? — perguntou a pessoa que
me acompanhava.
— Enterra-a-a-ram! — disse Aliochka, riu e acenou
com a mão para a cova.[234]
Em Sacalina, há cinco escolas, sem contar a de
Dierbínskoie, na qual, por falta de professor, não havia
aulas. Em 1889--1890, 222 pessoas estudavam nas
escolas: 144 meninos e 78 meninas, com 44 alunos em
média por escola. Estive na ilha na época das férias,
não vi as aulas e por isso a vida interna das escolas
locais, provavelmente original e muito interessante,
continuou desconhecida para mim. É opinião corrente
que as escolas de Sacalina são pobres, equipadas de
modo indigente, sua existência é fortuita, pois
ninguém sabe se con-tinuarão a existir ou não. Quem
as dirige é um funcionário da secretaria do
comandante da ilha, um jovem com boa instrução, mas
ele é um rei do tipo que reina, mas não governa, pois
no fundo as escolas são dirigidas pelos chefes dos
distritos e pelos inspetores das prisões, dos quais
depende a seleção e a nomeação dos professores.
Quem leciona nas escolas são forçados que, na terra
natal, não eram professores; são pessoas que pouco
entendem do assunto e não têm nenhum preparo. Em
troca de seu trabalho, recebem dez rublos por mês; a
administração acha impossível pagar mais e não
convida pessoas de condição livre, porque teria de
pagar pelo menos 25 rublos. É evidente que o ensino
nas escolas é considerado uma ocupação sem
importância, pois os guardas penitenciários,
convocados entre os deportados, que muitas vezes
cumprem funções indefinidas e servem apenas de
meninos de recados para os funcionários, ganham
entre quarenta e cinquenta rublos por mês.[235]
Na população masculina, considerando adultos e
crianças, os alfabetizados correspondem a 29% e, na
feminina, 9%. E esses 9% referem-se exclusivamente
às pessoas em idade escolar, pois, sobre as mulheres
adultas em Sacalina, pode-se dizer que elas não
sabem ler; a educação é algo que não lhes diz
respeito, as mulheres causam espanto pela ignorância
crassa e parece-me que em nenhum outro lugar vi
mulheres tão obtusas e de tão escassa compreensão
como aqui, em meio a uma população criminosa e
escravizada. Entre as crianças que vieram da Rússia,
as alfabetizadas chegam a 25% e, entre as que
nasceram em Sacalina, chegam só a 9%.[236]
XX
A população livre — Os escalões inferiores do
destacamento militar local — Os guardas penitenciários —
A intelligentsia
de 0 a 20: 3%
de 20 a 25: 6%
de 25 a 35: 43%
de 35 a 45: 27%
de 45 a 55: 12%
de 55 a 65: 6%
de 65 a 75: 2%
Do seu Tchékhov.
É maçante.
De Tchékhov para E. I. Tchékhova
6 de outubro de 1890. Posto de Korsákov.
Do seu Anton
No envelope:
Rússia, Moscou.
Moscou,
Kariétnaia Sadóvaia, edifício Dukmássova
Para Evguénia Iokvliévna Tchékhova.
Via San Francisco.
Tudo o que puderes ver
Samuel Titan Jr.
capa
Ciça Pinheiro
imagem da capa
Anton Tchékhov - Heritage Image Partnership Ltd /
Alamy Stock Photo
preparação
Mariana Donner
revisão
Huendel Viana
Débora Donadel
versão digital
Antonio Hermida
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
——
Tchékhov, Anton (1860-1904)
A ilha de Sacalina: Notas de viagem: Anton Tchékhov
Título original: Остров Сахалин (Ostrov Sakhalin)
Tradução e apresentação: Rubens Figueiredo
São Paulo: Todavia, 1ª ed., 2018
464 páginas
ISBN 978-85-88808-10-2
CDD 891.7
——
Índices para catálogo sistemático:
1. Literatura russa: Ensaio 891.7
todavia
Rua Luís Anhaia, 44
05433.020 São Paulo SP
T. 55 11. 3094 0500
www.todavialivros.com.br
Infância, adolescência,
juventude
Tolstói, Liev
9788593828836
496 páginas