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efolio Global_Introdução ao Direito_2021_2022

Introdução ao Direito (Universidade Aberta)

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UNIDADE CURRICULAR: Introdução ao Direito

CÓDIGO: 41037

DOCENTE: Ângela Montalvão Machado

A preencher pelo estudante

NOME: Jorge Alexandre Moreira Marques

N.º DE ESTUDANTE: 1803053

CURSO: Licenciatura em Ciências Sociais

DATA DE ENTREGA: 31/01/2022

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TEMA A

O Direito pressupõe a Justiça, neste sentido, espera-se um rigoroso e cuidado emprego do


Direito, envolvendo fatores como o uso do bom senso, a legalidade e um cabal
entendimento do conceito de Justiça. É crucial para quem vai julgar e decidir, observar
uma perspectiva pluralista, baseada na observação e auscultação de todas as partes
envolvidas, tendo em atenção o contexto e a forma de vida do individuo de quem vai
ajuizar, por forma, a conseguir decidir e julgar objetivamente, usando as normas do
Direito vigente, não abrindo espaços a juízos subjetivos.
Mas antes é de ressalvar, que Lei e Direito não são a mesma coisa, “as leis passam, o
Direito fica (por isso é que saber leis não é o mesmo que conhecer o Direito).” (Cunha,
2018, p.83)
Para que o Direito atinja e concretize a sua intenção, a Justiça tem de forçosamente se
demarcar de diretrizes dogmáticas e positivas, normativas, legalistas, sistemáticas e de
características monistas, que conduzem o Direito ao isolamento jurídico. O Direito, desta
forma, integra o conjunto das ciências sociais e humanas, por tratar, sem margem para
duvida, os problemas das pessoas num contexto de interação social. “Além de disciplina
social, é episteme normativa: face ao que é, indica também o que deve ser” (Cunha, 2018,
p.85) predispondo-o assim a uma relação de interdisciplinaridade. Esta interação resulta
numa melhoria recíproca de metodologias e conceções, dando lugar a uma coesão no
conhecimento, auxiliando o Direito a ter uma perspetiva muito mais abrangente da
realidade social. O Direito encontra-se presente no quotidiano em todo o lugar, com
ligações à cultura, à Moral, à Ética, à Religião, à Política, “ele existe no mundo do espírito,
e da cultura, mas não prescinde de uma extraordinariamente vivida existência real,
quotidiana. É uma disciplina em ação.” (Cunha, 2018, p.86).
Outrora, a religião tinha imenso poder sobre o povo, sobretudo sobre o poder político.
Aqui o Direito e a religião eram como que a mesma coisa, não se distinguiam. Temos o
exemplo dos faraós no antigo Egito, que eram homens, divindades e chefes supremos ou
“no Direito Romano, nos seus primórdios, [onde] é inegável uma origem religiosa do
jurídico” (Cunha, 2018, p.286). O Direito estava assim, associado à vontade de Deus(es)
em que todos os homens deviam obediência, correspondendo a um ideal de Justiça
Superior (ordem religiosa). É inegável a influencia da religião no Direito e na Sociedade,
mesmo num Estado laico como Portugal, sendo que alguns pontos, tal como a
consagração de feriados de cariz religioso em feriados obrigatórios previstos no ponto 1

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do Artigo 234º, da Lei nº7/2009 e suas respetivas versões. Apesar desta relação, a religião
não têm o poder sancionatório (nos Países ocidentais) e partilha de uma ordem jurídica,
sendo exemplo “não matarás” ou “não roubarás”. Apesar de todas estas interligações e
intersecções entre a religião e a moral, “o Direito não aspira à santidade nem a pureza
moral” (Cunha, 2018, p.78).
Paulo Ferreira da Cunha (2018), afirma que não devemos esquecer que o jurídico é um
campo de exercício logico-matemático, com afinidade geométrica, onde a filosofia é
aplicada de forma prática. O jurídico é um repositório de conhecimento imprescindível
às ciências económicas, da gestão e contabilidade, é essencial à Ciência Política, tendo
ligações às letras e artes, possuindo pontos de contacto com a Medicina e até com a Física
(p.89). Nestes elementos aglutinadores existe um elemento em comum, A Liberdade. Ela
é uma condição do Direito, uma condição do Social, do Político e também uma condição
da Arte, que floresce num clima de tolerância e pluralismo, numa clara orientação para a
Justiça. O “Direito é a Liberdade do Homem comum.” (Cunha, 2018, p.95).
A transdisciplinaridade, consiste na visão de outras disciplinas pela perspetiva de uma
das disciplinas. Esta abordagem trouxe aos peritos em justiça uma mais-valia de
assinalável importância, pois ao se ligarem com os entendidos noutras matérias, mas que
são do interesse do Direito, estabelecem-se pontes de conhecimento para situações em
comum, dando lugar a interação entre diversas áreas das ciências sociais e não só,
originando uma interdisciplinaridade.
Na atualidade verifica-se uma interdisciplinaridade entre as diversas ciências gerais,
jurídicas ou humanísticas, de que são exemplo: a etnologia jurídica, a filosofia jurídica, a
sociologia, sendo que esta é uma tentação para os juristas, que “pode ficar seduzido mais
por conhecer a sociedade do que por organizá-la.” (Cunha, 2018, p.96).
A ligação entre os factos sociológicos e as estáticas, às ciências económicas (muitas vezes
lecionadas nos mesmos cursos) também são importantes para o Direito numa constante
dialética. A sociedade, assim, depende de uma harmonização dos seus pilares
fundamentais, onde cada um promove o seu tipo de funções sociais, sem sair da sua
competência. O Direito liga-se ainda a informática como uma poderosa auxiliar da lógica,
fornece ainda um enquadramento institucional às disciplinas da Engenharia, Arquitetura,
Design, Medicina ou a Psicologia. “E muitas mais conexões se podem encontrar…”
(Cunha, 2018, p.100)
Dentro do Direito existem disciplinas complementares, como o Direito Constitucional
que se relaciona com a Ciência Política, com a Sociologia Política, com a Filosofia

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Política ou com a Teoria Geral do Estado. O Direito Fiscal relaciona-se com as Finanças
Públicas, com a Política Fiscal, com a Contabilidade. O Direito Administrativo relaciona-
se com as Ciências da Administração. O Direito Processual relaciona-se com as mesmas
ciências complementares do Direito Administrativo, evoluindo a nível procedimental,
aproximando-se por esta via da informática. O Direito Penal prende-se as mais diversas
áreas da Criminologia, da Criminalística e da Medicina Legal. O Direito Internacional
têm ligações com a História, Ciência Política, Diplomacia ou Relações Internacionais. O
Direito Económico, do Trabalho e o Comercial estão conexos à Ciência Económica e a
Gestão. O Direito Civil, o Direito das Obrigações e os Direitos das Coisas ou Reais estão
ligados a situações económicas e políticas.
A conjugação destas disciplinas complementares e a sua interdependência, permite
solucionar conflitos e problemas, auxiliando e completando o Direito na persecução do
seu objetivo primordial, que é decidir com justiça.
“Como vemos, é tal a teia de relações que seria temerário estabelecer hierarquização nos
contatos e interinfluências, tão vários e ricos eles são.” (Cunha, 2018, p.105)
Ferreira da Cunha (2018), destaca a relevância, de se construir na atualidade um saber
mais competente e livre das barreiras da ciência, do estereótipo e do preconceito. A pós-
disciplinaridade é um modo de aprendizagem que reúne não apenas as várias disciplinas,
mas orienta, organiza e consubstancia o conhecimento em função do contexto em que o
mesmo decorre, permitindo um entendimento único, abrangente e sem constrangimentos
dos fenómenos de natureza humana em toda a sua plenitude. “Trata-se de pensar e fazer
Direito com Justiça, na Justiça (…) Aliás, só a fraternidade humanista dá um sentido
profundo, sólido e duradouro ao elemento social” (Cunha, 2018, p.108)
Esta junção e troca de saberes, desperta um pensamento critico, ponderado e criativo.
Sobressai aqui, a mudança do paradigma da razão jurídica subentendida no Direito,
deixando para trás o positivismo castrador e restritivo, abrindo espaço ao exemplo do
Direito Fraterno Humanista, o qual exprime os requisitos da Justiça, permitindo que esta
caminhe no sentido da satisfação e expectativas da Sociedade que a inspira e para qual
existe.
Apelar para o céu, como recomendaram os filósofos britânicos Locke e Hume, não é
suficiente, cumpre termos Justiça neste momento e para todos. Concluindo, a teoria do
Direito é uma arma fundamental na luta pela justiça, assente numa metodologia bem
calibrada e num ensino critico e baseada num instrumento realista de teorização clara.

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TEMA B

Partindo de uma visão ampla e pluralista da definição de Direito, que reflete a perspetiva
de Cunha (2018), para quem o Direito é um “conjunto de princípios (e valores) e regras
que orientam a vida em sociedade, estruturando-a, distribuindo papéis, reconhecendo ou
atribuindo direitos, impondo deveres, evitando ou dirimindo conflitos, não de uma forma
arbitrária, mas de acordo com um ideal de justiça, contribuindo assim para a paz social, a
ordem e a hierarquia de grupo e assim dotando a existência de um sentido” (p.112). Nesta
aceção, observamos os valores tidos como fundamentais do Direito, tais como a Justiça,
a Equidade, a Segurança e a Certeza Jurídica. Onde se propõe uma convivência equitativa
e estável, regendo o comportamento de cada um dentro da sociedade, contra as
disparidades sociais, onde todos os indivíduos devem sentir confiança no Estado e nas
suas normas Jurídicas, numa ótica de transparência e objetividade.
Quando fazemos referência às normas, estas podem ser inúmeras, como as Morais, as
Religiosas ou as convencionadas socialmente, podem ser de Clubes, Associações, ou até
entre criminosos. Aqui, o que buscamos apontar e clarificar são as Normas Jurídicas que
regulam as sociedades modernas, “porque estas são os elementos indiciadores
fundamentais de estarmos perante Direito” (Cunha, 2018, p.304).
As Normas Jurídicas formam-se a partir das fontes de Direito, de fontes imediatas e
mediatas. As fontes imediatas (diretas), são aquelas que geram as Normas Jurídicas e as
mediatas (indiretas) que auxiliam na sua formação.
Assim, a Norma Jurídica apresenta-se como uma expressão do Direito, uma função
reguladora da Sociedade através da Lei, como um ideal à convivência, consubstanciado
em princípios normativos e orientados pelos valores do “certo ou errado” num
determinado espaço temporal, integrando na sua estrutura dois elementos essenciais: a
previsão, “fazendo corresponder a um facto um outro, que dele é consequência jurídica”
(Cunha, 2018, p.304) que se refere a uma situação e verificação de algo concreto e a
estatuição ou efeito jurídico, que consiste na imposição de uma conduta ou na concessão
de um direito.
De acordo com Cunha (2018), as normas jurídicas são providas de várias características,
porém divididas em dois planos, totalmente distintos (p.305). O plano externo e o plano
interno.
No Plano Externo, o mais habitualmente referido na Norma é relativo à forma e ao seu
valor e inclui os seguintes elementos:

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- A Imperatividade, onde a norma manifesta uma ordem, uma diretiva, com base em
juízos de valor e não de realidade (ao consentir ela é imposta pela norma), assumindo o
caracter obrigatório para todos os indivíduos de uma determinada sociedade.
- A Generalidade, a norma tem como objeto, não um individuo específico, mas para
todos os indivíduos sem distinção (todos os cidadão são iguais perante a Lei). “Todas
quantas possam praticar atos ou encontrar-se na situação hipotética à qual a estatuição
determinada corresponde” (Cunha, 2018, p.306).
- A Abstração, esta característica encontra-se intimamente ligada à última, é o atributo
da Norma se resumir a um caso em concreto, a uma situação em especial (ou individuo),
tratando todos os casos de igual forma na sua previsão.
- A Coercibilidade, a norma é suscetível de tutela. Do seu não cumprimento, da sua
violação, são aplicadas sanções pelos Órgãos competentes. “A força é sempre uma espada
de Dâmocles sob a cabeça do destinatário da norma” (Cunha, 2018, p.306).
. A Violabilidade, numa Sociedade livre, ninguém é forçado a cumprir com a norma,
contudo, sujeita-se à sanção que daí poderá resultar.
Os elementos das normas jurídicas, no seu plano interno (os Juris praecepta), se
consubstanciam no ideal de Justiça, estando na sua génese o Direito Natural - “as
características internas são negadas pelos juristas de pendor positivista” (Cunha, 2018,
p.307), mas são de extrema relevância, pois da Justiça surgem e para ela caminham.
Desta, forma temos a:
- A proibição do abuso do Direito (honeste vívere), viver-se de forma honesta, não
abusando dos seus poderes.
- A limitação do uso do Direito (alterum non laedere), não lesar ou prejudicar ninguém.
- Imposição do respeito pelos direitos dos outros (suum cuique tribuere), atribuindo a
cada um aquilo que é seu ou lhe pertence.
Iuris praecepta sunt haec: honeste vivere, alterum non laedere, suum cuique tribuere:
“Os preceitos do direitos são estes: viver honestamente, não lesar ninguém, dar a cada um
o que é seu”. (Eneu Domício Ulpiano)
As normas jurídicas podem ser ainda classificadas no âmbito espacial (territorial) de
vigência, assim temos as normas universais, que são aquelas que estão em vigor em todo
o território Português. As normas gerais que vigoram em Portugal Continental e as
normas locais, de aplicação circunscrita ao local da sua edição, normalmente um
Município, mas que na verdade e de acordo com os artigos 112º e 241º da CRP, são atos
regulamentares, sob a forma de resoluções camarárias.

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As normas de interesses e ordem pública ou privada, são ordens predominantemente


tuteladas, sendo que o Direito Público corresponde ao conjunto de normas de natureza
pública, com marcado pendor estatal, na componente social e organizacional da
Sociedade, neste âmbito, define-se o Direito Constitucional como norma interna e
elemento fundamental do Estado. São normas que ordenam e estruturam a sociedade,
expressam modelos de caracter económico, político e social, assegurando o respeito pelos
direitos fundamentais de cada individuo, funcionando igualmente como um padrão de
perceção e criação de novas leis. O Direito Privado, regula e disciplina as relações entre
os interesses privados. O Direito Civil constitui o seu núcleo central, regulando as
relações entre indivíduos, estabelecendo-lhes direitos e obrigações, por forma a ordenar
todos os campos de interesses individuais. O Direito Civil, forma no seu conjunto, o
Código Civil. Ferreira da Cunha (2018) considera quase que ultrapassada a divisão entre
o Direito Público e Privado, argumentando que os interesses dos dois se cruzam,
misturando-se cada vez mais numa Sociedade dependente, cada vez mais do Estado. No
entanto, afirma que anular por completo a sua divisão será “talvez, fazer perder ao
pensamento jurídico uma dimensão importante” (p.322).
As Normas Jurídicas, são de igual forma, classificadas no âmbito da frequência e
normalidade do conjunto jurídico. Temos, desta forma, as Normas gerais, especiais e
excecionais. “Estamos agora perante uma das classificações mais relevantes e daquelas
que mais impressivamente costumam ressaltar quando comparamos normas entre si”
(Cunha, 2018, p.323). As normais gerais são aplicadas de forma geral a todos os
indivíduos, independentemente da sua natureza ou condição. As normas especiais não são
contrárias à norma geral, mas somente um conjunto de cidadãos são abrangidos pela
mesma. É criado um regime especial, sem que este seja substancialmente contrariado, ou
seja as normas excecionais criam regimes de exceção, por exemplo, todos os Cidadãos de
Nacionalidade Portuguesa, maiores de 18 anos, podem eleger e ser eleitos para cargos
políticos, contudo, é necessário ter mais de 35 anos para ser eleito para o cargo de
Presidente da República. As normas também são classificadas, pela sua força vinculativa,
por consequência da violação da norma, pela fonte do Direito causante, pelas normas
éticas e técnicas, de estatuição material e jurídica, por normas inovadoras e
interpretativas, principais e derivadas e pelas normas autónomas e não autónomas.
Concluindo, trata-se de estatuir a sociedade, regulando a vida do indivíduo enquanto
membro da mesma, tornando o Direito indispensável à vivência quotidiana.

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Bibliografia:

Constituição da República Portuguesa (2015) – 2ª Edição - Editora Almedina

Cunha, P. (2018). Teoria Geral do Direito-Uma Síntese Critica. Edição A Causa das
Regras, Lisboa

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