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SEMINÁRIO TEOLÓGICO PRESBITERIANO REV.

JOSÉ MANOEL DA CONCEIÇÃO


MATÉRIA: ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS
PROFESSOR: REV. MARCIO ALONSO
ALUNO: WILSON ROBERTO DO NASCIMENTO

O PASTOR PACIFICADOR
Um guia bíblico para a solução de conflitos na igreja.
Alfredo Poirier

Pastor Pacificador, uma obra de Alfred Poirier, tem como objetivo apoiar, encorajar e mostrar
aos ministros sobre a importância e a necessidade de sermos pastores reconciliadores, em
vez de dizer que consideramos a pacificação e a resolução de conflitos apenas como um
órgão oficial ou de outro, mas que entendemos que a pacificação deve ser feita por nós
pastores de acordo com as escrituras.

No início do livro, logo no primeiro capítulo, o autor faz perguntas sobre como temos
procedido, pregado e acreditado no poder de Jesus. Somos encorajados a refletir o Senhor
Jesus, porque ele se encarnou e pode se relacionar conosco e nós com ele. Desta forma,
enfatiza a importância de fazermos parte da vida de quem pastoreamos. Neste primeiro
capítulo, o objetivo do autor é dar uma visão geral do significado do conflito. Já afirma
claramente que "o conflito nunca é uma coisa fácil" (Poirier, 2012, p. 22). Ele também
enfatiza que devemos ser pacificadores, porque o próprio Cristo era um pacificador, um
conciliador, nos reconciliou com Deus.

Poirier define o conflito como uma diferença de opinião que frustra os desejos de alguém, o
conflito nem sempre é causado por um pecado, mas é comumente um ambiente onde o
pecado acaba acontecendo. O conflito traz caos e confusão, e o papel do pastor como
pacificador é orientar as pessoas cegas pelo conflito, ajudando a ver as coisas como elas
realmente são. Poirier nos diz que as pessoas sempre tendem, ou agem ofensivamente,
quando reagem ao conflito de modo a agredir a outra parte, ou coma fuga, que vai desde
negação da existência de conflitos, fugir de conflitos ou mesmo, em casos extremos,
suicídio.
Existem vários tipos de conflitos, porém a razão do conflito sempre começa no mesmo lugar,
no coração, é dele que todo o mal surge, então diante do conflito, como pacificadores,
devemos fazer as pessoas virarem os olhos para si mesmas, porque sempre no meio do
conflito tendemos a projetar todos os problemas do outro lado, o conflito nos cega e também
distorce a forma como vemos a realidade. Nossos desejos, por mais bem intencionados que
sejam, podem nos enganar, porque acabamos transformando nossos desejos em deuses,
colocando-os acima de tudo. Só o evangelho pode nos libertar dessa idolatria aos nossos
próprios desejos. Muitas vezes, esses desejos nos cegam à vontade de Deus. A resolução
do conflito começa com o arrependimento, submetendo-nos à vontade de Deus e
aproximando-se dela.

Precisamos entender na resolução de conflitos a condição de todos nós, ou seja, nossa


condição como pecadores que precisam da graça e misericórdia de Deus, e os conflitos
ocorrem precisamente porque somos falhos e pecaminosos, desprovidos da graça de Deus.

O autor ainda nos lembra que Deus nos chama para amar, amar nossos irmãos e irmãs em
Cristo, amar nossos amigos, família e também nossos inimigos. Somos lembrados dos
ensinamentos presentes na epístola de Tiago, onde somos exortados a focar em Deus, é
Ele quem nos dá a graça de perdoar e resolver conflitos.

Precisamos ver Deus e sua ação mesmo no meio do conflito, porque ele usa o conflito para
nos tornar mais maduros e firmes na fé. E Deus comanda o conflito para sua própria glória.
Porque, nos conflitos que somos aperfeiçoados. Deus é o Deus da paz e a paz está sempre
presente na Bíblia. Sabemos dos atributos de Deus, que são muitos, no entanto, embora
possua tantos atributos, define-se, sobretudo, como um Deus da misericórdia. E assim
começamos a entender por que Deus comanda o conflito e o permite, porque através disso
ele nos mostra sua grande misericórdia.

Então somos lembrados novamente de nossa filiação com o Pai, e assim a família que
formamos, pela adoção de Deus. Chama nossa atenção o agir como uma família, pois,
comumente no meio dos conflitos, deixamos de lado o fato de sermos irmãos, todos de uma
mesma família. O próximo passo para resolver conflitos dentro da igreja é entender essa
filiação em Deus, o Pai. Temos que mostrar às pessoas a necessidade de reconhecer seus
erros e confessá-los a outra pessoa envolvida. Aqui o autor enfatiza a necessidade de
ensinar o verdadeiro arrependimento e também de diferenciá-lo do sentimento de remorso.
O arrependimento busca Deus primeiro, enquanto o remorso busca redenção pessoal e
justiça. O verdadeiro perdão bíblico começa a reconhecer nossa natureza pecaminosa, mas
vemos a pessoa que nos ofendeu como alguém digno da graça e misericórdia de Deus, e
não como alguém digno de sua ira. O perdão refere-se primeiro a Deus, porque é dele que
o perdão flui e, portanto, a capacidade de perdoarmos.

Depois de ambos, ou uma parte pede desculpas à outra, devemos ajudar o outro lado a
perdoar. Junto com isso, precisamos ajudar a pessoa que pede perdão ser paciente, e
entender que, ao contrário de Deus, as pessoas muitas vezes podem levar algum tempo
para liberar o perdão. Poirier ainda nos diz que dependendo da gravidade do ataque
devemos “deixar passar”(Poirier, 2012, p.131), porque é uma forma de expressar justiça,
paciência e amor. Ele diz que os conflitos sempre existirão, porque sempre seremos
pecadores.

Após a resolução dos conflitos, devemos entender o que é negociar de acordo com os
princípios bíblicos, não é uma negociação que os dois lados simplesmente defendam seus
interesses, mas estão principalmente preocupados com os interesses de Deus. O autor faz
um discurso sobre como devemos lidar com pessoas difíceis que nos confrontam, e usa o
princípio presente na epístola aos Romanos 12:21, que diz que devemos superar o mal com
o bem.

Pacificador é uma maneira necessária de ser. "Pastorear é pacificar" (Poirier, 2012, p. 181),
a pacificação deve ser incorporada em nosso ministério, em pregação, em orações,
conversas simples, em tudo.

Como servos de Cristo, somos chamados a ser mediadores, uma igreja mediadora, onde os
conflitos são resolvidos à luz da Palavra de Deus. Para fazer da nossa igreja uma
comunidade pacificadora, o desejo deve partir dos corações dos líderes, em seguida, usar
todos os meios para promovê-lo na comunidade, cultivá-la, ministrar ensinamentos, ritos e
quaisquer outros meios.

Poirier nos ensina sobre a necessidade de disciplina na igreja, citando uma frase de R. C.
Sproul: "A igreja é chamada não apenas para um ministério que reconcilie as pessoas que
a frequentam, mas a um ministério que as alimente. Parte desse processo de alimentá-las
inclui disciplina eclesiástica" (Poirier, 2012, p. 213) . O autor nos repreende por muitas vezes
a não reduzir a disciplina como um mero ato de punição, quando devemos entendê-la como
um ato de amor. A disciplina é feita porque queremos devolver um irmão à família da fé.
Uma frase que me impressionou muito diz que "disciplina é amar um irmão o suficiente para
não deixá-lo em pecado nem entregá-lo à miséria de sua escravidão". (Poirier, 2012, p. 233)

O pastor pacificador é um livro riquíssimo, tanto para minha vida pessoal quanto ainda mais,
para o ministério, foi uma grande oportunidade poder ler e comentar sobre ele. A linguagem
simples e prática ajuda ainda mais a compreensão. Todo o conhecimento de Poirier somado
à sua experiência através dos depoimentos contados, nos oferece um excelente
conhecimento do ministério da reconciliação, no entanto, não para por aí, ainda entendemos
melhor o centro de todos os conflitos, somos exortados e somos encorajados a realmente
ver a igreja como uma família, e por isso nos vemos como irmãos e irmãs. Também somos
lembrados do grande atributo de Deus que é sua misericórdia, e que é o Deus da paz, o
Deus do perdão, para o qual temos a capacidade de perdoar, porque o perdão flui
diretamente do Pai.

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