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Guerra y Guerra e

fiscalidad en Ia fiscalidade na
Iberoamérica Ibero-América
colonial colonial
(siglas XVII-XIX) (séculos XVII-XIX) .

Angelo Alves Carrara


Ernest Sánchez Santiró
(Coordenadores)
.•.
(;uwa e fiscalidade na ero-Amenca colonIal (sé~; XVII-XIX) -j Angelo Alves
Curara, Ernesr Sánchez Sanriró (Coordinadores). - Juiz de Fora: Ed. UFJF, 2012.
Sumário
373 p.: il.
\
ISBN 978-85-7672-139-0

1. Triburo -Arnérica Latina. 2. Guerra. 3. América Latina - História.


\. Carrara, Angelo Alves. II. Sanriró, Ernest Sánchez.

CDU 336.2(8=6)

li) Editora UFJF. 2012


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11 Introdução: guerra e fiscalidade na
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Ibero-América colonial
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA DIRETOR DA EDITORA UFJF I PRESIDENTE DO CONSELHO


25 Introducción: guerra y fiscalidad
REITOR
EDITORIAL
ANTENOR SALZER RODRlGUES
en Ia Iberoamérica colonial
HENRlQUE DUQUE DE MlRANDA CHAVES FILHO Angelo Alves Carrara
CONSELHO EDITORIAL
VICE-REITOR AFONSO CELSO CARVALHORODRlGUES Ernest Sánchez Santiró
JOSÉ Lmz REzENDE PEREIRA ANDRÉ MOIsÉs GAlO
ANDRÉ SILVAMARTINS
STUDIO EDITORA UFJF ANTONIO FERREIRACOLCHETE FILHO
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EDITORAÇÁO:RODRlGO SOUZA
CAPA: RODRlGO SOUZA
HENRlQUE NOGUEIRA REIS
ROGERIO CASAGRANDE
39 Entre Ia paz y Ia guerra,
REVISÃODE PORTUGUís: JACKSON LEOCÁDIO SUELI MARIA DOS REIS SANTOS
el gasto militar novohispano
en Ia región del Gran Caribe (I609-1648)
Rafal Reichert
Primera edición, 2012

D. R. © 2012, Universidade Federal de juiz de Fora


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65 La Armada de Barlovento
D. R. © 2012, Instituto de Invesrigaciones Dr. José María Luis Mora
y Ia fiscalidad novohispana (I 636-1749)
Calle Plaza Valenrin Górnez Farfas 12, San [uan Mixcoac, Ernest Sánchez Santiró
03730, México, D. F.
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ISBN: 978-85-7672-139-0 Editora UFJF


ISBN: 978-607-7613-80-0 Instituto Mora

Impresso no Brasil I Printed in Brazil

I.
91 EI comercio inglés en Veracruz: 215 La fiscalidad en Cuba durante
inversiones, ganancias y conflictos Ia Primera Guerra de Independencia,
generados por eI Tratado dei Asiento 1868-1878
(1713-1717) lnés Roldán de Montaud
Marilde Somo Manrecón
249 Contratos, Comércio e Fiscalidade
115 Situado y gasto fiscal: na América Portuguesa (1641-1730)
Ia Real Caja de México y Ias remes as Luiz Antônio Silva Araujo

para gastos militares en el Caribe,


1756-1783 265 O "Mal do Estado Brasílico":
Johanna von Grafensrein .);"-
A Bahia na crise final do século XVII
Pedro Punroni
143 Respaldo de Nueva Espana para Ia guerra
contra Gran Bretaúa, 1779-1783. 301 Novo imposto, nova ordem:
Las aportaciones de los mercaderes, . poderes locais e fiscalidade na capitania
el Consulado de Ia ciudad de México de São Paulo, 1756-1775
y sus allegados Bruno Aidar
Guillermina dei Valle Pavón

335 Guerra e ouro brasileiro (1720-1807)


167 La moneda como forma de financiar Rita Martins de Sousa
y dar Iegitimidad al naciente
estado Neogranadino 1750-1821
Oscar Rodriguez Salazar
351 Referências Bibliográficas

189 Los azarosos momentos de una fiscalidad.


EI sistema tributario dei arzobispado
de México ante Ia guerra
de independencia, 1810-1821
Carlos Alberto Ortega González
Introdução:
guerra e fiscalidade
na Ibero-América colonial
Angelo Alves Carrara
(Universidade Federal de Juiz de Fora)

Ernest Sánchez Santiró


(Instituto de investigaciones Dr. José María Luis Mora)

Os trabalhos que o leitor tem nas mãos e que compõem este


volume pretendem apresentar uma visão ampla sobre as transformações
que a fiscalidade experimentou nos territórios americanos pertencentes
às monarquias espanhola e portuguesa como resultado das diversas crises
bélicas que atravessam os séculos XVII-XIX, entre as quais destacam dois
grandes ciclos. De um lado, as guerras européias nas quais estava em jogo a
hegemonia política do continente, com suas derivações mercantis, e cujo
cenário incluiu o espaço ibero-arnericano (foi o caso, por exemplo, da
guerra dos Trinta Anos, da Sucessão Espanhola, da "Orelha de jenkins"; I
a guerra contra a Convenção francesa, como casos mais relevantes).' De
I
Para um estudo destas rivalidades entre as potências europeias durante os séculos XVII e
XVIII, no marco do que a historiografía denomina a formação e consolidação do "Estado I
fiscal-militar" (Fiscal-Military State) contamos com uma produção crescente, desde a obra
pioneira de John Brewer sobre a Inglaterra entre a Revolução Gloriosa e a guerra das I
Treze Colônias (BREWER, John. lhe sinews 01 power: toar; money and the English state,
/688-/783. Londres: Unwin Hyman, 1989). Neste sentido destacam-se os seminários e I

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outro lado, as guerras de independência, sobre as quais apresentamos aqui impacto fiscal, no caso espanhol a pressão francesa, holandesa e inglesa
estudos que se enquadram nos processos políticos desvinculados na Ibero- implicou a instalação e reforço de praças militares por diversos pontos do
América como consequência da invasão napoleônica da península em 1808 Caribe custeadas fiscalmente pelos situados novo-hispanos.
(são os casos de Nova Granada, Nova Espanha e Brasil)," e os derivados da Para entender que eram os situados deve-se compreender a lógica
extinçâo dos últimos restos do colonialismo hispano-americano (caso de de funcionamento territorial da Real Fazenda. Em princípio, o fisco
Cuba). novo-hispano estava organizado territorialmente por meio de caixas reais
Ambos os ciclos bélicos exerceram um impacto claramente (tesourarias) nas quais eram depositados os rendimentos fiscais de amplas
diferencial sobre as estruturas fiscais dos territórios americanos coloniais regiões, as quais estavam conectadas hierarquicamente com a caixa matriz
tanto pela natureza dos conflitos como por seu alcance territoria!. Aqui, da Cidadde do México. A Real Fazenda esperava que o conjunto de gastos
uma vez mais, sobressaem-se as diferenças entre o império português no regionais da administração do vice-reino fosse custeada com as receitas
Brasil e o espanhol na América. Enquanto o Brasil teve que enfrentar um locais. No caso de haver excedentes, estes deviam ser remetidos à caixa
potente assédio militar neerlandês durante o século XVII que levou à matriz. Contudo, alguns territórios não geravam suficientes receitas de
ocupação de amplas zonas continentais, casos de Salvador (I624-1625) e modo que incorriam em contínuos déficits, pelo que tinham que receber
Pernambuco (1630-1654), o império espanhol sofreu perdas estratégicas transferências a partir das outras caixas do vice-reino, em especial da caixa
nas Antilhas entre 1634 e 1655 (Curaçao, Aruba, Bonaire, Guadalupe, matriz e da caixa do porto de Veracruz. Estas remessas se denominavam
Martinica e Jamaica). Apesar de que estas ocupações corresponderem ao situados.
fato de que o Caribe deixou de ser um mare clausum, nunca implicaram Tratava-se de regiões ultramarinas submetidas ao vice-reino da Nova
uma grave ameaça territorial para os dois núcleos continentais do império Espanha com uma função estratégica, ora econômica, ora militar (ou
espanhol na América: Peru e Nova Espanha. ambas), para a coroa como Filipinas, Cuba, Porto Rico, Santo Domingo,
Ao paso que, no caso português, a ameaça neerlandesa implicou um Luisiana, Florida, etc., nas quais a administração do vice-reinó dependia
incremento da estrutura militar das capitanias do Brasil, com o conseguinte dos fundos novo-hispanos para seu funcionamento. A maior parte destes
gastos tinham um caráter militar, como era o pagamento da armada de
simpósios impulsionados pelo grupo de pesquisa de história financeira da Universidade Barlovento em Havana ou a manutenção do exército na ilha de Cuba, ainda
de NavarralGRHIFI, e diversos pesquisadores britânicos pertencentes a várias instituições que em alguns lugares serviam também para cobrir as despesas de Justiça e
como a London Schooll of Economics, a Universiry College of London ou a Universiry
Fazenda, além dos de guerra, dada a precariedade dos rendimentos locais
of Leícesrer. Neles integra-se uma agenda de investigação que tem ampliado, matizado
e, por vezes, criticado a proposta inicial de John Brewer. Como exemplos notáveis de (Santo Domingo, Porto Rico, a ilha de Trinidad, Flórida, Luisiana ou as
sua produção historiográfica destacam-se dois livros coletivos, a saber: BOWEN, H. Y.; ilhas Marianas). Este fato evidencia a importância estratégica ocupada pelo
ENCISO, A. González (eds.), Mobilising resourcesfor toar: Britain and Spain at work during
vice-reino da Nova Espanha no conjunto do império espanhol durante o
the early modern period. Pamplona: EUNSA, 2006 e TORRES SÃNCHEZ, Rafael. Wár;
state and deuelopment; fiscal-military states in rhe eighreenrh cenrury, Pamplona: EUNSA, século XVIII, já que exerceu, nas palavras de Carlos Marichal, verdadeiras
2007. Ainda que nestes trabalhos se atenda à esfera colonial dos países europeus durante a funções de submetrôpoli.'
época moderna, a análise é marcadamente metropolitana. Neste sentido o presente volume, De manera contrastante, o impacto fiscal dos processos de
construído a partir da análise das fazendas coloniais ibero-arnericanas, à luz dos interesses
independência ibero-arnericanos mostrou uma notável diferença entre
locais e das políticas metropolitanas, representa uma clara novidade que, esperamos,
contribua para uma compreensão mais global das relações entre os fenômenos bélicos da os territórios portugueses e os espanhóis na América, como decorrência
época moderna e as estruturas fazendárias encarregadas de financiá-Ios. de um fenômeno nítidamente político: a transferência ou não da dinastia
O caso brasileiro foi claramente excepcional na medida em que a ameaça napoleônica reinante para as colônias. Enquanto que no caso português a mudança
provocou o traslado do monarca João VI e a corte para o Rio de Janeiro em 1808. A
ruptura entre Portugal e Brasil se produziria em 1822 de forma pouco traumática, em
de sede do poder imperial se produziu em 1808, no espanhol nunca se
termos militares, como resultado do projeto dos liberais portugueses de "recolonízar" o
Brasil. MACAULAY, Neill, Dom Pedro. lhe Struggle for Liberty in Brazil and Portugal,
1798-1834, Durham, Duke Universiry Press, 1986 y J. BARMAN, Roderick, Brazil: lhe MARICHAL, Carlos. La bancarrota dei uirreinato. Nueoa Espana y lasfinanzas dei Imperio
Forgíngofa Nation, 1798-1852, Stanford, Stanford Universiry Press, 1988. espanol, /780-/8/0.
México: Fondo de Cultura Económica, 1999.

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chegou a executar o projeto de traslado proposto pelo ministro Manuel de
Godoy, já que o cativeiro posterior na França de Carlos IV e Fernando VII,
Império espanhol na América
tornou-o de todo impossível. Se no primeiro caso a ocupação napoleônica
náo acarretou uma crise de soberania, no segundo caso foi o que ocorreu, o livro é aberto pela contribuição de Rafal Reichert sobre a despesa
além de que em muito pouco tempo (biênio 1808-1810) se superpuseram militar novo-hispana na região do Grão Caribe durante a primeira metade
outras crises - a constitucional e a de independência - que desarticularam do século XVII (1609-1648). O texto estuda a importância estratégica de
a ordem política e fazendária dos territórios hispano-americanos no marco San Agustín de Ia Florida, Havana, Santo Domingo e Porto Rico para os
de uma intensa guerra civil." domínios espanhóis na América, assim como o financiamento dos situados
Há quase quarenta anos a historiografia ibero-arnericana registrou a em dois momentos, um de paz (1609-1621) e outro de guerra (1621-
íntima conexã que existiu entre estes fenômenos bélicos de princípios do 1648).
século XIX e as profundas alterações que experimentaram os reais erários Desde as últimas décadas do século XVI, o vice-rei no da Nova
da Espanha e Portugal em suas posses-sões americanas.' En este sentido, Espanha financiou as despesas militares nas fronteiras imperiais do
se puede afirmar, que o período bélico dos fins do Setecentos e primeiras setentriâo mexicano, as Filipinas e o Caribe. De fato, entre 1609 e 1648,
décadas do século XIX foi o responsável último pela crise dos reais erários 25% dos gastos realizados pela Real Fazenda do México se destinaram à
nas colônias e o núcleo a partir do qual se conformou a Fazenda pública defesa do império espanhol: o Caribe recebeu 44% do total das despesas
dos novos Estados-nação latino-americanos. militares, seguido das Filipinas (36%) e os presídios localizados ao norte
Com o objetivo de organizar os diferentes estudos optamos por da Nova Espanha (20%). Dentro do espaço caribenho, Havana destacou-
um critério geográfico (América espanhola e portuguesa) e cronológico, se por atrair a maior quantidade de recursos, seguida de San Agustín de
para que os leitores possam apreciar o impacto dos fenômenos bélicos Ia Florida, San Juan e Santo Domingo. Após a assinatura do Tratado de
internacionais e civis nas fazendas coloniais americanas, considerando, Londres em 1604 e a Trégua dos Doze Anos com as Províncias Unidas
de um lado, a própria evolução e modalidade dos conflitos armados em 1609, a Coroa espanhola conheceu doze anos de paz que aproveitou
que atravessaram o espaço ibero-americano colonial durante os séculos para diminuir as dívidas e reforçar a defesa das possessões nas Índias
XVII-XIX, suas lógicas internas e, por outro lado, o desenvolvimento ameaçadas pelas incursões de ingleses e holandeses. Em 1621, Espanha e as
experimentado pelas estruturas fazendárias portuguesa e espanhola no Províncias Unidas entraram novamente em guerra. O conflito se deslocou
espaço colonial americano. para o Grão Caribe, devido ao interesse holandês de apoderar-se da prata
americana e de cortar o fluxo de recursos destinados à península ibérica. O
impacto da pressão holandesa chegou a tal ponto que entre 1624 e 1633
seus navios interceptaram 390 barcos espanhóis e portugueses, afetando
Sobre uma renovada caracterização das guerras de independencia como conflitos significativamente o comércio intercolonial e o envio de situados aos
predominantemente civis entre os próprios americanos, cf.: PÉREZ VEJO, Tomás. Elegía presídios caribenhos.
criolia; una reinterpretaciôn de las guerras de independencia hispanoamericanas. México:
Neste mesmo contexto, a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648),
Tusquets, 2010.
Se no caso da Espanha pode-se tomar como referencial a obra de Josep Fontana surgiu a Armada de Barlovento, analisada por Ernest Sánchez Santiró.
(FONTANA, josep, La quiebra de Ia monarquia absoluta (1814-1820). Barcelona: O autor estuda as implicações fiscais da criação, funcionamento e
Crítica, 1971), da qual logo derivaria um estudo mais detido sobre os aspectos fiscais desaparecimento desta Armada ao longo de toda sua existência (1636-
da monarquia espanhola na guerra de independência (FONTANA I LÁZARO, Josep y
Ramón Garrabou. Guerra y hacienda: Ia hacienda dei gobierno central en los anos de Ia guerra
1749), como uma entidade encarregada de proteger o Grão Caribe da
de Ia independencia (1808-1814). Alícanre: Instituto Juan Gil-Albert, 1986), para o caso pirataria e de invasões por potências inimigas como a Holanda, França ou
latino-americano foi patente o impacto da obra de Tulio Halperin Donghi. A respeito, Grã-Bretanha. O autor assinala como esta rubrica de despesa necessária
cf.: HALPERIN DONGHI, Tulio. Revolución y guerra:formación de una elite dirigente en
para a defesa do império espanhol foi deterrninante na imposição indireta
Ia AYKentina criolla. Buenos Aires: Siglo XXI, 1972 y Guerra y finanzas en los orígenes del
atado argentino (1791-1850). Buenos Aires: Editorial de Belgrano, 1982. sobre o comércio interno e externo da Nova Espanha. Um elemento que

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sobresai na exposição é o fato de que para financiar a criação da Armada de realizar diversas negociações com agentes internos e externos ao mundo
Barlovento, a Real Fazenda teve de desenvolver um processo de negociação colonial.
entre diversos atores novo-hispanos (o cabildo da cidade do México, o Johanna von Grafenstein procede a uma análise comparativa entre
consulado de negociantes, o cabildo de Puebla, etc.) para reunir os arbítrios as despesas efetuadas pela principal tesouraria do vice-reino da Nova
necessários. Ao final, as dificuldades para obter as somas orçadas levaram Espanha, a Caixa Real do México, durante as guerras da Espanha contra
a que a renta das alcabalas financiasse a União de Armas e a Armada de a Crã-Bretanha (a guerra dos Sete Anos em 1756-1763 e a das Treze
Barlovento. Colônias, 1776-1783), com especial atenção aos situados o partidas para
Ao revisar simultaneamente as tendências de ingresos e gastos entre financiar gastos administrativos e militares no Caribe.
1635 e 1750, Sánchez Santiró destaca a capacidade de autofinanciamento Como já assinalamos, os situados financiavam a defesa de pontos
da Armada de Barlovento, assim como o sistema de transferências entre estratégicos como as fronteiras e as principais rotas de comércio. Em
caixas reais na Nova Espanha e a necesidade de comparar os recursos tempos de paz, estas remessas eram enviadas às praças caribenhas com base
com sua efetividade militar. No mais das vezes, a Real Fazenda atuou em montantes orçados, ao passo que durante as guerras os recursos eram
discricionariamente no uso dos recursos da Armada para enviar remessas enviados em função das necessidades militares de cada zona. Sob estes
à Espanha ou para fazer frente a outros gastos mais urgentes no Caribe ou parâmetros, e de acordo com os montantes, os situados enviados a Havana
nas Filipinas. Esta baixa financeira se traduziu em falta de eficiência quanto foram os mais importantes.
aos objetivos militares propostos, pelo que, em seguida à participação Não obstante, a guerra de 1756-1763 interrompeu o fluxo regular
ativa do Esquadrão de Havana na guerra contra a Inglaterra (I 739-1748), de recursos em várias praças. De fato, a derrota espanhola (com a perda
Fernando VI ordenou em 1748 a eliminação da Armada de Barlovento por de Havana em 1762 como fator emblemárico) teve um impacto diferente
ser um "monstro no gasto e formiga na utilidade do servicio". sobre a Caixa Real do México, já que a partir de então se aplicaram várias
Matilde Souto Mantecón analisa as primeiras repercusôes para o medidas tributárias para aumentar os recursos disponíveis para a defesa
porto de Veracruz do Tratado do Assento firmado pela Espanha e Grã- do império. Porém, no caso da guerra das Treze Colônias, a intensidade
Bretanha em 1713, ao finalizar a guerra da Sucessão Espanhola (1701- e custos foram tão elevados que motivaram a recorrer-se ao expediente
1713). O tratado outorgava à Companhia da Inglaterra o monopólio da dos empréstimos para liquidá-los. A nota mais relevante deste segundo
venda de escravos negros, com a permissão de enviar um navio com 500 período, destaca o trabalho, fundou-se em que a vitória da Monarquia
toneladas de mercadorias "livres de todos os direitos nas Índias", com cada católica não significou uma redução imediata na demanda de recursos nas
frota ou comboio de galeões, para ser vendidas durante a feira da frota. Um praças caribenhas, em virtude das dívidas contraídas localmente. Esta a
tratado que teve uma vigência de 30 anos. Como a colocação em prática razão pela qual se buscou aumentar a eficiência dos processos, bem como
do Tratado atrasou, em 1714 a Companhia da Inglaterra recebeu licenças melhorar a contabilidade dos gastos realizados, para dar ordem às despesas
adicionais para mais dois barcos, o Elizabeth que se destinaria a Veracruz, da Real Caixa do México.
e o Bedford a Cartagena, com permissão para embarcar 600 toneladas de Neste mesmo contexto, a guerra de independência das Treze
mercadorias, retribuindo à Coroa espanhola com 10% dos lucros. Devido Colônias, Guillermina del Valle Pavón, em seu estudo sobre a interrnediaçâo
aos múltiplos contratempos e maus entendidos, o Tratado foi revisado e financeira do consulado de negociantes da Cidade do México para apoiar
modificado em 1716, na linha de outorgar maiores privilégios fiscais e as despesas militares da Coroa, estuda o empréstimo de 1782 contraído
mercantis aos navos ingleses. pelo vice-rei Martín de Mayorga, através do Consulado de negociantes,
Graças a este trabalho se pode constatar como a política mercantil, como uma das medidas extraordinárias às quais recorreu a Corona para
a fiscalidade e a guerra foram tres variáveis de uma realidade poliédrica financiar o esforço bélico.
na qual a Corona espanhola se movimentou com vistas à obtenção de A autora nos mostra como a Real Fazenda novo-hispana obteve
objetivos proprios (econômicos e geoestratégicos) para o que teve que um apoio imprescindível para a financiação da administração civil
e militar das populações hispãnas do Caribe graças à expansão dos

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rendimentos fiscais decorrentes das reformas borbônicas (estanco do de diversos fenómenos bélicos, o texto de Carlos Alberto Ortega González
tabaco, reforma na renda das alcabalas e pulques, etc.). Contudo, estes abre a porta para uma fiscalidade que era paralela, o fisco eclesiástico -
recursos resultaram insuficientes à altura do biênio 1782-1783, o que os dízimos - que experimentou também o impacto das guerras. Em seu
acarretou medidas de arrecadação extraordinárias, tais como a imposição trabalho constata-se como a evolução da arrecadação do dízimo líquido
de "donativos voluntários", a obtenção de empréstimos forçados contra no arcebispado do México experimentou uma profunda crise por coma
fundos de corpo rações civis e eclesiásticas, os pedidos a vários comerciantes da guerra de independência (1810 e 1821), ainda que com um caráter
abonados da Cidade do México para que provessem um suplemento que mais marcado no período de 1812 a 1816, momento em que, após o
seria reembolsado "quando o pedissem" e, finalmente, a obtenção de um enfraquecimento da insurgência, as receitas deimais se recuperaram para
empréstimo em qualidade de reintegro contra os fundos dos Tribunais do tornar a decrescer abruptamente em 1821, em virtude do movimento
Consulado e de Mineração. armado liderado por Agustín de Iturbide que levou à independência.
Com estas medidas, o vice-rei Mayorga conseguiu remeter ao O autor atribui a variabilidade nos rendimentos à maior ou menor
Caribe e à península ibérica quase cinco milhões de pesos em cerca de força do movimento insurgente neste período. Um movimento que
três anos. O sucesso desta política deve ser relacionado, assinala a autora, incidiu negativamente na arrecadação decimal através de diversos fatores,
ao fato de que os membros do Consulado do México não duvidaram em tais como a queda da produção agropecuária, a fiscalidade extraordinária
co~ceder. os empréstimos já que, em termos gerais, constituíam uma opção da coroa espanhola, os empréstimos forçados, confiscos executados pelas
de l~vest1mento em tempos de guerra, com uma "taxa de juros moderada, forças realistas, o saque das coletorias, assim como pela perda de eficiência
porem segura", que lhes permitiria ganhar o favor da Coroa e o aumentar dos mecanismos de arrecadação, o que implicou a perdida de capacidade
seu prestígio no âmbito da ordem corporativa do vice-reino. coativa e o incremento nos custos de arrecadação. Este último fato remete
O espaço de análise tratado até aqui (Nova Espanha e o Caribe) se a uma análise de sociologia fiscal. Ao consumar-se a independência,
amplia com o trabalho de Oscar Rodríguez Salazar, que se adentra na muitos destes problemas foram resolvidos em diferentes graus no entanto,
fiscalidade do Vice-Reino da Nova Granada durante a transição da colônia à o surgimento de novos atores políticos impediu que a arrecadação decimal
independência. O autor analisa a relação existente entre o processo político recuperasse seu nível anterior à guerra civil.
da independência de Nueva Granada, as finanças públicas e a emissão O salto de uma fiscalidade colonial de Antigo Regime para outra
monetária desde uma ótica reguIacionista, um enfoque que lhe permite no âmbito de um Estado-Nação, própria do regime liberal se realiza neste
uma aproximação mais rica do papel desempenhado pela moeda nas livro graças ao trabalho de Inés Roldán de Montaud, que versa sobre a
sociedades modernas, particularmente na maneira pela qual as autoridades fiscalidade em Cuba durante a Primeira Guerra de Independência (1868-
neogranadinas construíram sua credíbilídade e reputação no período. 1878). Trata-se de uma aproximação inicial aos diversos problemas que a
Paralelamente a esta temática, o trabalho explora a importância das Fazenda cubana enfrentou por causa do movimento de independência a
casas de moeda em termos da arrecadação fiscal entre 1775 e 1809. De partir de 1868 com base em escritos, memórias e publicações oficiais do
igual modo, analisa a crise fiscal do Vice- Reino neogranadino entre 1810 momento.
e 1821, reconhecendo nas necessidades de financiamento do esforço de Como assinala a autora, durante grande parte do período que abarca
guerra o principal fator por trás da desordem monetária reinante. Neste as décadas de 1820 e 1860, a Fazenda cubana havia apresentado superávits
sentido, o autor destaca que o nascente governo da Grã Colômbia buscou que foram parar na Tesouraria metropolitana. No entanto, em meados da
penosamente "associar soberania política com soberania monetária", década de 1860 apareceram sinais claros de crise que levaram a que em 1867
e~ particular com a recunhagem dos signos monetários desprovidos de se ensaiasse uma ambiciosa reforma fiscal (eliminação de antigas rendas
lei e peso segundo os padrões coloniales, com o objetivo de recuperar a coloniais, substitução por uma contribução direta sobre as rendas, redução do
confiança da população. direito de exportação e simplificação do direito de importação, prévia reforma
.. Se até este ponto os trabalhos concentram-se nas transformações da tarifa, etc.). Mas ao começar a guerra de independência, os problemas
VIVidaspela Real Fazenda da Monarquia católica decorrentes do impacto se agudizaram, de forma que se -abandonou a reforma tributária. Ocorre

18 19
que não se podia restaurar em sus próprios termos a velha fiscalidade. Ao decisivo no proceso de promover mudanças na fiscalidade regIa, o que
calor da guerra se desenvolveu uma importante fiscalidade extraordinária determinou uma participação mais decisiva das Câmaras Municipais ao
de guerra que incrementou a pressão fiscal sobre o comércio externo, longo do século XVII, e igualmente o estabelecimento de condições mais
sustentado na potente agro-indústria açucareira, introduziram-se diversos eficazes de defesa na colônia. Mas o texto de Silva Araújo vai além, e coloca
tributos diretos sobre a renda das propriedades e as atividades mercantis e em perspectiva o próprio sistema de contratos, assim como as diferenças
industriais, ao mesmo tempo que era ampliada a dimensão creditÍcia para profundas que experimentaram entre os séculos XVII e XVIII.
sustentar o esforço bélico. Chegou-se inclusive à monetarizaçâo do déficit, O capítulo seguinte, de Pedro Puntoni, está especialmente dedicado
o que causou desvalorização e inflação. Os bilhetes perderam sua aceitação a discutir a soberania no mundo colonial, no que "a segurança externa
até que se permitiu seu uso para o pagamento de impostos, o que por sua dependia sobretudo da manutenção da ordem interna". Para o Brasil, em
vez fez com que as receitas públicas diminuíssem na mesma proporção na particular, esta ideia assume especial relevância, dado o regime de trabalho
qual os bilhetes se depreciavam. Isto provocou que tempos depois tornasse a dominante, o escravismo. Além da manutenção da ordem interna, ou
ser obrigatório o pagamento de impostos em ouro. Porém, o peso da guerra da vitória permanente na guerra de classes que cotidianamente se dava
e os problemas financeiros levaram à suspensão de dívidas a cargo do fisco, no interior das fazendas de açúcar, era preciso igualmente assegurar as
com o que a autoridade fazendária minou sua credibilidade. condições da fortaleza de Salvador na Bahia, a capital do Vice-Reino.
Puntoni discute como a uma conjuntura de crise da economia açucareira a
Império português na América partir da década de 1620, articulada como uma crise fiscal da monarquia,
derivou em reajustes sucessivos do sistema monetário português. Aqui
se encontra o ponto central de seu texto: a relação entre a guerra e a
No que tange à América portuguesa, a análise da relação entre a construção de um sistema monetário definido, desde meados do século
guerra e a fiscalidade é bastante recente. Contudo, novos trabalhos XVI, em consonância com a economia do Império.
começam a responder de maneira importante a esta demanda." O autor destaca que, num primeiro momento, "a homogeneidade
Abre o conjunto de contribuções o trabalho de Luiz Antonio Silva da moeda-mercadoria no padrão bimetálico definia esta dimensão essencial
Araújo que estuda a relação entre as guerras e um elemento nevrálgico da da interferência do sistema estatal em formação no mundo da economia
fiscalidade portuguesa: os contratos de arrendamento de diversos tributos. e no modo de vida das diversas comunidades". Em seus próprios termos
O autor parte do pressuposto, tomado de Perry Anderson, segundo quem "a dominação do capital comercial expressava-se no controle da moeda"."
o Estado nas sociedades de Antigo Regime atuaba como "máquinas" Nesse ambiente em que o sistema político da colonização é profunda,
construídas para o campo de batalha, ou, pelo menos, deberiam sê-lo. mas não exclusivamente, dependente de pagamentos em "moeda-metal",
Ao lado das dificuldades na constitução de sistemas de defesa, a guerra pergunta-se o autor: como conciliar a falta de moeda? Finalmente,
influenciou fortemente a dinâmica dos contratos, tanto na elaboração das o trabalho se coloca frente a uma parte da historiografia que insiste na
condições neles estabeleci das, como no êxito efetivo de sua execução. Se, ideia de que havia uma falta estrutural, ou escassez, de moeda, o que lhe
de uma parte, a guerra possibilitava aos negociantes financiar conflitos e permite mostrar como a ideia de um desequilíbrio monetário entre o
adquirir privilégios nos contratos de arrendamento de tributos, por outra espaço econômico da colônia e o do reino pode revelar a maneira em que
a
implicava o risco da quebra. Desta forma, guerra teria sido o elemento os autores concebian esta contradição de maneira limitada, ajustada aos
conceitos mercantilistas então em voga.
Como exemplos disto, veja-se LENK, Wolfgang. Warfare and raxation in Porruguese O trabalho de Bruno Aidar aborda a manera em que sucessivas
Brazil during Durch war, 1624-1654. In: TORRES SÁNCHEZ, Rafael. W'llr, state and transformações fiscais da Capitania de São Paulo, pressionada pelos gastos
deuelopment; fiscal-military states in rhe eighteenrh century. Pamplona: EUNSA, 2007, e
COSTA, Leonor Freire. Fiscal innovarions in early modern States: which war did really
Uma ideia frequente na historiografia colonial hispano-americana. A este respeito cf.:
rnarter in rhe Porruguese case? Lisboa: Gabinete de História Econômica e Social, 2009
ROMANO, Ruggiero. Moneda, seudomonedas y circulacián monetaria en Ias economias de
(Documento de trabalho, 40)
México. México: FCE/El Colegio de México, 1998.

20
21
militares intermitentes, ajudaram a forjar um campo de poder no plano da da dimensão política do espaço ibero-americano (o império português
capitania entre os governadores, as milícias e as câmaras municipais. Neste C" o espanhol) é complementar a uma leitura organizada com base nos
âmbito, o autor destaca a profusão de mecanismos de extração fiscal da ohjctivos centrais do erário (por exemplo, a defesa frente aos inimigos
capitania. Este ambiente de "guerra intermitente" na porção sul do Brasil, externos ou o financiamento da guerra de independência/a contra-
por um lado, e as necessidades de fazer frente aos gastos correntes, por insurgência) ou a partir das relações existentes entre as finanças públicas
outro, produziram situações peculiares. coloniais e os fenômenos mercantis e monetários, nos quais a presença de
A historiografia, de um modo geral, tem considerado as câmaras diversos grupos profissionais dotados de estruturas corporativas (caso dos
municipais como instiruçôes responsáveis pela estabilidade imperial, como comerciantes ultramarinos - os homens de negócio, os mineradores ou os
espaços de negociação e de conternporização de intereses. Contudo, o texto !:tzendeiros/roceiros), as câmaras municipais ou os grupos de financistas
de Aidar enfatiza outros aspectos igualmente relevantes e menos explorados, corno os contratadores das rendas públicas, é muito notória. Os trabalhos
principalmente os conflitos com outros poderes, o exercício da autoridade aqui reunidos reforçamu a visão historiográfica que tem questionado
régia sobre os poderes locais e a hierarquização de interesses entre a coroa óI ideia de que ao longo da época moderna se conformaram na Europa
e as câmaras. Neste sentido, o autor assume, em suas palavras, um tom verdadeiros Estados fiscais-militares (fiscal-military states) entendidos como
mais cético com relação à amplitude das negociações e da autonomia dos "máquinas de guerra" graças ao estabelecimento de potentes e eficientes
poderes locais na segunda metade do século XVIII. administrações, no marco de um amplo sistema fiscal e militar, com as
Encerra o conjunto de trabalhos o capítulo de Rira Martins de Sousa quais puderam fazer frente aos diversos desafios bélicos. Uma caracterização
que estuda um século XVIII marcado por conflitos no Atlântico Sul entre herdeira da obra pioneira de John Brewer. Os textos que apresentamos
as duas potências ibéricas. De imediato, a autora sublinha a quantidade de aqui não nos mostran este tipo de "Estados" para os casos de Portugal e
enfrentamentos pelo domínio de espaços geoestratégicos no descobrimento Espana. Ao contrário, estamos diante de estruturas políticas imperiais nas
e condução de produtos que justificaram guerras e tratados entre Portugal e quais as monarquias ibéricas se viram continuamente chamadas "a negociar
Espanha em torno da Colônia de Sacramento, cujo significado econômico com os grupos no sentido de obter um consenso que lhes permitisse obter
estava no acesso à prata e à possibilidade de definir esta região como a c mobilizar recursos para a guerra.8
frontera sul do Brasil.
Como expõe a autora, uma história de avanços e retrocessos entre
as duas potências foi desenhada entre 1715 e 1777, em que finalmente
o acordo consistiu na entrega por Portugal da Colonia de Sacramento
em troca da devolução da ilha de Santa Catarina e da (re)delimitação dos
limites meridionais do território brasileiro. Contudo, entre uma e outra
data há outras: a guerra de 1735-1737, a guerra Guarani de 1753-1756
derivada do Tratado de Madrid, a guerra de 1761-1763, assim como a de
1774-1777. Mas as guerras custavam dinheiro, de fato muito, pelo que
tinha-se de buscar fontes seguras. Nisto focou-se o governo colonial.
Com estes trabalhos percebemos como a historiografia que gira em
torno da guerra e da fiscalidade no espaço colonial ibero-americano se
apresenta como um terreno promissor na medida que se converte em uma
encruzilhada de temáticas, enfoques e metodologias entre a economia, a
Sobre esta mudança historiográfica a partir do trabalho inicial de John Brewer, veja-se:
fiscalidade e a política, além de que nos mostra os avatares dos principais TORRES SÁNCHEZ, Rafael. The triumph of fiscal military state in the eighteenrh
impérios continentais de América durante os séculos XVII-XIX. Neste century; war and mercanrilism. In: TORRES SÂNCHEZ, Rafael, Wzr, state and
deuelopment; fiscal-rnilirary states in me eighteenth cenrury, Pamplona: EUNSA, 2007,
sentido cabe assinalar que a proposta que apresentamos, articulada a partir
pp. 13-44.

22 23
-
Entre Ia paz y Ia guerra,
eI gasto militar novohispano
en Ia región dei Gran Caribe
(1609-1648) 1

Rafal Reichert
(Facultad de Filosofía y Letras - UNAM)

Cuando en 1609 Ia Espana de Felipe III firmó Ia Tregua de los


1)oce Afios con Ias Provincias Unidas, dando armisticio en Ia lucha por Ia
indcpendencia de los Países Bajos dei Norte que había iniciado cuarenta
aúos antes, el rey hispano pensó que el fin de los conflictos bélicos
permitiria a disminuir Ia deuda real y con ello se iniciada un periodo de
paz y tranquilidad para Ia carona espanola. Siri embargo, tras su muerte
eu J 621 Y Ia entrada al trono dei joven rey Felipe IV, quien tras consejos
de su ambicioso valido, el Conde-Duque Olivares, de nuevo el império se
involucró en canflictos bélicos europeos, 10 que en vez de dar Ia gloria ai
pucblo ibérico, 10 llevó a Ia crisis, rebeliones y caída del poder espariol en
Ia política europea.

FI presente artículo está basado en Ia investigación dei autor para Ia tesis doctoral rirulad»
S/lmrro.1 de Ia Nueua Espana para Ia poblacián militar de los puertos espanoles en Ia regiân di'!
(;"1fI (,~/rih('. siglo XVII, en Ia cual se estudia Ia complejidad dei apoyo novohispano para

10.\ prcsidiox dei Golfo - Caribe a 10 largo de Ia centuria decirnosépuma, una época pom
Iral,.da hisróricamenre en relación a Ia defensa dei imperio. Tesis defendida en eI rosgrado
de hixrori« cn Ia Paculrad de Filosofia y Letras de Ia UNAM. Además es irnport.uuc
dn ir qlle d tr.ibajo file realizado gracias aI apoyo dei Proyecto de Invesrigación B,ísiu
( '( )NA< :VT I 11SI il 11I0 Mora, número 83711.
· En este contexto, dos diferentes pensamientos políticos se
retiejaron en ~os gastos ~ilitares de los presidios esparioles en Ia región
1',
}

',,-'.-".
J . ··-c

relativos aI tema de los gasros militares, principalmente Ias obras de EngeI


Sluitcr" The Florida Situado: Quantifying the First Eighry Years, 1571-
deI ~ran Canbe, financiados desde Ias cajas reales de Ia Nueva Espana, 1651 y The Gold and Silver of Spanish America, se analizarán los situados
especificamente por Ia de Ia ciudad de México, durante dos coyunturas de para dichos presidios en dos coyunturas: en los periodos de paz (1609-
Ia primera mitad deI siglo XVII: una primera correspondiente a los anos de 1(121) Y de guerra (1621-1648), en su contexto histórico, tanto americano
paz (1609-1621) y Ia otra entre los anos de Ia Guerra de los Treinta Anos corno europeo, basado en Ias obras de Charles Boxer, CorneIio Ch.
(1621-1648). Esta área geográfica según varios historiadores entre los que ( ioslinga, José Ignacio Rubio Mané, John Lynch, Geoffrey Parker y Paul
destacan Juan Bosch,? Juan ManueI Zapatero,3 John H. Parry y Philip Allcn, entre otros.
M. Sherlock,4 y Johanna Grafenstein Careis.' demuestra una enorme Finalmente, se abordará Ia cornplejidad y los cambios de los gastos
importa~cia geopolíríca dentro deI imperio espariol, La región que une el militares durante Ia época estudiada, en una visión global deI financiamiento
mar Car~be con eI Golfo de México desde Ia segunda mitad deI siglo XVI militar que sufragó Ia caja real de México en eI mantenimiento de Ias plazas
era considerada por Ias autoridades de Ia corona como Ia frontera en Ia militares de Ia región deI Gran Caribe entre los anos 1609 y 1648, haciendo
lucha contra Ia creciente expansión extranjera en América, que esperaba análisls comparativos con Ias remesas enviadas a otras fronteras imperiales
abrirse paso por Ia "puerra" de acceso a Ias riquezas de Ias Indias. Por 'ltlC administraba Ia Nueva Espana, específicamente Ias islas Filipinas yeI
elIo, desde los anos ochenta de Ia centuria decimosexta se ernprendió un norte deI virreinato, así como entre Ia plata remitida a Ia metrópoli y eI
plan para fortificar los puntos más importantes de esa cuenca marítima, total de los egresos monetarios que sufragó Ia caja real de México durante
encabezado por eI arquitecto militar italiano Bautista AntonelIi, con eI fin esc tiempo.
de ~nfrentarse efectivamente contra Ia penetración extranjera en eI Gran Cabe seáalar que en dicha época también dos presidios más
Canbe (o Golfo-Caribe o Circuncaribe). obtuvieron socorros, eI de Ia isla de San Martín (entre los afies 1635 Y
A 10 largo de este texto nos enfocaremos en Ia presentación de Ia 1(46) Y Santiago de Cuba (desde 1641 en adelante), sin embargo, no se
geogra.fía estratégica del Gran Caribe como Ia parte integral deI virreinato lnduyen en eI análisis, ya que para estas plazas militares correspondió un
novohispano, donde Ias plazas militares de San Agustín de Ia Florida, período de envíos de corto plazo, además de que en eI caso de Santiago de
La Habana, Santo Domingo y Puerro Rico, como sostiene José Antonio Cuba hayescasa información sobre los subsidies novohispanos.
Calderón Quijano, fueron los punros estratégicos más importantes para
Ia defensa de América," considerándoles como "antemural" de Ias Indias
espafiolas y Ias "lIaves deI Nuevo Mundo'? Geografia estratégica del Gran Caribe
Además, con base en Ia revisión de fuentes primarias de los archivos
General de Ia Nación de México y General de Índias, así como de estúdios EI espacio referido como eI Gran Caribe se compone de dos áreas
geográficas: Ia primera, deI Golfo de México con Ia península de Ia Florida
ai nororiente y Ia costa norte de Ia península de Yucatán, y Ia segunda deI
BOSCH, Juan. De Cristóbal Colón a Fidel Castro: Caribe ftontera imperial. Barcelona:
Alfaguara, 1970. mar Caribe con Ias Antillas Mayores y Menores, Ias costas de Tierra Firme y
ZAPATERO, Juan Manuel. La guerra del Caribe en el siglo XVII! San Juan de Puerro Rico: Cenrroarnérica hasta Ias orilIas meridionales de Ia península yucateca. Esta
Instituto de Histeria Puertorriquena, 1964. vasta superficie, considerada por los espaúoles como "rnare dausum", desde
PARRY, John H. y Sherlock, Philip M .. A short history o/ the West Indies. London: Ia segunda mitad deI siglo XVI se convirtió en eI escenario de los continuos
Macmillan, 1971.
conflicros bélicos entre Espana y otros países europeos (Francia, Inglaterra
GRAFENSTEIN GAREIS, Johanna von. Nueua Espana en el Circuncaribe, 1779-1808;
revolución, competencia imperial y vínculos imercoloniales. México: UNAM, 1997. y Holanda) por eI dominio colonial en Ias Indias. Así, eI Circuncaribe se
Otros de esros puntos estratégicos fueron Veracruz y Campeche con financia miemo
novoh~spa.no y Po:tobelo-Chagre, Cartagena, Santa Marta y Punta Araya con
financIam lemo dei virreinaro peruano.
SLUITER, Engel. Tbe Florida situado: quamiying the first eighcy years, 1571-1651.
CALDER6N QUI]ANO, José Antonio. Las fortijicaciones espanolas enAmérica y Filipinas. CainesvilIe: Universicy of Florida Libraries, 1985 y The gold and si/ver of Spanisb America.
Madrid: Mapfre, 1996.
Berkeley: Universicy of California, 1998.

40
41
convirtió en el primer baluarte espafiol en América, de 10 cual dependía
Ia dorninación hispana, así como en el guardián de Ias entradas a los ricos
virreinatos del Perú, vía Cartagena de Indias y Portobelo, y de Ia Nueva
Espafia, vía Veracruz.
Este último virreinato gobernaba el enorme espacio terrestre y
marítimo a través de sus cuatro audiencias reales que se fundaron en el
siglo XVI. La primera y más antigua fue Ia Audiencia de Santo Domingo
establecida en 1511 y su jurisdicción abarcaba Ias islas del Caribe, el
sur de Ia península de Ia Florida y territorios de Ia actual Venezuela. La
segunda, Audiencia de México (1527), de Ia cual el virrey era presidente,
tuvo por distrito Ias provincias, "que propiamente se llaman de Ia Nueva
Espafia, con Ias de Yucatán, Cozumel y Tabasco; y por Ia Costa de Ia Mar
del Norte y Seno Mexicano, hasta el Cabo de Ia Florida; y por Ia Mar del
Sur [incluyendo Ias Filipinas]".? La tercera audiencia que se fundá bajo Ia
jurisdicción novohispana fue Ia de Guatemala que se estableció en 1543
y se extendía por Ias tierras centro americanas desde Costa Rica hasta Ia
frontera de Ia península de Yucatán, incluyendo Ia provincia de Chiapas.
La última fue Ia Audiencia de Guadalajara o Nueva Galicia que se fundá
en 1548 y tenía bajo su poder los territorios de Ia Provincia de Nueva I li! 111 : propia con.base en Ia imagen tomada dei Virtual Atlas Mundial Enc~rta 2000.
Galicia (actuales estados de Sinaloa, Nayarit y jalisco), Ia Provincia de los
Zacatecas (actuales estados de Aguascalientes y Zacatecas) y Ia Provincia de
Colima (actual estado de Colima);!? II istoria de 10s situados novohispanos para 10s presidios
Gran responsabilidad recaía en el virreinato novohispano para
grancaribefios
mantener el poderío espariol en Ias fronteras imperiales en el norte del
continente americano, en el Pacífico y Filipinas, y en el Gran Caribe, La denominacián de "situado" proviene del otorgamiento en
regiones que a 10 largo del siglo XVII dependían en gran medida de los 1111 I rincipio de una cantidad fija de dinero a una plaza mili.tar p~a el
recursos financieros de Ia Nueva Espafia, especialmente de Ia caja real de '",,\11 iamiento de tropas y con el tiempo también para fortificaciones,
México, de Ia cual salía más de 95% de todos los subsidios dirigidos para Ia !lI"Ir chos, municiones y víveres. EI situado tenía u~ carácter .a~ual ~ ,Ia
defensa del imperio espafiol en el occidente, norte y oriente del virreinato. ! .IIU idad otorgada era sufragada por otra ciudad, region o admlmstrac~~n

. olonial.' Según Paul Hoffman, Ia primera real cédula sobre Ia creacion


d, un subsidio llamado "situado" apareció el 15 de noviembre de 1570.
I 11 -lla el rey Felipe II ordená a Pedro Menéndez de Avilés recluta:. ~O
hombres para alojarIos en Ia Fuerza Vieja de La Habana como guarmclOn

AGUIAR Y ACuNA, Rodrigo de, MONTEMAYOR Y CÓRDOBA DE CUENCA,


Juan Francisco. Sumarios de Ia Recopilaciôn General de Leyes de las Indias Occidentales.
México: FCE/UNAM, 1994, p. 165. SERRANO ALVAREZ, José Manuel. Fortificaciones y tropas: el gasto militar en tierra
10
RUBlO MANÉ, José Ignacio. El uirreinato. México: FCE/UNAM, 1983, pp. 18-19 (v. I: " Firme, 1700-1788. Sevilla: Universidâd de Sevilla, 2004, p. 34.
orígenes y jurisdicciones).

43
42
105 retrasos de Ias cuatro anos en los que eI situado no llegó d~ Santo
y pagada anualmente con Ia cantidad de 8 490 pesos desde Ia caja real de . 17Ocho meses después de Ia publicacián de esta real cédula se
Panamá." Dor:n1l1gI0.. d de Ia ciudad de México en Ia cantidad de 20 000
r

realizó e pnrner envio es


Tiempo después, el 13 de abril de 1583, Felipe 11 ordenó aI virrey
novohispano, Conde de La Corufia, que aumentara Ia guarnición de pesos 18 • I I
. . Finalmente, eI situado de Santo Domingo tuvo sus comlenzo~ en os
Ia ciudad de La Habana con 100 soldados y oficiales procedentes de Ia I
. 'dei siglo XV11 tras Ia despoblacián de Ia banda norocCldental
ciudad de México con el pago de sueIdos anuales. Asimismo ordenó Pnmeros anos , I bli c I I
ti Ia isla Espano a entre I'os anos 1604-1606 ' 10 que o IgO a rerorzar a
mandar provisiones de harina y bizcocho de Puebla de los Ángeles.'? De .' 19
e .d d ara mantener eI orden público durante su cumphmlento. I
esta manera comenzó Ia participación dei virreinato de Ia Nueva Espana Ii('~guna fiP 121 de mayo de 1605, eI rey FeIipe III ordená al gobernador I
en el financiamiento de dicho presidio. Finalmente, con Ia real cédula dei .on este n, e d" de
e Puerto Rico, Sancho Ochoa de Castro, que man ara un~ comp~ma I
8 de octubre de 1584, el situado para La Habana se traspasó de Ia caja real
1nfanrería para fortalecer el poder de Ias autoridades de Ia I~a Yde~lt~r los
de Panamá a Ia de Ia ciudad de México " y aquí se quedó hasta principios
tumultos en Ias poblaciones expulsadas. Por ello, en septiem l~ed e ~l~m~
dei siglo XIX.
ano saliá de San Juan un contingente compuesto de 1?9 so a os aJo e
Por orra parte, desde el inicio de los anos ochenta dei siglo XVI, San
mando dei capitán Francisco FerrecueIo aI que se le aSlgnaron los slueId~s
Agustín de Ia Florida contaba con los socorros novohispanos que procedían
desde Ia caja real de México en Ia cantidad de 23 232 pes~s ;~ua e~, s:;
de Ia ciudad de Veracruz, sin embargo por problemas económicos de
embargo, eI primer pago apenas se realizá tres anos despues e envio e
dicho puerto el 21 de abril de 1592, eI rey Felipe 11 ordená el traspaso
dei financiamiento para 300 soldados dei presidio de San Agustín de Ia Ia tropa.20
caja real de Veracruz a Ia de Ia ciudad de México.P 10 que se puso en
práctica después de dos anos y se mantuvo hasta el ano de 1702 cuando Subsidios mexicanos en el Circuncaribe durante la P~z
fue aprobado el traspaso dei situado de Ia caja real de México aios ingresos
de Ia alcabala poblana. Cabe senalar que Ia ciudad de Puebla de Íos ÁngeIes . d d 1609 a 1621 Ia carona espafiola no estuvo
En eI peno o e' .
mantuvo este financiamiento hasta los anos treinta dei sigla XVIII. 16 'almente en ningún conflicto bélico con otras potenclas
I
invo ucra ad oficl . I . 1 lírica
Con respeto al presidia de San Juan de Puerto Rico Ia caja real de fios de tranquilidad fueron posib es graClas a a po 1 1
europeas. Lo s d oce a d I b 1I n
Santo Domingo tuvo el deber de situaria desde 1582, sin embargo, debido cifista dei rey FeIipe II1, quien aprovechando Ia muerte e sa e ,e
a sus escasos recursos, Ia capital de Ia isla Espafiola nunca mandó ninguna ~~04 firmá el Tratado de Londres poniendo fin a Ia Gue~ra con ~ Ingl~terra
remesa a San Juan. Por ello, eI18 de septiembre de 1586, el rey ordená al isabelina iniciada por su padre Felipe II en 1158p5.21.Tl~m~ni~:~u~~n~:
virrey novohispano Marqués de Villamanrique que el situado para Puerto 6 9 firmó Ia Tre ua de Ias Doce Anos con as rovmcias ,
Rico fuera cubierto por Ia caja real de México, a Ia vez que reembolsara 1 O. . . Ia h~ha por Ia independencia de los Países Bajos dei Norte,
arrrusnco en d I holandeses se
Ia cual había iniciado cuatro décadas antes, cuan o os
11
HOFFMAN, Paul. lhe Spanish Croum and the deJenseofSpanish Caribbean, 1535-1585.
Luisiana: Luisiana State Universiry Press, 1980, pp. 250-251.
1.1
SLUITER, Engel. lhe gold and siluer ofSpanish America. Berkeley: Universiry ofCalifornia, SLUITER, Engel. lhe gold and siluer of5panish America. Berkeley: Universiry of California,
17
1998, p.163.
1998, p. 189. d sil ./'5 . h America. Berkeley: Universiry of California,
Archivo General de Indias (a continuación se usará Ia abreviatura AGI) AGI, Comaduría
687.
,. SLUITER, Enge!. lhe gold an SI ver OJ . 'Pams

SLUITER, Engel. lhe Florida situado: quamifying the fim eighry years, 1571-1651. 1998, P: 191. b do irateria en Santo Domingo, 1522-
1'1 DEIVE Carlos Esteban- Tangomangos, contra an y p 4
Gainesville: Universiry of Florida Libraries, 1985, pp. 12-13. ' . F d ., n Cultural Dominicana, 1966, P: 3 .
J(,
Cabe sefialar que ya en el ano 1698 se intentó por primera vez cambiar Ia fueme de 1606. Santo Dommgo: un aC10 ./'5 . hA ica Berkeley: UniversiryofCalifornia,
I" SLUITER, Enge!. Tbegold and SI 1ver OJ 'Pams men .
financiamiemo para eI situado de San Agustín de Ia caja real de México a Ia alcabala poblana,
eI proyecto que finalmeme se Ilevó a cabo cuatro anos después. CELAYA NÁNDEZ, 1998, p. 178. H' " 1598-1621; eI fracaso de Ia gran estrategia.
11 ALLEN, Paul. Felipe III y ta Pax tSfamca,
Yovana. La fiscalidad novohispana; ingreso y rransferencia en el sistema de adrninisrración
Madrid: Alianza, 2001, pp. 77-79.
de Ias alcabalas, Puebla 1638-1742. México: Colmex, 2007 (resis docroral), pp. 317-322.
45
rebelaron contra el poder espaüol en Ia región.P Fe!ipe lU sabía que e! fin
de los conflictos bélicos permitiría a disminuir Ia deuda real de más de 60
millones de ducados que había heredado de su padre Fe!ipe U quien había
pedido prestados a los banqueros alemanes, genoveses y esparioles para e!
financiamiento de sus empresas bélicas en Europa y e! Mediterráneo.23
Sin embargo, Felípe Ill también aprovechó los anos de paz para
reforzar Ias defensas de Ias posesiones espaüolas en Ias Indias que durante
los primeros diez anos de su reinado fueron infestadas por los ingleses y
holandeses. Los primeros, inspirados en Ias provechosas aventuras de Sir
john Hawkins y Sir Francis Drake, buscaban en Ias aguas de! Gran Caribe
fama y fortuna, además de enriquecimiento por medio de contrabando.
En cambio, Íos neerlandeses entraron en Ias aguas de! Circuncaribe en
Ia búsqueda de Ia sal necesaria pará Ia preservación de! arenque. Estas
incursiones obligaron a terminar 10 más pronto posible e! sistema defensivo
de Ias Indias compuesto de fortalezas en lugares estratégicos de! área, 24
conocido desde entonces con e! nombre de Ias "Ilaves de! Caribe". Dichas
fortificaciones fueron proyectadas en Ia década de los anos ochenra de! , S Ag' La Habana Santo Domingo San Juan
siglo XVI por e! famoso ingeniero militar italiano -Bautista AntonelIi. La Mo an usnn 23 104,00 40462,00
59 442,00 70 456,00
pretensión de Ia corona espariola con aquelIas enormes construcciones 1609 61432,00 69083,00 22614,00 45 148,00
defensivas, era detener Ia penetración extranjera en sus colonias, de manera 1610 900 68 164,00 21 834,00 43456,00
que aquelIos presidios se convirtieron en e! primer baluarte defensivo de 1611 ~419 , '40900,00
Ias Indias. 64 6 00 66 730,00 ~?
1612 97 , 41 018,00
O00 68 045,00
Con este fin, durante e! periodo de 1609-1621 se terminaron de 1613 62 17 , 36958,00
4 9700 69020,00 6715,00
construir varias fortificaciones en e! Caribe, como los fuertes de La Habana 1614 6 8 , 35825,00
59 00 60 337,00 10 882,00
y San juan de Puerto Rico. Ambas obras fueron financiadas por Ia caja 1615 658 , 35818,00
6 02600 52 126,00 12832,00
real de México, misma que invirtió 322 415 pesos de los cuales para Ia 1616 3, 40 115,00
6 72200 52193,00 13662,00
construcción de los castillos habaneros de! Morro y de Ia Punra se asignaron 1617 1, 40 000,00
162 974 pesos, y para e! castillo puertorriqueno, e! San Felipe de! Morro, 4900 71 434,00 16582,00
1618 627 , 41 105,00
se destinaron 159 441 pesos." Gracias a estos subsidios mexicanos, los 4 7800 103392,00 13901,00
1619 6 2 , 39556,00
trabajos de levantamiento de Ias fortalezas prácticamente se acabaron en e! 6 947 00 70 532,00 13 776,00
J 1620 2, 39714,00
6 859 00 70 367,00 13 432,00
1621 5, 40773,00
2 00 69 222,00 13 952,00
1622 6222 , 40 847,00
22 6 78300 68 050,00 12920,00
PARKER, Geoffrey. El ejército de Flandes y el camino espano], 1567-1659. Madrid: A1ianza, 1623 5, 43 546,00
2000, p. 94. 1624 71 093,00 106 871 ,00 11 591,00
23

24 LYNCH, John. Espana bajo los Austrias. Barcelona: Península, 1988, vol Z, pp. 26-28.
Durante los tiempos de Felipe Ill el dicho sistema componían Ias fortificaciones de los
presidios de Cartagena de lndias, Chagre-Portobelo, San juan de Ulúa, La Habana y • . -
Cálculos con base en los líbros de ALVAREZ'l
Luis A1onso. Ia ayuda mexicana en el Pacífico:
MARICHAL Carlos: GRAFENSTElN,
. d Filipinas 1565-1816. n: " I ial
Puerto Rico. Con el tiempo se induyeron otros puerros como San Agustín de Ia Florida, socorros y situa os a , o de Ias finanzas dei imperio espanol: los situados co oru es
25 Santo Domingo, Santiago de Araya, Santa Marta, Campeche entre otros, Johanna von (coords.) ..E~sec7~ol '0 de México-Instituto Mora, en prensa; SLUITER,
Cálculos propios con Ia base en el libro de SLUlTER, Engel. lhe gold and siluer ofSpanish en el siglo XVIII. México. El .egI . B kel . Universiry of California, 1998; y
America. Berkeley: Universiry of California, 1998. Engel. lhe gold and siluer o/ Spanisb América. er ey. de ia Real Hacienda de Nueua
TEPASKE, John J. & KLEIN, Herberr S.. Ingresos y egresos
Espana. México: INAH, 1986.
46
47
1. plaza militar de La Habana (891 879 pesos). En los casos de los otros
1625 65859,00 64718,00 12925,00 40097,00
presidios, San Agustín obtuvo 823 556 pesos (34,25% dei total), San Juan
1626 65859,00 70728,00 12916,00 41 509,00
recibió 520 075 pesos (21,65% del total) y Santo Domingo" sólo 169 334
1627 65859,00 69963,00 34698,00 39707,00 pesos (7% del total). Comparando Ia cantidad remitida para los situados
1628 65859,00 30000,00 24536,00 42270,00 con los envíos a Ia metrópoli y con todos los egresos de Ia caja real de
1629 65859,00 141343,00 2500,00 43630,00 México, resulta que el valor de Ios situados en el período entre 1609 y
1630 65859,00 139057,00 56723,00 44711,00 1621 respondió al 33,9% de Ias remes as enviadas de dicha caja a Espana
1631 64389,00 116 176,00 33480,00 48074,00 (6 536 233 pesos)." mientras que Ia representación de los situados en eI
1632 .,
(.
.,
(.
.,
e: total de Ios gastos sufragados por Ia caja real de México durante esos anos
1633 .,
(. 158 168,00 .,
(.
.,
e- fue dell0,5% (21 164651 pesos).30
1634 74409,00 121 577,00 40685,00 Las remesas de situados enviados de Ia caja real de México se
1635 64389,00 105399,00, 45059,00 100532,00
emplearon en los pagos de sueldos de soldados y oficiales que albergaban
65124,00
las plazas militares deI Gran Caribe. EI mayor número de gente de guerra
1636 105399,00 38184,00 56714,00
ae encontraba en La Habana, con un servicio de más de 400 soldados ya
1637 78910,00 105399,00 95142,00 59939,00
que: era un puerto muy importante en Ia ruta de Ias floras de Tierra Firme
1638 65124,00 105399,00 58002,00
y de: Ia Nueva Espana, donde se reunían embarcaciones de ambas flotas
1639 59799,00 105329,00 19254,00 56846,00
para continuar juntas su viaje de regreso a Espana. En cambio, Ias plazas
1640 53896,00 120418,00 3943,00 51 883,00
militares de San AgustÍn y San Juan contaban cada una con alrededor de
1641 50124,00 16000,00
300 soldados y oficiales. Mientras que Ia guarnición con menor número de
1642 65124,00 78800,00 38235,00 hombres de guerra fue Ia de Santo Domingo donde hacían servicio más o
1643 34093,00 25576,00
menos 150 soldados y oficiales.3!
1644 27689,00 103854,00 Vale Ia pena mencionar que el número de gente de guerra variaba
1645 121 512,00 cada ano debido a bajas, deserciones o jubilaciones de los soldados, además
1646 99891,00 de que do~ tercios de [os hombres de guerra que servían en Ias guarniciones
1647 "
(, ~ 231,00 grancaríbenas eran de origen espafiol. Los lugares de origen de Ia mayoría de
1648 .,
c- 74000,00 10ssoldados que partieron a Ias lndias fueron Ias províncias de Andalucía,
32
Total 2120878,00 3278383,00 587 157,00 1433651,00 Casrilla y León, Castilla Ia Mancha y Extremadura.
----: envíos suspendidos
(?: faltan datos de contaduría
Fuent~s: S~UITER, Engel. 7he gold and si/ver 01 Spanish America. Berkeley: Universi de Ia Nación de México (a continuación se usará Ia abreviatura AGN), AGN, Archivo
of ~ahf~rma, 1:'98,:, 7he Florida Situado: Quantijjing the First Eighty Years, 1571-165; Histórico de Hacienda 877.
Gainesville, En eI caso de Santo Domingo Ia cantidad podría ser más elevada debido a Ia falta dei
472 4Universiry of Florida Libraríes ' 1985, , AGN , Ar Ch'IVO H'istorrco
.. d e Hacienda
. . 11
dato de contaduría para eI ano 1612. Sin embargo, no inHuiría significativamente en eI
v. exp. 5 y 46, v. AHH 877 y AGI, Contaduría 784B.
resultado final.
Cálculos con base en 10sIibros de SLUITER, Engel. lhe gold and siluer olSpanish America.
I'
. Durante dicho periodo los presidios deI Gran Caribe recibieron sus Berkeley: Universiey ofCalifornia, 1998 yTEPASKE, JohnJ.; KLEIN, Herbert S .. Ingresos
~tuado_s desde Ia caja real de México. EI monto que se reunió durante Ios y egrfSOs de Ia Real Hacienda de Nueua Espana. México: INAH, 1986.
Cálculos con base en e1libro de TEPASKE, John J.; KLEIN, Herbert S.. Ingresos y egresos
oce anos fue de 2 215 472 pesos," de los cuales eI 37,1% se remitió a
de Ia Real Hacienda de Nueua Espana. México: INAH, 1986.
11
REICHERT, Rafal. Socorros de Ia Nueua Espana para Ia población militar de !ospumos espanoles
27
mIA rrgión del Gran Caribe, sigloXVII. México: UNAM: 2010, p. 170 (tesis doccoral).
Cálculos con base en los Iibros de SLUITER ' Engel . lhe "eold a nd SI '1ver 01S.panis. h Am .
REICHERT, Rafal. Socorros tle IA Nueya Espana para IA poblacián militar de !ospumos espanoles
Berk eIey: Universiey of. California
.' 1998 y lhe Fl.on'da' suuaao:
J
quantl 'fy'mg rhe first eighey
ertca.
m IA rtgión del Gran Caribe, sig!o XVII. México: UNAM, 2010, pp. 267-269 (tesis doctoral).
years, 1571-1651. Cainesville: Universiey of Florida Libraries , 1985',cAr h'lVO G ener al

49
48
.. ,... '

"
. :
d aúo 1 (}24,1'> Ia expulsión de los portugueses de sus facrorías" en Ia costa
~. .
(;ránco 1 - Porcenraje de los situados para los presidios grancaribenos remitidos de Ia
on:idental de África, con el fin de monopolizar e! comercio de esclavos
cai a real de México entre 1609 1621 I
;\~; mil América, y finalmente Ia búsqueda de Ia recuperación de Ias salinas en

Ia PUlHa de Araya, y en e! caso de fracasar, Ia búsqueda de nuevas minas


de dicho mineral en otras partes de! Caribe. Además, tenían e! propósito
dl' .rpropiarse de Ias riquezas de Ia Hora de Ia Nueva Espana o Ia de flotilla
Santo Domingo;
7%
Iil- Honduras, con e! fin no sólo de ganar grandes riquezas, sino rarnbién
de cortar Ias venas de suministros de metales preciosos para Espana,
importantes para e! financiamiento de sus empresas bélicas europeas." Así,
desde e! ano 1624 hubo infiltración neerlandesa permanente en Ia región
dd Gran Caribe. Aparte de los intentos de tomar algún puerto espanol,
rorno sucedió en e! caso de Ia expedición de Boudewijn Hendricksz, quien
IOIl 1625 intentó apoderarse de San Juan de Puerto Rico y Margarita, ye!
de Adriaen Janszoon Pater de Santa Marta en 1630, tarnbién se intentó e!
Fuente: Tabla 1.
hloqueo de Ia Hora de Tierra Firme para retrasar sus salidas, como sucedió
cn los anos de 1628 y 1629 Y al apresar los buques de Ia Hora de Ia Nueva
Subsidios mexicanos en el Gran Caribe durante Ia Guerra de Fxparia de 1628 por parte de Piet Heyn (quien ganó un botín de 11,5
millones de Horines, más de 4,5 millones de pesos) y Ia flotilla de Honduras,
Ios Treinta Anos Ia cual fue atrapada en varias ocasiones por Schouten en 1624, por Lucifer
1'1\ 1627 (quien tomó 1,2 millón de Horines) y por Booneter en 1630. EI
En mayo de 1621, Espana nuevamente se encontraba involucrada en
área de operaciones e interceptaciones de Ia dicha Hotilla se extendía por
Ia guerra con Ias Provincias Unidas, quienes ahora se hallaban más fuertes
Ia bahía de Honduras, e! suroriente de Ia península de Yucatán y e! cabo
económicamente, militar y navalmente, 10 que Ias convirtió en Ia peor
de San Antonio de Ia isla de Cuba. En cambio, los buques de Ia Hora de Ia
~es~dilla p~ra los súbitos esparioles enEuropa, América de! Sur, Caribe y
Nucva Espana se intentaba tomar entre e! estrecho de Yucatán, Íos cayos
Mnca Occidental, lugares donde los buques de Ia recién creada Cornparifa
'Iortuga (cerca de Ia península de Ia Florida, donde varias veces escuadras
de Ias Indias Occidentales'" emprendían sus acciones bélicas contra Ia
holandesas anclaban esperando a sus presas) y e! norte de Ia isla de Cuba
navegación y los colonos esparioles y portugueses-" Desde e! inicio, e!
hasta Ia bahía Matanzas."
objetivo primordial de Ia empresa neerlandesa fue debilitar e! poder ibérico
Entre los anos 1624 y 1633 los holandeses interceptaron más de
en Ias Indias. Para ello, se llevaron a cabo acciones importantes como e!
]1)0 embarcaciones espanolas y portuguesas (véase Ia tabla 2) en aguas
plan de bloqueo naval de Espana, Ia invasión a Brasil (Bahía) realizada en
dcl Caribe y Brasil, de Ias cuales, un cuarto fue capturado en Ia primera

En marzo de 1625, Ia expedición espanola bajo el mando de Fadrique de Toledo compuesta


de 50 navíos, 1 200 cariones y 12 000 hombres de guerra expulsó a los holandeses de Ia
li
La. Companía de Ias Indias Occidemales fue creada eI 3 de junio de 1621 con eI capital rcgión recién conquistada. Sin embargo, cuatro anos después Ias Provincias Unidas orra
privado y gobernal. Era Ia primera cornpariía creada con eI propósito de fines bélicos, no vez invadieron a Brasil, ahora en Pernambuco donde su colonia permaneció hasta los
comerciames. Su actividad se basó principalmeme en corso, comercio de esclavos africanos anos cincuenta dei siglo XVII. GOSLINGA, Cornelio Ch .. Los holandeses en el Caribe. La
en América y extracción de sal en eI Caribe. Cabe sefialar que por díficulrades de recaudar Habana: Casa de Ias Américas, 1983, pp. 138-140 Y 186-188.
el capital principal de 6 millones florines, primeras acciones comra Ia corona espariola se Se rrataba de São Tiago, São Tomé, São Jorge de Mina y São Paulo de Luanda.
iruciaron apenas a final dei ano 1623. Sobre Ia Cornpariía de Indias Occidemales véase los BOXER, Charles. Tbe Dutch seaborne empire, 1600-1800. London: Hutchinson, 1965, p.
capítulos VI y VII dellibro de GOSLINGA, Cornelio Ch .. Los holandeses en el Caribe. La ')7.
Habana: Casa de Ias Américas, 1983. (;OSLINGA, Cornelio Ch .. Los holandeses en el Caribe. La Habana: Casa de Ias Américas,
"
Desde 1580 hasta 1640, Espana y Portugal estaban en Ia unión personal bajo Ia dinastía I'JH3, pp. 140/145/149/152/164/f82-20Q.
Ilahshurga espaúola.
\--IJFÃj--"
• _. ... _._._ . .0._'"'1-
It.J:~11' I . 1 - j) \ 51
50 ~ 11 .)
·rO',
.
,.,~
cucnca maritrrna. Las cifras demuestran claramente Ia gran potencia 'I ;,hla 2 -- Ias cmbarcaciones capturadas por los holandeses en Ias lndias espanolas

de Ias Províncias Unidas en Ia lucha por debilitar el poderío espafiol en entre 1624 y 1633
América, provocando el retraso de Ias salidas de los barcos provenientes de Afio Número de barcos Capturados en el Caribe
.)
Ia rnetrópoli, ya que constituían el peligro "hereje" en Ias aguas del Caribe 1624 69 (.

.)
espariol. 1625 18 (.

Las acciones holandesas lograron paralizar el comercio intercolonial 1626 29


.)
e-
en Ia América espafiola, causando su caída en un 40%. La mayoría de 1627 55
.)
(.

Ias puertos caribefios se encontraban bajo Ia permanent<f- amenaza de 1628 .)


(.
16
invasiones neerlandesas, como 10 refleja el ejemplo de La Habana, donde 18 12
1629
los vecinos observaban durante una década, ano tras ano en el horizonte 9
1630 45
Ias velas de Ias navíos holandeses que buscaban barcos de Ias flotas de Ias 13
1631 29
"tesoros"."
1632 22 8
Esta ola holandesa también afectó el envío del situado. En julio de
1633 90 27
1636, el holandés Abraham Roosendael apresó un barco que traía 136 717
Total 391 85
pesos de Ias situados atrasados de Ias anos de 1634, 1635 Y 1636 para Ia
(1:Falta de información
plaza militar de San Juan de Puerto Rico. El barco llegó a San Juan sin un lucnte: GOSLINGA, Cornelio Ch .. Los Holandeses en el Caribe. La Habana, Casa de Ias
peso, por 10 que después se tuvo que pedir un préstamo a los galeones de Américas, 1983, capítulos VI y VII.
Tierra Firme por Ia cantidad de 43935 pesos. De esta forma, Ia caja real de
México se comprometió a regresar el préstamo y reponer Ia pérdida, 10 que Imagen 2 - Porcentaje de los situados para los presidios grancaribenos remitidos de Ia
realizó entre los anos de 1638 y 1640.40 caia real de México entre 1622 1635

Regresando al análisis de Ias gastos militares en este periodo, se San [uan de


Puerto Rico;
puede decir que los defensores esparioles de los presídios del Gran Caribe
19.6%
tuvieron que soportar Ia prueba de que Espana entrara en Ia Guerra de Ias
Treinta Anos. Bajo este contexto, el gran esfuerzo de solventar Ias socorros
Santo
monetarios de Ia región del Circuncaribe durante Ia primera etapa del Domingo;
conflicto, fue ejercido por Ia caja real de México, Ia cual entre Ias anos 9.1%
1622 y 1635 asignó desde sus arcas, Ia cantidad de 3 075 764 pesos para el
pago de sueldos de soldados y oficiales en San Agustín, La Habana, Santo
Domingo y San Juan.41

• Fuente: Tabla 1.
I'J
BOXER, Charles. 7he Dutch seaborne empire, 1600-1800. London: Hutchinson, 1965, p.
112.
AI igual que en el periodo de paz, también durante esta época
"" SLUITER, Engel. 7he gold and silver ofSpanish America. Berkeley: University ofCalifornia,
Ias mayores remesas recibió el puerto de La Habana, con Ia cantidad de
1998, p. 184.
Cálculos con base en los libros de SLUITER, Engel. 7he gold and silver ofSpanish America. 1 261 272 pesos, que representa el43,7% del total de Ias envíos asignados
Bcrkeley: Universiry of California, 1998 y 7he Florida situado: quantifying the firsr eighry para el Gran Caribe. Mientras que Ia plaza de Ia Florida obtuvo 797 439
ycars, 1'571-1651. Gainesville: Universiry of Florida Libraries, 1985; y AGN, Archivo
pesos (27,6% del total), Ia de Puerto Rico 566381 pesos (19,6% deI total)
Histórico de Hucienda, v. 472, exp. 45 y 46, v. 877 y AGI, Contaduría 784B.

52 S3
y finalmente, a Ia capital de Ia isla Espanola lIegaron 261 300 pesos que Ia activa participación de Ia caja real de México en Ia primera etapa de Ia
corresponden aI 9,1 % dei total. Es importante recordar que estas cifras son Guerra de los Treinta Anos.
aproximadas, ya que en eI caso de San Agustín, Santo Domingo y San Juan En 1624 se firmó, entre los Estados de Ias Provincias Unidas y el
faltan dos anos en los registros de contaduría (1632 y 1633). Sin embargo, rey de Francia, un acuerdo de mutua ayu~a (el ~ratado. de Compiegne),
con base en Ia información accesible, es posible notar que los situados para en eI que los holandeses recibían un prestamo inmediaro de 4~0 000
La Habana y Santo Domingo aumentaron sus volúmenes respectivamente pesos, así como Ia ptomesa de futuros subsidios, a cambio de c~ntlnuar Ia
en un 6,6% y un 2,1%, en cambio, los envíos para los presidios de San guerra con Espana otros tres anos. En junio de 1630, se fi~mo un nuevo
Agustín y San Juan cayeron respectivamente en un 6,65% y un ,2,05%. tratado franco-holandés que prolongaba Ia ayuda de Francía hasta 1635,
Esros aumentos se debieron a Ia presencia holandesa en Vascercanías y finalmente, en marzo de 1636, Francia entró ofici~~,ente en_Ia Guerra
de dichos lugares, sobre todo de La Habana, donde los neerlandeses de los Treinta Afios, tras ser invadida por una expedición espanola desde
varias veces intentaron bloquear el puerto. Otro factor que influyó en el Flandes bajo el mando de Fernando de Austria, quien llevó aios tercios casi
aumento de Íos gastos militares fue Ia terminación de Ia construcción de
a Ias puertas de París/" ., ',.
los castillos dei Morro y Ia Punta, 10 que provocó el aumento de Ias plazas Así Ia corona espariola llegó ai borde de su eficiencia economica y
de soldados de 409 a 617.42 En el caso de Ias caídas de ingresos en los bélica, Ia cual apareció entre los anos 1639 y 1640, cuando fue obligada a
situados de San Agustín y San Juan, sólo se puede explicar por Ia falta de realizar un préstamo de dinero con altos intereses, debido ai retraso en Ia
documentación, ya que los envíos presentan buenos niveles durante este salida de Ias Horas de plata, 10 que generó Ia bancarrota dei tesoro real."
periodo (véase Ia rabla 1). Además, cabe senalar que en el ano de 1635 AI mismo tiempo Ia corona espafiola sufrió Ias derrot:s de Ias ar~adas
el presidi o puertorriquefio obtuvo una cantidad muy elevada (100 532 espafiolas en Ias batallas navales de Ias Dunas e Itarnaracá, ~ue anunCl~ron
pesos) debido a que se juntaron en dicho ano los envíos de remesas desde el fin de Ia principal potencia marítima en Europa y Amenca. Ademas, el
Ia Nueva Espana con el préstamo de Ia flota de Tierra Firme." estallido de Ias insurrecciones en Catalufia y Portugalllevaron finalmente a
Finalmente, vale Ia pena comparar una vez más Ia cantidad recibida Ia guerra civil en el caso de los catalanes y a Ia independencia de ~ortug~l en
de los situados con los envíos a Ia metrópoli y todos los egresos de Ia caja el caso de los lusitanos. EI golpe final vino con Ia derrota de los invencibles
real de México. De esta manera tenemos como resultado que el valor de por casi 150 anos, los tercios espafioles, quienes perdieron en Ia batalla de
los situados en estos anos responde ai 32,5% de Ias remesas enviadas de Rocroi en 1643,48 de mostrando que para Espana se habían acabado los
dicha caja a Espana (9 477 238 pesos),44 mientras que Ia representación tiempos de esplendor y gloria. , .
de Ios situados comparada con el total de Ios gastos sufragados por Ia caja Todos estos acontecimientos influyeron en Ia perdida dei poder
real de México, demuestra un valor de 11,75% (26 175 555 pesos)." de Espana en Ia política europea, y a su vez mundial, 10 que amplió Ia
La comparación claramente expresa que se aumentaron los envíos a Ia importancia internacional de Holanda, Fran~ia ~ Inglaterr~. T~das estas
metrópoli en un 1,5% debido a Ia necesidad de financiar Ia empresa bélica circunstancias se reflejaron una vez más en el ámbito grancanbeno, el cual
espanola en Europa, pero, 10 que es todavía más importante, los gastos continuaba enfrentándose contra Ias incursiones holandesas. Entonces,
militares en el Gran Caribe aumentaron en un 1,25%, 10 que demuestra en los puertos dei Caribe y Ia costa brasilefia era muy temido el corsario
holandés Cornelis Jol, mejor conocido por los espafioles como Pata de
Paio. Este interceptó más de treinta embarcaciones mercante~ ibéri~as e
REICHERT, Rafal. SOCOITOS de la Nueua Espana para la poblaciôn militar de los puertos espanoles
en la región dei Gran Caribe,sig!oXVII. México, UNAM, 2010, p. 170 (tesis doctoral). intentó atrapar en Ias cercanías de Ia isla de Cuba a Ia Hora de Tierra Fume
1.1
SLUITER, Engel. The gold and si/ver ofSpanish America. Berkeley: University of California,
1998, p. 185.
Cálculos con base en los Iibros de SLUITER, Engel. lhe gold and siluer ofSpanish America. 4(, PARKER, Geoffrey. El ejército de Flandes y el camino espano]; J 567-1659. Madrid: Alianza,
Berkeley: University of Califomia, 1998 y TEPASKE, John].; KLEIN, Herberr S.. lngresos
2000, pp. 132-134. , .
y egresos de !JJ Real Hacienda de Nueva Espana. México: INAH, 1986. 47 GOSLINGA, Cornelio Ch .. Los holandeses en el Caribe. La Habana: Casa de Ias Américas,
Cálculos con base en el libro de TEPASKE, John J.; KLEIN, Herbert S.. lngresos y egresos
1983,p.217. / ,
de Ia Real Hacienda de Nueua Espana. México: INAH, 1986. ,. LYNCH, John. Espana bajo los Austrias. Barcelona: Península, 1988, v. 2, pp. 149-150.

4 55
de! aúo J ú38,
Ia cual después de un combate naval fue obligada a retirarse plazas militares." Estos cambios fueron consecuencia de Ia crisis económica
a Vcracruz donde invernó, teniendo que esperar hasta eI próximo ano y minera que afecró el virreinato novohispano en Ia segunda mitad de los
junto con Ia Hora de Ia Nueva Espana para zarpar rumbo a Ia rnetrópoli,"" aílOS treinta y Ia primera de los cuarenta de Ia centuria decimoséptima.

Volviendo ai análisis de los gastos militares en Ia segunda etapa de Adcmás, eI traspaso dei financiamiento para Santo Domingo y Puerto Rico
Ia Cu<:rra de Ias Treinra Anos (1636-1648), Ia caja real de México invirtió xc puede explicar con eI hecho que desde 1637, a Ia caja real de México
para Ia defensa dei dominio espafiol un total de 2 128 833 pesos." de los se ariadió una carga adicional, recién creada Ia Armada de Barlovento Ia
cualcs J 125 232 pesos (52,85% dei total) se remitieron ai presidia de La rual consumía anualmente alrededor de 150000-200000 pesos.v Dichos
l labana. Mientras que para Ia plaza militar de San Agusrín se-enviaron nconrecimientos también afectaron los envíos para San AgustÍn, donde es
!t H83 pesos (23,5% dei total)," así como para los presidios de Santo
l)()
norable que desde eI ano 1643, éstos cada vez eran menores, llegando a Ia
Domingo y SanJuan se asignaron 156523 Y347195 pesos respectivamente
qllc representan un 7,35% y un 16,3% dei total de Ias remesas remitidas
para los situados.
AI comparar Ia cantidad enviada de Ias situados con los envíos a Ia
I suspensión definitiva en 1645 Y 1646. La única plaza militar que durante
cl periodo de 1636 a 1648 gozó dei privilegio de ser bien surtida fue La
!Iabana, ya que como se ha mencionado era de gran importancia en eI
movimiento de Ias Horas de Tierra Firme y de Ia Nueva Espana, por 10
mcrrópoli y total de los egresos de Ia caja real de México, se dernuestra que l)Ue casi siempre fue asegurada por eI virreinato novohispano con remesas
e! valor de los situados en eI periodo de 1636 a 1648 cayó más de 10% monetárias.
cn comparación con los dos periodos anteriores, ai representar ahora un
22,1% de Ias remesas enviadas de dicha caja a Espana (9 635 030 pesos),52 ( ;rãfico 3 - Porcentaje de Ias situados para Ias presidias grancaribeííos remi tidos de

mientras que Ia representación de los situados en eI total de los gastos Ia caia real de México entre 1636 1648
sufragados por Ia caja real mexicana también disminuyó en más de 3%, San Juan de
representando un valor de 7,6% (27 861 553 pesos).53 Puerto Rico;
16,3%
Las cifras demuestran claramente Ia caída dei sistema de
financiamiento defensivo en Ia región dei Gran Caribe, 10 que además
quedó representado en los cambios que se realizaron en eI financiamienro
Santo
de los presidios de Santo Domingo y San Juan de Puerto Rico. En primer
Domingo;
casos, desde 1641 y en eI segundo desde 1644 se traspasaron los situados
7,35%
mexicanos a Ia real hacienda dei Perú, que por medio de Ias cajas reales de
LaHabana;
Panamá y Cartagena de Indias, desde entonces hasta los anos ochenta dei
52,85%
siglo XVII fue obligada a mantener los envíos de Ias situados para dichas

-1'1
ROXER Charles. lhe Dutch seaborne empire, 1600-1800, London: Hutchinson, 1965, pp,
1.1(;-137.
Cálculos con base en los libros de SLUITER, Engel. lhe gold and siluer ofSpanish America. Fucnte: Tabla 1.
Bcrkeley: University of California, 1998 y lhe Florida situado: quantifying the firsr eighry
ycarx, 1571-1651. Gainesville: Universiry of Florida Libraries, 1985; AGN, Archivo Por último, hay que afiadir que entre los anos de 1635 y 1646, Ias
l listórico de Hacienda, v,472, exp. 45 y 46, v. 877 y AGI, Contaduría 784B.
situados de Ia caja real de México también fueron enviados ai presidio
Fn cl caso de esta plaza militar quizás el porcentaje podría ser mayor ya que para San
A~lISlíll falran los datos de dos aííos de contaduría (1647 y 1648).
de Ia isla de San Martín, donde en eI ano 1633 se instaló una guarnición
( :,íklllos con base en los libros de SLUITER, Engel. lhe gold and si/ver ofSpanish America.
Ilcrkeley: Universiry ofCalifornia, 1998 yTEPASKE, John J.; KLEIN, Herberr S .. 1ngresos " REICHERT, Rafa!. Socorros de Ia Nueua Espana para Ia poblacián militar de los puertos
y ':'<"'.w.< til' Ia Real Hacienda de Nueva Espana. México: INAH, 1986, espanoles en Ia región del Gran Caribe, siglo XVll. México: UNAM, 2010, pp. 181-182
( ::íl, 01"" mil bast· cn ellibro de TEPASKE, John J.; KLEIN, Herbert 5.. Ingresos y egresos (rcsis docroral).
ti,· /" /((',t! Iltlri('l/rltI til' Nueua Espana. México: INAH, 1986. TORRES RAMÍREZ, Bibiano. La Armada de Barlouento. Sevilla: EEHA, 1981, p. 248.

i6 57
al hecho de que sólo se cuenta con un dato del ano
espafiola con el fin de interrumpir Ia extracción de sal por los holandeses. 'I en segun d o Iug ar , b .
Sin embargo, el esfuerzo de Espana fracasó debido a Ia falta de agua dulce y 1633 correspondiente al presidio de Ia isla de, Cub~. No o stante, SI se
Ias pésimas condiciones de vida en Ia isla, Ia cual finalmente fue abandonada .:'. t dos afies de contaduría se podna decir que entre 1629 Y
, omlten es os . d I al
en el afio de 1648, cuando los últimos espafioles fueron trasladados a Ia 1635 hubo una tendencia elevada de 105gastoS ~ara los situa os, os eu es
isla de Puerto Rico. Cabe seâalar que durante Ia presencia hispana en San escílaron entre 236 671 y 315 379 pesos por ano.
Martín, de Ia caja real de México se enviaron 520 414 pesos de socorros."
Gráfico 4 _ EI total de Ias remesas de los situados enviados aios presidios del Gran
Caribe de Ia caia real de México en el eriodo de 1609 a 1648 (en esos)
Comparación de los gastos militares novohispanos
400.000,00
(1609-1648) 350.000,00

300.000,00
AI analizar Ia imagen 4, se puede observar que al inicio de Ia
250.000,00
primera coyuntura de Ia paz, los montos anuales para los cuatro presidios
grancaribeúos de San Agustín, La Habana, Santo Domingo y San Juan I 200.000,00

oscilaron alrededor de los 200 000 pesos anuales. Dicha cantidad desde 150.000,00

1612 fue descendiendo hasta alcanzar el nivel más bajo de 163 802 pesos 100.000,00
en el ano de 1616. Desde entonces se emprendió un crecimiento que 50.000,00
continuó hasta llegar al valor más elevado del primer periodo con un monto • i 'i; I j,' i • i I i i' I'

de 222 676 pesos en el ano 1619, ello se debió al aumento de Ias plazas
de soldados en el presidio de La Habana, donde un ano antes se había
terminado los castillos del Morro y de Ia Punta en el sistema defensivo de
Ia ciudad. Puente: Tabla 1.
Cuando empezó Ia segunda coyuntura en el afio 1622, los situados
'EI curso que se mantuvo durante los primeros cuatro anos de Ia
estaban en un nivel de alrededor de 185 000 pesos anuales, que en el -1640) donde el valor osciló entre Ios 228 525 y
afio de 1624 subió llegando a 233 101 pesos para después descender tercera coyuntura, (1636 I . d
339 390 pesos. Los niveles altos de los gastos mil~tares durante e pen~ó:
suavamente en siguientes anos, tocando el punto más bajo en el ano 1628
de 1629 a 1640 se debieron a Ia inmensa presencia holandesa e~ Ia reg 10
cuando los presidios grancaribefios recibieron sólo 162 665 pesos. La causa
dei Gran Caribe 10 que a su vez provocó gran demanda de dinero, y.
de Ia notable disminución de Ias remesas, fue que ese ano Ia pia ta para
que finalmente llevó a Ia quiebra el sistema de financiami.ento defensivo
los situados fue tomada por el almirante Piet Heyn durante su ataque a i' n Se puede observar en el último periodo de dicha coyuntura
Ia Hora de Ia Nueva Espana, y los reembolsos de los anos posteriores no en la reg o . "1" fu cayendo hasta
(1641-1648), que sucesivamente los gastoS muuares eron d bió
cubrieron por completo Ia pérdida. Sin embargo, durante los tres o tal vez . I is bai d 59 669 pesos en el ano de 1643. EUo se e I
al
Uegar rnve mas ajo e . (1641)
cuatro próximos anos Ias cantidades remitidas como situados ascendieron
ai tras aso de los suministros de los situados para Santo Domlll~,o
nuevamente, cruzando Ia barrera de los 300 000 pesos en el ano de 1630.
Pue~o Rico (1644) a Ia real hacienda per~ana y Ias suspenslOn de l?s
Tanto Ia interrupción en Ia gráfica para el ano 1632, como Ia caída de Y L H b (1643) y San AgUStlll (1645 Y 1646). Ademas,
los situados en el siguiente afio, se debe primero, a Ia suspensión de 10s envios para a a ana I d d
cabe sefialar que en el caso de esta última plaza militar faltan os atoS e
situados para La Habana y Ia falta de datos para 10s tres presidios restantes,
contaduría para los anos de 1647 y 1648.

REICHERT, Rafal. SOCO"OS de Ia Nueua Espana para Ia poblaciôn militar de los puertos
espanoles en Ia región dei Gran Caribe, sig/o XVII. México: UNAM, 2010, pp. 144-149
(tesis doctoral).

5'
S8
representando finalmente 11,2% del total de Ias egresos de Ia (aja real lk
Gráfico 5 - Comparación de Ias situados enviados de Ia caja real de México a cada
México que corresponde a 8 402 262 pesos.V Mientras que ai comp.uark»
uno de Ias oresidios de! Gran Caribe en e! periodo de 1609 a 1648 (en pesos)
ron d valor de los envíos a Espana, aumenta en un 3,8°/Í>,dando (UIlJO
400.000.00 I't'suhado 32,75%.
350000.00 ( ;dfiw 6 _ Porcentaje de Ias situados para Ias presidias grancaribenos remi! id", .I•.

300000.00
I••la'a real de México entre 1609 1648

250000.00

i 20U.000.00 [J San Ag usu n

OLa Habana
150000.0\1
• sooto Dornlngo

100.000.00 asan Juan 00 Puertn H~~I

50000J)<J

l-ucntc: Tabla 1.

AI realizar un análisis comparativo dei total de Ias gastos militaln


Fuenre: Tabla 1.
ljue sufragó Ia caja real de México durante los anos 1609-1648, con los
subsidios de Ias plazas militares dei Golfo-Caribe, deI Norte y de h\
., EI sumario de Ias remesas enviadas para todos Ias presidias de Ia hlipinas (imagen 7), se observa que a 10 largo de Ias 39 anos de di,lho
reglOn del Golfo-Caribe, demuestra que Ia plaza militar que obtuvo más financiamiento, Ia región que recibió mayores socorros fue Ia dcl (,LII1
recursos entre Ias anos 1609 y 1648, fue Ia de La Habana, donde se Caribe, a I que se asignaron 8 402 262 pesos que representan 1t5.H'~1Í1
~emitieron? 278 383 pesos (44,2% del total). Para el segundo presidia de Ia dei total de los gastos militares que destinó Ia caja real de México eu l.1
lmportanCla defensiva, San Agustín de Ia Florida, se destinaron 2 120878
defcnsa dei imperio espafiol. Mienrras que 6 893 922 pesos recibidos pOl
pesos que representan 28,6% del total, mientras que para Ias presidias
los presidias de Ias Filipinas y 3 888 570 pesos destinados aIos presidim
de San Juan y Santo Domingo se asignaron respectivamente 1 433 651 y norrefios, muestran respectivamente Ias valores de 35,9% para Ia prillln.1
5~~ 157 pesos, que corresponden ai 19,3% y 7,9% del total de Ias gastos rcgión y 20,3% para Ia segunda. Finalmente, comparando el total dcl gasto
militares que sufragó Ia caja real de México durante esta época.
militar que sufragó Ia caja real de México con Ias envíos a Espana. resul!.1
Una vez más, comparando Ias remesas enviadas en el periodo de que este primero corresponde ai 74,8% dei valor de Ia plata que se .[cllliti(',
1609 a 1648 para Ias presidios grancaribenos (7 420 069 pesos) con
a Ia metrópoli. Asimismo, Ias 19 184 754 pesos asignados a Ia deknsa dl'
Ias envíos a Ia metrópoli (25 648 501 pesos), resulta que estos primeros [os territorios de Ia Nueva Espana en los tres frentes representan un 2'),')'Yt.
corresponden a un 28,95% de 10 que se mandó a Espana. Asimismo,
de todos Ias egresos de Ia caja real de México, 10 que claramente dcmuest 1.1
Ias 7 ~20 0~9 pesos co~forman el 9,85% del total de los egresos que
sufrago Ia cap real de Mexico (75 201 759 pesos) en dicho periodo. Sin ':..5
Cálculos con base en los libros de SLUITER. Engel. lhe go/d and siluer {/f,~j"múf, I1I1I/T/III.
em~argo,. si reunimos los situados grancaribenos, Ias designios para Ias Bcrkeley: Universiry of California. 1998 Y Tbe Florida Situado: quantifying. rhe ti"1 "ir)"}'
fortificaciones que se consrruyeron en dicha época (461 779 pesos) y Ias years, 1571-1651. Gainesville: Universiry of Florida Libraries, 1985; y TEPASKI'..loIHl I:
sumas para el presidio temporal en San Martín (520414 pesos), el nivel de KLEIN. Herberr S.. Ingresos y egresos de ÚI Real Hacienda de Nueua Espana. México: INAII,
1')86; ACN. Archivo Histórico de Hacienda v. 472. exp. 45 y 46. v. 877 y A<;1. ( :<11".,,111I i.I
Ias gastos militares para Ia región dei Gran Caribe aumenta en un 1,35%,
7S4B.

6
60
que un cuarto de Ia plara que se encontraba en I AI analizar Ia dinámica de los gastos militares en Ia región dei Gran
ciudad era empleada en Ia deferi d I d '. as arcas reales de dicha
sa e omrrno espa - I I F'I" Caribe asignados para defender los puertos espanoles, durante los períodos
Norte y el Gran Caribe. no en as 1 iprnas, el
'ele Ia paz (1609-1621) y de Ia guerra de los Treinta Afies (1621-1648), se
busc6 dar a conocer Ias tendencias de demanda de Ia plata mexicana para
Gráfico 7 - Porcentaje de los gastos militares I . .
socorros de Ia Nueva Es afia entre los anos Itoa;~ I~~:resldlOs que recibían los
101 presídios de San Agustín, La Habana, Santo Domingo y San Juan. En
ambas coyunturas, el presidio que recibió más recursos monetarios fue Ia
Frootera dei
Norte; 2{1.3%
plaza militar de Ia capital de Cuba donde se remitieron 3 278 383 pesos
(44,2% deI total), de los cuales 891 879 pesos se gastaron durante los
c1empos de paz y 2 386 504 pesos durante Ia época de guerra. Estas cifras
,ubrayan claramente Ia enorme importancia deI presidio de La Habana en
1i protección dei sistema de navegación espafiola en el área, el punto de
reunión de Ias flotas de Tierra Firme y de Ia Nueva Espana. Por otra parte,
FIlipinas; 3S.9,i
I••plazas militares de San Agustín, San Juan y Santo Domingo obtuvieron
respectivamente 2 120878 pesos (28,6% dei total), 1 433651 (19,3% dei
total) y 587 157 pesos (7,9% dei total), 10 que también demuestra su rango
de importancia dentro dei sistema defensivo grancaribefio.
En el periodo entre 1609 y 1648, han aparecido tres tendencias
Fuentes: SLUITER, Engel. lhe "oU and si .l"S .
principales de los situados remitidos desde Ia caja real de México. En
. . "SlLver oJ attts. .
of Callforma, 1998 y lhe Florida Situ J.
· .
..'1' h Amerzca. Berkeley: Universiry
I aao, quanufymg rhe fi . h y,
, Ia primera fase los envíos permanecieron en niveles más o menos fijos,
G amesvllIe: Universiry of Florida Libraries 1985' TEPASKE rst elg ry ears, 1571-1651. correspondientes a Ia época de paz (1609-1621), cuando para sueldos de
Ingresos y egresos de Ia Real Hacienda de N~eva E' _ , . ,JohnJ.; KLEIN, Herberr S .. oficiales y soldados se gastaron 2 215 472 pesos. La segunda etapa, durante
Luis Alonso. Ia ayuda mexicana en el R ' . spana, Me:'lco: INAH, 1986; ÁLVAREZ,
In: MARICHAL C I GRAF -acíjico.socorros y SItuados a Filipinas 1565 1816 los primeros anos de Ia Guerra de los Treinta Afios (1622-1635) presentó
. , ar os; ENSTEIN, Johanna v ( '-.
finanzas dei imperio esrpanol-105 situ d lonial .on coords.), El secreto de ias un ascenso dei envío de situados, llegando al gasto de 3075764 pesos, 10
d M' . a os co oru es en eI siglo XVIII M' . que demostró que Ia corona espaüola había respondido con el aumento
e exrco- Instituto Mora, (en prensa); AGN Ar h' ., . . eXlCO:EI Colegio
45 y 46, v. 877 y AGI, Contaduría 784B. ' c IVO Hisrórío, de Hacienda v. 472 exp. de los gastos militares en Ia región dei Gran Caribe para enfrentarse
eficazmente contra Ia amenaza holandesa. Finalmente, durante Ia última
fase de Ia guerra (1636-1648) ocurrió Ia caída de los envíos de los situados
Conc1usiones para Ias plazas militares dei Golfo-Caribe a consecuencia de Ia disminución
de Ia producción minera en el virreinato novohispano, Ia alta demanda de
En este artículo se ha querido demostrar I . . los recursos para el financiamiento de empresas bélicas de Ia rnetrópoli en
remesas novohispanas, específicamente de Ia . a lmpOrtancla de Ias
Europa, además de aáadir una carga costosa a Ia caja real de México, que
política defensiva deI imperio e - I I . ~aJa real de México, en Ia
Ios anos de 1609 a 1648 I"d spano en a reglon dei G ran Caríb d
art e urante
resulto ser Ia Armada de Barlovento. Estos acontecimientos que finalmente
,e area consi erada como I ' d I Ilevaron a Ia quiebra el sistema defensivo en eI Gran Caribe y obligaron a
y Ia navegación de Ios espafioles en Ias Indias I ~ c~razon e comercio
Ias autoridades dei virreinato a pedir el traspaso de los presidios de Santo
autoridades de Ia corona una r ., ,a cua o tuvo de parte de Ias
n Domingo y Puerto Rico al financiamiento desde eI virreinato peruano.
de Ios puertos donde se gua:daab atelnclon tdaalnto en cuestiones de seguridad
d os virreinatos, como en Ia proran as cau es reales . d Sin embargo, comparando eI total de los situados remi tidos ai Gran
. , d I [] proveruenn-, elos
eccror, e as notas I 11 b Caribe con otras regiones (Ias Filipinas y el Norte dei virreinato) que
regreso a Ia metrópoli. que as eva an de
creaban el sistema defensivo espaüol en Ias Indias, resulta que durante el
periodo de 1609 a 1648 Ia mayor atención financiera se prestó a Ia zona

62
circuncaribena, a Ia cual se asignaron 8 402 262 pesos que representaron
43,8% dei total de los gastos militares que sufragó Ia caja real de México, 10
que demuestra Ia enorme importancia dei área para Ia defensa americana,
además dei gran esfuerzo dei virreinato novohispano en eI mantenimiento
de los presidios grancaribenos para eI soporte de cualquier ataque de parte
de los enemigos de Ia coro na. Asimismo, ai comparar Ios situados con los
envíos a Ia metrópoli y con los egresos totales de Ia caja real de México
resulta que Ias remesas aplicadas en eI mantenimiento de los presidios
grancaribenos representaron casi un tercio (32,75%) de los caudales
enviados a Espana, mientras que Ia cantidad dei gasto militar de 8 402 262
pesos representó un 11,2% dei total de los egresos de Ia caja real de México.
Para concluir, se puede decir que Espana durante eI periodo entre
1609 y 1648 experimentó simultáneamente dos diferentes pensamientos
políticos: eI pacífico y eI bélico. Así, eI rey Felipe III buscó manejar su
gobierno evitando los enfrentamientos con otros países europeos para
disminuir eI enorme gasto militar que se asignaba para empresas bélicas
en Europa y América. Sin embargo, durante su reinado no se pudieron
reducir estos egresos por completo debido al permanente temor de
incursiones extranjeras, 10 que se reflejó en Ias remesas remitidas con eI fin
de reforzar Ias fortificaciones en Ias Indias, Ias cuales durante eI reinado de
Felipe III consumieron más plata a 10 largo de Ia centuria decimoséptima.
En cambio, Ia entrada ai trono dei joven y ambicioso rey Felipe IV, quien
pretendió alcanzar eI esplendor de sus amepasados bélicos, Carlos I y Felipe
11, involucró aI imperio en nuevos conflicros europeos que ai principio
parecieron tomar buen rumbo hacia Ia gloria inrnortal. No obstante, en
Ia decada de los anos cuarenta dei siglo XVII, dicha política bélica no
aguantó frente a los graves problemas económicos, sociales, nacionales e
internacionales, provocando Ia declinación y Ia terminación dei esplendor
de Ia Espana Habsburga en eI escenario europeo y mundial.

, '

64
Contratos, Comércio e Fiscalidade
na América Portuguesa
(1641-1730)
Luiz Antônio Silva Araujo
(Universidade Federal do Recôncavo da Bahia)

A colonizaçâo portuguesa na América pode ser dividida em dois


períodos bem distintos. O primeiro, abarcando os séculos XVI e XVII,
caracterizou-se pela atividade açucare ira como principal impulsionadora
do processo de colonização e, o segundo, que se estendeu pelo setecentos,
foi marcado por um processo de diversificação das atividades econômicas
estimuladas, principalmente, pela extração do ouro e diamantes. I
Nossas pesquisas têm como foco o século XVIII e temos identificado
o quanto a extração aurífera impulsionou as atividades dos contratos régios
envolvendo a colônia. Para a análise da colonização e dos contratos régios
na América Portuguesa ao longo deste período, nos deparamos de maneira
intensa com negociantes que não se limitavam a arrematar contratos em
regiões determinadas, mas também envolviam-se em contratos em Minas
Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, enfim por toda a América lusitana. Para
além da colônia, as pesquisas têm mostrado, cada vez mais intensamente,
indivíduos com articulações que também envolviam a África e Portugal
no negócio dos contratos, inclusive contratos em Angola. Neste contexto,
uma dimensão atlântica e imperial foi se descortinando à medida que

Duas observações sobre esta introdução: a periodização acima não se confunde com a
concepção de ciclos econômicos e podemos também caracterizar um terceiro período
iniciado em fins do século XVIII. .definído por alguns como de Crise do Antigo Sistema
Colonial e. por outros, como de um Colonialismo Tardio.
as pesquisas foram avançando e em sintonia com a recente produr.«. Os contratos devem ser abordados levando-se em conta esta
historiográfica acerca da dita colonização. Contudo, procuramos atr.ivc-, articulação sistêmica e, como veremos ao longo do texto, com uma estreita
de pesquisas envolvendo o século XVII identificar continuidades ( articulação com as atividades comerciais. Se a lei facultava, a princípio, a
rupturas na dinâmica dos contratos régios em relação a centúria seguintc qualquer vassalo a arrematação dos contratos de direitos e tributos régios, o
Este é o propósito primordial deste artigo: apresentar algumas conclusóc, predomínio de indivíduos atrelados a atividades mercantis decorre daquela
motivadas por tal objetivo. Como uma decorrência deste objetivo, UIII articulação.
processo se descortina. É a identificação de que a dinâmica dos contrato- Um segundo ponto fundamental na abordagem que faremos,
de direitos e tributos régios passou por mudanças ao longo da colonizaç.i« envolve o entendimento do Estado nas sociedades do Antigo Regime
portuguesa na América. E mais importante: como dimensionar nas relaçó.-, como "máquinas" construídas para o campo de batalha," ou pelo menos o
da metrópole com as colônias, as mudanças em curso? deveriam ser. A par das dificuldades na constituição de sistemas de defesa,
Esse quadro nos coloca a necessidade de um posicionamento diante a guerra definia em muito a dinâmica dos contratos, tanto na elaboração
uma questão: estas regiões compunham um todo com uma condiç.u I
das condições neles estabelecidas, como no sucesso efetivo de sua execução.
sistêmica? Em caso afirmativo, como caracterizar este sistema? Se a guerra trazia a possibilidade de negociantes financiarem conflitos e
Quando observamos de forma isolada as diversas realidades Ila\ adquirirem privilégios em contratos (como do sal, por exemplo), entre
quais atuavam negociantes arrematando contratos, encontramos regióc- outros ganhos, trazia também o risco de falência por conta de conflitos
com diferenças econômicas e sociais marcantes, mas que, como bem nos militares que prejudicassem contratos em andamento. Mas devemos
apresenta João Fragoso, "tratava-se de um sistema onde existiam diferente, salientar, e abordaremos de maneira mais detalhada este ponto mais
economias, mas cujos mecanismos de reprodução se ligavam via circuito- adiante, foi a guerra elemento decisivo no processo de promover mudanças
internos do império, cabendo as suas comunidades de mercadores -entre na fiscalidade régia, trazendo uma participação mais decisiva das Câmaras
outros agentes e instituições- o papel de fazer esta ligação. "2 Esta proposição, Municipais na fiscalidade no seiscentos e na concretização de condições
em certa medida, pode ser identificada em dois trabalhos de Amaral Lapa. mais eficazes de defesa na colônia.
O primeiro, quando suas pesquisas resultaram no livro A Bahia e a Carreira
da Índia," no qual a Bahia é explicada, em parte, considerando a dinâmica Contratos e Comércio
imperial. O segundo, de caráter mais teórico, O Antigo Sistema Colonial,"
onde apresenta a formulação de que o capital que comanda o processo Antes de avançarmos pelas questões propostas, uma rápida definição
colonial é o comercial, proposição com a qual concordamos.' a quais contratos nos referimos. Como Direitos Régios entendemos "todos
os direitos, faculdades, ou possessões, que pertencem ao Sumo Imperante,
FRAGOSO, João Luís. Mercadores e Negociantes Imperiais; um ensaio sobre a economia como tal, e como representante da sociedade". Neste caso enquadramos os
do império porruguês (séculos XVII e XIX). História: Questões & Debates. Cuririba, n. 3(,. direitos de caráter senhorial (atividades extrativas como, por exemplo, a do
p. 99-127, 2002 pau-brasil), os da condição de representante da sociedade (passagens por
LAPA, José Roberto do Amaral. A Bahia e a Carreira da India. São Paulo: Hucitec-
Unicamp, 2000. Esta foi a publicação da tese de doutoramento defendida em 1961.
rios caudalosos e pesca da baleia) e os que envolvessem bens da Coroa. São
LAPA, José Roberro do Amaral. O Antigo Sistema Colonial. São Paulo: Editora Brasiliensc, tributos, isto é, bens do Erário, aqueles utilizados para a defesa e utilidade
1982.
Há distinção fundamental nas visões sistêmicas de João Fragoso e Amaral Lapa. Para ()
primeiro na dinâmica do sistema as "relações colônia-metrópole passaram a ser percebidas
como resultado de negociações. Entre elas deviam existir canais de entendimento "
caráter estamenral. Alerta, contudo que a "aparente rigidez das normas assim proclamadas
não simplesmente de subordinação como pretendiam os velhos quadros explicativos"
constitui um plano naturalmente ideal que. na prática. vê-se. contudo. constrangido :1
FRAGOSO, João Luís. Mercadores e Negociantes Imperiais; um ensaio sobre a economia
concessões e contradições que tecem contínua Aexibilizaçáo" (LAPA, José Roberro do
do império português (séculos XVII e XIX). História: Questões & Debates. Cuririba,
Amaral. O Antigo Sistema Colonial. São Paulo: Editora Brasiliense, 1982).
n. 36, p. 102, 2002). Para o segundo, o Antigo Sistema Colonial estaria definido pela
ANDERSON, P. Linhagem do Estado Absolutista. São Paulo: Brasiliensc, 1989, p. 32.
preponderância do capital comercial, pelo Absolutismo e pela hierarquização social de

250 25
pública, como, por exemplo, os subsídios." Por último, envolvendo (I'. se igualmente considerar como significativa a vintena que incidia sobre o
contratos, devemos acrescentar o Direito Eclesiástico do Dízimo qlll', rendimento das atividades comerciais e que não temos como dimensionar,
por concessão papal, era cobrada pela Coroa lusitana. Observe-se qUl' (1\ Quanto aos contratos régios, o maior rendimento era dos dízirnos,
contratos envolviam práticas comerciais nos quaisindivíduos recebiam ,I condição que somente veio a perder no século XVIII superado pela dizima
exclusividade (estanco) e cobrança do que hoje chamaríamos genericaml'lll( da Alfândega, direito este cobrado sobre as mercadorias que ingressavam
de tributos (Impostos e Subsídios). na Bahia. A maior parte da arrecadação do dízimo vinha da produção do
Uma advertência importante é que não estamos analisando todos açúcar com o qual se pagava o direito. Foi prática predominante em todo
os tipos de contratos. Existiam os contratos das câmaras como, pUI o período colonial os contratadores receberem o dízimo com a própria

, I
exemplo, contratos de obras de reformas .na própria câmara ou o estam (I produção, devendo cornercializá-la para posterior pagamento em dinheiro
I I
no fornecimento da carne verde em Salvador e que não são objeto de noxx.t à Coroa. Este é, sem dúvida, um dos fatores que levou ao predomínio
abordagem. Nossa preocupação fundamental volta-se para os contrate», de negociantes nas arrematações dos dízimos. O contratado r deveria estar
régios nos quais predominou a atuação de negociantes lusitanos. Assi llI, articulado às redes mercantis para negociação do açúcar. Outro detalhe
por exemplo, fica de fora o tributo das terças partes dos cargos régio\, importante é que o pagamento à Coroa deveria ser feito em dinheiro
geralmente controlados pelos grupos locais. (2/3) e em fazendas para as tropas (l/3), proporcionando ao negociantel
Considerando uma carta de Gaspar de Brito Freire, do início lb contratador um ganho adicional na comercialização das ditas fazendas,
década de 1640, os principais rendimentos da capitania da Bahia estavam prática esta que se estendeu até a década de 1730. O que podemos afirmar
atrelados aos seguintes direitos e tributos: dízimos; do nativo dos vinhos é que a presença do capitalcomercial estava nas articulações entre a colônia
(administrado pela câmara de Salvador); direito de dois reais por caixa dl' e o mercado europeu, nos financiamentos diretos à Coroa (especialmente
açúcar que vai para o Reino (que no século XVIII incidia também sobre () em momentos de conflitos militares) e aos produtores de açúcar, mas,
tabaco e o algodão; direito da aguardente e garapa (cobrado e arrecadado também, no processo de arrecadação de direitos, neste caso citado um
pela câmara de Salvador; pesca das baleias; dízima da Chancelaria (décima direito eclesiástico sob controle da Real Fazenda. Há de se ressaltar que esta
parte sobre valores das ações judiciais); meias anatas (incidente sobre os qUl' prática ampliou-se com a descoberta do ouro nas Minas Gerais em fins do
possuíam cargos régios, equivalente à metade do recebido anualmente); século XVII, quando os negociantes passam a controlar a maior parte dos
terças do Conselho (incidente sobre os rendimentos da câmara); vintena direitos e tributos régios, a exceção do quinto do ouro. O capital comercial,
dos açúcares e ofícios (vigésima parte das rendas dos vassalos e paga, os contratos e a fiscalidade são elementos que compõem uma das mais
majoritariamente, em espécie)." importantes articulações do sistema colonial na América portuguesa. Dito
Segundo o mesmo documento, o rendimento total da capitania de outra forma, a efetiva compreensão da fiscalidade colonial, para além
alcançara em um ano 165$485 cruzados, provavelmente relativo ao ano de dos números relativos à arrecadação e aos gastos da administração régia,
1643. Deste total, 63$000 cruzados (38%) era resultante da cobrança de deve contemplar a dependência da Real Fazenda em relação ao capital
direitos e tributos que incidiam diretamente sobre atividades comerciais, comercial nos processos de arrecadação."
isto é, do nativo dos vinhos, direito das aguardentes e direito das caixas de Deve-se, contudo, fazer uma ressalva importante. A articulação
açúcar. Em termos de cobrança direta sobre as atividades comerciais, deve- com o capital comercial presente em diversos contratos, especialmente no
processo de execução, não implicava na exclusividade de negociantes no

SAMPAIO, Francisco Coelho de Souza. Preleções do direito pátrio e particular. In.: Um aspecto importante a ser colocado em evidência e que pretendemos avançar em noxxas
HESPANHA, Antônio Manuel (org.). Poder e Instituições na Europa do Antigo Regime' pesquisas, refere-se às articulações entre negociantes e os grupos dominantes locais. Um
colectânea de textos. Lisboa: Fundação Calouste Gulbendian, 1984, pp. 468-78. exemplo envolve os dízimos. Até 1628, a arrematação dos dízimos era centralizada em
AHU/BAlPARECER do Conselho Ultramarino sobre a carta de Gaspar de Brito Freirc Salvador, passando, a partir desta data, a arrematação a ser divida e realizada nas provedori.is
acerca dos efeitos do pau brasil, falta de escravos, aumento e conservação do Brasil; 14 de locais. Faz-se necessário avançar nas pesquisas buscando identificar aquelas articulações 110

dezembro de 1644 [cx. 1, doe. 61] que tange a sociedades nas arrematações, divisão da arrecadação em ramos, entre outras.

252
controle dos contratos. Para o século XVIII, identificamos um predomínio mar da Fazenda Real, encontramos o valor 6:968$433 rs em açúcar (entre
de negociantes nos processos de arrematações. Isto numa sociedade qlle mascavado e branco)."
conhecera um intenso desenvolvimento das atividades mercantis com ;1 Se aqui apresentamos apenas um caso, ele nos sinaliza a participação
mineração e uma projeção intensa e crescente de indivíduos atrelados a tais de um integrante da oligarquia dos senhores de engenho do Recôncavo da
atividades. Deve-se também destacar que estes negociantes/contratadores, paLI Bahia e articulado ao capital comercial em contratos régios. As remessas de
o período de 1720-60, eram, em sua maioria, lusitanos ou a estes articulados. barras de ouro, letras de pagamento e açúcar estavam sendo enviadas para
Para o século XVII, ainda não temos clareza na composição dos detentores de os interessados em Lisboa no dito contrato, provavelmente comerciantes.
contratos régios. Sendo a arrematação dos contratos realizada nas provedoriax Contudo, diante o não pagamento do valor do contrato, as remessas foram
da colônia, a presença de membros das oligarquias locais aparece como mais destinadas ao provedor-mar em Lisboa para garantir os valores devidos à
provável e mais marcante. Fazenda Real. Um dos principais objetivos da pesquisa, que parcialmente
Vejamos o caso de Manuel Dias Figueiredo. Foi possível identificar apresentamos e em sua fase inicial, é identificar a composição social dos
três contratos arrematados por Dias Figueiredo. O direito régio do Estanco arrematantes de contratos no seiscentos e suas articulações com o capital
do Sal e o direito eclesiástico do dízimo (dois contratos). Não identificamos comercial, tendo como foco principal a Bahia.
a data do primeiro contrato, sendo a ordem para sequestro dos bens pelo
não pagamento do valor devido à Fazenda Real datada de 1710, enquanto
os dos dízimos sabemos que são relativos aos anos de 1700 e 1705. Entre
Contratos e o aparato militar
os bens sequestrados encontramos móveis, "urna morada de casas da.\
De início, devemos retomar um aspecto já apresentado neste
melhores que há nesta cidade" e um engenho "que também se estima por
artigo. Nas sociedades do Antigo Regime o Estado tinha como aspecto
um dos primeiros deste Recôncavo". As casas foram arrematadas em hasta
fundamental, para a manutenção dos interesses econômicos das diversas
pública por 22 mil cruzados e o engenho não encontrou arrernatanre.!"
monarquias européias, sua estrutura militar. Parte significativa da receita
Além do sequestro nos bens do contratador, a ação da Fazenda Real voltou-
era destinada para a construção de presídios e sustento das tropas, sendo
se também para os bens do contrato. Temos a documentação do contrato
obtida através do sistema de contratos, envolvendo, especialmente, os
do sal na qual foi possível identificar o sequestro de barras de ouro (no
dízimos e os subsídios.
valor de 11:831$205 rs);'! Em resumo dos carregamentos do contratado r
Já mencionamos aqui como o contrato dos dízimos tinha a previsão
na frota de 1710, aparece que dos "feitos que Manuel Dias Figueira tem
de desrinaçâo de parte do valor contratado para o sustendo da infantaria.
carregado nesta frota por conta dos interessados do contrato do Sal do
Vejamos mais dois importantes contratos. No livro dos registros dos
Estado do Brasil", tendo como destino Lisboa e a ser entregue ao provedor-
contratos do Conselho Ultramarino encontramos referências ao Contrato
do Estanco do Sal e dos Direitos do Reino de Angola. 13
No ano de 1671, Manuel Nunes Coelho assinou no Conselho
Ultramarino o contrato do sal, por três anos e no valor de 8. 500
10
AHU/BNCARTA do provedor-mor da Fazenda Real Manuel de Azevedo Soares ao rei ID. cruzados cada ano, devendo pagar 1% de ordinárias e 1. 000 cruzados
João V] referente à ordem real para executar o conrratador do sal Manuel Dias Filgueira de donativos. Logo na primeira condição do contrato aparece "que o
e enviando letras de pagamentos; Bahia, 27 de junho de 1710 [2a. série, cx. 6, doe. 526j.
O exemplo citado nos leva a questionar quem eram os conrratadores no seiscentos. Havia
rendimento do sal que vai para o Brasil, esta aplicado para a gente da
um grupo dominante? Se, como supomos, ocorrer o predomínio das oligarquias loca i."
como estas se articulavam ao capital comercial na viabilização dos contratos? Questões que
12
esperamos responder com as pesquisas. AHU/BA/CARTA do provedor-rnor da Fazenda Real Manuel de Azevedo Soares ao rei 11).
11
AHU/BNRELAçÃo das letras enviadas pela frota de 1710 para entregar ao tesoureiro João V] referente à ordem real para executar o contratador do sal Manuel Dias Filgueira e
do Conselho Ultramarino, remetidos pelo tesoureiro João Pereira Guimarães referente ,\ enviando letras de pagamentos; Bahia, 27 de junho de 1710 [2a. série, cx. 6, doe. 5261.
execução que se fez ao contratado r do sal Manuel Dias Filgueira; em anexo segunda via e 11
AHU/Conselho Ultramarino/Contratos Reais/LIVRO de Registro dos contratos reais do
20 documentos; Bahia, 15 de junho de 171O [2a. série, cx. 6, doe. 516]. Conselho Ultramarino, cód. 296.

254
guerra daqueles Estados", isto é, devendo ter como principal destinaç.ro estabelecidos "com a concordância da Câmara e povo" o direito da dízima
o sustento da infantaria. Pela segunda condição deveria o contratado I da Alfândega, o subsídio da aguardente da terra que se embarca para fora e
pagar em dinheiro à Real Fazenda o valor da arrematação. Pela quinra o subsídio das aguardentes do Reino e das Ilhas.
condição estava o estanco do sal isento do pagamento de quaisquer Um aspecto chama a atenção nos casos anteriormente citados.
direitos ao entrar na colônia." A exceção da dízima da Alfândega, a cargo da provedoria do Rio de
Quanto ao contrato do Reino de Angola, teve como arrernatanu-, Janeiro, os demais estavam sob o controle das câmaras da Bahia e do
Diogo Fonseca Henriques e joseph Ardivicus, para um período til Rio de Janeiro, utilizando para alguns casos o sistema de contrato e para
seis anos, a se iniciar em junho de 1675. Q valor do contrato foi dl outros a administração direta. Contudo, todos estes tributos passaram
18: 100$000 rs cada ano, devendo ainda os arrérnatantes dar em cada alio posteriormente para a jurisdição régia e para o controle de negociantes/
1. 000 cruzados para o Hospital Real de Todos os Santos. Na condiçáo contratadores, especialmente a partir da década de 1720.
primeira, além da previsão do dinheiro do contraro ser destinado :. A vinculação de tributos às Câmaras e que, de direito, somente
infantaria e ordinárias, o contratado r deveria fornecer as "panarias" para podiam ser criados com autorização régia, nos leva a refletir sobre a
O socorro da infantaria de Angola, abatendo do preço do contrato. N;! participação dos poderes locais no processo. Quando pensamos em defesa
nona condição, o contratador recebia a exclusividade no comércio d..• militar em tais sociedades, não devemos pensar apenas em tropas regulares,
marfim. Pela Trigésima quarta condição estava isento de pagar direitos sob o comando direto da Coroa, a garantir os interesses imperiais, isto
sobre o sal que transportasse para a África. é, a garantir a coesão entre a metrópole e suas colônias pela via das
Verifica-se pelos contratados aqui assinalados (dízimos, estanco do armas. Esperava-se que os vassalos atuassem em defesa do bem comum,
sal e direitos de Angola), que o contratado r além de vantagens comerciais, combatendo inimigos internos (quilornbos, por exemplo) e externos. É
tinha parte do seu contrato condicionado ao sustento da estrutura militar. bem conhecida a atuação dos colonos no entrentarnento aos holandeses
Esta última, por vezes, também se constituía numa vantagem comercial em Pernambuco e em Angola. Naquele período Portugal vivia um quadro
pelos ganhos que podia auferir no fornecimento de fardas para as tropas. No de escassez de recursos no processo de Restauração (fim da União Ibérica)
dizer do autor dos Mapas Cronológicos dos Contratos Reais, os contratadorcs e de guerra contra os holandeses e que somente um aumento da tributação
"lucravam uns grandes avanços" com o privilégio no fornecimento de geraria as condições para atender as demandas militares. Devemos também
fardas." considerar que o quadro é de afirmação de uma nova dinastia e que, de um
Vários tributos do Rio de Janeiro e da Bahia, tiveram sua criação lado, cobra a participação das colônias na guerra, de outro, é compelida à
justificada a partir da necessidade de melhorar a defesa frente aos negociação para não comprometer o processo de sua afirmação nas terras
holandeses. Na Bahia foram os casos do donativo dos vinhos, do direito de de ultramar.
2 reais por caixa de açúcar que vai para o Reino e do direito da aguardente Com o apoio régio, negociações entre governadores e as câmaras
e garapa. No Rio de Janeiro, podemos citar os casos dos subsídios grandes da Bahia e do Rio de Janeiro ocorreram e resultaram em diversas novas
dos vinhos e pequeno dos vinhos, o subsídio das aguardentes da Terra c imposições destinadas a sustento de tropas e fortificações que garantissem
que nela se gasta. Ainda no Rio de Janeiro, porém em contexto distinto, melhores condições de defesa. Os subsídios consignados à defesa,
isto é, o de garantir a consolidação da Colônia de Sacramento foram resultantes deste processo foram, em sua maioria, administrados pelas
câmaras, como já dito, e estabelecidos como transitórios. O subsídio dos
11
o contrato foi arrematado por Manuel Nunes Coelho e teve como fiador seu irmão Gregório vinhos na Bahia tinha duração de seis meses, sendo renovado por diversas
Gomes Coelho. Logo após a arremataçâo, ocorre a morte de Gregório e Nunes Coelho
vezes até tornar-se permanente. O do Rio de Janeiro também foi assim
solicita a transferência do contrato para o Capitão Antônio Rodrigues Tourinho, ficando
Nunes Coelho como fiador. A Coroa aceita o trespasse (AHU/Conselho Ultramarino/
conduzido, apenas com a diferença de sua duração ser de um ano. As
Contratos Reais/Lrvso de Registro dos contratos reais do Conselho Ultramarino, cód. concessões régias são a marca deste período. Em nosso entendimento, as
296). relações entre a metrópole e suas colônias foram marcadas por um processo
AHU/Conselho Ultramarino/Conrraros Reais/Mapa dos Contratos Reais do Conselho
de subordinação avesso a concessões no tocante aos Direitos e Tributos
Ultramarino (1641-1758), cód. 1269, foI. 6

256 257
Régios. Contudo, em conjunturas específicas, as flexibilizações CLIIII
necessárias e a guerra aparecia como seu principal elemento definidor.
Rio de Janeiro e Bahia:
Além da guerra, os processos de conquista de novos terrirór« I'. repactuar ou flexibilizar o controle sobre a fiscalidade?
geravam demandas significativas de aparato militar e de estímulos .1
indivíduos que desejassem se lançar em tais processos, tornando .t-, Como afirmamos anteriormente, entendemos o período pós-
concessóes mais intensas. Assim, na implantação e consolidação da Nov.1 restauração como de uma conjuntura que flexibiliza as práticas de
Colônia (Sacramento), a câmara do Rio de Janeiro conheceu a negociara» fiscalidade. Uma boa demonstração desta asserriva está no quadro I. ()
com o governo da capitania, controlando a cobrança de tributos. COIII caráter conjuntural pode ser percebido pelo fato de tributos criados a partir
a descoberta do ouro das Minas Gerais, os conquistadores, através d.l'. de negociações com as câmaras passarem, com o início do setecentos para
câmaras ali estabelecidas negociaram a forma de pagamento do quinto d., o controle régio, como ocorreu na parte do período colonial.
ouro através do direito das entradas, que incidia sobre todas as mercadoria,
que entravam em Minas Gerais. Quadro 1 - Tributos ou direitos régios sob controle da Fazenda Real
Quando afirmamos que a guerra é o principal definidor de tai\ tributos ou direitos criação controle pela Fazenda Real
concessóes, e bom reforçar, não excluímos concessões decorrentes de outras régios

motivações. Assim, com o intuito de estimular a atividade açucareira, .1 subsídio grande dos pela Câmara em pela Fazenda Real via Provedoria na capitania do Rio
vinhos 1641 de Janeiro. A partir de 1726 começa a ser arrematado
Coroa isentava aqueles que implantassem novos engenhos do pagamento no Conselho Ultramarino
do dízimo por um período de dez anos. Note-se que isentava do pagamento, subsídio pequeno dos pela Câmara A partir de 1701 passa para o controle da Fazenda Real
mas não abria mão do controle. Flexibilizar o controle sobre direitos l' vinhos (s/d) e a partir de 1726 passa a ser arremarado no Conselho
Ultramarino
tributos aparece como prática associada a contextos de beligerâncí.i
subsídio das aguardentes pela Câmara em controlado pela câmara. passou para o controle da
intensa. O que queremos afirmar é que a negociação para o caso em tela Provedoria no início do XV1II
da terra 1661
não era uma constante definida pela reciprocidade envolvendo os diversos
subsídio das aguardentes pela Câmara em sempre pela Fazenda Real
agentes e grupos formadores do centro e de suas periferias. A negociação do Reino e Ilhas 1682
era definida pelos limites dados na afirmação da subordinação e a contextos estanco do tabaco pela Câmara em sempre pela Fazenda Real via Provedoria na Capita-
1697 nia do Rio de janeiro. A partir de 1726 começa a Ser
específicos e a guerra aparececomo fundamental neste processo. Para além
arrematado no Conselho Ultramarino
das questões militares, é possível identificar para o período colonial, um
fator que resultou no fim das concessões geradas na segunda metade do Fonte; Mapas Cronólogicos dos contratos reais do Conselho Ultramarino (I 641-1758).
Coleção Códices lI, n= Geral 0, Cod. 1269; Livro dos contratos reais do Conselho
século XVII. Estamos nos referindo ao ouro das Minas Gerais. À medida
Ultramarino (1671-1731). AHU/Códices lI, No Geral 0, Cód. 296.
que o metal precioso vai entrando nos cofres régios com maior intensidade,
tendem a diminuir as posturas de flexibilidade por parte da Coroa em
Não temos as datas para o caso dos tributos da Câmara de Salvador,
relação as suas colônias mas também com instituições metropolitanas. Um
mas também no setecentos ocorreu o mesmo processo. As Câmaras
bom exemplo deste último caso está no fato de cessarem as convocações
,
r • perdem o controle de diversos tributos para a provedoria, isto é, passam
das cortes para discussões tributárias. Fortalece-se o ideal proclamado pelo
tais tributos ao controle direto de autoridades régias: 1723 (dízima da
"pacto corporativo" de um poder que emana do Rei, cabeça da sociedade c
Alfândega), 1724 (do nativo sobre as caixas de tabaco), 1725 (direito das
fonte da justiça. E a colônia não estava a margem deste pacto.
aguardentes e vinho de mel e dízima da Chancelaria), 1726 (dízimos) l'
1727 (pesca da baleia). 16

16 AHU/Conselho Ultramarino/Contratos Reais/Livro de Registro dos contratos rcaix


do Conselho Ultramarino (I 731-1753), cód. 297. Na página inicial consta que "Esr«
livro, que serve de lançar os contratos arremattados no Conselho Ultramarino acabei

258
Ao definirmos o processo acima como de flexibilizaçáo, ILII I
ampliando o sistema de contratos e aumentando o controle direto sobre os
descartamos a possibilidade de identificar uma dinâmica que tenha lcvad, I
direitos e tributos (cf quadros Il, III e IV). Importante também é destacar
a metrópole a "repactuar" a fiscalidade. Ao longo dos dois primeiros século-, que as arremataçôes em Lisboa favoreciam os negociantes lusitanos que
de colonização, os arrendamentos de contratos relativos à colônia ocorri.un fortaleceram suas posições nos contratos e no comércio atlântico, sob os
na área de incidência na colônia, ou seja, nas provedorias locais." Um.: auspícios da Coroa.
mudança ocorreu em relação aos dízimos. Este era arrematado, até 162K.
na cidade da Bahia (Salvador), abrangendo toda a área colonial. Por alv.ir.i Quadro 3 - Contratos do Rio de Janeiro.
de 30 de agosto de 1628, foi mandado "arrematar os dízimos de cada UIlLI Primeiras arrernaraçóes no Conselho Ultramarino
das capitanias da América pelos respectivds provedores". Dízima da Alfândega 1720
A tributação incidente na colônia no período era arrematada/ Direito dos escravos que saem para as Minas 1724
cobrada na colônia e destinava-se ao sustento da mesma. Isto é válido paLI Dízimos 1725
o dízimo que, mesmo definido como um direito eclesiástico sob controle
Estanco do tabaco 1725
régio definia-se também pela mesma lógica dos tributos laicos. Era uma
Pesca da baleia 1725
arrecadação consignada, neste caso aos gastos eclesiásticos, mesmo ~l'
Passagens do Paraibuna e Paraíba 1726
considerarmos os "desvios" da destinação dos recursos empregados em
Subsídio pequeno do vinhos 1726
soldos de governadores e gastos militares. Diferentemente, os direitos
Rendimento do azeite doce 1728
régios não possuíam este tipo de vinculação, como é o caso do direito sob
Subsídio grande dos vinhos
a extração do pau-brasil. O que percebemos é o predomínio, nas duas
primeiras centúrías da presença lusitana na América, da arrematação na Fonte: Mapas Cronólogicos dos contratos reais do Conselho Ultramarino (1641-1758).
Coleção Códices II, nO Geral 0, Cod. 1269; Livro dos contratos reais do Conselho
colônia de direitos e tributos consignados a gastos na própria colônia.
Ultramarino (1671-1731). AHU/Códices lI, N° Geral 0, Cód. 296. .
Em fins do século XVII uma mudança importante: a descoberta do
ouro das Minas Gerais e já aqui mencionada. O ouro, como mercadoria- Apesar deste artigo não ter Pernambuco como foco, apresentamos
dinheiro, trazia uma nova condição. Devia ser "capturado" na colônia, seja os dados relativos a esta capitania e que reforçam a ideia do processo
pela Real Fazenda, seja pelos negociantes lusitanos. Nos contratos régios
como tendência para toda a colônia. A distinção mais clara está no fato
relativos a Minas Gerais podemos identificar um pouco das mudanças em
de as transferências para Lisboa terem início nos anos de 1720 e 1723,
curso. O pagamento dos valores das arrematações era com dinheiro ou
respectivamente relativos a Rio de Janeiro e Bahia. Em Pernambuco e
ouro, não existindo cláusulas que permitissem o pagamento com fardas ou Paraíba, a transferência das arrernataçôes para o Conselho Ultramarino
rações para a infantaria.
tem início no ano de 1726 e a maioria dos casos ocorre no ano de 1730.
A partir do início do século XVIII a Coroa começa a transferir para Talvez a explicação para esta distinção esteja no fato de Pernambuco possuir
as Provedorias locais os tributos criados a partir das negociações na centúria grupos dominantes locais de caráter mais endógeno na sua configuração,
anterior e que estavam sob o controle das câmaras. Já na década de 1720, fica gerando uma resistência maior ao processo." No Rio de janeiro'? e na
determinado que as arrematações se realizariam no Conselho Ultramarino,
Bahia, comerciantes e Senhores de Engenho locais possuíam relações

de numerar e rubriquei desta folha em diante por ordem do mesmo Conselho, e no 18


Cf. MELLO, Evaldo Cabral de. A Fronda dos Mazombos; nobres contra Mascates
fim leva declaração das que tem. Lisboa 27 de Agosto de 1744. Rafael Pires Pardinho. (Pernambuco 1666-1715). São Paulo: Companhia das Letras, 1995. especialmente o
As pesquisas sobre a Bahia, mais recentes e ainda em andamento, permitem identificar capítulo 4, Loja x Engenho
com precisão a transferência para o Conselho Ultramarino do controle dos tributos. Ainda I~
Cf. FRAGOSO, João Luís. A nobreza da República: notas sobre a formação da primeira
buscamos melhor precisar como se deu este processo em relação a postura da Câmara da elite senhorial do Rio de Janeiro (séculos XVI e XVII). Topoi. Rio de Janeiro: n= 1, pp.
Cidade da Bahia.
17 45-122; FARIA, Sheila de Castro. A Colônia em movimento; fortuna e família no cotidiano
A exceção fica por conta do contrato do pau-brasil, que desde o início era arrematado em colonial. Rio de Janeiro: Nova ~ronteira, 1998.
Lisboa.

260
261
sociais mais fluidas. Além disto, a Bahia, com a condição de capital. , A mudança mais significativa e que poderia ser interpretada como
a presença do aparato régio, deveria facilitar a implantação das diretriv.« "repactuar" a fiscalidade, foi a retirada do controle das arrematações
metropolitanas em relação a fiscalidade. das instâncias locais e um processo de centralização. Este processo não
significa a exclusão dos agentes coloniais no negócio dos contratos, mas
Quadro 3 - Contratos em Pernambuco e na Paraíba. o estabelecimento de uma subordinação ao Conselho Ultramarino e
Primeiras arrematações no Conselho Ultramarino de fortalecimento do poder régio. Se as arrematações se processaram
_D_íz_im_os_d_e_P_e_r_na_m_b_u_c_o ~17 .'(, predominantemente em Lisboa a partir da década de 1720, a execução
_D_íz_im_a_d_a_Al_f:_ân_d_e.:::g:..-a -----.,. 1'-'7,'S
dos contratos implicava em articulações com os poderes locais (câmaras),
_D_ir_el_'to_d_as_B_a_la_n...:.ç_as_d_e_P_e_rn_a_m_b_u--.:c
.;o 1~7.\1I
agentes comerciais residentes na colônia e autoridades régias de órgãos
_R-:-e~n-d-im-en-t-o-d-a-s
_G_a_ra.!.p_as_d_e_P_e_rn_a:::.m
.; b__u:::.c
.;o ~17.\11
encarregados de fiscalizar os contratos (provedorias)
Retomando nossa observação inicial, entendemos que em termos de
_S_u_b_s_íd_io_d_o_T:_a_b_a_co_de_Pe_r_m_a
.;b uc__o ---.:1~7
..\1I
Subsídio das Carnes de Pernambuco 17.10
fiscalidade dois períodos distintos podem ser identificados.
O primeiro, relativo aos séculos XVI e XVII, os direitos reglOs,
_P_e_n_so_-
e_s_d_e_P_er_n_am_b
.;u .;co ----'I~7.l0
como o contrato do Pau-Brasil era pensado como uma fonte de riquezas
Dízimos da Paraíba e Itamaracá
para o Rei (seja pelo direito senhorial, seja pela condição de representante
Subsídio do Açúcar
da sociedade) a quem cabia a justiça distributiva. Os tributos eram criados
Fonte: Mapas Cronólogicos dos contratos reais do Conselho Ultramarino (1641-17')1) I
consignados a demandas específicas, mesmo carecendo da autorização
Coleção Códices 11, nO Geral 0, Cod. 1269; Livro dos contratos reais do Conselho
Ultramarino (1671-1731). AHU/Códices 11, N° Geral 0, Cód. 296, régia, era uma questão da administração local e que, na segunda metade
do XVII, transformaram-se também em elemento da administração
Outro levantamento que reforça a ideia e a verificação do número de camarária. O dízimo, como já salientamos, era um direito eclesiástico que
contratos arrematados no Conselho Ultramarino na primeira metade do no seu caráter consignado assemelhava-se aos tributos.
setecentos. Apesar de uma queda no início da década de 1730, a tendência O segundo, que se estendeu pelo século XVIII, conheceu uma
foi de fortalecimento do Conselho Ultramarino no negócio dos contratos mudança significativa neste processo que foi a centralização no Conselho
(Cf. gráfico 1). Ultramarino dos direitos régios, tributos e dízimos, ficando de fora apensas
aqueles que não despertaram interesse nos negociantes metropolitanos
Gráfico 1 - Contratos do Conselho Ultramarino (1712-1750 como, por exemplo, as passagens de Jacobina e Rio de Contas, de baixo
valor e de menor importância estratégica do ponto de vista comercial.
Entendemos que a segunda metade do século XVII, em razão das
dificuldades financeiras lusitanas e da necessidade de ampliar a defesa, num
quadro de afirmação de uma nova dinastia, ocorreu uma flexibilização
das práticas então existentes através da criação, via negociação, de tributos
controlados pelas câmaras na colônia. Quanto ao século XVIII, especialmente
entre os anos de 1720 e 1760, alterou-se a dinâmica, como já dito, através
~ ;:.. <tf-Pl ~i'J ?' ~~ ",'> ~•.. ,.;- .?~ ~<5' da centralização do processo. O aprendizado da colonização resultou no
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século XVIII em recriar as relações envolvendo contratos régios, reforçando
-.c·:r.~·rw~ a presença metropolitana. Isto já nos alertava Caio Prado quando afirmava
que em relação ao fisco, a metrópole buscara sair da rotina.
Fonte: Mapas Cronólogicos dos contratos reais do Conselho Ultramarino (1641-1758),
Coleção Códices 11, nO Geral O, Cod. 1269; Livro dos contratos reais do Conselho
Ultramarino (1671-1731). AHU/Códices n, N° Geral 0, Cód. 296,

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