UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA A DISTÂNCIA

SÁDILA BEATRIZ SOUSA SILVA OLIVEIRA

ESTUDO DIRIGIDO: “A OFENSIVA NEOLIBERAL E O

PENSAMENTO REACIONÁRIO-CONSERVADOR NA
POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA”

Vitória da Conquista
2023
 SÁDILA BEATRIZ SOUSA SILVA OLIVEIRA

ESTUDO DIRIGIDO: “A OFENSIVA NEOLIBERAL E O

PENSAMENTO REACIONÁRIO-CONSERVADOR NA
POLÍTICA EDUCACIONAL BRASILEIRA”

Trabalho apresentado ao Curso de

Licenciatura em Pedagogia a Distância,
Faculdade de Educação, Universidade
Federal da Bahia, como requisito parcial do
Componente Curricular: Organização da
educação brasileira

Orientador(a): Prof.(a). Luíza e Djanane

Vitória da Conquista
2023
O projeto neoliberal de sociedade é baseado em um conjunto de ideias
econômicas e políticas que enfatizam a importância do livre mercado, da redução
do Estado e da promoção da iniciativa privada. Embora haja variações nas
abordagens específicas entre diferentes pensadores e países, existem algumas
características principais comuns ao neoliberalismo. Aqui estão algumas delas:

Livre mercado e desregulamentação: O neoliberalismo defende a redução da

intervenção estatal na economia e a promoção do livre mercado como o principal
mecanismo de alocação de recursos. Isso implica na redução de
regulamentações governamentais, restrições comerciais e barreiras à entrada de
empresas estrangeiras.

Privatização: O neoliberalismo tende a favorecer a privatização de empresas

estatais e serviços públicos, transferindo a propriedade e o controle para o setor
privado. Acredita-se que a competição e a eficiência do setor privado sejam
superiores às instituições governamentais.

Austeridade fiscal: A política fiscal neoliberal geralmente busca reduzir o

tamanho do Estado e o déficit orçamentário por meio de cortes nos gastos
públicos, incluindo programas sociais, serviços públicos e investimentos em
infraestrutura. Isso visa equilibrar as contas públicas e promover a disciplina
fiscal.

Liberalização financeira: O neoliberalismo promove a liberalização dos mercados

financeiros, facilitando a entrada de instituições financeiras internacionais e a
circulação de capitais. Isso geralmente envolve a desregulamentação do setor
financeiro e a remoção de restrições aos fluxos de capital.

Flexibilização do mercado de trabalho: O neoliberalismo busca flexibilizar o

mercado de trabalho, tornando mais fácil para as empresas contratarem e
demitirem trabalhadores. Isso pode envolver a redução de proteções trabalhistas,
a flexibilização dos contratos de trabalho e a diminuição do poder dos sindicatos.
Ênfase no individualismo e na responsabilidade pessoal: O neoliberalismo
enfatiza o papel do indivíduo como agente econômico e político, promovendo a
responsabilidade pessoal e a liberdade individual. Ele tende a enfatizar a
competição e o mérito individual como base para o sucesso econômico e social.

É importante destacar que o neoliberalismo tem sido objeto de críticas de

diversos setores. Alguns argumentam que suas políticas podem levar a
desigualdades sociais crescentes, falta de proteção social adequada e
instabilidade financeira. No entanto, essas características são geralmente
consideradas como os principais pilares do projeto neoliberal de sociedade.

O projeto neoliberal de educação enfatiza a privatização, a competição e a

mercantilização do setor educacional. Os elementos centrais desse projeto são:

Privatização: O neoliberalismo propõe a transferência de responsabilidade do

Estado para o setor privado na oferta de serviços educacionais. Isso inclui a
promoção de escolas privadas e o estímulo ao financiamento privado da
educação.

Competição: A ideia é introduzir mecanismos de competição no sistema

educacional, como vouchers e escolha de escolas, permitindo que os pais e
alunos possam optar entre diferentes instituições educacionais. A competição
supostamente levaria à melhoria da qualidade e eficiência do ensino.

Mercantilização: No projeto neoliberal, a educação é vista como uma mercadoria,

sujeita às leis do mercado. Isso envolve a introdução de princípios de gestão
empresarial nas escolas, como a avaliação baseada em resultados e a ênfase
nos indicadores de desempenho.

Redução do papel do Estado: O projeto neoliberal busca reduzir o papel do

Estado na regulamentação e financiamento da educação. Isso pode incluir cortes
nos investimentos públicos, diminuição das regulamentações e restrições à
participação dos sindicatos de professores.
Ênfase nos resultados: A educação é avaliada principalmente com base nos
resultados quantitativos, como testes padronizados e rankings de desempenho.
Os resultados são frequentemente utilizados para responsabilizar as escolas e os
professores, incentivando a competição e a busca por melhores resultados
acadêmicos.

Esses elementos são característicos do projeto neoliberal de educação, que

busca aplicar princípios do livre mercado ao sistema educacional, com ênfase na
privatização, competição e mercantilização. É importante ressaltar que há críticas
e debates acerca desse modelo, pois existem diferentes visões sobre o papel do
Estado, o acesso à educação e as desigualdades sociais resultantes dessas
políticas.
As referências gerais das formulações das políticas educacionais em países sob
a hegemonia do neoliberalismo foram difundidas principalmente por meio de
organizações internacionais, como:

Banco Mundial (BIRD): O Banco Mundial tem desempenhado um papel

significativo na difusão das políticas educacionais neoliberais. Através de seus
relatórios e programas de financiamento, o Banco Mundial tem defendido a
privatização, a competição e a busca por resultados quantitativos na educação.

Fundo Monetário Internacional (FMI): O FMI também desempenhou um papel na

promoção do neoliberalismo na educação. Em programas de ajuste estrutural,
frequentemente exigidos pelo FMI como condição para empréstimos, reformas
educacionais orientadas para o mercado têm sido implementadas em países em
desenvolvimento.

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE): A

OCDE é uma organização composta por países desenvolvidos que promove
políticas baseadas em evidências para melhorar o desempenho econômico e
social. Através de relatórios e diretrizes, a OCDE tem defendido princípios
neoliberais na educação, como a prestação de contas e a avaliação baseada em
resultados.
Essas organizações difundiram suas orientações por meio de relatórios,
publicações e diretrizes que são amplamente disseminados e utilizados como
referências pelos governos nacionais na elaboração de suas políticas
educacionais. Além disso, elas frequentemente oferecem assistência técnica e
financiamento condicionado à implementação de reformas alinhadas com os
princípios do neoliberalismo.

Especificamente para os países do capitalismo periférico, as organizações

internacionais muitas vezes exercem uma influência ainda maior, uma vez que
esses países estão mais sujeitos à pressão por empréstimos e assistência
financeira. Como condição para obter apoio econômico, esses países são
frequentemente solicitados a adotar políticas educacionais que se alinhem com
as diretrizes neoliberais promovidas pelas organizações internacionais. Essas
políticas podem incluir a privatização da educação, a introdução de mecanismos
de competição e a ênfase nos resultados quantitativos.
Um exemplo de política educacional no Brasil que apresenta características
neoliberais é a implementação do Programa Nacional de Escolas Cívico-Militares
(Pecim). Esse programa foi lançado em 2019 pelo governo federal com o objetivo
de promover a militarização de escolas públicas.

O Pecim reflete elementos do projeto neoliberal de educação devido a alguns

aspectos:

Privatização: O programa prevê parcerias entre o Ministério da Educação e as

Forças Armadas, bem como com organizações da sociedade civil, para a gestão
das escolas. Essa forma de gestão compartilhada é vista como uma forma de
transferir responsabilidades do Estado para entidades privadas ou militares.

Competição: O programa promove a militarização de escolas como uma opção

de escolha para os gestores e comunidades escolares. Essa militarização é
apresentada como uma alternativa de melhoria da qualidade de ensino, através
da disciplina e da hierarquia militares, estimulando uma competição entre as
escolas civis e as escolas militarizadas.
Ênfase nos resultados: O Pecim está fortemente vinculado à busca por
resultados quantitativos, como melhoria do desempenho em avaliações e
indicadores de segurança e disciplina. Essa ênfase nos resultados está em
consonância com a lógica neoliberal de avaliar a eficiência e o desempenho das
escolas com base em métricas padronizadas.

Redução do papel do Estado: O programa reforça a ideia de que o envolvimento

das Forças Armadas e de organizações da sociedade civil na gestão das escolas
pode ser uma alternativa à atuação do Estado. Isso implica uma diminuição do
papel do Estado na garantia do direito à educação, transferindo parte dessa
responsabilidade para outras instituições.

É importante ressaltar que a implementação do Programa Nacional de Escolas

Cívico-Militares no Brasil tem sido objeto de debates e críticas, pois há
questionamentos sobre sua efetividade na melhoria da qualidade da educação,
sua adequação aos princípios democráticos e seu potencial contribuição para a
militarização da sociedade e das escolas.