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Judiciário.
Como se tornar Perito Psicólogo? É necessário apenas a formação e o registro, mas não há
necessidade de formação específica no Brasil, o que é requerido em alguns países. O
fundamental é ter um modelo teórico, conhecer e comprometer-se com parâmetros essenciais
para o desenvolvimento da criança, valorizar a subjetividade e a individualidade.
Na pratica diária, o psicólogo precisa saber usar ferramentas para analisar o contexto que atua,
seja na família ou em outas varas.
No que se refere ao laudo, este deve ser de argumento claro, lógico, fundamentado. Há as
orientações da Resolução do CFP sobre documentos escritos produzidos por Psicólogos que
deve sempre ser consultada e seguida rigorosamente.
A importância do laudo para o julgamento dos casos varia de acordo com os países. No
Brasil, o laudo pode não ser definitivo na avaliação, podendo ou não ser usado como
suporte. Suas informações e indicações também nem sempre são consideradas,
dependendo do caso e do juiz. Não existe uma verdade única. É importante valorizar
as novas configurações familiares, para não taxá-las como disfuncionais.
O conflito que chega ao Judiciário sofre um tipo de abordagem que muitas vezes o
cronifica. A dinâmica que o processo judicial imprime a um conflito requer um olhar
crítico da Psicologia para que os Peritos e Assistentes técnicos, quando nomeados, não
repitam a dinâmica adversaria que é estranha à sua formação e mesmo ética
profissional. Pelo contrário, o importante é que estes profissionais possam imprimir uma
outra dinâmica à abordagem dos conflitos. Vemos hoje uma desordem não só nas
relações. Embora a interdisciplina, num primeiro momento cause certa insegurança, a
consequência é que o encontro com o diferente acaba por fortalecer a identidade de
cada disciplina. Mas deve-se levar em conta que a Psicologia Jurídica é um ramo da
psicologia ainda em construção.
Com relação aos Assistentes Técnicos, as diferenças e conflitos não ocorrem somente
entre as disciplinas, mas também intra as disciplinas. Por isso, é fundamental que os
conflitos naturais entre profissionais que exercem papéis diversos, como é o caso dos
Assistentes Técnicos e Peritos Judiciais, não se transformem em impasses, pondo em
risco os avanços obtidos quanto ao valor dos profissionais da Psicologia. A relação
entre o Assistente Técnico e o Perito deve ser de colaboração, pautada na ética e no
conhecimento técnico, o que não quer dizer que eles devam necessariamente
concordar.
O Assistente Técnico pode ter condições de aportar dados que Perito não tenha acesso.
É fundamental que se imprima uma dinâmica de colaboração entre os profissionais da
Psicologia, que o Perito, que ocupa uma posição de poder legitimada pelo sistema,
possa colaborar de maneira aberta com o trabalho do Assistente Técnico e cabe refletir
não só a respeito da postura do Assistente Técnico como também de que forma poderia
este pode ser acolhido pelo Perito Judicial quando presente no processo.
O Assistente Técnico não pode ter como cliente o Advogado, mas os indivíduos, as
relações familiares, considerando, ainda, o Sistema Judicial. Deve mostrar ao cliente o
que está observando, resgatar sua responsabilidade e ampliar a consciência do
significado das demandas e suas consequências.
Uma outra oportunidade que tem surgido para a atuação dos profissionais da Psicologia
é a Mediação Interdisciplinar. Fundamental distinguir a atividade de Conciliação e
Mediação: a Conciliação tem como finalidade o acordo, a resolução de um impasse. A
Mediação tem o estabelecimento ou restabelecimento da comunicação e a ampliação
da responsabilidade na tomada de decisões.