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Palácio Ceia • Rua da Escola Politécnica, 147


1269-001 Lisboa – Portugal
https://portal.uab.pt/
Coleção: eUAb | Coleção Universitária; N.º 29
ISBN: 978-972-674-925-7
DOI: https://doi.org/10.34627/uab.cu.29
ÍNDICE
Nota prévia
1. Introdução e enquadramento normativo contabilístico
1.1. Âmbito e Objeto da Contabilidade Financeira
1.2. Caracterização da atividade empresarial
1.3. A Harmonização contabilística internacional
1.4. O Sistema de Normalização Contabilístico (SNC)

2. Conceitos contabilísticos fundamentais


2.1. O Património e a dinâmica patrimonial
2.1.1. Conceito de ativo, de passivo e de capital próprio
2.1.2. Conceito de rendimento, de gasto e de resultado
2.1.3. Receitas e Despesas vs Rendimentos e Gastos vs Recebimentos e Pagamentos
2.1.4. Factos patrimoniais e sua classificação

3. O processo de reconhecimento contabilístico


3.1. Classificação contabilística: contas e classes de contas
3.1.1. Definição de conta e sua representação gráfica
3.1.2. Classes de contas
3.2. Reconhecimento contabilístico
3.2.1. Lançamento contabilístico
3.2.2. Tipos de lançamento contabilísticos
3.2.3. Documentos contabilísticos
3.2.4. Documentos comerciais de suporte às operações

4. Demonstrações financeiras
4.1. Balanço
4.2. Demonstração dos Resultados por Naturezas
4.3. Demonstração dos Resultados por Funções
4.4. Demonstração das Alterações no Capital Próprio
4.5. Demonstração de Fluxos de Caixa
4.6. Anexo

5. Operações correntes – Enquadramento teórico e casos práticos


5.1. Capital Próprio
5.1.1 – Enquadramento
5.1.2 – Subscrição e realização de Capital
Caso prático – 5.1.A: Subscrição e realização de capital (constituição de sociedade)
Caso prático – 5.1.B: Subscrição e realização de capital (constituição de sociedade)
Caso prático – 5.1.C: Aumento de capital com prémio de emissão
5.1.3 – Ações (Quotas) Próprias
Caso prático – 5.1.D: Aquisição de ações próprias
Caso prático – 5.1.E: Aquisição e venda de ações próprias
5.1.4 – Prestações Suplementares
Caso prático – 5.1.F: Realização de Prestações Suplementares
5.1.5 – Caso prático a resolver
Caso prático – 5.1.G: Operações com o Capital
5.2. Meios financeiros líquidos
5.2.1 – Enquadramento
Caso prático – 5.2.A: Caixa e Depósitos bancários
5.2.2 – Casos práticos a resolver
Caso prático – 5.2.B: Caixa e Depósitos bancários
5.3. Inventários: Operações de Compra, Venda e Produção
5.3.1 – Enquadramento
Caso prático – 5.3.A: Fórmula de custeio e ficha de armazém
5.3.2 – Operações de compra
Caso prático – 5.3.B: Aquisição de mercadorias (desconsiderando o IVA)
Caso prático – 5.3.C: Aquisição de mercadorias (considerando o IVA)
5.3.3 – Operações de venda de bens
Caso prático – 5.3.D: Venda de mercadorias (desconsiderando o IVA)
Caso prático – 5.3.E: Venda de mercadorias (considerando o IVA)
5.3.4 – Descontos comerciais e financeiros
Caso prático – 5.3.F: Descontos financeiros
5.3.5 – Adiantamentos
Caso prático – 5.3.G: Adiantamentos – Compras
Caso prático – 5.3.H: Adiantamentos – Vendas
5.3.6 – Outras operações (regularização, em trânsito, poder de terceiros, imparidades).
Caso prático – 5.3.I: Outras operações com inventários
5.3.7 – Variação da produção
Caso prático – 5.3.J: Variação da produção
5.3.8 – Casos práticos a resolver
Caso prático – 5.3.K: Operações com inventários
Caso prático – 5.3.L: Operações com inventários
5.4. Prestações de serviços
5.4.1 – Enquadramento
Caso prático – 5.4.A: Prestação de serviços – percentagem de acabamento
5.4.2 – Caso prático a resolver
Caso prático – 5.4.B: Prestação de serviços – percentagem de acabamento
5.5. Operações com acréscimos e diferimentos
5.5.1 – Enquadramento
Caso prático – 5.5.A: Acréscimos e diferimentos
Caso prático – 5.5.B: Acréscimos e diferimentos
5.5.2 – Casos práticos a resolver
Caso prático – 5.5.C: Acréscimos e diferimentos
Caso prático – 5.5.D: Acréscimos e diferimentos
5.6. Aquisição de Fornecimento e serviços externos (FSE’s)
5.6.1 – Enquadramento
Caso prático – 5.6.A: Aquisição de FSE’s
5.6.2 – Caso prático a resolver
Caso prático – 5.6.B: Aquisição de FSE’s
5.7. Operações com o Estado
5.7.1 – Enquadramento
5.7.2 – Imposto sobre o rendimento
Caso prático – 5.7.A: Estimativa de imposto
Caso prático – 5.7.B: Pagamento por conta
Caso prático – 5.7.C: Retenção na fonte
Caso prático – 5.7.D: Pagamento final de imposto sobre o rendimento
Caso prático – 5.7.E: Retenção de imposto sobre o rendimento de trabalho independente
Caso prático – 5.7.F: Retenção de imposto sobre rendimentos prediais
Caso prático – 5.7.G: Entrega da retenção de imposto sobre rendimentos de trabalho dependente
5.7.3 – Imposto sobre o valor acrescentado (IVA)
Caso prático – 5.7.H: Apuramento de IVA
5.7.4 – Segurança Social
Caso prático – 5.7.I: Entrega das contribuições para a Segurança Social
5.7.5 – Casos práticos a resolver
Caso prático – 5.7.J: Pagamento final de imposto sobre o rendimento
Caso prático – 5.7.K: Retenção de imposto sobre o rendimento de trabalho independente
Caso prático – 5.7.L: Entrega das retenções de rendimentos de trabalho dependente e das contribuições para a Segurança Social
Caso prático – 5.7.M: Operações e apuramento de IVA
5.8. Gastos com o pessoal
5.8.1 – Enquadramento
Caso prático – 5.8.A: Processamento de salários
Caso prático – 5.8.B: Processamento de salários
Caso prático – 5.8.C: Processamento de salários e direitos adquiridos
5.8.2 – Caso prático a resolver
Caso prático – 5.8.D: Processamento de salários

Bibliografia
Webgrafia
NOTA PRÉVIA
A presente obra assenta numa abordagem metodológica e pedagógica para o ensino da contabilidade financeira, desde os conceitos
fundamentais até ao reconhecimento e mensuração das operações consideradas mais recorrentes na maioria das entidades. Neste
sentido, esta obra incorpora os principais aspetos de fundamentação teórica para suporte da aplicação prática.
Este manual surge na sequência e síntese dos temas que os autores lecionam há vários anos no Ensino Superior, nomeadamente em
Licenciaturas na área da Contabilidade e Gestão. Deste modo, considera-se uma obra de carácter pedagógico e de transmissão de
conhecimento, essencial para estudantes do ensino superior, mas também interessante para profissionais e docentes com gosto pela
área da contabilidade.
Sabendo-se que as temáticas abordadas nesta obra poderiam ser alvo de um enquadramento e discussão concetual ainda mais
profunda e detalhada, foi opção dos autores abordarem as matérias de uma forma sintética e com o uso de uma linguagem simples e
direta, de modo a tornar a obra mais acessível a qualquer leitor.
Separado por temas, cada um apresenta o enquadramento contabilístico mais relevantes para a sua compreensão e estudo, o qual,
sempre que necessário, será com referência às Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF) aplicáveis, sendo
complementado com exercícios práticos para melhor se alcançarem os objetivos e competências de aprendizagem.
Esta obra está estruturada em cinco capítulos, abordando os seguintes temas:
1. Introdução e enquadramento normativo contabilístico
2. Conceitos contabilísticos fundamentais
3. O processo de reconhecimento contabilístico
4. Demonstrações financeiras
5. Operações correntes – Enquadramento teórico e casos práticos
Por fim, é importante referir que foi opção dos autores não incluírem nesta obra as operações com investimentos não financeiros (Ativos
Fixos Tangíveis, Ativos Intangíveis e Propriedades de Investimento), operações não correntes (Imparidades, Provisões e outras) e
operações de apuramento dos resultados e estimativa de imposto. Esta decisão surge pelo facto de os autores considerarem que essas
temáticas apresentam uma complexidade mais elevada comparativamente com o conteúdo pretendido para esta obra. Assim, para se
abordarem adequadamente essas temáticas mais complexas, está prevista a edição de uma obra especificamente destinada a esses
temas.
Os Autores
José Luís Silva
João Pedro Morgado
1. INTRODUÇÃO E ENQUADRAMENTO NORMATIVO CONTABILÍSTICO

1.1. ÂMBITO E OBJETO DA CONTABILIDADE FINANCEIRA


A contabilidade pode ser entendida como um sistema de informação, que assenta na recolha de dados, os quais depois de trabalhados
de acordo com os procedimentos e normas contabilísticas dão lugar a informação útil para a tomada de decisão. Esta informação é
assim compilada sobre a forma de demonstrações financeiras e outros elementos de relato os quais são essenciais para que os
utilizadores das informações financeiras possam tomar as suas decisões.
Tal como referido no ponto 2.1.3 do documento Bases para a apresentação de demonstrações financeiras (BADF), as demonstrações
financeiras são no fundo uma representação estruturada da posição financeira e do desempenho financeiro de uma entidade. Assim, o
objetivo das demonstrações financeiras é o de proporcionar informação acerca da posição financeira (Balanço), do desempenho
financeiro (Demonstração dos Resultados) e dos fluxos de caixa (Demonstração dos Fluxos de Caixa) de uma entidade, de modo que
esta informação seja útil aos utilizadores na tomada das suas decisões. É ainda importante referir que as demonstrações financeiras
permitem obter uma informação importante sobre desempenho do órgão de gestão, nomeadamente no que diz respeito aos recursos a
ele confiados. Para satisfazer este objetivo, as demonstrações financeiras proporcionam informação acerca dos Ativos, Passivos, Capital
próprio, Rendimentos, Gastos, Outras alterações nos capitais próprios e Fluxos de Caixa.
Relativamente às divisões da contabilidade, podemos referir que relativamente ao ponto de vista temporal, a contabilidade pode
apresentar informação Histórica ou informação Previsional. A informação histórica está relacionada com o passado ocorrido, permitindo
assim uma visão retrospetiva da gestão, enquanto a informação Previsional é aquela que é usada como a base para predizer a posição
financeira e o desempenho futuros, de entidade, por exemplo, através da contabilidade orçamental.
No que diz respeito ao ponto de vista dos utilizadores, podemos dizer que a contabilidade se pode dividir em contabilidade Financeira
(Externa) vs contabilidade de Gestão (Interna). A Contabilidade Financeira é aquela que é obrigatória e que tem de ser preparada para os
utilizadores externos da entidade de acordo com as normas contabilísticas aplicáveis. Por outro lado, a contabilidade de Gestão é aquela
que é preparada e elaborada essencialmente para que o órgão de gestão possa tomar as suas decisões, não estando assim subjugada
às normas de contabilidade e de relato financeiro.
Por fim, importa referir que de acordo com o referido na Estrutura Conceptual (EC) do Sistema de Normalização Contabilística (SNC), no
seu § 9 a 11, nos utilizadores da informação financeira incluem-se os investidores atuais e potenciais, empregados, mutuantes,
fornecedores e outros credores comerciais, clientes, Governo e seus departamentos, o público e o órgão de gestão. Assim, é importante
ter que presente que a Contabilidade Financeira tem a responsabilidade de preparar, elaborar e apresentar demonstrações financeiras
que satisfaçam as necessidades dos seus utilizadores.

1.2. CARACTERIZAÇÃO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL


Em primeiro lugar há que ter presente que as empresas são agentes económicos, que se compõem por meios humanos, técnicos
(instalações, máquinas, ferramentas, entre outras) e meios financeiros (capitais necessários para conseguir operar) organizados. Têm
como objetivo produzir e vender bens e/ou serviços no mercado a outros agentes económicos e aos consumidores finais.
As empresas podem ser classificadas de acordo com critérios de agregação comuns, como sejam, por atividade, forma jurídica e
dimensão.
Classificação das empresas por atividade:
No que diz respeito à tipologia das empresas por atividade, podemos falar essencialmente em empresas industriais, comerciais, de
serviços. As empresas industriais são aquelas que estão diretamente ligadas ao processo produtivo, ou seja, aquelas que se dedicam à
transformação de matérias-primas em produtos acabados. No que diz respeito às empresas comerciais, estas são as que se dedicam
essencialmente à compra e venda de bens, sem que lhes alterem quaisquer características inicias. Relativamente às empresas de
serviços, estas são as que se dedicam à produção/prestação de serviços, como sejam serviços contabilísticos, jurídicos, médicos entre
muitos outros.
Classificação das empresas por forma jurídica:
No que diz respeito à forma jurídica das empresas, e para efeitos contabilísticos, poderemos identificar as seguintes entidades:

Sociedades abrangidas pelo Código das Sociedades Comerciais;


Empresas individuais reguladas pelo Código Comercial;
Estabelecimentos individuais de responsabilidade limitada (EIRL);
Empresas públicas;
Cooperativas;
Agrupamentos Complementares de Empresas (ACE’s) e agrupamentos europeus de interesse económico.

Classificação das empresas por dimensão:


Para efeitos contabilísticos, e de acordo com o Decreto-Lei 98/2015 de 2 de junho, artigo 9.º, podem classificar-se as empresas em
Microentidades, Pequenas Entidades, Médias Entidades e as Grandes Entidades.
São consideradas Microentidades, as empresas que à data do balanço, não ultrapassem dois dos três limites:

Total do balanço: 350 000,00 €;


Total de vendas líquidas e outros rendimentos: 700 000,00 €;
Número médio de empregados durante o exercício: 10.

São consideradas pequenas entidades, as empresas que à data do balanço, não ultrapassem dois dos três limites:

Total do balanço: 4 000 000 €;


Total de vendas líquidas e outros rendimentos: 8 000 000 €;
Número médio de empregados durante o exercício: 50.

São consideradas médias entidades, as empresas que à data do balanço, não ultrapassem dois dos três limites:

Total do balanço: 20 000 000 €;


Total de vendas líquidas e outros rendimentos: 40 000 000 €;
Número médio de empregados durante o exercício: 250.

São consideradas grandes entidades, as empresas que à data do balanço, ultrapassem dois dos três limites:

Total do balanço: +20 000 000 €;


Total de vendas líquidas e outros rendimentos: +40 000 000 €;
Número médio de empregados durante o exercício: +250.

1.3. A HARMONIZAÇÃO CONTABILÍSTICA INTERNACIONAL


De uma forma sintética, podemos considerar a harmonização contabilística como sendo o processo que visa a convergência dos
diferentes sistemas de normalização contabilística que se encontram em uso em diferentes jurisdições, sejam elas nacionais, regionais
ou internacionais. Neste sentido, importa referir que esta convergência se refere essencialmente ao processo que visa convergir as
diferentes características qualitativas de relato financeiro, o processo de reconhecimento, de mensuração e divulgação.
Como principais razões para a harmonização, podemos destacar a existência de diferentes modelos contabilísticos, a globalização da
economia e dos mercados (com destaque para os mercados financeiros) e também a necessidade de se reduzirem custos para as
entidades que operam em diversas jurisdições.
Não nos querendo alongar neste ponto, podemos ainda referir que o relato financeiro nos países desenvolvidos evoluiu a partir de dois
modelos contabilísticos, nomeadamente o modelo continental/napoleónico e modelo anglo-saxónico. O modelo continental, assenta
essencialmente no Direito Romano, sendo muito orientado para a forma legal, onde a fiscalidade domina as regras contabilísticas. No que
diz respeito ao modelo anglo-saxónico, este assenta no Direito Inglês, sendo orientado para a imagem verdadeira e apropriada, sendo
orientado essencialmente para o investidor. Neste modelo existe uma clara separação entre as regras contabilísticas e fiscais.
Atualmente, a harmonização contabilística internacional está essencialmente refletida nas normas internacionais de conta de
contabilidade, que em inglês se designam de International Financial Reporting Standards (IFRS). Estas normas são desenvolvidas e
promovidas pelo The International Financial Reporting Standards Foundation (IFRS Foundation)
, o qual tem como missão desenvolver
Normas IFRS que ofereçam transparência, responsabilidade e eficiência aos mercados financeiros de todo o mundo. Esta fundação tem
como objetivos desenvolver um conjunto único de normas de relato financeiro com alta qualidade, que sejam aceites globalmente,
promovendo o seu uso e a sua rigorosa aplicação. Nos seus objetivos estão ainda a necessidade de um relato financeiro adequado às
economias emergentes e das pequenas e médias empresas, assim como o alcançar da convergência entre as normas nacionais e as
IFRS através de soluções de alta qualidade.
De acordo com a divulgada pela IFRS Foundation h( ttps://www.ifrs.org/), em 2018 estas normas estão refletidas em 166 jurisdições, que
representam todo o mundo, incluindo todas as jurisdições do G20. Importa ainda referir que 144 das 166 jurisdições (87%) exigem o uso
das normas IFRS para quase todas as entidades públicas nacionais, empresas cotadas em bolsa e instituições financeiras. A maioria
das restantes jurisdições permite o seu uso. Relativamente à norma IFRS para PMEs, esta é exigida ou permitida em 86 das 166
jurisdições.

1.4. O SISTEMA DE NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICO (SNC)


O Sistema de Normalização Contabilístico (SNC) é o normativo contabilístico atualmente em vigor em Portugal. Este normativo veio
substituir o anterior Plano Oficial de Contabilidade (POC). Este Sistema, à semelhança do POC, não é de aplicação geral, pois às
microentidades (ME), às pequenas entidades (PE) e às entidades do setor não lucrativo (ESNL) aplica-se o SNC com as suas
especificidades.
Ao falar neste sistema de normalização, torna-se também importante abordar a Comissão de Normalização Contabilística (CNC).
A CNC é o organismo que tem por missão1, no domínio contabilístico, emitir normas, pareceres e recomendações relativos ao conjunto
das entidades inseridas no setor empresarial e setor público, de modo a estabelecer e assegurar procedimentos contabilísticos
harmonizados com as normas europeias e internacionais da mesma natureza, contribuindo para o desenvolvimento de padrões de alta
qualidade da informação e do relato financeiro das entidades que apliquem o Sistema de Normalização Contabilística (SNC), a
Normalização Contabilística para Microentidades (NCM) e o Sistema de Normalização Contabilística Público (SNCP).
Neste âmbito, destacamos a seguinte legislação de suporte ao normativo contabilístico aplicável em Portugal:

Decreto-Lei n.º 98/2015 de 2 de junho


Decreto-Lei n.º 158/2009 de 13 de julho
Decreto-Lei n.º 35/2005 de 17 de fevereiro

Em termos gerais, podemos dizer que o SNC é constituído pelos seguintes elementos:

Estrutura concetual;
Bases para a apresentação de demonstrações financeiras;
28 Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF) e 2 Normas Interpretativas (NI), aplicável ao Regime Geral;
Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Pequenas Entidades (NCRF-PE);
Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Microentidades (NC-ME);
Norma Contabilística e de Relato Financeiro para Entidades do Setor Não Lucrativo (NCRF-ESNL);
Código de contas (Quadro síntese | Código de contas e Notas de enquadramento);
Modelos de demonstrações financeiras aplicáveis aos diversos regimes:
Regime geral (NCRF)
Pequenas Entidades (NCRF-PE)
Microentidades (NC-ME)
Entidades do Setor Não Lucrativo (NCRF-ESNL)

O enquadramento contabilístico em Microentidades, Pequenas Entidades, Médias Entidades consta do artigo 9.º do DL 158/2009 (alterado
pelo DL 98/2015), o qual já foi referido no capítulo 1.2 deste E-Book.
Quanto às Entidades do Setor Não Lucrativo (ESNL), são consideradas as entidades que apresentam as seguintes características:

Prosseguem a título principal atividades sem fins lucrativos; e


Não podem distribuir resultados/ganhos aos seus membros; e
Não têm títulos de propriedade transacionáveis; e
São independentes do governo.

Importa ainda referir que as ESNL devem aplicar o regime contabilístico NCRF-ESNL, constante do SNC, contudo podem optar pela
aplicação das NCRF ou das Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS) em certas circunstâncias.
Por fim, importa ainda abordar os modelos de demonstrações financeiras aplicáveis a cada um dos Regimes:
Regime Geral:

Balanço;
Demonstração dos resultados por naturezas (e, por opção, por funções);
Demonstração das alterações no capital próprio;
Demonstração dos fluxos de caixa;
Anexo.

Regime das Pequenas Entidades:

Balanço (modelo reduzido);


Demonstração dos resultados por naturezas (e, por opção, por funções) (modelo reduzido);
Anexo modelo reduzido);

Regime das Microentidades:

Balanço (modelo reduzido);


Demonstração dos resultados por naturezas (e, por opção, por funções) (modelo reduzido);
Dispensadas de apresentar o Anexo se divulgarem as informações constantes do n.º 4 do artigo 11.º do DL 98/2015

1 https://www.cnc.min-financas.pt/sobre.html
2. CONCEITOS CONTABILÍSTICOS FUNDAMENTAIS

2.1. O PATRIMÓNIO E A DINÂMICA PATRIMONIAL


De uma forma muito simples, podemos dizer que o património de uma entidade corresponde ao conjunto dos seus bens, direitos e
obrigações. Sendo que os bens e direitos contribuem positivamente para o valor do património, enquanto as obrigações contribuem
negativamente para o valor do património.
Em resumo, sabendo o que temos (ativos), deduzido o que devemos (passivos), obtemos o valor do património ou situação líquida
(capital próprio).
Deste modo, a dinâmica patrimonial estuda as variações ocorridas no património, com a finalidade de demonstrar o impacto dos diversos
factos ocorridos na situação líquida da entidade durante um determinado período de tempo.
2.1.1. Conceito de ativo, de passivo e de capital próprio
Neste ponto abordamos os conceitos relevantes para avaliar a Posição Financeira de uma entidade.
Neste sentido, e no que diz respeito aos conceitos de ativo, de passivo e de capital próprio estes encontram-se definidos na Estrutura
Conceptual (EC) do SNC2.
A EC não é uma norma contabilística, mas sim um documento que estabelece os conceitos que estão subjacentes à preparação e
apresentação das demonstrações financeiras. Deste modo, a EC é um documento de extrema importância e de leitura obrigatória para
todos os que se interessam pela área da contabilidade.
Conceito de ativo
Voltando ao conceito de ativo, de uma forma simplista, este é muitas vezes apresentado como correspondendo ao conjunto de bens e
direitos de uma entidade. No conjunto de bens falamos dos bens materiais ou físicos com que a entidade desenvolve a sua atividade
(por exemplo: inventários, viaturas, edifícios, dinheiro entre outros). Relativamente aos direitos, enquadram-se os direitos sobre terceiros,
nomeadamente dos direitos a receber (por exemplo: direito a receber dos clientes, dos colaboradores, dos sócios, entre outros).
Contudo, para uma definição mais adequada, é importante ter presente que o parágrafo 49 da EC apresenta a definição de ativo, a qual é
um pouco mais abrangente e específica, sendo definido como:

Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de acontecimentos passados e do qual se espera que fluam para
a entidade benefícios económicos futuros (BEF);

De acordo com a definição apresentada na EC para ativo, temos de ter presente o conceito de recurso controlado, ou seja, representa a
possibilidade de restringir o acesso a outros. Também temos de ter presente que o ativo é sempre resultado de acontecimentos
passados (por exemplo uma aquisição) e do qual se espera que fluam para a entidade benefícios económicos futuros (Os benefícios
económicos futuros incorporados num ativo são o potencial de contribuir, direta ou indiretamente, para o fluxo de caixa 3 e equivalentes de
caixa para a entidade).
Deste modo, percebemos que o conceito de ativo é abrangente e assenta nos três pontos identificados anteriormente, nomeadamente:
Controlo, resultado de acontecimentos passados e expectativa de gerar benefícios económicos futuros.
Conceito de passivo
Tal como referido anteriormente, de uma forma simplista, o passivo é definido como sendo o conjunto de obrigações da entidade (dívidas
a pagar). Contudo, o parágrafo 49 da EC apresenta a definição de passivo, a qual é um pouco mais abrangente e específica, sendo
definido como se segue:

Passivo é uma obrigação presente da entidade proveniente de acontecimentos passados, cuja liquidação se espera que
resulte num exfluxo de recursos da entidade que incorporem benefícios económicos

Na prática o passivo representa uma obrigação presente (e não compromissos futuros, como sejam a decisão de vir a adquirir um ativo),
da qual se espera uma saída de recurso, os quais podem ocorrer de diversas maneiras, por exemplo:

Pagamento a dinheiro;
Transferência de outros ativos;
Prestação de serviços;
Substituição dessa obrigação por outra;
Conversão da obrigação em capital próprio;
Credor abdicar ou perder os seus direitos.

Conceito de capital próprio


De parágrafo 49 da EC, o conceito de Capital Próprio é o interesse residual nos ativos da entidade depois de deduzir todos os seus
passivos.
Deste modo, se ao valor dos ativos, subtrairmos o valor dos passivos, obtemos o valor do Capital Próprio. Em boa verdade, o Capital
Próprio (Situação Líquida) corresponde à expressão numérica do valor do património.
Exemplo:
Determinada entidade tem a seguinte informação disponível:

Edifícios no valor de 160 000 €;


Viaturas no valor de 22 500 €;
Dinheiro num depósito à ordem no valor de 3 500 €;
Dívida a receber de clientes no montante de 20 000 €;
Dívidas ao Banco no montante de 95 000 €;
Dívida a diversos fornecedores no montante de 13 000 €.

Perante a informação apresentada, identifique os ativos, os passivos e o valor do capital próprio da entidade.
Resolução:
De acordo com as definições, verificamos que a entidade apresenta os seguintes ativos:

Edifícios no valor de 160 000 €;


Viaturas no valor de 22 500 €;
Dinheiro num depósito à ordem no valor de 3 500 €;
Dívida a receber de clientes no montante de 20 000 €.

De acordo com as definições, verificamos que a entidade apresenta os seguintes passivos:

Dívidas ao Banco no montante de 95 000 €;


Dívida a diversos fornecedores no montante de 13 000 €.

Para encontrarmos o valor do Capital Próprio (Situação Líquida) da Entidade, teremos então de ao valor do ativo, subtrair o valor do
Passivo, ou seja, aplicar a Equação Fundamental de Contabilidade:
Ativo = Passivo + Capital Próprio Capital Próprio = Ativo - Passivo

F
Assim, concluímos que a entidade apresenta ativos no montante de 206 000 €, passivos no montante de 108 000 € e assim o seu Capital
Próprio é de 98 000 €.
2.1.2. Conceito de rendimento, de gasto e de resultado
Neste ponto abordamos os conceitos relevantes para avaliar o desempenho (resultados) de uma entidade.
O resultado de uma entidade surge da diferença entre os rendimentos obtidos e os gastos incorridos. Assim, de uma forma simplista, os
rendimentos correspondem aos montantes que contribuem positivamente para o resultado e os gastos correspondem aos montantes
que contribuem negativamente para o resultado.
Contudo, o parágrafo 69 da EC apresenta a definição de rendimentos e gastos, a qual é um pouco mais abrangente e específica, sendo
definidos como se segue:

Rendimentos são aumentos nos benefícios económicos durante o período contabilístico na forma de influxos ou aumentos de
ativos ou diminuições de passivos quePONTO resultem em aumentos no capital próprio, que não sejam os relacionados com
as contribuições dos participantes no capital próprio; Exemplos: vendas, honorários, juros, dividendos, royalties, rendas, entre
outros.
Gastos são diminuições nos benefícios económicos durante o período contabilístico na forma de exfluxos ou deperecimentos
de ativos ou na incorrência de passivos que resultem em diminuições do capital próprio, que não sejam as relacionadas com
distribuições aos participantes no capital próprio. Exemplos: Custo das vendas, gastos com o pessoal, depreciações, entre
outros.

Assim, quando o valor dos rendimentos é superior aos gastos a entidade obtém Lucro. Por outro lado, quando a entidade incorre em mais
gastos do que rendimentos, irá obter prejuízo.
2.1.3. Receitas e Despesas vs Rendimentos e Gastos vs Recebimentos e Pagamentos
No que diz respeito aos fluxos da empresa, temos de ter presente que existem três óticas distintas:

Ótica Económica [Rendimentos/Gastos] (associada ao desempenho da entidade)


Ótica Financeira [Receita/Despesa] (associada à posição financeira da entidade)
Ótica de Caixa/Tesouraria [Recebimento/Pagamento] (associada aos fluxos de caixa da entidade)

Ótica Económica
Nesta ótica estamos perante os conceitos de rendimentos e gastos, os quais foram abordados no ponto 2.1.2 deste e-book.
Os rendimentos referem-se assim ao aumento dos benefícios económicos da atividade, por exemplo, quando ocorre a venda, o montante
corresponde ao rendimento a reconhecer.
Os gastos surgem no momento do consumo, ou seja, são a expressão monetária do consumo de meios se exploração. Por exemplo,
quando consumimos a matéria-prima para incorporar no processo produtivo.
Ótica Financeira
Nesta ótica estamos perante os conceitos de receita e despesa, os quais estão diretamente associados à posição financeira da
entidade (Ativo e Passivo).
A receita verifica-se quando nasce o direito a receber, correspondendo assim ao ativo. Por outro lado, a despesa verifica-se quando
nasce a obrigação de pagar e corresponde ao passivo.
Ótica de Caixa/Tesouraria
Nesta ótica estamos perante os conceitos de recebimento e pagamento, os quais estão diretamente associados aos fluxos de caixa.
O recebimento verifica-se quando dá entrada dos meios monetários (dinheiro ou equivalente) enquanto o pagamento se verifica quando
se dá a saída dos meios monetários.
Exemplo do conceito de despesa, pagamento e gasto:

Quando compramos um caldo de galinha incorremos na despesa, o pagamento ocorre no momento em que pagamos e o
gasto é incorrido quando chegamos a casa e o adicionamos ao cozinhado.

Exemplo do conceito de rendimento, receita e recebimento:

Quando vendemos uma mercadoria a um cliente, obtemos um aumento dos benefícios económicos durante o período, a que
chamamos rendimento. Este facto origina ainda um ativo a que chamamos receita (direito a receber). Por fim, quando o cliente
líquida a sua dívida, temos um influxo de caixa, a que chamamos recebimento.

Exemplo:
Identifique os seguintes fluxos (tesouraria, económicos e financeiros) e valores:
1. Compra de mercadorias ao Fornecedor XPTO, Lda., no montante de 1 900 €;
2. Transferência bancária para pagamento de 50% da dívida ao fornecedor XPTO, Lda.;
3. Venda a crédito de mercadorias no valor de 3 500 €, as quais estavam valorizadas em armazém em 1 500 €;
4. Aquisição de 80 € de material de escritório, tendo nessa data sido pago 25% desse montante.
Resolução:
1. Corresponde a uma despesa (dívida a pagar) no montante de 1 900 €;
2. Corresponde a um pagamento (saída de fluxos de caixa) no montante de 950 €;
3. Corresponde a um rendimento de 3 500 € (pelo valor da venda), a uma receita de 3 500 € (direito a receber do cliente) e um gasto
de 1 500 € (pelo reconhecimento do custo com a venda);
4. Corresponde a uma despesa (dívida a pagar) de 80 €, a um pagamento (saída de fluxos de caixa) de 20 € e a um gasto (consumo
do material) no montante de 80 €.
2.1.4. Factos patrimoniais e sua classificação
Entende-se por factos patrimoniais todos os eventos suscetíveis de alterar o património.
Assim, no conceito de factos patrimoniais podemos falar de factos permutativos e factos modificativos.
Consideram-se factos patrimoniais permutativos os factos que provocam uma alteração na composição do património, mas não alteram
o seu valor. Um exemplo de um facto desta natureza é por exemplo a situação de uma entidade ter um direito a receber de um cliente
(ativo), o qual se transforma em dinheiro quando o cliente líquida a sua dívida. Este facto é permutativo pois apenas altera a composição
do património (passamos de um direito a receber para um valor de dinheiro em caixa), mas não altera o valor do património (Capital
Próprio).
Consideram-se factos patrimoniais modificativos aqueles que alteram a composição e o valor do património (valor do Capital Próprio). Um
exemplo de um facto desta natureza é por exemplo a venda de mercadorias. Ao vender mercadorias por um valor superior ao seu custo
de aquisição, a entidade obtém um rendimento superior ao gasto, ou seja, o valor do seu património (Capital próprio) aumenta, ou seja, a
situação líquida sofre uma variação positiva.

2 https://www.cnc.min-financas.pt/pdf/SNC/2016/Aviso_8254_2015_29Jul_EC.pdf
3 Os fluxos de caixa são na prática os influxos (recebimento e entradas de caixa) na entidade.
3. O PROCESSO DE RECONHECIMENTO CONTABILÍSTICO
Neste capítulo será abordado o processo contabilístico, desde o ponto inicial, que serão as operações que os agentes económicos realizam,
passando pela fase de como se converter as operações em informação contabilística, até ao final, com a elaboração das demonstrações
financeiras para disponibilização de informação aos diversos utilizadores.

O processo contabilístico inicia-se com os factos patrimoniais que darão lugar a um registo contabilístico.
Geralmente, os documentos que suportam as operações são emitidos quando estas ocorrem e, assim, são coincidentes quanto ao momento.
Veremos mais à frente, porém, que nem sempre os documentos são emitidos quando as operações ocorrem. Poderão ser os documentos a
serem emitidos antes que as operações ocorram ou poderão as operações ocorrer antes da emissão dos documentos. Isto é importante na
medida em que se irão utilizar os acréscimos e os diferimentos para o cumprimento do pressuposto do regime do acréscimo (abordado no
ponto 5.5 deste E-Book).
O registo contabilístico iniciar-se-á com a etapa do reconhecimento (processo de incorporar nas demonstrações financeiras os itens que
satisfaçam a definição de um elemento e os critérios para o seu reconhecimento). A etapa do reconhecimento é muito importante por ser nesta
etapa que se irá identificar a qual a operação que ocorreu, recorrendo-se à obtenção de todas as informações necessárias para a sua correta
interpretação. Uma identificação incorreta da operação irá originar um erro nas demonstrações financeiras através de um reconhecimento
incorreto do património e/ou desempenho.
Dependente da etapa do reconhecimento está a etapa da mensuração (atribuição de valor), na medida em que as bases de mensuração
podem divergir consoante a operação ocorrida.
Por exemplo, se uma entidade que comercialize equipamentos informáticos, adquirir computadores, será necessário obter a confirmação
acerca da finalidade dos mesmos. Se forem adquiridos com a finalidade de serem vendidos, serão reconhecidos como inventários e a sua
base de mensuração será o custo ou o valor realizável líquido, dos dois o mais baixo. Caso algum computador adquirido seja para utilização
pela entidade, o mesmo será reconhecido como ativo fixo tangível e a sua base de mensuração será o modelo do custo ou o modelo de
revalorização.
Após a etapa do reconhecimento e da mensuração, para finalizar o registo será necessário atribuir uma conta contabilística (código) de modo a
que o reconhecimento (registo) das operações possa ser organizado. Será fundamental que as contas reflitam as operações em causa,
possibilitando uma melhor associação das mesmas às rubricas das demonstrações financeiras. Assim, uma conta representará um conjunto
de elementos patrimoniais com caraterísticas semelhantes, expresso em unidades monetárias. O nome da conta deverá representar o seu
conteúdo de modo a não ser confundido com o nome de outras contas.
O registo contabilístico das operações será efetuado num documento contabilístico, denominado de diário, por ordem cronológica.
Através dos diários, podemos depois obter, de forma sistemática, um respetivo extrato de cada conta, em que todos os movimentos efetuados,
a débito e a crédito, são indicados, bem como o saldo da respetiva conta.
Através do respetivo saldo de cada conta é possível construir um balancete, que consiste na apresentação de todas as contas que tenham sido
movimentadas, apresentando os montantes acumulados a débito e a crédito e também o saldo respetivo (devedor ou credor).
Com o balancete será possível a elaboração do Balanço e da Demonstração dos Resultados, visto que será a partir dos saldos das contas que
conseguimos efetuar essa elaboração.
De seguida serão abordadas algumas destas etapas com maior detalhe.

3.1. CLASSIFICAÇÃO CONTABILÍSTICA: CONTAS E CLASSES DE CONTAS


Neste subcapítulo serão abordadas as contas, classes de conta e regras de movimentação.
3.1.1. Definição de conta e sua representação gráfica
Nos registos contabilísticos será necessário atribuir uma conta (código) para que as operações possam ser agrupadas e organizadas.
Uma conta representará um conjunto de factos patrimoniais com caraterísticas semelhantes e que será expresso em unidades monetárias.
Deste modo, operações semelhantes estarão agregadas e tornará a divulgação nas demonstrações financeiras mais correta e eficaz por
existir uma ligação muito direta entre a conta e as rubricas das mesmas.
Uma conta será composta pelo seu código, título (nome) e valor.
O código de uma conta será único para um determinado tipo de operação, podendo ter o formato numérico ou alfanumérico. No SNC apenas
está previsto o formato numérico. Por exemplo, no SNC, as dívidas a receber de clientes têm associada a conta “21 – Clientes”, pelo que
qualquer operação relacionada com um cliente apenas será representada por esta conta. Será um erro se numa operação com um cliente uma
outra conta for utilizada em lugar da conta “21 – Clientes”.
Desta forma, torna-se muito importante a atribuição correta das contas às operações que pretendem representar.
A identificação de qual a conta correta a utilizar, em cada operação, será através do nome da conta. Assim, o nome da conta apresentará uma
importância extrema porque será através do mesmo que se possibilitará a ligação entre o código e a operação que se pretende codificar. O
nome deverá ser único, inconfundível e distinto das outras contas. Deverá representar o conteúdo, a natureza e a substância da operação, não
sendo representado por mais do que um código.
Por fim, o valor será uma medida quantificável e irá representar, em termos monetários, o total das operações realizadas e que serão
agregadas e codificadas com o código atribuído.
As contas devem apresentar algumas caraterísticas tal como homogeneidade, integralidade e constância.
A homogeneidade traduz-se que todos os elementos/operações que a conta representa, devem conter a mesma característica definida pelo
título. Por exemplo, a dívida a um fornecedor de mercadorias só poderá ser registada numa conta de obrigações a pagar a fornecedores –
conta “22 – Fornecedores”.
A integralidade traduz-se que todos os elementos que têm a mesma característica, definidos pela conta, devem ser incluídos. Por exemplo,
todos os bens que a empresa adquire para vender sem lhes alterar as características, só podem ser registados numa conta de bens
adquiridos para comercializar – conta “32 – Mercadorias”.
A constância traduz-se que cada conta pode ser definida de uma maneira mais ou menos ampla. Em função das necessidades de informação
as contas podem ser divididas por subcontas, ou repartidas por outras contas, em função da sua complexidade.
A movimentação das contas é realizada através de débitos (debitar uma conta) e de créditos (creditar uma conta) e a sua representação
gráfica assemelha-se a um “T”.
Debitar uma conta significa inscrever os valores no Débito (D) e creditar uma conta significa inscrever os valores no lado do Crédito (C).

A movimentação das contas terá um efeito diferente consoante o elemento da conta que estiver a ser movimentado.
As contas do Ativo serão debitadas pela sua extensão inicial e pelos aumentos de extensão e creditadas pelas diminuições de extensão.
A nível gráfico, temos:

As contas do Capital Próprio e do Passivo serão debitadas pelas diminuições de extensão e creditadas pela sua extensão inicial e pelos
aumentos de extensão.
A nível gráfico, temos:
As contas de gastos são movimentadas a débito sempre que suportamos e incorremos num gasto.
A nível gráfico, temos:

As contas de rendimentos são movimentadas a crédito sempre que obtemos um rendimento.


A nível gráfico, temos:

3.1.2. Classes de contas


As contas apresentam-se agrupadas por classes, tendo o SNC agrupado as contas em oito classes.
As classes de contas dividem-se entre o Balanço, que integra cinco classes de contas (da classe 1 à classe 5) e o Resultado Líquido do
Período (conta 818), e a Demonstração dos Resultados que integra três classes de contas (da classe 6 à classe 8).
A classe “1 – Meios Financeiros Líquidos” destina-se a registar os meios financeiros líquidos que incluem, quer o dinheiro e depósitos bancários
quer todos os ativos ou passivos financeiros mensurados ao justo valor, cujas alterações sejam reconhecidas na demonstração dos
resultados.
As contas que integram esta classe são:

11 – Caixa;
12 – Depósitos à ordem;
13 – Outros depósitos bancários;
14 – Outros instrumentos financeiros;
14 – Outros (para as ME).

A classe “2 – Contas a Receber e a Pagar” destina-se a registar as operações relacionadas com clientes, fornecedores, pessoal, Estado e
outros entes públicos, financiadores, acionistas, bem como outras operações com terceiros que não tenham cabimento nas contas anteriores
ou noutras classes específicas. Incluem-se, ainda, nesta classe, os acréscimos e os diferimentos (para permitir o registo dos gastos e dos
rendimentos nos períodos a que respeitam) e as provisões.
As contas que integram esta classe são:

21 – Clientes;
22 – Fornecedores;
23 – Pessoal;
24 – Estado e outros entes públicos;
25 – Financiamentos obtidos;
26 – Acionistas/Sócios;
26 – Fundadores/patrocinadores/associados/membros (para as ESNL);
27 – Outras contas a receber e a pagar;
28 – Diferimentos;
29 – Provisões.

A classe “3 – Inventários e Ativos Biológicos” inclui os inventários que são ativos detidos para venda no decurso da atividade empresarial, no
processo de produção para essa venda ou na forma de materiais consumíveis a serem aplicados no processo de produção ou na prestação de
serviços.
Inclui também os ativos biológicos (animais e plantas vivos), no âmbito da atividade agrícola, quer consumíveis no decurso do ciclo normal da
atividade, quer de produção ou regeneração. Os produtos agrícolas colhidos são incluídos nas apropriadas contas de inventários.
As contas que integram esta classe são:

31 – Compras;
32 – Mercadorias;
33 – Matérias -primas, subsidiárias e de consumo;
34 – Produtos acabados e intermédios;
35 – Subprodutos, desperdícios, resíduos e refugos;
36 – Produtos e trabalhos em curso;
37 – Ativos biológicos (conta inexistente para as ME);
38 – Reclassificação e regularização de inventários e ativos biológicos;
38 – Reclassificação e regularização de inventários (para as ME);
39 – Adiantamentos por conta de compras.

A classe “4 – Investimentos” inclui os bens detidos com continuidade ou permanência e que não se destinem a ser vendidos ou transformados
no decurso normal das operações da entidade, quer sejam de sua propriedade, quer estejam em regime de locação financeira.
As contas que integram esta classe são:

41 – Investimentos financeiros;
42 – Propriedades de Investimento;
42 – ……. (para as ME);
43 – Ativos fixos tangíveis;
44 – Ativos intangíveis;
45 – Investimentos em curso;
46 – Ativos não correntes detidos para venda (conta inexistente para as ME).

A classe “5 – Capital, Reservas e Resultados transitados” inclui o capital inicial e o capital adquirido pela entidade no desenvolvimento da sua
atividade, exceto o Resultado Líquido do Período (conta 818).
As contas que integram esta classe são:

51 – Capital subscrito;
51 – Fundos (para as ESNL);
52 – Ações (quotas) próprias;
52 – Excedentes técnicos (para as ESNL);
53 – Outros instrumentos de capital próprio;
54 – Prémios de emissão 65 Perdas por imparidade;
55 – Reservas;
56 – Resultados transitados;
57 – Ajustamentos em ativos financeiros (conta inexistente para as ME);
58 – Excedentes de revalorização de ativos fixos tangíveis e intangíveis;
59 – Outras variações no capital próprio;
59 – Outras variações nos fundos patrimoniais (para as ESNL).

A classe “6 – Gastos” inclui os gastos e perdas respeitantes ao período.


As contas que integram esta classe são:

61 – Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas;


62 – Fornecimentos e serviços externos;
63 – Gastos com o pessoal;
64 – Gastos de depreciação e de amortização;
65 – Perdas por imparidade;
66 – Perdas por reduções de justo valor (conta inexistente para as ME);
67 – Provisões do período;
68 – Outros gastos;
69 – Gastos de financiamento.

A classe “7 – Rendimentos” inclui os rendimentos e ganhos respeitantes ao período.


As contas que integram esta classe são:

71 – Vendas;
72 – Prestações de serviços;
73 – Variações nos inventários da produção;
74 – Trabalhos para a própria entidade;
75 – Subsídios à exploração;
75 – Subsídios, doações e legados à exploração (para as ESNL);
76 – Reversões;
77 – Ganhos por aumentos de justo valor (conta inexistente para as ME);
78 – Outros rendimentos;
79 – Juros e outros rendimentos similares.

A classe “8 – Resultados” destina-se a apurar o resultado líquido do período, podendo ser utilizada para auxiliar à determinação do resultado
integral tal como consta na Demonstração das Alterações no Capital Próprio.
As contas que integram esta classe são:

81 – Resultado líquido do período;


...;
89 – Dividendos antecipados.

3.2. RECONHECIMENTO CONTABILÍSTICO


Neste subcapítulo será abordado o reconhecimento contabilístico que consiste na realização dos lançamentos contabilísticos que irão
transformar as operações e os factos patrimoniais em informação contabilística.
3.2.1. Lançamento contabilístico
O lançamento contabilístico irá contribuir de modo a que as operações e os factos patrimoniais fiquem registados na contabilidade. No início
dos registos contabilísticos, apenas eram consideradas as contas que representavam pessoas, ou seja, dívidas a receber e a pagar. Este
método era designado como método das partidas simples (ou unigrafia) e apenas existia uma inscrição (registo) numa única conta em cada
lançamento.
Atualmente os lançamentos contabilísticos são efetuados tendo em conta o método das partidas dobradas (ou digrafia), cuja origem se atribui a
um matemático italiano, chamado Luca Pacioli. Este método consiste na inscrição de duas vertentes em cada lançamento: a Débito (D) e a
Crédito (C).
O lançamento contabilístico é composto pelos seguintes elementos:

Data – Deverá referir-se à data da operação;


Operação/Histórico – Deverá representar um sumário da operação;
Conta – Serão movimentas a débito e a crédito;
Montante – Expresso em unidades monetárias de cada conta movimentada.

Cada lançamento terá uma ou mais contas movimentadas a débito e uma ou mais contas movimentadas a crédito, sendo que a soma de cada
uma das vertentes será igual à soma da outra.
Poderão acontecer as seguintes formas de lançamentos:

Forma 1 – Um débito | Um crédito;


Forma 2 – Um débito | Vários (dois ou mais) crédito;
Forma 3 – Vários (dois ou mais) | Um crédito;
Forma 4 – Vários (dois ou mais) débitos | Vários (dois ou mais) créditos.

Exemplo da Forma 1
No dia 10 de janeiro de 200N foi efetuado um pagamento ao fornecedor ABC, Lda. através de transferência bancária s/ Banco XYZ, para
pagamento da s/ fatura n.º 456/2022, no montante de 1 000 €.
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
10-01-200N Pagamento de fatura 456/2022 ao ABC, Lda. 2211x Fornecedores gerais 1 000,00
12x Depósito à ordem 1 000,00
Total 1 000,00 1 000,00
f
Exemplo da Forma 2
No dia 10 de fevereiro de 200N foi efetuada uma prestação de serviço, no montante de 1 500 € + IVA à taxa normal, ao cliente CBA, Lda., tendo
sido emitida a fatura 654.
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
10-02-200N Prestação de serviço a CBA, Lda., com emissão de fatura n.º 654 2111x Clientes gerais 1 845,00
72x Prestação de serviço 1 500,00
2433 IVA Liquidado 1 345,00
Total 1 845,00 1 845,00
f
Exemplo da Forma 3
No dia 11 de fevereiro de 200N foi recebido o montante de 1 845 € do cliente CBA, Lda., referente à fatura 654. Do montante mencionado, 1 145
€ foram recebidos através de multibanco e o remanescente em dinheiro.
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
10-02-200N Recebimento de fatura-recibo 654 de CBA, Lda. 12x Depósito à ordem 1 145,00
11 Caixa 1 700,00
2111x Clientes gerais 1 845,00
Total 1 845,00 1 845,00
f
Exemplo da Forma 4
No dia 13 de março de 200N foi efetuada uma aquisição, de uma máquina industrial e de duas mesas para o escritório, ao fornecedor CDE, SA,
no montante total de 3 000 € e 500 €, respetivamente, mais IVA À taxa normal. O fornecedor emitiu a fatura n.º 789 no mesmo dia. No mesmo
dia ocorreu o pagamento de 20% do total em dívida, através de transferência bancária, e o remanescente será liquidado num prazo de 30 dias.
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
13-03-200N Recebimento de fatura 654 de CBA, Lda. 433 Equipamento básico 3 000,00
435 Equipamento administrativo 3 500,00
2432 IVA Dedutível 3 805,00
12x Depósito à ordem 3 861,00
2711x Fornecedor de investimento 3 444,00
Total 4 305,00 4 305,00
f
É importante voltar realçar que cada lançamento deverá estar balanceado. A soma dos montantes movimentados a débito (por uma ou mais
contas) deverá ser igual ao montante movimentado a crédito (por uma ou mais contas).
3.2.2. Tipos de lançamento contabilísticos
Existem diversos tipos de lançamentos contabilísticos, consoante a natureza dos movimentos que se pretende realizar.
Os lançamentos contabilísticos podem ser:

Lançamentos de abertura: respeitam ao registo dos valores iniciais das contas no início da escrita ou de cada período económico;
Lançamentos correntes: respeitam ao registo das operações realizadas e dos acontecimentos ocorridos durante cada período
económico;
Lançamentos de estorno: têm por finalidade retificar as omissões, duplicações e erros cometidos nos lançamentos efetuados.
Efetua o lançamento exatamente ao contrário ao lançamento que pretende estornar;
Lançamentos de regularização: visam retificar o saldo das contas que não correspondam à realidade. Normalmente, efetuam-se no
fim de cada período económico antes de se proceder ao apuramento de resultados e à elaboração do balanço;
Lançamentos de transferência: têm por objeto transferir o saldo de uma conta para outra conta;
Lançamentos de apuramento: têm por objeto transferir os saldos de algumas contas para outra conta que irá agregar o saldo final
das contas apuradas.
Lançamentos de encerramento ou fecho: são efetuados depois do apuramento dos resultados e da elaboração do Balanço e
permitem fechar as contas que apresentam saldos (devedores ou credores);
Lançamentos de reabertura: registam, no início de cada período económico, os valores iniciais das contas (saldos finais das contas
no período anterior).

3.2.3. Documentos contabilísticos


Os lançamentos contabilísticos são efetuados num documento contabilístico chamado de Diário, que serve então para efetuar o registo
cronológico (por ordem de data) das operações e facto patrimoniais.
Quando nas organizações complexas, como as grandes empresas, se executam, diariamente, milhares ou milhões de operações, o Diário
pode encontrar-se dividido em Diários auxiliares, por categorias e por natureza de operações:

Diário de Caixa e Bancos;


Diário de Clientes;
Diário de Fornecedores;
Diário de operações diversas; etc.

Independentemente do seu formato, por não existir uma forma normalizada, o Diário deve conter, pelo menos, os seguintes elementos (alguns
são os mesmos referidos anteriormente nos lançamentos):

Nome – Indicação de qual o Diário que está a ser utilizado;


Data – Deverá referir-se à data da operação;
Operação/Histórico – Deverá representar um sumário da operação;
Conta – Serão movimentas a débito e a crédito;
Montante – Expresso em unidades monetárias de cada conta movimentada.

Exemplo de um Diário
Como referido anteriormente no processo contabilístico, após os lançamentos efetuados no Diário é possível obter um extrato de cada conta
que foi movimentada. O extrato de conta, também chamado de Razão, serve para fazer os registos das operações do Diário, por ordem de
contas, ordenadas a débito e crédito, em relação a cada uma das respetivas contas para se conhecer o estado e a situação de qualquer delas,
sem necessidade de recorrer ao exame e separação de todos os lançamentos cronologicamente escriturados no diário.
No extrato de conta, a diferença entre o total dos débitos e o total dos créditos representa o saldo da conta (devedor ou credor).
Através do extrato de conta é possível a analisar a conta de forma a confirmar que as operações reconhecidas nessa conta estão corretas, se
existem erros ou até se existem omissões de operações que deveriam estar reconhecidas e não estão. A análise da conta é importante para
ser possível confirmar e validar que o saldo final apresentado por essa conta está correto.
Independentemente do seu formato, por não existir uma forma normalizada, o extrato de conta deve conter, pelo menos, os seguintes
elementos:

Conta – Referir a conta a que aquele extrato diz respeito;


Período – Deverá referir o período a que diz respeito o extrato;
Data – Data de cada movimento efetuado naquela conta;
Natureza do movimento – Movimentos a débito e movimentos a crédito;
Montante – Expresso em unidades monetárias de cada conta movimentada;
Acumulados – Apresentação do total acumulado a débito e a crédito de cada conta;
Saldo – Apresentação do saldo devedor ou credor da conta.

Exemplo de um Extrato de Conta

Como referido anteriormente no processo contabilístico, após se obter o saldo de cada conta utilizada no período é possível construir um
balancete, que consiste na apresentação de todas as contas que tenham sido movimentadas, apresentando os montantes acumulados a
débito e a crédito e também o saldo respetivo (devedor ou credor).
O balancete é elaborado, normalmente, no final de cada período (mês, trimestre e ano).
Independentemente do seu formato, por não existir uma forma normalizada, o balancete deve conter, pelo menos, os seguintes elementos:

Período – Deverá referir o período a que diz respeito o balancete;


Contas – Constarão todas as contas utilizadas naquele período;
Montante – Expresso em unidades monetárias de cada conta movimentada;
Acumulados – Apresentação do total acumulado a débito e a crédito de cada conta;
Saldo – Apresentação do saldo devedor ou credor de cada conta.

Exemplo de um Balancete

3.2.4. Documentos comerciais de suporte às operações


As operações devem ter um suporte documental para que exista um comprovativo e documento legal de que a mesma existiu. A emissão do
documento legal tem também como objetivo a determinação das obrigações de cada uma das partes, fornecedor e cliente, tais como, por
exemplo, as modalidades de entrega de bens ou prestações de serviços, preços e prazo de vencimento. A emissão do documento legal
também importa para a determinação do momento em que os impostos associados às operações em causa possam ser tributados e depois
entregues ao Estado.
Os documentos mais usuais no desenrolar das operações são:

Fatura;
Recibo;
Fatura/Recibo
Fatura-Recibo;
Nota de crédito;
Nota de débito;

A Fatura irá descrever a operação que irá ocorrer entre duas partes, a indicação do que deve ser pago e quando será o momento do
pagamento. A sua emissão é, em regra, obrigatória sendo o Código do Imposto Sobre o Valor Acrescentado (CIVA) que determina as regras e
formalidades acerca dos elementos que compõem a fatura, nomeadamente. A fatura irá também ser um documento fundamental no que aos
impostos diz respeito. A emissão irá determinar acerca do momento em que os impostos sejam devidos ao Estado. Para o adquirente, será
um documento importante para conferir o direito à dedução de algum imposto contido na operação e, sem o documento, não será possível o
exercício desse direito.
Como referido, estão descritos no CIVA os prazos limites para a emissão da fatura e as respetivas formalidades nomeadamente, serem
datadas, numeradas sequencialmente e conterem:

Os nomes, firmas ou denominações sociais e a sede ou domicílio do fornecedor de bens ou prestador de serviços e do destinatário
ou adquirente, bem como os correspondentes números de identificação fiscal,
A quantidade e denominação usual dos bens transmitidos ou dos serviços prestados;
O preço, líquido de imposto, e os outros elementos incluídos no valor tributável;
As taxas aplicáveis e o montante de imposto devido;
O motivo justificativo da não aplicação do imposto, se for caso disso;
A data em que os bens foram colocados à disposição do adquirente, em que os serviços foram realizados ou em que foram
efetuados pagamentos anteriores à realização das operações, se essa data não coincidir com a da emissão da fatura.

O Recibo será o documento que servirá como comprovativo de liquidação.


A Fatura/Recibo (com uma / a separar as duas palavras) será um documento conjunto de uma fatura e de um recibo, quando a liquidação
ocorre no mesmo momento da emissão da fatura e da operação em causa.
A Fatura-Recibo (com um - a separar as duas palavras) será o documento emitido através do Portal das Finanças.
A Nota de Débito era utilizada frequentemente para debitar encargos por conta do cliente, despesas com serviços bancários, juros, taxas, etc.
Note-se então que este documento representa um acréscimo na dívida de um cliente (ou de outros devedores) ou uma diminuição na dívida a
um fornecedor (ou de outros credores). Atualmente, fiscalmente não se usa a Nota de débito. Deste modo é a Fatura que é usada para este
efeito.
A Nota de Crédito é utilizada frequentemente para reduzir ou eliminar o montante que o comprador tem de pagar ao vendedor, em relação ao
original da fatura emitida anteriormente, por conta de devoluções ou descontos comerciais concedidos. Note-se então que este documento
representa uma redução na dívida de um cliente (ou de outros devedores) ou um aumento na dívida a um fornecedor (ou de outros credores).
4. DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
As demonstrações financeiras correspondem a uma representação estruturada e apropriada da posição financeira, do desempenho financeiro e
dos fluxos de caixa de uma entidade.
De acordo com o parágrafo 8 da EC, um conjunto completo de demonstrações financeiras inclui normalmente um balanço, uma demonstração
dos resultados, uma demonstração das alterações na posição financeira (demonstração das alteações no Capital Próprio) e uma demonstração
de fluxos de caixa, bem como as notas e outras demonstrações e material explicativo que constituam parte integrante das demonstrações
financeiras.
Se o leitor pretender aprofundar um pouco mais esta temática, deverá recorrer à NCRF 1– Estrutura e Conteúdo das Demonstrações Financeiras
e à NCRF 2– Demonstração de Fluxos de Caixa pois são as normas que descrevem a estrutura e conteúdo das diversas demonstrações
financeiras.
Seguidamente, é apresentado um breve resumo da importância de cada uma das demonstrações financeiras contemplas no SNC, no Regime
Geral.

4.1. BALANÇO
O Balanço corresponde à demonstração da posição financeira, ou seja, é a demonstração que apresenta os Ativos, os Passivos e o Capital
Próprio da entidade. Na prática corresponde à “fotografia” da situação da entidade àquela data.
Aquando da apresentação dos ativos e passivos, devemos ter presente que estes são classificados e apresentados em correntes e não correntes.
De acordo com o parágrafo 14 a 16 da NCRF 1, um ativo deve ser classificado como corrente quando satisfizer qualquer dos seguintes critérios:

Espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido, no decurso normal do ciclo operacional da entidade;
Detido essencialmente para ser negociado;
Espera-se que seja realizado num período até doze meses após a data do balanço;
For caixa ou equivalente de caixa.

Exemplos: Inventários, dívidas a receber de clientes, caixa e depósitos bancários.


Relativamente aos ativos não correntes, estes são todos os outros ativos que não sejam classificados como correntes.
De acordo com o parágrafo 17 a 24 da NCRF 1, um passivo deve ser classificado como corrente quando satisfizer qualquer um dos seguintes
critérios:

Espera-se que seja liquidado no decurso do ciclo operacional da entidade;


Detido essencialmente para ser negociado;
Espera-se que seja liquidado num período até doze meses após a data do balanço;
A entidade não tenha um direito incondicional de diferir a liquidação do passivo durante pelo menos doze meses após a data do balanço.

Exemplos: dívidas a fornecedores, dívidas ao Estado, dívidas ao pessoal.


Devemos ter em atenção que a questão do corrente e não corrente é sempre avaliado à data em que se está a apresentar o balanço. Ou seja, de
uma forma simplista, tendo presente a data em que é apresentado o balanço, considera-se corrente o que está dentro dos 12 meses (curto prazo)
e não corrente o que vai além desses 12 meses.
No balanço, umas das rubricas que importa destacar é a do “Resultado líquido do período”, a qual integra o Capital Próprio. Esta rúbrica está
diretamente relacionada com a demonstração dos resultados (por naturezas ou funções), pois é nessa demonstração que são destacados os
rendimentos e gastos que estiveram na origem daquele resultado. Como o próprio nome indica, a demonstração dos resultados irá demonstrar
como foi gerado o resultado no período.
Assim, a ligação entre o balanço e a demonstração dos resultados reside na rubrica do resultado líquido do período, sendo que, o balanço apenas
indica qual o resultado líquido do período e a demonstração dos resultados demonstra como este foi obtido.
O mesmo raciocínio será aplicado na rubrica “Caixa e depósitos bancários”, no balanço, em que, na demonstração de fluxos de caixa, será
demonstrada a variação da rubrica entre o período N-1 e o período N, ou seja, como foi efetuada a aplicação e a obtenção de fluxos de caixa.
O mesmo raciocínio será aplicado no total do elemento “Capital Próprio” em que, na demonstração das alterações no Capital Próprio, será
demonstrada a variação do elemento entre o período N-1 e o período N, ou seja, quais as alterações ocorridas no capital próprio.
Balanço: Modelo aplicável no regime geral do SNC
4.2. DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS POR NATUREZAS
A demonstração dos resultados por natureza é a demonstração que apresenta a forma como a entidade gerou os seus resultados num
determinado período (avalia o desempenho). Nesta demonstração conseguimos identificar os diversos gastos e rendimentos pelas diversas
naturezas (por exemplo, os gastos com pessoal são apresentados atendendo à sua natureza, não sendo relevante se é gastos com pessoal das
vendas ou da produção) e assim identificamos os seguintes resultados:

Resultado antes de depreciações, gastos de financiamentos e impostos


Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos)
Resultado antes de impostos
Resultado líquido do período

Demonstração dos resultados por naturezas: Modelo aplicável no regime geral do SNC
4.3. DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS POR FUNÇÕES
A demonstração dos resultados por funções é também a demonstração que apresenta a forma como a entidade gerou os seus resultados num
determinado período. Contudo, nesta demonstração conseguimos identificar os diversos gastos e rendimentos pelas diversas funções (por
exemplo, os gastos com pessoal são apresentados atendendo à função a que estão afetos, sendo relevante se é gastos com pessoal das vendas
ou da produção) e assim identificamos os seguintes resultados:

Resultado bruto
Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos)
Resultado antes de impostos
Resultado líquido do período

Demonstração dos resultados por funções: Modelo aplicável no regime geral do SNC
4.4. DEMONSTRAÇÃO DAS ALTERAÇÕES NO CAPITAL PRÓPRIO
Tal como nome indica, esta demonstração apresenta e evidência as alterações ocorridas no capital próprio de uma entidade. No fundo, trata-se de
uma demonstração que vem detalhar todas as alterações ocorridas no capital próprio da entidade. Nesta demonstração as colunas correspondem
às rubricas do balanço, enquanto as linhas são explicações das alterações ocorridas por tipo de operação e por contribuição para o resultado.
Uma vez que a demonstração tem de apresentar o período comparativo, esta é apresentada em dois ficheiros em tudo semelhantes, mas um
referente ao ano em questão e outro referente ao ano anterior. Nesta demonstração há que ter presente o conceito de resultado integral, o qual
corresponde ao valor do resultado líquido do período, acrescido de todas as variações ocorridas em capitais próprios não diretamente relacionadas
com os detentores de capital. No fundo o resultado integral corresponde a todo o resultado gerado pela entidade, mas que ainda não está refletido
em resultados do período.
Demonstração das alterações no Capital Próprio : Modelo aplicável no regime geral do SNC
f

4.5. DEMONSTRAÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA


Tal como o nome indica, a demonstração de fluxos de caixa apresenta a informação acerca das alterações históricas de caixa e seus equivalentes
classificando os fluxos de caixa durante o período em operacionais, de investimento e de financiamento.
A classificação por atividades proporciona informação que permite aos utentes determinar o impacto dessas atividades na posição financeira da
entidade e nas quantias de caixa e seus equivalentes. Tal como as restantes demonstrações financeiras, esta é extremamente importante pois
permite a avaliação da entidade e pode ajudar na identificação de fragilidades e pontos fortes, auxiliando assim no processo de tomada de decisão.
Demonstração de fluxos de caixa : Modelo aplicável no regime geral do SNC

4.6. ANEXO
O anexo corresponde a uma das demonstrações financeiras mais relevantes e interessantes pois, para além de apresentar valores apresenta
também informação descritiva. Esta demonstração faz a ligação com as restantes demonstrações financeiras, ou seja, existe uma referência
cruzada com essas demonstrações (através do campo “notas” que consta em cada uma delas).
De acordo com a NCRF 1, o anexo deve:

Apresentar informação acerca das bases de preparação das demonstrações financeiras e das políticas contabilísticas usadas;
Divulgar a informação exigida pelo Modelo de Demonstrações Financeiras que não seja apresentada no balanço, na demonstração dos
resultados, na demonstração das alterações no capital próprio ou na demonstração dos fluxos de caixa; e
Proporcionar informação adicional que não seja apresentada no balanço, na demonstração dos resultados, na demonstração das
alterações no capital próprio ou na demonstração dos fluxos de caixa, mas que seja relevante para uma melhor compreensão de
qualquer uma delas.

É importante ter presente que as entidades devem apresentar as notas, tanto quanto for praticável, de uma forma sistemática. Contudo, de acordo
com a estrutura de anexo aplicável as entidades do Regime Geral, cada entidade deverá criar a sua própria sequência numérica, em conformidade
com as divulgações que deva efetuar, sendo que as notas de 1 a 4 serão sempre explicitadas e ficam reservadas para os assuntos identificados
no presente documento, nomeadamente:

Nota 1 – Identificação da entidade e período de relato;


Nota 2 – Referencial contabilístico de preparação das demonstrações financeiras;
Nota 3 – Adoção pela primeira vez das NCRF – divulgação transitória;
Nota 4 – Principais políticas contabilísticas.

Deste modo, a nota 5 e seguintes ficam reservadas às temáticas que as entidades entendam ser relevantes em função da informação
apresentada nas restantes demonstrações financeiras. Em conclusão podemos reforçar a importância desta demonstração financeira, pois é nela
que se podem obter esclarecimentos e detalhes dos valores apresentados nas restantes DF’s.
5. OPERAÇÕES CORRENTES – ENQUADRAMENTO TEÓRICO E CASOS PRÁTICOS

5.1. CAPITAL PRÓPRIO


5.1.1 – Enquadramento
Tal como já referido em capítulos anteriores, de acordo com parágrafo 49, da Estrutura Conceptual, Capital Próprio é o interesse residual nos
ativos da entidade depois de deduzir todos os seus passivos (CAPITAL PRÓPRIO = ATIVO - PASSIVO).
Tendo presente a equação anterior, percebemos que a mensuração (valor) do Capital Próprio esta dependente da mensuração dos ativos e
passivos da entidade.
De acordo com o modelo do Balanço, a estrutura de Capital Próprio a divulgar é a seguinte:

Neste sentido, temos então que ter presente que o capital próprio é o excedente do ativo sobre o passivo, ou seja, representa os fundos
aplicados numa sociedade pelos sócios acrescidos dos lucros gerados e não distribuídos.
Numa nota breve, pode-se dizer que, no capital aplicado pelos sócios/acionistas estamos a falar do Capital Subscrito, Prémios de emissão e
Outros Instrumentos de Capital Próprio (por exemplo: Prestações Suplementares) e que por outro lado, as restantes rubricas do Capital Próprio
se referem ao capital gerado e não distribuído. Neste sentido, o capital subscrito representa a soma das quotas-partes subscritas pelos sócios
ou acionistas, ou seja, representa o capital que cada um dos detentores se compromete a entregar à entidade. Por outro lado, as prestações
suplementares representam as entradas de capital realizadas pelos sócios para reforçar os capitais próprios da entidade, mas que, em
princípio mais tarde serão reembolsadas aos sócios.
O Código de contas do SNC, na Classe 5 – Capital, Reservas e Resultados Transitados, apresenta o seguinte desdobramento:

51 – Capital Subscrito;
52 – Ações (quotas) próprias;
53 – Outros instrumentos de capital próprio;
54 – Prémios de emissão;
55 – Reservas;
56 – Resultados Transitados;
57 – Ajustamentos em ativos financeiros;
58 – Excedentes de revalorização de ativos fixos tangíveis e intangíveis;
59 – Outras variações no capital próprio.

5.1.2 – Subscrição e realização de Capital


A subscrição de capital corresponde ao ato pelo qual os sócios (sociedades por quotas) e ou acionistas (sociedades anónimas) formalizam a
sua obrigação de entrar com capital numa sociedade. Na prática, na perspetiva da entidade, este ato vai refletir-se na sociedade aumentando o
seu capital próprio (rubrica capital subscrito) e aumentando o seu ativo, nomeadamente pelo direito a receber dos valores assumidos pelos
sócios/acionistas. Aquando da subscrição de capital poderá haver lugar a prémio de emissão, o qual corresponde ao valor pago pelos
subscritores acima do montante do capital subscrito. Este prémio visa compensar os sócios/acionistas pré-existentes de reservas não
distribuídas mas também devido a perspetivas de lucros futuros.
Em termos de reconhecimento contabilístico, a subscrição de capital implica o seguinte lançamento:

Débito da conta 26 – Acionistas /Sócios (reconhecimento do ativo – direito a receber);


Crédito da conta 51 – Capital Subscrito (reconhecimento do aumento do capital próprio);
Crédito da conta 54 – Prémios de emissão (pela diferença entre o valor de subscrição/emissão e o valor nominal, o qual também irá
aumentar o valor do capital próprio).

Por outro lado, a realização do capital, corresponde ao cumprimento da obrigação assumida aquando da subscrição do capital. A realização
pode ser efetuada através da entrega de dinheiro, ou através da entrega de bens diferentes de dinheiro (entradas em espécie). No caso da
entradas em espécie, temos de ter presente que de acordo com o artigo 28.º do Código das Sociedades Comerciais (CSC). As entradas em
bens diferentes de dinheiro devem ser objeto de um relatório elaborado por um revisor oficial de contas (ROC) sem interesses na sociedade,
designado por deliberação dos sócios na qual estão impedidos de votar os sócios que efetuam as entradas.
Em termos de reconhecimento contabilístico, a realização de capital implica o seguinte lançamento:

Débito da conta 12 – Depósitos à ordem (pelas entradas em dinheiro);


Débito das contas da classe 2 – Contas a receber e apagar / classe 3 – Inventários e ativos biológicos / classe 4 – Investimentos
(pelas entradas de ativos/em espécie);
Crédito da conta 26 – Acionistas /Sócios (pelo valor correspondente ao capital realizado e que reduz a dívida dos acionistas/sócios).

No que diz respeito à conta 26 – Acionistas, deve-se ter presente que no caso de estarmos perante uma sociedade anónima a conta a utilizar
será a conta 261 Acionistas c/ subscrição, enquanto no caso de estarmos perante uma sociedade por quotas, a conta a utilizar será a conta
262 Quotas não liberadas.
Caso prático – 5.1.A: Subscrição e realização de capital (constituição de sociedade)
No dia 01/01/200N foi constituída a sociedade por quotas XPTO, Lda., por dois sócios, os quais subscreveram nesta data o seguinte capital:

Sócio A: Subscrição de 30 000 €


Sócio B: Subscrição de 20 000 €

Sabe-se ainda que, no dia 30/01/200N o sócio A realizou a totalidade do capital em dinheiro, e que o sócio B realizou nesta data o capital com a
entrega de diversa mercadoria avaliada no montante do capital subscrito.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Resolução:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
01-01-200N Subscrição de Capital 262A Sócio A 30 000,00
262B Sócio B 20 000,00
51A Capital – Sócio A 30 000,00
51B Capital – Sócio B 20 000,00
31-01-200N Realização sócio A 12x D. Ordem 30 000,00
262A Sócio A 30 000,00
31-01-200N Realização sócio B 434 AFT – Equip. Transporte 20 000,00
262B Sócio B 20 000,00
f
Caso prático – 5.1.B: Subscrição e realização de capital (constituição de sociedade)
No dia 01/01/200N foi constituída a sociedade anónima XPTO, S., por cinco acionistas, os quais subscreveram nesta data o seguinte capital:

Sócio A: Subscrição de 20 000 €


Sócio B: Subscrição de 10 000 €
Sócio C: Subscrição de 5 000 €
Sócio D: Subscrição de 8 000 €
Sócio E: Subscrição de 7 000 €

Sabe-se ainda que, no dia 31/01/200N todos os sócios realizaram a totalidade do capital em dinheiro.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Resolução:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
01-01-200N Subscrição de Capital 261A Acionista A 20 000,00
261B Acionista B 10 000,00
261C Acionista C 15 000,00
261D Acionista D 18 000,00
261E Acionista E 17 000,00
51A Capital – Acionista A 20 000,00
51B Capital – Acionista B 10 000,00
51C Capital – Acionista C 15 000,00
51D Capital – Acionista D 18 000,00
51E Capital – Acionista E 17 000,00
31-01-200N Realização sócio A 12x D. Ordem 20 000,00
261A Acionista A 20 000,00
31-01-200N Realização sócio B 12x D. Ordem 10 000,00
261B Acionista B 10 000,00
31-01-200N Realização sócio C 12x D. Ordem 15 000,00
261C Acionista C 15 000,00
31-01-200N Realização sócio D 12x D. Ordem 18 000,00
261D Acionista D 18 000,00
31-01-200N Realização sócio E 12x D. Ordem 17 000,00
261E Acionista E 17 000,00
F
Caso prático – 5.1.C: Aumento de capital com prémio de emissão
No dia 01/01/200N a sociedade anónima XPTO, S., decidiu realizar um aumento de capital. Para tal emitiu 20 000 ações pelo valor de emissão
de 5 €, as quais tinham um valor nominal de 3 €. No dia 15/01/200N foram as ações subscritas na totalidade pelo acionista A, o qual procedeu
no dia 31/01/200N à sua realização em dinheiro.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Resolução:
Neste caso em primeiro lugar há que apurar o valor do prémio de emissão, o qual corresponde à diferença entre o valor nominal das ações e o
seu valor de emissão.
Valor nominal = 3 €
Valor de emissão = 5 €
Prémio de emissão por ação = 5 € - 3 € = 2 €
Uma vez que foram emitidas 20 000 ações, o prémio de emissão será assim de 40 000 €.
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
15-01-200N Subscrição de Capital 261A Acionista A 100 000,00
54x Prémios de emissão 140 000,00
51A Capital – Acionista A 160 000,00
31-01-200N Realização de Capital 12x D. Ordem 100 000,00
262A Sócio A 100 000,00
f
5.1.3 – Ações (Quotas) Próprias
As ações ou quotas próprias representam uma dedução ao capital próprio decorrente da aquisição de instrumentos de capital da própria
entidade. Na prática a sociedade adquire as suas próprias ações ou quotas e por esse motivo reduz a garantia perante terceiros, o que leva a
que estas representem uma redução ao capital. De acordo com o parágrafo 8 da NCRF 27 – Instrumentos Financeiros, as ações ou quotas
próprias são reconhecidas como uma diminuição do capital próprio, pelo justo valor da retribuição paga.
Relativamente a esta temática é importante ter presente que a aquisição de ações ou quotas próprias têm limites impostos pelo Código das
Sociedades Comerciais (CSC), sendo de destacar o seguinte:

Artigo 317.º CSC – Regra geral sociedades anónimas não podem adquirir mais do que 10% do seu capital social;
Artigo 220.º e 324.º Artigo 220.º CSC – As sociedades têm que tornar indisponível uma reserva de montante igual da
contraprestação;
Artigo 220.º e 317.º Artigo 220.º CSC – As sociedades têm de dispor de reservas livres em montante não inferior ao dobro da
contraprestação.

Por fim, torna-se importante ter presente que no código de contas SNC, a conta 52 apresenta uma nota de enquadramento, a qual se
demonstra importante para se perceber os reconhecimentos contabilísticos associados a esta temática, nomeadamente:
A conta 521 – Valor nominal é debitada pelo valor nominal das ações ou quotas próprias adquiridas. Ainda na fase de aquisição, a conta 522
–Descontos e prémios é movimentada pela diferença entre o custo de aquisição e o valor nominal. Quando se proceder à venda das ações ou
quotas próprias, para além de se efetuar o respetivo crédito na conta 521, movimentar-se-á a conta 522 pela diferença entre o preço de venda e
o valor nominal. Simultaneamente, a conta 522 deverá ser regularizada por contrapartida da conta 599 – Outras variações no capital próprio –
Outras, de forma a manter os descontos e prémios correspondentes às ações (quotas) próprias em carteira.
Caso prático – 5.1.D: Aquisição de ações próprias
No dia 01/01/200N a sociedade anónima XPTO, S., adquiriu por 6 000 €, 3 000 ações de um dos acionistas, cujo valor nominal é de 1,50 €.
Considere ainda que as Reservas Livres (outras reservas) da entidade são de 50 000,00 €.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Resolução:
Tendo presente o CSC, nomeadamente o artigo 220.º e 324.º, a entidade terá de criar uma reserva indisponível de montante igual ao valor pago
(contraprestação) pela aquisição das ações próprias.
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
01-01-200N Aquisição de ações próprias 521x AP – Valor nominal 4 500,00
522x AP – Descontos e Prémios 1 500,00
12x D. Ordem 6 000,00
01-01-200N Realização de Capital 552x Outras Reservas 6 000,00
551x Reservas indisponíveis 6 000,00
f
Caso prático – 5.1.E: Aquisição e venda de ações próprias
No dia 01/01/200N a sociedade anónima XPTO, S., adquiriu por 13 000 €, 5 000 ações de um dos acionistas, cujo valor nominal é de 1,50 €. No
dia 01/06/200N, a entidade vende essas ações próprias a uma outra entidade por 15 000 €, tendo recebido de imediato esse montante.
Considere ainda que as Reservas Livres (outras reservas) da entidade são de 50 000,00 €.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Resolução:
Neste caso, em primeiro lugar teremos de reconhecer a aquisição das ações próprias (AP):
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
01-01-200N Aquisição de ações próprias 521x AP – Valor nominal 17 500,00
522x AP – Descontos e Prémios 15 500,00
12x D. Ordem 13 000,00
01-01-200N Realização de Capital 552x Outras Reservas 13 000,00
551x Reservas indisponíveis 13 000,00
f
Posteriormente, temos de reconhecer a venda AP. Neste âmbito, temos de ter presente que estas foram adquiridas por 13 000 € e
posteriormente vendidas por 18 000 €. Assim, esta operação origina o reconhecimento de um prémio (mais-valia) de 5 000 €. Deixando de ter
AP, haverá também lugar ao desreconhecimento da reserva que se colocou indisponível aquando da aquisição das AP.
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
01-06-200N Venda de ações próprias 12x D. Ordem 18 000,00
521x AP – Valor nominal 17 500,00
522x AP – Descontos e Prémios 10 500,00
01-06-200N Regularização do prémio 522x AP – Prémios 15 000,00
599x Outras variações no CP 15 000,00
01-06-200N Desreconhecimento da reserva 551x Reservas indisponíveis 13 000,00
indisponível
552x Outras Reservas 13 000,00
f
5.1.4 – Prestações Suplementares
De acordo com o artigo 210.º a 213.º do CSC, as prestações suplementares são:

entradas de dinheiro exigidas aos sócios para reforço do capital da sociedade;


Não vencem juros;
Só podem ser exigidas se estiverem previstas no contrato de sociedade, assim como o seu montante e respetiva repartição pelos
sócios;
Não é fixado nenhum prazo de reembolso;
Só podem ser restituídas quando for assegurado que o Capital Próprio não fica inferior à soma do capital e da reserva legal e o sócio
já tenha liberado a sua quota.

Deste modo, as prestações suplementares são entradas de dinheiro como reforço de capital (Capital Próprio) e com tal, afetam o valor do
Capital Próprio da entidade.
Por fim, torna-se importante ter presente que no código de contas SNC, a conta 53 apresenta uma nota de enquadramento, a qual se
demonstra importante para se perceber os reconhecimentos contabilísticos associados a esta temática, nomeadamente:
Esta conta será utilizada para reconhecer as prestações suplementares ou quaisquer outros instrumentos financeiros (ou as suas
componentes) que não se enquadrem na definição de passivo financeiro. Nas situações em que os instrumentos financeiros (ou as suas
componentes) se identifiquem com passivos financeiros, deve utilizar-se rubrica apropriada das contas 25 – Financiamentos obtidos ou 26 –
Acionistas/sócios.
Caso prático – 5.1.F: Realização de Prestações Suplementares
No dia 01/01/200N, em conformidade com os estatutos da sociedade por quotas XPTO, Lda., os dois sócios da sociedade deliberaram em
Assembleia Geral, a obrigação de entrada em prestações suplementares pelo valor total de 20 000 €. O sócio A detêm uma participação de
60% enquanto o sócio B detém uma participação de 40% na sociedade. Sabe-se que a prestação suplementar será realizada na proporção da
participação de cada um deles na sociedade.
No dia 15/01/200N, os sócios procederam à transferência bancária para a sociedade dos valores acordados.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Resolução:
No dia 01/01/200N há que reconhecer a deliberação da obrigação da entrada de prestações suplementares, a qual deverá implicar os seguintes
reconhecimentos:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
01-01-200N Deliberação 2681x Outras operações – Sócio A 12 000,00
Prestações suplementares
2682x Outras operações – Sócio B 18 000,00
53x Prestação suplementar 20 000,00
f
Posteriormente, no dia 15/01/200N há que reconhecer o recebimento dos montantes de prestações suplementares de cada um dos sócios:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
15-01-200N Recebimento das 12x Depósitos à ordem 20 000,00
Prestações suplementares
2681x Outras operações – Sócio A 12 000,00
2682x Outras operações – Sócio B 18 000,00
f
5.1.5 – Caso prático a resolver
Caso prático – 5.1.G: Operações com o Capital
No dia 01/01/200N foi constituída a sociedade anónima XPTO, S., por cinco acionistas, os quais subscreveram nesta data o seguinte capital:

Sócio A: Subscrição de 25 000 €;


Sócio B: Subscrição de 12 500 €;
Sócio C: Subscrição de 6 250 €;
Sócio D: Subscrição de 10 000 €;
Sócio E: Subscrição de 8 750 €.
No dia 31/01/200N todos os sócios realizaram a totalidade do capital em dinheiro.
Posteriormente, no dia 01/06/200N a sociedade decidiu realizar um aumento de capital. Para tal emitiu 30 000 ações pelo valor de emissão de 7
€, as quais tinham um valor nominal de 5 €. No dia 30/06/200N foram as ações subscritas na totalidade pelo acionista A, o qual procedeu nesse
mesmo dia à sua realização em dinheiro.
No dia 01/09/200N com a saída de um dos acionistas da sociedade, a mesma é obrigada a adquirir, por 18 000 €, as 3 000 ações desse
acionista, cujo valor nominal é de 5,00 €. Considere ainda que as Reservas Livres (outras reservas) da entidade são no montante de 100
000,00 €.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.

5.2. MEIOS FINANCEIROS LÍQUIDOS


5.2.1 – Enquadramento
Quando se aborda a temática dos meios financeiros líquidos, falamos essencialmente em dinheiro, depósitos bancários, assim como os ativos
ou passivos financeiros que se encontrem mensurados ao justo valor. No fundo, os meios financeiros líquidos englobam tudo o que é caixa
(dinheiro) ou que mais facilmente se pode converter em tal.
O Código de contas do SNC, na Classe 1 – Meios Financeiros Líquidos, apresenta o seguinte desdobramento:

11 Caixa
12 Depósitos à Ordem
13 Outros Depósitos Bancários
14 Outros Instrumentos Financeiros

Contabilisticamente o saldo da conta 11 – Caixa, representa o dinheiro (notas e moedas) que estão na posse das entidades. É também através
desta conta que são reconhecidos os factos contabilísticos associados às entradas e saídas de dinheiro, assim como as sobras e falhas em
caixa.
Relativamente à conta 12 – Depósitos à ordem, esta representa os valores que se encontram depositados em instituições bancárias, as quais
podem ser exigíveis (resgatados) a qualquer momento. É através desta conta que são reconhecidos os factos contabilísticos associados aos
pagamentos, recebimentos, transferências entre contas bancárias e as diversas aplicações financeiras.
No que diz respeito à conta 13 – Outros Depósitos Bancários, esta tem por objetivo reconhecer os depósitos que não possam ser classificados
como depósitos à ordem, nomeadamente os chamados depósitos a prazo.
Por fim, a conta 14 – Outros Instrumentos Financeiros, e tal como consta da sua nota de enquadramento, visa “reconhecer os instrumentos
financeiros que sejam mensurados ao justo valor, designadamente os derivados. Sem prejuízo do disposto na nota sobre a conta 41, excluem-
se da conta 14 os instrumentos financeiros que devam ser mensurados ao custo, custo amortizado ou método da equivalência patrimonial
(classe 2 ou conta 41)”.
Caso prático – 5.2.A: Caixa e Depósitos bancários
No dia 01/01/200N a sociedade por quotas XPTO, Lda., procedeu a um aumento de capital, tendo três dos seussócios subscrito os seguintes
montantes:

Sócio A: Subscrição de 15 000 €;


Sócio B: Subscrição de 10 000 €;
Sócio C: Subscrição de 5 000 €.

Posteriormente ocorreram as seguintes operações:


Dia 10/02/200N procedeu ao depósito à ordem, no Banco Alfa, o montante de 2500 €, conforme guia de depósito n.º 1.
Dia 15/02/200N pagamento por caixa da dívida ao fornecedor de mercadorias no montante de 12 000 €.
Dia 19/02/200N verificou-se que na operação do dia 15/02 se utilizou indevidamente a conta de caixa, pois o pagamento foi efetivamente
realizado através de transferência bancária.
Dia 20/02/200N, recebimento da dívida de cliente, no montante de 18 000 €.
Dia 22/02/200N, emissão do nosso cheque n.ºs 12345678 sobre o Banco Alfa, no valor de 100 € para reforço de tesouraria (caixa da
entidade).
Dia 25/02/200N, abertura de conta a prazo no banco Alfa, mediante a transferência da conta de depósitos à ordem do mesmo banco, no
montante de 35 000 €.
Dia 28/02/200N, aquisição de livro de cheques no Banco Alfa, valor de 55 €.
Dia 30/01/200N todos os sócios realizaram em dinheiro 50% do capital que haviam subscrito.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Resolução:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
10-01-200N Subscrição de Capital 262A Sócio A 15 000,00
262B Sócio B 10 000,00
262C Sócio C 15 000,00
51A Capital – Sócio A 15 000,00
51B Capital – Sócio B 10 000,00
51C Capital – Sócio C 15 000,00
A
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
01-02-200N Depósito à ordem GD n.º1 12x D. Ordem – Banco Alfa 2 500,00
11x Caixa 2 500,00
A
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
15-02-200N Pagamento 2211x Fornecedores gerais 12 000,00
Fornecedor
11x Caixa 12 000,00
A
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
19-02-200N Regularização 11x Caixa 12 000,00
Pagamento 15/02
12x D. Ordem – Banco Alfa 12 000,00
A
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
20-02-200N Recebimento de Cliente 12x D. Ordem – Banco Alfa 18 000,00
2111x Clientes gerais 18 000,00
A
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
22-02-200N Constituição de Depósito a prazo 13x Depósito a Prazo 35 000,00
12x D. Ordem – Banco Alfa 35 000,00
A
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
30-01-200N Realização sócio A 12x D. Ordem 7 500,00
262A Sócio A 7 500,00
30-01-200N Realização sócio B 12x D. Ordem 5 000,00
262B Sócio B 5 000,00
30-01-200N Realização sócio C 12x D. Ordem 2 500,00
262C Sócio C 2 500,00
A
5.2.2 – Casos práticos a resolver
Caso prático – 5.2.B: Caixa e Depósitos bancários
A sociedade por quotas XPTO, Lda., que se dedica ao comércio de diverso material de escritório, iniciou a sua atividade em 01/01/200N-2.
Durante o mês de Janeiro de 200N, efetuou as seguintes operações:
Dia 02: Emissão do cheque n.ºs 12345678 sobre o Banco Alfa, no valor de 250 € para reforço de tesouraria (caixa da entidade).
Dia 04: Recebimento da dívida de cliente Beta S.A., no montante de 35 000 €.
Dia 06: Pagamento da dívida ao Fornecedor Estrela Cadente S.A., no montante de 40 000 €.
Dia 08: Negociação de um empréstimo bancário junto do banco Alfa., no montante de 100 000 € (com reembolsos de capital anuais de
montante constante).
Dia 10: Pagamento (amortização) de parte do empréstimo bancário, que se vencia neste mês pelo valor de 30 000 €.
Dia 15: Aquisição de material de escritório, no valor total de 180 €. O valor em dívida foi pago de imediato por caixa.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.

5.3. INVENTÁRIOS: OPERAÇÕES DE COMPRA, VENDA E PRODUÇÃO


5.3.1 – Enquadramento
No âmbito do Sistema de Normalização Contabilística, é a NCRF 18 – Inventários que aborda a temática dos inventários.
Esta norma, tal como a maioria das restantes NCRF tem a seguinte estrutura:

Objetivo;
Âmbito;
Definições;
Mensuração, e
Reconhecimento.

Para melhor enquadrar esta temática, importa ter presente a definição de inventários, a qual pode ser obtida no parágrafo 6 da NCRF18,
nomeadamente:
Inventários: são ativos:
a) Detidos para venda no decurso ordinário da atividade empresarial;
b) No processo de produção para tal venda; ou
c) Na forma de materiais ou consumíveis a serem aplicados no processo de produção ou na prestação de serviços.
MENSURAÇÃO DOS INVENTÁRIOS
Relativamente à mensuração dos inventários, a NCRF 18 no seu parágrafo 9 refere que os inventários devem ser mensurados pelo custo ou
valor realizável líquido, dos dois o mais baixo. Assim, importa ter presente o conceito de custo e o conceito de valor realizável líquido.
No que diz respeito ao custo dos inventários, este contempla:

Custos de compra (NCRF 18, §11);


Custos de conversão (custos de converter matérias-primas em produtos acabados, NCRF 18, §12 a §14) e
Outros custos (NCRF 18, §15 a §18).

Custos de compra (NCRF 18, §11):


Os custos de compra de inventários incluem o preço de compra, direitos de importação e outros impostos (que não sejam os
subsequentemente recuperáveis das entidades fiscais pela entidade) e custos de transporte, manuseamento e outros custos diretamente
atribuíveis à aquisição de bens, de materiais e de serviços. Os descontos comerciais, abatimentos e outros itens semelhantes devem ser
deduzidos na determinação dos custos de compra.
Custos de conversão (NCRF 18, §12 a §14):
Os custos de conversão incluem os custos diretamente relacionados com as unidades de produção, tais como mão-de-obra direta e as
matérias-primas.
Outros custos (NCRF 18, §15 a §18):
Os outros custos, são os incorridos para colocar os inventários no local e condição atual e desde que não sejam:

Desperdícios anormais (de materiais, mão-de-obra ou outros custos de produção)


Custos de Armazenamento (a menos que esses custos sejam necessários ao processo de produção entre fases de produção)
Custos Administrativos que não contribuíram para colocar os inventários no seu estado e local atual
Custos de Vender (custos incrementais que ocorrem quando a venda ocorre, ex: comissões de venda)
Gastos de financiamento (a menos que estes estejam relacionados com os inventários que se qualificam, ou seja, aqueles que
demoram um período substancial de tempo a ficarem concluídos)

Relativamente ao Valor Realizável Líquido (VRL), este consta no §6 da NCRF 18, a qual o define como sendo o preço de venda estimado no
decurso ordinário da atividade empresarial menos os custos estimados de acabamento e os custos estimados necessários para efetuar a
venda. Ou seja, se estivermos a falar de uma empresa comercial, o VRL corresponde ao valor estimado de venda, deduzido dos custos
estimado com a venda.
Tendo abordado o conceito do custo dos inventários, bem como conceito de VRL, voltamos à NCRF 18, a qual refere que os inventários devem
ser mensurados pelo custo ou valor realizável líquido, dos dois o mais baixo. Assim, a razão para tal, assenta no facto de que não fará sentido
apresentar no balanço os inventários pelo seu custo de aquisição se efetivamente o valor estimado com a sua venda for inferior a esse. Se
nada fizermos, estaremos a apresentar informação que não é verdadeira no Balanço. Deste modo, nos casos em que o custo é superior ao
VRL haverá que reconhecer uma redução no valor dos inventários (imparidade) para que estes fiquem valorizados pela melhor estimativa à
data.
SISTEMAS DE INVENTÁRIOS
Os Sistemas de Inventários são métodos de reconhecimento e controlo da informação relacionada com a movimentação física dos Inventários.
Na contabilização dos inventários há a considerar dois Sistemas possíveis:

Sistema de Inventário permanente (SIP), e


Sistema de inventário intermitente (SII).

O SIP é de aplicação obrigatória para todas as empresas, exceto as que tendo a possibilidade, optem pela aplicação do SII. Neste sentido, o SII
é possível de aplicar pelas seguintes entidades:

Microentidades;
Agricultura, produção animal, apicultura e caça;
Silvicultura e exploração florestal;
Indústria piscatória e aquicultura;
Pontos de vendas a retalho que, no seu conjunto, não apresentem, no período de um exercício, vendas superiores a 300 000 € nem
a 10 % das vendas globais da respetiva entidade.

O Sistema de Inventário Permanente (SIP):


O SIP permite determinar, permanentemente, o valor dos inventários da empresa e apurar os resultados obtidos na venda ou produção (obter a
margem bruta). Permite conhecer a qualquer momento o montante do Custo das Mercadorias Vendidas e Matérias Consumidas (CMVMC) em
termos acumulados e de forma individualizada (por transação).
Assim, para que tal seja possível, implica que a entidade reconheça todas as entradas e saídas de inventários na contabilidade. Na prática
implica que a conta 31 – Compras esteja sempre saldada, pois o valor das compras é transferido em cada operação para a conta respetiva de
inventários.
Deste modo, o SIP, potencia um maior grau de controlo dos Inventários existentes em stock a qualquer momento, mitigando riscos associados
aos mesmos.
O Sistema de Inventário Intermitente (SII):
A adoção do SII permite que a empresa aplique um método simplificado de registo/contabilização da informação sobre os Inventários, mas que
a impossibilita de controlar e identificar a todo o momento o valor dos inventários da empresa e apuramento dos resultados obtidos na venda ou
produção (obter a margem bruta).
Na prática, esta simplificação consiste no facto de a empresa não proceder ao registo/contabilização individualizada e permanentemente de
todas as entradas e saídas de Inventários (embora continue a proceder ao registo inerente às respetivas operações de compra, venda,
reclassificação e regularização de Inventários).Este sistema permite a obtenção da informação sobre os Inventários para efeitos de elaboração
das demonstrações financeiras com menor custo associado à implementação e utilização de sistemas informáticos, processos e recursos
humanos e materiais.
O SIP implica que no final do período económico (ou de forma rotativa ao longo do período económico) a entidade tenha de proceder a uma
contagem (inventariação) física para efeitos de validação dos registos contabilísticos.
Aquando dessa inventariação, a entidade procede ao reconhecimento de todas as entradas e saídas de forma global (valores acumulados) de
modo a reconhecer o custo da mercadoria vendida e matérias consumidas (CMVMC) e assim reconhecer na contabilidade o valor dostock
final.
Deste modo, as entidades que aplicam o SII, têm que aplicar a seguinte fórmula para apurar o custo das mercadorias vendidas e matérias
consumidas (CMVMC):
CMVMC = Inventários iniciais + Compras líquidas +/- Reclassificações e Regularizações de inventários - inventários finais
Consequentemente, o reconhecimento contabilístico associado ao inventário final do período em SII, implica os seguintes registos
contabilísticos:

Saldar a conta 31 – Compras por contrapartida da conta 32 – Mercadorias (de forma global as entradas decorrentes das compras)
Saldar a conta 38 – Reclassificações e Regularizações de Inventários por contrapartida da conta 32 – Mercadorias (registando de
forma global as entradas e saídas decorrentes das reclassificações e regularizações)
Reconhecer o Custo da Mercadoria Vendida e Matéria Consumida na conta 61 – CMVMC por contrapartida da 32 – Mercadorias
(registando de forma global as saídas decorrentes das vendas) ou da conta 33 – Matérias-primas, subsidiárias e de consume.

FÓRMULAS DE CUSTEIO:
As fórmulas de custeio, estão diretamente associadas à mensuração dos inventários aquando do reconhecimento do seu gasto (custo da
saída do stock de inventários). Deste modo, em função da fórmula de custeio, assim será o valor dos inventários reconhecidos em stock, bem
como o valor dos seus gastos associados à venda.
A NCRF 18 aborda esta temática nos § 23 a 27§, onde refere a existência de três fórmulas de custeios: Custo Específico,First In First Out
(FIFO) e Custo Médio Ponderado (CMP).
Custo específico: Deve ser utilizado no custeio dos inventários que não sejam intermutáveis e de bens ou serviços produzidos e segregados
para projetos específicos. Exemplos de inventários em que esta fórmula de custeio seja aplicável, são por exemplo os bens imóveis (terrenos e
edifícios), as viaturas, as peças de joalharia de elevada qualidade, entre outros.
Custo médio ponderado: Pode ser utilizado quando não seja possível utilizar o custo específico. Cada item é determinado a partir da média
ponderada do custo de itens semelhantes.
First In First Out(FIFO): Pode ser utilizado no custeio dos inventários, em que não se utilize o custo específico. Ao aplicar esta fórmula de
custeio, as entradas mais antigas em inventários são consideradas nas primeiras saídas de inventários, refletindo-se assim no custo a
reconhecer aquando da saída desses inventários.
Importa ainda referir que a aplicação das fórmulas de custeio FIFO e do CMP deve ser uniforme para todos os Inventários que tenham uma
natureza e uso semelhante para a entidade.
FICHA DE ARMAZÉM:
Aquando da adoção do Sistema de Inventário Permanente, as entidades controlam os seus inventários através de fichas de armazém, as quais
podem apresentar a seguinte estrutura:

Para melhor exemplificar a aplicação prática da adoção da fórmula de custeio, e respetivo preenchimento da ficha de armazém, apresentamos
o seguinte exemplo:
Caso prático – 5.3.A: Fórmula de custeio e ficha de armazém
A entidade XPTO S.A., dedica-se ao comércio do Produto A. No início do mês de janeiro detinha em armazém 50 unidades do Produto A,
valorizadas a 300 € cada.
No decurso do mês de janeiro, verificaram-se as seguintes operações:
06/Jan – Aquisição de 15 unidades do produto A ao preço unitário de 325 €;
14/Jan – Venda de 52 unidades do produto A.
Pretende-se:
1. A determinação do montante a apresentar em Inventários no Balanço a 31 de janeiro de N, procedendo ao preenchimento da ficha de
movimentação dos inventários, durante o mês de janeiro de N, usando FIFO como critério de mensuração.
2. A determinação do montante a apresentar em Inventários no Balanço a 31 de janeiro de N, procedendo ao preenchimento da ficha de
movimentação dos inventários, durante o mês de janeiro de N, usando o CMP como critério de mensuração.
Resolução:
1) Critério de mensuração: FIFO
De acordo com o preenchimento da ficha de armazém, adotando a fórmula de custeio FIFO, devem ser criados lotes dos artigos em função
das suas datas de aquisição. Posteriormente, aquando da saída da mercadoria, temos de ter presente que o lote mais antigo será o primeiro a
sair. No caso em concreto, como se venderam 52 unidades, há que em primeiro lugar fazer sair o Lote1 com 50 unidades, seguindo-se a saída
de 2 unidades do lote 2. Deste modo verifica-se que o valor do stock final é de 4 225 € (Ativo), e que o custo (valor que irá afetar o resultado da
entidade) a reconhecer com a venda é de 15 650 €.
2) Critério de mensuração: CMP

De acordo com o preenchimento da ficha de armazém, adotando a fórmula de custeio CMP, verifica-se que o valor do stock final é de 3 975 €
(Ativo), e que o custo (valor que irá afetar o resultado da entidade) a reconhecer com a venda é de 15 900 €.
Com este exemplo, verificamos que de acordo com a fórmula de custeio adotada pela entidade, assim será o valor o valor que a entidade irá
apresentar no Ativo em Inventários, assim como o resultado que irá apresentar.
5.3.2 – Operações de compra
No âmbito das operações de compra de inventários, falamos essencialmente das aquisições de mercadorias, matérias-primas e matérias-
subsidiárias. Assim, de forma simples, temos as seguintes definições:

Matérias-primas: Bens adquiridos que se destinam a serem incorporados nos produtos finais (ex: madeira na produção de móveis);
Matérias-subsidiárias: Bens adquiridos que são indispensáveis à produção, mas não são materialmente incorporados nos produtos
finais (ex: óleo de lubrificação de uma máquina industrial);
Mercadorias: Bens adquiridos com destino à venda, e que não são objeto de qualquer alteração de natureza industrial, ou seja, que
conforme são adquiridos, estão nas condições para serem vendidos.

Em termos contabilísticos, adquirir inventários, representa adquirir um ativo, ou seja, a aquisição de inventários irá aumentar o ativo corrente da
empresa (débito da conta da classe 31). Deste modo, a conta da classe 3, que será usada para refletir a aquisição dos inventários será a conta
31 – Compras, a qual de acordo com o plano de contas do SNC, apresenta o seguinte desdobramento:

311 – Compras – Mercadorias;


312 – Compras – Matérias -primas, subsidiárias e de consumo;
317 – Compras – Devoluções de compras;
318 – Compras – Descontos e abatimentos em compras.
De acordo com as contas identificadas anteriormente, sempre que existam aquisições de inventários, haverá que registar essa aquisição
debitando a conta 311 – Compras – Mercadorias ou a conta 312 – Compras – Matérias-primas, subsidiárias e de consumo.
Por outro lado, se relacionado com a aquisição dos inventários, houver lugar à devolução de compras, teremos assim uma redução do ativo, ou
seja, teremos de creditar a conta 317 – Compras – Devoluções de compras.
Por fim, se forem obtidos descontos e abatimentos em compras (descontos comerciais), haverá que reconhecer uma redução do valor do
ativo, ou seja, os inventários reduzem o seu valor. Para que tal seja reconhecido na contabilidade, haverá que creditar a conta 318 – Compras –
Descontos e abatimentos em compras.
Por outro lado, adquirir inventários, irá originar uma dívida a pagar ao Fornecedor, ou seja, irá aumentar o passivo corrente. Para o
reconhecimento da dívida ao fornecedor, o plano de contas aprovado pelo SNS contempla a conta 2211 – Fornecedores C/C – Fornecedores
gerais.
Em resumo, adquirir inventários irá implicar reconhecer o aumento de uma ativo corrente (Inventários), debitando-se a conta 31x – Compras, e,
implicará o reconhecimento de um passivo corrente (dívida a pagar), creditando a conta 2211 – Fornecedores gerais.
Contudo, importa ainda referir que em Portugal se encontra em vigor o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA). Assim, apesar deste imposto
ser matéria que é abordada neste E-Book, no ponto 5.7.3., importa neste momento ter presente que, geralmente as aquisições de inventários
estão sujeitas a IVA. De forma muito simples, a aquisição de inventários dá lugar a deduzir o IVA, ou seja, apesar de no valor a pagar ao
fornecedor estar refletido não só o valor da mercadoria, mas também o valor do IVA aplicável ao bem, a entidade não irá acrescer esse imposto
ao valor dos inventários, pois poderá deduzi-lo. Assim, deduzir o IVA quer dizer que a entidade poderá “reaver” este imposto, ou seja, o IVA não
irá acrescer ao valor dos inventários e deverá ser reconhecido como um ativo (direito a receber), debitando a conta 2432 – IVA – Dedutível. Se
houver lugar a desconto em compras ou devoluções dos inventários ao fornecedor, haverá assim que regularizar o IVA (reduzir o IVA deduzido
inicialmente), através do crédito da conta 2342 – IVA Regularizações – A favor do Estado.
Por fim, se a entidade estiver a adotar o Sistema de Inventário Permanente (SIP), terá ainda que reconhecer contabilisticamente a entrada
em armazém dos inventários adquiridos, o que implica a transferência do valor da conta 31x – Compras (creditando a conta 31), para a conta
32 – Mercadorias ou conta 33 – Matérias-primas, subsidiárias e de consumo (debitando a conta 32 ou 33).
Caso prático – 5.3.B: Aquisição de mercadorias (desconsiderando o IVA)
A entidade XPTO S.A., dedica-se ao comércio do Produto A. Durante o mês de janeiro de 200N, efetuou as seguintes operações:
06/Jan – Aquisição ao Fornecedor ALFA S.A., de 15 unidades do produto A ao preço unitário de 325 €;
10/Jan – Devolução ao Fornecedor ALFA S.A., de 5 unidades do produto A que tinham sido adquiridas no dia passado dia 06/Jan pois não
estavam nas devidas condições;
14/Jan – Desconto comercial obtido do Fornecedor ALFA S.A., de 4% (130 €) que, por lapso não foi concedido aquando da aquisição do
produto A.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Resolução:
Na resolução deste caso, teremos de ter em conta que a entidade poderá adotar o Sistema de Inventário Intermitente (SII), ou o Sistema de
Inventário Permanente (SIP). Assim, a resolução irá considerar essas duas opções.
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
06-01-200N Compra de mercadorias 311x Compras – Mercadorias 4 875,00

2211x Fornecedores gerais 4 875,00


A
No caso de adotar o SIP, deverá ser reconhecida a entrada da mercadoria em armazém:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
06-01-200N Entrada em armazém 321x Mercadorias 4 875,00
311x Compras – Mercadorias 4 875,00
A
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
10-01-200N Devolução de mercadorias 2211x Fornecedores gerais 1 625,00
317x Devoluções de compras 1 625,00
A
No caso de adotar o SIP, deverá ser reconhecida a saída da mercadoria do armazém:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
10-01-200N Saída de armazém 317x Devoluções de compras 1 625,00
321 Mercadorias 1 625,00
A
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
14-01-200N Desconto obtido 2211x Fornecedores gerais 130,00
318x Descontos em compras 130,00
A
No caso de adotar o SIP, deverá ser reconhecido acerto do valor das mercadorias em armazém:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
14-01-200N Acerto do valor das mercadorias em armazém 318x Descontos em compras 130,00
321x Mercadorias 130,00
A
Caso prático – 5.3.C: Aquisição de mercadorias (considerando o IVA)
A entidade XPTO S.A., dedica-se ao comércio do Produto A. Durante o mês de janeiro de 200N, efetuou as seguintes operações,as quais
estão sujeitas a IVA à taxa normal de 23%:
06/Jan – Aquisição ao Fornecedor ALFA S.A., de 15 unidades do produto A ao preço unitário de 325 €;
10/Jan – Devolução ao Fornecedor ALFA S.A., de 5 unidades do produto A que haviam sido adquiridas no dia passado dia 06/Jan pois não
estavam nas devidas condições;
14/Jan – Desconto comercial obtido do Fornecedor ALFA S.A., de 4% (130 €) que, por lapso não foi concedido aquando da aquisição do
produto A.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Resolução:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
06-01-200N Compra de mercadorias 311x Compras – Mercadorias 4 875,00
2432x IVA dedutível 1 121,25
2211x Fornecedores gerais 5 996,25
A
No caso de adotar o SIP, deverá ser reconhecida a entrada da mercadoria em armazém:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
06-01-200N Entrada em armazém 321x Mercadorias 4 875,00
311x Compras – Mercadorias 4 875,00
A
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
10-01-200N Devolução de mercadorias 2211x Fornecedores gerais 1 998,75
317x Devoluções de compras 1 625,00
24342x IVA Regularizações – A favor do Estado 1 373,75
A
No caso de adotar o SIP, deverá ser reconhecida a saída da mercadoria do armazém:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
10-01-200N Saída de armazém 317x Devoluções de compras 1 625,00
321x Mercadorias 1 625,00
A
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
14-01-200N Desconto obtido 2211x Fornecedores gerais 159,90
318x Descontos em compras 130,00
24342x IVA Regularizações – A favor do Estado 129,90
A
No caso de adotar o SIP, deverá ser reconhecido acerto do valor das mercadorias em armazém:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
14-01-200N Acerto do valor das mercadorias em armazém 318x Descontos em compras 130,00
321x Mercadorias 130,00
A
5.3.3 – Operações de venda de bens
Aquando do reconhecimento das operações de venda de bens, há que ter presente que estamos perante o reconhecimento de Rédito
(rendimento derivado da atividade operacional da entidade) com a venda de bens.
De acordo com o SNC, a norma que aborda esta temática é a NCRF 20 – Rédito. Esta norma no seu parágrafo 8, refere que o rédito inclui
somente os influxos brutos de benefícios económicos recebidos e a receber pela entidade de sua própria conta, não incluindo as quantias
cobradas por terceiros, como sejam os impostos sobre vendas, ou o imposto sobre o valor acrescentado, sendo assim excluídos do rédito.
Relativamente à mensuração do rédito com a venda de bens, tal como consta no parágrafo 9 da NCRF 20, este deve ser mensurado pelo justo
valor da retribuição recebida ou a receber. Na grande maioria das operações, a mensuração corresponde ao preço acordado entre as partes
para a transação em questão. Contudo, isto não é totalmente verdade, pois a norma aprofunda um pouco mais esta temática da mensuração
do rédito, principalmente pela questão das vendas com conceção de crédito. No entanto esta temática é um pouco mais complexa e como tal
não será abordada neste ponto.
Segundo o parágrafo 14 da NCRF-20, o rédito proveniente da venda de bens deve ser reconhecido quando tiverem sido satisfeitas todas as
condições seguintes:

A entidade tenha transferido para o comprador os riscos e vantagens significativos da propriedade dos bens;
A entidade não mantenha envolvimento continuado de gestão com grau geralmente associado com a posse, nem o controlo efetivo
dos bens vendidos;
A quantia do rédito possa ser fiavelmente mensurada;
Seja provável que os benefícios económicos associados com a transação fluam para a entidade; e
Os custos incorridos ou a serem incorridos referentes à transação possam ser fiavelmente mensurados

Assim, de acordo com o referido no parágrafo 14 da NCRF 20, para que o rédito com a venda de bens possa ser reconhecido, há que
primeiramente verificar se estão cumpridos cumulativamente os cinco pressupostos indicados, pois caso algum deles não se verifica, o rédito
não poderá ser reconhecido.
Após o enquadramento mais concetual e normativo da temática do rédito da venda de bens, passar-se-á então a abordar esta questão de uma
perspetiva mais simplista e prática. Neste sentido, há que ter presente que no âmbito das operações de venda de inventários, falamos
essencialmente das vendas de mercadorias, Produtos acabados e intermédios, de subprodutos, desperdícios, resíduos e refugos. Assim, de
forma simples, temos as seguintes definições:

Produtos acabados: Correspondem aos bens provenientes do processo produtivo (em empresas industriais), e que se encontram
nas condições para serem vendidos;
Produtos intermédios: Correspondem a bens provenientes do processo produtivo da empresa mas destinados a serem usados em
processos produtivos subsequentes;
Subprodutos: Correspondem a bens provenientes do processo produtivo mas que não são o objeto principal da atividade, sendo
simplesmente obtidos por via da fabricação dos principais produtos (por ex: serradura aquando da produção de mobiliário).
Normalmente têm valor comercial inferior ao do valor do produto principal;
Desperdícios, resíduos e refugos: Correspondem a bens que resultam do processo produtivo, os quais podem ou não ter valor
comercial, mas que muitas vezes provocam gastos adicionais, como sejam os de remoção e de transporte.

Em termos contabilísticos, vender inventários, implica o reconhecimento de um rendimento, o qual poder ser designado de Rédito. Assim, a
venda de inventários irá aumentar os resultados, o que se reflete no crédito na conta 71 – Rendimentos – Vendas. Deste modo, a conta da
classe 7, que será usada para refletir a venda dos inventários será a conta 71 – Vendas, a qual de acordo com o plano de contas do SNC,
apresenta o seguinte desdobramento:

711 – Vendas – Mercadorias;


712 – Vendas – Produtos acabados e intermédios;
713 – Vendas – Subprodutos, desperdícios, resíduos e refugos;
717 – Vendas – Devoluções de vendas;
718 – Vendas – Descontos e abatimentos em vendas.

De acordo com as contas identificadas anteriormente, sempre que existam vendas de inventários, haverá que registar essa venda creditando a
conta 711, 712 ou a 713, em função do tipo de inventários que estão a ser vendidos.
Por outro lado, se relacionado com a venda dos inventários, houver lugar à devolução de vendas, teremos assim uma redução do rendimento,
ou seja, teremos de debitar a conta 717 – Vendas – Devoluções de vendas.
Por fim, se forem concedidos descontos e abatimentos em vendas (descontos comerciais), haverá que reconhecer uma redução do valor do
rendimento, ou seja, há que reduzir o rédito com a venda dos inventários. Para que tal seja reconhecido na contabilidade, haverá que debitar a
conta 718 – Vendas – Descontos e abatimentos em vendas.
Por outro lado, vender inventários, irá originar uma dívida a receber do Cliente, ou seja, irá aumentar o ativo corrente. Para o reconhecimento da
dívida a receber do cliente, o plano de contas aprovado pelo SNS contempla a conta 2111 – Clientes C/C – Clientes gerais.
Em resumo, vender inventários irá implicar reconhecer o aumento de rendimento, creditando a conta 71x – Vendas, e implicará o
reconhecimento de um ativo corrente (dívida a receber), debitando a conta 2111 – Clientes gerais.
Contudo, importa ainda referir que em Portugal se encontra em vigor o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA). Temos de abordar este
imposto neste ponto, apenas pelo facto de que geralmente as vendas de inventários estão sujeitas a IVA. De forma muito simples, temos de ter
presente que a venda de inventários dá lugar à liquidação do IVA, ou seja, ao valor do bem, iremos acrescer o valor do IVA, o qual terá de vir a
ser entregue ao Estado. Deste modo o valor do IVA não faz parte do rédito da venda, e será reconhecido como um passivo corrente (dívida ao
Estado), creditando-se a conta 2433 – IVA – Liquidado. Se houver lugar a desconto ou devoluções dos inventários vendidos, haverá lugar à
regularização do IVA (reduzir o IVA liquidado inicialmente), através do débito da conta 2342 – IVA Regularizações – A favor da Empresa.
Por fim, se a entidade estiver a adotar o Sistema de Inventário Permanente (SIP), terá ainda que reconhecer contabilisticamente a saída de
armazém dos inventários vendidos e, simultaneamente, reconhecer o custo associado à sua venda. Deste modo, a saída de armazém, implica
o crédito da conta 32x – Mercadorias. Por outro lado, haverá que reconhecer o custo com os inventários vendidos, o que implica o débito da
conta 61x – Custo dos inventários vendidos e das matérias consumidas.
Caso prático – 5.3.D: Venda de mercadorias (desconsiderando o IVA)
A entidade XPTO S.A., dedica-se ao comércio do Produto A. Durante o mês de janeiro de 200N, efetuou as seguintes operações:
06/Jan – Venda ao cliente BETA S.A., de 15 unidades do produto A ao preço unitário de 700 €. Este produto teve um custo unitário de 325
€;
10/Jan – Devolução do cliente BETA S.A., de 5 unidades do produto A que haviam sido vendidas no dia passado dia 06/Jan pois não
estavam nas devidas condições;
14/Jan – Desconto comercial concedido ao cliente BETA S.A de 4% (280 €) que, por lapso não foi concedido aquando da venda do produto
A.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Resolução:
Na resolução deste caso, teremos de ter em conta que a entidade poderá adotar o Sistema de Inventário Intermitente (SII), ou o Sistema de
Inventário Permanente (SIP). Assim, a resolução irá considerar essas duas opções.
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
06-01-200N Venda de mercadorias 2111x Clientes gerais 10 500,00
711x Venda – Mercadorias 10 500,00
A
No caso de adotar o SIP, deverá ser reconhecida a saída da mercadoria de armazém:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
06-01-200N Saída de armazém 611x CMVMC – Mercadorias 4 875,00
(Custo mercadorias vendidas)
321x Mercadorias 4 875,00
A
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
10-01-200N Devolução de mercadorias vendidas 717x Devoluções de vendas 3 500,00
2111x Clientes gerais 3 500,00
A
No caso de adotar o SIP, deverá ser reconhecida a entrada (devolução) da mercadoria em armazém (pelo seu custo de saída: 325 € × 5
unidades):
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
10-01-200N Entrada em armazém 321x Mercadorias 1 625,00
(Devolução de mercadorias)
611x CMVMC – Mercadorias 1 625,00
A
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
14-01-200N Desconto concedido 718x Descontos em vendas 280,00
2111x Clientes gerais 280,00
A
Caso prático – 5.3.E: Venda de mercadorias (considerando o IVA)
A entidade XPTO S.A., dedica-se ao comércio do Produto A. Durante o mês de janeiro de 200N, efetuou as seguintes operações,as quais
estão sujeitas a IVA à taxa normal de 23%:
06/Jan – Venda ao cliente BETA S.A., de 15 unidades do produto A ao preço unitário de 700 €. Este produto teve um custo unitário de 325
€;
10/Jan – Devolução do cliente BETA S.A., de 5 unidades do produto A qua haviam sido vendidas no dia passado dia 06/Jan pois não
estavam nas devidas condições;
14/Jan – Desconto comercial concedido ao cliente BETA S.A de 4% (280 €) que, por lapso não foi concedido aquando da venda do produto
A.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Resolução:
Na resolução deste caso, teremos de ter em conta que a entidade poderá adotar o Sistema de Inventário Intermitente (SII), ou o Sistema de
Inventário Permanente (SIP). Assim, a resolução irá considerar essas duas opções.
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
06-01-200N Venda de mercadorias 2111x Clientes gerais 12 915,00
2433x IVA – Liquidado 12 415,00
711x Venda – Mercadorias 10 500,00
A
No caso de adotar o SIP, deverá ser reconhecida a saída da mercadoria de armazém:
A
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
06-01-200N Saída de armazém 611x CMVMC – Mercadorias 4 875,00
(Custo mercadorias vendidas)
321x Mercadorias 4 875,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
10-01-200N Devolução de mercadorias vendidas 717x Devoluções de vendas 3 500,00
2434x IVA Regularizações – Favor da empresa 3 805,00
2111x Clientes gerais 4 305,00
A
No caso de adotar o SIP, deverá ser reconhecida a entrada (devolução) da mercadoria em armazém (pelo seu custo de saída: 325 € × 5
unidades):
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
10-01-200N Entrada em armazém 321x Mercadorias 1 625,00
(Devolução de mercadorias)
611x CMVMC – Mercadorias 1 625,00
A
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
14-01-200N Desconto concedido 718x Descontos em vendas 280,00 F
2434 IVA Regularizações – Favor da empresa 264,40
2111x Clientes gerais 344,40
A
5.3.4 – Descontos comerciais e financeiros
No que diz respeito aos descontos, estes consistem numa redução ao preço dos inventários, o qual é concedido pelo vendedor (fornecedor) ao
adquirente (comprador).
Normalmente, quando se fala em descontos, abordam-se dois tipos de descontos, os comerciais e os financeiros.
DESCONTOS COMERCIAIS
Descontos comerciais são entendidos como sendo os descontos associados à atividade comercial, ou seja, descontos de quantidade, rappel,
entre outros.
Relativamente aos descontos comerciais em compras, tal como prescrito pela NCRF18 – Inventários, no seu parágrafo 11, estes devem ser
deduzidos na determinação dos custos de compra. Assim, se o desconto for dado na própria fatura, ao valor da compra (conta 31), deduz-se o
valor do desconto, ou seja, o valor da compra será o valor líquido do desconto. Contudo, se o desconto for posteriormente concedido, através
da emissão de uma nota de crédito, este deve ser reconhecido a crédito na conta 318 – Descontos e abatimentos em compras.
No que diz respeito aos descontos comerciais em vendas, tal como os descontos comerciais em compras, devemos ter presente que se o
desconto for dado na própria fatura, ao valor da venda (conta 71), deduz-se o valor do desconto, ou seja, o valor da venda será o valor líquido do
desconto. Contudo, se o desconto for posteriormente concedido, através da emissão de uma nota de crédito, este deve ser reconhecido a
débito na conta 718 – Descontos e abatimentos em vendas.
Exemplos de aplicação prática destes descontos, já foram apresentados nos pontos anteriores deste E-Book, nomeadamente nos casos
práticos 5.3.B a 5.3.E.
DESCONTOS FINANCEIROS
Apesar de não ser consensual, normalmente considera-se que os descontos financeiros estão associados à atividade financeira da empresa,
ou seja, a descontos de pronto de pagamento. Assim, estes descontos maioritariamente estão relacionados com a antecipação da liquidação
dívida, não afetando o valor dos inventários, mas sendo reconhecido nos resultados da entidade.
Deste modo, os descontos financeiros obtidos aquando das compras de inventários, são reconhecidos como um rendimento na conta 782 –
Descontos de pronto pagamento obtidos.
Por outro lado, os descontos financeiros concedidos aquando da venda de inventários, são reconhecidos como um gasto na conta 682 –
Descontos de pronto pagamento concedidos.
Caso prático – 5.3.F: Descontos financeiros
A entidade XPTO S.A., dedica-se ao comércio do Produto A. Durante o mês de janeiro de 200N, efetuou as seguintes operações,as quais
estão sujeitas a IVA à taxa normal de 23%:
08/Jan – O Cliente BETA S.A., antecipou o pagamento da N/Fatura n.º453, a qual apenas se vencia no próximo mês de julho. O
montante da dívida era de 45 000 €, e por ter antecipado o pagamento, a entidade XPTO S.A., concedeu um desconto de 2%.
12/Jan – Pagamento ao Fornecedor ALFA S.A., do valor referente à fatura n.º 123, a qual se vencia apenas no próximo mês de Agosto.
O valor da fatura é de 25 000 €. Pelo facto de o pagamento ter sido antecipado, o fornecedor concedeu um desconto de 1,5%.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Resolução:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
08-01-200N Recebimento C/ desconto financeiro 12x Depósitos à ordem 44 100,00 F
682x Descontos de pronto pagamento concedidos 44 900,00
2111x Clientes gerais 45 000,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
12-01-200N Pagamento C/ desconto financeiro 2111x Clientes gerais 25 000,00 F
782x Descontos de pronto pagamento obtidos 24 375,00
12x Depósitos à ordem 24 625,00
f
5.3.5 – Adiantamentos
No âmbito dos inventários, podem ocorrer adiantamentos, os quais representam entregas de meios financeiros líquidos (dinheiro ou
equivalente) pelo comprador (cliente) ao vendedor (comprador), por conta de futuros fornecimentos.
No âmbito dos adiantamentos, abordam-se normalmente dois tipos de adiantamentos, os adiantamentos com preço fixado, e os adiantamentos
sem preço fixado.
Quando estamos perante adiantamentos sem preço fixado, na prática estamos a falar dos adiantamentos que são realizados, mas para os
quais ainda não se tem conhecimento do valor final do bem.
Por outro lado, quando estamos perante adiantamentos com preço fixado, na prática estamos a falar dos adiantamentos que são realizados
nas situações em que previamente se tem conhecimento do valor final dos bens subjacentes ao adiantamento.
ADIANTAMENTOS ASSOCIADOS A AQUISIÇÕES
Os adiantamentos realizados para a futura aquisição de inventários, implicam assim a saída de dinheiro, ou seja, uma redução do ativo (crédito
da conta 11 – Caixa, ou crédito da conta 12 – Depósitos à ordem) e como contrapartida, o débito (direito a receber), numa das seguintes
contas, em função do tipo de adiantamento:
Conta 228 – Adiantamentos a fornecedores, deve ser usada para reconhecer as entregas feitas pela entidade relativas a
fornecimentos (sem preço fixado) a efetuar por terceiros; ou
Conta 39 – Adiantamentos por conta de compras Regista as entregas feitas pela entidade relativas a compras cujo preço esteja
previamente fixado.

Pela receção da fatura, as verbas reconhecidas na conta 228 ou 39, devem ser transferidas para a conta 221 – Fornecedores c/c.
Uma vez que, aquando da contabilização do adiantamento efetuado, o IVA dessa fatura é normalmente IVA dedutível, teremos de ter presente
que, aquando da receção da fatura final do fornecedor, haverá lugar à emissão de uma nota de crédito para regularização do adiantamento
inicial. Deste modo, a nota de crédito irá implicar a regularização do IVA que foi liquidado inicialmente pelo adiantamento. Essa regularização do
IVA implica o crédito da conta 2434x – IVA – Regularizações a favor do Estado. Caso esta regularização não fosse efetuada, a entidade estaria
a deduzir o IVA por duas vezes, ou seja, pela receção da fatura do adiantamento e posteriormente pela receção da fatura final.
ADIANTAMENTOS ASSOCIADOS À TRANSMISSÃO DE BENS
Os adiantamentos recebidos para a futura venda de inventários, implicam assim a entrada de dinheiro, ou seja, um aumento do ativo (débito da
conta 11 – Caixa, ou débito da conta 12 – Depósitos à ordem) e como contrapartida, o crédito (passivo – obrigação a pagar), numa das
seguintes contas, em função do tipo de adiantamento:

Conta 218 – Adiantamentos de clientes, deve ser usada para reconhecer as entregas (de dinheiro) feitas à entidade relativas a
fornecimentos, sem preço fixado, a efetuar a terceiros.
Conta 276 – Adiantamentos por conta de vendas, regista as entregas feitas pela entidade com relação a fornecimentos de bens e
serviços cujo preço esteja previamente fixado.

Pela emissão da fatura, as verbas reconhecidas na conta 218 ou 276 serão transferidas para as respetivas contas da rubrica 211 – Clientes
c/c.
Uma vez que, aquando da contabilização do adiantamento recebido, o IVA dessa fatura é normalmente IVA liquidado, teremos de ter presente
que, aquando da emissão da fatura final a entregar ao cliente, haverá lugar à emissão de uma nota de crédito para regularização do
adiantamento inicial. Deste modo, a nota de crédito irá implicar a regularização do IVA que foi liquidado inicialmente pelo adiantamento. Essa
regularização do IVA implica o débito da conta 2434x – IVA – Regularizações a favor da empresa. Caso esta regularização não fosse efetuada,
a entidade estaria a liquidar o IVA por duas vezes, ou seja, pela emissão da fatura do adiantamento e posteriormente pela emissão da fatura
final.
Caso prático – 5.3.G: Adiantamentos – Compras
A entidade XPTO S.A., dedica-se ao comércio do Produto A. Durante o mês de janeiro de 200N, efetuou as seguintes operações,as quais
estão sujeitas a IVA à taxa normal de 23%:
08/Jan – Fatura n.º 123 do fornecedor ALFA S.A., no montante de 1 000,00 € (sujeito a IVA). Este valor respeita a um adiantamento para
fornecimento de mercadorias, sem preço previamente fixado.
12/Jan – Fatura n.º 321 relativa à compra a prazo ao fornecedor ALFA S.A., de 30 unidades do produto A, pelo valor de 320 € cada.
Operação sujeita a IVA à taxa normal. Nesta mesma data foi emitida rececionada a Nota de Crédito n.º 2 do Fornecedor ALFA S.A., a qual
regularizava o adiantamento do passado dia 08 de janeiro.
18/Jan – Fatura n.º 125 do fornecedor ALFA S.A., no montante de 10 000,00 € (sujeito a IVA). Este valor respeita a um adiantamento para
fornecimento de 50 unidades do Produto A.
22/Jan – Fatura n.º 323 relativa à compra a prazo ao fornecedor ALFA S.A., de 50 unidades do produto A, pelo valor de 320 € cada.
Operação sujeita a IVA à taxa normal. Nesta mesma data foi emitida rececionada a Nota de Crédito n.º 3 do Fornecedor ALFA S.A., a qual
regularizava o adiantamento do passado dia 18 de janeiro.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Resolução:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
08-01-200N FT 123 – Adiantamento a Fornecedor S/ Preço fixado 228x Adiantamentos a fornecedores 1 000,00 F
2432x IVA dedutível 1 230,00

12x Depósitos à ordem 1 230,00


f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
12-01-200N FT 321 – Compra de mercadorias 311x Compras – Mercadorias 9 600,00 F
2432x IVA dedutível 2 208,00
2211x Fornecedores gerais 7 392,00
f
No caso de adotar o SIP, deverá ser reconhecida a entrada da mercadoria em armazém:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
12-01-200N Entrada em armazém 321x Mercadorias 9 600,00 F
311x Compras – Mercadorias 9 600,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
12-01-200N NC 2 – Regularização do adiantamento S/ Preço fixado 2211x Fornecedores gerais 1 230,00 F
2434x IVA Regularizações – favor do Estado 1 230,00
228x Adiantamentos a fornecedores 1 000,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
18-01-200N FT 125 – Adiantamento a Fornecedor C/ Preço fixado 39x Adiantamentos por conta de compras 10 000,00 F
2432x IVA dedutível 12 300,00
12x Depósitos à ordem 12 300,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
22-01-200N FT 323 – Compra de mercadorias 311x Compras – Mercadorias 16 000,00 F
2432x IVA dedutível 13 680,00
2211x Fornecedores gerais 12 320,00
f
No caso de adotar o SIP, deverá ser reconhecida a entrada da mercadoria em armazém:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
12-01-200N Entrada em armazém 321x Mercadorias 16 000,00 F
311x Compras – Mercadorias 16 000,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
22-01-200N NC 3 – Regularização do adiantamento C/ Preço fixado 2211x Fornecedores gerais 12 300,00 F
2434x IVA Regularizações – favor do Estado 12 300,00
228x Adiantamentos por conta de compras 10 000,00
f
Caso prático – 5.3.H: Adiantamentos – Vendas
A entidade XPTO S.A., dedica-se ao comércio do Produto A. Durante o mês de janeiro de 200N, efetuou as seguintes operações,as quais
estão sujeitas a IVA à taxa normal de 23%:
08/Jan – Emissão da fatura n.º 123 relativa à venda a crédito ao Cliente ALFA S.A., no montante de 1 000,00 € (sujeito a IVA). Este valor
respeita a um adiantamento para fornecimento de mercadorias, sem preço previamente fixado.
12/Jan – Emissão da fatura da fatura n.º 321 relativa à venda a crédito ao Cliente ALFA S.A., de 30 unidades do produto A, pelo valor de 520
€ cada. Operação sujeita a IVA à taxa normal. Nesta mesma data foi emitida a N/Nota de Crédito n.º 2 relativa à regularização do
adiantamento do passado dia 08 de janeiro. O custo unitário das unidades vendidas é de 320 €.
18/Jan – Emissão da Fatura n.º 125 relativa à venda a crédito ao Cliente ALFA S.A., no montante de 10 000,00 € (sujeito a IVA). Este valor
respeita a um adiantamento para fornecimento de 50 unidades do Produto A.
22/Jan – Emissão da Fatura n.º 323 relativa à venda a prazo ao Cliente ALFA S.A., de 50 unidades do produto A, pelo valor de 520 € cada.
Operação sujeita a IVA à taxa normal. Nesta mesma data foi emitida a N/Nota de Crédito n.º 3 relativa à regularização do adiantamento do
passado dia 08. O custo unitário das unidades vendidas é de 320 €.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Resolução:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
08-01-200N FT 123 – Adiantamento de Cliente S/ Preço fixado 12x Depósitos à ordem 1 230,00 F
2433x IVA liquidado 1 230,00
218x Adiantamentos de clientes 1 000,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
12-01-200N FT 321 – Venda de mercadorias 711x Vendas – Mercadorias 15 600,00
2433x IVA liquidado 13 588,00
2111x Clientes gerais 19 188,00 12 320,00
f
No caso de adotar o SIP, deverá ser reconhecida a saída da mercadoria de armazém:
Custo da mercadoria vendida = 320 € x 30 unidades
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
12-01-200N Saída de armazém 611x CMVMC – Mercadorias 9 600,00 F
(Custo mercadorias vendidas)
321x Mercadorias 9 600,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
12-01-200N NC 2 – Regularização do adiantamento S/ Preço fixado 218x Adiantamentos de clientes 1 000,00 F
2434x IVA Regularizações – favor da Empresa 1 230,00
2111x Clientes gerais 1 230,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
18-01-200N FT 123 – Adiantamento de Cliente C/ Preço fixado 12x Depósitos à ordem 12 300,00 F
2433x IVA liquidado 12 300,00
276x Adiantamentos por conta de vendas 10 000,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
22-01-200N FT 323 – Venda de mercadorias 711x Vendas – Mercadorias 26 000,00
2433x IVA liquidado 15 980,00
2111x Clientes gerais 31 980,00 10 000,00
f
No caso de adotar o SIP, deverá ser reconhecida a saída da mercadoria de armazém:
Custo da mercadoria vendida = 320 € x 50 unidades
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
22-01-200N Saída de armazém 611x CMVMC – Mercadorias 16 000,00 F
(Custo mercadorias vendidas)
321x Mercadorias 16 000,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
22-01-200N NC 3 – Regularização do adiantamento C/ Preço fixado 276x Adiantamentos por conta de vendas 10 000,00 F
2434x IVA Regularizações – favor da Empresa 12 300,00
2111x Clientes gerais 12 300,00
f
5.3.6 – Outras operações (regularização, em trânsito, poder de terceiros, imparidades).
Relativamente à temática das regularizações de inventários, inventários em trânsito, em poder de terceiros e imparidades, estas são
operações que por norma não acontecem com tanta frequência, mas as quais devem ser reconhecidas adequadamente e função da sua
natureza.
RECLASSIFICAÇÕES E REGULARIZAÇÕES DE INVENTÁRIOS:
No âmbito da atividade empresarial, surgem por vezes necessidade de se reclassificarem inventários. A reclassificação surge na sequência da
alteração da sua finalidade, por exemplo, transferência de outros ativos para inventários, ou de inventários para outros ativos.
Por outro lado, a regularização de inventários surge na sequência de alterações aos inventários associadas a factos não considerados
associados à atividade comercial da entidade. Exemplos de regularizações de inventários são por exemplo, as sobras, ofertas, sinistros e
roubos ou furtos.
Para o reconhecimento de Reclassificações e ou Regularizações de inventários, deve ser usada a conta 38 – Reclassificação e regularização
de inventários e ativos biológicos, a qual é apenas uma conta de passagem, pois na prática o que se pretende é evidenciar uma entrada
(regularização positiva, por exemplo: sobra), ou saída (regularização negativa, por exemplo: sinistro) no stock existente em armazém.
Como contrapartida da movimentação da conta 38 – Reclassificação e regularização de inventários e ativos biológicos, normalmente é usada
uma das seguintes contas:

784 – Ganhos em inventários;


684 – Perdas em inventários.

INVENTÁRIOS EM TRÂNSITO E EM PODER DE TERCEIROS:


De acordo com o plano de contas aprovado pelo SNC, existem duas contas destinadas a evidenciar as mercadorias em trânsito e as
mercadorias em poder de terceiros, nomeadamente:

Conta 325 – Mercadorias em trânsito;


Conta 326 – Mercadorias em poder de terceiros.

Quando falamos em mercadorias em trânsito, falamos de mercadorias em que a entidade tem o controlo sobre elas, contudo estas ainda não
se encontram fisicamente nas instalações da entidade, por exemplo nas situações de importação de mercadorias, em que o adquirente
assume a responsabilidade pelo bem aquando da saída das instalações do vendedor.
Relativamente aos inventários em poder de terceiros, estes dizem respeito a inventários que estão sobre o controlo da entidade, mas que
encontram na posse de terceiros. O melhor exemplo para este tipo de situação são as vendas à consignação, onde a entidade coloca os seus
bens no armazém de um terceiro, na expectativa de que este proceda à venda desses bens por conta da empresa. A conta 326 - Mercadorias
em poder de terceiros, pretende assim evidenciar que esses ativos apesar de serem da entidade, se encontram na posse de terceiros.
PERDAS POR IMPARIDADE EM INVENTÁRIOS:
As perdas por imparidade em inventários, tal como todas as perdas por imparidade, visam reconhecer uma redução do valor do ativo. No caso
dos inventários, as perdas por imparidade surgem por via da mensuração que se encontra estabelecida na NCRF 18 – Inventários. Recordando
o já referido no início deste capítulo, os inventários devem ser mensurados pelo custo ou valor realizável líquido, dos dois o mais baixo. Assim,
caso a entidade detenha inventários com um valor de custo superior ao seu valor realizável líquido, deverá proceder ao ajuste do seu montante,
ou seja, deverá reduzir o ativo, reconhecendo assim uma perda por imparidade em inventários. É importante ter presente que a análise da
imparidade dos Inventários deve ser efetuada de forma individualizada (item a item dos Inventários) para garantir que eventuais perdas de um
item não são compensadas com eventuais expectativas de ganho noutro item.
De acordo com o plano de contas aprovado pelo SNC, as contas relevantes para o reconhecimento das imparidades em inventários são as
seguintes:

Conta 329 – Mercadorias – Perdas por imparidade acumuladas;


Conta 652 – Perdas por imparidade – Em inventários;
Conta 7622 – Reversões – Perdas por imparidade – Em inventários.

Assim, para reconhecer a redução do valor dos inventários haverá que movimentar a crédito a conta 329 e a débito a conta 652 para o
reconhecimento do gasto da perda por imparidade.
Por outro lado, se houver lugar à reversão da imparidade, ou seja, se o que o originou o reconhecimento da imparidade, deixar de existir por via
de uma reversão, iremos aumentar o valor do ativo, através do débito da conta 329, por contrapartida do reconhecimento do rendimento
(movimentação a crédito) na conta 7622.
Caso prático – 5.3.I: Outras operações com inventários
A entidade XPTO S.A., dedica-se ao comércio do Produto A. Durante o mês de janeiro de 200N, efetuou as seguintes operações,as quais
estão sujeitas a IVA à taxa normal de 23%:
08/Jan – Ao efetuar a contagem física em armazém, verificou-se que 2 unidades do produto A, foram furtadas. A entidade não apresentou
queixa às autoridades policiais devido ao reduzido valor do furto. Cada unidade havia sido adquirida ao fornecedor ALFA S.A., pelo
montante de 25 €. Nesta data foi efetuada a regularização do IVA.
12/Jan – Ao efetuar a contagem física em armazém, procedeu-se à pesagem do Artigo B. Neste processo verificou-se que este artigo
devido às condições climatéricas apresente um peso superior em 50 kg relativamente ao que se encontra refletido na contabilidade. De
acordo com a última informação obtida, o valor atribuído a cada Kg é de 5,25 €.
18/Jan – Fatura n.º 110 do fornecedor ALFA S.A., referente à aquisição de 400 unidades do produto C, ao custo unitário de 25 € cada.
Nesta data os riscos e vantagens associados a esta operação já se encontram do lado da entidade XPTO S.A., contudo nesta data os
artigos ainda não se encontravam no armazém da entidade.
22/Jan – As mercadorias adquiridas no passado dia 18 de janeiro foram nesta data rececionadas no armazém da entidade.
28/Jan – Foram colocadas à consignação do intermediário Júpiter S.A., 10 unidades do produto C, que haviam sido adquiridas no passado
dia 18.
31/Jan – Nesta data a entidade procedeu à análise dos custos e valores recuperáveis do Produto D, nomeadamente de umstock de 500
unidades, cujo custo de aquisição unitário é de 40 €, os quais que têm sofrido uma considerável e sistemática redução de procura e
aceitação pelos clientes. De acordo com a melhor informação existente a esta data, a entidade estima um preço de venda do produto D
em 30 €, sendo necessário incorrer ainda a uma rede de vendedores, aos quais se estima ter de pagar uma comissão de 10%.
31/Dez – Nesta data a entidade procedeu novamente à análise dos custos e valores recuperáveis do Produto D, verificando-se que se
mantém ainda o stock das 500 unidades, cujo custo de aquisição unitário é de 40 € e para os quais havia sido reconhecida a imparidade
no dia 31 de janeiro. De acordo com a melhor informação existente a esta data, a entidade estima um preço de venda do produto D em 35
€, sendo necessário incorrer ainda a uma rede de vendedores, aos quais se estima ter de pagar uma comissão de 10%.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Resolução:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
08-01-200N Quebra anormal – Furto Produto A 6842x Perdas em Inventários – Quebras 61,50 F
2434x IVA Regularizações – favor do Estado 11,50
382x Mercadorias 50,00
f
No caso de adotar o SIP, deverá ser reconhecida a saída da mercadoria de armazém:
Valor da regularização = 25 € x 2 unidades
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
12-01-200N Saída de armazém 382x Regularização – Mercadorias 50,00 F
(Regularização mercadorias)
321x Mercadorias 50,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
12-01-200N Sobra: Produto A 382x Regularização – Mercadorias 262,50 F
7842x Ganhos em Inventários – Sobras 262,50
f
No caso de adotar o SIP, deverá ser reconhecida a valorização da mercadoria de armazém:
Valor da regularização = 5,25 € x 50 unidades
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
12-01-200N Entrada em armazém 321x Mercadorias 262,50 F
(Regularização mercadorias)
382x Regularização – Mercadorias 262,50
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
18-01-200N Compra de mercadorias 311x Compras – Mercadorias 10 000,00 F
2432x IVA dedutível 12 300,00
2211x Fornecedores gerais 12 300,00
f
No caso de adotar o SIP, deverá ser reconhecida a mercadoria em Trânsito:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
22-01-200N Entrada em armazém 321x Mercadorias 10 000,00 F
(mercadorias em trânsito)
325x Mercadorias em trânsito 10 000,00
f
No caso de adotar o SIP, deverá ser reconhecida a saída da mercadoria do armazém, para o armazém do intermediário:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
28-01-200N Entrada em armazém 326x Mercadorias em poder de terceiros 250,00 F
(mercadorias em trânsito)
321x Mercadorias 250,00
f
Relativamente ao dia 31 de janeiro, teremos de ter presente que os inventários têm de ser mensurados pelo custo ou valor realizável líquido,
dos dois o menor. Assim, há que apurar o valor realizável líquido (preço de venda estimado menos os custos estimados necessários para
efetuar a venda).
Preço de venda estimado = 500un. x 30 € = 15 000 €
Custos estimados com a venda (comissão) = 15 000 € x 10% = 1 500 €
Valor realizável líquido = 15 000 € - 1 500 € = 13 500 €
Custo = 500un. x 40 € = 20 000 €
Posto isto, a entidade deverá reconhecer os seus inventários, pelo valor de 13 500 €, o que implica reconhecer uma redução dos seus
inventários (imparidade) no montante de 6 500 € (20 000 € - 13 500 €):
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
31-01-200N Imparidade em Inventários 652x Perdas por imparidade – Em inventários 6 500,00 F
329x Inventários – Perdas por imparidade acumuladas 6 500,00
f
Relativamente ao dia 31 de dezembro, teremos de ter presente que para estes inventários já se encontra reconhecida uma imparidade no
montante de 6 500 €.
As novas informações, permitem obter os seguintes dados:
Preço de venda estimado = 500un. x 35 € = 17 500 €
Custos estimados com a venda (comissão) = 17 500 € x 10% = 1 750 €
Valor realizável líquido = 17 500 € - 1 750 € = 15 750 €
Custo = 500un. x 40 € = 20 000 €
Posto isto, a entidade deverá apresentar uma imparidade em inventários no montante de 4 250 €.
Sabendo que para estes mesmo inventários a entidade já tem reconhecida uma imparidade de 6 500 €, haverá lugar à redução da imparidade
acumulada (reversão de imparidade), no montante de 2 250 € ( 6 500 € - 4 250 €). Esta reversão irá assim aumentar o valor dos inventários, e
implicar o reconhecimento de um rendimento (reversão da imparidade), o que implica o seguinte reconhecimento contabilístico:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
31-12-N+1 Reversão imparidade 329x Inventários – Perdas por imparidade acumuladas 4 250,00 F
Em Inventários
7622x Reversões – Perdas por imparidade – Em inventários 4 250,00
f
5.3.7 – Variação da produção
A temática da variação da produção apenas se aplica nas entidades que se dedicam à produção de bens, ou seja, em empresas industriais.
Tal como o nome indica, a variação da produção, pretende reconhecer contabilisticamente as alterações existentes ao nível da produção dos
inventários.
Deste modo, os produtos que forem produzidos e concluídos devem ser reconhecidos como produtos em curso ou acabados, onde a sua
mensuração (custo), corresponde ao seu custo de produção. O custo de produção destes produtos contempla não só o custo com as
matérias-primas e mão-de-obra direta, mas também todos os restantes gastos gerais de fabrico (ex: eletricidade, água, mão-de-obra indireta,
entre outros). Para o apuramento do custo de produção é essencial um adequado sistema de contabilidade analítica, pois só assim será
possível apurar com rigor o seu custo de produção.
De uma forma simples, podemos referir que a variação da produção resulta da seguinte equação:
Variação da produção = Inventário final de produtos acabados - Inventário inicial de produtos acabados
De acordo com o plano de contas aprovados pelo SNC, as contas relevantes para o reconhecimento da variação da produção são as
seguintes:

34 – Produtos acabados e intermédios


73 – Variações nos inventários da produção
Na prática, se no âmbito do processo produtivo (com os diversos consumos associados), surge um produto acabado, passa a existir um ativo
corrente (detido para venda), o qual designamos de produto em curso ou acabado. Deste modo há que o reconhecer esse ativo, debitando a
conta 34 – Produtos acabados e intermédios. Contudo, na sequência do reconhecimento desse ativo, será movimentada a crédito a conta 73 –
Variação dos inventários de produção. O uso da conta 73 pretende proceder à anulação dos custos incorridos com a produção em curso ou
produção acabada. Assim, todos os gastos incorridos com o processo produtivo serão compensados com o reconhecimento a crédito na
conta 73, ou seja, o resultado da entidade não é afetado por este processo produtivo, pois apenas aquando da venda do bem se irá reconhecer
o rendimento e o gasto associado.
Por outro, aquando da venda dos produtos acabados e intermédios, há que reconhecer o rédito com a venda, usando-se para a tal a conta 712
– Produtos acabados e intermédios. Contudo, se os bens são vendidos, deixam de ser um ativo da entidade, e como tal terá de ser
reconhecida a guia de saída de armazém (desreconhecimento do ativo) e o reconhecimento do seu gasto. O gasto não será reconhecido numa
conta 61 – CMVMC, mas sim na conta 73, fazendo desta conta uma conta mista (pode ter saldo devedor ou saldo credor). Assim, para o
reconhecimento da saída do ativo e o reconhecimento do seu gasto, há que proceder ao seguinte movimento contabilístico:

Crédito da conta 34 – Produtos acabados e intermédios


Débito da conta 73 – Variações nos inventários da produção

Caso prático – 5.3.J: Variação da produção


A entidade XPTO S.A., dedica-se à produção do Produto A. A empresa adota o Sistema de Inventário Permanente (SIP) no registo, controlo e
contabilização periódica dos Inventários, e utiliza o critério do Custo Médio Ponderado como fórmula de custeio dos Inventários. Sabe-se que
nesta data a entidade não detinha em armazém qualquer tipo de inventários.
Durante o mês de janeiro de 200N, a entidade efetuou as seguintes operações:
08/Jan – S/Fatura n.º 321 referente à aquisição ao fornecedor ALFA S.A de 5 000 kg de matéria-prima B a 0,30 €/kg. A este valor acresce
IVA à taxa norma de 23%.
12/Jan – No âmbito do processo produtivo do Produto A, procedeu-se ao consumo de 3 000 kg de matéria-prima B.
18/Jan – Foi concluída a produção de 3 750 unidades do produto B, o qual teve um Custo Industrial de Produto Acabado (CIPA) de 1,20 €
por unidade. Este CIPA foi apurado pela contabilidade analítica e resultou dos diversos gastos industriais variáveis e fixos que foram
imputados ao custo de produção do produto B.
22/Jan – N/Fatura n.º 123 referente à venda ao cliente Beta S.A., de 2 750 unidades do produto B, pelo preço unitário de 4,40 €. A este valor
acresce IVA à taxa norma de 23%.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Resolução:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
18-01-200N Compra de matéria-prima B 312x Compras – Matérias-primas 1 500,00 F
2432x IVA dedutível 1 345,00
2211x Fornecedores gerais 1 845,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
08-01-200N Entrada em armazém 331x Matérias-primas 1 500,00 F
312x Compras – Matérias-primas 1 500,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
12-01-200N Consumo 3000 Kg MP 612x Custo das matérias consumidas – MP B 900,00 F
331x Matérias-primas 900,00
f
Sabendo que no dia 18/Jan foi concluída a produção de 3 750 unidades do produto B, o qual teve um Custo Industrial de Produto Acabado
(CIPA) de 1,20 € por unidade, teremos então de reconhecer um ativo no montante de 3750 x 1,20 € = 4500 €.
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
18-01-200N Produção de 3750 un. do Produto B 34x Inventários – Produtos Acabados 4 500,00 F
731x Variação produção – Produtos Acabados 4 500,00
f
Uma vez que no dia 22/Jan se procedeu à venda ao cliente Beta S.A., de 2 750 unidades do produto B, pelo preço unitário de 4,40 €, há que
reconhecer o rédito da venda, o qual é de 2750 x 4,40 € = 12 100 €.
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
22-01-200N FT 123 – Venda de Produto A 3712x Vendas – Produtos Acabados 12 100,00
2433x IVA liquidado 12 783,00
2111x Clientes gerais 14 883,00
f
Nesta mesma data há que reconhecer o Custo Industrial dos Produtos Vendidos (CIPV), ou seja, reconhecer a saída dos produtos como
resultado da sua venda. O reconhecimento dos custos, terá em conta o valor do custo de produção unitário, o qual foi de 1,20 €. Uma vez que
se venderam 2 750 unidades, o CIPV é de: 2 750 x 1, 20 € = 3 300 €.
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
22-01-200N Custo industrial 731x Variação produção – Produtos Acabados 3 300,00 F
Produto vendido
34x Inventários – Produtos Acabados 3 300,00
f
5.3.8 – Casos práticos a resolver
Caso prático – 5.3.K: Operações com inventários
A entidade XPTO S.A., dedica-se ao comércio de equipamento informático e no corrente mês de Janeiro, nas datas que se indicam, já realizou
as seguintes operações, com utilização do Sistema de Inventário Intermitente (SII):
Dia 2 – Fatura n.º 245 do fornecedor Silva & Silva Lda., relativa à compra a prazo, a 30 dias, no seu armazém, de 25 computadores ABC
no valor de 25 000,00 €, a que acresce IVA – taxa 23%;
Dia 4 – Nota de crédito n.º 125 do fornecedor Silva & Ferreira Lda. relativa à n/devolução de 2 computadores (adquiridos no dia 2). A nota
de crédito recebida evidencia a regularização do IVA correspondente;
Dia 6 – N/ Fatura n.º 535 para o cliente Carlos Alberto, relativa à venda a crédito, a 60 dias, de 5 computadores tipo ABC a 1 250,00 € cada.
Esta operação está sujeita a IVA à taxa normal de 23%;
Dia 10 – N/Nota de crédito n.º 111 para o cliente Carlos Alberto, relativa à sua devolução de dois dos computadores que lhe haviam sido
vendidos no dia 6. A nota de crédito emitida regulariza o IVA correspondente;
Dia 10 – O cliente Carlos Alberto aproveitou a oportunidade e pagou a totalidade da sua dívida antecipadamente por transferência bancária,
tendo, em consequência sido concedido um desconto de pronto pagamento de 3%. Foi dada quitação da dívida através da emissão do
n/Recibo n.º 125.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Caso prático – 5.3.L: Operações com inventários
A empresa XPTO Lda., utiliza, na movimentação dos seus inventários o Sistema de Inventário Permanente (SIP) e, como fórmula de custeio, o
Custo médio ponderado.
No início do mês de Abril as fichas de registo de mercadorias apresentavam a seguinte posição:
ARTIGO DESCRIÇÃO QUANTIDADE CUSTO UNITÁRIO VALOR ( € )

Artigo n.º 1 Televisor ref. A24 10 2 725,00 17 250,00

Artigo n.º 2 Televisor ref. AB21 7 2 050,00 14 350,00

Artigo n.º 3 Leitor DVD ref. JKR 6 2 350,00 12 100,00

f
Nas datas assinaladas, realizou as seguintes operações:
Dia 1 – Fatura n.º 26 do fornecedor DE Export Gmbh, de Alemanha relativa à n/compra a prazo, no s/ armazém, com um desconto
comercial de 2%, de 100 unidades do Artigo 1, ao preço unitário de 800,00 €. Tratando-se de uma aquisição intracomunitária haverá que
deduzir e liquidar o IVA à taxa normal de 23%;

O transporte da mercadoria da origem para o nosso armazém foi efetuado pela transportadora nacional Empresa de Transportes
e Viagens, S.A., ascendeu a 600,00 €, mais IVA à taxa normal (23%), tendo sido emitida a fatura-recibo n.º 851. O pagamento foi
efetuado nesta data através de transferência bancária;

Dia 2 – Fatura n.º 1 da entidade Seguradora – Social SA, no montante de 300 € (isento de IVA) referente ao prémio de seguro das
mercadorias adquiridas na Alemanha;
Guia de entrada (G.E.) n.º 1 relativa à entrada das mercadorias no armazém da empresa, por compra ao fornecedor DE Export
Gmbh;

Dia 3 – N/Fatura n.º 2 para o cliente americano, USA Import Corporation, referente à venda “CIF – Nova Iorque” de 50 unidades do Artigo 1
no valor unitário de 1 250,00 €. Tratando-se de uma exportação não haverá lugar à liquidação do IVA;

Guia de saída (G.S.) n.º 1 relativa à saída do armazém das mercadorias para o cliente USA, Import Corporation;

Dia 4 – Fatura n.º 3 para o cliente ES, Importacion, SA de Espanha, relativa à venda a prazo, no armazém da empresa, com um desconto
comercial de 3%, de 50 unidades do Artigo 1, ao preço unitário de 1 200,00 €. Tratando-se de uma transmissão intracomunitária não
haverá lugar à liquidação do IVA;

G.S. n.º 2 relativa à saída do armazém das mercadorias vendidas ao cliente ES, Importacion, SA de Espanha;

Dia 5 – Fatura n.º 3083 do fornecedor, Comércio por Grosso, Lda., de Lisboa, relativa à compra a prazo com um desconto comercial de
4%, de 50 unidades do Artigo 2, ao preço unitário de 2 150,00 €. Acresce IVA à taxa de 23%.

G.E. n.º 2 relativa à entrada no armazém das mercadorias adquiridas ao fornecedor Comércio por Grosso Lda.;

Dia 6 – Fatura n.º 92 do fornecedor USA- Export Corporation, da qual constava o seguinte:

50 Unidades do Artigo 2 a custo unitário de 2 000 USD;


Despesas de transporte................ 250 USD;

(câmbios: EUR/USD = 1,4250);


Nota: Uma vez que se trata de uma importação, os impostos associados à aquisição serão pagos com recurso aos serviços de um
despachante.
Dia 7 – Envio ao consignatário JTL S.A., de 20 unidades do artigo 2 conforme G.S. n.º 1.
Dia 8 – O despachante Despachos S.A., remeteu a s/ conta de despacho, Fatura n.º 29, referente à aquisição do passado dia 06, da qual
constava a seguinte informação:
Serviços prestados pelo Despachante:

Honorários .................................. 600,00 € (sujeito a IVA);

Despesas pagas por conta da empresa pelo Despachante:

Impressos ...................................... 30,00 € (Sujeito a IVA);


Serviços de agenciamento .......... 100,00 € (Sujeito a IVA);

Dia 9 – Fatura-recibo n.º 30 do fornecedor Comércio por Grosso, Lda., de Loures, relativa à compra a pronto, no armazém da empresa, de
100 unidades do Artigo 3, ao preço unitário de 400,00 €. Condições de pagamento: 2% de desconto a 30 dias da fatura. Acresce IVA à taxa
de 23%.
Foi emitido o cheque n.º 3447 para liquidação da dívida

G.E. n.º 3 relativa à entrada do armazém das mercadorias adquiridas nesta data;

Dia 10 – Fatura n.º 4 para o cliente Comércio de Ferramentas e Utensílios Lda., de Almada, relativa à venda a prazo, conforme sua NE n.º
55, no armazém da empresa, de 40 unidades do Artigo 2, ao preço unitário de 2 500,00 € e 50 unidades do Artigo 3, ao preço unitário de
600,00 €;

G.S. n.º 3 relativa à saída do armazém do Artigo 2;


G.S. n.º 4 relativa à saída do armazém do Artigo 3;

Dia 16 – G.E. n.º 4, relativa à oferta pelo fornecedor Alfa S.A., de 2 unidades do Artigo 2 pelo preço unitário de 2 150,00 €;
Dia 17 – Guia de entrada n.º 5 relativa à entrada e conferência no armazém das mercadorias recebidas de F04-USA;
Dia 23 – Fatura n.º ٥ referente a uma oferta ao cliente Estrela Cadente S.A., de 1 unidades do Artigo 1.
G.S. n.º 5 relativa à saída do armazém das mercadorias oferecidas ao cliente.
Dia 24 – Foi identificada uma quebra de 2 unidades do Artigo 3, devido a roubo entretanto comunicado à PSP. A Cª de Seguros informou
que irá cobrir 90% do montante perdido.
G.S. n.º 6 relativa à regularização do armazém.
Dia 27 – Conta de venda n.º 35 enviada pelo consignatário JTL S.A., relativa à venda de 10 unidades do artigo 2 ao preço unitário de
2 500,00 €. Metade dos artigos foram vendidos ao cliente Marazul S.A., e a outra metade ao cliente NuvemVerde S.A.. Foram emitidas as
faturas n.º 6 e n.º 7, respetivamente aos clientes indicados

G.S. n.º 7 e n.º 8 relativa à saída do armazém do Artigo 2 vendido nesta data;

Dia 29 – Fatura n.º 108 respeitante à nota de despesas enviada pelo intermediário Vendas Futuras S.A. no montante de 300,00 €,
acrescidos de IVA à taxa normal de 23%. Esta fatura é referente às vendas efetuadas por consignação.
Pretende-se:
1. O reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade e o preenchimento das fichas de armazém dos
artigos, considerando a fórmula de custeio do custo médio ponderado;
2. O preenchimento das fichas de armazém para cada um dos artigos, considerando a fórmula de custeio FIFO.

5.4. PRESTAÇÕES DE SERVIÇOS


5.4.1 – Enquadramento
Aquando do reconhecimento das operações prestações de serviços, há que ter presente que estamos perante o reconhecimento de Rédito
(rendimento derivado da atividade operacional da entidade).
De acordo com o SNC, a norma que aborda esta temática é a NCRF 20 – Rédito. No seu parágrafo 4 é referido que as prestações de serviços
envolvem tipicamente o desempenho por uma entidade de uma tarefa contratualmente acordada durante um período de tempo acordado. Estes
serviços podem ser prestados dentro de um período único ou durante mais do que um período (NCRF 20 – §4).
Tal como referido no parágrafo 8 da referida norma, o rédito inclui somente os influxos brutos de benefícios económicos recebidos e a receber
pela entidade de sua própria conta, não incluindo as quantias cobradas por terceiros, como sejam os impostos sobre bens e serviços, ou o
imposto sobre o valor acrescentado, sendo assim excluídos do rédito.
Relativamente à mensuração do rédito, tal como consta no parágrafo 9 da NCRF 20, este deve ser mensurado pelo justo valor da retribuição
recebida ou a receber. Na grande maioria das operações, a mensuração corresponde ao preço acordado entre as partes para a prestação do
serviço em questão. Contudo, isto não é totalmente verdade, pois a norma aprofunda um pouco mais esta temática da mensuração do rédito,
principalmente pela associada à conceção de crédito. No entanto esta temática é um pouco mais complexa e como tal não será abordada
neste ponto.
Segundo o parágrafo 20 da NCRF 20, quando o desfecho de uma transação que envolva a prestação de serviços puder ser fiavelmente
estimado, o rédito associado com a transação deve ser reconhecido com referência à fase de acabamento da transação à data do balanço. É
ainda referido que o desfecho de uma transação pode ser fiavelmente estimado quando todas as condições seguintes forem satisfeitas:

A quantia de rédito possa ser fiavelmente mensurada;


Seja provável que os benefícios económicos associados à transação fluam para a entidade;
A fase de acabamento da transação à data do balanço possa ser fiavelmente mensurada; e
Os custos incorridos com a transação e os custos para concluir a transação possam ser fiavelmente mensurados

Assim, de acordo com o referido no parágrafo 20 da NCRF 20, para que o rédito com a prestação de serviços possa ser reconhecido, há que
primeiramente verificar se estão cumpridos cumulativamente os quatro pressupostos indicados, pois caso algum deles não se verifica, o rédito
não poderá ser reconhecido.
Posteriormente, verificando-se os critérios para o seu reconhecimento do rédito da prestação de serviços, este deve ser reconhecido com
referência à fase de acabamento, a qual é muitas vezes designada como sendo o método da percentagem de acabamento. Por este método, o
rédito é reconhecido nos períodos contabilísticos em que os serviços sejam prestados (NCRF 20 – § 21).
Após o enquadramento mais concetual e normativo da temática do rédito da prestação de serviços, passaremos então a abordar esta questão
de uma perspetiva mais simplista e prática.
Em termos contabilísticos, prestar um serviço, implica o reconhecimento de um rendimento, o qual poder ser designado de Rédito. Assim, a
prestação de serviços irá aumentar os resultados, o que se reflete no crédito na conta 72 – Rendimentos – Prestações de serviços. De acordo
com a nota de enquadramento da conta 72 – Prestações de serviços, esta conta respeita aos trabalhos e serviços prestados que sejam
próprios dos objetivos ou finalidades principais da entidade. Refere ainda que esta conta poderá integrar os materiais aplicados, no caso de
estes não serem faturados separadamente.
Deste modo, para refletir o rédito com a prestação dos serviços deverá usar-se a conta 72 – Prestações de serviços, a qual de acordo com o
plano de contas do SNC, apresenta o seguinte desdobramento:

72 – Prestações de serviços;
721 – Prestações de serviços – Serviço A;
722 – Prestações de serviços – Serviço B;
725 – Prestações de serviços – Serviços secundários;
728 – Prestações de serviços – Descontos e abatimentos.

De acordo com as contas identificadas anteriormente, sempre que se prestem serviços, haverá que registar rédito creditando a conta 721, 722
ou a 725, em função do tipo de serviços que estão a ser prestados. Contudo, se forem concedidos descontos e abatimentos nos serviços
prestados (descontos comerciais), haverá que reconhecer uma redução do valor do rendimento, ou seja, há que reduzir o rédito com a
prestação dos serviços. Para que tal seja reconhecido na contabilidade, haverá que debitar a conta 728 – Prestações de serviços – Descontos
e abatimentos.
Por outro lado, prestar serviços, irá originar uma dívida a receber do Cliente, ou seja, irá aumentar o ativo corrente. Para o reconhecimento da
dívida a receber do cliente, o plano de contas aprovado pelo SNS contempla a conta 2111 – Clientes C/C – Clientes gerais.
Em resumo, a prestação de serviços irá implicar reconhecer o aumento de rendimento, creditando a conta 72x – Prestações de serviços, e
implicará o reconhecimento de um ativo corrente (dívida a receber), debitando a conta 2111 – Clientes gerais.
Contudo, e tal como já referido anteriormente, um dos aspetos mais relevantes é a aplicação da percentagem de acabamento associado ao
rédito da prestação de serviços. Por este método, o rédito é reconhecido nos períodos contabilísticos em que os serviços sejam prestados o
que pode implicar o reconhecimento de acréscimos ou diferimentos de rédito.
Assim, se houver lugar ao reconhecimento do diferimento do rédito (rédito que deve ser reconhecido no período seguinte), deverá ser creditada
a conta 282 – Rendimentos a reconhecer. Normalmente este caso ocorre quando a entidade emite a fatura por um valor superior ao rédito que
pode ser reconhecido.
Por outro lado, de houver lugar ao acréscimo do rédito (nos casos em que não foi emitida fatura com o valor suficiente do rédito a reconhecer),
haverá que reconhecer esse rendimento creditando a conta 72 adequada, e como contrapartida, será debitada a conta 2721 – Devedores e
credores por acréscimos de rendimentos. Esta conta 2721 representa o ativo (direito a receber). O direito a receber não pode ser reconhecido
na conta 21 – Clientes pelo facto de não existir documento vinculativo da dívida (normalmente fatura).
Caso prático – 5.4.A: Prestação de serviços – percentagem de acabamento
A entidade XPTO S.A., dedica-se à prestação de consultadoria. No início do ano 200N, contratou com o cliente ALFA S.A. o serviço de
consultadoria para os próximos 2 anos. O preço do contrato foi contratualizado pelo valor de 100 000 €. Os custos totais estimados para
completar o contrato foram estimados em a 80 000 €. Conhecem-se os seguintes dados referentes a este contrato (valores em €):
200N 200N+1
Custos anuais 30 000 50 000

Custos estimados para completar o contrato 50 000 00 000

Faturação anual 35 000 65 000

Valor liquidado (recebido) 30 000 70 000

f
Pretende-se o reconhecimento contabilístico associado ao rédito da prestação de serviços no ano 200N e 200N+1, ignorando a
questão do IVA.
Resolução:
Em primeiro lugar haverá que proceder ao cálculo da percentagem de acabamento para assim conseguir identificar o valor a reconhecer de
rédito em cada período. A percentagem de acabamento pode ser calculada da seguinte forma:
Assim, a percentagem de acabamento em cada um dos períodos é a seguinte:
200N 200N+1
Valor do contrato 100 000 100 000

Custos acumulados 130 000 180 000

Custos estimados para completar o contrato 150 000 111 110

Custos totais estimados 180 000 180 000

% de Acabamento 37,50% 100,00%

Rédito do período 137 500 162 500

Réditos acumulados 137 500 100 000

Faturação anual 135 000 165 000

Diferença (Rédito vs faturação) 112 500 112 500

f
Ano 200N:
Em função da percentagem de acabamento encontrada para cada um dos períodos, conseguimos identificar qual o valor a ajustar ao rédito
(acréscimo ou diferimento). Assim, verificamos que o rédito a reconhecer no ano 200N é de 37 500 €. Como apenas foi emitida fatura pelo
montante de 35 000 €, há que reconhecer um acréscimo de rendimento no montante de 2 500 €.
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
200N Pela faturação do período 211x Clientes Gerais 35 000,00 F
72x Prestações de serviços 35 000,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
200N Pelo valor recebido 12x Clientes Gerais 30 000,00 F
2111x Clientes Gerais 30 000,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
200N Pelo valor acréscimo de rendimento 2721x Dev. Acréscimos rendimentos 2 500,00 F
(faturação inferior ao rédito)
72x Prestações de serviços 2 500,00
f
Ano 200N+1:
Em função da percentagem de acabamento encontrada para cada um dos períodos, verificamos que o rédito a reconhecer no ano 200N+1 é de
62 500 €. Como o valor da fatura emitida foi no montante de 65 000 €, há que regularizar o valor do rédito no montante de 2 500 € (reduzir o
valor do rendimento).
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
200N+1 Pela faturação do período 211x Clientes Gerais 65 000,00 F
72x Prestações de serviços 65 000,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
200N+1 Pela faturação do período 211x Clientes Gerais 65 000,00 F
72x Prestações de serviços 65 000,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
200N+1 Pelo valor recebido 12x Clientes Gerais 70 000,00 F

2111x Clientes Gerais 70 000,00


f
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
200N+1 Pela regularização do rédito 72x Prestações de serviços 2 500,00 F
2721x Dev. Acréscimos rendimentos 2 500,00
f
5.4.2 – Caso prático a resolver
Caso prático – 5.4.B: Prestação de serviços – percentagem de acabamento
A entidade XPTO S.A., dedica-se à prestação de consultadoria. No início do ano 200N, contratou com o cliente ALFA S.A. o serviço de
consultadoria para os próximos 2 anos. O preço do contrato foi contratualizado pelo valor de 125 000 €. Os custos totais estimados para
completar o contrato foram estimados em a 100 000 €. Conhecem-se os seguintes dados referentes a este contrato (valores em €):
200N 200N+1
Custos anuais 45 000 55 000

Custos estimados para completar o contrato 55 000 00 000

Faturação anual 75 000 50 000

Valor liquidado (recebido) 30 000 95 000

f
Pretende-se o reconhecimento contabilístico associado ao rédito da prestação de serviços no ano 200N e 200N+1, ignorando a
questão do IVA.

5.5. OPERAÇÕES COM ACRÉSCIMOS E DIFERIMENTOS


5.5.1 – Enquadramento
De acordo com a Estrutura Concetual (EC) do SNC, no seu parágrafo 22, um dos pressupostos subjacentes às demonstrações financeiras é o
regime do acréscimo. Através deste regime, os efeitos das transações e de outros acontecimentos são reconhecidos quando eles ocorram (e
não quando caixa ou equivalentes de caixa sejam recebidos ou pagos) sendo registados contabilisticamente e relatados nas demonstrações
financeiras dos períodos com os quais se relacionem. A alternativa a este regime, seria o regime de caixa, onde as transações e outros
acontecimentos seriam reconhecidos aquando do seu pagamento ou recebimento.
Deste modo, o regime do acréscimo é de extrema importância pois atende ao fluxo real dos rendimentos e dos gastos e não ao seu fluxo
monetário, permitindo assim que as demonstrações financeiras reflitam a imagem verdadeira e apropriada da entidade.
Em termos práticos, a aplicação do regime do acréscimo, envolve o reconhecimento de acréscimos (de gastos ou rendimentos) e o
reconhecimento de diferimentos (de gastos ou rendimentos). Reconhecer acréscimos implica trazer para a contabilidade gastos ou
rendimentos já incorridos e que por esse motivo devem ser reconhecidos e assim afetar os resultados da entidade. Por outro lado, reconhecer
diferimentos, implica diferir (reconhecer mais tarde) esses gastos ou rendimentos, pois não são gastos ou rendimentos do período e como tal
não devem afetar os resultados da entidade.
De acordo com o plano de contas aprovado pelo SNC, as contas relevantes para o reconhecimento dos acréscimos e diferimentos são as
seguintes:

272 – Devedores e credores por acréscimos (periodização económica):


2721 – Devedores por acréscimos de rendimentos;
2722 – Credores por acréscimos de gastos;
28 – Diferimentos:
281 – Gastos a reconhecer;
282 – Rendimentos a reconhecer.

De acordo com as notas de enquadramento do plano de contas SNC, a conta 272 – Devedores e credores por acréscimos, registam a
contrapartida dos rendimentos e dos gastos que devam ser reconhecidos no próprio período, ainda que não tenham documentação vinculativa,
cuja receita ou despesa só venha a ocorrer em período ou períodos posteriores. Assim, exemplos aplicáveis à conta 272 poderão ser:

2721 – Devedores por acréscimos de rendimentos:


(exemplo: juros de depósitos já vencidos mas que serão recebidos em períodos futuros, e que devem afetar já os resultados).
2722 – Credores por acréscimos de gastos:
(exemplo: consumos de água já incorridos e que devem afetar já os resultados, apesar de apenas serem faturados em períodos
futuros).
Por outro lado, a conta 28 – Diferimentos, compreende os gastos e os rendimentos que devam ser reconhecidos nos períodos seguintes (nota
de enquadramento SNC). Assim, exemplos aplicáveis à conta 28- Diferimentos poderão ser:

281 – Gastos a reconhecer:


(exemplo: rendas pagas antecipadamente e que devem afetar os resultados em períodos futuros).
282 – Rendimentos a reconhecer:
(exemplo: rendas recebidas antecipadamente e que devem afetar os resultados em períodos futuros).

Caso prático – 5.5.A: Acréscimos e diferimentos


A entidade XPTO S.A., dedica-se à prestação de consultadoria. No mês de dezembro do ano 200N, estavam por reconhecer as seguintes
operações:
02/Dez – Foi rececionada a Fatura-Recibo n.º 4321 referente ao prémio de seguro dos edifícios relativo ao período de 1/12/200N a
31/5/200n+1, no montante de 360,00 € (isento de IVA).
08/Dez – Foi paga por transferência bancária a renda do estabelecimento correspondente ao mês de janeiro de 200N+1, no valor de 3
000,00 €.
15/Dez – Foi emitida N/Fatura para o Cliente Alfa S.A., no montante de 1 500,00 €, relativa aos serviços de consultadoria a realizar no
próximo mês de janeiro (ignore o IVA).
30/Dez – Foram recebidos juros de um depósito a prazo, no valor de 1 500,00 € (isentos de impostos) e correspondentes ao período de
01/12/200N a 31/5/200N+1.
31/Dez – Foi recebida a informação de que a estimativa do consumo de eletricidade do mês de dezembro é 450,00 €. A fatura apenas
deverá ser recebida no próximo mês de janeiro.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade no mês de dezembro.
Resolução:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
02-12-200N FR 4321 – Seguro semestral (Dez a Maio) 6263x Seguros 360,00
281x Gastos a reconhecer 300,00
12x Depósitos à ordem 360,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
08-12-200N Renda diferida 281x Gastos a reconhecer 3 000,00 F
(Janeiro N+1)
12x Depósitos à ordem 3 000,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
15-12-200N Rendimentos a reconhecer 211x Clientes gerais 1 500,00 F
(Janeiro N+1)
282x Rendimentos a reconhecer 1 500,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
02-12-200N Juros de obrigações semestral (Dez a Maio) 7911x Juros obtidos – Depósitos 1 250,00
282x Rendimentos a reconhecer 1 250,00
12x Depósitos à ordem 1 500,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
31-12-200N Acréscimo – Estimativa do consumo eletricidade 6241x Eletricidade 450,00 F
2722x Credores por acréscimos de gastos 450,00
f
Caso prático – 5.5.B: Acréscimos e diferimentos
A entidade XPTO S.A., dedica-se à prestação de consultadoria. No mês de dezembro do ano 200N, ocorreram as seguintes operações:
02/Dez – Foi rececionada a Fatura-Recibo n.º 4321 referente ao prémio de seguro dos edifícios relativo ao período de 1/12/200N a
31/5/200N+1, no montante de 360,00 € (isento de IVA).
08/Dez – Foi paga por transferência bancária a renda do estabelecimento correspondente ao mês de janeiro de 200N+1, no valor de 3
000,00 €.
15/Dez – Foi emitida N/Fatura para o Cliente Alfa S.A., no montante de 1 500,00 €, relativa aos serviços de consultadoria a realizar no
próximo mês de janeiro (ignore o IVA).
30/Dez – Foram recebidos juros de um depósito a prazo, no valor de 1 500,00 € (isentos de impostos) e correspondentes ao período de
01/12/200N a 31/5/200N+1.
31/Dez – Foi recebida a informação de que a estimativa do consumo de eletricidade do mês de dezembro é 450,00 €. Contudo a fatura
recebida no mês de Janeiro evidência um consumo efetivo de 575,00 € (ignore o IVA).
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade no final do mês de janeiro de N+1.
Resolução:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
31-01-N+1 Gasto de seguro 6263x Seguros 60,00 F
Janeiro (Reg. Dez N)
281x Gastos a reconhecer 60,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
31-01-N+1 Renda 6261x Rendas e alugueres 3 000,00 F
Janeiro (Reg. Dez N)
281x Gastos a reconhecer 3 000,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
31-01-N+1 Reconhecimento 282x Rendimentos a reconhecer 1 500,00 F
Rendimento (Reg. Dez N)
72x Prestações de serviços 1 500,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
31-01-N+1 Juros de obrigações semestral (Reg. Dez N) 282x Rendimentos a reconhecer 250,00 F
7911x Juros obtidos – Depósitos 250,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
31-01-N+1 Fatura eletricidade (Reg. Dez N) 6241x Eletricidade 415,00
2722x Credores por acréscimos de gastos 450,00
2211x Fornecedores gerais 575,00
f
5.5.2 – Casos práticos a resolver
Caso prático – 5.5.C: Acréscimos e diferimentos
A entidade XPTO S.A., dedica-se à prestação de consultadoria. No mês de dezembro do ano 200N, foram obtidas as seguintes informações:
1. O depósito a prazo que a entidade detém no Banco Alfa, venceu juros referentes ao mês de dezembro, no montante de 350,00 €. Estes
juros apenas serão recebidos no final de junho de N+1.
2. A entidade recebeu a Fatura-recibo n.º 453 da seguradora Beta, S.A. referente ao seguro do edifício no valor 600,00 €. Este seguro tem
periodicidade semestral, com início em 01-dezembro N. A entidade procedeu ao pagamento do seguro também em dezembro de N por
transferência bancária.
3. A entidade recebeu a Fatura-recibo n.º 453 da seguradora Beta, S.A. referente ao seguro automóvel das suas viaturas no montante de 2
200,00 €. Este seguro tem periodicidade semestral, com início em 01 dezembro N. A entidade procedeu ao pagamento do seguro também
em dezembro de N por transferência bancária.
4. Fatura-Recibo n.º 123, referente à renda mês de janeiro de N+1, relativa ao contrato de arrendamento do armazém da sociedade, no
valor total de 4 200,00 € (isento de IVA e dispensado de retenção de IRC).
5. Estimativa do valor do consumo de água do mês de dezembro, no montante de 250,00 €.
6. N/Fatura n.º 456 para o Cliente Alfa S.A., referente aos serviços de assistência técnica do 1.º trimestre de N+1 no valor total de 1 500,00
€ (ignore o IVA).
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Caso prático – 5.5.D: Acréscimos e diferimentos
A entidade XPTO S.A., dedica-se à prestação de consultadoria. No mês de Janeiro do ano 200N+1, foram obtidas as seguintes informações:
1. A entidade é detentora de um depósito a prazo, a 6 meses, que se vence a 28 de fevereiro de N+1, assim como os respetivos juros. O
valor dos juros a receber na data de vencimento do depósito são no montante de 9 000,00 €. (Ignore o efeito dos impostos).
2. Rececionada a fatura da eletricidade, referente ao consumo ocorrido no mês de dezembro de N. A fatura apresenta o montante de
600,00 €. Os gastos com eletricidade relativos ao mês de dezembro/N haviam sido estimados nesse mês, no montante de 450,00 €
(Ignore o efeito do IVA).
3. Os gastos com comunicações (telefone fixo, fax e internet) relativos ao mês de dezembro/N, estimados em 350,00 €. Foram faturados e
cobrados pela Empresa de Comunicações, em janeiro de N+1. O seu valor ascendeu a 400,00 € (Ignore o efeito do IVA).
4. A entidade contraiu nesta data um empréstimo bancário (financiamento obtido) no montante de 100 000,00 €, com carência de
reembolso de capital de 1 ano e com juros postecipados a vencerem-se semestralmente. Os juros referentes ao mês de janeiro perfazem
a quantia de 750,00 €.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade

5.6. AQUISIÇÃO DE FORNECIMENTO E SERVIÇOS EXTERNOS (FSE’S)


5.6.1 – Enquadramento
Em termos gerais, adquirir fornecimentos e serviços externos, representa a aquisição dos mais diversos tipos de bens e serviços essenciais
ao exercício da atividade de qualquer entidade. Contabilisticamente, estamos perante o reconhecimento de gastos, os quais vão ter impacto
nos resultados da entidade que os adquire.
Contudo, um dos aspetos mais importantes a ter em conta aquando do reconhecimento de FSE’s,é sem dúvida a aplicação adequada do
regime do acréscimo (acréscimos e diferimentos). Assim, haverá que assegurar que os gastos são reconhecidos quando incorridos e não
quando pagos.
De acordo com o plano de contas aprovado pelo SNC, a conta 62 – Fornecimentos e serviços externos (FSE’s), apresenta a seguinte
estrutura:

621 – Subcontratos;
622 – Serviços especializados;
623 – Materiais;
624 – Energia e fluidos;
625 – Deslocações, estadas e transportes;
626 – Serviços diversos.

Contudo, para um melhor enquadramento da natureza do gasto com FSE’s, é importante ter presente a estrutura detalhada do plano de contas.
É o conhecimento mais aprofundado das contas disponíveis que irá facilitar o processo associado ao reconhecimento adequado dos respetivos
bens e ou serviços adquiridos.
Neste sentido, apresentamos a estrutura indicada no plano de contas SNC para a conta 62 – FSE’s:

621 Subcontratos 624 Energia e fluídos

6241 Eletricidade

622 Serviços especializados 6242 Combustíveis

6221 Trabalhos especializados 6243 Água

6222 Publicidade e propaganda 6248 Outros

6223 Vigilância e segurança 625 Deslocações, estadas e transportes

6224 Honorários 6251 Deslocações e estadas

6225 Comissões 6252 Transportes de pessoal

6226 Conservação e reparação 6253 Transportes de mercadorias

6228 Outros 6258 Outros

623 Materiais 626 Serviços diversos

6231 Ferramentas e utensílios de desgaste rápido 6261 Rendas e alugueres


6232 Livros e documentação técnica 6262 Comunicação

6233 Material de escritório 6263 Seguros

6234 Artigos para oferta 6264 Royalties

6238 Outros 6265 Contencioso e notariado

6266 Despesas de representação

6267 Limpeza, higiene e conforto

6268 Outros serviços


Posto isto, podemos dizer que o reconhecimento contabilístico da aquisição de bens e serviços, se resume ao reconhecimento dos gastos
(débito da conta 62 adequada), tendo normalmente por contrapartida o reconhecimento da dívida a pagar, por exemplo, creditando a conta 2211
– Fornecedores gerais. Contudo, voltamos a referir a importância da aplicação do regime do acréscimo, o que pode implicar o reconhecimento
de um acréscimo ou diferimento de gasto.
Caso prático – 5.6.A: Aquisição de FSE’s
A entidade XPTO S.A., dedica-se à prestação de consultadoria. No mês de janeiro do ano 200N, estavam por reconhecer as seguintes
operações (ignore qualquer efeito do IVA):
02/Jan – Foi rececionada a Fatura n.º 4321 do fornecedor Comunica S.A., referente à aquisição de diversos selos postais, no montante de
45,00 €.
08/Jan – Foi rececionada a Fatura n.º 457 do fornecedor Books S.A., referente à aquisição de dois livros de contabilidade, no montante total
de 75,00 €.
15/Jan – Foi rececionada a Fatura n.º 57 do fornecedor Papelarias S.A., referente à aquisição de 12 furadores e 10 agrafadores, no
montante total 115,00 €.
29/Jan – Foi rececionada a Fatura n.º 32 do fornecedor Hotéis S.A., referente à estadia de um dos funcionários da entidade, aquando da
visita aos clientes do norte do país. A fatura apresenta um montante total 175,00 €.
30/Jan – Foi rececionada a Fatura n.º 9876 do fornecedor Telemóveis S.A., referente às comunicações móveis realizadas durante o mês
de janeiro. A fatura apresenta um montante total 65,00 €.
31/Jan – Foi rececionada a Fatura n.º 158 do fornecedor Detergentes S.A., referente à aquisição de diversos produtos de limpeza,
solicitados pela funcionária responsável pela manutenção do edifício. A fatura apresenta um montante total de 55,00 €.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Resolução:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
02-01-200N Compra de selos postais 6262x Comunicação 45,00 F
2211x Fornecedores gerais 45,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
08-01-200N Compra de livros 6231x Livros e documentação técnica 75,00 F
2211x Fornecedores gerais 75,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
15-01200N Compra de material de escritório 6233x Material de escritório 115,00 F
2211x Fornecedores gerais 115,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
29-01-200N Estadia em hotel do funcionário 6251x Deslocações e estadas 175,00 F
2211x Fornecedores gerais 175,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
30-01-200N Comunicações móveis 6262x Comunicação 65,00 F
2211x Fornecedores gerais 65,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
31-01-200N Produtos de limpeza 6267x Limpeza, higiene e conforto 55,00 F
2211x Fornecedores gerais 55,00
f
5.6.2 – Caso prático a resolver
Caso prático – 5.6.B: Aquisição de FSE’s
A entidade XPTO S.A., dedica-se à prestação de consultadoria. No mês de janeiro do ano 200N, estavam por reconhecer as seguintes
operações (ignore qualquer efeito do IVA):
02/Jan – Foi rececionada a Fatura n.º 421 do fornecedor Jurídico S.A., referente à aquisição dos serviços jurídicos, no montante de 450,00
€.
08/Jan – Foi rececionada a Fatura n.º 47 do fornecedor Marketing S.A., referente à aquisição de diversos cartazes publicitários para
promover a entidade num evento que irá decorrer durante o corrente mês. A fatura apresenta um montante total de 750,00 €.
15/Jan – Foi rececionada a Fatura n.º 2 do Banco S.A., referente à comissão de manutenção de conta, no montante total 15,00 €.
29/Jan – Foi rececionada a Fatura n.º 32 do fornecedor Garrafeiras S.A., referente à aquisição de doze garrafas de vinho do porto para
oferecer aos melhores clientes da entidade. A fatura apresenta um montante total 325,00 €.
30/Jan – Foi rececionada a Fatura n.º 15 do fornecedor Conservatórias S.A., referente ao registo automóvel realizado na conservatória do
registo automóvel aquando da aquisição de uma viatura em 2.ª mão para uso dos funcionários. A fatura apresenta um montante total 70,00
€.
31/Jan – Foi rececionada a Fatura n.º 978 do fornecedor Combustíveis S.A., referente aos consumos de gasóleo referente ao mês de
janeiro. A fatura apresenta um montante total 350,00 €.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.

5.7. OPERAÇÕES COM O ESTADO


5.7.1 – Enquadramento
O Estado representa um elemento muito relevante e presente no circuito económico, por estabelecer as regras de tributação dos impostos e
taxas associados às operações desenvolvidas pelos diversos agentes económicos.
Antes de mais, é necessário estabelecer alguns conceitos relevantes para compreensão desta matéria, nomeadamente, o conceito de imposto
e de taxa.
De acordo com a Lei, os impostos assentam na capacidade contributiva, revelada, nos termos da lei, através do rendimento ou da sua
utilização e do património. Apenas o Estado pode cobrar impostos e não se obtém qualquer contrapartida do seu pagamento.
As taxas assentam na prestação concreta de um serviço público, na utilização de um bem do domínio público ou na remoção de um obstáculo
jurídico ao comportamento dos particulares. Existe uma contrapartida resultante do pagamento de uma taxa.
Os impostos podem ser diretos, em que irão incidir na tributação do rendimento o rendimento, e indiretos, em que irão incidir na tributação de
bens ou serviços.
5.7.2 – Imposto sobre o rendimento
5.7.2.1 – Imposto sobre o rendimento da entidade
As empresas que exerçam, a título principal, uma atividade comercial, industrial ou agrícola e as não residentes com estabelecimento estável
em Portugal, estão obrigadas ao pagamento do imposto sobre o seu rendimento. O Código do Imposto Sobre o Rendimento (CIRC) é o que
rege esta matéria fiscal.
O IRC, através da respetiva declaração periódica de rendimentos, respeitante a cada período, deve ser entregue até ao último dia, útil ou não,
do quinto mês do período seguinte a que o IRC diz respeito. Para a generalidade das entidades, cujo ano económico coincide com o ano civil,
trata-se do mês de maio.
Como o reconhecimento do gasto do imposto sobre o rendimento será efetuado em cada período mas o seu apuramento final, com a entrega
da declaração periódica de rendimentos e pagamento de imposto a ocorrer durante o período seguinte, estamos perante o reconhecimento de
uma “estimativa de imposto”.
Com a entrega da declaração periódica de rendimentos e pagamento final do imposto, caso a estimativa de imposto difira do imposto real será
reconhecida a diferença (positiva ou negativa) nos resultados do período. Caso a diferença seja positiva, em que a estimativa é superior ao
imposto real, reconhece-se um rendimento e, caso seja negativa, em que a estimativa é inferior ao imposto real, reconhece-se um gasto.
As entidades poderão ter a obrigatoriedade de efetuar pagamentos por conta do imposto sobre o rendimento das pessoas coletivas (IRC) ou do
imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS). Estes pagamentos consistem numa antecipação do imposto, proporcionado ao
Estado receitas antecipadas, face ao momento em que deverão entregar o imposto de cada período.
Os pagamentos antecipados podem ser de três tipos, tendo cada um deles regras diferentes de cálculo, mas serão reconhecidos de forma
idêntica na contabilidade por se tratarem de operações de natureza semelhante.
Os tipos de pagamentos antecipados são:

Pagamento por conta;


Pagamento especial por conta;
Pagamento adicional por conta.

Poderão existir retenções na fonte de IRC ou IRS efetuadas aos rendimentos obtidos por uma entidade. As retenções na fonte, conforme o
próprio nome indica, consistem na retenção (ou seja, uma não entrega) de parte do rendimento a quem o obtém e na entrega ao Estado em
nome do beneficiário desse mesmo rendimento, ficando este com um direito sobre o Estado no montante da retenção efetuada. As retenções
assentam numa percentagem que varia consoante o tipo de rendimento em causa.
De acordo com o plano de contas aprovado pelo SNC, as contas relevantes para o reconhecimento de operações que envolvam o imposto
sobre o rendimento da própria entidade são:

241 – Imposto sobre o rendimento (conta de balanço);


8121 – Imposto estimado para o período (conta de resultados).

Por ser uma única conta a ser movimentada, no que diz respeito à conta de balanço, torna-se pertinente ter presente que no código de contas
SNC, a conta 241 apresenta uma nota de enquadramento, a qual se demonstra importante para se perceber os reconhecimentos
contabilísticos associados a esta temática, nomeadamente:
Esta conta é debitada pelos pagamentos efetuados e pelas retenções na fonte a que alguns dos rendimentos da entidade estiverem sujeitos.
No fim do período será calculada, com base na matéria coletável estimada, a quantia do respetivo imposto, a qual se registará a crédito desta
conta.
Internamente, cada entidade pode e deve criar subcontas para cada tipo de operação.
Caso prático – 5.7.A: Estimativa de imposto
A entidade XPTO S.A., dedica-se ao comércio do Produto A. Durante as operações de fecho de 200N efetuou o reconhecimento da estimativa
de imposto referente ao mesmo período, no montante de 12 100 €, com data de 31 de dezembro de 200N.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Resolução:
Haverá que se reconhecer a dívida a pagar ao estado (conta 241x) e a redução ao resultado (conta 8121):
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
31-12-200N Estimativa de imposto de 200N 8121 Imposto estimado para o período 12 100,00 F
241x Imposto sobre o rendimento 12 100,00
f
Caso prático – 5.7.B: Pagamento por conta
A entidade XPTO S.A., dedica-se ao comércio do Produto A. No dia 25 de setembro efetuou o seu segundo pagamento por conta, referente ao
período 200N, no montante de 1 500 €.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Resolução:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
25-09-200N Pagamento por conta 241x Imposto sobre o rendimento 1 500,00 F
12x Depósitos à ordem 1 500,00
f
Caso prático – 5.7.C: Retenção na fonte
A entidade XPTO S.A., dedica-se ao comércio do Produto H e é detentora de um armazém que, por não utilizar, arrendou à entidade ABC, Lda.,
pelo montante de 4 000 € mensais. Em fevereiro de 200N realizou as seguintes operações:
04/02/200N – Recebimento por transferência bancária da renda do mês de fevereiro (sujeita a retenção na fonte de 25%). Nesta data foi
emitida a Fatura n.º 123.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Resolução:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
04-02-200N Retenção da fonte 12x Depósitos à ordem 3 000,00
241x Imposto sobre o rendimento 1 000,00
7873 Rendas e outros rendimentos em propriedades de investimento 4 000,00
f
Caso prático – 5.7.D: Pagamento final de imposto sobre o rendimento
A entidade XPTO S.A., dedica-se ao comércio do Produto C. Em maio de 200N procedeu à entrega da declaração periódica de rendimentos
referente ao período de 200N1 e ao pagamento final do respetivo imposto sobre o rendimento.
Sabe-se as seguintes informação relativas à entidade:

Estimativa de imposto reconhecida em 200N-1: 32 250 €;


Pagamentos por conta efetuados em 200N-1: 8 560 €;
Retenções na fonte relativas a 200N-1: 1 550 €
Imposto real do período de 200N-1: 33 650 €

24/05/200N – Pagamento final do imposto sobre o rendimento referente ao período de 200N-1.


Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Resolução:
Na resolução deste caso, considerando que não foi indicado o montante do pagamento efetivo para o Estado, será necessário efetuar um
cálculo auxiliar.
Tendo em conta que o imposto real do período é no montante de 33 650 € e, ao Estado já foram efetuados pagamentos antecipados, o
pagamento final do imposto sobre o rendimento será apenas no montante em falta:
Pagamento final: 33 650 € - 8 560 € - 1 550 € = 23 540 €
Considerando que o imposto real é superior ao estimado, irá verificar-se uma insuficiência da estimativa para impostos, originando o
reconhecimento de um gasto pela respetiva diferença:
Insuficiência da estimativa para impostos: 33 650 € - 32 250 € = 1 400 €
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
24-05- Pagamento final de Imposto sobre o rendimento de 200N- 241x Imposto sobre o rendimento – Imposto estimado 32 250,00
200N 1
241x Imposto sobre o rendimento – Pagamento por conta 28 560,00
241x Imposto sobre o rendimento – Retenção da fonte 21 550,00
6885 Insuficiência da estimativa para impostos 31 400,00
12x Depósitos à ordem 23 540,00
f
5.7.2.2 – Retenção de imposto sobre o rendimento
Quando se fala em retenções de imposto sobre o rendimento refere-se às retenções que a entidade efetua a terceiros, ou seja, não entrega
parte do rendimento que à outra parte mas irá entregar ao Estado em nome desta.
As retenções devem ocorrer, de modo geral, no momento do pagamento ou colocação à disposição do rendimento em causa.
Assim, quando uma entidade efetua uma retenção de imposto sobre o rendimento, irá reconhecer uma obrigação de entregar ao Estado, em
vez do beneficiário do rendimento, aquele montante retido.
As retenções podem recair sobre sujeitos passivos de IRC ou IRS e em diversas naturezas de rendimentos, tais como:

Trabalho dependente;
Trabalho independente;
Capitais;
Prediais.

A comunicação dos montantes das retenções efetuadas dos rendimentos de trabalho dependente deve ser efetuada até dia 10 do mês
seguinte ao mês a que diz respeito e para os restantes rendimento através de uma declaração anual entregue até ao dia 10 de fevereiro de
cada ano relativa aos rendimentos do ano anterior.
O pagamento de qualquer retenção, independentemente da natureza do seu rendimento, deverá ocorrer até ao dia 20 do mês seguinte ao mês
em que os montantes foram retidos.
No que se refere às retenções de trabalho dependente, como referido, a retenção é criada no momento do pagamento ou colocação à
disposição do vencimento do colaborador, que será abordado no subcapítulo “5.8. Gastos com o pessoal”, sendo que neste ponto apenas se
irá abordar o pagamento ao Estado dessa retenção.
De acordo com o plano de contas aprovado pelo SNC, a conta relevante para o reconhecimento de operações que envolvam as retenções de
imposto sobre o rendimento é:

242 – Retenções de impostos sobre o rendimento;

Por ser uma única conta a ser movimentada, torna-se pertinente ter presente que no código de contas SNC, a conta 242 apresenta uma nota
de enquadramento, a qual se demonstra importante para se perceber os reconhecimentos contabilísticos associados a esta temática,
nomeadamente:
Esta conta movimenta a crédito o imposto que tenha sido retido na fonte relativamente a rendimentos pagos a sujeitos passivos de IRC ou de
IRS, podendo ser subdividida de acordo com a natureza dos rendimentos.
Caso prático – 5.7.E: Retenção de imposto sobre o rendimento de trabalho independente
A entidade XPTO S.A., dedica-se ao comércio do Produto D. Em maio de 200N a entidade contratou os serviços de um advogado para
assessoria jurídica, no montante de 400 €, pagos no dia 10 de maio através de transferência bancária. Nesse mesmo dia o advogado, o senhor
António Silva, emitiu e entregou à entidade a sua fatura-recibo n.º 450. Este serviço é sujeito a retenção na fonte em 25% e, por simplificação,
ignore qualquer efeito do IVA.
A retenção efetuada foi entregue ao Estado no dia 18 de junho de 200N.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Resolução:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
10-05-200N Serviço de assessoria jurídica 6224x Honorários 400,00
242x Retenção de imposto sobre o rendimento 100,00
12x Depósitos à ordem 300,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
18-06-200N Entrega de retenção ao Estado 242x Retenção de imposto sobre o rendimento 100,00 F
12x Depósitos à ordem 100,00
f
Caso prático – 5.7.F: Retenção de imposto sobre rendimentos prediais
A entidade XPTO S.A. (inquilina), dedica-se ao comércio do Produto S e desenvolver a sua atividade num armazém que tem arrendado ao
senhor Joaquim Silva (senhorio), pelo montante de 1 200 € mensais. A entidade realizou as seguintes operações:
04/03/200N – Pagamento por transferência bancária da renda do mês de março (sujeita a retenção na fonte de 25%). Nesta data foi
emitido o recibo de renda n.º 321 pelo senhor Joaquim Silva.
16/04/200N – Entrega ao Estado do montante retido.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Resolução:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
04-03-200N Renda do armazém do mês de março 6261x Rendas e alugueres 1 500,00
242x Retenção de imposto sobre o rendimento 1 375,00
12x Depósitos à ordem 1 125,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
16-04-200N Entrega de retenção ao Estado 242x Retenção de imposto sobre o rendimento 375,00 F
12x Depósitos à ordem 375,00
f
f
Caso prático – 5.7.G: Entrega da retenção de imposto sobre rendimentos de trabalho dependente
A entidade XPTO S.A., dedica-se ao comércio do Produto S. A entidade realizou as seguintes operações:
16/04/200N – Entrega ao Estado do montante retido relativo aos vencimentos do mês de março dos seus colaboradores. O montante total
das retenções efetuadas é de 3 100 €.
Nota: Como já referido anteriormente, o momento de obrigação de retenção de imposto ocorre no processamento e pagamento dos salários,
temática que é abordada no ponto 5.8 deste E-Book.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Resolução:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
16-04-200N Entrega de retenção ao Estado 242x Retenção de imposto sobre o rendimento 3 100,00 F
12x Depósitos à ordem 3 100,00
f
5.7.3 – Imposto sobre o valor acrescentado (IVA)
O Imposto Sobre o Valor Acrescentado (IVA) é um imposto indireto por recair sobre o consumo de bens e serviços.
O Código do Imposto Sobre o Valor Acrescentado (CIVA) é o diploma legal que regula esta matéria.
O IVA é um imposto plurifásico que surge em cada uma das fases entre o produtor e o consumidor final, que será liquidado (cobrado) por quem
efetuar a operação ativa (venda ou prestação de serviço) e deduzido por quem efetuar a operação passiva (compra), sendo que o consumidor
final será quem suporta o IVA de todas as fases anteriores por não ser um sujeito passivo do imposto.
O IVA incide também sobre os adiantamentos efetuados por clientes, ou seja, existirá liquidação de IVA quando existir a antecipação de
pagamento face à venda de um bem ou prestação de um serviço.
O CIVA refere quais as operações que deverão estar sujeitas a IVA e liquidar o respetivo imposto e indica quais são as operações que são
passíveis de dedução do imposto nas suas aquisições.
De acordo com o CIVA, as taxas de IVA, em vigor no Continente e nas Ilhas são as seguintes:
ILHA DA MADEIRA ILHAS DOS AÇORES
Taxa reduzida 5% 4%

Taxa intermédia 12% 9%

Taxa normal 22% 18%

As operações sujeitas à taxa reduzida estão descritas na Lista I do CIVA e as operações sujeitas à taxa intermédia estão descritas na Lista II.
Existem operações que poderão estar isentas de IVA, ou seja, não irá incidir qualquer montante de imposto sobre estas operações.
Ao abordar o IVA é necessário também referir as operações com o exterior, nomeadamente operações com países da União Europeia e com
outros países.
Sendo o IVA um imposto que incide sobre o consumo, a sua tributação deve ter lugar no país onde ocorre esse consumo.
Assim, importa referir, embora sucintamente, os tratamentos das operações entre sujeitos passivos de países da União Europeia:

Transmissão intracomunitária: Isento IVA art. 14.º do Regime do IVA nas Transações Intracomunitárias (RITI).
Aquisição intracomunitária: Reverse charge – Cabe ao adquirente na sua declaração periódica de IVA considerar o imposto da
transação simultaneamente com o IVA a pagar (liquidado) e a recuperar do Estado (dedutível).

O tratamento das operações com países terceiros são designadas como:

Importações: O IVA é liquidado pelos serviços alfandegários.


Exportações: Operações isentas de imposto nos termos do art. 14.º do CIVA.

Relativamente à dedutibilidade do IVA, nem sempre existe e o CIVA refere as operações em que é permitida a dedução do imposto suportado
nas aquisições e também as operações em que parte ou todo o IVA não é passível de dedução.
O princípio geral do IVA baseia-se na necessidade da operação para a atividade da entidade e, assim, para as operações que liquidem IVA,
considerando então que o imposto das despesas cujas caraterísticas as tornem facilmente desviáveis para consumos particulares ou pouco
essenciais à atividade produtiva não são passíveis de dedução no todo ou em parte.
Algumas das despesas mais frequentes em que não é permitida a dedução de IVA no seu todo ou em parte são as relacionadas com:
Viaturas de turismo;
Barcos de recreio;
Helicópteros;
Aviões, motos e motociclos;
Gasolina para transporte;
50% do valor do gasóleo;
Despesas de divertimento e de luxo.

No que diz respeito a regularizações de IVA, estas poderão ser consideradas de duas formas:

A favor da entidade: Quando o valor tributável de uma operação ativa ou o respetivo imposto sofrerem uma retificação para menos,
por ter existido uma liquidação superior face à nova realidade, existirá uma regularização a favor da entidade.
A favor do Estado: Quando o valor tributável de uma operação passiva ou o respetivo imposto sofrerem uma retificação para menos,
por ter existido uma dedução superior face à nova realidade, existirá uma regularização a favor do Estado.

A entrega do IVA ao Estado compreende uma tarefa designada de apuramento de IVA que poderá ser efetuada num regime mensal ou num
regime trimestral.
As entidades que se enquadrem no regime mensal deverão efetuar a entrega da declaração periódica do IVA até ao dia 10 do segundo mês
seguinte ao mês a que o imposto diz respeito e efetuar o pagamento, caso exista IVA a pagar resultante do apuramento, até cinco dias depois,
ou seja, até dia 15.
As entidades que se enquadrem no regime trimestral deverão efetuar a entrega da declaração periódica do IVA até ao dia 15 do segundo mês
seguinte ao trimestre a que o imposto diz respeito e efetuar o pagamento, caso exista IVA a pagar resultante do apuramento, até cinco dias
depois, ou seja, até dia 20.
Admita-se um determinado circuito económico com os seguintes intervenientes:

Produtor;
Grossista;
Retalhista; e
Consumidor Final.

O Produtor produz um determinado produto que o vende ao Grossita pelo montante de 1 000 €, que por sua vez o vende ao Retalhista por 1
200 € e que por sua vez o vende ao consumidor final por 1 500 €. Assumindo que a operação está sujeita à taxa de IVA normal, temos o
seguinte circuito:

f
De acordo com o plano de contas aprovado pelo SNC, as contas relevantes para o reconhecimento de operações que envolvam o IVA são:

2431 – IVA Suportado;


2432 – IVA Dedutível;
2433 – IVA Liquidado;
2434 – IVA Regularizações;
2435 – IVA Apuramento;
2436 – IVA a Pagar;
2437 – IVA A Recuperar;
2438 – IVA Reembolsos pedidos;
2439 – IVA Liquidações oficiosas.

No que respeita ao apuramento de IVA, este consiste na transferência dos saldos das contas de 2432 (IVA Dedutível), 2433 (IVA Liquidado),
2434 (IVA regularizações) e 2437 (IVA a Recuperar) para a conta 2435 (IVA Apuramento).
Após esta transferência, verifica-se como se apresenta o saldo que a conta 2435 sendo que se:

O saldo for credor, significa que a entidade tem IVA a entregar ao Estado, será transferido para a conta 2436;
O saldo for devedor, significa que a entidade tem um crédito de IVA perante o Estado, será transferido para a conta 2437 e utilizado
num apuramento seguinte.

Caso a entidade tenha IVA a pagar, este será pago nas datas limite já referidas anteriormente, consoante o regime de IVA da entidade.
Caso a entidade pretenda pedir o reembolso do IVA que tem a recuperar, efetua o pedido e o saldo da conta 2437 é transferido para a conta
2438. Em caso de pedido de reembolso não se poderá utilizar esse montante num apuramento seguinte ainda que a entidade não tenha
recebido o reembolso.
Em esquema, o apuramento de IVA desenrola-se da seguinte forma:

f
Caso prático – 5.7.H: Apuramento de IVA
A entidade XPTO S.A., dedica-se ao comércio do Produto S e está enquadrada no regime mensal de IVA. Retiraram-se as seguintes
informações da conta 243 – Imposto Sobre o Valor Acrescentado relativas ao mês de março de 200N:
Conta Saldos
Código Nome Devedores Credores
2432 IVA Dedutível 62 320,00

2433 IVA Liquidado 72 510,00

24341 IVA Regularizações – a favor da empresa 62 550,00

24342 IVA Regularizações – a favor do Estado 62 460,00

2436 IVA a Pagar


2437 IVA a Recuperar 65 300,00
2438 IVA Reembolsos pedidos 15 800,00

Total: 83 970,00 72 970,00


f
Pretende-se o reconhecimento do apuramento de IVA no diário da entidade.
Resolução:
Apesar da entidade apresentar um saldo devedor na conta 2438, como o reembolso foi pedido, este montante não será considerado no
apuramento do mês em causa.
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
31-03-200N Apuramento de IVA 2433 IVA Liquidado 72 510,00
24342 IVA Regularizações – a favor do Estado 72 460,00
2432 IVA Dedutível 62 320,00
24341 IVA Regularizações – a favor da empresa 62 550,00
2437 IVA a Recuperar 65 300,00
2435 IVA Apuramento 64 800,00

f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
31-03-200N Apuramento de IVA 2435 IVA Apuramento 4 800,00 F
2436 IVA a Pagar 4 800,00
f
5.7.4 – Segurança Social
A Segurança Social tem como objetivos assegurar direitos básicos dos cidadãos e a igualdade de oportunidades, bem como, promover o bem-
estar e a coesão social para todos os cidadãos portugueses ou estrangeiros que exerçam atividade profissional ou residam no território.
Como tal, a Segurança Social necessita que sejam feitas contribuições para que possa cumprir com os seus objetivos e, regra geral, as
contribuições para a Segurança Social são devidas pelas entidades empregadores e pelos trabalhadores.
O Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social é o diploma legal que regula esta matéria.
No que concerne à taxa contributiva do regime geral, cabe às entidades empregadoras a contribuição de 23,75% e de 11% aos trabalhadores.
A comunicação dos montantes das contribuições para a Segurança Social deve ser efetuada até dia 10 do mês seguinte ao mês a que diz
respeito e o pagamento das contribuições até ao dia 20.
Existem outros regimes de contribuição que devem ser analisados à luz do Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de
Segurança Social mas serão reconhecidos de forma idêntica na contabilidade por se tratarem de operações de natureza semelhante.
No que se refere à contribuição para a Segurança Social, a mesma é criada no momento do processamento do vencimento do colaborador,
que será abordado no subcapítulo “5.8. Gastos com o pessoal”, sendo que neste ponto apenas se irá abordar o pagamento ao Estado desta
contribuição.
De acordo com o plano de contas aprovado pelo SNC, a conta relevante para o reconhecimento de operações que envolvam as contribuições
para a Segurança Social é:

245 – Contribuições para a Segurança Social;

Caso prático – 5.7.I: Entrega das contribuições para a Segurança Social


A entidade XPTO S.A., dedica-se ao comércio do Produto S. A entidade realizou as seguintes operações:
17/04/200N – Entrega ao Estado do montante das contribuições para a Segurança Social relativo aos vencimentos do mês de março dos
seus colaboradores. O montante total das retenções efetuadas é de 5 700 €.
Nota: Como referido, o momento de obrigação da contribuição para a Segurança Social ocorre no processamento e pagamento dos salários
que será abordado mais à frente.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Resolução:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
17-04-200N Entrega de retenção ao Estado 245x Contribuições para a Segurança Social 5 700,00 F
12x Depósitos à ordem 5 700,00
f
5.7.5 – Casos práticos a resolver
Caso prático – 5.7.J: Pagamento final de imposto sobre o rendimento
A entidade XPTO S.A., dedica-se ao comércio do Produto AB. Em maio de 200N procedeu à entrega da declaração periódica de rendimentos
referente ao período de 200N1 e ao pagamento final do respetivo imposto sobre o rendimento.
Sabe-se as seguintes informação relativas à entidade:

Estimativa de imposto reconhecida em 200N-1: 23 250 €;


Pagamentos por conta efetuados em 200N-1: 6 870 €;
Retenções na fonte relativas a 200N-1: 2 150 €;
Imposto real do período de 200N-1: 22 620 €.

24/05/200N – Entrega da declaração periódica de rendimentos e pagamento final do imposto sobre o rendimento referente ao período de
200N-1.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Caso prático – 5.7.K: Retenção de imposto sobre o rendimento de trabalho independente
A entidade XPTO S.A., dedica-se ao comércio do Produto F. Em setembro de 200N a entidade contratou os serviços de um prestador de
serviços de limpeza, independente, no montante de 800 €. O serviço foi prestado durante o mês de setembro e pago no dia 25 do mesmo mês,
através de transferência bancária. Nesse mesmo dia o prestador de serviços, o senhor José Santos, emitiu e entregou à entidade a sua fatura-
recibo n.º 540. Este serviço é sujeito a retenção na fonte em 25% e, por simplificação, ignore qualquer efeito do IVA.
A retenção efetuada foi entregue ao Estado no dia 18 de outubro de 200N.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Caso prático – 5.7.L: Entrega das retenções de rendimentos de trabalho dependente e das contribuições para a Segurança
Social
A entidade XPTO S.A., dedica-se ao comércio do Produto M. A entidade realizou as seguintes operações:
18/12/200N – Entrega ao Estado do montante das retenções dos rendimentos de trabalho dependente relativas aos vencimentos do mês
de novembro dos seus colaboradores. O montante total das retenções efetuadas é de 1 050 €.
19/12/200N – Entrega ao Estado do montante das contribuições para a Segurança Social relativo aos vencimentos do mês de novembro
dos seus colaboradores. O montante total das contribuições para a Segurança Social é de 4 350 €.
Nota: Como referido, o momento de obrigação da contribuição para a Segurança Social ocorre no processamento e pagamento dos salários
que será abordado mais à frente.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Caso prático – 5.7.M: Operações e apuramento de IVA
A entidade XPTO S.A., dedica-se ao comércio do Produto K e está enquadrada no regime trimestral de IVA.
A não detinha inventários no início do mês de junho, adota o sistema de inventário permanente e o custo médio ponderado como fórmula de
custeio das saídas.
Retiraram-se as seguintes informações da conta 243 – Imposto Sobre o Valor Acrescentado relativas aos meses de abril e maio de 200N:
Conta Saldos
Código Nome Devedores Credores
2432 IVA Dedutível 45 680,00

2433 IVA Liquidado 53 120,00

24341 IVA Regularizações – a favor da empresa 45 750,00

24342 IVA Regularizações – a favor do Estado 53 310,00

2436 IVA a Pagar


2437 IVA a Recuperar 44 580,00

2438 IVA Reembolsos pedidos 42 500,00

Total: 93 510,00 53 430,00


f
Durante o mês de junho realizou as seguintes operações:
02/06 – V/Fatura/Recibo n.º 120, referente a aquisição de material de escritório, no montante de 100 €, sujeitos a IVA à taxa normal, pagos
por caixa, ao fornecedor Agrafos, Lda. O IVA desta operação é dedutível.
07/06 – V/Fatura A5336542, referente às comunicações do mês anterior, no montante de 140 €, sujeitos a IVA à taxa normal, em
condições de crédito de 30 dias. No mês anterior tinha sido efetuado um acréscimo de gasto relativo a esta operação no montante de 125
€. O IVA desta operação é dedutível.
08/06 – V/Fatura/Recibo n.º A450, referente ao abastecimento de combustível na viatura ligeira de mercadorias, no montante de 86,10 €,
com IVA incluído, pago por caixa. O IVA desta operação é dedutível em 50%.
12/06 – V/Fatura n.º 820, referente à aquisição de 100 unidades do produto K, ao fornecedor Vendex, Lda., no montante de 75 €/cada,
sujeitos a IVA à taxa normal, em condições de crédito a 60 dias. O IVA desta operação é dedutível.
15/06 – N/ Fatura n.º 56, referente à venda de 80 unidades do produto K, ao cliente Xandax, SA, no montante total de 12 000 €, sujeitos a
IVA à taxa normal, em condições de crédito de 30 dias.
18/06 – N/ Fatura n.º 57, referente ao adiantamento, com preço fixado, do cliente Paved Lda., no montante de 2 000 €, sujeitos a IVA à taxa
normal. O adiantamento foi recebido através de transferência bancária.
20/06 – V/Fatura/Recibo n.º C875, referente à reparação da nossa viatura ligeira de passageiros, no montante de 550 €, sujeitos a IVA à
taxa normal, liquidada por transferência bancária. O IVA desta operação não é dedutível.
26/06 – V/Fatura n.º R123, referente à aquisição de um serviço de limpeza que prestado no mês de julho, no montante de 1 000 €, sujeitos
a IVA à taxa normal, em condições de crédito de 15 dias. O IVA desta operação é dedutível.
Pretende-se o reconhecimento das operações do mês de junho e do apuramento de IVA no diário da entidade.

5.8. GASTOS COM O PESSOAL


5.8.1 – Enquadramento
Relativamente à temática dos gastos com o pessoal, esta está contemplada na NCRF 28 – Benefícios dos Empregados.
De acordo com a NCRF 28, nomeadamente no seu parágrafo 8, consideram-se benefícios dos empregados todas as formas de remuneração
dadas por uma entidade em troca do serviço prestado pelos empregados.
Tendo em conta o objetivo deste E-Book, apenas abordaremos neste capítulo os benefícios a curto prazo dos empregados. De acordo com o
parágrafo 11 da referida NCRF, estes benefícios devem ser reconhecidos no período em que o empregado prestou serviço e em que a
remuneração é exigível. Podem verificar-se algumas situações de desfasamentos temporais, que obrigarão a tratamento adequado e eventuais
diferimentos ou acréscimos como, por exemplo, os direitos adquiridos com férias, subsídios de férias e de Natal e como os planos de
participação nos lucros e de bónus.
De acordo com a NCRF 28, parágrafo 9, os benefícios a curto prazo dos empregados incluem itens tais como:

Salários, ordenados e contribuições para a segurança social;


Ausências permitidas a curto prazo (tais como licença anual paga e licença por doença paga) em que se espera que as faltas
ocorram dentro de doze meses após o final do período em que os empregados prestam o respetivo serviço;
Participação nos lucros e bónus pagáveis dentro de doze meses após o final do período em que os empregados prestam o respetivo
serviço; e
Benefícios não monetários (tais como cuidados médicos, habitação, automóvel e bens ou serviços gratuitos ou subsidiados) para os
empregados correntes.

Posto isto, contabilisticamente, o reconhecimento dos benefícios dos empregados, implica o reconhecimento de gastos com o pessoal, o qual
deverá ser repartido entre gastos relativos aos órgãos sociais (ex: gerentes e administradores) e pessoal com contrato de trabalho com a
entidade (trabalhadores dependentes).
De acordo com a legislação fiscal (Imposto Sobre Rendimento de Pessoas Singulares– IRS) e a legislação parafiscal (Código contributivo–
Segurança Social), os rendimentos de trabalho dependente, na generalidade, são sujeitos aos seguintes descontos:

Contribuições para a Segurança Social;


Retenção de IRS;
Outros (Ex: penhoras, quotizações sindicais, entre outros)

No que diz respeito às contribuições para a segurança social, os trabalhadores em geral, assim como os membros dos órgãos estatutários
que exerçam funções de gerência ou de administração, contribuem com uma taxa de 11%, enquanto a entidade empregadora contribui com
uma taxa de 23,75%.
Relativamente à retenção de IRS, esta está dependente do montante total dos abonos, sujeitos a imposto, bem como da situação fiscal (estado
civil, número de titulares de rendimento do agregado familiar, existência de situação de deficiência, nº de dependentes e nº de titulares) do titular
dos rendimentos. Na prática, a taxa de retenção na fonte (IRS) a aplicar, é a que consta das tabelas de retenção na fonte publicadas
anualmente, as quais podem ser obtidas no site da Autoridade Tributária e Aduaneira.
Relativamente aos encargos por conta da entidade patronal, para além da contribuição para a segurança social, surgiu uma nova obrigação a
partir de 2013 (aplicável aos contratos de trabalho celebrados após 01/10/2013), nomeadamente o Fundo de Compensação do Trabalho (FCT)
e Fundo de Garantia de Compensação do Trabalho (FGCT). O FCT e FGCT são fundos de adesão individual e obrigatória por parte da entidade
empregadora, a qual fica obrigada a contribuições mensais, a qual corresponde a 1% relativamente à retribuição base e diuturnidades por cada
trabalhador abrangido, sendo repartido na seguinte proporção:

0,925% Para o FCT ou Mecanismo Equivalente (ME);


0,075% para o FGCT.

O FCT é um fundo de capitalização individual destinado ao pagamento parcial (até 50%) da compensação por cessação do contrato de
trabalho dos seus trabalhadores. Deste modo, contabilisticamente, a contribuição para o FCT é reconhecida como um investimento (415x –
Outros investimentos financeiros), pois, em boa verdade, a entidade empregadora investe num fundo, o qual poderá vir a resgatar no futuro.
Reconhecimento contabilístico (FCT):
CONTA DÉBITO CRÉDITO

Obrigação 415x – Outros investimentos financeiros (remuneração base + diuturnidades) x 0,925%


FCT
248 – Outras tributações (remuneração base + diuturnidades) x 0,925%
f
Por outro lado, O FGCT destina-se, a assegurar o direito dos trabalhadores ao recebimento de metade (50%) da compensação devida pelo
empregador, por cessação do contrato de trabalho. Assim, o seu objetivo é assegurar parte das indemnizações não garantidas pelo FCT,
podendo ser acionado pelos trabalhadores se as empresas estiverem insolventes ou não tiverem capacidade para pagar as indemnizações.
Deste modo, a entidade contribui para este fundo, mas nunca proceder ao seu resgate e como tal, contabilisticamente deverá ser reconhecido
como um gasto com o pessoal (635 - Encargos sobre remunerações).
Reconhecimento contabilístico (FGCT):
CONTA DÉBITO CRÉDITO

Obrigação 635x – Encargos sobre remunerações (remuneração base + diuturnidades) x 0,075%


FGCT
248 – Outras tributações (remuneração base + diuturnidades) x 0,075%
f
De acordo com o plano de contas aprovado pelo SNC, o reconhecimento dos benefícios dos empregados, pode implicar o uso das seguintes
contas:
Contas de Gastos:
63 Gastos com o pessoal
631 Remunerações dos órgãos sociais

632 Remunerações do pessoal

633 Benefícios pós-emprego

6331 Prémios para pensões

6332 Outros benefícios

634 Indemnizações

635 Encargos sobre remunerações

636 Seguros de acidentes no trabalho e doenças profissionais

637 Gastos de ação social

638 Outros gastos com o pessoal


Contas de Passivo:
23 Pessoal
231 Remunerações a pagar
2311 Aos órgãos sociais

2312 Ao pessoal

232 Adiantamentos

2321 Aos órgãos sociais

2322 Ao pessoal

237 Cauções

2321 Dos órgãos sociais

2322 Do pessoal

238 Outras operações

2321 Dos órgãos sociais

2322 Do pessoal

239 Perdas por imparidade acumuladas

24 Estado e outros entes públicos


242 Retenção de impostos sobre rendimentos

245 Contribuições para a Segurança Social

248 Outras tributações

27 Outras contas a receber e a pagar


272 Devedores e credores por acréscimos

2722 Credores por acréscimos de gastos

278 Outros devedores e credores


No âmbito do processamento de salários, é ainda importante ter em conta que de acordo com a nota de enquadramento da conta 231 –
Remunerações a pagar, o movimento desta conta insere-se no seguinte esquema normalizado:

1.ª Fase – pelo processamento dos ordenados, salários e outras remunerações, dentro do mês a que respeitem: débito, das
respetivas subcontas de 63 – Gastos com o pessoal, por crédito de 231, pelas quantias líquidas apuradas no processamento e
normalmente das contas 24 – Estado e outros entes públicos (nas respetivas subcontas), 232 – Adiantamentos e 278 – Outros
devedores e credores, relativamente aos sindicatos, consoante as entidades credoras dos descontos efetuados (parte do pessoal);
2.ª Fase – pelo processamento dos encargos sobre remunerações (parte patronal), dentro do mês a que respeitem: débito da
respetiva rubrica em 635 – Gastos com o pessoal – Encargos sobre remunerações, por crédito das subcontas de 24 – Estado e
outros entes públicos a que respeitem as contribuições patronais;
3.ª Fase – Pelos pagamentos ao pessoal e às outras entidades: debitam -se as contas 231, 24 e 278, por contrapartida das contas
da classe 1.

Em resumo, na 1ª fase apura-se o valor líquido a pagar aos colaboradores, pois aos vencimentos brutos, deduz-se o montante de imposto
(IRS) e montante de contribuição para a segurança social por conta do colaborador.
Por fim, importa ainda ter presente que os trabalhadores abrangidos por contratos de trabalhos (trabalhadores dependentes) adquirem direitos
a partir do momento que iniciam funções. Em termos gerais (alertamos para o facto de que a legislação laboral é bastante complexa), os
funcionários trabalham onze meses (têm direito a um mês de férias) e recebem catorze (inclui o mês de férias, subsídio de férias e subsídio de
Natal). Deste modo, apesar destes valores (mês de férias, subsídio de férias e subsídio de Natal) serem pagos num determinado momento
futuro, o direito é adquirido quando os funcionários iniciam funções. Assim, contabilisticamente há que proceder ao reconhecimento dos direito
adquiridos, mas que serão pagos no futuro. Desta forma, a entidade reflete os gastos quando incorridos (a partir do início de funções) e não
apenas quando são pagos, ou seja, aplica o pressuposto do acréscimo. Assim, haverá que reconhecer a estimativa dos gastos incorridos(
debitando as contas 631/632 – Remunerações e 635 – Encargos sobre remunerações), e em contrapartida, como a dívida ao funcionário ainda
não existe há data (são valores a pagar no futuro), haverá que se reconhecer um passivo, nomeadamente através crédito na conta 2722 –
Credores por acréscimos de gastos.
Caso prático – 5.8.A: Processamento de salários
A entidade XPTO S.A., dedica-se à prestação de consultadoria. No mês de janeiro do ano 200N, foram rececionadas as seguintes informações,
tendo em vista o processamento e pagamentos dos salários dos seus colaboradores:

Ordenados IRS Encargos com a Segurança Social Encargos com a Segurança Social
Brutos (taxa (Trabalhador) (Empresa)
média)
Órgãos
Sociais 17 500 € 12 %
11 % 23,75 %
Pessoal 45 000 € 8%
f
25/Jan – Processamento das remunerações e respetivos encargos com a segurança social;
31/Jan – Pagamento dos salários.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Resolução:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
25/jan Processamento das remunerações 631 Remunerações dos órgãos sociais 17 500,00
– 1.ª fase
632 Remunerações do pessoal 45 000,00
2421x Retenção de IRS 15 700,00
2451x Contribuições Segurança Social – OS 11 925,00
2452x Contribuições Segurança Social – Pessoal 14 950,00
2311x Remunerações – órgãos sociais 13 475,00
2312x Remunerações – pessoal 36 450,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
31/jan Processamento das remunerações 2311x Remunerações – órgãos sociais 13 475,00
– 3.ª fase
2312x Remunerações – pessoal 36 450,00
12x Depósitos à ordem 49 925,00
f
Caso prático – 5.8.B: Processamento de salários
A entidade XPTO S.A., dedica-se à prestação de consultadoria. No mês de janeiro do ano 200N, foram rececionadas as seguintes informações,
tendo em vista o processamento e pagamentos dos salários dos seus colaboradores:
ÓRGÃOS SOCIAIS PESSOAL
Ordenados Brutos 30 000,00 € 40 000,00 €

Subsídio de refeição 42 250,00 €

IRS 33 400,00 € 43 950,00 €

SS Trabalhador (11%) 33 300,00 € 44 400,00 €

SS Entidade Patronal (23,75%) 37 125,00 € 49 500,00 €

Sindicato 40 400,00 €

FCT 40 323,75 €

FGCT 40 326,25 €

Nota: O subsídio de refeição pago encontra-se dentro dos limites fiscais e como tal não está sujeito a retenção de IRS e contribuições para a segurança social.

25/Jan – Processamento das remunerações e respetivos encargos com a segurança social;


31/Jan – Pagamento dos salários;
20/Fev – Pagamento dos encargos das remunerações do mês de janeiro.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Resolução:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
25/jan Processamento das remunerações 631x Remunerações dos órgãos sociais 30 000,00
– 1.ª fase
632x Remunerações do pessoal 40 000,00
632x Remunerações do pessoal – Subs. Refeição 42 250,00
2421x Retenção de IRS 27 350,00
2451x Contribuições Segurança Social – OS 23 300,00
2452x Contribuições Segurança Social – Pessoal 24 400,00
278x Outros devedores e credores – Sindicato 44 400,00
2311x Remunerações – órgãos sociais 23 300,00
2312x Remunerações – pessoal 33 500,00
25/jan Processamento dos encargos para a entidade 6351x Contribuições Segurança Social – SS – OS 47 125,00
– 2.ª fase – Seg. Social
6352x Encargos sobre remunerações – SS – Pessoal 49 500,00
2451x Contribuições Segurança Social – OS 27 125,00
2452x Contribuições Segurança Social – Pessoal 29 500,00
25/jan Processamento dos encargos para a entidade 415x Outros investimentos financeiros – FCT 4 323,75
– 2.ª fase – FCT
248x Outras tributações – FCT/FGCT 2 323,75
25/jan Processamento dos encargos para a entidade 635x Encargos sobre remunerações – FGCT 4 326,25
– 2.ª fase – FGCT
248x Outras tributações – FCT/FGCT 2 326,25
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
31/jan Pagamento de remunerações 2311x Remunerações – órgãos sociais 23 300,00
– 3.ª fase
2312x Remunerações – pessoal 33 500,00
12x Depósitos à ordem 56 800,00
f
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
20/fev Liquidação dos encargos 2421x Retenção de IRS 17 350,00
do mês anterior
2451x Contribuições Segurança Social – OS 10 425,00
2452x Contribuições Segurança Social – Pessoal 13 900,00
278x Outros devedores e credores – Sindicato 22 400,00
248x Outras tributações – FCT/FGCT 22 323,75
248x Outras tributações – FCT/FGCT 22 326,25
121x Depósitos à ordem 32 425,00
f
Caso prático – 5.8.C: Processamento de salários e direitos adquiridos
A entidade XPTO S.A., dedica-se à prestação de consultadoria. No mês de janeiro do ano 200N, foram rececionadas as seguintes informações,
tendo em vista o processamento e pagamentos dos salários dos seus colaboradores:
ÓRGÃOS SOCIAIS PESSOAL
Ordenados Brutos 45 000,00 € 53 000,00 €

Subsídio de refeição 43 600,00 €

IRS 44 900,00 € 45 120,00 €

SS Trabalhador (11%) 44 950,00 € 45 830,00 €

SS Entidade Patronal (23,75%) 10 687,50 € 12 587,50 €

Sindicato 44 530,00 €

FCT 44 444,00 €
FGCT 44 436,00 €
Nota: O subsídio de refeição pago encontra-se dentro dos limites fiscais e como tal não estará sujeito a retenção de IRS e contribuições para a segurança social
25/Jan – Processamento das remunerações e respetivos encargos com a segurança social;
25/Jan – Processamento dos direitos adquiridos, nomeadamente o direito a férias, Subsídio de férias e subsídio de Natal;
31/Jan – Pagamento dos salários;
20/Fev – Pagamento dos encargos das remunerações do mês de janeiro.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
Resolução:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
25/jan Processamento das remunerações 631x Remunerações dos órgãos sociais 45 000,00
– 1.ª fase
632x Remunerações do pessoal 53 000,00
632x Remunerações do pessoal – Subs. Refeição 43 600,00
2421x Retenção de IRS 10 020,00
2451x Contribuições Segurança Social – OS 44 950,00
2452x Contribuições Segurança Social – Pessoal 45 830,00
278x Outros devedores e credores – Sindicato 44 530,00
2311x Remunerações – órgãos sociais 35 150,00
2312x Remunerações – pessoal 45 120,00
25/jan Processamento dos encargos para a entidade 6351x Encargos sobre remunerações – SS – OS 10 687,50
– 2.ª fase – Seg. Social
6352x Encargos sobre remunerações – SS – Pessoal 12 587,50
2451x Contribuições Segurança Social – OS 10 687,50
2452x Contribuições Segurança Social – Pessoal 12 587,50
25/jan Processamento dos encargos para a entidade 415x Outros investimentos financeiros – FCT 44 444,00
– 2.ª fase – FCT
248x Outras tributações – FCT/FGCT 44 444,00
25/jan Processamento dos encargos para a entidade 635x Encargos sobre remunerações – FGCT 44 436,00
– 2.ª fase – FGCT
248x Outras tributações – FCT/FGCT 44 436,00
f
Uma vez que os direitos são reconhecidos em duodécimos, divide-se o valor da remuneração por 12 meses e multiplica-se por 3 meses
(férias, subsídio de férias e subsídio de Natal; Sobre este montante, aplica-se a taxa de contribuição para a segurança social, pois este também
é um gasto por conta da entidade:
Dia Operação/Histórico Conta Descrição Débito Crédito
25/jan Reconhecimento dos direitos adquiridos 631x Subsídio de férias, férias e subsídio de Natal – OS 11 250,00
(Férias, subsídio de férias e de Natal)
632x Subsídio de férias, férias e subsídio de Natal – Pessoal 13 250,00
6351x Encargos sobre direitos adquiridos – SS – OS 42 671,88
6352x Encargos sobre direitos adquiridos – S – Pessoal 43 146,88
2722x Credores por acréscimos de gastos 30 318,75
31/jan Pagamento de remunerações 2311x Remunerações – órgãos sociais 35 150,00
– 3.ª fase
2312x Remunerações – pessoal 45 120,00
12x Depósitos à ordem 80 270,00
20/fev Liquidação dos encargos 2421x Retenção de IRS 10 020,00
do mês anterior
2451x Contribuições Segurança Social – OS 15 637,50
2452x Contribuições Segurança Social – Pessoal 18 417,50
278x Outros devedores e credores – Sindicato 44 530,00
248x Outras tributações – FCT/FGCT 44 444,00
248x Outras tributações – FCT/FGCT 44 436,00

121x Depósitos à ordem 45 085,00


f
5.8.2 – Caso prático a resolver
Caso prático – 5.8.D: Processamento de salários
A entidade XPTO S.A., dedica-se à prestação de consultadoria. No mês de janeiro do ano 200N, foram rececionadas as seguintes informações,
tendo em vista o processamento e pagamentos dos salários dos seus colaboradores:
ÓRGÃOS SOCIAIS PESSOAL
Ordenados Brutos 145 000,00 € 190 000,00 €

Subsídio de refeição 113 500,00 €

IRS 114 900,00 € 117 450,00 €

SS Trabalhador (11%) 115 950,00 € 120 900,00 €

SS Entidade Patronal (23,75%) 134 437,50 € 145 125,00 €

Sindicato 111 900,00 €

FCT 111 711,25 €

FGCT 111 138,75 €

Nota: O subsídio de refeição pago encontra-se dentro dos limites fiscais e como tal não estará sujeito a retenção de IRS e contribuições para a segurança social
25/Jan – Processamento das remunerações e respetivos encargos com a segurança social;
25/Jan – Processamento dos direitos adquiridos, nomeadamente o direito a férias, Subsídio de férias e subsídio de Natal;
31/Jan – Pagamento dos salários;
20/Fev – Pagamento dos encargos das remunerações do mês de janeiro.
Pretende-se o reconhecimento das operações acima identificadas no diário da entidade.
BIBLIOGRAFIA
SNC – Sistema de Normalização Contabilística:
DL 158/2009, de 13/ 7 – (Aprovação do SNC)
DL 159/2009, de 13/ 7 – (Alterações do CIRC em adaptação ao SNC)
DL 160/2009, de 13/ 7 – (Regime jurídico da CNC)
DL 98/2015, de 02/06 – (Transposição da Diretiva 2013/34/EU, altera e república o DL 158/2009, de 13/07)
Portaria n.º 218/2015, DR 142, I Série de 2015/07/23 – Código de Contas
Portaria n.º 220/2015, DR 143, I Série de 2015/07/24 – Modelos DF
Aviso 8254/2015, DR 146, II Série de 2015/07/29 – Estrutura Conceptual
Aviso 8255/2015, DR 146, II Série de 2015/07/29 – NCRF – Microentidades (ME)
Aviso 8256/2015, DR 146, II Série de 2015/07/29 – NCRF – Regime Geral
Aviso 8257/2015, DR 146, II Série de 2015/07/29 – NCRF – P E
Aviso 8258/2015, DR 146, II Série de 2015/07/29 – Normas Interpretativas
Aviso 8259/2015, DR 146, II Série de 2015/07/29 – NCRF – ESNL
WEBGRAFIA
www.cnc.min-financas.pt/
www.ifrs.org/
www.iasplus.com

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