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Dezembro, 2002
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Centro Nacional de Pesquisa de Florestas
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Documentos 79
CURSO INTENSIVO DE
VIVEIROS E PRODUÇÃO DE
MUDAS
Ivar Wendling
Márcio Pinheiro Ferrari
Fernando Grossi
Colombo, PR
Dezembro 2002
Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:
Embrapa Florestas
Estrada da Ribeira, km 111
Caixa Postal 319
Fone: (41) 666-1313
Fax: (41) 666-1276
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E-mail: sac@cnpf.embrapa.br
1a edição
1a impressão (2002): 500 exemplares
ISSN 1517-536X
1. Viveiro florestal - curso. 2. Muda - produção. I. Ferrari,
Márcio Pinheiro. II. Grossi, Fernando. III. Título. IV. Série.
CDD 634.9564
© Embrapa 2002
Autores
Ivar Wendling
Engenheiro Florestal, Doutor, Pesquisador da Embrapa
Florestas.
ivar@cnpf.embrapa.br
Fernando Grossi
Engenheiro Florestal, Doutor, Professor na Universidade
Federal do Paraná.
fgrossi@floresta.ufpr.br
Apresentação
A vida moderna afasta o ser humano cada vez mais da natureza, criando a
necessidade de se levar plantas para mais próximo do seu convívio, nos lares,
escritórios, jardins, praças públicas, áreas de lazer etc, promovendo-se, dessa
forma, um sentimento de unidade entre o ser humano e a natureza, mantendo
uma relação íntima entre si. Esses fatores, aliados à produção de alimentos
(frutos, raízes, folhas), sombra, flores e utensílios (madeira, papel, energia, etc.)
promovem uma demanda cada vez maior de mudas de plantas arbóreas.
Apresentação ................................................................................................... 5
1 .Planejamento e instalação de
viveiros
O viveiro de produção de mudas é uma área ou superfície de terreno, com
características próprias, destinada a produção, ao manejo e a proteção das
mudas até que tenham idade e tamanho suficientes para serem transplantadas
no local definitivo, resistindo às condições adversas do local de crescimento e
apresentar um bom desenvolvimento.
As mudas de raízes nuas são aquelas que não possuem proteção para o sistema
radicular no momento do plantio. A semeadura é feita diretamente nos
canteiros e as mudas são retiradas para o plantio, tendo-se apenas o cuidado
de evitar danos às raízes, insolação direta, vento, evitando-se o ressecamento
das raízes e posterior morte das mudas.
2) facilidade de acesso;
10) área deve ser livre de ervas daninhas de difícil controle e de plantas que
promovam o sombreamento das mudas.
Num viveiro bem planejado, a área produtiva, ou seja, a área dos canteiros ou
de recipientes, deverá possuir sempre em torno de 50 a 60% da área total,
sendo o espaço restante destinado a caminhos, ruas, estradas, galpões,
construções em geral e área para preparo do substrato e enchimento das
embalagens.
• casa do viveirista;
Ferramentas e utensílios:
Máquinas e equipamentos:
Outros materiais:
- 60 % de terra de subsolo peneirada - 25% de casca de pinus sem i-decom posta e m oída
- 40% de casca de arroz carbonizada - 25% de casca de arroz carbonizada
- 25% de verm iculita fina
- 60% de terra vegetal
- 24% de turfa ou húm us
- 40% de areia m édia
- 1% de solo verm elho
60% H M 60% CO G
VF HM 80% H M 60% H M 80% CO G
C aracterísticas Turfa TS CAC C ED (1) (2) 20% CA C CO G 20% CA C
20% CA C 40% CA C 20% CA C
20% V F 20% V F
Físicas
D ensidade global(g cm -3) - 1,2 0,25 0,4 0,12 0,45 0,40 0,36 0,34 0,50 0,43 0,36
D ensidade real(g cm -3) - 2,5 1,4 1,3 1,2 1,8 1,7 1,6 1,6 1,9 1,8 1,7
Porosidade total(% ) - 52 82 69 90 75 77 79 79 74 76 78
- m acroporosidade (% ) - 10 44 39 44 7 11 22 16 13 13 14
- m icroporosidade (% ) - 42 38 30 46 68 66 57 63 61 63 65
Retenção m áxim a de água (m l50 cm -3) - 21 19 15 23 34 33 29 32 31 32 32
Retenção m áxim a de água (m lg-1) - 0,4 1,6 0,8 3,9 1,6 1,7 1,6 1,9 1,3 1,5 1,8
Q uím icas
773 5 510 552 - 194 257 320 218 205 266 225
M atéria orgânica total(g kg-1)
31 0,24 6,5 10 - 8,4 8,0 7,6 6,3 11 10,1 7,9
N total(g kg-1)
14 12 44 27 - 13 18 23 19 10 15 16
Relação C total/ N total
4 4,2 6,5 6,1 5,9 6,4 6,5 6,6 6,5 6 6,3 6,3
pH em CaC l2 0,01 M
- 2 135 120 23 1216 1000 784 761 780 651 500
P resina (m g dm -3)
15 0,2 28 22 1,8 38 36 34 29 117 99 71
K trocável(m m olc dm -3)
- 10 28 273 37 188 156 124 126 144 121 101
C a trocável(m m olc dm -3)
- 2 10 64 69 183 148 114 126 54 45 60
M g total(m m olc dm -3)
- 3 3 3 1 14 12 10 9 6 5 4
A ltrocável(m m olc dm -3)
- 15 69 362 109 423 361 291 300 321 234 204
C .T.C . efetiva (m m olc dm -3)
N íveis
C aracterísticas
Baixo M édio A lto A dequado
Físicas
D ensidade global(g cm -3 ) < 0,25 0,25 - 0,50 > 0,50 0,45 - 0,55
Porosidade total(% ) < 55 55 - 75 > 75 75 - 85
- m acroporosidade (% ) < 20 20 - 40 > 40 35 - 45
- m icroporosidade (% ) < 25 25 - 50 > 50 45 - 55
C apacidade m áx. de retenção de
água (m L 50 cm -3 ) < 15 15 - 25 > 25 20 - 30
Q uím icas
R elação C total/ N total 8 a 12 /1 12 a 1 8/1 > 18/1 8 a 12 /1
pH em C aC l2 0,01 M < 5,0 5,0 - 6 ,0 > 6,0 5,5 - 6 ,5
P resina (m g dm -3 ) < 200 20 0 - 400 > 400 40 0 - 800
K trocável(m m olc dm -3 ) < 15 15 - 30 > 30 30 - 100
C a trocável(m m olc dm -3) < 100 10 0 - 150 > 150 10 0 - 200
M g total(m m olc dm -3 ) < 50 50 - 100 > 100 50 - 100
C .T .C . efetiva (m m olc dm -3 ) < 100 10 0 -20 0 > 200 > 200
Fonte: G onçalves e Poggiani (1 99 6 ).
ausência de estiolamento;
A adubação orgânica com esterco deve ser abandonada quando o mesmo não
estiver bem curtido. Quando não houver substituto, curtí-lo no mínimo 2 meses
antes da semeadura.
2. Produção de mudas
A produção de mudas de espécies ornamentais, frutíferas e arbóreas em geral
pode ser realizada pelos métodos sexuado e assexuado. O primeiro refere-se à
produção de mudas por meio de sementes, e o segundo, por propagação
vegetativa (partes da planta), tais como: estaquia, enxertia, mergulhia,
encostia, divisão de rizomas, bulbos e touceiras. Atualmente, com o avanço da
tecnologia, muitas espécies já podem ser propagadas por meio da
micropropagação, que é a propagação vegetativa das plantas, feita em
laboratório sob condições controladas.
Após a obtenção das sementes, estas devem ser armazenadas num lugar
adequado, conforme indicação do produtor, o que permitirá manter seu poder
germinativo por mais tempo. Sementes que facilmente perdem seu poder
germinativo devem ser semeadas logo após a coleta e/ou compra.
Curso intensivo de viveiros e produção de mudas 23
É importante ressaltar que para cada etapa de formação das mudas, e para
diferentes tipos de recipientes, existem diferentes sistemas de irrigação, com
bicos de diferentes vazões, pressão de trabalho e área de recobrimento.
Existem no mercado empresas especializadas que prestam assessoria e ajudam
o produtor a determinar o melhor equipamento para o seu sistema de produção.
A dança das mudas consiste na mudança de lugar para evitar que as raízes
penetrem no solo, no caso de mudas produzidas em recipientes em contato
com o solo.
penetração do hormônio.
Assim que as estacas estiverem preparadas, devem ser tratadas com hormônios
e, logo em seguida, colocadas nos recipientes ou canteiros de enraizamento.
2.3.1 Estaquia
A estaquia é o processo de propagação no qual porções das hastes (caules,
ramos), folhas ou raízes são colocadas sob condições propícias ao enraizamento
(leitos de enraizamento), dando origem a uma nova planta.
Curso intensivo de viveiros e produção de mudas 29
2.3.2 Miniestaquia
2.3.3 Mergulhia
A mergulhia é um processo de propagação vegetativa no qual um ramo é posto
a enraizar quando ainda faz parte da planta-mãe, sendo destacado desta
somente após o enraizamento. Por ser um processo rápido de propagação e por
fornecer mudas enfolhadas, é utilizado com bons resultados na obtenção de
plantas. Por ser um processo de baixo rendimento e necessitar de muita mão-
de-obra, é recomendado para a propagação de plantas de alto valor ou
interesse, difíceis de propagar por outros métodos.
2.3.4 Enxertia
A enxertia é obtida por meio da união entre duas plantas (enxerto ou cavaleiro e
porta-enxerto ou cavalo). O enxerto é sempre representado por uma parte da planta
que se pretende multiplicar, ao passo que o porta-enxerto é que recebe o enxerto e
geralmente é uma planta jovem, com boa taxa de crescimento, proveniente de
sementes ou de estacas, bastante rústica e resistente a pragas e doenças.
2.3.4.2 Garfagem
É o processo que consiste em se soldar um pedaço de ramo destacado (enxerto
ou garfo) sobre outro vegetal (porta-enxerto) de maneira a permitir a união dos
tecidos e o seu desenvolvimento. O garfo difere da borbulha por possuir
normalmente mais de uma gema.
Retira-se a
gem a da
Faz-se um espécie que
corte no se quer
cavalo em propagar
form a de (enxerto)
"T"
... e
am arram -se
bem os dois
Acom oda- com a ajuda
se a gem a, de um fitilho
com de plástico,
cuidado,no apertando
corte em bem a
"T" do gem a...
cavalo ...
15 - 30 dias
após, curva-
se a ponta
do cavalo ou
corta-se
acim a do
...fic a n d o
a s s im a local
a m a rra ç ã o . enxertado,
para que o
enxerto
cresça reto.
M antém -se
apenas o
enxerto
no cavalo
C o rta-se o A b re-se
ram o do u m a fend a
cavalo em de 2 a 4
1 0 a 2 0 cm cm n o
d e altu ra cavalo
C om um a lâm ina
bem afiada, En caixa-se
corta-se o ram o o enxerto
a ser enxertado no cavalo,
em bisel, de m odo a
resultando no coin cid ir as
enxerto cascas
O saco é
E n v o lv e-se o re tira d o
e n x e rto e o q u an d o o
c a v a lo co m e n x e rto
u m sa c o d e co m eçar a
p lá stico b ro ta r.
tra n sp a ren te .
2.3.5 Micropropagação
Com base nesta teoria, portanto, pode-se inferir que qualquer espécie vegetal
tem a capacidade de ser micropropagada a partir de qualquer parte da planta.
Contudo, na prática muitas espécies são difíceis de se micropropagar e são
chamadas de recalcitrantes.
As matrizes que irão doar os explantes devem ser mantidas nas melhores
condições de limpeza e fertilidade possível. Para tal, recomenda-se que sejam
cultivadas em condições controladas, onde possam receber tratamento
fitossanitário, irrigação e nutrição mineral adequada. A parte aérea deve
também, dentro do possível, ser mantida seca para dominuir os problemas de
contaminação exógena por microorganismos fitopatogênicos ou não.
Curso intensivo de viveiros e produção de mudas 39
No caso de plantas de grande porte, onde seu cultivo direto sob condições
controladas é difícil, podem ser adotados métodos intermediários de
propagação vegetativa antes da introdução do material in vitro. Estas técnicas
têm por objetivo reduzir o porte do material a ser micropropagado para que este
possa vir a receber o devido tratamento nutricional e fitossanitário.
d) Alongamento - Fase 3
e) Enraizamento - Fase 4
Para seu preparo, são utilizados sais minerais com alto grau de pureza (PA),
encontrados facilmente no mercado nacional, assim como a fonte de sacarose.
Entretanto, é recomendável que as fontes de auxinas, citocininas e de
vitaminas sejam adquiridas de empresas idôneas, em função da melhor
qualidade e confiabilidade destes produtos.
2 . Uma balança digital comum (duas casas após a vírgula): para pesagem
grosseira e de maior massa.
1 1 . Uma estufa: para esterilização do material que não pode ou não necessita
ser autoclavado.
Esta sala é denominada de “área suja do laboratório”. Nela, são dispostos todos
os equipamentos e reagentes necessários ao preparo do meio de cultura e ao
preparo e desinfestação dos explantes.
2 – Sala de Transferência
3 – Sala de Crescimento
3. Referências Bibliográficas
ALVARENGA, L. R.; CARVALHO, V. D. Uso de substâncias promotoras de
enraizamento de estacas frutíferas. Informe Agropecuário, v. 9, n. 101, p. 47-
55, 1983.
Análise de substrato
pH cm olc/cm 3 % m g dm -3
M aterial CaCl2 H 2O K+ Ca2+ M g2+ Ca2+ + A l3+ H 2+ + A l3 MO P N a+
Curso intensivo de viveiros e produção de mudas
M g2+
A cículas de pinus 5,40 6,20 0,10 5,47 2,41 7,88 1,40 4,20 28,90 10,30 3,00
Serragem decom posta 5,20 5,90 0,14 0,74 0,86 1,60 0,73 3,52 12,93 19,40 39,00
Casca de pinus 5,00 5,30 0,80 2,33 2,32 4,65 3,81 5,01 28,43 10,10 14,00
Substrato com ercialde pinus 6,10 7,20 1,15 30,77 3,26 34,03 0,71 1,90 8,57 64,30 52,00
Substrato com ercialde eucalipto 5,30 6,10 0,32 25,92 6,24 32,34 0,88 2,26 13,50 17,20 38,00
Onde:
-
cmolc cm 3 = meq/100mL
-
mg dm 3 = ppm
Ca : Mg : K à 3 : 2 : 1