Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
br
Edição 200
Maio 2013
Ano XXX
www.ufo.com.br EDIÇÃO HISTÓRICA UFO 200
Escrevendo a história
da Ufologia Brasileira
Há em todo o mundo, hoje, no máximo umas 20 publicações espe-
cializadas em Ufologia circulando regularmente. Há poucas décadas,
eram mais de 300 revistas sobre o tema, mas a maioria sucumbiu às
inúmeras dificuldades que rondam o mercado editorial de qualquer
parte do mundo, aliado à especificidade do tema, que não interessa
a um número significativo de pessoas. Outra causa da extinção de
tantas revistas especializadas em discos voadores está no avanço da
internet, que oferece informações em abundância — mas, infelizmente,
de baixa qualidade — gratuitamente a quem busca. Por
fim, com a aparente estabiliza-
ção da Ufologia, cujo progresso
muitas vezes parece imperceptível
ao observador menos atento, boa
O
UF
26 36 44 DIÁL
“Os
UFO
O bri
franc
veem
A. J.
52 60 66
LOGO ABERTO
arquivos sobre os Participaram desta edição
Os devem ser liberados” Thiago Luiz Ticchetti Administrador de empresas e o mais
rigadeiro José Carlos Pereira fala novo coeditor da Revista UFO, consagrou-se como ufólogo de
destaque nacional ao ter publicado seu livro Quedas de UFOs,
camente sobre como os militares lançado pela Biblioteca UFO. Foi consultor da publicação por
m a questão ufológica no país mais de 10 anos e colunista da revista inglesa UFO Matrix.
E-mail: jfernan@ufp.edu.pt
E-mail: marcoantoniopetit@gmail.com.br
AGRADECIMENTOS A VIVIAN MATSUI, ROBERTO AFFONSO BECK, FINA D’ARMADA, RAFAEL AMORIM, ALEXANDRE JUBRAN, LUCA OLEASTRI E RENATO A. AZEVEDO
Cláudio Tsuyoshi Suenaga Mestre em história pela
Universidade Estadual Paulista (Unesp), foi consultor da Revista
UFO até 2005. É autor de Contatados: Emissários das Estrelas,
Arautos de uma Nova Era ou a Quinta Coluna da Invasão
Extraterrestre? e colaborador da revista Sexto Sentido.
E-mail: editorial@ufo.com.br
E-mail: piergiorgio@mysterycollection.it
15 E-mail: mbaraldi@spbancarios.com.br
P
A publicação de Ufo- oucos de nossos milhares tério para lançar a segunda revista so-
de leitores têm ideia de to- bre discos voadores que este país veria, a
logia mais antiga do das as fases que levaram a Ufologia Nacional & Internacional.
Revista UFO a atingir sua
mundo chega à sua edição número 200. Afinal, Fortes influências
esta trajetória começou há 30 anos, quan-
edição número 200 do muitos deles nem eram nascidos e ou- A nova publicação era extremamente
após 30 anos de ati- tros tantos eram apenas adolescentes. Sim, modesta, mas, não apenas em razão da
a UFO é uma publicação com muita his- época em que circulou, como também
vidades intensas e tória, tanto que ela se confunde com a da por muitos outros fatores, era um projeto
Ufologia Brasileira e Mundial, a começar muito ousado — talvez até maior do que
ininterruptas. Com pelo fato de que, quando iniciou sua cir- eu pudesse supor na época. A revista tinha
culação, no final dos anos 80, a pesquisa 20 páginas em preto e branco e era produ-
isso, UFO reforça o dos discos voadores apenas engatinhava zida com enormes dificuldades, mesmo
vigor e o pioneirismo e nem de longe se parecia com o que é assim saindo quase todos os meses. Ufolo-
hoje. Para começar, não havia internet gia Nacional & Internacional durou ape-
que a Ufologia Brasi- naquela época e nem mesmo compu- nas 10 edições, durante as quais recebeu
tadores, o que nos obrigava a produzir a companhia da Parapsicologia Hoje, a
leira sempre teve no a revista com técnicas hoje primitivas, primeira série sobre o tema que já existiu
empregando máquinas de escrever, fo- no país. Isso foi influência de vertentes
cenário global de es- tocomposição de textos e fotolitos. Pu- que vicejavam na Ufologia Brasileira dos
tudo da presença alie- blicar em cores, como hoje, nem pensar!
Tudo teve início quando a nossa que-
anos 80, com forte viés para o lado mais
espiritualista da ação da Terra de outras
nígena na Terra. rida pioneira e grande inspiradora Irene inteligências cósmicas. Nesta fase, e em
Granchi — que até seu falecimento, em anos posteriores, ambas as publicações,
2010, era presidente do Conselho Editorial que circulavam paralelamente, tiveram a
da UFO — foi forçada pelas dificuldades forte presença de outros ícones da nossa
de mercado a abandonar a OVNI Docu- Ufologia, como o açoriano radicado no
mento, a primeira publicação do gênero Rio Grande do Sul José Victor Soares e
no país, que era trimestral e durou poucos o legendário general Alfredo Moacyr de
anos, de 1978 a 1980, tendo tido meras Mendonça Uchôa. O primeiro influenciou
oito edições. Como ávido leitor que era nossas incipientes atividades editoriais
da saudosa revista, ainda adolescente, fi- por sua metodologia de trabalho e tena-
quei arrasado com seu fechamento — e cidade, enquanto o segundo nos oferecia
tal sensação fazia ferver dentro de mim a uma porta para entender o que estava
vontade de, um dia, fazer algo igual, ten- além do Fenômeno UFO em si.
do como exemplo o meticuloso trabalho Mas Ufologia Nacional & Interna-
de dona Irene. A oportunidade chegou cional e Parapsicologia Hoje, felizmen-
anos depois, em 1984, quando, então pro- te, não sucumbiram aos problemas que
fessor de química, decidi largar o magis- havia naquela época para quem se aven-
ARQUIVO UFO
conjuntamente. Dessa mistura sua circulação chegar, poucos
surgiram bons frutos, como um anos depois, a 50 mil exempla-
cada vez mais imponente e crescente Con- de 1988, tudo voltaria a se repetir com o res por mês, outro recorde mundial.
selho Editorial, composto dos nomes mais lançamento da Revista UFO que temos Foi com a nova UFO, desde o final
importantes de cada uma dessas áreas. Isso hoje. Estavam encerrados os projetos an- dos anos 80 até hoje, que a Ufologia Bra-
levou, ao longo do trajeto de Psi-Ufo até teriores. O que começou a tomar forma sileira viu ser escoada a fantástica quan-
sua última edição, a sexta, a ser acom- desde a primeira edição, vencendo nova- tidade de quase três mil artigos sobre a
panhada por uma série acessória, Temas mente as mesmas barreiras que antes já presença alienígena na Terra, 70% deles
Avançados, que dava vazão a textos mais havíamos derrubado antes, foi uma publi- produzidos por pesquisadores brasileiros
robustos e extensos, que não cabiam na cação crescente e com apoio significativo — todos tinham espaço dentro da revista,
revista normal. Mas se Ufologia Nacional da Ufologia Brasileira. UFO surgiu para que era feita para representar verdadei-
& Internacional e Parapsicologia Hoje alívio daqueles que, como eu fiquei quan- ramente nossa comunidade de estudos.
não cederam às dificuldades da claudi- do a OVNI Documento fechou, sentiram Foram centenas os autores que, esporá-
cante economia do final dos anos 80, Psi- na carne a falta de um veículo de comuni- dica ou regularmente, tiveram seus tra-
-Ufo e Temas Avançados, sim. Ambas as cação feito por ufólogos apaixonados pelo balhos apresentados à nação através da
publicações foram publicação. Desses,
encerradas em 1987, por afinidade ou
dando fim a um so-
nho que teve seus
momentos de deli-
UFO chega à sua edição número 200 companheirismo,
dedicação e amor
à causa, cerca de
H
ciosa realidade. á três décadas nascia a Revista UFO, com a ousada proposta de documentar, 600 passaram por
investigar e difundir informações de credibilidade sobre a presença alieníge- seu Conselho Edi-
Novo projeto na na Terra. A publicação surgiu modesta, com apenas 20 páginas em preto torial, ocupando po-
e branco e enfrentando muitas dificuldades. Mas, vencendo os obstáculos naturais sições que variaram
Mas o sonho do mercado editorial brasileiro, agravados pelo fato de tratar de tema tão específico, de coeditores a co-
não acabou de ver- UFO cresceu continuamente e chega agora à sua edição número 200. laboradores, de con-
dade, porque não é Em 2001 a revista passou a ser produzida pela Mythos Editora, como resultado sultores científicos a
tão fácil assim aca- de uma parceria estabelecida com o Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voado- tradutores, de cor-
bar com um genu- res (CBPDV), que gera conteúdo para a publicação. Desde então, a revista vem cres- respondentes inter-
íno — ele apenas cendo ainda mais, não apenas refletindo com vigor tudo o que acontece da Ufologia nacionais a coorde-
mudou de formato! Brasileira, como, em grande parte, gerando novas e sólidas ações que a impulsio- nadores de área etc.
Um pouco mais de nam, a exemplo da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já. Hoje esta enorme
pés no chão não fa- A Ufologia que vemos hoje definitivamente não é a mesma de 30 anos atrás, família, que cha-
zem mal a ninguém e grande parte de seu aperfeiçoamento e maturidade foi alcançada por influên- mamos de Equipe
e foi com eles bem cia direta da Revista UFO. Que esta edição 200 — número jamais atingido por UFO — sim, ela
firmados no solo e qualquer outra publicação do gênero no mundo — marque uma nova fase de que você, leitor,
o pensamento conti- crescimento, beneficiando o leitor com informações atuais e responsáveis sobre vê assinando mui-
nuamente nas estre- a ação na Terra de outras inteligências cósmicas. tos textos de nos-
las que, em março — Helcio de Carvalho, sócio proprietário da Mythos Editora sas edições —, tem
cerca de 400 integrantes e é simplesmen- compartilhamento generoso do que se constância e na pureza do propósito”. Eu
te o maior contingente trabalhando em sabe. E isso é feito tanto internamente na diria mais. Diria que, além da constância e
um projeto sobre Ufologia do mundo. UFO, quando os membros da equipe in- da pureza do propósito, as boas escolhas
Bem providencial para uma revista que tercambiam informações de forma inten- de novos talentos na Ufologia e a valori-
é a mais antiga do planeta. sa, quanto externamente, junto aos nossos zação dos que nela já estão, com o melhor
milhares de leitores — com quem também emprego possível de sua capacidade, é a
Serviços prestados repartimos o que descobrimos. chave do sucesso. E além de tudo isso, é
Enfim, UFO é resultado disso tudo, claro, estão aqueles para quem fazemos
Logo que ficou óbvio que a UFO, so- tem uma história substancial, passou por o que fazemos, nossos leitores, que nos
zinha, não tinha como dar conta de tantas inúmeras fases e amadureceu constante- apoiam e nos honram adquirindo a UFO
informações que essa multidão produzia mente nestas três décadas usando a fórmu- todos os meses e fazendo a engrenagem
regularmente, surgiu também a UFO Es- la descrita pelo pioneiro George Adamski, girar sem parar. Muito obrigado!
pecial, que, após algumas interrupções, cir- que dizia que “o segredo do êxito está na — A. J. Gevaerd, seu editor
cula até hoje em caráter bimestral. A mes-
ma razão levou ao lançamento da UFO
Documento, que infelizmente já não existe
mais. Assim, com a UFO chegando ago-
ra à sua edição número 200, três décadas
Os textos preferidos dos leitores
P
depois de lançada, e considerando-se a ara comemorar os 30 anos e 200 te, cerca de 120 votos foram desclassifi-
quantidade de edições de UFO Especial números da Revista UFO, decidi- cados, restando cerca de 40 textos mais
e de todas as nossas séries antecessoras, mos fazer uma campanha para votados. Também não foram computa-
seguramente produzimos cerca de 400 descobrir quais eram os textos publicados dos, para efeito de republicação dos ar-
revistas nestas três décadas de trabalho durante todos estes anos que mais agra- tigos — embora valendo ao sorteio dos
— mais um recorde! E isso sem contar al- daram aos leitores. Os 10 mais votados DVDs —, aqueles votados pelos leitores,
gumas outras iniciativas, como a revista seriam republicados nas edições come- mas que saíram em edições de UFO de
Esotera e a primeira fase da Coleção Bi- morativas 200 e 201. A votação foi reali- 2011 para cá, justamente por estarem
blioteca UFO, por exemplo. Esta é uma zada ao longo de nossas últimas edições muito recentes. Por fim, também op-
considerável folha de serviços prestados e também através de uma campanha tamos por não computar nos resulta-
à Ufologia Mundial, muito mais do que no site da publicação [www.ufo.com.br], dos os artigos que tratassem da Ope-
apenas à Brasileira, e nos sentimos somen- sendo que os participantes deveriam vo- ração Prato, de UFOs na Amazônia ou
te no meio do longo caminho que decidi- tar em apenas um texto, identificando seu da conhecida entrevista com o coronel
mos percorrer em 1984, quando a frágil autor e a edição em que saiu. Ao fazê-lo, Uyrangê Hollanda, por serem maioria
Ufologia Nacional & Internacional surgiu. estariam concorrendo no sorteio de um entre os artigos votados, causando um
A Revista UFO que você conhece hoje, pacote de DVDs da primeira temporada desequilíbrio nos resultados.
leitor, é publicação referência sobre discos da premiada série Extraterrestres no Pas- Cinco dos 10 textos vencedores são
voadores, respeitada em todos os segmen- sado. O vencedor foi Leonardo Malta, de Thiago Ticchetti, Joaquim Fernandes,
tos da Ufologia Brasileira e Mundial, fru- de Campo Grande, que é assíduo leitor Cláudio Suenaga, Marco Petit e Piergior-
to de um trabalho exaustivo e meticuloso, da Revista UFO desde seus primórdios. gio Caria, republicados nesta edição. Os
muitas vezes extremamente difícil, de uma Após três meses de coleta de respos- outros cinco, que sairão na UFO 201,
família predestinada a tratar com serieda- tas, tivemos 380 participações no concur- serão anunciados na própria edição. O
de a presença alienígena na Terra e firme- so, que votaram em cerca de 70 textos. editor A. J. Gevaerd optou por ter seus
mente vocacionada a repartir informações Infelizmente, no entanto, muitos dos que textos excluídos da votação, para isentar-
de qualidade com a sociedade. Costumo enviaram seus votos não descreveram -se dos resultados, exceto pela entrevista
dizer que boa Ufologia só se alcança como corretamente os artigos preferidos ou as vencedora, que conduziu com o brigadei-
resultado de uma experiência multicefáli- edições em que saíram — e vários vota- ro José Carlos Pereira. Ela aparece em
ca de investigação e análise do Fenômeno ram em textos da série UFO Especial, que duas partes, nesta e na próxima edição.
UFO, que ninguém chega a lugar algum não estavam valendo. Consequentemen- Boa leitora e boas recordações!
sozinho e que o segredo do sucesso é o
E
m um dia de 1984 recebi um divulgação dos acontecimentos ufológicos fatos à Nação. Pois ele concedeu — e
telefonema do amigo e irmão mais importantes, os nossos clássicos — que por duas vezes — entrevista à nossa UFO.
A. J. Gevaerd, o que não era sempre foram prioridade para a publicação. Outro momento especial da história
uma novidade, mas que naquela O primeiro deles, marco do envolvimento da Ufologia Brasileira que contou com a
oportunidade se revestia de algo da área militar brasileira com a pesquisa participação da revista foi o Caso Vargi-
mais do que especial. O objetivo da ufológica, foi o Caso Ilha da Trindade, que nha, um divisor de águas em nossa jor-
ligação era fazer um convite para envolveu o avistamento e documentação nada. Ocorrido em meio a uma grande
que eu me incorporasse e fosse um fotográfica de uma nave de forma discoide onda ufológica, em 1996, o aconteci-
dos articulistas da nova revista que pela tripulação do navio Almirante Saldanha, mento movimentou e uniu expressiva
ele lançaria, a Ufologia Nacional da nossa Marinha de Guerra. O episódio parcela dos pesquisadores e teve am-
& Internacional, que mais tarde se continua a ser desta- pla cobertura da
transformaria na nossa atual UFO. É que até na mídia inter- mídia nacional e
A Revista UFO par- internacional.
claro que não precisei pensar muito nacional, tendo como E
para dar a resposta e prontamente inspiração justamente ticipou ativamente como não pode-
aceitei o convite, pois a pretensão as matérias publica-
de termos uma revista nacional in- das na UFO. dos principais momen- oriaepisódio deixar de ser,
figu-
teiramente feita por ufólogos era As investigações tos da Ufologia Brasilei- rou desde os seus
mais do que um sonho de seu futuro oficiais da Força Aé- primeiros instan-
editor. Assim, tenho muito orgulho rea Brasileira (FAB) ra nestes 30 anos, e não tes em inúmeras
de ter estado neste projeto desde que documentaram, apenas divulgando acon- edições da UFO.
seu início, há 30 anos, e não foi por meio da ação dos A investigação
por acaso que o primeiro artigo da militares do I Coman- tecimentos que a marca- e divulgação des-
publicação teve a minha assinatura do Aéreo Regional ses casos pela re-
— a revista foi apresentada à Ufo- (COMAR I), a presen- ram, como também des- vista não só cons-
logia Brasileira em um evento que ça insistente de naves cobrindo novos fatos e tituem a base do
promovi para centenas de pessoas e sondas alienígenas edifício que cons-
na Academia Brasileira de Letras na Amazônia foi ou- personagens e truímos nas úl-
(ABL), no Rio de Janeiro. tro momento funda- investigando-os timas décadas
Mas não resta dúvida de que mental na história da como ainda hoje
foi já com o nome UFO que o pro- Ufologia Brasileira, e intensamente trata- merecem atenção especial por parte do
jeto de uma revista ufológica de da na UFO. E a revista não foi responsá- meio ufológico do país, agora através da
responsabilidade editorial exclusi- vel apenas pela divulgação dos relatórios Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU),
va dos ufólogos atingiu o nível que redigidos pelos militares e fotos da cha- por meio da campanha UFOs: Liberdade
havia inspirado seu editor e todos mada Operação Prato que haviam vaza- de Informação Já. Com seus insistentes
os que participaram da ideia des- do nos anos 90. Quebrando o sigilo sobre pedidos ao Ministério da Defesa e, por
de seus primeiros dias. Hoje, falar o tema, UFO chegou a entrevistar o pró- consequência, às nossas Forças Armadas,
da importância da publicação é prio comandante daquela missão militar, o estamos trabalhando para que finalmen-
como tratar do amadurecimento da coronel Uyrangê Hollanda, fazendo am- te todos os documentos sobre UFOs no
Ufologia Brasileira e, por que não pla divulgação do assunto e tornando a país sejam liberados, no cumprimento da
dizer, da evolução do próprio mo- entrevista base para programas da mídia atual legislação. E isso também é obra
vimento ufológico mundial. nacional e internacional, até hoje. da nossa querida revista.
Diálogo Aberto
EDIÇÃO HISTÓRICA UFO 200
A
seção Mensagem do Editor da Armadas têm repetidamente dado decla-
edição 140 da Revista UFO, rações infelizes e desencontradas sobre o
de março de 2008, conteve tema. O personagem central da questão,
um elemento desencadeador agora, era o brigadeiro José Carlos Perei-
Entrevista concedida a de um processo significativo para a Ufo- ra, que, confrontado com as afirmações
A. J. Gevaerd, logia Brasileira. Nela foi publicado o texto dadas por este editor em entrevista ao site
editor da Revista UFO Militares Confrontados Pelos Ufólogos se O Globo Online, em 29 de janeiro — de
Contradizem Sobre os UFOs, comentan- que a Aeronáutica teria centenas de regis-
do o fato de que autoridades das Forças tros de ocorrências ufológicas no país —,
teve uma reação inusitada. Embora con- [Veja edição UFO 111, disponível na ín- os ‘invasores’ são discos voadores”, de-
firmasse a existência dos arquivos secre- tegra em www.ufo.com.br]. No fim do clarou Marco Antonio Petit, coeditor da
tos sobre UFOs em poder da Aeronáuti- encontro, que durou quase cinco horas, Revista UFO, tentando entender a manifes-
ca, Pereira disse que “todos sabem que o próprio brigadeiro José Carlos Pereira tação negativa de Pereira. “O brigadeiro
os discos voadores não existem”, ga- escoltou os ufólogos até a saída do pré- pode ter sido instruído a reverter seus de-
rantindo também que “os ufólogos vão dio do Comdabra. Durante a despedida, poimentos favoráveis ao Fenômeno UFO,
se decepcionar com os registros”. Foi ao ser presenteado com alguns exempla- dados anteriormente, em uma tentativa
uma grande surpresa para os estudio- res da Revista UFO, falou: “Agradeço o de esconder importantes documentos”,
sos do Fenômeno UFO no país, que ti- brinde, mas informo que sempre compro analisou Fernando de Aragão Ramalho,
nham Pereira como uma das figuras mais a publicação nas bancas de Brasília”. então conselheiro especial da publicação,
favoráveis à realidade da presença alie- Informalmente, e sem qualquer restrição, hoje também seu coeditor. Pode ser, mas o
nígena no meio militar brasileiro. Pereira confirmou aos ufólogos seu gran- fato é que o desapontamento dos estudio-
A certeza dos ufólogos quanto à intimi- de interesse e elevado nível de informação sos com a resposta do militar ao O Globo
dade do brigadeiro com discos voadores sobre o assunto. Assim, diante de um posi- Online tinha uma justificativa clara. É de
decorre de alguns posicionamentos que cionamento como este, soou contraditório conhecimento geral da Ufologia Brasileira
o militar adotou publicamente no passa- que o brigadeiro tenha dado a inusitada que, se alguém na hierarquia militar tem
do, de franca receptividade, atenção e até declaração ao O Globo Online, em res- informações concretas sobre a existência
mesmo de interesse pelo assunto. Pereira posta à afirmação de que a Aeronáutica e materialidade dos UFOs, além de sua
é, de longe, o membro de nossas Forças tem mesmo arquivos secretos sobre UFOs. procedência inquestionavelmente extra-
Armadas que mais se pronuncia sobre o terrestre, este alguém é ninguém menos
Fenômeno UFO. Tanto que, em entrevis- Desvendando a contradição do que o brigadeiro José Carlos Pereira.
ta ao deputado Celso Russomanno, apre- Até tempos atrás, aliás, ele nem sequer
sentada no programa Circuito Night And “Não é fácil para os militares admiti- fazia questão de esconder o que os mili-
Day, em 19 de janeiro de 2002, o militar rem sua inoperância e falta de capacidade tares sabiam sobre o assunto. E foi assim,
chegou a mostrar no ar um livro de regis- de controlar nosso espaço aéreo, quando neste clima de surpresa e perplexidade na
tros de casos ufológicos Comunidade Ufológica
mantido na sede do Co- Brasileira, que a edição
mando de Defesa Aeroes- UFO 140 foi lançada no
pacial Brasileiro (Comda- começo de março estam-
bra), em Brasília, órgão pando a matéria Milita-
que comandou. Apenas res Confrontados Pelos
naquele ano, o livro con- Ufólogos se Contradizem
tava com mais de 90 epi- Sobre os UFOs. Porém,
sódios de “tráfego hotel” quase simultaneamente à
sobre o país, como são chegada da edição às ban-
chamados pelos militares cas, a situação se rever-
os casos de UFOs capta- teu drasticamente, quan-
dos por radar. Pereira ape- do, para nossa surpresa,
nas não permitiu a Rus- o brigadeiro José Carlos
somanno que abrisse o Pereira aceitou conceder
ALEXANDRE JUBRAN
AERONÁUTICA
mobilização do Estado- 40 mil pés [Cerca de 13
-Maior das Forças Ar- km] sobre uma camada
madas, presidente da Comissão Nacio- DEFESA AÉREA COMPETENTE de nuvens cirrus, sabe que esta é uma
nal do Serviço Militar, comandante da UFOs não representam um risco coisa maravilhosa, que forma um refle-
Academia da Força Aérea (AFA) e chefe à Segurança Nacional nem um xo verde no horizonte. Então, há coisas
de Estado-Maior do Comando-Geral de perigo à aviação civil e militar, e fantásticas por aí, mas com explicação
Operações Aéreas. por isso os arquivos pertinentes imediata. Quem conhece um pouco de
Nos últimos 10 anos, o brigadeiro ao tema já deviam ser liberados aviação e de meteorologia consegue en-
José Carlos Pereira foi ainda coman- Brigadeiro, o senhor tem sido o militar tender o fato na hora. Quem não conhe-
dante de operações da Força Aérea Bra- brasileiro graduado que mais se manifes- ce, pode consultar depois e descobrirá a
sileira (FAB), tendo 13 generais e um ta sobre UFOs na imprensa, tendo dado explicação. Desta forma, eu tive muitas
total de 27 mil homens subordinados a várias entrevistas, quase sempre de uma visões estranhas, todas explicadas cienti-
ele. De 1999 a 2001, foi comandante- maneira muito aberta, muito natural. ficamente. Mas há coisas para as quais eu
-geral de Operações Aéreas e do Coman- A que se deve sua posição quanto ao não tenho explicação científica ainda, seja
do de Defesa Aeroespacial Brasileiro assunto? por desconhecimento ou ignorância minha,
(Comdabra), órgão que já foi chama- Eu acho que esta é uma questão de ou porque a ciência ainda não chegou ao
do de “Área 51 Brasileira”. Como se doutrina pessoal. Eu defendo a tese de ponto de esclarecê-las. Não tenham dú-
vê, não é nenhum exagero dizer que que não pode e não deve existir assun- vida alguma quanto a isso: se há alguma
Pereira foi, durante um bom tempo, o to fechado para a humanidade. Um as- coisa inexplicável hoje, um dia não será
guardião da chave do cofre onde estão sunto, por mais extravagante e por mais mais. Seja esta explicação algo que remete
os segredos ufológicos do país. Em 27 bizarro que possa parecer, precisa ser a uma natureza terrestre ou não.
de março de 2006, já na reserva, o bri- sempre analisado e investigado. Galileu
gadeiro ainda tomou posse na presidên- que o diga, Copérnico que o diga, e tan- O senhor tem algum parente, comandado
cia da Empresa Brasileira de Infraestru- tos outros cientistas que o digam. Então, ou amigo que já relatou algum avistamen-
tura Aeroportuária (Infraero), nomeado acho que nem o ser humano, nem qual- to que possa ser enquadrado dentro da
pelo ministro Nelson Jobim em meio ao quer instituição têm o direito de fechar categoria dos discos voadores?
terrível caos aéreo que tomou conta da as portas para a discussão de qualquer Olha, comandei muita gente na For-
Nação. Com pulso firme, quase resol- assunto, seja de natureza científica, po- ça Aérea Brasileira (FAB) e várias ve-
veu a crise, que, no entanto, persistiu lítica, social ou religiosa. Nem mesmo zes ouvi relatos de companheiros e pi-
por problemas maiores do que se pode para a Ufologia, que eu classifico no lotos. “Hoje eu vi uma coisa estranha
supor. “Ninguém queria acabar com o campo da ciência. Esta é uma visão pes- no céu”, sempre alguém me dizia. Na
problema, esta é a verdade”, declarou. soal minha, que mantenho até hoje. maioria das vezes nós sentávamos para
discutir, e geralmente encontrávamos
tores científicos pesados, especialmente losófico, um método exigente. Temos que discutido. O senhor acredita que é hora
nas áreas de astronomia, astrofísica e as- criar o antagonismo, pois o progresso só dessa resistência ser quebrada? Como
tronáutica, de modo a compor um con- surge quando você cria o antagonismo. isso poderia ser feito?
gregado científico mais consistente. Eu Daí que nasce a síntese, que nasce a so- Olhe, eu acho que simplesmente abrir
não rejeito nem a ideia da filosofia entrar lução. Temos que tolerar os astrônomos os arquivos [Secretos] e entregar para a
nesta somatória, com seus conceitos mo- que não acreditam nos UFOs, os militares imprensa ou dá-los para vocês é algo que
dernos buscando responder às perguntas que os rejeitem e tudo o mais. E acho até pode ser feito amanhã de manhã, sem ne-
que até hoje ninguém respondeu: quem que isso é muito bom, desde que as pes- nhum problema. Mas acho que isso não
somos, de onde viemos, para onde esta- soas estejam realmente dispostas a con- basta, que não é suficiente. Vocês, ufólo-
mos indo... Desde Aristóteles que faze- versar, a colocar os embates na mesa, e gos, podem até ter uma desilusão quando
mos estas perguntas e ninguém responde. desses embates possamos colher alguma virem os arquivos, pois acho que esperam
A Ufologia, junto das citadas por coisas mais sólidas, e tal-
disciplinas, poderá ser um ca- vez não vão encontrar o que
minho para as respostas. imaginam naquelas pastas. No
entanto, acho que o exemplo
O problema são as restrições governamental de abrir os ar-
que a comunidade científica quivos ufológicos é algo que
impõe à Ufologia, rejeitando favorece e fortalece outras pes-
a manifestação do fenôme- soas que têm receio de tratar do
no. Por exemplo, nós temos assunto. Eu acho que no mo-
astrônomos que, por falta de mento em que o Governo abre
informação, rejeitam os dados alguma coisa, acaba o receio de
coletados sobre UFOs, inclusi- todo mundo quanto àquilo e as
ve e até principalmente pelos coisas começam a ficar trans-
militares. Em geral, o problema parentes. Ninguém tem medo
alegado por eles é de que é da transparência, todos têm
impossível que naves venham medo do que é opaco. Então,
de outros planetas até a Terra, acho que a abertura ajuda sim
e tem um efeito favorável muito
CAROLINA RIFFO
Bem, estas pastas não estão apenas netas e que estas formas de vida estejam Sim, e hoje, quando vejo a astrono-
no Comdabra, mas estão espalhadas em realmente nos visitando? mia se dedicar à pesquisa das zonas ha-
quartéis do mundo todo. Elas provam que Hoje eu estou convencido de que não bitáveis, fico muito feliz. Especialmente
estão ocorrendo fenômenos inexplicados, existe vida no Sistema Solar, só na Terra. porque os astrônomos estão procurando
que nos levam a deduzir serem a presença A última esperança que eu tinha era essa nelas áreas em que haja, basicamente, es-
de seres ou objetos estranhos ao planeta lua de Saturno recém-estudada, mas lá tabilidade gravitacional, que é uma con-
Terra. Isso mesmo, não comuns ao nosso também não há nada. Então, se em nosso dição essencial para a vida. Em primei-
planeta. Agora, classificar o que são estes sistema não tem vida, talvez devamos pen- ro lugar, tem que haver esta estabilidade
seres ou objetos estranhos é uma coisa sar na questão ao contrário. Ou seja, nós, para que a vida prospere. Mas temos que
muito temerária, pois não temos conhe- terráqueos, é que vamos ter que ocupá-lo. levar em consideração outros aspectos. A
cimento para tanto [Cauteloso]. Nova- O Sistema Solar é nosso quintal e vamos vida, como nós a conhecemos, precisa de
mente usando um exemplo, é como você ter que descobrir como poderemos viver oxigênio, de uma cadeia de carbonos e de
ter uma doença que está matando pessoas na Lua, como poderemos viver em Satur- água para existir. Quando tratamos nestes
e ir logo dizendo que é causada por um no. Eu não tenho a menor ideia, mas há termos, estamos falando de química, não
vírus ou uma bactéria, e resolver fazer 200 anos ninguém acreditava que um dia de física. E se encontrarmos pela frente
uma vacina para aquilo. Isso é temerário! o homem poderia voar. Então, acho que o alguma forma de vida que não precise
Assim, acho que a Ufologia terá muito Sistema Solar é só nosso e vamos ter que de oxigênio, nem de carbono e nem de
mais trabalho pela frente [Para identi- habitá-lo, que ocupá-lo todo. Fora dele, água? Teremos então que partir para uma
ficar o fenômeno], e precisará também temos que examinar as possibilidades estimativa da situação através da física.
agregar novas disciplinas a ela. de uma zona habitável, como já falamos. Veja que até aqui na Terra temos micror-
ganismos que não precisam de oxigênio,
Na época da visita ao Comdabra, nos foi O senhor acompanha as descobertas os chamados extremófilos. Como temos
sugerido que buscássemos a liberação astronômicas nesta área? peixes que vivem nas profundezas dos
oficial daquelas pastas, e nós oceanos e que não precisam de luz.
argumentamos que desejávamos, Isso me leva a crer que podemos ter
futuramente, realizar um estudo formas de vida com estruturas quí-
junto com a Aeronáutica, forman- micas completamente diferentes da
do uma equipe de ufólogos civis nossa. Agora, com a física isso não
e militares. O que o senhor acha ocorre, pois pressão, temperatura e
disso? estabilidade gravitacional têm que
Sim, mas eu diria que precisa haver em um ambiente para que a
ter mais gente nesta equipe. Acho vida possa nele prosperar, e estas
que, além de ufólogos civis e mili- variáveis independem do processo
tares, têm que ter cientistas, astrô- químico que irá gerá-la.
nomos, físicos etc.
O senhor acha que os astrônomos
Certo. É que, quando falamos em estão perto de encontrar alguma
ufólogos, queremos dizer que entre forma de vida fora da Terra?
eles já há gente de várias áreas. Veja um planeta como Júpiter,
Ótimo, então já tem essa co- por exemplo, que é muitas vezes
munidade formada. Porque este maior do que a Terra e tem quatro
ARQUIVO UFO
ARQUIVO UFO
houve uma determi- quer operação ocor-
nação superior. E cer- rida!
tamente o Estado-Maior do brigadeiro SEMPRE ALERTAS
Vaz da Silva trabalhou com ele, apoian- Caças da Força Aérea Brasileira O senhor tomou conhecimento específico
do o projeto, assessorando e montando o (FAB) estão sempre de prontidão daquela operação, na época?
SIOANI. Um comandante sozinho não para identificar objetos intrusos No momento em que ela foi reali-
faz nada, ele tem que ter um Estado-Maior em nossos céus zada, não. Apenas depois eu soube dos
por trás de suas ações. resultados. Mas eu conheci o Hollanda
da América do Sul ou outros? E quarto, [Coronel Uyrangê Hollanda, coman-
Os dois boletins do SIOANI, que acaba- a liberação deste material vai atingir a dante daquela missão militar]. Não vou
ram vazando, traziam descrições de casos privacidade de pessoas eventualmente dizer que ele era um amigo íntimo, por-
pesquisados pelo órgão, inclusive de citadas nele? Isso é o que temos que ter que não servimos juntos, mas o Hollan-
UFOs pousados e com tripulantes do lado em mente. Se não vai afetar nenhuma da era aquele sujeito bonachão, amigão,
de fora. São casos seríssimos investigados destas questões, e o material do SIOA- e a gente estava sempre se encontrando
por militares e mantidos ocultos. Este é o NI não vai mesmo, então revela! em algum lugar. Ele trabalhou na área
tipo de documentos que os ufólogos que- de Inteligência da Aeronáutica, como eu,
rem que sejam liberados. O senhor acha Abertura irrestrita e então nós vivíamos nos cruzando por
que eles podem ser revelados ao público? aí. Agora, tem uma coisa que eu preciso
Em minha opinião, não há nenhum Quer dizer que o senhor é a favor de falar para vocês a respeito do Hollanda.
motivo para manter esse material em si- revelar documentos ufológicos gerados Primeiro, deixem-me dizer que eu gosta-
gilo. Nenhum. Eu vejo que sua liberação pelos militares brasileiros e mantidos em va muito dele, mas ele era um homem
não afeta nenhum dos quatro critérios sigilo até hoje? muito conturbado, muito sofrido. Eu não
clássicos que os militares sempre têm Totalmente. A menos que tal liberação sei dizer exatamente qual era a origem
em mente quando se trata de segredos afete algum dos quatro itens que acabei de sua tristeza. O Hollanda interiorizava
nacionais. E eles são representados pe- de citar. Neste caso, acho que o material demais as coisas e acabou chegando ao
los seguintes questionamentos: primeiro, não deve ser revelado. Temos que respeitar suicídio. Acho que foi porque interiori-
a liberação deste material vai expor o a privacidade das pessoas e a Segurança zou seus problemas a tal ponto que não
país a uma guerra? Segundo, vai pro- Nacional, e precisamos preservar a paz e aguentou mais e “fechou a caixa”.
vocar pânico na população? Terceiro, a ordem. Também não podemos provo-
vai colocar em risco a Segurança Na- car guerra e mal-estar com outros países. E antes dele conseguir finalmente, tinha
cional, seja com relação a algum país Enfim, não vamos revelar os nossos pla- tentado suicídio outras três vezes.
“
D
ois estranhos ob- de ufológica mundial. Mas, afinal,
jetos avançavam por que os alienígenas observam
sobre seus exér- nossos conflitos e guerras? Eles
citos, causando estão presentes onde quer que
pânico nos sol- haja ação militar. É assim desde
dados, elefantes a Antiguidade, em períodos ante-
e cavalos que se recusavam a cru- riores a Cristo, durante a Idade
zar o Rio Jaxartes”. Esse trecho Média, na Primeira e na Segun-
foi escrito em 329 a.C., durante da Guerras Mundiais, na Guerra
uma das campanhas militares de das Malvinas, durante os confli-
Alexandre O Grande, segundo o tos no Vietnã e na Coreia, e, mais
estudioso Raymond Drake, au- recentemente, nas duas Guerras
tor de Deuses e Astronautas na do Golfo — lá estavam eles ob-
Grécia e Roma Antigas [Record, servando o que se passava e, em
1989]. “Os objetos descritos eram determinadas ocasiões, até intera-
grandes e prateados, como escu- gindo com as forças combatentes.
dos brilhantes que cuspiam fogo Nos episódios mais recentes, a
de suas extremidades”. partir da Guerra do Golfo, em
Durante quase todos os confli- 1991, armamentos de alta tecnolo-
tos militares do planeta, desde os gia empregados nos campos de ba-
tempos mais remotos até os mais talha têm confundido muitos dos
recentes, estranhos objetos têm comandos engajados nos conflitos.
sido observados no cenário dos en- Mas o mesmo arsenal tecnológico
traves. Outra prova foi a notícia de foi usado para detectar com mais
que um UFO teria sido visto sobre precisão intrusos não identifica-
o Iraque durante a ofensiva an- dos. Sempre que há um entrave
glo-americana, despertando mais militar de grandes proporções, ou
uma vez a atenção da comunida- que atraia a atenção do resto do
Aliens observam
Discos voadores sempre estiveram p
26 Ano XXX I UFO 200 I Maio 2013 www.ufo.com.br
INVESTIGAÇÃO
ARTIGO PUBLICADO ORIGINALMENTE EM UFO 088, DE JUNHO DE 2003
U.S. NAVY
relatos de avistamentos de enig- esses círculos de fogo são cada vez
máticos objetos nos céus. Claro, mais numerosos no céu. Eles bri-
muitas vezes são aeronaves milita- lham mais do que o Sol. As tropas
res ou mísseis — mas nem sempre. estão com medo. Tempos depois,
Nem o lado mais preparado desses os círculos ascenderam ao céu e
conflitos — como as forças anglo- desapareceram”. Esse trecho tem
-americanas na Guerra do Iraque quase 4,5 mil anos de idade.
— tinham condições de determinar Outro exemplo ocorreu no ano
a origem desses fenômenos. 70 d.C., durante a chamada Guer-
Os indícios do surgimento de ra Judaica. “No dia 21 de maio,
objetos voadores não identifica- um fantasma demoníaco de incrí-
dos estão presentes até mesmo vel tamanho surgiu no céu sobre
em guerras bastante antigas. Há todas as carroças e tropas que se
milhares de anos, no antigo Egi- preparavam para a batalha”, conta
to, aparições de UFOs já eram a história. Constantino O Grande
registradas com regularidade. O e sua armada, em 312 d.C., tam-
escritor inglês Brinsley Le Pour bém observaram uma cruz lumi-
Trench, o conde de Clancarty, cita nosa no céu, que ficou em frente
em suas obras, como exemplo, o ao Sol. Para Constantino, aquele
fragmento de um hieróglifo do foi o derradeiro aviso de sua vi-
tempo do faraó Thutmose III, que tória sobre Maxentius, meses de-
governou entre os anos de 1468 e pois. Da mesma forma, durante
1436 a.C. Durante uma guerra às o reinado de Carlos Magno tam-
margens do Rio Eufrates, os es- bém foram registrados muitos re-
cribas relataram o avistamento latos de encontros com “tiranos
de um círculo de fogo vindo do do ar e suas naves aéreas”, con-
norte. Eles o descreveram ao fa- forme eram descritos. Os relatos
m nossas guerras
presentes em nossos conflitos bélicos
www.ufo.com.br Ano XXX I UFO 200 I Maio 2013 27
EDIÇÃO HISTÓRICA UFO 200
mo país, outro veículo foi visto na giu por detrás das nuvens, mas não como
manhã de 20 de dezembro e vários uma aeronave normal. Ele disparou ver-
soldados aliados testemunharam o ticalmente e depois ficou em posição ho-
ocorrido. O objeto de Midlandet rizontal, acelerando a mais de 300 km/h.
foi observado inicialmente a cer- Então, virou-se, deu marcha ré e desapa-
ca de 700 m de altitude, mas des- receu nas nuvens”. Dois sargentos também
ceu até 400 m e ficou parado por teriam visto o artefato. Casos assim foram
uma hora sobre a área, para espan- se tornando rotina durante o conflito. Ao
to dos militares. Dezenas de solda- seu final, os registros de ambos os lados
dos da guarda norueguesa viram o envolvidos no entrave continham centenas
fenômeno e, na época, o general de ocorrências ricamente descritas — e não
Irwin Solskajer levantou a possibi- somente soldados rasos ou sargentos eram
lidade de ser uma aeronave alemã, testemunhas dos fenômenos, mas muitos
hipótese logo descartada. oficiais graduados também os observaram.
Outro fato inexplicado marcou Um dos maiores ases da aviação, o
o ano de 1915. Em Gallipoli, na barão Manfred von Richthofen, mais co-
Turquia, o 1º Regimento de Norfolk nhecido como Barão Vermelho, é um de-
simplesmente desapareceu quando les. “Ele não derrubou somente 80 aviões
tentava tomar uma montanha na inimigos para a Alemanha, durante a Pri-
Baía de Suvla. Diante dos olhos de meira Guerra Mundial. Ele foi também o
22 testemunhas, mais de 800 ho- primeiro a atirar contra uma espaçona-
mens marcharam em direção a uma ve alienígena”. Quem afirma isso é o ex-
IMAGE BANK
estranha formação de nuvens lenti- -piloto alemão Peter Waitzrik, que diz ter
culares, que estava sobre a monta- ficado abismado ao ver o barão disparar
tripulantes descerem por ela”, segundo es- nha, e nunca mais foram contra um UFO com lu-
critos da época. Mas os estranhos foram vistos. Os soldados que zes laranjas quando se
atacados pelos soldados ingleses e retor- ficaram na área disse- encontravam em uma
naram para bordo da curiosa embarcação, ram ter enxergado uma missão matinal sobre a
para depois desaparecerem. “Desde aque- enorme bola de luz de Bélgica, em 1917. Se-
la época, os reis tinham medo dos círculos intenso brilho indo em gundo Waitzrik, quando
voadores, das bolas de fogo e seres alados. direção ao céu. O gover- atingido, o UFO abriu-
Os foo-fighters da Primeira e da Segunda no inglês considerou os -se como se fosse uma
Guerras Mundiais são os descendentes homens que desapare- ostra e caiu em uma flo-
de tais fenômenos”, acrescentou Timothy ceram como capturados resta. “Os Estados Uni-
Dodd. Ele sabia o que dizia. Policial apo- pelos turcos, mas quan- dos tinham acabado de
sentado já falecido, Dodd era considera- do a guerra acabou e a entrar na guerra e, en-
do um dos mais meticulosos ufólogos da Inglaterra pediu à Tur- tão, pensamos que po-
Inglaterra, tendo sido uns dos fundadores quia sua libertação, o deria ser alguma arma
da revista UFO Magazine. governo de Ankara secreta deles”, disse o
O primeiro grande conflito do século surpreendeu-se com o ex-piloto. “Já se passa-
XX foi a Primeira Guerra Mundial, que du- fato e negou ter conheci- ram mais de 80 anos e
rou de 1914 a 1918. A tecnologia das na- mento de tal regimento. me ordenaram que não
ções envolvidas na ocasião nem em sonho contasse nada. Mas já
se igualava ao que vários pilotos e tropas Zepelim misterioso estou no fim da vida e
FOTOS NATIONAL ARCHIVES
voltavam de uma campanha militar viram armas secretas dos aliados, mas ainda não nas. O nome inglês foi adotado a partir de
vários objetos voadores alaranjados sobre- informadas ou conhecidas publicamente. um personagem dos quadrinhos chamado
voarem a planície de Salisbury. Em pleno A confusão durou os primeiros anos da Smokey Stoover, que dizia sempre que
furor que varria a Europa durante a guerra, guerra, até que sucessivas reuniões entre where there is foo, there is fire [Onde há
as observações eram tidas como prenúncios os comandantes militares resultassem na tolos, há fogo]. Quando os marinheiros e
de fatos a acontecer. Já próximo do final do descoberta de que a ninguém pertenciam aviadores aliados começaram a ver estra-
conflito, o marechal da Real Força Aérea tais artefatos. De quem seriam então? nhas bolas de fogo ou esferas prateadas,
Britânica (RAF), lorde I. Dowding, fez uma Em 1943, os ingleses criaram um gru- que podiam circular seus aviões e seguir
afirmação surpreendente: “Estou conven- po especial para investigar UFOs, chefiado seus navios no mar passaram a chamá-las
cido de que esses objetos existem e de que pelo tenente-general Warren Massey. Ele de foo-fighters, e o nome pegou.
não são fabricados por qualquer nação da foi informado por espiões que os objetos Definitivamente, a Segunda Guerra
Terra. Não vejo, portanto, qualquer alter- não identificados não eram de origem ale- Mundial foi aquela em que mais se regis-
nativa senão a de aceitar que provenham
de fontes extraterrestres. A existência des-
sas máquinas é evidente e eu já as aceitei
totalmente”. Sua palavra conta muito —
foi lorde Dowding um dos responsáveis
pelo sucesso da Inglaterra no entrave. Ele
garantiu que mais de 10 mil avistamentos
de naves não identificadas haviam sido co-
DEFESA MILITAR
não muito depois que a Alemanha passou 1ª Brigada Paraquedista Norte-Americana Hagenau, Alemanha, o piloto e o operador
a disparar também os modernos foguetes relatou que as sirenes de sua base tocaram de radar de um avião norte-americano en-
V-2 contra Londres e Paris. De alguma for- e ele pôde observar cerca de 150 objetos contraram duas enormes “bolas laranjas
ma, pareceu haver uma escalada nas obser- voando em linhas de 10 e 12, um atrás do que rapidamente desceram e ficaram ao
vações conforme se agravava o conflito. outro. “Eles pareciam ser de metal polido lado de sua aeronave”, segundo a descri-
e extremamente brilhante”, registrou no li- ção de um deles. Quando o piloto fez uma
Objetos de metal polido vro de ocorrência da base. manobra evasiva, os artefatos o seguiram.
No final de 1943, o sargento Luis Kiss No final de 1945, o tenente-coronel Do-
O mesmo fato se repetiu noutras guer- era o artilheiro da cauda do avião B-17 nald Meiers estava voando sobre o Vale
ras. Quanto maior a hostilidade e os recur- Phyllis Marie, em missão de bombardeio. do Reno, também na Alemanha, quando
sos bélicos lançados em batalhas, maior era A aeronave estava sobre o centro da Ale- globos flamejantes apareceram repentina-
o número de registros de UFOs acompa- manha quando observou a aproximação de mente em direção ao seu avião. “Eu virei
para a esquerda e as bolas de fogo vieram
comigo. Fui para a direita e elas também.
Estávamos a 420 km/h e as esferas o tem-
po todo ao nosso lado. Pensei que fossem
armas alemãs”, disse o piloto. Manobras
evasivas não surtiam muito efeito, visto que
as sondas continuavam coladas aos aviões.
Em meio aos milhares de relatos e in-
formes sobre foo-fighters, o jornal New
York Herald Tribune, de 02 de janeiro de
1945, publicou em suas páginas uma ma-
téria sobre o assunto que chamou a atenção
dos norte-americanos mais alheios à guerra.
“Agora parece que os nazistas estão usan-
NATIONAL ARCHIVES
naquela coisa, quando ela ficou próxima da Divisão de Inteligência da Força Aé-
aos motores do bombardeio, mas desistiu rea Norte-Americana (USAF), declarou
da ideia. Muitos aviadores relataram que que uma avaliação dos relatos sobre os
os objetos reagiam a seus pensamentos. foo-fighters foi feita no final da Segun-
nhando o processo. Os casos da Segunda Quando a ideia que lhes passava pela men- da Guerra Mundial. Tal estudo concluiu
Guerra são inúmeros e não se restringiram te era de atirar em sua direção, quase que que não se tratava de algo que pudesse
à Europa, palco central de operações. Em instantaneamente os foo-fighters se afasta- ameaçar a segurança nacional. Essa posi-
setembro de 1941, no Oceano Índico, dois vam. O saudoso general brasileiro Alfredo ção ambígua, sem assumir a preocupação
marinheiros a bordo do navio USS Pulaski Moacyr Uchôa, um de nossos maiores pio- que os EUA tinham quanto ao assunto e
alertaram o resto da tripulação para o fato neiros e notáveis ufólogos, definiu esses nem definir qual era a origem dos obje-
de que um estranho globo verde brilhante artefatos como sondas com capacidade de tos, incomodou a opinião pública. Para
seguia a embarcação por uma longa hora. obter informações do estado psicológico inquietá-la ainda mais, jornais da Califór-
Em 12 de agosto de 1942, em Tulagi, Ilhas dos pilotos durante suas missões. nia trouxeram à tona um fato acontecido
Salomão, o sargento Stephen Brickner, da Em 22 de dezembro de 1944, sobre em 1942, que até então era pouco associa-
Na quando foi avisado por rádio, pelos tentam disparar Não só vimos como maiores nomes da
seus companheiros, que uma gigantesca ou lançar mísseis Ufologia Soviética,
bola luminosa estava em sua cauda. Se- contra objetos vo- fomos perseguidos apesar de viver na
gundo os outros pilotos, o objeto tinha adores não identi- Califórnia. Ele se
mais de 10 m de diâmetro. Haines tentou ficados, notam que por eles e também os per- dedicou a pesqui-
escapar pensando que fosse alguma arma seus equipamentos sar o assunto por-
inimiga, mas não conseguia despistá-la. travam misteriosa-
seguimos. UFOs podem que a extinta URSS
A perseguição durou cinco minutos, até mente — em al- ser muitas coisas, me- teve participação
que outros aviões se aproximaram e a es- guns casos, projé- decisiva no confli-
fera acelerou desaparecendo. Outro caso teis lançados contra nos objetos de fa- to. Segundo apurou,
ocorreu com militares norte-americanos UFOs desviam-se um dos casos mais
que faziam vigília em um acampamento inexplicavelmente bricação terrestre conhecidos de que
na mata, no Vietnã ocupado. “Ouvíamos do alvo ou simples- — Joseph Lawrence Prest se tem notícia no
explosões distantes e nossos aviões pas- mente explodem Irã está em docu-
militar norte-americano
antes de atingi-los. mentos oficiais
Um ano após o fim da Guerra do Viet- do FBI, que descrevem a perseguição de
nã, o brigadeiro Joseph Lawrence Prest deu um UFO em 1976 por dois caças Phan-
uma entrevista à rede de TV ABC e res- ton II, da Real Força Aérea Iraniana, so-
pondeu ao repórter que havia lhe pergun- bre a capital, Teerã. Stonehill forneceu
tado se os pilotos tinham observado UFOs relatos interessantes de discos voadores
durante o conflito. “Não só os vimos como durante a guerra entre Irã e Iraque.
fomos perseguidos por eles e também os
perseguimos. UFOs podem ser muitas coi- Operação no deserto
sas, menos objetos de fabricação terrestre”.
A declaração teve o efeito de uma bomba Em um deles, ocorrido em maio de
de artilharia pesada sobre os militares do 1983, acreditando tratar-se de uma aero-
Pentágono, que se esforçavam para con- nave inimiga, patrulhas iranianas dispara-
ter a curiosidade da imprensa quanto ao ram contra um objeto esférico com mais
assunto. Noutra entrevista, dessa vez ao de 20 m de diâmetro, que cruzou a fron-
The New York Times, o piloto da reserva teira de seu país. No mesmo mês, vários
da USAF Theodore Winfred, que lutou na aviões iranianos teriam sido perseguidos
Normandia, declarou que todos os relatos por UFOs, o que levou o comando militar
eram passados aos seus superiores. Disse local a abrir investigações. Forças iraquia-
ainda que a cúpula militar dos EUA esta- nas também registraram encontros com
va mesmo interessada nesses avistamentos, UFOs. Durante uma operação no deserto,
“não importa que neguem”. Dessa forma, baterias antiaéreas abriram fogo contra
os conflitos globais continuavam — e com um misterioso anel luminoso.
eles os UFOs iam e vinham. Na década de Também durante a década de 80 tive-
GETTY IMAGES
80, tivemos dois conflitos que, apesar de mos discos voadores agitando o cenário
não serem mundiais, também atraíram a de uma guerra relâmpago entre Argentina
sando sobre nossas cabeças. De repente, atenção de todo o planeta — e, mais uma e Inglaterra pelo controle das Ilhas Mal-
três objetos luminosos em forma de pi- vez, de nossos curiosos visitantes. vinas [Para os argentinos] ou Falklands
res apareceram do nada e ficaram sobre [Para os ingleses]. Apesar de curtíssima,
uma colina próxima ao acampamento”, Forte ditadura ela também entrou no rol das que tive-
disse um dos soldados. ram avistamentos de UFOs em plena luz
Clark informa que, na manhã de 25 de “A guerra entre Irã e Iraque foi de 1980 do dia e durante sessões de bombardeio.
março de 1971, três aviões dos EUA foram a 1988 e vitimou milhares de pessoas. Es- Alguns casos são relatados por Redfern,
abordados por dois objetos discoides en- ses dois países sempre tiveram governos em seu citado livro The FBI UFO Files.
quanto bombardeavam uma floresta vietna- muito fechados e viviam sob forte dita- Um deles dá conta de que, em meio às
mita. Seus pilotos tentaram disparar contra dura. Portanto, informações sobre UFOs incursões inglesas na ilha, Paul Brigtsson,
os UFOs, mas seus instrumentos não res- em seus territórios era algo quase impos- piloto de um caça Tornado da RAF, foi
pondiam ao comando. Esse é um fato rela- sível”, disse Paul Stonehill sobre a guer- perseguido por esferas de cor alaranjada.
tivamente comum durante guerras. Quan- ra entre aquelas nações. Stonehill, tam- No dia 28 de maio de 1982, em pleno con-
do os pilotos, no ar, ou artilharias terrestres bém consultor da Revista UFO, é um dos flito, dois aviões ingleses foram surpre-
endidos por um grande objeto discoide — utilizados equipamentos de alta tecnologia, norte-americanos sobre o Golfo Pérsico
ao tentar alcançá-lo, os ingleses somente mísseis teleguiados com precisão cirúrgica e uma ordem para abatê-lo foi dada pelo
conseguiam se aproximar um pouco para, e instrumentos impensáveis em conflitos comando na região, sendo atendida por vá-
segundos depois, ver a nave acelerar de anteriores. A cobertura que a TV fez da rios navios, incluindo o USS Wisconsin, o
forma incrível e sumir no horizonte. guerra também foi inédita. Redes de todo USS England e o USS O’Brien, além das
Documentos da CIA relatavam que o o mundo, principalmente a CNN, mostra- fragatas Battieaxe e Jupiter.
governo inglês abriu várias investigações vam os acontecimentos praticamente ao
para tentar esclarecer esses fatos e que em vivo — e quando as imagens são ao vivo, Prato cromado
todos os casos os pilotos que descrevesse, não se pode censurá-las. Foi o que acon-
algo incomum eram interrogados e subme- teceu em 30 de janeiro de 1991, quando Todas as embarcações dispararam
tidos a exames médicos. Do lado argentino, o jornalista Willian Blystone, da CNN, contra a misteriosa aeronave, que foi
os incidentes ganharam as páginas dos jor- disse com todas as letras que um objeto descrita pelos oficias como tendo for-
nais. Na época, o coronel Charles Greffet, voador não identificado estava sobre Tel mato de um prato cromado e parecido
ministro da Defesa, citou alguns casos ao Aviv, capital de Israel. “Essa coisa vai com alumínio. O objeto emitia um som
público. Em 26 de abril, cinco soldados cair na minha cabeça”, gritou. O Jor- muito agudo e diferente dos aviões con-
que estavam nas Malvinas dispararam con- nal Nacional, da Rede Globo, chegou a vencionais, e caiu no oceano. Mas não há
tra um objeto que havia pousado em um noticiar que “um objeto sem identifica- muitos detalhes sobre a ocorrência, infe-
penhasco, pensando ser algo dos ingleses. ção surgiu nos céus de Israel”. lizmente, que foi bem ocultada com o au-
No dia seguinte, outro avistamento se deu Durante as guerras, cada lado dos con- xílio de diretrizes que regem momentos
sobre o oceano, agora com a tripulação flitos tenta derrubar tudo que não seja do de guerra. Em ocasiões como essa, além
de um avião Mirage, que não da tradicional política de sigilo
conseguiu disparar suas armas há ainda uma complementar e
contra 10 esferas que acompa- fortíssima determinação de que
nhavam sua rota. Em Buenos a revelação de fatos como es-
Aires, o jornal La Razón, de 08 ses por militares pode levar o
de junho de 1982, descreveu infrator à corte marcial. Mas o
como dois pilotos viram uma segundo caso transpirou na lis-
grande nave enquanto faziam ta de discussão interna da Mu-
o patrulhamento na ilha. tual UFO Network (MUFON)
Os jornais tiveram grande na internet, a Mufonet, e causou
participação na informação des- excitação em toda a Comunida-
ses fatos à população. O Diário de Ufológica Mundial. Segun-
do Povo da cidade de Tandil, de do e-mail que circulou na lista,
13 de maio de 1982, por exem- uma fonte do alto escalão das
plo, descreveu o pouso de um Forças Armadas Norte-Ame-
UFO na base militar da cidade. ricanas teria revelado que um
Parecia que os oficiais argenti- caça F-16 derrubara um UFO
nos estavam tão concentrados na sobre a Arábia Saudita durante
estúpida guerra que desencadea- a operação Tempestade no De-
ram uma tentativa desesperada serto. O documento informava
e suicida de ganharem prestígio ainda que cinco nações tentaram
da população, que se esquece- encobrir o fato — o objeto seria
ram de censurar os meios de co- circular e feito de um material
BIOTECH AFFAIRS DIVISION
US NAVY
ções por Washington. Mas os cando claro que nossos pro-
rumores de incidentes envolvendo discos AÇÕES BÉLICAS DE RISCO blemas terrenos interessavam a
voadores foram investigados por muitos UFOs já foram detectados sobre bases nossos vizinhos cósmicos.
ufólogos e jornalistas, entre eles o repórter de mísseis intercontinentais (ICBMs) e Rumores chegaram a circular, após a
inglês Anthony Edens. “A tecnologia de caças a jato foram muitas vezes envia- Segunda Guerra Mundial, de que Hitler
guerra dos EUA não foi superior somen- dos para interceptá-los, sem sucesso teria abatido UFOs para usá-los em pro-
te a Saddam Hussein, mas também a al- jetos bélicos e que estaria desenvolvendo
guns UFOs”, disse Edens. E ele vai ainda no Iraque. Dinheiro para isso nunca faltou seus próprios protótipos de discos voadores.
mais longe ao afirmar que, quando George ao ditador, e condições tecnológicas idem, Sua intenção, garantem alguns historiado-
Bush ordenou que os avistamentos fossem a julgar pela maneira como seus bunkers res, era dispor de uma tecnologia imbatí-
investigados, a CIA informou que desde a foram construídos para dar-lhe proteção. vel contra seus inimigos — e essa é uma
Segunda Guerra Mundial radares e depois Segundo os primeiros relatórios que ideia que já passou também pela cabeça
satélites operavam ao redor do mundo para chegaram do Iraque, logo após a guer- de russos e norte-americanos. Quem não
detectar e rastrear UFOs — o ex-presidente ra, alguns casos parecem impressionan- gostaria de ter uma arma com as capaci-
não tinha conhecimento disso. tes. Como se sabe, os céus do país foram dades de um UFO? Afinal, sua tecnologia
Depois, em 2003, durante a Guerra do ocupados por aviões norte-americanos e ainda transcende o imaginável por nossa
Iraque, a mais completa cobertura jornalís- ingleses, e toda a alta tecnologia disponí- espécie. Para o tenente-coronel Meiers, dos
tica já montada durante uma guerra este- vel no momento foi utilizada neste con- Estados Unidos, “existem três tipos de foo-
ve presente no front de batalha, junto das flito — incluindo avançadíssimos siste- -fighters: as bolas de fogo vermelhas que
tropas anglo-americanas e cobrindo seus mas de detecção de movimentos aéreos. aparecem sobre asas de aviões, os artefatos
avanços passo a passo, ao vivo para a TV O uso de instrumentos inéditos para ras- que voam na frente das aeronaves e grupos
mundial. Como era de se esperar, também trear o céu era necessário, e assim muitas de luzes que aparecem a distância, como
nesse moderníssimo conflito UFOs foram coisas estranhas foram registradas. Mas uma árvore de Natal”. De qualquer forma,
registrados. Mas informações custaram a como a coalizão anglo-americana usou detêm uma tecnologia formidável.
aparecer e mais ainda para serem analisa- dispositivos ainda totalmente secretos no Desde a última guerra global já passamos
das, mas alguns fatos sólidos podem ser conflito, os ufólogos tiveram muito tra- por outros 500 conflitos armados. Será que fo-
narrados. Um deles aconteceu durante os balho para identificar os casos de UFOs mos observados por civilizações alienígenas
bombardeios sobre a cidade de As-Zab As- legítimos daqueles de armas voadoras se- em todos eles? Provavelmente, sim. Mas por
-Saghir [Que significa pequeno Rio Zab cretas — até porque, talvez a tecnologia que nos acompanham e que impressão nos-
em árabe], quando vários objetos voado- de ambos não seja muito distinta. sos vizinhos cósmicos têm a nosso respeito?
res não identificados foram vistos e per- Somos uma espécie evidentemente belicosa,
manecem não esclarecidos. Ação governamental e ajudaria bastante melhorar nossa condição
Essa notícia reacendeu a hipótese, mui- se os governos revelassem o que escondem
to propalada, de que Saddam Hussein ti- Como os governos envolvidos nas sobre nossos visitantes. Mas isso não parece
vesse uma espécie de base secreta em um guerras encararam esses casos de possí- estar prestes a acontecer. Em 1963, o ex-pre-
dos desertos iraquianos. Mesmo cientistas veis e verdadeiros UFOs? Da única for- sidente John Kennedy, quando perguntado
dissidentes do regime de Bagdá, ainda que ma que sempre procederam: investigan- pelo repórter Bill Holden sobre o que pensava
sob risco de morte, já afirmavam que Sa- do tudo para seu próprio conhecimento e a respeito dos UFOs, respondeu: “Eu gosta-
ddam tinha amplo conhecimento da pre- acobertando os fatos do público. Desde o ria de contar ao público o que existe sobre a
sença alienígena na Terra e chegara a cons- imperador Carlos Magno, que punia in- situação alienígena, mas minhas mãos estão
truir um local tão secreto quanto a Área 51 clusive com a morte aqueles que relata- atadas”. As nossas também.
A
interiorização e a ram mecanismos de autodefesa,
impregnação das fortificando-se na impossibili-
famosas apari- dade de sua averiguação lógica
ções marianas de e determinando o modo como
Fátima, em 1917, percebemos e reconstruímos a
no tecido mítico- “realidade”, de acordo com con-
-cultural português são geral- dições sensoriais e culturais e em
mente entendidas no contexto da moldes e limites que se vão reco-
tradição religiosa do catolicismo nhecendo e identificando.
popular, abastecida por sedimen- Recentemente, acentuou-se
tos arcaicos de cultos. Ao longo a curiosidade e o interesse nas
dos seus quase 90 anos de histó- aparições marianas, por parte
ria, a difusão dos fenômenos de de investigadores de ciências físi-
Fátima floresceu na sociedade cas, humanas e sociais, causando
portuguesa, sem discussões nem uma reflexão em torno de ques-
alternativas, e estabeleceu-se nos tões decorrentes dos episódios
estreitos limites dicotômicos da de 1917. Essa convergência con-
aceitação ou da recusa. Como creta e desapaixonada na abor-
sabemos, sistemas de crença ge- dagem de fenômenos reputados
Mistério d
36 Ano XXX I UFO 200 I Maio 2013 www.ufo.com.br
FENÔMENO
ARTIGO PUBLICADO ORIGINALMENTE EM UFO 106, DE JANEIRO DE 2005
ARQUIDIOCESE DE FATIMA
Joaquim Fernandes, do “miraculoso”, não pretende pelos eternos territórios próprios
consultor da Revista UFO colidir com o objeto religioso e dos poderes religiosos. Sobretu-
devocional conferido pelo siste- do, tem importância significati-
ma de crenças relativo aos even- va ao superar a clássica dicoto-
tos da Cova da Iria, do início do mia entre crença e descrença, fé
século passado. Seja como for, e razão, quando se desenham si-
essa iniciativa em realizar novas nais renovadores de crenças re-
pesquisas dos fatos, por parte da ligiosas. A investigação também
comunidade científica nacional não se intimidou com supostos
e internacional, acabou por des- conhecimentos elitistas, marca-
mentir a alegada impossibilidade dos por um “cientificismo po-
de se enquadrar e de analisar ob- sitivista”, argumento sempre
jetivamente os fenômenos dedu- invocado a quem não interessa
zidos a partir dos testemunhos do a exposição e confrontação de
que aconteceu em Fátima. novos dados e perspectivas que
A investigação científica dos a marcha do tempo torna viá-
acontecimentos tem o objetivo de veis. A integração de novas for-
indagar sua natureza em profun- mas de realidade nas searas do
de Fátima
www.ufo.com.br Ano XXX I UFO 200 I Maio 2013 37
EDIÇÃO HISTÓRICA UFO 200
GIUSTO FARONI
Até pouco tempo do nas aparições de
atrás, tal analogia não 1917, além de outras
teria outra utilidade se não a de servir de TOQUE DIVINO? vivências excepcionais de caráter não re-
pitoresco detalhe, próprio do folclore da A ciência pode ser usada como instru- ligioso, ambos os casos marcados por al-
região da Serra de Aire, onde os fatos se mento de interpretação de fatos tidos terações de estado de consciência das tes-
deram. As descrições dos fatos, hoje ba- exclusivamente como religiosos, atra- temunhas. Seja em sua matriz religiosa
ses para muitas contestações de sua in- vés de áreas como a neuroteologia e a — como o exemplo de Fátima e outros ao
terpretação religiosa, foram dadas através neurobiologia redor do mundo — ou no âmbito laico, os
de testemunhos mais ou menos ingênuos, experimentos de contato com entidades não
feitos por crentes que conviveram com os norte-americano James McCampbell, que, terrestres são caracterizados pela recepção
episódios ao redor da pequena azinheira. sabendo de nossas investigações, reforçou de algum tipo de mensagem por parte dos
Só que o fenômeno do zumbido, repetido a validade da hipótese nas suas deduções contatados, não raro considerados especiais
inúmeras vezes em observações próximas acerca dos efeitos produzidos por uma fon- ou “eleitos”, que acabam tornando-se reci-
de UFOs e em cenários culturais distintos, te eletromagnética (EM) daquela grandeza pientes e zeladores da mesma. O psiquiatra
poderia representar um indício razoável de em seres vivos e no ambiente. McCamp- da Universidade de Harvard John Mack,
que algo não convencional se passou em bell publicou seus estudos a respeito da re- falecido há poucos meses, estudou detida-
1917. A audição de tal ruído poderia somar- ação a efeitos EM de UFOs em humanos mente os casos não religiosos de contatis-
-se às sequelas colaterais de outra “fonte”, na obra Ufology [Jaymac Company, 1973]. mo do ponto de vista da psicoterapia, tendo
esta responsável pelas demais evidências publicado os resultados na obra Abduções
físicas descobertas em Fátima. A primeira Vivências excepcionais [Educare Brasil, 1997]. Mais recentemen-
associação de fatos que nos surge é uma te, o próprio Mack ampliou seu estudo e
manifestação de radiação eletromagné- Ainda que sujeita a uma futura reavalia- publicou novas conclusões em Passport
tica, no espectro das micro-ondas, cujos ção, a hipótese da radiação EM ofereceria to the Cosmos: Human Transformation
efeitos físicos e biológicos vêm sendo es- a possibilidade — fundamental no ponto and Alien Encounters [Passaporte para o
tabelecidos e aferidos desde a década de de vista da escassez de hipóteses — de ter Cosmos: Transformação Humana e Encon-
50 por equipes científicas em laboratórios servido de “canal” de comunicação entre a tros Alienígenas, Crown Publishers, 1999].
franceses, canadenses e norte-americanos. tal senhora luminosa e a vidente Lúcia, tal
Este indício — por muitos anos diluí- como sustentam as experiências já referidas. Anjo de cabelo louro
do nas expressões emocionais dos religio- De fato, desde McCampbell, experiências
sos presentes em Fátima — é o ponto de laboratoriais levaram a indícios não despre- Sobre as experiências canadenses des-
partida para a elaboração de uma hipótese zíveis de que o modelo agora exposto é vá- critas, é importante registrar que elas de-
que justifica o triplo e simultâneo proces- lido, se considerarmos como fato que as tes- terminaram a reverberação de ruídos no
so fenomenológico ocorrido no ápice do temunhas de Fátima registraram sensações interior do crânio dos sujeitos testados, a
Milagre do Sol, e explica seus efeitos de auditivas como o tal zumbido de abelhas. partir de curtas descargas de radiação de
calor intenso, secagem da roupa e do solo, Entre os suportes adicionais a estas conclu- micro-ondas. O grau de percepção obtido
além das reações fisiológicas. Essa relação sões, estão ainda experiências conduzidas em tais testes consistiu numa combinação
fundamental de causa-efeito havia sido pelo Canadian Institute of Electrical and de sons audíveis quando as cabeças dos su-
inicialmente aventada pelo físico nuclear Electronic Engineers, particularmente pe- jeitos foram colocadas em linha reta com
tas científicas, que nos foram pes- tistas em diversas novas áreas da
soalmente transmitidas por Jean exploração científica. O biólogo
Pierre Petit, astrofísico do Cen- suíço Claude Rifat, considerando
tre National de la Recherche Scientifique O ÓBVIO ESTAMPADO as modalidades de “experiências aparicio-
(CNRS), de Paris, e diretor adjunto do Cen- Imenso vitrô do Santuário de Fátima, em nais”, sugere que devemos estar atentos ao
tro de Cálculo da Universidade de Provénce. Portugal, onde está representado o cha- papel que o locus coeruleus — importante
Petit nos descreveu experiências realizadas mado “Milagre do Sol”, de 1917. Pes- região do cérebro dos mamíferos — de-
em 1979, em Toulouse, onde se confirmou quisadores sabem, hoje, que nada se pas- sempenha na eclosão dessas situações di-
a recepção por via não auditiva desse tipo sou com o astro na época, mas que um tas irreais. Rifat se refere ainda à hipótese
de sensação, ao se expor um sujeito a uma UFO foi avistado sobre a região de os raios X de uma fonte luminosa —
de qualidade sobre o
dos governos quanto à presença alie-
nígena inteligente na Terra.
Mas o trabalho da revista não pa-
Fenômeno UFO rou com a abertura inicial promovida
pelo Governo Brasileiro — ao contrário,
sua responsabilidade aumentou signi-
em 2004, a arquitetura dessa vitoriosa cam- ficativamente, até por que, como é de
Fernando A. Ramalho, panha começou a ser desenhada com as de- conhecimento da nossa Ufologia, tudo
coeditor da Revista UFO clarações bombásticas do coronel Uyrangê indica que tal abertura exporia apenas
Hollanda sobre a Operação Prato, publicadas a ponta do iceberg dos segredos ufo-
N
estes 65 anos da chama- em 1997 justamente na UFO. E continuou lógicos do país. O inaceitável proces-
da Ufologia Moderna, aqui com o vazamento de parte dos documen- so de acobertamento infelizmente per-
no Brasil os últimos 30 não tos do Sistema de Investigação de Objetos siste, sobretudo no que se refere aos
deixaram nada a desejar aos estudos Aéreos Não Identificados (Sioani), do IV Co- segredos do Exército e Marinha, pois
desta fascinante área de pesquisa mando Aéreo Regional (COMAR 4), tendo nada do que estas armas detêm sobre
realizados no exterior. Até meados seu ápice na inesquecível visita da Comissão UFOs foi enviado ao Arquivo Nacional,
dos anos 80, quando surgiu a Revis- Brasileira de Ufólogos (CBU) às instalações apesar dos inúmeros pedidos feitos por
ta UFO, o período áureo dos discos do Centro Integrado de Controle de Tráfego ufólogos através da Lei de Acesso à In-
voadores, indo da década de 50 a Aéreo (Cindacta), em maio de 2005 — to- formação — é justamente nesta frente
70, fora coberto apenas pela im- das essas foram iniciativas apoiadas ou via- de trabalho que a UFO está atuando
prensa genérica, quando tais ocor- bilizadas pela revista. no momento.
rências nem sempre eram estudadas,
descritas e relatadas ao público de
Desde então, a pres-
são sobre os militares
A entrevista histó- desteEmanojaneiro foi pro-
forma criteriosa — com raras exce- aumentou significati- rica que a Revis- tocolado no Mi-
ções, boa parte do trabalho era fei- vamente, uma vez que nistério da Defe-
to por jornalistas sem entendimento passamos a ser provas ta UFO fez com o coronel sa a Carta de Foz
do assunto. A lacuna resultante da testemunhais de um Uyrangê Hollanda sobre a do Iguaçu, mais
falta de conhecimento específico dos acobertamento gover- uma iniciativa da
profissionais da imprensa era rela- namental sobre o as- Operação Prato, em 1997, revista, gerada
tivamente preenchida por meio de sunto que, se não tí- foi o estopim de grandes durante o IV Fó-
livros, artigos e ensaios de renoma- nhamos a ideia exata rum Mundial de
dos ufólogos, trabalhos lançados em de sua extensão, pelo mudanças na Ufologia Ufologia, naque-
publicações direcionadas e de al- menos sabíamos que la cidade. O docu-
cance regional, mas, infelizmente, era inquestionável. Brasileira e culminaram, mento, já ampla-
geralmente defasados em meses e Como resultan- há alguns anos, na campa- mente divulgado,
até anos. Porém, há 30 anos o ce- te desse processo, os foi a mais recente
nário começou a se modificar, pois, documentos da Força nha UFOs: Liberda- ação da Comissão
entre outras propostas, a UFO veio Aérea vieram a pú- de de Informação Já Brasileira de Ufó-
para resolver este problema, e pra- blico em outubro de logos (CBU) para
ticamente revolucionou a forma de 2008, forçados pelo protocolo do Dossiê convencer o Ministério da Defesa a inter-
divulgação do assunto. UFO Brasil na Casa Civil da Presidência da vir diretamente nos comandos das nossas
Sem dúvida alguma, um marco República. Assim, se aquelas declarações de Forças Armadas — e já deu frutos. Seu
importantíssimo dessa longa histó- Hollanda já assombraram o mundo ufoló- resultado prático foi a convocação de
ria foi o lançamento da campanha gico, a confirmação, mais de uma década uma reunião histórica entre os membros
UFOs: Liberdade de Informação Já, depois, desse e de centenas de outros ca- da CBU e representantes da cúpula da
apoiada pela publicação, que resul- sos por meio do envio das informações do Marinha, Exército e Aeronáutica, media-
tou na abertura de milhares de pá- Ministério da Defesa ao Arquivo Nacional, da pelo referido Ministério, ocorrido em
ginas de documentos antes secretos em Brasília, fizeram da Ufologia Brasileira abril de 2013 e que será tema de uma
sobre nossos visitantes. Depois disso, uma das mais profícuas do planeta. Conco- edição em breve. O encontro fechou
a Ufologia Brasileira nunca mais foi a mitantemente à divulgação desses fatos, a com chave de ouro as comemorações
mesma. Embora tenha sido lançada campanha colocou a UFO e a CBU defini- dos 30 anos da Revista UFO.
D
ando prossegui- das e reconhecidas pelos membros
mento ao processo da Comissão Brasileira de Ufólogos
iniciado em 2008, (CBU) e da Equipe UFO.
que teve continui- Entretanto, independente da
dade no mês de importância de inúmeros destes
maio de 2009, a relatórios e registros, inclusive re-
campanha UFOs: Liberdade de ferentes a casos ufológicos cuja
Informação Já acaba de conseguir existência desconhecíamos, não
de nossas autoridades, no final de podemos deixar de destacar que
setembro daquele, a liberação de o ponto-alto da atual liberação é
mais um pacote de documentos an- o relatório final relativo à chama-
tes sigilosos sobre a presença alie- da Noite Oficial dos UFOs no Bra-
nígena em nosso país. O calhama- sil, como ficou consagrada a noi-
ço, desta vez, chegou a quase 800 te de 19 para 20 de maio de 1986,
páginas de documentos, relatórios, quando ocorreu um dos mais ex-
fotos, memorandos etc. Agora, o traordinários casos da história da
Governo abriu para consulta e Ufologia Brasileira e Mundial. Du-
mandou para o Arquivo Nacional rante várias horas, desde o início
todos os seus segredos dos anos daquela noite e até a madrugada
80, mantendo o padrão de liberar do dia seguinte, mais de 20 ob-
as informações década por déca- jetos voadores não identificados
da. Todo o conteúdo deste pacote saturaram as telas dos radares
já está disponível no Portal UFO. do Centro Integrado de Defesa
Marco A. Petit,
coeditor da Revista UFO
Este novo e revelador conjunto de Aérea e Controle de Tráfego Aé-
arquivos traz muitas surpresas reo (Cindacta), caracterizando
que ainda estão sendo identifica- uma verdadeira “invasão”.
ALEXANDRE JUBRAN
Os UFOs, inicialmente detectados decolaram progressivamente das Bases dade de São José dos Campos. A dupla
na região do Vale do Paraíba, em torno Aéreas de Santa Cruz (RJ) e de Anápo- teve a oportunidade de circundar um dos
da cidade de São José dos Campos (SP) lis (GO), com a finalidade de perseguir e artefatos no momento em que estava em
— uma das áreas estratégicas de maior identificar os alvos que estavam entupin- altitude inferior à do Xingu, conforme de-
importância para o país —, acabaram se do as telas de radar, e que, pela observação clarou em entrevista à Rádio Bandeirantes.
espalhando e sobrevoando também os es- das mesmas, apresentavam velocidades e O coronel era presidente da Empresa Bra-
tados do Rio de Janeiro e Goiás. deslocamentos espantosos. sileira de Aeronáutica (Embraer), sediada
A situação foi tão séria que até o Além dos pilotos militares na cidade, e se preparava para assumir a
presidente da República na épo- a bordo de nossos mais moder- presidência da Petrobrás.
ca, o atual senador José Sarney, nos aviões na época, também
foi acordado pelo então Ministro estavam entre as testemunhas Aproximação dos objetos
da Aeronáutica, brigadeiro Octá- das ocorrências pilotos civis de
vio Júlio Moreira Lima, que ain- aeronaves comerciais e figuras Em meio à conferência com a im-
da no dia 20 convocou a mídia de grande notoriedade no país, prensa, o próprio Moreira Lima prome-
nacional para um pronunciamento oficial como o coronel Ozires Silva, que chegou teu que dentro de 30 dias o Ministério da
sobre os fatos. Foram colocados à dis- a tentar uma perseguição a uma das naves Aeronáutica divulgaria um relatório de-
posição da imprensa, para responderem alienígenas, a bordo de um avião Xingu talhado e definitivo sobre tudo que havia
às perguntas, os próprios pilotos dos ca- pilotado pelo comandante Alcir Pereira ocorrido durante àquelas horas memorá-
ças da Força Aérea Brasileira (FAB) que da Silva, quando se aproximavam da ci- veis, em que inúmeros discos voadores
U
m dos casos de maior credibilida- o relatório não foi torna- tes naquela noite sobre o
ARQUIVO INCAER
CLAUDEIR COVO
de do repertório ufológico nacional do público, uma vez que, país, colocando nosso sis-
é, sem dúvida, a “invasão” de uma como sabemos agora, ele tema de defesa aérea em
frota de objetos voadores não iden- foi de fato produzido e alerta máximo.
tificados ocorrida na noite do dia 19 de maio de está datado de 02 de ju- AUTORIDADES ENVOLVIDAS Mas este não foi o
1986. Não foi por acaso que o evento foi batiza- nho de 1986 — bem an- O então ministro Moreira Lima único documento gerado
do pela Comunidade Ufológica Brasileira como tes do prazo de 30 dias. [E] confirmou os UFOs e Ozires a respeito da Noite Ofi-
Noite Oficial dos UFOs no Brasil, pois logo após Trata-se do Relatório de Silva os observou de seu Xingu cial dos UFOs no Brasil.
os acontecimentos tivemos do então ministro Ocorrências que foi pre- Há pelo menos mais um
da Aeronáutica, brigadeiro Octávio Júlio Mo- parado pelo Comando Aéreo de Defesa Aérea relatório, este ainda não liberado, sobre aquele
reira Lima, uma declaração inédita sobre os fa- (COMDA) e encaminhado ao ministro, tendo fantástico episódio. O material já é de conheci-
tos. Moreira Lima, juntamente com os pilotos da como base os depoimentos dos pilotos militares mento desde alguns meses após os fatos, e con-
Força Aérea Brasileira (FAB) que perseguiram os e civis e operadores de radar. firma que eram mesmo 21 os objetos voadores
artefatos, compareceu a uma entrevista coletiva não identificados, vistos, detectados por radar e
com os principais órgãos da imprensa nacional, Uma nova informação perseguidos pelos caças da FAB. Mais alarmante
confirmando sem sombra de dúvidas a invasão ainda é que tal relatório daria a medida dos ar-
de nosso espaço aéreo por UFOs. Por mérito dos próprios ufólogos, os fatos tefatos em cerca de 100 m de diâmetro, ou seja,
Na ocasião, para espanto de todos, o militar nunca caíram em esquecimento, e agora, 23 anos eram colossos voadores do tamanho de uma
confirmou à imprensa que foram nada menos do depois, através do esforço e empenho da Comis- quadra urbana. Imagine o leitor 21 aparelhos
que 21 alvos detectados pelos radares do Centro são Brasileira de Ufólogos (CBU), que idealizou a como este sobre os principais aeroportos do país.
Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfe- campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, o A confirmação da existência deste relató-
go Aéreo (Cindacta), e chegou a prometer publi- Governo Brasileiro liberou o documento oficial rio, no entanto, é que nunca ficou clara aos
camente a liberação, dentro de 30 dias, de um sobre o assunto. A peça finalmente comprova a ufólogos brasileiros. A informação de que se
relatório completo sobre o episódio. Porém, em autenticidade e a importância daquela marcante tratavam de 21 esferas de 100 m de diâmetro
19 de junho, data em que o documento deveria ocorrência ufológica da década de 80, tornando é repetida em artigos e sites há muitos anos,
ser conhecido, nada ocorreu. E nos meses e anos unânime a opinião de que se trata de uma das mas de onde vem ela? Ela teria sido passada
seguintes, Moreira Lima se “esqueceu” de voltar principais provas da Ufologia de que naves com por um dos comandantes do avião presidencial,
FAB
de nossa civilização. foi utilizado para justificar os al-
Mesmo diante de tais revelações, completa incapacidade de perceber a vos nos radares e as correspondentes ob-
a verdade é que expressiva parcela da importância e as implicações daqueles servações visuais. “Era uma chuva de
mídia nacional — e a totalidade dos fatos. Nossos cientistas não só demons- meteoros”, declarou em entrevista o as-
cientistas que foram chamados a se pro- traram uma capacidade surpreendente trônomo Ronaldo Rogério de Freitas
nunciar e tentar explicar os eventos re- de ignorar as significativas descrições Mourão ao editor da Revista UFO, A.
lacionados ao incidente — demonstrou fornecidas e divulgadas pelos pilotos J. Gevaerd [Veja edições 130 e 131].
UFOs no Brasil
21:15 O controle de radar de São Paulo infor- para órgãos de imprensa da Baixada Santista,
ma ao Cindacta a detecção e verificação dos quando a região passava por uma onda muito
estranhos objetos voadores. forte de ocorrências ufológicas, Silva disse que
o caso de 19 de maio de 1986 ainda é “um
na ocasião já aposentado, que teria servido a 21:20 O controle de tráfego aéreo em Brasí- enorme mistério para mim”. Na oportunidade,
presidentes. O piloto, um experiente vetera- lia também confirma a presença de sinais sem Silva relatou que, por volta de 21h30, quando
no da aviação brasileira, que voou aeronaves identificação nos radares. estava perto de Poços de Caldas, o operador
da FAB, depois comerciais e então finalizou do controle de tráfego aéreo lhe perguntou se
sua carreira a serviço da Presidência da Re- 22h23 Decola da Base Aérea de Santa Cruz, o eu estava vendo alguma coisa estranha no ar,
pública, teria visto o relatório sobre os 21 ar- primeiro caça F-5 para tentar identificar e inter- pois o radar havia detectado pontos não iden-
tefatos — os quais Moreira Lima confirmou à ceptar os objetos não identificados. tificados. “Olhei e não vi nada. Continuei voan-
imprensa — na sala de coordenação de voo do em direção a São José dos Campos e per-
do Palácio do Planalto e lido seu conteúdo, e 22:45 O radar da Base Aérea de Anápolis (GO) guntei ao controlador onde estavam os objetos.
assim confidenciado seus detalhes. Agora se aponta mais sinais sem identificação e manda um Olhando para a direção que me foi indicada,
sabe mais sobre esta informação. caça Mirage decolar em busca dos UFOs. vi algo que parecia um astro luminoso, averme-
lhado, de forma alongada”, declarou.
Cronologia dos acontecimentos 23:15 O piloto do primeiro caça F-5 a entrar em Ozires Silva então pediu autorização da tor-
ação avista os objetos não identificados pela pri- re de controle e seguiu na direção do UFO, mas
20:50 O primeiro UFO é detectado pela tor- meira vez e começa a persegui-los. quando tentava maior aproximação, o objeto de-
re de controle de São José dos Campos, que sapareceu. Isso também foi constatado por um
solicita ao comandante Alcir Pereira da Silva, 23:17 Mais um caça Mirage decola da Base de piloto da Varig. Inquirido, forneceu sua opinião
piloto da Embraer que estava com Ozires Sil- Anápolis, aumentando a perseguição. de maneira conscienciosa: “Um astro não aparece
va a bordo de uma aeronave Xingu, próxima no radar. Dentro da escala humana, aqueles ob-
do local da detecção, que fizesse o reconhe- 23:20 O caça F-5 detecta pela primeira vez os jetos não têm explicação. A diferença deste caso
cimento visual daquele objeto. objetos em seu radar de bordo. Minutos depois, para outros é que estes objetos foram detectados
um terceiro Mirage decola da Base Aérea de Aná- pelo radar. Houve uma constatação física, o que
21:10 Vários sinais luminosos finalmente são polis, em Goiás, atrás dos intrusos. dá maior credibilidade ao fato”. Nesta entrevista,
observados pelo comandante e Ozires Silva, a Silva ainda viu e deu sua opinião sobre as ima-
bordo da aeronave Xingu. Os avistamentos e perseguições continua- gens de um UFO que foi fotografado na Rodovia
ram durante as primeiras horas do dia 20 até Imigrantes, há poucos meses e comentou sobre
21:14 Controladores de voo de São Paulo tam- que a esquadrilha de UFOs desaparecesse em as mesmas: “É interessante, esse objeto que tem
bém registram sinais sem identificação em seus direção ao Oceano Atlântico. Importante teste- luz própria, diferente daquele que vi em 1986,
radares — chamados de plots e, mais atuali- munha deste caso foi Ozires Silva. Na sua última que parecia mais ter uma luminosidade refletida.
zados, como “tráfego hotel”. entrevista sobre os fatos, concedida em 2008 É algo diferente e bem interessante”.
OBJETOS MATERIAIS QUE OBEDECIAM A UM COMANDO INTELIGENTE radares. “No caso em questão, todo o
Uma parte do documento Relatório de Ocorrências, datado de 02 de junho de aparato militar de defesa do espaço aé-
1986, apenas alguns dias após a Noite Oficial dos UFOs no Brasil. Nele se vê em reo foi mobilizado sem que, efetivamente,
detalhes o que aconteceu durante a perseguição que caças da Força Aérea Brasi- fosse feito qualquer contato visual que
leira fizeram a 21 objetos voadores não identificados sobre a Região Sudeste justificasse a presença daqueles plots”.
Parece que Mendes Nogueira não es-
Enfim, um verdadeiro festival de ab- brigadeiro Fernando Mendes Nogueira, tava no país em maio de 1986, e muito
surdos infestou nossos telejornais e os na época chefe do Centro de Comunica- menos teve acesso aos documentos ofi-
meios de comunicação em geral. Porém, o ção Social da Aeronáutica (Cecomsaer). ciais sobre esta história, que agora a cam-
impacto da presença daqueles objetos no Começava aí outro tipo de postura por panha UFOs: Liberdade de Informação
espaço aéreo do país foi significativo. E parte dos comandos militares, que visa- Já acaba de conseguir. Foi a falha mani-
tão surpreendente quanto a vontade inicial va claramente a desmoralização do inci- festação deste militar, em nome de uma
de divulgar tudo, manifestada claramente dente, mas que desacreditava-se no seu suposta, porém desarticulada transparên-
pelo então ministro da Aeronáutica, bri- nascedouro, devido às próprias contra- cia, que acabou levando a jornalista Reja-
gadeiro Moreira Lima, dições. Em sua respos- ne Schulmann e este autor a procurarem
foi a omissão total da ta, apesar de propalar o então ex-ministro da Aeronáutica, bri-
imprensa 30 dias de- uma suposta transpa- gadeiro Moreira Lima. Afinal, Mendes
pois, quando o prome- rência nas atitudes do Nogueira desmentia categoricamente o
tido relatório não foi di- órgão ao qual estava homem que havia iniciado o processo
vulgado. Um silêncio integrado, Mendes de informação do caso ao povo brasileiro.
profundo existiu por Nogueira declarava Como revelei no meu sexto livro
ambos os lados, algo inexistir uma conclu- UFOs: Arquivo Confidencial [Código
simplesmente inacre- são para o incidente e, LIV-019 da coleção Biblioteca UFO. Con-
ARQUIVO UFO
ditável frente a ocor- mais a frente, repor- fira na seção Shopping UFO desta edi-
rências de importância tava a constatação de ção e no Portal UFO: www.ufo.com.br],
indiscutível. Mas a coisa não ficou apenas anomalias magnéticas como resposta apresentei ao ex-ministro, na oportuni-
no silêncio de nossas autoridades e no pro- para as detecções feitas pelos radares. dade em que gravei uma entrevista ex-
gressivo descaso da mídia. Em 1991, um E foi mais além nesta sua triste peça de clusiva, a resposta de Mendes Noguei-
ufólogo enviou um ofício ao Comando desinformação: o militar faz menção ain- ra ao ofício remetido pelo ufólogo. Se
Aéreo de Defesa Aérea (COMDA) co- da de que não houve detecção ou conta- de início Moreira Lima se mostrou até
brando o relatório, que prontamente foi to visual que pudesse justificar ou estar constrangido com a situação — ver suas
respondido em documento assinado pelo relacionado aos sinais verificados pelos declarações anteriores desmentidas —,
ARQUIVO UFO
uma referên- visualizados e radarizados,
cia e desmen- assim como revela o que nós,
tido categóri- ufólogos, já estamos cansa-
co às alegações, dos de afirmar, não só em
por exemplo, do relação a este caso especí-
brigadeiro Men- fico, com todas as informa-
des Nogueira em ções que já tínhamos, como
sua resposta ao de forma geral em relação
referido ufólogo, ao Fenômeno UFO: nos-
onde temos afir- so espaço aéreo vem sen-
mado que desde do literalmente invadido
o início daquelas por objetos controlados por
ocorrências os UFOs estavam não só ESFORÇO DOS UFÓLOGOS alguma forma de inteligência. Portanto,
sendo observados visualmente sobre a Os documentos secretos da Força não se trata de algum fenômeno obscu-
região da cidade de São José dos Cam- Aérea Brasileira passaram e ser libe- ro ou de natureza desconhecida, mas de
pos, como suas presenças já eram mo- rados com a defagração da campanha algo inteligente e proposital. Enfim, es-
nitoradas e detectadas por nossos rada- UFOs: Liberdade de Informação Já tamos diante de artefatos cuja tecnolo-
res. De onde então Mendes Nogueira gia está muito além de nossas possibili-
tirou base para suas afirmativas de que dades da gama subsônica até super- dades de entendimento e compreensão,
não houve em maio de 1986 contato sônica, bem como mantêm voo paira- algo que parece quase magia, como cer-
visual compatível e relacionado aos do. (c) Variam suas altitudes abaixo ta vez me foi declarado pelo próprio ex-
plots verificados nos instrumentos? do FL-050 até altitudes superiores a -ministro Moreira Lima. Falando ainda
Vamos transcrever partes do docu- FL-400. (d) Às vezes são visualizados mais claro, estamos diante de naves sob
mento liberado, para que o leitor tenha devido a luzes de cores branca, verde o controle de outras civilizações.
ideia de seu conteúdo e avalie sua im- e vermelho, e outras vezes não se tem
portância. O mesmo encontra-se dispo- indicação luminosa. (e) Têm capa- Condição militar e cósmica
nível no Portal UFO [Veja como baixar cidade de acelerar e desacelerar de
em box desta edição]. Em suas Conside- modo brusco. (f) Têm capacidade de Estas páginas, cuja liberação acaba-
rações Finais, o relatório encaminhado efetuar curvas com raios constantes mos de conseguir através da campanha
ao ministro Moreira Lima revela: e outras vezes com raios indefinidos. UFOs: Liberdade de Informação Já, são
um tiro certeiro no ceticismo e na preten-
n Da análise dos acontecimentos, n Como conclusão dos fatos obser- são de alguns ex-ufólogos, que, na contra-
este comando é do parecer de que, de vados, em quase todas as apresen- mão da história, continuam insistindo que
acordo com as informações dos con- tações, este Comando é do parecer devemos tratar o Fenômeno UFO como
troladores, pilotos e relatórios ante- de que os fenômenos são sólidos e algo questionável e de natureza pouco
riormente elaborados pelo I Cindac- refletem de certa forma inteligência, definida. O Relatório de Ocorrências
ta, alguns pontos são coincidentes no pela capacidade de acompanharem parece ter sido mantido em sigilo exata-
que tange ao eco radar, aceleração, e manterem distância dos observa- mente por isto, por deixar claro — como
iluminação, velocidades e compor- dores, como também voarem em for- outros calhamaços produzidos dentro dos
tamento, tanto pelas detecções téc- mação, não forçosamente tripulados. ambientes militares e de inteligência das
nicas como visualização efetuada. principais nações — que estamos diante
n Por oportuno, cabe ressaltar de algo físico e que manifesta um poten-
n Alguns que podemos citar são os a eficiência das unidades aéreas cial de avanço tecnológico muito além de
fenômenos que apresentam certas ca- engajadas na operação, pois, de nossa capacidade de controle. Esta é cer-
racterísticas constantes a saber: (a) acordo com o previsto, cada uma tamente uma das questões fundamentais
Produzem ecos radar não só do Siste- delas mantém uma aeronave de por trás de todo o acobertamento mundial
ma de Defesa Aérea, como também no alerta a 45 minutos e com menos em relação à presença destes objetos e
das aeronaves interceptadoras simul- de 30 minutos após o acionamen- suas tripulações em nosso meio.
taneamente, com comparação visual to, sete vetores armados estavam O relatório sobre a Noite Oficial dos
pelos pilotos. (b) Variam suas veloci- disponíveis para emprego. UFOs no Brasil é bem objetivo neste as-
pecto, apesar de evitar explicitar o fato. mann, quando fez menção aos cuidados ligências responsáveis pela manifestação
A única coisa que nossas forças milita- que as autoridades precisam ter para não ufológica, as instituições militares e go-
res e pilotos puderam fazer foi observar divulgarem notícias ou informações que vernamentais — abrindo gradualmente
e constatar a superioridade das naves possam levar a população a um estado seus arquivos —, os ufólogos lutando para
alienígenas em voo sobre a Região Su- de perplexidade e até a um processo que a verdade seja finalmente conhecida
deste. E parece que a inteligência por de histeria. Na ocasião, o entrevistado e a humanidade como um todo. A última
trás de tais manifestações tem sim exis- chegou a lembrar o que aconteceu em deve, diante das informações que come-
tência reconhecida no documento, que Nova York, quando da famosa difusão çam a circular de maneira oficial, perceber
inclusive faz questão de demonstrar sua radiofônica da novela de Orson Wells a realidade que terá que viver em breve.
superioridade. Não é fácil para nossos sobre a invasão de nosso planeta pelos Estamos sendo preparados para reconhe-
militares, ou mesmo para qualquer ins- extraterrestres [A Guerra dos Mundos, cer nossa verdadeira condição cósmica.
tituição militar do país ou do exterior, 30 de outubro de 1938]. Partilhamos o universo com outras ci-
assumir sua inferioridade e incapacidade vilizações e humanidades, inclusive em
de controle de seu espaço aéreo. Parece Algo para ser percebido patamares evolutivos superiores.
claro para este autor, hoje, e em breve A Ufologia Brasileira está de para-
deverá ser também para toda a Comuni- Ao contrário do que as pessoas es- béns e é hora de reconhecer que final-
dade Ufológica Brasileira, que depois de peram, e mesmo do que alguns ufólo- mente nossas autoridades militares e ci-
um início promissor na divulgação dos gos parecem pensar, não é necessário vis — ou pelo menos parte delas — estão
fatos daquela noite memorável, nossas que os governos, as instituições oficiais cumprindo o papel que lhes cabe neste
autoridades, a começar pelo ministro da ou mesmo os documentos secretos afir- momento histórico, em que finalmen-
Aeronáutica, perceberam as possíveis e mem de maneira definitiva e explícita te os arquivos sigilosos começam a ser
prováveis implicações da divulgação a natureza extraterrestre do Fenômeno desclassificados e disponibilizados em
das conclusões finais sobre o incidente, UFO. O importante é o que está aconte- todo o mundo. A Comissão Brasileira
presentes no documento agora liberado. cendo agora em termos mundiais, a libe- de Ufólogos (CBU), que lidera em nos-
Se o fizessem, com certeza surgi- ração de uma farta documentação como so país este movimento de abrangência
riam questões que não poderiam ser esta deixa evidente exata e inequivoca- mundial, seguirá em frente com a cam-
respondidas de maneira sólida na época, mente isto. É algo para ser percebido e panha UFOs: Liberdade de Informação
sem se colocar em risco a noção de tran- não uma verdade para ser imposta por Já, até que todos os objetivos sejam al-
quilidade e de mundo que a maioria das meio de uma declaração definitiva. cançados, ocorra uma abertura geral e
pessoas tinha e ainda têm. Prevaleceu a A humanidade está diante de um pro- total da documentação governamental e
ideia manifestada pelo próprio Moreira cesso de amadurecimento e de cresci- militar pertinente à presença dessas ci-
Lima durante a entrevista concedida a mento, no qual estão envolvidos vários vilizações. Este é o nosso compromisso,
este autor e à jornalista Rejane Schul- personagens, entre eles as próprias inte- esta é a nossa contribuição.
PUBLICIDADE
T
emos assistido nos últi- estudo da historicidade ufológica e nente de suas teorias e métodos para
mos anos ao recrudes- sua dimensão no campo das ciên- chegarem aos resultados colimados.
cimento de proposições cias sociais, pretendo neste ensaio Entendo que os pressupostos capi-
extremistas em quase entabular uma análise crítica da taneados pelos céticos são de grande
todos os setores da ati- postura cética. Tal empreendimen- serventia para o avanço da própria
vidade humana. Na to justifica-se, primeiro, porque os Ufologia, à medida que obrigam os
Ufologia, marcadamente, pelo seu ufólogos têm sido sistematicamente ufólogos a sobrelevarem-se a um ní-
próprio caráter multifacetado, in- detratados sem que houvesse uma vel congruente, porém, discordo in-
terdisciplinar e indefinido, isso vem contrapartida que atingisse o fulcro teiramente dos limites absolutos e dos
se agudizando cada vez mais. De um das práticas discursivas dos céticos. preconceitos que pretendem impor.
lado, os crentes que em tudo acredi- Cabe dizer ainda que a presente des- Para os céticos, as coisas existem ou
tam sem nada questionar, de outro, construção discursiva será operada não existem, se bem que a melhor fi-
os céticos que em nada acreditam e por meio da crítica filosófica, assen- losofia para eles é não acreditar em
tudo criticam e questionam. O em- tada na perspectiva dialética. Sem nada. A ciência é que se encarrega-
bate radicalizou-se sobremaneira em querer ferir suscetibilidades, longe ria de mostrar toda a verdade. As-
grande parte devido a estes últimos disso, devemos reconhecer, com jus- sim, a postura que adotam é deve-
que, sem poupar ataques e empre- tiça, que na fileira dos céticos há ras cômoda: creem e aceitam como
gando o máximo de suas energias, uma nova geração de intelectuais verdade apenas aquilo que foi efeti-
propõem a desconstrução e até a brilhantes, familiarizados com a ri- vamente comprovado e homologado
extinção do fazer e pensar ufológi- gorosidade e a vanguarda do pensa- pela ciência oficial, desprezando tudo
co. Como venho dedicando-me ao mento científico e que faz uso perti- aquilo que vai contra o “credo” cien-
REGISTROS ETERNOS
Reconstituição da famo-
sa e histórica foto de Ella
Fortune, feita sobre a Base
Aérea de Holloman, em 16
de outubro de 1957
Uma análise do di
Por que a comunidade acadêmica rejeita tant
52 Ano XXX I UFO 200 I Maio 2013 www.ufo.com.br
REFLEXÃO
ARTIGO PUBLICADO ORIGINALMENTE EM UFO 118, DE JANEIRO DE 2006
tífico, pois, assim, podem falar em camente composta, em sua maioria, O ceticismo nasceu entre os gre-
Cláudio T. Suenaga,
convidado especial
que seja preciso admitir que muitas vezes difusão de diversas teorias cientificis- Auguste Comte (1798-1857), cujo princípio
de fato estão, mas a relação que fazem com tas que, apregoando o predomínio da essencial é: só podemos conhecer os fenô-
aquilo que conhecem de ciência, ou mesmo ciência e do método empírico sobre os menos positivos — reais — da experiência
as informações “científicas” que lhes che- devaneios metafísicos da religião, dei- e as suas leis, isto é, eles seriam os únicos
gam. A declaração de princípios dos céticos xaram marcas no estudo da natureza, objetivos de investigação do conhecimento.
remete inequivocamente a um racionalismo com o evolucionismo de Charles Da- Comte sustentava que as ideias se re-
cientificista, a uma vertente central ortodoxa rwin, e da sociedade, com o positivis- lacionavam de forma lógica e matemática,
que preservou os elementos ideológicos do mo de Auguste Comte e o darwinismo de modo que toda investigação transcen-
ideário positivista, herdados de suas fases social de Herbert Spencer. Além dis- dental ou metafísica que não pudesse ser
anteriores e que foi dominante durante cer- so, aprimoraram teorias no direito e na comprovada deveria ser relegada ao pla-
to tempo nos meios acadêmicos, mas que psiquiatria, e mesmo na religião, com no da imaginação e da fantasia. Trazida ao
hoje está completamente superada. o espiritismo de Allan Kardec. Brasil por jovens que estudaram na França,
Sob o influxo do racionalismo, em geral, alguns dos quais tinham sido até mesmo
e do positivismo, em particular, o cientifi- Teorias cientificistas pupilos de Comte, a doutrina positivista
cismo foi tardia- encontrou ampla acolhida por aqui, afinal,
mente adotado Tais correntes procuraram romper com para diversos setores da elite urbana, po-
pelos céticos as assunções abstratas e metafísicas. Com- lítica e intelectual tupiniquim, nosso país,
como modelo partilhavam a convicção de que a ciência e mergulhado no atraso da monarquia e da
epistemológi- escravidão, precisava
co [Relativo à seguir urgentemen-
teoria do co- ÍCONES DA CIÊNCIA te os rumos do “pro-
nhecimento] Stephen Hawkins [E] e gresso” e da “civili-
SMITHSONIAN
posição filosófica, e não científica, que moda intelectual de sua época, ao qual to- lideravam a pri-
considera válido somente o conhecimento das as teorias que se pretendessem cientí- meira, ao passo
científico. A ciência se converte no mito ficas — leia-se “verdadeiras” ou “corretas” que Luís Pereira Barreto, Tobias Barreto e
da modernidade, substituindo o impulso —, deveriam ajustar-se. As raízes do posi- Sílvio Romero lideravam a segunda.
pessoal, a paixão e o ímpeto revolucioná- tivismo são atribuídas ao empirismo abso- Aatuação doutrinária do tenente-coronel
rio. O avanço científico europeu do final luto do filósofo iluminista escocês David Benjamin Constant Botelho de Magalhães
do século XVIII, decorrente da Primeira Hume (1711-1776), que concebia apenas (1833-1891), professor da Escola Militar,
Revolução Industrial, fez com que o ho- a experiência como matéria do conheci- bem no interior das forças armadas, foi
mem acreditasse que detinha o domínio mento. Em sentido estrito, o termo desig- fundamental para criar um espírito de corpo
total da natureza. na o conjunto das doutrinas do filósofo e na caserna, pois boa parte da oficialidade
Os últimos anos do século XIX e os matemático francês Isidore Auguste Marie imbuiu-se do destino histórico de implan-
primeiros do XX foram marcados pela François Xavier Comte, ou simplesmente tar um regime republicano que fosse fun-
damentado na égide da razão e da ciência se comunicarem por meio de um discurso mes Élémentaires de la Vie Religieuse [As
positivista. A Proclamação da República pautado nos paradigmas positivistas, os Formas Elementares de Vida Religiosa, Edi-
em 15 de novembro de 1889 foi, sem dú- céticos acabaram por ressuscitar, involun- tora Paulus, 2001], publicado em 1912, as-
vida, o ápice do positivismo no Brasil, le- tariamente ou não, a teoria fundamental sinalou que tanto a lógica do pensamento
vando em conta que os adeptos de Comte da doutrina, a chamada Lei dos Três Es- religioso quanto a do pensamento científico
não só tomaram parte na preparação e no tados, segundo a qual a evolução da hu- são constituídas dos mesmos elementos es-
desfecho do golpe, como também assumi- manidade está necessariamente pautada senciais: “Sob esse aspecto, a mentalidade
ram cargos de relevo no nascente regime. por três estados sucessivos: o teológico do cientista só difere em graus da preceden-
Foram numerosas as influências do positi- — subdividido em fetichismo, politeísmo te. Quando uma lei científica conta com a
vismo na organização formal da Repúbli- e monoteísmo —, no qual os fenômenos autoridade de experiências numerosas e
ca brasileira, entre elas o dístico Ordem e da natureza e os problemas do homem variadas, é contrário a todo método renun-
Progresso da bandeira, a separação da Igre- são explicados por causas sobrenaturais. ciar facilmente a ela com a descoberta de
ja e do Estado, a decretação dos feriados, um fato que parece contradizê-la. Antes é
para comemorar e fortalecer o espírito cí- O equívoco primário dos céticos preciso estar seguro de que esse fato com-
vico, do Dia da Bandeira, Proclamação da porta apenas uma única interpretação e
República, Tiradentes e Sete de Setembro, O metafísico ou abstrato, em que essas de que não é possível negar”. Para ele, o
o estabelecimento do casamento civil etc. causas sobrenaturais são substituídas por primitivo é então motivado a não duvidar
Como ministro da instrução pública, Cons- entidades metafísicas e o positivismo ou do seu rito diante da prova de fato contrário,
tant reformulou todo o ensino brasileiro de científico, no qual o espírito humano renun- sobretudo, porque o seu valor está ou parece
acordo com o ideário de Comte. cia a conhecer a essência dos seres, e se pro- estabelecido por número mais considerável
O positivismo continuou a prevalecer põe unicamente a es- de fatos concordan-
entre os militares, fornecendo as diretrizes tabelecer relações tes. Não é por aca-
para as rebeliões tenentistas da década de invariáveis de su-
Duvidar de tudo ou so, portanto, que a
20. Entre 1930 e 1945, o positivismo orien- cessão e similitude crer em tudo são duas ciência encontra-se
tou a formulação da organização estatal do entre os fenômenos. repleta de elemen-
presidente ditador Getúlio Vargas em seu Com essa atitude, soluções igualmente cômo- tos religiosos. É
projeto de desenvolvimento nacionalista os céticos, ingenua- que, como demons-
burguês. No golpe deflagrado pelos mili- mente, incorrem no das, que nos dispensam, trou Durkheim,
tares em 31 de março de 1964, sob a ale- equívoco primário ela nasceu da reli-
gada justificativa de que agiam para salvar de considerarem o
ambas, de refletir gião, assim como
o país do caos e do perigo comunista, tam- pensamento mági- — Henri Poincaré quase todas as ins-
bém podemos entrever as linhas gerais da co, ou tudo aquilo tituições sociais.
doutrina de Comte. De modo sutil e pouco que não for racional e científico, como Atestou também que até as noções es-
visível, remanesceu entre nós um modo de resquício de um passado a ser apagado e senciais da lógica científica são de origem
pensar positivista que se faz sentir, cons- esquecido, ou uma maneira equivocada religiosa. “Certamente, a ciência, para uti-
ciente ou inconscientemente, em todos os de pensar a realidade. Quando as crenças lizá-las, submete-se a nova elaboração, mas
campos: nas ciências, política, economia, mágicas ou religiosas insistem em se fa- esses aperfeiçoamentos metodológicos não
artes, teatro, literatura etc. Foram adotan- zer presentes, costumam dizer que sub- bastam para diferenciá-la da religião. En-
do esses dogmas como leis científicas, ou sistem apenas porque a ciência ainda não tretanto, ela tende a substituir a religião em
inspirando-se neles, que os céticos formula- se deu conta de explicá-las devidamente tudo o que diz respeito às funções cognitivas
ram e difundiram uma série de diagnósticos ou porque as pessoas que as cultivam são e intelectuais”. Todavia, ao pretender isso,
sobre Ufologia e parapsicologia. simplórias, atrasadas e supersticiosas. En- estabelece um conflito contraditório, pois
tretanto, não é isso o que os antropólogos, não pode negar algo que existe e é uma re-
“Porre ideológico” sociólogos, historiadores e psicólogos têm alidade. A ciência não teria competência es-
verificado desde o início do século XX. O pecial para atribuir a si o conhecimento do
O erro infantil e a impropriedade de fato é que, conforme qualquer pessoa pode homem e o mundo, já que sequer conhece
perceberem tal assimilação tardia atestam constatar — e é estupefaciente que os céti- a si própria. “Ela própria é objeto de ciên-
um caso sintomático de “ideia fora do lu- cos, geralmente tão bem informados, não cia e está longe de poder impor. Permanece
gar”, ou de “porre ideológico”. Mas é tenham constatado isso —, que a ciência sempre a distância da ação. É fragmentária,
preciso fazer algumas distinções, se qui- convive e mescla-se com as crenças reli- incompleta. Avança muito lentamente e ja-
sermos realmente compreender a atitude giosas e que formas diferenciadas de pen- mais está concluída, mas a vida não pode
dos céticos, sem incorrer nos mesmos slo- sar convivem simultaneamente. esperar. Teorias que se destinam a fazer viver,
gans cientificistas que gente “esclarecida” O sociólogo francês Émile Durkheim a fazer agir, são obrigadas a passar à frente
tanto gosta de repetir. Ao se assumirem e (1858-1917), em seu clássico livro Les For- da ciência completando-a prematuramente”.
IRENE NECZKI
primitivos, tende a ser místico ao a água” [As Organizações Dualistas
situar-se para além da verificação Existem?, Editora Tempo Brasileiro,
possível da experiência empírica e ser BRILHANTISMO 1967]. Em outros lugares, as duas metades
indiferente às contradições. Na menta- O antropólogo Claude Lévi-Strauss, representariam uma criação do mundo, a
lidade mística, tudo pode acontecer a que eliminou a distinção feita entre outra, a sua conservação.
partir de forças não visíveis. mentalidade lógica e pré-lógica A oposição notada por Lévi-Strauss na
Melanésia e na América do Sul, entre o
Pretensa superioridade da ciência que o científico, uma vez que se nutrem da alimento cozido e o cru — como, aliás, o
mesma lógica. Entre 1935 e 1949, realizou que lhe é sempre paralelo, entre casamen-
Tão certo quanto o raciocínio lógico e várias expedições pelo Brasil e conviveu to e celibato —, implicaria “numa assime-
a própria capacidade de inferir logicamen- com diversas tribos indígenas, especial- tria do mesmo tipo entre estado e proces-
te as consequências de tais ou quais situa- mente com os nambikwaras — próximo so, estabilidade e mudança, identidade e
ções não serem exclusivas do pensamen- das nascentes do Rio Tapajós. transformação”. Partindo da linguística e
to científico, este não constitui garantia de Isso fez com que ele soubesse ob- da psicologia do princípio do século XX,
cientificidade, muito menos de verdade. A servar e reconhecer, exemplarmente, Lévi-Strauss estabeleceu que as crenças e
ausência do real, diferença entre a ciência que a cultura não era privilégio da Eu- as instituições, em toda a sociedade, obe-
desenvolvida segundo os moldes adotados ropa e naquilo que erroneamente se decem a um sistema ou estrutura. Meto-
desde o século XVI convencionou dologicamente, o estruturalismo lida com
e as pajelanças dos Diz a sabedoria po- considerar como sistemas em grande escala decifrando e
selvagens, foi cabal estágio infantil delineando as relações e as funções dos
e magistralmente pular que há duas da humanidade, elementos que constituem tais sistemas,
demonstrada pelo reside toda uma desde a linguagem e práticas culturais aos
antropólogo Clau- classes de tolos: os que não gama de conhe- contos folclóricos e textos literários.
de Lévi-Strauss,
que eliminou a dis-
duvidam de nada e os que cimentos com-
plexos e profun- Historicidade única
tinção feita entre duvidam de tudo dos, derrubando
mentalidade lógica o mito racista de O estruturalismo fez do filósofo seu mais
e pré-lógica, para — Thomas Jefferson que os primitivos celebrado representante, embora este sempre
afirmar a superio- seriam incapazes renegasse o papel de fundador de uma escola.
ridade de uma cultura sobre outra e reva- de estabelecer visões de mundo coeren- Alguns anos mais tarde, a noção de estrutura
lorizou sobremaneira os mitos, a religião tes — sistemas lógicos —, e se comu- se firmaria graças principalmente ao psica-
e as artes. Nascido na Bélgica em 1908, nicariam a partir de referenciais pura- nalista Jacques Lacan, aos filósofos Michel
membro da Academia Francesa e ex-pro- mente afetivos. Foucault e Louis Althusser e ao semiólogo
fessor de antropologia social no Collège de Enquanto a ciência racionalista e po- Roland Barthes. Ao abolir a concepção de
France e na então nascente Universidade de sitivista do século XIX desprezava o fol- história linear e negar peremptoriamente a
São Paulo (USP), Lévi-Strauss arguiu que clore, a mitologia, a magia, o animismo e existência de uma historicidade única, fun-
o pensamento “selvagem” e o mitológico os rituais fetichistas em geral, Lévi-Strauss dada nos ditames ocidentais, Lévi-Strauss
obedecem ao mesmo inconsciente coletivo entendeu-as como recursos sofisticados da voltou-se para os mitos, nos quais tudo pode
acontecer e toda relação concebida é possí- céticos: a da conquista da maturidade do zado acabou por praticamente extingui-los.
vel. Isso sem estar sujeita a regras de con- homem com a redução do real ao racional Invariavelmente, em todos os ataques que
tinuidade, ressalvando, contudo, que não e do racional ao real e, consequentemen- dirigem, novamente sem entrar no mérito
seriam construções arbitrárias nem ilógicas, te, a da comprovação da superioridade de do quanto podem estar ou não certos em
visto que “se reproduzem com os mesmos todos os povos que atingiram esse estágio. relação a este ou aquele caso, procuram
caracteres e segundo os mesmos detalhes, No caso, os europeus que se investiram insinuar, sub-reptícia ou diretamente, que
nas diversas regiões do mundo” [A Estru- da missão — como se estivesse destinada, o ufólogo é incapaz de assimilar conceitos
tura dos Mitos, Editora Tempo Brasileiro, mas que serviu na verdade de desculpa e elementares da ciência e de lidar com eles
1967]. Em suma, os mitos seriam essenciais justificativa para a expansão da civilização pelo simples fato de ser desprovido de ca-
para a compreensão da origem e do funcio- ocidental — de libertar os primitivos das pacidade para o raciocínio científico devi-
namento da cultura que o gerou e perpetuou. trevas do seu obscurantismo, nem que tal do, intrinsecamente, às suas características
Mas tenta impor categorias lógicas e racio- libertação tivesse de ser feita com o rigor deficientes, patológicas e degenerativas.
nais absolutas. Tal conduta, por si só, não com que um pai severo e amoroso ensina
é autossuficiente e, como bem asseverou ao filho imaturo e indisciplinado. Por in- Estereotipagem do ufólogo
Lévi-Strauss, chega a ser inútil. crível que pareça, como se ignorassem ou
tivessem desaprendido completamente as O discurso cético esconde, por trás de
Lições da história lições da história, os céticos assimilaram um suposto trabalho científico imparcial,
integralmente a perversa ideologia colonia- neutro e distanciado, um pernicioso teor
De fato, na história da humanidade lista, invocando o direito natural, como se discriminatório que redunda na tipologi-
aconteceu um fenômeno importante, o nas- esta coubesse a uma determinada casta de zação e estereotipagem do ufólogo, como
cimento do pensamento científico e seu homens, de impor aos ufólogos seu modo um indivíduo portador de atributos estig-
desenvolvimento. “Agora, se você matizantes que tendem a relegá-lo a
olha as coisas um pouco mais do alto, um status inferior ao que ocupa. Não
dirá que isso que respeitamos nos é somente a postura que adotam que
apaixona em seus progressos passo os colocam em patamares superio-
a passo e se efetua no decorrer dos res, mas é a própria lógica do pensa-
séculos, anos ou dias, é na realidade mento que professam aos ufólogos
profundamente vão. Já que o que nos atributos de desqualificação.
ensina é, ao mesmo tempo, a melhor Todavia, ao pugnarem pelo ba-
compreensão das coisas em seus de- nimento da Ufologia e por extensão
talhes e jamais podemos compreender do pensamento místico e religioso,
na totalidade”. Este pensamento, ao o que levaria, consequentemente, a
mesmo tempo em que alimenta nos- um “desencantamento” do mundo,
sa reflexão, aumenta o conhecimento. não sabem que estão combatendo
Segundo ele, mostra a insignificân- HERANÇA o próprio desaparecido da socieda-
cia do mesmo, levando em conta o Sagan, no fim de enquanto tal. Temos constatado
ponto de vista do homem ocidental de sua vida, dolorosamente no dia a dia o que a
do século XX. “O pensamento cien- converteu-se ausência do mágico e do sobrenatu-
tífico é algo fundamental e devemos numa espécie ral provoca nos horizontes de vida
utilizá-lo. Porém, se nos tornamos de líder religio- das pessoas. Eles não devem ser des-
metafísicos, diremos que de fato ele é so dos céticos prezados, pois configuram realidades
ARQUIVO UFO
EDITORIA DE ARTE
nificou um aumento linear da não princípios serve de fundamento à
crença. A ciência não pode nem crença que depositam numa inteli-
consegue substituir as crenças, tan- gibilidade, numa racionalidade do
to que a sociedade, com toda sua carga de DESESPERO DOS CÉTICOS real. Admitem até que o fenômeno parta
ciência, não se encontra mais descrente ou Os discos voadores, apesar de tudo o de uma base real, a saber das crises sociais,
cética, muito pelo contrário. Para horror que tentam fazer para invalidar sua psicológicas e existenciais e das sensações
dos céticos, os sistemas de crenças reli- existência, estão registrados em toda a provocadas pelos fenômenos da natureza,
giosas interagem com as demais esferas história da sociedade terrestre mas que, pela distorção e projeção do in-
da vida social, notadamente a ciência. A consciente, assumem formas extravagantes.
modernidade produziu uma secularização ou, ao menos, indiferente. Porém, se enga- O crente em UFOs viveria, pois, como o
ambivalente, dessacralizando e ao mesmo na. Ele não conseguiu abolir o homem re- delirante, dominado pelo onírico. A Ufolo-
tempo mitificando o profano, ou aquilo ligioso que vive nele. Isso significa que se gia não passaria, em suma, de um desenvol-
que o filósofo e historiador romeno das tornou ‘pagão’ sem querer. Nunca existiu, vimento parasitário do misticismo, calcado
religiões Mircea Eliade (1907-1986) cha- até o momento, uma sociedade irreligiosa em concepções imaginárias.
mou em seu clássico livro O Sagrado e o e, acredito, não poder existir. Contudo, se
Profano: A Essência das Religiões [Livros isso acontecesse, sucumbiria ao cabo de Realidades variáveis
do Brasil] de “camuflagem do sagrado”. algumas gerações, de tédio, neurose ou
De personalidade polifacética, difícil de ser em virtude de um suicídio coletivo”. Na É inadmissível, com efeito, que sistemas
enquadrada num sistema de pensamento, acepção de Eliade, a irrupção e a persis- de ideias como da Ufologia, que ocupam
influenciado significativamente pela so- tência do sentimento religioso se explica- um lugar tão considerável na história, não
ciologia de Durkheim. riam, antes de tudo, por uma profunda in- sejam mais que tramas de ilusões e engana-
satisfação do homem com a sua situação ções. Como vã fantasmagoria não teria podido
Suicídio coletivo atual, com aquilo que se chama condição modelar as consciências humanas tão forte-
humana. Sente-se dilacerado e separado. O mente e por tanto tempo. Toda a questão está
Eliade sempre se contrapôs a qualquer desejo de recuperar essa unidade perdida é em saber, excetuando as fraudes, a que reinos
preconceito de natureza positivista, recha- que teria obrigado o homem a conceber os da natureza se vinculam essas realidades e o
çando os céticos e ateus com a constatação opostos, como aspectos complementares de que pôde determinar os homens a concebê-
de que a cultura secularizada dos nossos uma realidade única. -las dessa forma singular, que é próprio do
dias não conseguiu eliminar os mitos da Ao tratar a religião como um universo pensamento religioso. O postulado da socio-
consciência do homem. Eles estão vivos, cognitivo, Durkheim já acentuava a dimen- logia, conforme assinalou Durkheim “é que
mais do que nunca, disfarçados nas revol- são lógica subjacente a esse sistema de co- uma instituição humana não poderia repou-
tas sociais e políticas, na contracultura, em nhecimento, afastando a ideia de que seria sar sobre o erro e a mentira: sem isso ela não
movimentos ecológicos e nos casos da Ufo- simples ilusão. Para ele, dificilmente um conseguiria durar. Se não tivesse por base a
logia. Numa antológica frase que escreveu fenômeno constante ao longo da história natureza das coisas, encontraria nas coisas
em seu diário, sintetizou a importância da dos homens poderia ser resultado de mero resistências que não conseguiria vencer”. Por-
religião em nossas vidas: “O homem mo- equívoco. O mesmo poderíamos dizer com tanto, quando enfrentamos o estudo das reli-
derno, radicalmente secularizado, vê a si relação à Ufologia. Será que um fenôme- giões primitivas já temos a certeza de que se
próprio e se proclama ateu, não religioso no que tem persistido por mais de 50 anos prendem ao real e que o exprimem.
gradual envolvimento da
cientificamente as visitas de seres ex-
traterrestres — apesar de concluírem
que oficialmente não existia qualquer
ciência com o assunto prova científica da existência de UFOs,
admitiram que boa parte dos avista-
mentos não tinha explicação à luz da
creditar o fenômeno. Com este espaço de ciência. Em outras palavras, no final
Inajar Antonio Kurowski, estudo em aberto, quem continuou inves- da década de 90 havia cientistas ad-
conselheiro especial da Revista UFO tigando o assunto de modo sistemático fo- mitindo que o Fenômeno UFO de fato
ram os militares, e assim, entre os anos de existia e afirmando que o meio aca-
C
onsiderando-se 1947 como 1969 e 1972, o IV Comando Aéreo Regio- dêmico estava negligenciado a ques-
a data de surgimento da nal (COMAR 4), em São Paulo, pesquisava tão, apesar da existência de numerosos
chamada Ufologia Moder- importantes ocorrências ufológicas no Terri- relatórios de casos concretos de mani-
na, podemos afirmar que nos anos tório Nacional e fazia reuniões com civis, a festações de discos voadores.
que se seguiram, apesar das evi- exemplo do que atualmente ocorre no Chile. Claro, nossa UFO acompanhou to-
dências físicas, fotográficas e tes- A Revista UFO entraria em cena anos dos estes momentos e deu ênfase ao
temunhais virem se acumulando a depois, em 1984, através de sua precursora, fato de que, ainda que naquela época
cada dia, a comunidade científica a série Ufologia Nacional & Internacional, não se tinha provado a ação de ETs em
de então resistiu a todo custo acei- e apenas dois anos depois já prestava seu nosso meio, sua pesquisa era de extre-
tar a realidade da presença aliení- primeiro serviço à nação publicando deta- ma importância para a Ufologia — “só o
gena na Terra, colocando-a como lhes da Noite Oficial fato de cientistas
algo entre a lenda e a insanidade. dos UFOs no Brasil. A ciência começou admitido de renome terem
Entretanto, a casuística ufoló- O fato ocorreu em a exis-
gica mundial aumentava gradual- 19 de maio de 1986, muda e continua tência de discos
mente, de tal modo que, na manhã quando o então mi- voadores já era
de 02 de novembro de 1954, o co- nistro da Aeronáuti- praticamente calada a ob- um grande pas-
ronel João Adil de Oliveira, então ca, brigadeiro Octá- servar o Fenômeno UFO ao so”, publicava a
chefe do Serviço de Informações do vio Moreira Lima, em revista. Percebe-
Estado Maior da Aeronáutica, reu- coletiva para a im- longo das últimas seis dé- mos que a partir
niu as Forças Armadas e a imprensa prensa, falou aber- cadas, com raras, porém de então mais e
no Rio de Janeiro para dar um passo tamente da presen- mais a Ufologia
histórico — durante quatro horas se ça de 21 UFOs nos relevantes, manifestações passou a ser acei-
falou abertamente sobre a ação na céus do país — in- ta por cientistas,
Terra de outras inteligências cósmi- clusive colocando à de interesse pelo assun- tanto anônima
cas. Na ocasião, vários pilotos mili- disposição os pilotos to que pode ser um gran- quanto aberta-
tares narraram terem sido seguidos que perseguiram es- mente, e todos ti-
por discos voadores e a revista O ses objetos, além de de divisor de águas veram espaço na
Cruzeiro chegou a publicar os re- controladores de voo para a humanidade publicação. Um
sultados do encontro em detalhes. e operadores de ra- notável exemplo
A conclusão dessa famosa reunião dar. Com isso, a partir da década de 80 disso é o físico e divulgador científico
foi que os UFOs eram reais e me- e muitos filmes de ficção científica depois, Michio Kaku, que tem surpreendido a
reciam ser devidamente estudados alguns cientistas começaram a falar, ainda comunidade ufológica com suas con-
por autoridades e cientistas. que timidamente, sobre o assunto — e a tundentes declarações em favor de
Apesar disto, nas décadas de 50 UFO relatou todo este processo. um estudo sério do assunto, e que
e 60, ainda eram raros os cientistas O acompanhamento que a revista fez recebeu de UFO inúmeras páginas.
que aceitavam falar sobre o assun- dos maiores fatos da Ufologia Mundial era No momento em que outros cientistas
to publicamente, pois seus pares os notório. Como em 1993, quando a Aero- passarem a pesquisar os fatos, certa-
retaliavam e suas carreiras eram náutica Belga assumiu publicamente que mente seus trabalhos apresentarão a
aniquiladas — os poucos que se perseguiu UFOs e divulgou os registros mesma conclusão a que chegaram os
atreviam a tocar no tema somen- de radar para a imprensa. Ou em junho ufólogos há mais de 60 anos, a de que
te o faziam como intuito de desa- de 1998, quando um grupo de físicos e não estamos sós no universo.
D
esde a constatação ras, dias, semanas e até mesmo outros momentos em que há
LUCA OLEASTRI
de que objetos meses em que a incidência de quase ausência deles. Em geral,
voadores singu- avistamentos em dada região os períodos em que temos uma
lares e de origem ou em escala global se multi- grande concentração de fotos
extraterrestre plica, em geral oferecendo aos e filmes de UFOs coincidem
cortam os nos- pesquisadores os mais variados com as ondas ufológicas, por
sos céus, em 1947, as manifesta- aspectos da casuística. Estas on- razões lógicas, ou seja, quan-
ções ufológicas sempre tiveram das, ou flaps, marcam a história to mais manifestações do fenô-
como uma de suas principais e da Ufologia Moderna. meno, maiores são as chances
mais frustrantes características Obviamente, a mesma situa- de se fazer sua documentação.
o fato de serem descontínuas. ção vale para as evidências ufo- Mas há algo que subverte
Elas não têm uma regularidade lógicas, em especial os documen- este panorama e intriga os es-
e nem uma intensidade previsí- tos fotográficos e as filmagens tudiosos, que é o fato de que
vel, tornando muito difícil o tra- que imortalizaram o Fenômeno certos personagens ao longo da
balho dos ufólogos. A mudar este UFO nessas seis décadas. Há pe- história aparentemente têm tido
panorama, volta e meia, temos ríodos da história em que temos a capacidade de registrar dis-
as chamadas “ondas ufológicas”, uma inusitada quantidade des- cos voadores em praticamente
períodos que podem durar ho- ses registros, intercalados com qualquer hora e em qualquer
Piergiorgio Caria,
consultor da Revista UFO
eventos que envolvem seu marido. Ela e sos assim, que, numa ponta desta parti- UFO 166]. Os dois se encontraram em
Urzi estão convencidos de que nos locais cularidade casuística, são denominados 2005, o que estimulou Urzi a continuar e
onde os UFOs se deixam filmar há algo de aparições marianas — como ocorreu até a intensificar suas tentativas de regis-
de espiritual. Eles consideram as visitas em Fátima, no início do século passado tro dos fenômenos — o que conseguiu
que recebem completamente pacíficas [Veja UFO 157]. O evento de dezembro com facilidade. Bongiovanni tornou-se
e as entendem como parte do que cha- de 2006 causou natural comoção num seu guia espiritual. “Graças a ele ama-
mam de “sinais dos tempos”. Para Urzi, país majoritariamente católico — várias dureci e vi com maior clareza e profun-
de natureza profundamente mística, elas testemunhas declararam ter visto a figuradidade a importância que tem a parte es-
anunciariam a segunda vinda de Cristo, de Nossa Senhora com o menino Jesus piritual da visita extraterrestre para toda
mesma interpretação que outros conta- nos braços. Um desenho feito por uma a humanidade”, declarou recentemente.
tados com características semelhantes criança e entregue à imprensa. O estigmatizado o teria avisado reitera-
têm para o Fenômeno UFO. damente para se preparar, pois
Em 10 de dezembro de 2006 os seres a quem chama de “ir-
houve um episódio notável em mãos cósmicos” se aproxima-
sua trajetória de ligação com riam dele e de sua residência, e
a fenomenologia representada se deixariam filmar.
pela presença alienígena na Terra. Os italianos se tornaram ín-
Urzi filmou por nada menos do timos e Urzi chegou a declarar
que 50 minutos um ser de forma que algumas vezes, enquanto
aparentemente feminina que lhe Bongiovanni vivia sua experi-
pareceu, tanto a olho nu quanto ência mística de sangramento
através da câmera, ter uma crian- pelos estigmas, na sua presença,
ça nos braços. No vídeo é de fato ele ia para o telhado de sua casa
possível se supor que seja mes- e acabava filmando UFOs. “É
mo esta a figura observada — o uma simultaneidade que consi-
ANTONIO URZI
STUDIO3 TV
como os mais claros liana RAI também fil-
e nítidos já vistos em mou o fenômeno. No
toda a história da Ufologia Mundial. ANÁLISE DAS IMAGENS dia seguinte, a matéria foi ao ar no tele-
“Urzi é um enigma para todos nós. Al- O autor [E] e o jornalista mexicano jornal, tornando as experiências do jo-
guns aspectos de suas experiências são Jaime Maussán em uma das seções de vem ainda mais conhecidas em seu país.
exageradamente místicos e religiosos, exames das filmagens de Antonio Urzi,
mas as filmagens foram analisadas por que observa tudo ao fundo Fenômeno crescente
experts em imagens de UFOs e da-
das como autênticas”, disse à Revista Fato semelhante se repetiu em mar- Inúmeros estudiosos já se debruçaram
UFO seu correspondente internacional ço de 2010 durante a Cúpula Ufológica sobre as espantosas filmagens de Antonio
Roberto Pinotti, experiente ufólogo e Mundial, realizada na Cidade do México. Urzi, e, mesmo tendo posições antagônicas
editor da publicação Notiziario UFO. Urzi saiu do Centro de Convenções onde na Comunidade Ufológica Mundial, con-
“Não há nada de anormal em Urzi ter o evento se dava e, na presença de mais cordam que estão diante de um fenôme-
uma interpretação mística para suas de uma dúzia de testemunhas, inclusive no legítimo. Por exemplo, em 2008, uma
experiências, pois é de sua natureza. que não participaram do congresso, fo- equipe multinacional de pesquisadores,
O que importa é que o registro de seus ram vistos e filmados objetos voadores chefiada por Maussán, investigou e ana-
fenômenos está fora de discussão”, de- esféricos. De forma curiosa, no entanto, lisou todos os vídeos feitos por Urzi, sem
clarou o jornalista Jaime Maussán. raramente os UFOs são filmados por ou- encontrar qualquer sinal de montagem, tru-
tras câmeras, de outras pessoas, mesmo ques ou mesmo elaborados efeitos digitais.
Também na Cúpula Ufológica que estejam nos locais dos avistamentos. Nada foi descoberto. Maussán então divul-
Geralmente são as de Urzi que registram gou algumas gravações feitas pelo italiano
Aparentemente, desde que em seu programa, Tercer Milénio,
Urzi e Simona se casaram, seus transmitido pela rede mexicana
“amigos cósmicos” os seguem tan- Televisa. Como consequência, em
to na Itália como no exterior. Cer- 2009 Urzi foi convidado para par-
ta vez, nos Estados Unidos, Urzi ticipar do Congresso Internacional
filmou duas manifestações diante de Ufologia de Las Vegas, que
de várias testemunhas, uma de- acontece anualmente nos Estados
las sobre o edifício em que estava Unidos, o que o tornou ainda mais
acontecendo o congresso ufológi- conhecido — e suas experiências
co de que participava. Já na Tur- ainda mais desconcertantes.
quia, noutra viagem internacio- No congresso foi apresentado
nal que realizou para disseminar um documentário de sua história,
ANTONIO URZI
Consultores
Editor Patronos da Revista UFO Carlos A. Wuensche S. José Campos João Oliveira Rio de Janeiro Paulo Cosmelli Lisboa
A. J. Gevaerd (MTB 178 MS) n Carlos Roberto Fortes Carlos Alberto Iurchuk La Plata Jorge Bernardi Curitiba Paulo Iannuzzi Rio de Janeiro
n Joaquim Ribeiro Goulart Carlos Alberto Machado Curitiba Jorge Nery Araçatuba Paulo Pilon São Paulo
Gerente n José Ramalho Neto Carlos Mendes Belém José Américo Medeiros Rio de Janeiro Paulo R. Poian Araras
n Karin Schmidt R. Massaro Carlos Odone Nunes Porto Alegre José Antonio Roldán Barcelona Paulo Rogério Alves São Paulo
Daniela Elisa Fontoura Gevaerd n Walcyr Monteiro César Vanucci Belo Horizonte José Carlos S. Nussbaum Júnior Pelotas Paullo Santos São Paulo
n Wilson Picler César Reyes de Roa Buenos Aires José Estevão M. Lima Belo Horizonte Pedro de Campos Guarulhos
Coeditores Chica Granchi Rio de Janeiro José Carlos Pereira Brasília Pedro Luz Cunha Brasília
Fernando A. Ramalho Colaboradores especiais Cláudio Brasil São Paulo José Ricardo Q. Dutra Barbacena Pedro Nicola Santana do Livramento
Francisco Pires de Campos n Antonio Brisolla de Barros Colin Andrews Connecticut Julio Chamorro Lima Philip Mantle Londres
n Diego José Sommer Daniel Muñoz Cuernavaca Julio Rena Presidente Prudente Piergiorgio Caria Porto Sant’Elpidio
Marco Antonio Petit n Erna Francisca Herrera Daniel Silvera Montevidéu Laura Maria Elias São Paulo Rachel Coutinho Rio de Janeiro
Reginaldo de Athayde n Filipe Sebastião de Abreu Serra David Cayton Cheshire Leocádio Benez Neto Araçatuba Rafael Amorim Santa Cruz do Sul
Thiago Luiz Ticchetti n Izabel Hishako Nakano David Jacobs Philadelphia Leopoldo Zambrano Monterrey Renato A. Azevedo São Paulo
n José Júlio Dal Pai de Mello Débora Goldstern Buenos Aires Leslie Kean Nova York Renato R. Mota Jacareí
Conselheiros especiais n Julieta Mareze Goulart Paiva Dermot Butler Dublin Luca T Cesana Porto Sant’Elpidio Robert Hastings Novo México
Gener Silva n Magaly Mendonça Lima Dino Nascimento São Paulo Luis Alberto Reinoso Rosário Roberto Banchs Buenos Aires
n Rodolfo Omar Rivera Mena Elaine Villela Niterói Luis Vieira de Matos Corumbá Roberto S. Ferreira Guarulhos
Gisele Machado Costa
n Tamar Fragoso de Oliveira Elisângela Anderson Pelotas Luiz Ricardo Geddo São Paulo Roberto Pintucci São Paulo
Inajar Antonio Kurowski n Sylvino Calixto Petry Eloir Varlei Fuchs Uruguaiana Márcio Cunha Parussini Porto Alegre Rodrigo Branco Santos
Luciano Stancka e Silva n Wilson Thadeu da Silva Emerson R. Perez Wenceslau Braz Márcio V. Teixeira Sete Lagoas Rodrigo Bravo Garrido Santiago
Nelson Vilhena Granado Euclides Goulart Pereira Porto Alegre Marco Aurélio Leal Sorocaba Ronaldo Maia Kauffmann São Paulo
Ricardo Varela Côrrea Aldo Novak São Paulo Fábio de Oliveira Guaratinguetá Marco Aurélio Seixas São Paulo Rubens J. Villela São Paulo
Wallacy Albino Alexander Zaitsev Moscou Fábio Gomes São Paulo Marcos César Pontes Houston Suséliton Saga Peruíbe
Alexandre Calandra Americana Fábio Zerpa Buenos Aires Marcos Malvezzi Leal São Paulo Salvatore De Salvo São Paulo
Administração Alexandre Gutierrez São Paulo
Ana Santos Salvador
Fernando Pugliesi Maceió Mercedes Casas Salta Silvia Simondini Victória
Gary Heseltine Wakefield Mirta Cristina Rodríguez Corderí Ezeiza Sônia Rinaldi São Paulo
Fabiane Tozzo Analígia S. Francisco Rio de Janeiro Gilda Moura Rio de Janeiro Mônica de Medeiros São Paulo Stephen Bassett Washington
Marinez Nishimoto André Luiz Martins Rio de Janeiro Gilberto Santos de Melo João Pessoa Nelson Pescara Santo André Timothy Good Kent
Claudemir Vieira dos Santos Ann Druffel Califórnia Guillermo Gimenez Necochea Nick Pope Londres Vanderlei d’Agostino Santo André
Antonio Faleiro Passa Tempo Gustavo Cía Buenos Aires Nuno Montez da Silveira Lisboa Vicente-Juan Ballester Olmos Valencia
Redação Arthur S. Ferreira Neto Rio de Janeiro Gustavo Moretti Araçatuba Orlando S. Barbosa Jr. Rio de Janeiro Wagner Borges São Paulo
Danielle R. Oliveira (MTB 485 MS) Ataíde Ferreira da Silva Neto Cuiabá Jackson Camargo Curitiba Oscar “Quique” Mario La Pampa Walcyr Monteiro Belém
Atila Martins Rio de Janeiro Jaime Lauda Curitiba Pablo Villarrubia Mauso Madri Warren Aston Adelaide
Simone Moreira (MTB 630 MS) Atílio Coelho São Paulo Jamil Vila Nova Guarujá Patrício Díaz Montecinos La Serena Wilson Simões Balbo Araçatuba
Juliane Tomazi Augusto Arantes Santo André João Matos Lisboa Paul Stonehill Califórnia Yohanán Díaz Vargas México
Isabela Farias Morais
Vivian Yuri Matsui Correspondentes internacionais
Internet Ahmad Jamaludin Malásia George Schwarz Áustria Jorge Martín Porto Rico Rodrigo Fuenzalida Chile
Ananda Sirisena Sri Lanka Gildas Bourdais França Júlio Lopéz Santos Panamá Roger Leir Estados Unidos
Suporte Gestão Ativa Andrea Simondini Argentina Giuliano Marinkovicc Croácia Just Bell Camarões Ronald Maidana Paraguai
Geral Ismael A. Rocha Vieira Anthony Choy Montes Peru Glennys Mackay Austrália Kiyoshi Amamiya Japão Russell Callaghan Inglaterra
Segurança Ricardo Varela Corrêa Antonio Peregrino da Costa Índia Gorat Borgon Paquistão Luciana Boutin Guianas Santiago Yturria Garza México
Apoio Daniel F. Gevaerd Ariel Sánchez Uruguai Guido Ferrari Suíça Luiz Etcheverria Equador S. O. Svensson Suécia
Auguste Meessen Bélgica Haktan Akdogan Turquia Malcolm Robinson Escócia Stanton Friedman Canadá
Consultores jurídicos Barry Chamish Israel Ian Hussex Holanda Michael Hesemann Alemanha Sun Shi-Li China
Boris Shurinov Rússia Ian Lucas Nova Zelândia Mikhail Gerhstein Ucrânia Sup Achariyakul Tailândia
Antonio Vieira Carl Nally Irlanda Ion Hobana Romênia Odd-Gunnar Røed Noruega Ruddy Santos Guatemala
Danny Fabrício Cabral Gomes Darush Bagheri Irã Ivan Mohoric Eslovênia Orestes Girbau Collado Cuba Tahari Muhassa Polinésia
Renan Cesco Enrique C. Rincón Venezuela Jaime Maussán México Ricardo V. Navamuel Costa Rica Timo Koskeniemmi Finlândia
Ronaldo Kauffmann Frederick Udall Dinamarca Javier Sierra Espanha Roberto Pinotti Itália Tunne Kellan Estônia
Gabor Tárcali Hungria Joaquim Fernandes Portugal Robert Lesniakiewicz Polônia
Coordenadores
Portal UFO Renato A. Azevedo Tradutores voluntários
Facebook William Riga Alessandro Felix João Pessoa Diogo Henrique Belo Horizonte Jonatas Francisco de Oliveira Santos Regiane Vieira Lima Cuiabá
Yahoogrupos Júlio Rena Alex de Souza São Paulo Elisa Belmonte Carazinho Leonardo Pípolo Assis Regina Prata São Paulo
Alexandre Novais Guarulhos Edilson Hashida São Paulo Luis C. Medeiros Blumenau Ray Ackermann Los Angeles
Twitter William Riga Aline Freitas MacDonald Toronto Eduardo Rado Timor Leste Marco Aurélio G. Veado Belo Horizonte Salvador Campos São Paulo
Orkut Jackson Camargo Ana Lúcia Sarcia São Paulo Everton André Russo Joinville Marcos Vinicius Lopes Rio de Janeiro Simon Langenbach Levy Araçatuba
FAQ Renato A. Azevedo Ângelo O. Miranda Salvador Fernando Fratezi Júnior São Paulo Margareth Barqueiro Natal Valdemar Biondo Júnior Curitiba
Imagens Inajar Antonio Kurowski Carla Cicarino Daniel São Paulo Gilvan Fernandes Marcelino São Paulo Mario Fiallos Aguilar Fortaleza Vicente Ivan Fernandes São Paulo
Cerimonial Rachel Coutinho Carlos Casalicchio Sorocaba Giovana Saint São Paulo Michele Chabarria Nogueira Pelotas Victor de Andrade Lopes São Paulo
Carolina Riffo São Paulo Giovanna Martire São Paulo Neide da Silva Tangary São Paulo Wander Alcaraz São Paulo
Fotografia Jovanir Medeiros Carolina Ribamar Rondonópolis Gustavo Torquato Cabral Brasília Norbert Steininger Maringá Ynaia Sebalo Campo Grande
Christian Stagno São Pedro Humberto Figueira Rio de Janeiro Paulo Américo R. A. Costa São Paulo
Consultores de arte Claudio Schroeder Möller Porto Alegre Ione Maria Beça Manaus Priscilla Miwa Ozaki São Paulo
Alexandre Jubran Daniel Davidsohn São Paulo Jennifer Dhursaille São Paulo Rafael Paulino Xavier Belo Horizonte
Luca Oleastri
Márcio Baraldi
Mário Barbosa UFO é o órgão oficial do Centro Brasileiro de Pesquisas de Discos Voadores (CBPDV), em parceria com Mythos Editora Ltda. Redação e Administração:
Rafael Amorim Av. Diógenes Ribeiro de Lima 753, 05458-001 São Paulo (SP). Fone/fax: (11) 3021-6607. E-mail: mythosed@uol.com.br. Site: www.mythoseditora.
Paulo Bach com.br. Impressão: São Francisco Gráfica e Editora Ltda. Staff: Helcio de Carvalho (diretor executivo). Dorival Vitor Lopes (diretor financeiro). Flávio F.
Paulo Baraky Werner Soarez (editor de arte). Alex Alprim (coordenador de projetos especiais). Ailton Alipio (coordenador de produção). Distribuidor exclusivo para todo o
Pedro Henrique Diehl Brasil: Fernando Chinaglia Distribuidora S. A. Distribuidor exclusivo para Portugal: Lojista. Os artigos publicados são escolhidos pelo CBPDV, sendo
que as matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião da direção da revista.