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UNIVERSIDADE INDEPEDENTE DE ANGOLA

TRABALHO DE DIREITO ECONOMICO

TEMA:

PRIVATIZAÇÕES DE ANGOLA

Nome: Chivango Francisco Rufiono

Nº Estudante: 220944

Docente

___________________

LUANDA/2023
INTRODUÇÃO
Privatização é o processo venda de uma empresa ou instituição pública para a iniciativa
privada juntamente com a sua responsabilidade de prestação de seus serviços. As
privatizações são geralmente realizadas por meio de leilões públicos e é uma prática
realizada em vários países.

A problemática do processo de privatização em Angola teve o seu início na década de


1940, ainda que verdadeiramente apenas começasse a ganhar um lugar de destaque
cerca de 50 anos mais tarde, com os processos de desestatização das economias
mundiais, que levaram ao desencadear de um conjunto de estratégias cooperativas,
baseadas na privatização de empresas estatais, o que teve repercussões em Angola. A
partir de uma investigação de carácter pragmático ou indutivo, conduzida a partir de
uma amostra não probabilística por conveniência, face à ausência de estudos sobre as
privatizações em Angola no período ocorrido desde a independência colonial, este
artigo visa apresentar, por um lado, um conjunto de causas que estiveram na base do
insucesso dos processos de privatização ocorridos em Angola entre 1989 e 2005 e que
degeneraram no desmoronamento da sua rede empresarial, e, por outro, apresentando
um conjunto de sugestões para futuros processos de privatização que venham a ocorrer
para construção de uma estrutura empresarial mais consistente em termos económicos e
empresariais.

Em Outubro de 2019, quando Vera Daves de Sousa assumiu o cargo de ministra das
Finanças de Angola, era a mais jovem ministra deste ramo em África - e uma de apenas
três mulheres. Também tinha planos promissores para alavancar a economia.

Os holofotes incidiam sobretudo no processo de privatizações para diversificar e


dinamizar a economia, tido como nunca antes visto no país. Vera Daves chegou a ser
questionada se o partido Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no
poder) ainda era marxista, e rindo-se, respondeu: "Nos nossos corações, sim; na
realidade, não. Angola Vera Daves de Sousa Ministério Angola Vera Daves de Sousa
Ministerin A ministra das Finanças de Angola, Vera Daves de Sousa (dir.), e o
Presidente angolano João Lourenço (esq.)Foto: Murat Cetinmuhurdar/AA/'picture
alliance
Naquele ano, iniciava-se a primeira fase do Programa de Privatizações (PROPRIV)
2019-2022. Agora, passados três anos, o Estado angolano diz que arrecadou mil milhões
de euros em privatizações – e quer privatizar mais.

O economista Manuel Alves da Rocha, especialista do Centro de Estudos e Investigação


Científica da Universidade Católica de Angola (CEIC-UCAN), diz que não é contra as
privatizações. "A privatização precisa de ser feita, mas para que seja viável e atrativa,
tem que ser feita com transparência", explica.

Apesar das recentes iniciativas de privatização iniciadas em 2019 com a ministra Daves,
ainda há o grande empecilho da burocracia e da intervenção do poder público, afirma o
economista.
FUNDAMENTAL TEÓRICA

Para Que Serve A Privatização

Como vimos, privatizar uma empresa significa passar para a iniciativa privada o seu
controle accionaria e operacional.

Assim sendo, é uma medida adoptada quando o governo precisa levantar recursos, por
meio da venda de acções, ou quando a companhia está passando por dificuldades.

Há, ainda, casos em que as duas razões caminham juntas, ou seja, a privatização serve
tanto para fazer caixa quanto para sanar problemas das próprias empresas.

Em contrapartida, há quem conteste o valor dessa estratégia, porque ela seria uma
maneira de restringir o acesso a serviços e bens considerados essenciais.

Isto é, ao privatizar, o interesse público seria deixado de lado, em prol dos interesses de
grupos económicos formados para explorar a companhia ou o sector a ser privatizado.

Esse é um argumento até válido, mas que não se sustenta quando verificamos a
experiência bem-sucedida de empresas públicas que foram privatizadas.

O oposto também acontece, ainda que menos.

Há empresas que, embora privatizadas, continuam a ter problemas de gestão, alguns até
piores do que quando eram controladas pelo governo.

História da Privatização

A problemática do processo de privatização, segundo Baloi (1996), Evans (1997), De


Castro (1997), Chissano (1999) e Pitcher (2002), teve o seu início na década de 1940
com o fim da II Guerra Mundial e, consequentemente, com a queda do domínio alemão.
Nesta fase, iniciam-se um conjunto de motivações políticas internacionais que
decorriam da divisão entre os dois blocos, o capitalista liderado pelos EUA, e o
socialista pela URSS, para fazer face a um mundo que se encontrava de certa forma
desmembrado. Ou seja, emerge nesta fase uma guerra fria, constituída por duas zonas de
influência fechadas entre si, uma dominada por forças anglo-saxónicas1 e outra por
forças soviéticas, constituída neste último caso por uma ideologia comunista
preocupada fundamentalmente em assegurar o seu poder partidário e hegemonia militar.

Esta mesma ideologia perdurou durante décadas, provocando a estagnação económica


da URSS e construindo uma estrutura industrial que foi ficando, de certa forma,
obsoleta ao longo dos anos, vindo a colapsar na década de 1980 pelas mãos de Mikhail
Gorbatchev. O bloco soviético foi nesta fase substituído pela abertura da URSS ao
exterior e desencadeou desta forma mudanças estruturais em todo o mundo, que
culminaram inclusive na queda do muro de Berlim em 1989 e na promoção de reformas
económicas, políticas e sociais à escala global. A onda de choque levou à derrocada de
muitos regimes comunistas existentes nesta fase, e não apenas os do Leste da Europa,
mas um pouco por todo o mundo.

Estes acontecimentos históricos tiveram por isso também, como não poderia deixar de
ser, reflexos ao nível dos processos de desestatização das economias mundiais,
começando nesta fase a ser desencadeadas estratégias cooperativas baseadas na
privatização de empresas estatais. Todos estes acontecimentos tiveram repercussões
também em Angola, que consequentemente começa nesta fase a promover um conjunto
de reformas económicas, políticas e sociais ligadas à privatização das suas empresas
públicas.

Assim, face à ausência de estudos e informação relativamente ao fenómeno das


privatizações em Angola, no período ocorrido desde a sua independência colonial até
2005, este artigo resulta de um estudo aprofundado sobre a temática (António, 2013), e
tem como objectivo principal, por um lado, identificar um conjunto de causas que
estiveram na base do insucesso dos processos de privatização ocorridos em Angola
nesse período e que degeneraram no desmoronamento da sua rede empresarial, e, por
outro, apresentar um conjunto de sugestões que possam vir a ser equacionadas em
futuros processos de privatização para construção de uma estrutura empresarial mais
consistente em termos económicos e empresariais.

O processo de privatização e reprivatização angolano

Como referido, o efeito da queda do muro de Berlim e a grave crise económica e


financeira da antiga URSS, na década de 1980, foram de facto as principais razões que
permitiram abrir uma nova via de orientação democrática assente em pluralismo político
e numa economia de mercado que se materializou na desestatização da economia.

No caso de Angola, a queda do «Bloco do Leste» simplesmente veio acelerar a


efectivação da latente necessidade de reformas económicas que o mercado no geral já
reclamava, devido ao fracasso de uma economia centralizada que não conseguia
corresponder às expectativas do próprio regime, não conseguindo simultaneamente
satisfazer a população nas suas vertentes sociais e económicas.

Da mesma forma, o insucesso e o declínio de muitas empresas públicas associadas a


interesses privados vêm desta forma servir também de alavanca e influenciar
decisivamente a necessidade de uma nova visão empresarial, fundamentalmente
centrada numa economia de mercado. Estes dois fatores constituíram-se, portanto, como
fontes internas de mudanças, e, por conseguinte, como portas para uma maior abertura
política do país ao estrangeiro. Ainda que aqui não possam ser ignorados também
factores externos que também influenciaram de forma decisiva o início das reformas no
país, nomeadamente a guerra civil protagonizada entre MPLA e UNITA, a pressão da
comunidade internacional fundamentalmente do Ocidente, do Banco Mundial e do
Fundo Monetário Internacional (Banco Mundial, 1997; FMI Angola, 2000).

O resultado destas acções internacionais resulta em 1989 na conceção do Decreto-Lei


n.º 32/89 de 15 de Julho (DL n.º 32/89), que viria a definir os princípios fundamentais e
regras que permitiam redimensionar o sector empresarial do Estado, dando
cumprimento às orientações do II Congresso do MPLA. Esta medida visava tornar mais
eficiente a organização e a gestão económica do país, tendo como principal objetivo
concentrar os esforços e os meios do Estado nas acções prioritárias, de maneira a
garantir o funcionamento eficiente do sector empresarial. Esta mesma linha de ação
materializava-se, assim, numa política de aliança, por forma a garantir um melhor
desenvolvimento de todas as capacidades nacionais e a melhoria das condições de vida
da população.

Desta forma, foram objecto de redimensionamento todas as empresas que se


encontravam na situação de unidades económicas, nomeadamente, empresas
constituídas nos termos da Lei comercial com capitais estatais, empresas em que o
Estado ou empresas estatais detinham parte do capital social, empresas com capitais do
Estado e capitais estrangeiros constituídas ao abrigo da Lei dos investimentos
estrangeiros, e empresas privadas que tinham sido objecto de intervenção estatal ao
abrigo do Decreto-Lei n.º 128/75 de 7 de Outubro.

Na sequência da mesma política de redimensionamento do sector empresarial do


Estado, e no que diz respeito a empresas estatais, foram também adoptadas medidas que
consistiam na constituição das empresas estatais e na sua reestruturação de acordo com
os termos do Decreto-Lei n.º 11/88 de 9 de Julho (DL n.º 11/88, 1988).

As medidas decretavam em termos legislativos (1) a continuação das empresas no setor


estatal e cessão da sua exploração, com ou sem opção de compra, por outras entidades
mistas, cooperativas, associativas ou privadas, nacionais ou estrangeiras, (2) a
continuação das empresas no sector estatal e a sua transformação em sociedades
comerciais nos termos da legislação própria, (3) a extinção das empresas por fusão ou
cisão, (4) a extinção e liquidação das empresas e alienação total ou parcial dos seus
meios a outras entidades nacionais, estatais, conjuntas, cooperativas ou privadas e (5)
extinção e liquidação das empresas e incorporação de parte ou da totalidade dos seus
bens e equipamentos numa ou mais empresas, a constituir com participação de capitais
privados nacionais ou estrangeiros.

Esta via legal permitia que o Estado pusesse termo à situação de intervenção que
decorria do Decreto-Lei n.º 128/75de 7 de outubro, decidindo regularizar as situações
dela decorrentes através da integração das empresas no setor empresarial do Estado,
com observância dos princípios e critérios legalmente previstos, nomeadamente
adaptação às características e à situação técnica, económica, financeira e jurídica de
cada empresa.

A restante legislação tinha em linha de conta os critérios de periodização em função de


sectores, regiões e ramos da economia, decorrentes da vertente financeira das empresas
e da sua efectiva capacidade de gestão, podendo implicar a devolução de empresas aos
seus titulares e o pedido de declaração de falência de empresas nos casos em que estas
situações se mostraram necessárias.
Neste sentido, para prestar o apoio e respectivas orientações técnicas ao processo de
redimensionamento empresarial é criado o Gabinete de Redimensionamento
Empresarial (GARE), ficando este organismo afecto ao Ministério das Finanças,
competindo ao Conselho de Ministros2, Secretários de Estado3 e Comissários
Provinciais4 proceder ao levantamento, verificação, análise e tratamento de todos os
dados relacionados com estas modificações estruturais decretadas pela Lei5. A
execução das decisões cabia aos diversos órgãos da Administração Central e Local do
Estado que tutelavam a actividade das empresas.

Estas medidas visavam uma intervenção estatal orientada para acções concretas que
permitissem uma melhoria significativa da actividade económica, por forma a que a
orientação da vida económica e social do país fosse realizada por entidades competentes
que promovessem uma maior eficiência no sector empresarial e económico. O que
abrangia, por um lado, empresas estatais que não se revestiam de interesse estratégico
no quadro de desenvolvimento do sector empresarial do Estado e que fossem dotadas de
tecnologias simples ou artesanais, podendo deste modo vir a ser geridas com maior
eficácia fora do setor estatal, e, por outro, empresas em que não existisse qualquer
interesse em serem integradas noutras entidades ou empresas estatais.

Deste modo, as empresas podiam ser vendidas ou trespassadas, cedidas para exploração
(com ou sem opção de compra), ou alvo de qualquer outro tipo de modalidade de
transferência de titularidade, desde que enquadrada na lei e nas circunstâncias concretas
das empresas e respectivos objectivos prosseguidos, podendo ser adquiridas por
empresas mistas ou conjuntas, nacionais ou estrangeiras, cooperativas, pessoas
colectivas públicas ou privadas, ou pessoas singulares que possuíssem capacidades
económicas, técnicas e financeiras para uma eficiente gestão das mesmas (DL n.º
32/891989).

Caso se tratasse de uma transferência por aquisição, o processo teria de ser concretizado
mediante a realização de concurso público6, revertendo essas receitas para o orçamento
geral do Estado. Essas entidades empresariais poderiam beneficiar em alguns casos de
incentivos fiscais e aduaneiros e de outro tipo de vantagens, garantindo-se
simultaneamente um tratamento justo dos seus interesses legítimos e a não intervenção
estatal no exercício da sua actividade, excepto nos casos e condições previstas na Lei
CONCLUSÃO

No caso de Angola, pode dizer-se que o país viveu dois períodos distintos no domínio
das privatizações ou da aposta nas iniciativas privadas. O primeiro período inicia-se em
1975 com a criação de um conjunto de leis que visaram o confisco e a nacionalização
das empresas criadas durante a colonização portuguesa. Esta filosofia económica,
assente na nacionalização das empresas e no financiamento governamental a firmas que
apresentavam prejuízos como forma de defender a economia nacional (contra
investidores estrangeiros), e o próprio conflito armado (guerra civil), que se inicia em
1986, foram o mote para aquilo que historicamente se denomina como o período do
colapso da economia angolana.

O ano de 1989, neste contexto, vem trazer algo que começou a romper com este
paradigma. Os DL n.ºs 32/89 e 8-F/91 vêm marcar um momento de rotura com o
passado, por forma a reajustar as empresas estatais, transferindo-as para o setor privado.
São reforçados posteriormente com os DL n.ºs 10/94 e 13/94, que concedem às
empresas do setor privado uma igual proteção e promoção no domínio económico face
às empresas estatais, incluindo-se neste pressuposto a abertura do país ao investimento
estrangeiro e à possibilidade inclusive de se recorrer a privatizações totais das empresas
pertencentes ao erário público.

Numa aposta clara do Governo angolano, ao nível de políticas de privatização e do


reforço de uma linha estratégica neste domínio, foram, depois, dados passos ainda mais
concretos, a partir de 2001, no âmbito da criação do plano estratégico de
desenvolvimento regional dos países da África Austral (SADC), da inserção de Angola
no grupo de parceiros para o desenvolvimento de África (NEPAD) e da ligação do país
à Comunidade de Estados da África Central (CEAC).

Esta atuação veio, de certa forma, reforçar a aposta do país em princípios democráticos
e liberais, que se traduziram naquele ano na criação do programa de redimensionamento
e privatizações que viria a ser implementado entre 2001 e 2005, reforçado,
continuamente, pela publicação posterior dos DL n.ºs 14/03, 123/03, 37/06, 02/07 e
39/08, que pretenderam acima de tudo conduzir o país para o desenvolvimento
económico e empresarial há muito reclamado pelo povo angolano.
Para alguns, a aposta foi conseguida com eficácia, mas, para outros, ficou muito aquém
das expectativas face ao potencial enriquecimento que Angola poderia obter. Gerou-se,
assim, uma visão antagonista neste domínio de análise, fundamentalmente motivada
pela excessiva utilização da modalidade de adjudicação direta muitas vezes utilizada
como política governativa.

No caso das privatizações em Angola, muito embora o período de transição assente


nesta política (iniciado em 1989) seja transcrito pelos mais otimistas (UNC, 2010) como
o período que conduziu o país para a prossecução eficiente da gestão das suas despesas
e finanças públicas, através sobretudo da restauração das suas redes comerciais e do
fomento do aumento das exportações e da produtividade nacional, existiram também
céticos em Angola quanto a esta linha de pensamento. Na mesma linha de Beckman
(1993), Self (1993), Bayard (1993) ou Berthélemy et al. (2004), os céticos associavam o
fenómeno da privatização à perda de soberania, à salvaguarda de interesses de
determinados agentes governativos, à exclusiva defesa de interesses privados, às
desigualdades entre classes, regiões e raças, à pouca transparência que sempre existiu
nestes processos e à falta de objetividade e rigor, o que veio criar uma visão antagonista
face aos benefícios que esta estratégia poderia ter providenciado.

Embora Chissano (1999) venha referir que a forma de regular e gerir esta situação seja
através daquilo que denomina como good governance, com base na aplicação de
princípios democráticos e liberais associados ao respeito pelos direitos humanos, a um
sistema judicial funcional, a lideranças políticas alicerçadas na teoria dos stakeholders e
à ligação eficiente entre Estado, setor público, investimento estrangeiro e capitalistas
domésticos [ponto de vista idêntico ao de Evans (1997) denominado pelo autor como
nova internacionalização], importa perceber face aos angolanos mais céticos quais as
principais razões que estiveram na base do insucesso dos processos de privatização das
empresas angolanas e quais as principais sugestões que poderão ser equacionadas pelo
Governo angolano para a melhoria de futuros processos de privatização, que venham a
decorrer em empresas públicas, para construção de uma estrutura empresarial mais
consistente em termos empresariais e económicos.

É importante, no entanto, referir que temos de ter em conta que as constatações


apresentadas nesta investigação, resultam de limitações inerentes a uma investigação
reduzida em termos de tamanho da amostra (inquiridos) e do fato de reproduzir
resultados de um determinado contexto (Cipal e Vidrul), num determinado país
(Angola). Porém, foi interessante constatar que muito embora a elite política e alguns
gestores se possam manifestar como muito favoráveis face às privatizações e ao
resultado destas no passado, outros gestores empresariais não deixam de recomendar
alterações que possam efectivamente melhorar o desempenho destes processos, na
garantia de que possam sempre apresentar resultados ainda melhores para a obtenção de
um maior grau de satisfação, pois, como mencionam, é exactamente com esse
pressuposto que se recorre à privatização.

Neste sentido, em termos de validade externa, ou seja, da possibilidade de generalizar os


resultados encontrados a outros contextos ou amostras, embora este estudo tenha vindo
reforçar alguma da teoria já existente relativamente às condições institucionais dos
processos de privatização, tratou-se apenas de um trabalho exploratório que não pode
ser generalizado ou considerado representativo.

Por outro lado, apesar das fontes secundárias terem sido utilizadas e outras análises
tenham sido elaboradas para completar os resultados, também este factor não pode
justificar que os resultados aqui apresentados possam ser vistos como necessariamente
generalizáveis, em termos da prática de privatização levada a cabo por alguns governos
que a ela recorreram.

Por fim, outra das limitações esteve relacionada com a impossibilidade de observar in
loco interacções políticos-gestores e, portanto, as consequentes particularidades de
problemas, ideias e técnicas que poderiam resultar desta mesma interacção.

É, contudo, necessário que a acção prática da estratégia das privatizações continue a ser
minuciosamente observada e registada para o estabelecimento de acções coordenadas de
expansão dos negócios, pois a chave do sucesso organizacional pode estar contida
nestes detalhes de nível micro, os quais têm particular vantagem por serem, por vezes,
invisíveis a terceiros.

Sugere-se assim que futuras investigações nesta área se possam centrar sobre as
seguintes vertentes: (1) comparação das causas de insucesso e sugestões de melhoria a
equacionar em futuros processos de privatização de diferentes países, para além dos que
aqui foram explorados (Angola, Brasil, Portugal e China); (2) confirmação dos
resultados exploratórios desta investigação em Angola, por forma a reforçar as
estruturas aqui identificadas como as mais influentes para o sucesso dos diferentes tipos
de projectos de privatização que venham a existir; (3) realização de pesquisas
relativamente aos relacionamentos que se possam construir entre diferentes países e que
englobem as características da emergente sociedade de trabalho em rede e que possam
incorporar novos tipos de serviços oferecidos pelas grandes empresas internacionais; e
(4) focalização em casos caracterizados pelo sucesso, mas também pelo insucesso, a fim
de se estudar a natureza e a qualidade dos diferentes processos na tentativa de alcançar
resultados de ainda maior qualidade.

Em suma, é importante estender estes estudos a uma base mais profunda relativamente a
todas estas matérias, no sentido de explorar o futuro das privatizações, podendo futuras
pesquisas incluir a construção de um modelo que permita relacionar todas estas
variáveis, visando identificar qual delas é mais determinante para o sucesso de um
processo de privatização, tendo em conta as sugestões aconselhadas para a melhoria dos
desempenhos que se podem vir a obter.
REFERÊNCIA BIBLIÓGRAFICA

 https://www.redalyc.org/journal/5680/568060410004/html/
 https://www.portaldaindustria.com.br/industria-de-a-z/privatizacao-entenda-o-
que-e-e-como-funciona/

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