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Não acredito que exista 100% de neutralidade, podemos atingir 98%, nas
nunca uma totalidade.
Como terapeutas, algum tema trazido pode acionar questões pessoais nossas,
e mesmo que tentemos afastar aquilo da sessão, elas estão ali, pois elas
fazem parte de nós. Um exemplo que trago, se um homem, sendo meu
paciente a anos, resolve me contar que cometeu um abuso sexual, não sei
como iria manter a neutralidade. Além de ser um crime, como mulher, não sei
como não iria julgar, analisar, e até colocar numa balança todo o processo de
tratamento, não com o intuito de jogar tudo o que foi construído para o alto,
mas de questionar se serei capaz de seguir com isso, sem mudar a forma que
trato ele.
Como pacientes, trago meu exemplo pessoal, onde nas vezes que conto meus erros,
por vezes já me peguei tentando aliviar minha culpa, me colocando como errada, mas
com medo de ser julgada, com medo de ouvir palavras duras de volta, mesmo que
confie em minha terapeuta.
Acredito que alguns fatores necessários aqui são, aliança terapêutica bem
estabelecida, setting acolhedor, onde o paciente fique a vontade e sinta-se
seguro.
Surge quando refletimos sobre algum tema, refletir em voz alta, analisar e dizer
como vê aquilo.