Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
qu o TI
ve nç m
d
rno ar ar
de edit ço
SP al
Janeiro / Fevereiro 2023 - R$ 39,00
Shortlines no Brasil
Reaproveitamento de trechos inoperantes da malha brasileira
requer estudos de viabilidade econômica
DORMENTES DE CONCRETO CAVAN
A MARCA QUE O TEMPO NÃO APAGA
DORMENTES DE CONCRETO
PARA CARGAS E PASSAGEIROS
DORMENTES PARA AMV
DORMENTES MONOTRILHO
DORMENTES PARA CONTRATRILHO
DORMENTES ESPECIAIS
CAPACIDADE DE
PRODUÇÃO DE
1.000.000 +55 11 3631-4810
www.cavan.com.br
DE DORMENTES POR ANO
editorial
contato@fabiohirata.com.br
ViaMobilidade
Concessionária investe na
Entrevista compra de equipamentos de via
Governo de SP quer TIC, para as linhas 8 e 9
26
14
concessão das linhas da
CPTM e expansão do metrô
Foto:
Lucas M. Rosa
Pág. 28
Transnordestina
Construção da ferrovia entra
54
Conceito ESG em nova fase após assinatura
Ferrovias atraem clientes
de termo aditivo
comprometidos em avançar
na agenda ambiental
32 Todas as locomotivas
Frota nacional ficou praticamente
estável em relação a 2022
64
Gente que faz Profissionais ferroviários que atuam nas operadoras de carga e
de passageiros e na indústria são os destaques nessa coluna.
Passageiros
7 anos também para o público externo, a frenagem de segurança,
chegando ao fim da jornada evitando um grave acidente.
Ferrovia significa...
sem alteração. Com essa atitude fui agraciado
Quando criança, quem nunca
com uma carta elogio e
sonhou em ganhar um Um bom ferroviário é...
um café da manhã com o
ferrorama? Depois de adulto Aquele que exerce sua função
presidente com direito a levar
trabalhei em várias empresas, com comprometimento,
a família.
mas todos os caminhos me pontualidade e segurança,
trouxeram até aqui. seguindo regras e Expectativa profissional
procedimentos. Reconhecimento e a
Desafio diário
realização do meu trabalho
Realizar minha jornada Momento para recordar
com excelência, além de
de serviço com foco, Quando realizava uma manobra
oportunidades de crescimento
comprometimento e segurança, com VLT, observei aproximação
profissional.
realizando as viagens a mim de uma criança com uma
atribuídas dentro do horário barra de ferro para retirar uma
com conforto e segurança bola debaixo do trem, tomei
Edeilson Pontes
Condutor do VLT Carioca
Carga
8 anos. modelo de trabalho no qual Quando consegui o cargo de
exige o máximo de dedicação, técnico, fiquei muito feliz por
Ferrovia significa...
mobilidade e atenção com as poder estar na equipe que
A minha vida profissional e
pessoas que estão ao nosso sempre me dediquei, e com as
todo o desenvolvimento que
lado, o que é desafiador. pessoas que acreditaram no
formou o profissional que sou
meu trabalho.
hoje passou pela ferrovia, Um bom ferroviário é...
as pessoas e esse ambiente Profissional que se conecta Expectativa profissional
dinâmico da manutenção faz com as pessoas ao seu redor, Conseguir um cargo de
com a gente tenha realmente tem atitude e cuida das inspetoria!
amor pela que fazemos. pessoas, sempre com foco na
segurança e na qualidade do Kelleton Santos
Desafio diário Técnico Especializado
seu trabalho. de Manutenção da EFC
Estamos em uma fase de
Parceiros alemães
A Grão-Pará Multimodal desenvolvedora e operadora
(GPM), empresa que tem au- da futura ferrovia; de opera-
torização do governo federal dores do complexo portuário
para a construção de uma fer- de Hamburgo, uma vez que a
rovia privada entre Açailândia empresa portuguesa também
(MA) e o Porto de Alcântara tem um projeto de constru-
(MA), de 540 km, está corren- ção de Terminal de Uso Pri-
do por fora para colocar o pro- vado (TUP) em Alcântara; e
jeto de pé. Literalmente. Os da Siemens, que pode auxiliar
sócios portugueses da compa- na construção de um hub de
nhia, Paulo Salvador e Nuno energia renovável (hidrogênio
Martins, foram a Alemanha verde) na região. O custo da
buscar parceiros. No país eu- ferrovia e do TUP está estima-
ropeu conseguiram apoio da do em mais de R$ 20 bilhões.
Deutsche Bahn, gigante fer- A demanda da malha é para o
roviária alemã, para que fosse transporte de grãos.
No governo
A GPM também tem feito um traba- assunto da ferrovia durante a reunião numa região (Maranhão) que é mais
lho de aproximação com autoridades que teve com o presidente Luiz Iná- próxima da Europa, mas também
e representantes do governo federal. cio Lula da Silva, em janeiro deste porque o país europeu tem buscado
O primeiro-ministro alemão, Olaf ano, quando veio ao país. O projeto alternativas após o conflito na Ucrâ-
Scholz, foi instruído pela Embaixa- da ferrovia tem interessado a Alema- nia, que causou algumas restrições de
da da Alemanha no Brasil a tocar no nha não só porque pretender escoar abastecimento no continente.
Precisa de apoio
O projeto da GPM também foi apre- janeiro. A ferrovia está enquadrada de licenças ambientais e desapro-
sentado pelo governador do Mara- no modelo de autorização, ou seja, priações. “A gente precisa do engaja-
nhão, Carlos Brandão, como um dos deverá ser construída com recursos mento do governo. Se o governo não
prioritários para o estado durante a 100% privados. A aproximação com se engajar, essas coisas não aconte-
reunião com governadores organiza- o governo, no entanto, é benéfica e cem”, afirmou uma fonte envolvida
da pelo presidente Lula, no final de desejável, para apoio nos processos com o assunto.
É bom para...
A ferrovia da GPM, intitulada de Es- milhões de toneladas/ano. Isso acaba ge como uma alternativa interessante
trada de Ferro do Maranhão, pretende restringindo o crescimento da Norte- para o escoamento da carga da VLI
se conectar à Ferrovia Norte-Sul, em -Sul. A Vale, por sua vez, tem concen- pelo Arco Norte.
Açailândia. O projeto não seria uma trado esforços nas minas de Carajás, Nesse jogo de interesses, não se pode
má ideia para a VLI, uma vez que seus não só porque o minério é de melhor descartar a chegada da Cosan como
trens hoje precisam adentrar por direito qualidade, mas também pelo fecha- acionista da Vale, no ano passado, e
de passagem a Estrada de Ferro Carajás mento de diversas minas após os de- também a compra que a empresa (Co-
(EFC), em Açailândia, para conseguir sastres ambientais em Minas Gerais. san) fez, em 2021, de um Terminal de
escoar a carga no Porto de Itaqui. Um cenário que leva a acreditar que Uso Privado no Porto São Luís, den-
Acontece que a capacidade reservada o volume de transporte na EFC ten- tro da Baía de São Marcos. É lá que
da EFC para os trens de grãos da VLI de a crescer ainda mais nos próximos também estará localizado o TUP de
é limitada, girando em torno de 10 anos. A EF Maranhão, portanto, sur- Alcântara, do projeto da GPM.
10 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023
Pós-verdade
A Ferrovia Transnordestina Logísti- dois pedidos referentes à renovação momento “não há pleito de renova-
ca (FTL) e a ANTT têm diferentes antecipada de seu contrato de con- ção contratual da FTL formalizado
respostas quando questionadas sobre cessão. Um diz respeito à petição perante a ANTT. Caso este ocorra,
o processo de renovação da conces- de prorrogação ordinária e outro é deverá observar o rito previsto na
são da Malha Nordeste. A primeira referente à petição de prorrogação Lei nº 13.448/2017. Por fim, o termo
diz que protocolou na agência re- antecipada do contrato. A ANTT, por de vigência do contrato da FTL é 1º
guladora, em julho do ano passado, sua vez, informou em nota que até o de janeiro de 2028”.
Processo de caducidade
A ANTT recomendou ao então Minis- decisão está agora nas mãos do Minis- trução) em troca de ajustes no contrato.
tério da Infraestrutura, há dois anos, tério dos Transportes. No ano passado, Isso resultou na assinatura de um ter-
a caducidade do contrato da FTL. O a pasta comandada pelo ex-ministro mo aditivo em dezembro de 2022, com
processo foi instaurado, segundo a Marcelo Sampaio retirou o processo de uma série de obrigações e prazos para
agência, por descumprimento reiterado caducidade da Transnordestina Logísti- a conclusão da nova ferrovia Transnor-
de diversas obrigações contratuais. A ca (concessionária da ferrovia em cons- destina (ver na página 54).
PPP ficaria de pé
O custo para reconstruir uma ferro- construir uma Parceria Público-Pri- combustível. O projeto poderá ser
via na Bahia em bitola larga mais a vada saudável do projeto, dado que um dos pleitos da Bahia nas nego-
nova ligação direta entre Mara Rosa a demanda é potencial e volumosa ciações envolvendo os recursos da
e Caetité é de cerca de R$ 20 bi- na região para granéis agrícolas, outorga da renovação da Ferrovia
lhões. Segundo o estudo, é possível minério, carga geral, contêiner e Centro-Atlântica.
REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023 11
mercado
Equipamento para
soldagem elétrica será
produzido no Brasil
Rafael Benini
Secretário de Parcerias em Investimentos do estado de São Paulo
RF – E nas linhas concessionadas do Metrô de SP. Alguma novidade? vor do governo. Queremos fazer uma conta de passivos
RB – Estamos negociando com a CCR a expansão do me- e ativos regulatórios dentro do contrato e ver o quanto eu
trô para Taboão da Serra. A gente vai brigar com a Linha precisaria aportar à CCR para conclusão dessa obra.
2-Verde para ver quem será o primeiro a levar o metrô para
fora de São Paulo. Estamos em negociação com a CCR RF – E os trens da Linha 17? Quando chegam?
também para que ela incorpore a construção da Linha 17- RB – O pessoal do Metrô SP está indo para a China ago-
Ouro. Vemos que a obra não está andando e achamos que ra, em março, para visitar a fábrica dos trens, ver o cabe-
na mão da CCR, que depois vai ficar com a operação dela, ça de série produzido pela BYD, aprovar iniciar os testes
essa obra pode ser concluída dentro desse mandato. no Brasil.
RF – Poderia nos detalhar essa transferência das obras da RF – Como o governo está pensando a expansão do Metrô SP?
Linha 17-Ouro para a CCR? RB – Dentro dos projetos prioritários do governo, o pri-
RB – O governador já fez o pedido para a CCR. O que meiro é o de Campinas, o segundo é a expansão da Li-
está no contrato dela é a operação da Linha 17. Queremos nha 2-Verde do Metrô até Guarulhos, entrando como obra
que incorpore também a finalização da obra, o que faz pública. Para expandir o metrô para fora de São Paulo,
sentido, porque o monotrilho é uma obra muito específica temos um projeto mais tranquilo, que é a expansão da Li-
e a conclusão dela e a escolha do trem tem muita relação nha 4-Amarela. Fora isso, temos três linhas que o gover-
com a operação depois. A ideia para solucionar o proble- nador pediu para estudar, que são a 19-Celeste, a 20-Rosa
ma da Linha 17 é negociar com a CCR, que, claro, não e a 22-Marrom.Vamos tentar duas, mas pelo menos uma
tem essa obrigação. Já temos um caso parecido com isso, a gente faz esse mandato, por meio de PPP. Dado que a
em rodovias, que é do Contorno da Tamoios, que era para gente vai ter a Linha 2 chegando em Guarulhos, estamos
ser uma obra pública e a operação ficava para o privado, e dando prioridade para a Linha 20, que vai para o ABC.
conseguimos passar a obra para o privado. A ideia é resol-
ver o problema da melhor maneira possível. RF – Quais são os desafios?
RB – A dificuldade é a financiabilidade do projeto. Acho
RF – Como está o avanço da obra da Linha 17? que se assemelha a uma coisa que enfrentamos no governo
RB – A obra ainda é pública, ainda não foi para concessão. federal, com a Ferrogrão, que é um projeto que demoraria
O governador fez diversas reuniões e vimos que realmente oito anos para começar a gerar receita. Com a construção
o consórcio construtor não parece apresentar capacidade de linha de metrô, a gente pensa da mesma maneira. Que-
para terminar a obra. O governador pediu para eles mos- remos levar o metrô para fora de São Paulo e para isso,
trarem essa capacidade de colocar gente e tocar as obras, precisamos ser criativos na questão da financiabilidade.
mas até agora não vimos o andamento disso. Em paralelo, Por isso que estamos trazendo o IFC, braço de consultoria
a gente está indo para o plano B e para o plano C que é do Banco Mundial, que tem experiência em implantação
chamar o terceiro colocado na licitação ou colocar essas de metrô e ferrovia no mundo inteiro, para trazer a ideia de
obras dentro do contrato de concessão da CCR. A partir como a gente consegue fazer isso no Brasil.
do momento em que ela assume as obras, o governo não
interfere mais. Só cobramos que seja feita. RF – A intenção é fazer PPP integral, a exemplo de como foi
a Linha 6-Laranja?
RF – Mas com aporte do governo? RB – Na verdade, se analisarmos o projeto da Linha 6-La-
RB – Precisamos olhar o contrato, medir os desequilí- ranja, foi meia linha que saiu, porque ela era mais longa. Foi
brios, até o próprio fato da CCR não operar a Linha 17, concedido só um trecho que era mais viável e depois o res-
que é uma linha deficitária, deve gerar um crédito a fa- tante virou a Linha 16-Violeta. Achamos que agora vamos
Frota de
manutenção
ViaMobilidade anuncia aquisição
de novos equipamentos de via
em meio a uma fase difícil
nas linhas 8 e 9
Por Gabriel Menezes
A
ViaMobilidade colocou em prática um plano tuações mais graves como choques de trem e a morte de
pesado de aquisição de equipamentos de ma- um funcionário. O episódio fatal aconteceu na madruga-
nutenção de via. A concessionária, responsá- da do dia 10 de março do ano passado, quando um cola-
vel pelas linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda dos borador foi eletrocutado durante uma atividade de manu-
trens metropolitanos de São Paulo, adquiriu 22 máquinas tenção de rotina numa sala técnica na região da estação
de via (já entregues) em 2022, espera a chegada de mais Pinheiros, da Linha 9. Neste mesmo dia, um trem colidiu
17 até o primeiro semestre desse ano, e planeja comprar com a barreira de contenção da estação Júlio Prestes, na
mais 11 veículos até o fim de 2023. Alguns equipamentos Linha 8. Ninguém ficou ferido, mas duas pessoas (uma
foram adquiridos de segunda mão – da Ferrovia Tereza delas o condutor) foram levadas para o hospital para ava-
Cristina – para que começassem a operar de forma ime- liação. O mesmo veículo descarrilou na manhã do dia 7
diata nas linhas, que somam 80 km. de dezembro na estação Domingos de Moraes, da Linha
O investimento acontece em meio a uma operação mar- 8, no sentido Itapevi. Já no dia 16 de janeiro, outro trem
cada por falhas constantes, causada por problemas que descarrilou na Linha 8, na altura da estação Lapa, tam-
vão desde o estado de conservação da via até deficiências bém no sentido Itapevi.
nas subestações e redes aéreas de tração. Não por acaso, A situação foi parar na Justiça. Em abril de 2022, o Mi-
os equipamentos adquiridos pela ViaMobilidade têm a nistério Público de São Paulo abriu um inquérito para in-
função, principalmente, de melhorar a eficiência da ma- vestigar as sucessivas falhas na operação das linhas. Já em
nutenção dos trilhos, da inspeção geométrica da via e da novembro, o órgão propôs à ViaMobilidade a assinatura de
estrutura de eletrificação ao longo das malhas. A conces- um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) para sanar de vez os
sionária das linhas 8 e 9 completou um ano de operação no problemas. A empresa, no entanto, não aceitou a proposta
dia 27 de janeiro deste ano. e informou estar cumprindo à risca o que foi acordado no
As falhas ocorridas nos últimos meses têm provocado contrato de concessão. As investigações do MP chegaram a
constantes atrasos, cancelamentos de operação e até si- ser suspensas em dezembro, após um recurso da ViaMobi-
hos
a de tril do:
COMPACTO, ROBUSTO, FLEXÍVEL: m u d a n ç
Rápida ço muito reduz
a
i
rias
em e s p o à bate
O ROBO RODOFERROVIÁRIO VLEX - movid
létrico
+ 1r0e0c%areregáveis fácil
o s im p les e de
nçã
+ Manute
c u ç ão
exe nica
is tê ncia téc Brasil
+ A s s
especia
lizada n
o
Eduardo Abelar
Vollert do Brasil Ltda
Vídeo demonstrativo da
operação na Internet:
informações:
www.gmo.ind.br comercial@gmo.ind.br
reportagem
Caminhão socorro (Empretec) Cesto aéreo (Empretec)
Veículo rodoferroviário desenvolvido e adaptado pela Empretec. Faz o Manutenção das seccionadoras de via,
encarrilhamento do trem ou veículo auxiliar em caso de emergência. iluminação de difícil acesso e rede aérea.
Adaptado pela Empretec.
Veículo de rede
aérea (Empretec)
É utilizado na
manutenção e
checagem de
componentes da rede
aérea e do sistema de
alimentação elétrica.
Adaptado pela
Empretec.
Auto de Linha
Veículo ferroviário com motor seis cilindros turbo diesel,
equipado com guindaste para suporte nas atividades de
manutenção preventiva e corretiva de via.
Retroescavadeira
Veículo rodoferroviário para manutenções corretivas
e preventivas na via, equipado com implemento
para troca de barras curtas de trilho e dormentes.
N
um cenário em que adotar práticas sustentá- com o diretor comercial de Etanol e Energia da FS, Paulo
veis é algo cada vez mais estratégico no mun- Trucco, atualmente 41% da produção da empresa já são
do corporativo, o modal ferroviário ganha transportados pelos trilhos da companhia (neste mesmo
espaço entre empresas com metas de reduzir percurso, mas com vagões de propriedade da Rumo).
seu impacto ambiental. O exemplo mais recente veio da Com a nova parceria, esse número chegará a 45%, com a
FS, companhia produtora de etanol, nutrição animal e substituição de viagens de caminhões. A novidade desta
bioenergia, que fechou recentemente uma nova parceria vez é o fato de a FS ser a dona dos vagões utilizados. O
com a Rumo. acordo tem duração de 20 anos e, depois disso, a Rumo
A empresa vai aumentar o volume de etanol de milho poderá comprar novos vagões. “Com essa operação, a
movimentado nas malhas Norte e Paulista, a partir de abril empresa vai reduzir, aproximadamente, 50% nas emis-
deste ano. Para isso, adquiriu 80 vagões – fabricados pela sões de CO₂, substituindo 15 mil viagens de caminhões
Greenbrier Maxion – para a logística de escoamento do por ano nas estradas nesta rota”, comenta o executivo. A
biocombustível, que começará por caminhão de Lucas do FS tem duas unidades fabris. Um em Lucas do Rio Verde
Rio Verde até Rondonópolis (MT), onde ingressará nos e outra em Sorriso, no Mato Grosso, além de um escritó-
trens da Rumo em direção a Paulínia (SP). Dos 1,5 bilhão rio em São Paulo.
de litros de etanol produzidos pela FS anualmente, cerca Trucco acrescenta que a empresa não descarta novos
de 50% têm como destino a cidade de São Paulo, onde se investimentos e parcerias semelhantes no futuro. “Es-
concentram refinarias. tamos focados em colocar estes vagões para rodar, au-
A relação com a Rumo começou em 2020, e, de acordo mentando a capacidade de movimentação da Rumo na
Divulgação/GBMX
Vagões da FS para o
transporte de etanol
de milho na Rumo
empac.com.br | comercial@empac.com.br
32 3574.1580 - 81 3726.1176
reportagem
Acidentes com Afastamento) em 0,15 até 2025; reduzir Com relação a projetos esse ano, ela diz que o foco está
em 15% as emissões de carbono até 2023, com ano base nas obras de infraestrutura. Entre elas, a conclusão da Ma-
em 2019; reduzir em 21% as emissões de carbono até lha Central, que hoje opera entre Rio Verde (GO) e Estrela
2030, com ano base 2020; aumentar o índice de satisfação D’Oeste (SP). Estão sendo finalizadas as obras no trecho
do colaborador para 82% até 2025 e a taxa de equidade de 3, entre Rio Verde e Anápolis, o que tornará a ferrovia
gênero de 0,10 para 0,11; além de estabelecer a rastreabi- 100% operacional até o Tocantins (Porto Nacional). Se-
lidade de 100% dos commodities agrícolas até 2025. gundo Daniely, a Malha Central tem potencial para mo-
“Como reconhecimento dos esforços e das transfor- vimentar mais de 36 milhões de toneladas por ano, sendo
mações, a Rumo se tornou a primeira empresa do setor Goiás o grande polo com 20 milhões de toneladas por ano.
ferroviário brasileiro a figurar no Índice Sustentabilidade Outro ponto que a executiva destaca são as obras de
da Bolsa Brasileira (ISE B3), referência em práticas em- extensão da Malha Norte até Lucas do Rio Verde, autori-
presariais de sustentabilidade, e permanece na carteira vi- zada pelo governo de Mato Grosso. Em novembro do ano
gente em 2023", ressalta Daniely. passado, foi iniciada a construção do viaduto ferroviário
A empresa não informou se fechou novas parcerias co- em Rondonópolis. Foi o pontapé inicial de um projeto que
merciais motivadas por necessidades sustentáveis, como receberá, de acordo com a Rumo, entre R$14 e 15 bilhões
ocorreu com a FS. No entanto, Daniely comenta que a de investimentos em obras que serão executadas nos pró-
Rumo hoje não trabalha somente com o objetivo de bus- ximos anos em direção a Campo Verde, Cuiabá e Lucas
car mais clientes e aumentar a capacidade de transporte, do Rio Verde.
mas também aprofundar a relação com aqueles que já
estão na carteira da concessionária. “Observamos uma Solução ferroviária
crescente demanda por recursos que os ajudem no cum- A MRS Logística é outra ferrovia que vem se benefi-
primento de metas dentro da agenda ESG. Com isso, re- ciando da agenda ambiental de empresas do mercado. De
alizamos diversas agendas positivas, a fim de demonstrar acordo com o gerente geral de Finanças da empresa, Dou-
os avanços e posicionamento da Rumo em relação à sus- glas Coutinho, somente no ano de 2022, foram geradas
tentabilidade, além da vantagem competitiva do trans- 115 oportunidades de novos negócios para a MRS a partir
porte por ferrovia”. de simulações feitas na Calculadora de CO₂ da MRS. A
pandrol.com
reportagem
ferramenta indica a redução da emissão de gases quan- Ele informa que, nos últimos anos, a empresa vem
do escolhida a opção logística multimodal, incluindo a customizando modelos operacionais adequados a cada
ferrovia como parte da solução. um dos seus clientes. No transporte de contêineres, por
Ele diz que a companhia atende atualmente mais de exemplo, diferentemente dos trens de commodities, o
440 empresas de diversos segmentos do mercado, tendo mais comum é que a carga provenha de vários clientes
destaques o setor de eletrônicos, com origem na Zona diferentes (com escala menor), o que torna bem dife-
Franca de Manaus, e as grandes multinacionais do setor rente o processo de montagem de um trem.
alimentício, petroquímico, siderurgia e de energia no Sobre como a questão do ESG é tratada dentro da
eixo RJ-SP. Na medida em que as boas práticas sociais, MRS, ele diz que há uma série de ações com foco em
de governança e de sustentabilidade passam a ganhar sustentabilidade, diretamente ligadas ao tema e o resul-
cada vez mais relevância para o negócio das empresas, tado é apresentado, anualmente, por meio do Relatório
afirma Coutinho, é natural que o desenvolvimento fer- de Sustentabilidade. “Recentemente, o Carbon Disclo-
roviário acompanhe esse ritmo de evolução. sure Project (CDP) apontou, inclusive, uma melhora na
“Basta dizer que um trem de carga geral com 80 vagões, avaliação do impacto ambiental da MRS, com foco nas
menos extenso do que os nossos trens tipo de minério de iniciativas e divulgações sobre emissões de gases de
ferro, transporta o equivalente a 280 caminhões. Portanto, efeito estufa e mudanças climáticas. Com nova avalia-
uma composição da MRS pode emitir até três vezes me- ção, o score evoluiu de D para C, em uma escala que
nos CO₂ do que um veículo rodoviário, considerando a varia entre A e D”.
mesma quantidade de carga”, explica o gerente.
Coutinho salienta que o setor ainda enfrenta alguns de- Desafios para clientes
safios para atrair clientes. Um deles é o fato de as soluções Presidente da Associação Nacional dos Usuários do
ferroviárias serem pouco conhecidas. “Precisamos mos- Transporte de Carga (Anut), Luis Baldez avalia que a
trar ao mercado que o transporte de carga pela ferrovia é busca por modais menos poluentes, como o ferroviário
viável. Com terminais próprios ou por meio de parceiros, e o hidroviário, é uma tendência. Um dos motivos é que
a MRS oferece várias opções logísticas com custo infe- atualmente para se conseguir financiamentos, seja via
rior, especialmente, no Sudeste”. BNDES ou instituições financeiras, uma empresa pre-
Trem de
combustíveis
da MRS
Divulgação/MRS
Inspeção
automatizadaWabtec lança o KinetiX, uma solução completa para
melhorar a eficiência e a segurança de vagões e locomotivas
I
nspecionar automaticamente vagões e locomotivas por meio possam alcançar eficiência máxima na operação. Isso se dará através
de sistemas de detecção acústica, vibratória e sensores de de um controle rígido de detecção de falhas em todos os componen-
visão infravermelha, além de um conjunto de algoritmos capaz tes de vagões e locomotivas. “A combinação de
de processar uma grande quantidade de dados e gerar indi- todas as tecnologias do KinetiX permite
cadores importantes de manutenção. Todas essas tecnologias que os clientes se concentrem na
estão reunidas na solução KinetiX, a nova aposta da Wabtec para eficiência da operação ferroviá-
garantir, de forma completa, segurança e eficiência operacional nas ria”, afirma Hausmann.
ferrovias brasileiras. Muitos clientes mundo
O portfólio do KinetiX conta com tecnologias e equipamentos, afora, de acordo com o
cuja aplicabilidade na via varia de acordo com a escolha do nível de gerente da Wabtec, op-
complexidade na inspeção de material rodante pelas operadoras. A tam por implementar o
solução já está presente em seis continentes, diz Adam Hausmann, KinetiX dentro do modelo
gerente de Produtos da Wabtec nos EUA. Segundo ele, pode ser im- chamado ‘Super Site’,
plementada em todos os tipos de ferrovias de carga e de passageiros, em que todos os siste-
inclusive opera em ambientes considerados hostis, como linhas que mas e tecnologias do
atravessam um deserto na Austrália e regiões de baixa temperatura portfólio estão aplicados
no Norte da Noruega. em um único local na via.
No Brasil, parte do portfólio do KinetiX já opera nas principais fer- Os equipamentos que com-
rovias de carga, de forma segregada. A Wabtec pretende agora for- põem o ‘Super Site’ permitem
necer o conjunto completo de soluções, para que as concessionárias inspeções de perfil completo de
Informe Publicitário
ação
D iv u lg
Réplica em
miniatura do
vagão da empresa
FS é o mais novo
lançamento
da Frateschi
A
Frateschi Model Trens esteve brasileira”, afirma Lucas. A expectativa é Origem
presente no lançamento do novo de que até o início de março ela já esteja Fundada em 1967, a Frateschi Model
vagão da empresa FS, uma das disponível no mercado. Trens é a única fabricante da América Lati-
maiores produtoras de etanol de O ferreomodelismo é um dos hobbies na de trens elétricos em miniatura e réplicas
milho do país, realizado em 19 de janeiro na mais antigos do mundo, e sua origem re- de composições reais. Situada em Ribeirão
fábrica da GBMX, em Hortolândia, no inte- monta ao período em que o transporte ferro- Preto, no interior paulista, tem a missão de
rior paulista. O transporte do biocombustível viário foi adotado massivamente. As primei- divulgar e preservar a memória ferroviária do
deve iniciar até abril pela malha ferroviária ras miniaturas de trens foram fabricadas por Brasil, por meio da prática do ferreomodelis-
da Rumo. volta de 1830, por artesãos alemães. De lá mo. Há 55 anos neste mercado, a empresa
Na ocasião, a Frateschi, uma das empre- para cá, muita coisa mudou, principalmente
tem a convicção de que importantes relações
sas convidadas para o evento, apresentou ao no Brasil, onde o transporte de passageiros
humanas, como a interação entre pai e filho,
público a réplica em miniatura do vagão FS, pelas ferrovias deixou de acontecer, com ex-
avô e neto e amigos, são fortalecidas em
que deve ser o novo objeto de cobiça pelos ceção dos passeios turísticos. Mesmo assim,
momentos descontraídos durante a prática
aficcionados por ferreomodelismo. a paixão de algumas pessoas por este hobby
deste hobby. Ao longo desse tempo, também
O diretor da empresa, Lucas Frateschi, se intensificou.
se mostrado resiliente às crises econômicas,
ressalta que a Frateschi é parceira do mo- “O ferreomodelismo é uma mistura de
sendo uma das poucas empresas do país a
dal ferroviário ao promover e potencializar a entretenimento, baseado em modelos de
se manter em atividade por tanto tempo.
prática do ferreomodelismo, além de dar a escala, e arte, pois os amantes deste hobby
Com atuação nacional e internacional, a
oportunidade de empresas e marcas serem ficam fascinados quando começam a cons-
Frateschi possui representantes nos estados
conhecidas e divulgadas dentro de um nicho truir suas maquetes, fazer toda a parte de
de mercado no qual, a princípio, não atuam. decoração e cenário e projetar as constru- de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais,
‘É uma oportunidade de sinergia única para ções. É preciso ter capacidade de observa- Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Rio
nós e os players do mercado. Além da réplica ção para se construir uma maquete, pois Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso do Sul,
da FS, a Frateschi tem parceria sólida com todo esse trabalho de reprodução do mundo Bahia, Ceará e Pernambuco, além do Distri-
a Rumo Logística, Brado Logística, VLi, MRS, real é totalmente artesanal”, diz Lucas. De to Federal. No exterior, seus representantes
Vale, entre outras”, explica Lucas. acordo com ele, as pessoas pensam que o estão na Argentina, Chile, Uruguai, Austrália,
Ainda de acordo com ele, ao longo dos transporte ferroviário morreu, mas ele está Nova Zelândia, Rússia, Suíça, África do Sul
55 anos de história da Frateschi, a empre- vivo e em expansão. “A ferrovia é de valor es- e Taiwan.
sa sempre acreditou no transporte ferro- tratégico imprescindível para um país como Todo o portfólio da Frateschi, bem como
viário. “É gratificante poder oferecer aos o Brasil, e este crescimento ajuda a fomentar seu mais recente lançamento, o vagão da em-
apaixonados por este hobby a possibili- ainda a mais a paixão que muitos brasileiros presa FS, podem ser encontrados na loja da
dade de também terem em mãos réplicas têm pelos trens, sendo que muitos passam empresa, no site www.lojadafrateschi.com.br.
em miniaturas das locomotivas e vagões o hobby do ferreomodelismo para as futuras
que veem percorrendo a malha ferroviária gerações”, conclui. Conteúdo patrocinado por Frateschi
arquivo ferroviário
A locomotiva de número 193 é da-
Lucas M. Rosa
quelas que guardam histórias curiosas
e fazem parte do imaginário de quem
é apaixonado por ferrovia. A começar
pelo seu nome – Jiboia –, que ganhou
por tracionar longas composições, tal
qual uma cobra percorrendo trilhos si-
nuosos. Conta-se no livro “Inventário
das locomotivas a vapor no Brasil”, de
Regina Perez, que a Jiboia era amarela
e com um apito que todos admiravam,
nunca quebrou nem teve acidente e
corria muito. Em 3 de abril de 1977, ao
invés de ser leiloada e virar sucata, foi
salva por um convênio entre a Fepasa,
sua proprietária na época, e o Museu
de Tecnologia de São Paulo. Fabricada na Alemanha, pela em-
presa Henschell & Sohn, a Jiboia foi importada para o Brasil em
1937 pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Hoje está
exposta no Museu Catavento, no Centro de São Paulo. VEJA A FOTO AMPLIADA
ELZA BRUCK
TRADUTORA INGLÊS
Operação
shortline
Com mais de 60% de ociosidade,
sobra malha mas faltam
estudos de viabilidade
Por Bianca Rocha
S
hortline é um termo norte-americano que, na
tradução livre, significa ‘linhas curtas’. Esse
modelo de operação ferroviária prospera nos
Estados Unidos, onde pequenas e médias linhas
independentes servem como alimentadoras das ferrovias
estruturantes Classe 1. No Brasil ainda são inexistentes
dentro desse conceito, embora necessárias diante de um
volume significativo de ramais e linhas hoje inoperantes
na malha brasileira. Mas há um movimento na direção de
torná-las, enfim, uma realidade no país.
O tema foi indiretamente incluído na agenda regula-
tória de 2023/2024 da Agência Nacional de Transportes
Terrestres (ANTT). O órgão pretende publicar, no próxi-
mo ano, as regras de chamamento público para interessa-
dos em assumir a operação de trechos ociosos/devolvidos
pelas concessionárias. Paralelamente a isso, o Ministério
dos Transportes tem em mãos um estudo que traça meto-
dologias para o processo de devolução de linhas e escolha
de alternativas de reutilização desses trechos. Os desafios
para avançar com o tema, no entanto, são enormes e esbar-
ram no próprio contexto ferroviário brasileiro.
O termo shortline começou a ser mais falado no Brasil
com o surgimento do Projeto de Lei do Senado (PLS) 261,
de autoria do senador José Serra, em 2018. Os debates no
Brasil duraram cerca de três anos, quando, em dezembro de
2021, o projeto foi aprovado na forma da Lei 14.273, que
instituiu o novo marco legal de ferrovias. O principal ponto
foi a permissão das autorizações ferroviárias, inspirada no
modelo norte-americano de ferrovias privadas e desregula-
mentadas, implementado na década de 1980 com a promul-
gação do chamado Staggers Rail Act, nos EUA.
Mas o novo marco dispõe também de uma seção es-
pecífica para tratar de devoluções de ramais a pedido das
concessionárias e prevê algo inédito: a possibilidade de o
poder concedente iniciar um processo de chamamento pú-
44 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023
blico para buscar interessados em – até então – da Infraestrutura,
Bersul Radiadores
cresce no setor ferroviário
Empresa tem notado aumento da demanda por sistemas
de refrigeração para locomotivas, seu carro-chefe no mercado
Alessandra
A empresa tem sede em Curitiba e conta com 12 funcionários
N
Luiz:
Produção
atural de Curitiba (PR), a Bersul Radiadores de qualidade em todo processo de produ- com viés
vem colhendo os frutos dos investimentos fer- ção. ‘Nossa matéria-prima (cobre e alumí-
sustentável
roviários nos últimos anos. De 2021 para cá, a nio) é certificada, e os equipamentos e fer-
empresa registrou crescimento de 15% a 20% ramentais próprios são desenvolvidos em
na procura por seus produtos, o que se refletiu nossa sede”, afirma. Atualmente, a empresa
também num considerável aumento de receita. conta com uma equipe de 12 funcionários.
É o que afirma a diretora Alessandra Luiz, que assumiu
o comando da companhia familiar, em 2020. A Bersul Produtos ecológicos
atua há quase 30 anos no mercado ferroviário e tem Já Alessandra faz questão de frisar o viés ecológico
como carro-chefe sistemas de refrigeração para loco- dos produtos da Bersul. Segundo ela, todos os equi-
motivas a diesel e elétricas, como radiadores de água, pamentos produzidos na fábrica de 1 mil metros qua-
intercoolers, aftercoolers, resfriadores de óleo e troca- drados no Paraná são 100% sustentáveis, uma vez
dores de calor. que no processo de fabricação, os tubos de cobre são
O crescimento da empresa vem a reboque da frota achatados, o que proporciona uma melhor troca tér-
de máquinas de tração adquirida pelas concessioná- mica, e expandidos mecanicamente para fixação nas
rias. Entre seus clientes estão as principais opera- aletas e flanges. “Sendo assim, não se faz necessário
doras de carga do Brasil e também companhias fora o uso de solda, o que torna esses produtos isentos
do país. “Atualmente, nossos radiadores, intercoo- de chumbo e estanho e, por essa razão, ecológicos”,
lers, aftercoolers, resfriadores de óleo e trocadores explica a diretora.
de calor estão presentes em todas as ferrovias bra- Além disso, a Bersul submete seus produtos a seve-
sileiras e em outros países, como Quênia, na Áfri- ros testes tecnológicos, diz Alessandra. “Aplicamos re-
ca, além de Argentina e Bolívia, na América do Sul”, gimes específicos de trabalho, tornando-os confiáveis,
ressalta Alessandra. duráveis e seguros”. A qualidade no processo produtivo
Uma das parcerias mais relevantes da Bersul, nos combina com o otimismo da empresa com o setor ferro-
últimos anos, foi com a Mahle, para o desenvolvimento viário. Para a diretora, a tendência é que a Bersul cresça
de radiadores para as locomotivas modelo AC44. Mas a ainda mais no mercado. “Acreditamos que a frota ferro-
empresa também atua em outros segmentos, como in- viária será amplamente renovada, e com isso teremos
dustrial e de maquinários pesados. “Temos o objetivo de um grande aumento na busca por novos produtos ou por
sempre continuar expandindo e ampliando nosso leque serviços de manutenção de peças, tanto para locomoti-
de produtos”, ressalta o supervisor comercial, Fabiano vas, quanto para veículos de manutenção de vias, am-
Santos, acrescentando que a companhia não abre mão bos ofertados por nós atualmente”.
de ter uma equipe qualificada, além de um forte controle Para mais informações, acesse www.bersul.com
capa
“As shortlines
Vosmar Rosa/MT
são fundamentais” Leonardo Ribeiro:
"É importante
envolver governos,
O novo secretário nacional de Transporte Ferroviário do Minis- concessionárias,
tério dos Transportes, Leonardo Cezar Ribeiro, diz que desenvolver associações
shortlines no Brasil está entre as prioridades de sua gestão. Afirma e indústria"
também que está comprometido em ampliar a participação das fer-
rovias na matriz de transporte brasileira.
RF – Como o Ministério dos Transportes enxerga o processo RF – As shortlines podem ser parte da solução para o es-
de devolução de trechos inoperantes? coamento de cargas ou o foco estaria no mercado interno?
LR – A gestão anterior tinha iniciado estudos para propor uma nova LR – O Brasil tem enormes desafios a superar no setor ferroviário.
metodologia ao processo de devolução de trechos. Ela traz uma Apenas 17% do que é transportado no país em cargas é realizado
hierarquização das possíveis medidas a serem adotadas para dar por ferrovias. Dessas cargas, 85% correspondem a minério de ferro
destinação a essas linhas. A nova gestão vai analisar o assunto e grãos, sendo 70% e 15%, respectivamente. Em 2022, o Brasil
com o objetivo de garantir um ambiente institucional adequado para exportou cerca de U$ 90 bilhões para China, sendo 56% de valor
atrair investimentos privados. As regras infralegais do processo de concentrado em soja e minério de ferro. Acredito que as shortlines
devolução de trechos devem ser construídas de forma integrada podem contribuir para soluções de escoamento dessas cargas, mas
com a gestão dos ativos e sua devida destinação, seja para ope- de forma integrada com eixos estruturadores tendo em vista a ma-
ração futura ou para outras finalidades de interesse público. Assim lha ferroviária concedida.
evita a deterioração do patrimônio público.
RF – Há alguma necessidade de adaptação dos contratos
RF – A pasta tem participado das discussões para a regulação de concessões para que o modelo de shortline possa ser
de chamamento público para trechos ociosos e/ou devolvidos? aplicado no Brasil?
LR – Cabe aqui entender que o processo de chamamento público LR – Sobre adaptação de regimes exploratórios (concessão e auto-
mencionado no novo marco das ferrovias é um instrumento que rização), acredito que possamos avançar nas discussões. O nosso
possibilita identificar e selecionar interessados em explorar trechos objetivo é ampliar a participação do setor ferroviário na matriz de
ferroviários por meio de autorização. O Ministério dos Transportes e transporte. O Plano Nacional de Logística aponta a necessidade de
a ANTT devem interagir de forma perfeitamente alinhada nesta pau- ampliar significativamente a participação do modal ferroviário ao
ta. Acredito que a regulamentação do chamamento público pode patamar de 40% de toda a carga transportada no país até 2035.
impulsionar o mercado de shortlines, abrangendo trechos ociosos Isso será possível fazendo um trabalho articulado, de cooperação,
e em processo de devolução ou desativação. Esse arcabouço regu- com todos os setores envolvidos.
50 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023
“As companhias ferroviá- sitos nos EUA: integrar indús-
rias começaram a pressionar trias que utilizam o transporte
o órgão regulador dos EUA ferroviário para fins particula-
para a desregulamentação do res; alimentar o tráfego de car-
sistema, porque eles queriam gas das ferrovias estruturantes
se livrar de muitas dessas li- (a grande maioria opera para
nhas que estavam dando pre- isso); e realizar o transporte
juízo”, explica João Felipe de passageiros, seja para fins
Lanza, pesquisador acadêmi- turísticos ou comerciais.
co com ênfase em transporte Um dos motivos, segundo
ferroviário e autor do livro ele, para esse modelo pros-
‘Ferrovias, mercado e políti- perar nos EUA é a própria
cas públicas: as shortlines como solução para o transpor- infraestrutura ferroviária, madura e com concorrência
te ferroviário no Brasil’. entre as malhas estruturantes. Naquele país, mais de uma
No mercado ferroviário norte-americano, essas linhas companhia faz trajetos entre as costas Leste e Oeste, as-
são categorizadas através de sua receita anual de opera- sim como de Norte a Sul. A shortline se utiliza dessa
ção. Podem pertencer ao grupo de classe 2 (com receitas competitividade para barganhar em relação a direito de
entre US$ 35,8 milhões/ano e US$ 447,6 milhões/ano) e passagem e tarifas de transporte. Cerca de 30% da carga
de classe 3 (com faturamento inferior a US$ 35,8 milhões movimentada em ferrovias tronco nos EUA têm origem
anual). As de classe 1 têm receitas acima de US$ 447,6 ou termina numa shortline, número considerado expres-
milhões/ano. Lanza diz que as shortlines tem três propó- sivo. No Brasil, os corredores estruturantes são basica-
10 Vagões Graneleiros
7 Vagões Plataforma
(com possibilidade de troca de bitola)
Agora vai?
Termo aditivo e mudanças
no escopo do projeto dão gás
à nova ferrovia Transnordestina
Por Bianca Rocha
“
N
unca tivemos uma possibilidade tão grande e modelagem financeira da ferrovia, segundo Daher, afir-
próxima de finalizar esse projeto como ago- mando ainda que a empresa tentará resgatar pouco mais
ra”, vaticina Tufi Daher Filho, presidente da de R$ 1 bilhão (R$ 234 milhões do Finor e R$ 811 mi-
Transnordestina Logística SA (TLSA), res- lhões do FDNE) contratados à época da suspensão e que,
ponsável pela construção da nova ferrovia Transnordes- portanto, ficaram impedidos de serem utilizados no pro-
tina. A companhia está estruturando um novo modelo de jeto. A companhia está em meio a negociações com a
financiamento para a conclusão do projeto, cujo históri- Sudene para liberação desses recursos. Até o momento
co, há 17 anos, é marcado por paralisações, suspensão de já foram transferidos R$ 70 milhões.
recursos, problemas na Justiça e obras inacabadas. Algu- Mas esses valores não chegam nem perto do que é ne-
mas reviravoltas, no entanto, trouxeram à tona a oportu- cessário para concluir as obras. Com o aditivo ao contra-
nidade de finalizá-las. Uma delas foi a assinatura de um to da TLSA, foi retirado do projeto o trecho de Salgueiro
termo aditivo ao contrato da TLSA, no apagar das luzes a Porto de Suape, em Pernambuco, mantendo apenas o
de 2022, que prolongou a concessão até 2057 e incluiu traçado de Eliseu Martins (PI) até Porto de Pecém (CE)
mudanças no traçado da futura malha. Isso se somou a como parte da ferrovia. Dos 1.728 km do projeto origi-
determinações do Tribunal de Contas da União (TCU), nal, a ferrovia passou a ter 1.282 km, sendo que destes,
no ano passado, que permitiram a volta do repasse de re- 627 km precisam ser construídos do zero e/ou finaliza-
cursos de fundos públicos para a construção da ferrovia. dos, ao custo de R$ 7,8 bilhões. O prazo máximo para
Aportes do Fundo de Investimento do Nordeste (Fi- isso acontecer é até 2029, diz o documento.
nor), Fundo Constitucional de Financiamento do Nor- A assinatura do termo aditivo encerrou um processo
deste (FNE), Fundo de Desenvolvimento do Nordeste de caducidade do contrato da TLSA que corria na Agên-
(FDNE) e do BNDES estavam proibidos para o projeto cia Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT) havia
da Transnordestina desde 2017, por ordem do Tribunal. alguns anos. A ANTT chegou a recomendar ao Minis-
Agora, todos esses (e outros) podem voltar a compor a tério da Infraestrutura a caducidade da concessão por
54 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023
Trem carregado
de brita da TLSA
Fotos: Divulgação/TLSA
conta de descumprimento de metas de contrato, mas a & Company Consultoria, no ano passado. A consultora,
solução do governo foi manter a concessão sob novas segundo o governo federal, constatou que o empreendi-
obrigações e prazos mais rígidos para a concessionária, mento só teria viabilidade econômica com a retirada do
além de mudanças no escopo do projeto da ferrovia. trecho, que voltará para a União. Cabe o governo federal
a destinação da linha, cujo traçado faz parte de um pedido
Trecho de fora de autorização (já aprovado) da mineradora Bemisa, para
A retirada do trecho de Pernambuco, que representa a construção de uma ferrovia entre Ipojuca (Porto de Su-
30,23% do projeto, é um ponto polêmico deste novo ape) e Curral Novo (PI), com 717 km.
capítulo da Transnordestina. A cisão O fato pode ser até um facilitador
do traçado vem recebendo críticas para a TLSA estruturar financeira-
do governo daquele estado e arti- "A solução do governo mente o projeto, uma vez que deverá
culações de senadores com pedidos ser feito um encontro de contas entre
para que o executivo federal volte
foi manter a concessão o governo federal e a concessionária.
atrás. No entanto, a decisão tem sido sob novas obrigações e De um lado, cerca de 200 km do tre-
reforçada pelo Ministério dos Trans- prazos mais rígidos para cho de Pernambuco (entre Salguei-
portes como fundamental para que
a concessionária, além de ro e Custódia) já foram construídos
as obras da Transnordestina, de fato, pela companhia. De outro, as linhas
sejam concluídas. mudanças no escopo do inoperantes da Ferrovia Transnor-
“Com a adaptação do contrato, será projeto da ferrovia." destina Logística (FTL, operadora da
possível concluir a ferrovia sem in- Malha Nordeste) deverão ser devol-
vestimento público”, afirma a pasta. A vidas para União e, com isso, gerar
ideia de retirar o trecho do projeto veio de um estudo con- um valor de indenização. Segundo Daher, esses trechos
tratado pelo então Ministério da Infraestrutura à Mckinsey antigos, que somam cerca de 3 mil km e atingem todo
REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023 55
reportagem
o lado leste da malha, preci- A TLSA espera entregar mais 100 km
sam ainda ser valorados pela de ferrovia até o final deste ano
ANTT. “Depois desse en-
contro de contas, o TCU, por
meio do acórdão, se compro-
meteu a analisar novamente a
liberação de prováveis recur-
sos do orçamento federal para
as obras".
Embora tenha liberado o
aporte de fundos públicos, o
TCU manteve a suspensão do
repasse de recursos diretos do
Orçamento Geral da União
para o projeto (por meio da
Valec, hoje Infra SA, e do
Ministério dos Transportes).
A medida vigora desde 2017.
Essa é mais uma complexi-
dade para o caso, uma vez
que a Infra SA é a segunda
maior acionista da TLSA,
com 36,47% das ações, atrás
apenas da Companhia Side-
rúrgica Nacional (CSN), com PROJETO DA FERROVIA TRANSNORDESTINA
48,04%. Segundo fontes, a es-
tatal aguarda direcionamento
do novo governo para a venda
de sua participação na empre-
sa. O Ministério dos Trans-
portes reforçou, em nota, que
pelo acórdão do TCU “não
existirá participação pública
para a nova estrutura do pro-
jeto com a futura saída da Va-
lec do acordo de acionista”.
Capital próprio
A nova estruturação finan-
ceira, a princípio, só poderá
contar com fundos de investi-
mentos e capital próprio dos
acionistas da companhia. De
acordo com Daher, a CSN se
comprometeu, sozinha, a in-
vestir 20% do total de R$ 6,8
bilhões – já descontados os
Dormentes Monobloco
RUMO - Malha Norte comercial@conprem.com.br
21 2240-9884 / 99601-7929 www.conprem.com.br
reportagem
R$ 1 bilhão contratados com Finor e FDNE e que faltam ser
liberados. Pelo termo aditivo, o capital próprio investido, que Demanda da
inclui os recursos acionários da TLSA, deverá ser de 66,6%
do total do projeto, o que equivale cerca de R$ 5 bilhões.
ferrovia será revista
O executivo explica ainda que o financiamento do FDNE A Transnordestina Logística SA contratou um
é dívida de longo prazo para a companhia, mas o do Finor é novo estudo para entender qual é a real demanda de
feito na modelagem equity, ou seja, o fundo reaverá o inves- cargas para a futura ferrovia entre Eliseu Martins (PI)
timento proporcionalmente através de dividendos e participa- e Porto de Pecém (CE). O levantamento deverá ser
ção acionária quando a ferrovia iniciar sua operação. Além entregue em 60 dias. O último feito nesse sentido é
da CSN e da Infra SA, o grupo de acionistas da TLSA é com- de 2017.
posto pelo BNDES (7,72%), BNDES Par (6,13%) e Finame O projeto da ferrovia remonta de 2006, quando a
(fundo de financiamento do BNDES destinado à produção e principal aposta, além do minério, era grãos. Mas na-
aquisição de máquinas e equipamentos – 1,64%). quela época, a demanda de produção na região do
Matopiba (Maranhão, Tocantins,
Conclusão da Piauí e Bahia), área de influência da
Transnordestina Transnordestina, não passava de
agora depende de
5 milhões de toneladas de grãos.
arranjo financeiro
Hoje está em cerca de 30 milhões
de toneladas, afirma o presidente
da TLSA, Tufi Daher Filho.
“Nosso plano de negócios
captura apenas uma parte disso,
mas mesmo assim, a expectativa
é que não tenhamos mais uma
dependência tão grande do miné-
rio como estava previsto lá atrás,
quando falávamos em 15 a 20
milhões de toneladas de minério.
Hoje está muito mais voltado para
grãos, fertilizantes, cimento, carga
geral, combustíveis etc. O que vier
a mais é plus, mas a grande car-
ga da Transnordestina é grãos”,
ressalta Daher, que não se aflige
O valor gasto nas obras é um dos pontos mais sensíveis na com os projetos de novas ferrovias que também têm
história da ferrovia Transnordestina. Ao todo, foram cerca de no Matopiba a principal região para a captura de
R$ 6,7 bilhões aplicados de 2006 a 2017, maior parte vinda de cargas. “Sou ferroviário há muitos anos e vejo que
aportes públicos (financiamentos e recursos diretos da União). quanto mais possibilidade de logística de primeira
A TLSA diz, no entanto, pagar “religiosamente” as parcelas qualidade tivermos, mais se estimula a competição.
dos empréstimos contraídos do FDNE. “É o único projeto bra- Quem decide para onde vai a carga é o cliente”.
sileiro de infraestrutura, que mesmo não estando em operação, Daher pontua também que a premissa da com-
já pagou mais de R$ 1 bilhão em juros e de parcela principal. panhia é “ser pé no chão”. “Temos uma boa noção
E nós somos totalmente adimplentes”, afirma Daher. na região, a gente conversa com clientes, sabemos
O fato é que o volume de recursos aplicados no projeto muito proximamente qual será a demanda. Mas
levou à construção de apenas 600 km de ferrovia até 2017. precisamos mostrar isso ao mercado. Por isso, cha-
Foi naquele ano que o TCU determinou a suspensão dos re- mamos uma empresa especializada para fazer esse
passes de recursos no âmbito de fundos federais e OGU. A levantamento”, conclui.
58 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023
reportagem
justificativa estava pautada em uma série de irregulari- gundo ele. O ritmo começou a avançar um pouco mais a
dades constatadas pelo Tribunal, que iam desde reso- partir de 2019, quando a revisão dos projetos executivos
luções da ANTT, que incluíram trechos no projeto sem estava sendo finalizada e aprovada na ANTT. De lá para
que houvesse estudos de vantajosidade, até a falta de cá, Daher pontua que a CSN aplicou R$ 2 bilhões na
apresentação de projetos executivos e estudos geotéc- construção de 215 km em diversos trechos entre Piauí e
nicos pela TLSA. Ceará, concluídos no final de 2022. A intenção esse ano
Daher diz que até 2014 foram construídos 500 km de é entregar mais 100 km de ferrovia. “Independentemente
ferrovia, o que não seria possível sem estudos consisten- dos recursos que vão vir nós vamos acabar até o final do
tes. “Mas fizemos uma revisão global dos projetos exe- ano os lotes 2 e 3, entre Iguatu e Acopiara, no Ceará”.
cutivos e uma nova reapresentação dentro das resoluções A TLSA pretende antecipar também a conclusão da
da ANTT. Vários profissionais gaba- ferrovia antes do prazo máximo esti-
ritados da agência se debruçaram so- pulado pela ANTT, que é 2029. “No
bre esses novos projetos e fizeram, no mais tardar, em 2027, queremos estar
"Independentemente dos
final de 2019, uma aprovação de to- com tudo pronto. Isso vai depender de
dos esses estudos, fato que, inclusive, recursos que vão vir nós quê? Recursos, porque já temos pro-
já está publicado no Diário Oficial da vamos acabar até o final jeto, licença e desapropriação. Mas
União. Não há mais o que se falar so- do ano os lotes 2 e 3, entre estamos em conversas com a ANTT
bre esse assunto na Transnordestina”, para que, eventualmente, possamos
Iguatu e Acopiara,
diz. A apresentação dos estudos e a ter uma licença de operação provisó-
consequente aprovação deles junto à no Ceará." ria, antes de concluir a ferrovia até o
agência reguladora contribuiu para Tufi Daher Filho, presidente da porto, para o transporte de cargas no
que o TCU resolvesse uma parte do Transnordestina Logística SA mercado interno. Temos a pretensão
impasse que rondava a ferrovia, com de já no ano que vem, começarmos
o acórdão emitido em julho de 2022. a fazer essas movimentações experi-
O presidente da TLSA diz que, até então, a última libe- mentais entre os estados”, afirma Daher. Com a assina-
ração de recursos para o projeto aconteceu em 2014, de tura do termo aditivo, a TLSA também ficou responsável
R$ 800 milhões do FDNE. Após isso, as obras passaram integralmente pelos custos da desapropriação do traçado.
a ser tocadas com recursos próprios da CSN. Os avanços Segundo Daher, essa parte está 100% concluída de Eli-
foram poucos, porém nunca foram 100% paralisadas, se- seu Martins ao Porto de Pecém.
Contagem de eixos
Frauscher
Advanced
Counter FAdC®
Graças à interface via software, o sistema Contador de Eixos FAdC pode
ser facilmente integrado aos sistemas superiores, fornecendo um design
simples e flexível. Os integradores de sistemas e operadores ferroviários
usufruem de vantagens significativas ao implementar este modelo de
equipamento.
Dados técnicos
Tipos de informação
Interfaces Protocolo vital à escolha do cliente, Protocolo FSE (Frauscher
Seção livre/ocupada (SIL4)
Safe Ethernet) e/ou sinal vital via relé ou optoacoplador
Sentido da composição (SIL4)
Nível de segurança SIL 4 (comunicação em conformidade com a norma EN 50159, Número de eixos
categoria 2)
Comprimento da composição
A mobilidade urbana
no novo governo SÉRGIO AVELLEDA*
O
novo governo federal, tal como desejáva- prioridades. Nossos sistemas locais, sejam de pneus
mos e previmos aqui, recriou o Ministério ou de trilhos, enfrentam o maior desafio de sustenta-
das Cidades e, dentro dele, a Secretaria bilidade financeira da história. O modelo de reparti-
Nacional de Mobilidade Urbana. ção dos custos entre os usuários já perdeu a capacida-
Mais de 80% da população brasileira já vive em áreas de de responder e arcar com os custos e investimentos
urbanas. As cidades, tal como imãs, seguem atraindo as necessários à operação dos sistemas. É preciso enca-
pessoas com as suas oportunidades, utopias e contra- rar a realidade de que novas fontes de financiamento
dições. Faz todo sentido que as cidades sejam objeto precisam ser cultivadas, que não é justo o usuário do
privilegiado das políticas sistema arcar com os seus
públicas, a serem articuladas Esperamos, sinceramente, que o custos, quando toda a socie-
por um Ministério, com todo tema do financiamento do transporte dade se beneficia do uso do
o prestígio que essa estrutura transporte público. A União
da alta administração federal
público seja a prioridade das terá que, de alguma forma,
se reveste. prioridades. Nossos sistemas locais, contribuir com o financia-
Também comemoramos sejam de pneus ou de trilhos, mento da operação dos sis-
a recriação da Secretaria enfrentam o maior desafio de temas, quer seja ressarcindo
Nacional de Mobilidade as gratuidades fixadas em
Urbana, completamente fo-
sustentabilidade financeira da história. legislação federal, quer seja
cada no tema do transporte transferindo recursos para
público, da mobilidade ativa e da logística urbana. os sistemas. Neste caso, fica a sugestão de condicio-
O tema urbano pode remeter à ideia de competência nar a transferência à adoção das melhores práticas,
exclusiva dos municípios. Errado. A União Federal como por exemplo, a adoção da autoridade metropoli-
pode e deve fazer muito para articular as políticas tana de mobilidade, nas áreas com municípios conur-
públicas, dar o norte e a estratégia e, ainda, apoiar na bados e interdependentes.
execução e na implementa- Nesta direção, há a ex-
ção, quer seja com recursos Há a expectativa que o novo governo, pectativa que o novo go-
ou com apoio técnico. verno, sentado que está na
Porém, ao lado de nosso
sentado que está na legitimidade legitimidade outorgada pe-
regozijo pela recriação des- outorgada pelas urnas, use seu las urnas, use seu prestígio
sas entidades que contam prestígio e capital político para agilizar e capital político para agi-
com prestígio e capacidade lizar a aprovação, no Sena-
a aprovação, no Senado e, depois
de articulação, ainda reside do e, depois na Câmara, do
uma ansiedade por conhe- na Câmara, do novo marco legal novo marco legal do trans-
cer, no detalhe, quais serão do transporte público. porte público, representa-
os passos a serem trilhados do pelo Projeto de Lei de
pelo novo governo no campo da mobilidade urbana. autoria do ex-senador Antonio Anastasia.
Esperamos, sinceramente, que o tema do finan- Em outra frente, para os trilhos, espera-se que
ciamento do transporte público seja a prioridade das o governo enfrente a necessidade de investir for-
Perdas e ganhos
Rumo e MRS adquiriram novas locomotivas em 2022, mas FCA desmobilizou ativos
A
frota nacional de locomotivas reduziu duas dos os tipos de carga transportados pela ferrovia no trecho
unidades entre março de 2022 e fevereiro entre Rondonópolis (MT) a Santos. Já na MRS, foram in-
de 2023. Nesse período, o número passou corporadas à frota 23 novas locomotivas, sendo oito do
de 3.869 para 3.867 máquinas de tração. Os modelo ES44ACi e 15 do AC44i. A concessionária revi-
dados são do levantamento Todas as Locomotivas, feito sou também alguns dados divulgados nas tabelas de 2022.
anualmente pela Revista Ferroviária. O estudo mostrou Dessa forma, a frota total informada de 892 locomotivas
também que somente Rumo e MRS adquiriram locomoti- foi corrigida para 900 unidades.
vas no ano passado – todas da Wabtec. Juntas, acrescenta- A FCA retirou de circulação alguns modelos de loco-
ram às suas frotas o total de 45 novas máquinas (modelos motivas fabricadas nas décadas de 1950 a 1980. Entre
elas GE BB-36, GE U2,
GE U23, GE U8 e SD40
Divulgação/MRS
Ferrovia Centro-Atlântica 514 512 221 174 735 686 30,1 25,4
GE U6 GE - - 0 0 0 Fonte: VLI
Fotos: Divulgação
Retenção de
conhecimento
Operadoras investem na capacitação de mão de obra
para aprimorar a manutenção de locomotivas nas oficinas Oficina de locomotivas
Por Letícia Chiantia da EFC, em São Luís (MA)
M
anter uma equipe própria para manutenção do P1-07, em Jeceaba), Rio (oficina de Barra do Piraí) e São
de locomotivas até pode ser desafiador, mas Paulo (oficinas de Raiz da Serra e Jundiaí), responsáveis
os aprendizados internos e oportunidades de pela manutenção de mais de 600 máquinas, com aproxima-
melhoria técnica têm evoluído o trabalho das damente 550 colaboradores envolvidos no processo.
operadoras logísticas: MRS, Vale, Rumo, Transnordestina Se dá para afirmar que uma equipe interna faz a diferen-
(FTL) e Ferrovia Tereza Cristina (FTC). Somando, juntas, ça, também é consenso a dificuldade de contratação de mão
mais de 1.600 colaboradores internos, espalhados por todo de obra qualificada, além de outros aspectos, como plane-
o Brasil, elas são unânimes em dizer que focam na capaci- jamento de materiais, visto que não são encontrados com
tação de mão de obra, primordial, inclusive, para traçar os facilidade no mercado nacional. Para superar esses desa-
planos futuros, como terceirização de serviços. fios, as concessionárias procuram parcerias de longo prazo
A MRS conseguiu explicar bem essas prioridades de tra- e investem em trilhas de carreira e treinamentos internos.
balho no dia a dia. “A atividade de manutenção de locomo- Na FTL é destacada a capacitação de mulheres, que foi
tivas é estratégica aqui e, apesar de contar com importantes promovida em 2021 por meio de um curso exclusivo, ela-
parceiros neste processo, entendemos como vantagens de borado em parceria com o SENAI e ministrado dentro da
ter equipe própria: a geração de know-how interno, a previ- companhia. “A experiência foi tão positiva que já estamos
sibilidade dos custos, a garantia de parâmetros de qualidade com a segunda turma em andamento para Mecânicas de
e a segurança dos serviços, além do processo avançado de Manutenção Ferroviária. Assim, a empresa capacita mulhe-
gestão de produtividade que permite uma performance ele- res para o primeiro emprego em áreas com o predomínio
vada na execução das atividades,” revela Gláucio Marcel, histórico do público masculino”, conta a empresa.
gerente geral de planejamento e controle da manutenção. A FTL atua em uma malha de cerca de 1,2 mil km nos
Atualmente, a MRS possui cinco oficinas de manutenção estados do Ceará, Piauí e Maranhão, ligando três portos:
de locomotivas, localizadas nos estados de Minas Gerais Mucuripe e Pecém no Ceará e Itaqui em São Luís. Todas as
(complexo do Horto Florestal, em Belo Horizonte, e oficina oficinas e postos de manutenção passam, periodicamente,
+200
MARCAS
+6000VISITANTES
EXPOSITORAS
INSCREVA-SE! NTEXPO.COM.BR
PORTOS E AEROPORTOS
IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO
TRANSPORTE QUALIFICADO
CERTIFICADO ANVISA
QUÍMICOS E DEDICADOS
PROJETO LOGÍSTICO
Iluminação de LED
No âmbito de ações sustentáveis, houve a substituição das
Figura 9 - Passadiço em testes entre em São Caetano lâmpadas fluorescentes das 13 estações que atendem a Linha
10-Turquesa por lâmpadas de tecnologia LED de alta efici-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CPTM 2022. Documento Interno - Procedimentos de Operação das
Figura 12 - Trem moderno da Série 9500 na estação Linhas 7 e 10. (Disponível na intranet da CPTM)
Santo André CPTM 2022. Documento Interno - Procedimentos de Manutenção
dos sistemas de Material Rodante, Sinalização, Via Permanen-
te, Rede Aérea e mais sistemas das Linhas 7 e 10. (Disponível
ANÁLISE DOS RESULTADOS na intranet da CPTM)
Diversos benefícios foram obtidos com as melhorias
REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023 77
estatísticas
Crescimento parcial
Sete ferrovias registraram aumento de volume em 2022; no geral, porém, o resultado foi negativo
D
as 13 ferrovias que compõem a tabela de 1,2% em TU e 0,1% em TKU. Entre as concessionárias
Estatísticas, sete registram aumento de vo- que não registraram resultado positivo em 2022 estão
lume de carga transportada em 2022. São a Estrada de Ferro Carajás, Transnordestina Logística,
elas: Estrada de Ferro Vitória a Minas, Rumo Malhas Sul, Oeste e Paulista e Ferroeste. A que-
Rumo Malhas Norte e Central, Ferrovia Centro-Atlânti- da mais expressiva foi nesta última, com -34,2% em TU
ca, Ferrovia Tereza Cristina, MRS Logística e Ferrovia e -34,7% em TKU.
Norte-Sul. Nesse grupo, o destaque é a Malha Central, Em passageiros, a recuperação pós-pandemia conti-
que apresentou o maior crescimento entre as operado- nua na maior parte dos sistemas sobre trilhos. As ope-
ras, com 133,6% em toneladas úteis (TU) e 150% em radoras comandadas pela CCR – ViaQuatro, ViaMobi-
toneladas por quilômetro útil (TKU). A Norte-Sul, ope- lidade (apenas Linha 5-Lilás do metrô de SP) e VLT
rada pela VLI, ficou em segundo lugar em termos de au- Carioca – são destaques no acumulado de 2022. Já nas
mento na comparação entre os acumulados, com 18,3% linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda dos trens metropoli-
em TU e 19,7% em TKU. tanos de SP, a comparação entre um ano e outro ainda
O desempenho dessas operadoras difere do resultado não é possível de ser feita, uma vez que a operação da
geral de carga, que caiu levemente em relação a 2021. ViaMobilidade nesses sistemas teve início em janeiro
A redução entre as ferrovias brasileiras em TU foi de de 2022.
Shortlines:
desejo antigo, mas
com futuro incerto*
MAURÍCIO FERREIRA WANDERLEY
Auditor do Tribunal de Contas da União e especialista em Governança e Controle da Regulação no setor
de transportes. Diretor na Unidade de Auditoria Especializada em Infraestrutura Portuária e Ferroviária
A
pós o advento do Marco Legal das Ferrovias pontas para além de sua própria malha.
(Lei 14.273/2021) e da evolução legislativa No primeiro caso, o arcabouço legal referente à devo-
que nos trouxe a uma nova realidade valori- lução de trechos ociosos evoluiu desde o Regulamento
zando as autorizações do Poder Público com dos Transportes Ferroviários (Decreto 1.832/1996, Art.
o objetivo de atrair a iniciativa privada, muito se discute 3º), passando pelo disposto na Lei 13.448/2017 (art. 25),
sobre as inovações, escolhas e lacunas regulatórias dei- até o Marco Legal das Ferrovias (art. 15). Mas o que
xadas pelo caminho, mas um assunto deveria merecer permaneceu inalterada foi a imposição de indenização
mais atenção: a adequabilidade ao ambiente legal e re- ao Poder Concedente, tendo como fato gerador a própria
gulatório necessário para a reutilização dos trechos ocio- devolução.
sos, sejam eles abandonados ou de baixo tráfego/baixa Ao se analisar o comportamento das concessionárias
demanda/baixa rentabilidade ou mesmo em processo de desde o início da vigência dos contratos de concessão,
devolução ou desativação. Explica-se. nota-se que os valores resultantes das regras de indeniza-
Em um mercado onde se prioriza o fornecimento de ção, embora justos nos seus fundamentos, podem estar se
infraestrutura e serviços adequados às necessidades das mostrando expressivos o suficiente para se constituírem
principais mercadorias de exportação, em vez de se fo- numa barreira à adoção da devolução, levando à realida-
mentar o desenvolvimento do transporte ferroviário do- de de abandono em que se encontra grande parte da nos-
méstico, falta a construção de um ambiente propício para sa malha ferroviária. Não é à toa que o tema “indeniza-
a implantação das shortlines, ções” resultou em Solicitação
abrangendo aspectos legais, Ao se analisar o comportamento de Solução Consensual ao TCU
regulatórios e, principalmente, das concessionárias desde o (Processo 000.855/2023-5).
comportamentais e empresa- Além disso, resolvida a efe-
início da vigência dos contratos
riais. tivação de devoluções, ainda
Para atingir esse objetivo, de concessão, nota-se que os está pendente a norma do cha-
deve-se viabilizar: (i) a reuti- valores resultantes das regras de mamento público para os tre-
lização de trechos ociosos ou indenização, embora justos nos chos brownfield, prevista na
antieconômicos para as atuais Agenda Regulatória 2023/2024
seus fundamentos, podem estar se
concessionárias, refletida em da ANTT, que ressaltou: “Uma
regras claras, viáveis e efetivas mostrando expressivos o suficiente vez promovida a regulamenta-
que cubram todo o ciclo com- para se constituírem numa barreira ção do procedimento de cha-
posto por devolução, indeniza- à adoção da devolução. mamento público (...), espera-
ção e redestinação ao mercado -se que seja dada efetividade ao
via chamamento público; e (ii) o tratamento regulatório Programa de Desenvolvimento Ferroviário, por meio da
da interconexão obrigatória entre as shortlines e as linhas viabilização de autorizações relacionadas, especialmen-
tronco, sejam elas de concessionárias ou de autorizatá- te, a trechos ociosos e em processo de devolução ou de-
rias, dado que a esmagadora maioria das rotas geradas ou sativação, o que permitirá a recuperação de trechos ocio-
mesmo destinadas às shortlines tendem a ter uma de suas sos ou inoperantes da malha ferroviária nacional, uma
80 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023
IGOR PEREIRA OLIVEIRA
Auditor do Tribunal de Contas da União, com experiência em Controle Externo
da Infraestrutura. Mestre em Engenharia pela Universidade de São Paulo
ampliação do transporte por ferrovias e, por conseguinte, de interconexão formando uma rede de hubs intermo-
uma maior integração e desenvolvimento do país” (Pro- dais, os pontos de entrada e saída na rede. Sem as hubs
cesso ANTT 50500.272382/2022-22). e regras claras de interconexão as shortlines ficam, na
Ademais, nos mercados onde existem, as shortlines prática, ser ter onde entregar ou receber suas cargas nas
são criadas principalmente para atender à última milha, linhas tronco e não se viabilizam1.
agregando cargas, rotas e possibilidades às ferrovias de
grande porte, desempenhando um papel vital de captação * Eventuais opiniões são pessoais e não expressam
e distribuição que é fundado no uso intensivo de pátios posicionamento institucional do TCU
APOIE O
JORNALISMO
FERROVIÁRIO