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SP al
Janeiro / Fevereiro 2023 - R$ 39,00

Shortlines no Brasil
Reaproveitamento de trechos inoperantes da malha brasileira
requer estudos de viabilidade econômica
DORMENTES DE CONCRETO CAVAN
A MARCA QUE O TEMPO NÃO APAGA

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PARA CARGAS E PASSAGEIROS
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DE DORMENTES POR ANO
editorial

A criação de secretarias específicas para o transporte ferroviário,


no Ministério dos Transportes, e de mobilidade urbana, no âmbito do
Ministério das Cidades, sinalizam boas intenções do novo governo. Mas
só isso não basta. Tanto o escoamento de cargas quanto a mobilidade
urbana são setores estratégicos que precisam de políticas públicas sérias
e bem estruturadas. Temos mais de 60% da malha de carga inoperante
ou ociosa. São necessários estudos que olhem essa malha como um todo
e encontre soluções para o reaproveitamento de trechos que aumentem
a capilaridade no escoamento de cargas para além dos tradicionais
corredores de exportação. No transporte da passageiros, os modelos de
concessão ao setor privado estão colapsando. Também é necessária uma
reestruturação que priorize o deslocamento da população de maneira
digna e com qualidade de vida. Ferrovia é assunto de Estado e esperamos
que o governo federal assuma o papel que lhe cabe.

ASSINE www.revistaferroviaria.com.br Anual: R$ 182,00


6 edições, newsletter e acesso ao site

CONSELHO EDITORIAL REDAÇÃO CIRCULAÇÃO

Bianca Rocha Editora: Bianca Rocha Daniel Moreira


Colaboradores: Gabriel Menezes
Claudinei Carvalho assinaturas@revistaferroviaria.com.br
Letícia Chiantia
Regina Perez
Consultor técnico: Henrique Boneti
redacao@revistaferroviaria.com.br DIAGRAMAÇÃO
Ano 83 - Janeiro / Fevereiro de 2023
Fabio Hirata

contato@fabiohirata.com.br

DIRETORA DE REDAÇÃO PUBLICIDADE


Diretor Comercial: Claudinei Carvalho
Regina Perez SEDE
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Revista Ferroviária é uma publicação da regina@revistaferroviaria.com.br Av. Marquês de São Vicente, 2.219
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REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023 3


sumário
Ano 83 - Janeiro/Fevereiro 2023

ViaMobilidade
Concessionária investe na
Entrevista compra de equipamentos de via
Governo de SP quer TIC, para as linhas 8 e 9
26
14
concessão das linhas da
CPTM e expansão do metrô

Foto:
Lucas M. Rosa

Pág. 28
Transnordestina
Construção da ferrovia entra

54
Conceito ESG em nova fase após assinatura
Ferrovias atraem clientes
de termo aditivo
comprometidos em avançar
na agenda ambiental
32 Todas as locomotivas
Frota nacional ficou praticamente
estável em relação a 2022
64

Locomotiva da VLI tracionando vagões hopper. Curiosamente, a foto


mostra uma das primeiras viagens de uma AC44i (Wabtec) nos trilhos da
concessionária, em 2013, percorrendo o trecho entre Campinas e Santos (SP).
Foto: Lucas M. Rosa
cartas
Maranhão, juntos, chegam a esse nú-
Projeto da Grão-Pará mero de empregos gerados.
Acho que o governador do Maranhão José Carlos Sciammarella
precisa ser melhor assessorado. Dizer projetosrj@yahoo.com.br
que um possível porto em Alcântara
criará 100 mil empregos (mesmo que Alternativa importante para desafo-
diretos e indiretos) é não ter noção de gar o tráfego ferroviário do Sudeste.
certas coisas. Nem os portos de Itaqui Mario Valverde
e Ponta da Madeira, que já existem no mariovalverde@sysfer.com

Gente que faz Trem da Serra Locomotiva nº 9 da


de Petrópolis A. Borsig
Parece uma boa sacada, até para des- Durante um bom tempo, por várias
pertar a ideia junto a possíveis clien- vezes, estive em Araraquara testando
tes e, com isso, impulsionar as ade- para entrega os TUE's série 9000 (hoje
sões ao projeto. AI900), fabricados pela Cobrasma e
Luiz Alfredo Campos Quintanilha que atenderiam o trecho Júlio Prestes-
luiz.quintanilha16@gmail.com -Amador Bueno. Por motivos diversos
estive na sede da Fepasa nessa cidade.
A engenheira Ângela França discor- Tive a oportunidade de ver essa loco-
reu em artigo na Revista Ferroviária, motiva exuberante na frente do edifí-
com clareza, o que precisamos fazer cio sede. Ela apresentava-se simples-
para melhorar a nossa mobilidade hu- mente majestosa.
mana e alavancarmos a economia da José Roberto Monteiro
região. Vontade política e poucos re- monteiro.ferrovia@gmail.com
cursos. Precisamos da união de todos
para a realização do projeto.
Itamar Marques da Silva Junior
itamarjuniorrj@hotmail.com
Renata Sette, coordenadora ade
Operações da Rumo Doloroso saber da luta para reativar
a ligação ferroviária para Petrópo-
Parabéns, minha filha! Você é uma lis. Os argumentos de Angela Fran-
pessoa especial. ça são cristalinos. Difícil entender o
Marta Turatti Sette nosso Brasil.
mecanicasette@htmail.com
Richard M. Stephan
richard@dee.UFRJ.br
Parabéns, continue sempre com esta
dedicação, cuidando de todos, com a Lúcido, oportuno e atual. Uma pena
segurança sempre em primeiro lugar. que haja tanta gente lutando contra.
Osmar Rodrigues Murilo Cardozo Chaves
osmarodrigues842@gmail.com mcchaves@murilochaves.com.br Locomotiva opera no trecho turístico
Jaguariúna-Campinas (SP)

Para escrever para a Revista Ferroviária


Assunto de capa ração comercialmente de cargas, mande um email para:
redacao@revistaferroviaria.com.br
Precisamos falar das linhas desati- passageiros e turismo. ou para as nossas redes sociais
(Instagram, Facebook ou LinkedIn) ou escreva para:
vadas que poderão ser reativadas João Batista dos Reis Machado Av. Marquês de São Vicente, 2.219 - Ed.Office Time
por outras companhias para explo- j.reis.machado@bol.com.br 4º andar - sala 406 - São Paulo/SP - CEP: 01140-060

6 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023


agenda
BRASIL EXTERIOR
MARÇO MARÇO
2º ENCONTRO DE FERROMODELISMO ALTO TIETÊ UIC WORLD CONGRESS ON HIGH-SPEED RAIL
07/03 a 10/03 — Marrakesh, Marrocos
04/03 - Guararema, SP
Organização: International Union of Railways (UIC) e ONCF
Organização: Ernesto Paparelli
(Moroccan National Railways Office)
Contato: (12) 99723-1092
Site: https://uichighspeed.org/#about

1º MOSTRA DE FERROMODELISMO RAIL INFRA FORUM


11/03 e 12/03 - Presidente Prudente, SP 14/03 e 15/03 — Rotterdam, Holanda
Organização: Associação de Ferromodelismo da Alta Sorocabana Evento híbrido (presencial e on-line)
Contato: (18) 99773-4739 Organização: ProMedia Group
Site: https://events.railtech.com/rail-infra-forum-2023/?gdpr=accept
MAIO
FÓRUM MOBILIDADE ANPTRILHOS MAIO
24/05 — Brasília, DF
TRANSPORT LOGISTIC 2023
09/05 a 12/05 — Munique, Alemanha
Organização: ANPTrilhos
Organização: Messe München GmbH
Site: www.forummobilidade.com.br
Site: https://transportlogistic.de/en/
JUNHO JUNHO
PARQUE DA MOBILIDADE URBANA – PMU UITP GLOBAL PUBLIC TRANSPORT SUMMIT
22/06 a 24/06 — São Paulo, Brasil 04/06 a 07/06 — Barcelona, Espanha
Organização: Necta e Mobilidade Estadão Organização: Advancing Public Transport
Site: https://parquedamobilidadeurbana.com.br Site: https://uitpsummit.org
gente

Gente que faz Profissionais ferroviários que atuam nas operadoras de carga e
de passageiros e na indústria são os destaques nessa coluna.

Tempo de ferrovia não só para os usuários, mas a atitude imediata de aplicar

Passageiros
7 anos também para o público externo, a frenagem de segurança,
chegando ao fim da jornada evitando um grave acidente.
Ferrovia significa...
sem alteração. Com essa atitude fui agraciado
Quando criança, quem nunca
com uma carta elogio e
sonhou em ganhar um Um bom ferroviário é...
um café da manhã com o
ferrorama? Depois de adulto Aquele que exerce sua função
presidente com direito a levar
trabalhei em várias empresas, com comprometimento,
a família.
mas todos os caminhos me pontualidade e segurança,
trouxeram até aqui. seguindo regras e Expectativa profissional
procedimentos. Reconhecimento e a
Desafio diário
realização do meu trabalho
Realizar minha jornada Momento para recordar
com excelência, além de
de serviço com foco, Quando realizava uma manobra
oportunidades de crescimento
comprometimento e segurança, com VLT, observei aproximação
profissional.
realizando as viagens a mim de uma criança com uma
atribuídas dentro do horário barra de ferro para retirar uma
com conforto e segurança bola debaixo do trem, tomei
Edeilson Pontes
Condutor do VLT Carioca

Tempo de ferrovia transição para um novo Momento para recordar

Carga
8 anos. modelo de trabalho no qual Quando consegui o cargo de
exige o máximo de dedicação, técnico, fiquei muito feliz por
Ferrovia significa...
mobilidade e atenção com as poder estar na equipe que
A minha vida profissional e
pessoas que estão ao nosso sempre me dediquei, e com as
todo o desenvolvimento que
lado, o que é desafiador. pessoas que acreditaram no
formou o profissional que sou
meu trabalho.
hoje passou pela ferrovia, Um bom ferroviário é...
as pessoas e esse ambiente Profissional que se conecta Expectativa profissional
dinâmico da manutenção faz com as pessoas ao seu redor, Conseguir um cargo de
com a gente tenha realmente tem atitude e cuida das inspetoria!
amor pela que fazemos. pessoas, sempre com foco na
segurança e na qualidade do Kelleton Santos
Desafio diário Técnico Especializado
seu trabalho. de Manutenção da EFC
Estamos em uma fase de

Tempo de ferrovia necessitam. Momento para recordar


Indústria
26 anos Gosto do meu trabalho e todos
Um bom profissional da indústria
os momentos de crescimento
Ferrovia significa... ferroviária é...
foram importantes.
Uma indústria importante, com Aquele que procura formas
a qual consegui construir uma de melhorar os processos e Expectativa profissional
vida, uma família e um caminho projetos, visando segurança, Ainda hoje, com décadas
profissional. eficiência e o bom de experiência, espero me
relacionamento no local de aprimorar.
Desafio diário
trabalho, afinal é um setor
Realizar o meu trabalho
pequeno onde todos se
com a qualidade e precisão
conhecem. Valter dos Santos
que projetos ferroviários Soldador da Empretec

8 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023


expressas Bianca Rocha

Parceiros alemães
A Grão-Pará Multimodal desenvolvedora e operadora
(GPM), empresa que tem au- da futura ferrovia; de opera-
torização do governo federal dores do complexo portuário
para a construção de uma fer- de Hamburgo, uma vez que a
rovia privada entre Açailândia empresa portuguesa também
(MA) e o Porto de Alcântara tem um projeto de constru-
(MA), de 540 km, está corren- ção de Terminal de Uso Pri-
do por fora para colocar o pro- vado (TUP) em Alcântara; e
jeto de pé. Literalmente. Os da Siemens, que pode auxiliar
sócios portugueses da compa- na construção de um hub de
nhia, Paulo Salvador e Nuno energia renovável (hidrogênio
Martins, foram a Alemanha verde) na região. O custo da
buscar parceiros. No país eu- ferrovia e do TUP está estima-
ropeu conseguiram apoio da do em mais de R$ 20 bilhões.
Deutsche Bahn, gigante fer- A demanda da malha é para o
roviária alemã, para que fosse transporte de grãos.

No governo
A GPM também tem feito um traba- assunto da ferrovia durante a reunião numa região (Maranhão) que é mais
lho de aproximação com autoridades que teve com o presidente Luiz Iná- próxima da Europa, mas também
e representantes do governo federal. cio Lula da Silva, em janeiro deste porque o país europeu tem buscado
O primeiro-ministro alemão, Olaf ano, quando veio ao país. O projeto alternativas após o conflito na Ucrâ-
Scholz, foi instruído pela Embaixa- da ferrovia tem interessado a Alema- nia, que causou algumas restrições de
da da Alemanha no Brasil a tocar no nha não só porque pretender escoar abastecimento no continente.

Precisa de apoio
O projeto da GPM também foi apre- janeiro. A ferrovia está enquadrada de licenças ambientais e desapro-
sentado pelo governador do Mara- no modelo de autorização, ou seja, priações. “A gente precisa do engaja-
nhão, Carlos Brandão, como um dos deverá ser construída com recursos mento do governo. Se o governo não
prioritários para o estado durante a 100% privados. A aproximação com se engajar, essas coisas não aconte-
reunião com governadores organiza- o governo, no entanto, é benéfica e cem”, afirmou uma fonte envolvida
da pelo presidente Lula, no final de desejável, para apoio nos processos com o assunto.

É bom para...
A ferrovia da GPM, intitulada de Es- milhões de toneladas/ano. Isso acaba ge como uma alternativa interessante
trada de Ferro do Maranhão, pretende restringindo o crescimento da Norte- para o escoamento da carga da VLI
se conectar à Ferrovia Norte-Sul, em -Sul. A Vale, por sua vez, tem concen- pelo Arco Norte.
Açailândia. O projeto não seria uma trado esforços nas minas de Carajás, Nesse jogo de interesses, não se pode
má ideia para a VLI, uma vez que seus não só porque o minério é de melhor descartar a chegada da Cosan como
trens hoje precisam adentrar por direito qualidade, mas também pelo fecha- acionista da Vale, no ano passado, e
de passagem a Estrada de Ferro Carajás mento de diversas minas após os de- também a compra que a empresa (Co-
(EFC), em Açailândia, para conseguir sastres ambientais em Minas Gerais. san) fez, em 2021, de um Terminal de
escoar a carga no Porto de Itaqui. Um cenário que leva a acreditar que Uso Privado no Porto São Luís, den-
Acontece que a capacidade reservada o volume de transporte na EFC ten- tro da Baía de São Marcos. É lá que
da EFC para os trens de grãos da VLI de a crescer ainda mais nos próximos também estará localizado o TUP de
é limitada, girando em torno de 10 anos. A EF Maranhão, portanto, sur- Alcântara, do projeto da GPM.
10 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023
Pós-verdade
A Ferrovia Transnordestina Logísti- dois pedidos referentes à renovação momento “não há pleito de renova-
ca (FTL) e a ANTT têm diferentes antecipada de seu contrato de con- ção contratual da FTL formalizado
respostas quando questionadas sobre cessão. Um diz respeito à petição perante a ANTT. Caso este ocorra,
o processo de renovação da conces- de prorrogação ordinária e outro é deverá observar o rito previsto na
são da Malha Nordeste. A primeira referente à petição de prorrogação Lei nº 13.448/2017. Por fim, o termo
diz que protocolou na agência re- antecipada do contrato. A ANTT, por de vigência do contrato da FTL é 1º
guladora, em julho do ano passado, sua vez, informou em nota que até o de janeiro de 2028”.

Processo de caducidade
A ANTT recomendou ao então Minis- decisão está agora nas mãos do Minis- trução) em troca de ajustes no contrato.
tério da Infraestrutura, há dois anos, tério dos Transportes. No ano passado, Isso resultou na assinatura de um ter-
a caducidade do contrato da FTL. O a pasta comandada pelo ex-ministro mo aditivo em dezembro de 2022, com
processo foi instaurado, segundo a Marcelo Sampaio retirou o processo de uma série de obrigações e prazos para
agência, por descumprimento reiterado caducidade da Transnordestina Logísti- a conclusão da nova ferrovia Transnor-
de diversas obrigações contratuais. A ca (concessionária da ferrovia em cons- destina (ver na página 54).

Enquanto isso na Bahia...


A malha de cerca de 1.000 km en- a Fiol e a Norte-Sul deveria acontecer os trens da Fico chegarem ao futuro
tre Sete Lagoas (MG) e Salvador em Mara Rosa (GO) e não em Figuei- Porto de Ilhéus. A ligação entre Mara
(BA), que deverá ser devolvida pela rópolis (TO), como vem estudando o Rosa e Caetité teria cerca de 800 km.
Ferrovia Centro-Atlântica, foi ob- governo federal. É em Mara Rosa que Vale lembrar que a FCA cruza com
jeto de estudo da Fundação Dom a Fico se conecta também com a Nor- a Fiol I na altura de Brumado (BA),
Cabral, a pedido da Companhia te-Sul, o que cortaria caminho para mas em bitolas diferentes.
Baiana de Pesquisa Mi-
PROPOSTA PARA OS TRILHOS DA BAHIA
neral (CBPM), empresa
vinculada ao governo
da Bahia. A conclusão é
que existe mercado ro-
busto na região, mas não
para uma ferrovia do sé-
culo 19 em bitola métri-
ca. O plano para torná-la
competitiva passa pela
substituição dos trilhos
para bitola larga, traba-
lho equivalente a cons-
truir uma nova ferrovia.
O estudo também con-
cluiu que a ligação entre

PPP ficaria de pé
O custo para reconstruir uma ferro- construir uma Parceria Público-Pri- combustível. O projeto poderá ser
via na Bahia em bitola larga mais a vada saudável do projeto, dado que um dos pleitos da Bahia nas nego-
nova ligação direta entre Mara Rosa a demanda é potencial e volumosa ciações envolvendo os recursos da
e Caetité é de cerca de R$ 20 bi- na região para granéis agrícolas, outorga da renovação da Ferrovia
lhões. Segundo o estudo, é possível minério, carga geral, contêiner e Centro-Atlântica.
REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023 11
mercado

Soldagem elétrica no trilho


Loram fecha parceria com a Holland para oferecer novo serviço de full service para as ferrovias brasileiras
Por Bianca Rocha Fotos: Divulgação/Loram

Equipamento para
soldagem elétrica será
produzido no Brasil

A Loram do Brasil fechou parceria com a Holland, em- Mais vantajosa


presa norte-americana de equipamentos de via, para ofere- A aposta no serviço de soldagem elétrica foi motivada
cer serviços de soldagem elétrica de trilhos para as ferrovias pela alta demanda na manutenção de via pós-renovações
brasileiras. O objetivo é firmar contratos de longo prazo antecipadas das concessões e pela chegada de projetos que
no modelo full service, a exemplo do que foi feito com a envolvem a construção de novas ferrovias. A soldagem evi-
Rumo, para o esmerilhamento de trilhos nas malhas Norte ta desníveis no trilho, melhorando a eficiência da via e a
e Paulista. Assinado em 2022, o acordo prevê por parte da segurança da operação. A escolha pelo modelo elétrico, ao
Loram a execução do serviço, a disponibilização da esme- invés da soldagem aluminotérmica (mais comum no Bra-
rilhadora e a manutenção técnica sil), foi intencional. Segundo o di-
do equipamento pelos próximos retor técnico da Loram do Brasil,
15 anos. Marcelo Almeida, trata-se de um
O modelo de operação a ser ofe- processo de soldagem mais vanta-
recido em parceria com a Holland joso em termos de qualidade.
é parecido. A Loram do Brasil “Ao contrário do processo alu-
pretende não só disponibilizar a minotérmico, em que a soldagem
Unidade Móvel de Solda Elétrica de trilhos é muito suscetível a de-
para os clientes, como também fa- feitos relacionados à solidificação
bricá-la no país, por meio de par- que afetam diretamente as proprie-
cerias com players especializados Soldagem elétrica é benéfica para o trilho, diz Loram dades mecânicas e a dureza da
na produção de veículos rodofer- solda, a soldagem elétrica, tam-
roviários. Nesse processo, a Holland ficará responsável por bém chamada de flash-butt, não requer material adicional.
trazer a tecnologia de soldagem e os sistemas de controle O resultado disso é mais confiabilidade e durabilidade do
do equipamento. trilho, aumentando a disponibilidade e segurança operacio-
“Queremos oferecer um modelo de contrato em que a nal nas ferrovias”, explica.
Loram do Brasil presta o serviço, uma vez que tem esse A Holland já atua no Brasil com a venda de equipamen-
know-how na manutenção de trilho, enquanto a assistên- tos. Entre os principais clientes estão construtoras, que
cia técnica do equipamento e gerenciamento fica a cargo oferecem serviços de manutenção de via com uma frota
da Holland”, explica o diretor geral da Loram do Brasil, própria de máquinas. Já a MRS adquiriu, em 2011, duas
Murilo Martins. A expectativa é que uma unidade móvel Unidades Móveis de Solda Elétrica da marca norte-ame-
seja fabricada no Brasil ainda esse ano, para que esteja dis- ricana. A Holland atua em 36 países e tem mais de 200
ponível para operação em 2024. “Já estamos em conversas unidades de soldagem de trilho operando atualmente em
com alguns clientes”, afirmou Martins. nível mundial.
12 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023
entrevista

De mãos dadas com o privado


No governo de São Paulo absolutamente o empreendimento e afirma que o governo
todos os projetos de expansão metroferroviária mapeou pelo menos quatro players interessados
estão sendo elaborados com a premissa de no TIC Campinas.
incluir a participação do setor privado. Por trás No pipeline da secretaria ainda há dois projetos
desse trabalho está Rafael Benini, secretário de de concessão de linhas da CPTM. Um para as linhas
Parcerias em Investimentos de São Paulo. A pasta 10-Turquesa e a futura 14-Ônix, que pretende
foi criada pelo govenador Tarcísio de Freitas ligar Santo André a Guarulhos num trecho de
para alavancar concessões no estado. Mestre 35 km. Outro para conceder num só pacote as
em Economia pela Universidade de São Paulo, linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade, incluindo a
Benini foi diretor de Planejamento da Empresa expansão da 13 até Bonsucesso, em Guarulhos. A
de Planejamento e Logística (EPL) quando Freitas novidade é que esses dois projetos serão pensados,
ainda era ministro da Infraestrutura. afirma o secretário, já prevendo uma futura
Coube a Benini, nesse início de mandato, colocar implementação de trens regionais. Até o fim do
em prática o Trem Intercidades de São Paulo a governo, Benini quer colocar na praça a concessão
Campinas, promessa de campanha do governador. de mais um TIC. Entre as opções mais viáveis,
Há anos em estudo e com prazos não cumpridos por segundo ele, estão o de Sorocaba e o de São José
governos anteriores, a concessão do TIC sairá em dos Campos. "No final de março deveremos saber
2023, garante o secretário. O lançamento do edital qual deles será escolhido", afirma.
está previso para a segunda quinzena de março e Entre os projetos de metrô, as linhas 19-Celeste,
o leilão, segundo ele, já tem data marcada para o 20-Rosa e 22-Marrom serão estudadas, mas a
próximo dia 28 de novembro. prioridade está tendendo para a 20, uma vez que
A concessão englobará três serviços: a Linha o governador quer levar o sistema para a região
7-Rubi, da CPTM, o Trem Intermetropolitano do ABC. “Vamos tentar duas, mas pelo menos
(TIM), parador até Campinas, e o TIC, em uma via uma a gente faz nesse mandato, por meio de PPP.
construída do zero para abrigar trens de média Dado que teremos a Linha 2-Verde chegando em
velocidade. A ligação direta São Paulo-Campinas Guarulhos, estamos dando prioridade para a Linha
está prevista para acontecer em uma hora e 20, que vai para o ABC”, explica.
quatro minutos. O governo vem negociando com a CCR a
O capex do projeto é de R$ 12,5 bilhões. expansão da Linha 4-Amarela até Taboão da
Ainda está sendo definida a contrapartida do Serra e também uma mudança no contrato de
governo. Dois cenários são avaliados: aporte de concessão da Linha 17-Ouro, para que a mesma
R$ 9 bilhões ou de cerca de R$ 6 bilhões mais concessionária possa assumir as obras. “O
contraprestação em torno de R$ 500 milhões/ governador já fez o pedido para a CCR. Estamos
ano, que começaria a ser paga quando o sistema negociando para que ela incorpore essa obra
estivesse pronto. Nessa entrevista, Benini detalha dentro da concessão e opere a linha", diz.

Rafael Benini
Secretário de Parcerias em Investimentos do estado de São Paulo

14 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023


Os projetos de mobilidade urbana são muito importantes para o
governo de São Paulo. O governador sempre foi um homem de ferrovia.

REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023 15


entrevista
Revista Ferroviária – Qual é o foco da secretaria de Par- longo de 25 anos. Esse é o modelo que eu vou levar. São de-
cerias em Investimentos na área metroferroviária? cisões que o governador precisa tomar junto com a secretaria
Rafael Benini – Os projetos de mobilidade urbana são de Fazenda, para ver a disponibilidade de recursos.
muito importantes para o governo. O governador sem-
pre foi um homem de ferrovia. O nosso foco hoje está no RF – Qual seria a duração do contrato?
Trem Intercidades de Campinas. RB – É de 35 anos. Mas o pagamento da contrapresta-
ção começaria depois da conclusão da obra. Por isso es-
RF – Trem Intercidades e Linha 7-Rubi vão na mesma concessão? timamos mais ou menos 25 anos de contraprestação. Isso
RB – Sim. Dentro do TIC Campinas, temos também a Li- acontece porque tem a taxa interna de retorno do projeto.
nha 7-Rubi e o que a gente chama de TIM, que é o Trem Se você paga antes, você paga menos. É como um finan-
Intermetropolitano, o serviço que vai parando de cidade ciamento imobiliário.
em cidade, entre Campinas e São Paulo. São três serviços
dentro da concessão, uma Parceria Público-Privada. Com RF – É uma obra que fica pronta em quanto tempo?
o encerramento dos estudos, devemos publicar o edital na RB – Seis meses depois da assinatura do contrato, o con-
segunda quinzena de março. E como é um projeto inovador, cessionário assume a Linha 7-Rubi. O Trem Intermetro-
o leilão já vai estar marcado para o dia 28 de novembro. politano, que utiliza o trilho da linha 7 e faz o serviço pa-
rador por meio de uma estrutura já existente de Jundiaí
RF – O que foi contemplado nesses estudos do TIC Campinas? até Campinas, passando por Valinhos, Vinhedo, Louveira,
RB – São estudos que já foram contratados há algum tem- fica pronto em cinco anos. Já o TIC, que precisa de um
po. O governo passado estava tocando, fez audiência pú- novo trilho entre Jundiaí e Barra Funda, fica pronto em
blica em 2020, que teve muitas contribuições. O projeto sete anos. Vai ter um trilho para carga, vai ter um trilho
hoje já está muito melhor, mais maduro e pronto para ir ao para o TIM e para a CPTM, que é da Linha 7-Rubi, e vai
mercado. Conversamos com diversos players no começo ter um trilho para o TIC.
do ano. Sentimos que o projeto tem uma atratividade boa.
Dentro do nosso pipeline faz todo sentido. É um projeto RF – Quais são os principais desafios e reivindicações dos
contratado junto ao Banco Interamericano de Desenvolvi- investidores?
mento, o BID. Com o fechamento dos estudos, tem toda RB – Um grande questionamento do mercado são as ga-
a parte burocrática de aprovações na secretaria de Fazen- rantias. Estamos indo atrás de garantias, financiamento
da, de aportes, de contraprestação do governo, aprovações com os entes nacionais, Banco do Brasil, BNDES. Há
até na própria secretaria de Transportes Metropolitanos uma negociação dentro do espaço fiscal do governo. Pre-
(STM). E daí, finalmente no PPI, para a publicação do cisamos resolver coisas que faltaram no governo passado
edital. Temos um mês para fazer essa parte burocrática. para o lançamento do projeto. Já assinamos o convênio
com a MRS para iniciarem as obras de segregação das
RF – Qual vai ser a modelagem financeira do projeto? linhas na Grande São Paulo, uma coisa que os players fa-
RB – É um investimento com capex de R$ 12,5 bilhões. Ain- laram bastante. Estamos endereçando todos os problemas
da há decisões a serem tomadas. São dois extremos. Um seria que levantamos do projeto. Por isso, nos sentimos seguros
pagar só com um aporte do governo de R$ 9 bilhões. Outro de que ele está bem redondo para ser publicado.
seria dividirmos entre contraprestação e aporte. Nesse caso,
o nível seguro foi por volta de R$ 6 bilhões de aporte mais RF – O prazo que a ANTT e MRS deram para a conclusão das
contraprestações de mais ou menos R$ 500 milhões/ano ao obras de segregação das vias de carga e de passageiros foi de

O projeto do TIC Campinas hoje já está muito melhor,


mais maduro e pronto para ir ao mercado.

16 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023


entrevista
10 anos. Como pensar num projeto com prazo tão longo? RF – Por que esse outro projeto seria praticamente um TIM?
RB – As obras da MRS são divididas em três prazos. Tem RB – Porque se faria a extensão de Jundiaí a Campinas
obras que deverão ficar prontas em cinco anos, outras em com um trem parecido com o da CPTM. Então, é um
sete e em dez anos. Eu falo isso porque fiz parte desses es- trem que tem uma velocidade menor e vai parando pelas
tudos no governo federal. São pouquíssimas obras que têm cidades. O projeto, prazos e custos apresentados são exa-
esse prazo de dez anos. Temos que considerar o seguinte: tamente o que prevemos para o TIM, com uma viagem
o termo aditivo da MRS já foi assinado no ano passado e de SP a Campinas de 1h30 a 1h40. Iríamos continuar
a gente está falando de um leilão do TIC no dia 28 de no- com um serviço que não resolve e também inundando as
vembro. Teremos dois meses para assinar todo o contrato, estradas com carros e ônibus, porque as pessoas querem
ou seja, deve acontecer no começo do ano que vem. A partir fazer essa viagem num tempo mais rápido. O governo
do momento em que assinamos o contrato, já se passaram sabe que de partida vai gastar um dinheiro a mais, mas
dois anos da renovação da MRS. Então, o prazo para a im- já faz um projeto que resolve o problema, que atraia a
plantação da MRS em relação ao TIC já cai para oito anos. demanda direto para o TIC. Numa viagem que vai du-
E de qualquer jeito, temos nesse convênio assinado com a rar 1h04 minutos de Campinas a São Paulo, parando em
MRS a previsão de a concessionária se submeter ao nosso Jundiaí. Assim eu consigo atrair demanda. Com o TIM
prazo de sete anos para entregar as obras. Não vemos difi- não atrai a demanda necessária.
culdade alguma e já conversamos muito com a MRS sobre
isso, de que as obras do TIC sejam concomitantes às obras RF – E como está a questão da demanda do TIC?
de segregação e que não haja atraso em nenhuma das duas. RB – Os investidores questionaram muito isso. Vamos co-
locar a Linha 7 e o TIM com pagamento por disponibili-
RF – O projeto poderia sair mais barato e bancando inteiramen- dade e o TIC com o risco de demanda todo do privado. Al-
te com recurso público se retirassem a via dedicada ao TIC, uma guns players reclamaram disso, quiseram entender melhor
vez que existirá uma linha com serviço parador até Campinas? a demanda para assumir esse risco. Por isso vamos publi-
Essa linha já existente não poderia ser remodelada para abrigar car toda a demanda de ônibus e de pedágio entre Campi-
um serviço melhor, com tempo de viagem adequado? nas, Jundiaí e São Paulo. A questão é alocar esse risco para
RB – Esse projeto chegou para nós durante a transição. É o privado. Ele vai poder utilizar a tarifa do TIC dentro de
um projeto que, tecnicamente, é ruim. Analisamos mui- um teto, para atrair mais passageiros. Por isso esse risco
to bem o projeto. Na verdade, é a mesma coisa do nosso fica para ele. Com relação à engenharia operacional, du-
TIM. O projeto que nos foi apresentado para fazer com rante a audiência pública, também questionaram o número
recurso público é a mesma coisa que fazer só o TIM. Isso de material rodante. Já melhoramos isso também.
não resolveria o problema da ligação São Paulo-Campinas
e aumentaria o gasto do governo com subsídio de passa- RF – O que foi questionado?
gens. Tomamos essa decisão durante a transição. Avalia- RB – O pessoal tinha reclamado que era pouco e a gente
mos que esse era um projeto que não valia a pena. Que São aumentou. Fizemos uma atualização dos estudos. Estamos
Paulo merece projetos grandes, que resolvam realmente o usando agora uma data-base de novembro de 2022. Quan-
problema, que é uma viagem rápida entre Campinas e São do foi para audiência pública, eu acho que o capex estava
Paulo. Por isso a decisão foi fazer o TIC. E tem uma ques- em R$ 9 bilhões, agora já está em R$ 12,5 bilhões, só de
tão: o governo acredita na participação do privado nessas atualização monetária. Durante a transição já começamos
obras estruturantes e que isso garante qualidade, prazo e a trabalhar nisso e, no início do ano, trabalhamos ainda
um bom serviço para a população. mais para conseguir fechar esse projeto, porque é prioritá-

Já assinamos o convênio com a MRS para que se iniciem


as obras de segregação das linhas na Grande São Paulo.

18 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023


entrevista
rio para o governador e para nós também. E para mim, que rador que não seja a CCR. Se não fizer o TIC Sorocaba
sou de Campinas, é muito prioritário... com a CCR, não se consegue chegar na Barra Funda, onde
seria a gare Oeste. E custaria muito caro para chegar, por
RF – Acredita que o leilão do TIC Campinas será concorrido? exemplo, na Água Branca, onde vai ter a Linha 6-Laranja
RB – Projetos grandes geralmente atraem poucos players, do Metrô SP. Então, ficamos meio presos. Vamos pensar
porque é difícil a questão financeira. Para fazer uma oferta nas 11, 12, 13 e 10 e 14 já entendendo como vai funcionar
num projeto desses já precisa gastar dezenas de milhões o TIC em relação a essas linhas.
com estudos. Mapeamos até agora quatro players interes-
sados, que estão fazendo estudos e pesquisas com os for- RF – Como o TIC se encaixa nesses projetos?
necedores de material rodante sobre preços e com bancos RB – Para chegar em Tatuapé, que é onde imaginamos a gare
contratados para assessorá-los no processo. Leste, o TIC São José dos Campos vai precisar usar um tre-
cho da Linha 11 e um da Linha 12. Ele não consegue chegar
RF – Entre os players estão fabricantes de material rodante? até Tatuapé sem passar pelas linhas 11 e 12. Então, eu já te-
RB – Alguns fornecedores de material rodante falaram nho que prever isso na concessão, com relação ao headway,
que poderiam entrar sozinhos ou dentro de grupo, outros por exemplo, de modo que se consiga fazer essa viagem com
disseram que poderiam entrar no equity, que participariam o TIC São José dos Campos. A mesma coisa na Linha 10.
de consórcio, e outros falaram que só seriam fornecedores Estamos pensando a gare Sul de São Paulo em Tamanduateí,
mesmo porque não queriam fechar o mercado. onde tem a Linha 2-Verde do Metrô SP. Tenho que pensar
no headway da Linha 10 de acordo com a possibilidade de
RF – Quais são os outros projetos metroferroviários na car- compartilhamento da linha com o TIC Santos.
teira da secretaria?
RB – Temos o projeto de concessão das linhas 11-Coral, RF – Qual é o projeto mais desafiador?
12-Safira e 13-Jade da CPTM, com a inclusão do trecho RB – Acho que o Sul, o TIC Santos. Seria o segundo melhor
de expansão da Linha 13 até Bonsucesso, em Guarulhos. em demanda, mas é o maior desafio de engenharia. Acredi-
Ou Essa construção greenfield estaria inclusa dentro da tamos que soltaremos mais um TIC durante esse mandato e
concessão. O segundo lote seriam as linhas 10-Turquesa e dado o desafio de engenharia de Santos, talvez priorizemos
a 14-Ônix. A 14 não existe, então, incluiria a implantação outro. A decisão ainda não foi tomada, depende de alguns
de 34 ou 35 km de ferrovia entre Santo André e Guaru- dados para ver qual é o mais viável, mas estamos entre Soro-
lhos. Isso muda um pouco o perfil dos projetos, porque ao caba, que é o Oeste, e São José dos Campos, que é o Leste.
invés de expandirmos a partir de São Paulo, a gente come- São dois em que há aproveitamento da malha e da faixa de
ça a circundar São Paulo. É uma ideia nova, que já estava domínio existentes, indo para um lado e para o outro. A gente
no planejamento da CPTM e queremos tirar do papel. vai estudar o TIC Santos, mas é um projeto de mais médio
prazo. Até o final de março já tenho a resposta de qual TIC
RF – O que esses projetos têm em comum? vamos fazer, se Sorocaba ou São José dos Campos.
RB – Um ponto importante desses projetos é que já vamos
pensar nas linhas 10 e 12 com a possibilidade de imple- RF – Quais são as questões do TIC de Santos?
mentação de Trem Intercidades. A concessão das linhas RB – O TIC Santos teria que ter um túnel gigantesco, en-
8-Diamante e 9-Esmeralda foi feita sem que se pensasse tão, é um projeto que exige mais paciência, um estudo de
no TIC Sorocaba. Isso hoje dificulta, mais para frente, a engenharia mais complexo, mas a demanda compensa. É
implantação do TIC Sorocaba com qualquer outro ope- o segundo TIC mais viável depois de Campinas. Vamos

Estamos mudando o perfil dos projetos.


Ao invés de expandirmos a partir de São Paulo,
a gente começa a circundar São Paulo.

20 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023


entrevista
aproveitar para fazer um projeto mais simples. O de So- RF – Por que antiga?
rocaba, por exemplo, usa a faixa de domínio da Malha RB – Juntamos essas duas estruturas no PPI de São Paulo,
Sul. Inclusive o trecho até Mairinque, por exemplo, já é que é o Programa de Parcerias em Investimentos de São
da CPTM, poderíamos fazer a extensão até Mairinque de Paulo. Hoje tudo é PPI. Eu preciso qualificar isso no PPI
uma maneira mais rápida. O de São José dos Campos a para iniciarem os estudos.
gente conseguiria usar a faixa de domínio da MRS. O pró-
ximo TIC, depois de Campinas, a gente começa a estudar RF – O que mais teve de mudança na estrutura com a nova gestão?
agora, para fazermos no começo do próximo governo. O RB – Acho que uma ação importante foi a criação da mi-
TIC Santos ficaria para o final do próximo governo. nha secretaria. Antes, quem fazia a estruturação do projeto
era uma secretaria e quem controlava depois a vida do pro-
RF – São projetos que envolvem muitas obras também? jeto era outra secretaria. Muitas vezes a STM participava
RB – Sim, teria que ter obra também. É aquela questão muito pouco da estruturação e depois ficava com o proble-
que vamos enfrentar: por que o TIC demora e a obra é ma na mão. E agora mudou. A secretaria é a estruturadora
bem cara? Para fazer essa obra, é preciso parar a Linha dos projetos e também o poder concedente dos projetos,
7-Rubi às 00h30, desligar a eletricidade, aguardar até 1h, ou seja, cuidamos da vida útil do projeto. Acho que isso
os operadores começam a trabalhar 1h30... daí trabalham retroalimenta. Vamos aprendendo com os erros passados
até 3h30, para então eletrificar a linha novamente, para o para consertá-los no futuro. Isso fortalece os projetos.
serviço de trem voltar às 04h30. É um trabalho de formi-
guinha. Tem um espaço de tempo de duas horas por ma- RF – Foi possível aprender com os erros e acertos da conces-
drugada para fazer a obra em linha paralela à da CPTM. É são das linhas 8 e 9?
uma obra bem complicada, bem difícil, mas é possível e o RB – Mapeamos alguns problemas que já estamos colocan-
governo se propõe a fazer. do no de Campinas de forma diferente. Durante a fase de
transição da operação, a CCR só podia olhar, não podia in-
RF – E todos esses projetos seriam viabilizados por meio de tervir e nem fazer investimentos na malha. Isso, por exem-
Parceria Público-Privada? plo, já estamos revendo para o projeto de Campinas, para
RB – Sim. A gente dividiria entre aporte e contraprestação. antecipar investimentos, para que problemas não ocorram
na frente. Para que a concessionária se planeje. A CCR, por
RF – Em que estágios estão os projetos de concessão das exemplo, investiu muito em trens novos, eles estão chegan-
linhas da CPTM? do no prazo, mas talvez esse prazo não tenha sido suficiente
RB – Já estou negociando a contratação desses estudos para resolver os problemas lá atrás. A mesma coisa da revi-
com o IFC (International Finance Corporation) do Banco são da linha aérea, da parte elétrica, dos trilhos.
Mundial. Já estamos com os termos de referência, com
tudo pronto, porém precisamos da aprovação do PPI. A RF – Isso já vai valer para a Linha 7-Rubi?
nossa previsão é fazer o leilão das linhas 11, 12 e 13 no RB – Estamos tentando consertar isso para a Linha 7-Rubi.
final de 2024 e o das linhas 10 e 14 no final de 2025. E o Não consigo prever o futuro, mas a Linha 7 também vai
novo TIC no final de 2025. Precisamos qualificá-los den- ter problema? Vai. Tenho certeza que bem menos que as
tro da estrutura antiga, que seria o Conselho Diretor do linhas 8 e 9, mas ainda vai ter alguma coisa que não con-
Programa Estadual de Desestatização de São Paulo, e a seguimos ter previsto e isso vamos resolver para as linhas
Comissão Geral de Parceria Público-Privado. É necessária 11, 12 e 13. Esse processo de aprender com os erros que a
a aprovação do conselho para iniciarem os estudos. criação da nossa secretaria traz.

No projeto do TIC Campinas queremos antecipar investimentos,


para que problemas não ocorram na frente.

22 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023


Estamos negociando para que a CCR incorpore a construção
da Linha 17-Ouro, porque vemos que a obra não está andando.

RF – E nas linhas concessionadas do Metrô de SP. Alguma novidade? vor do governo. Queremos fazer uma conta de passivos
RB – Estamos negociando com a CCR a expansão do me- e ativos regulatórios dentro do contrato e ver o quanto eu
trô para Taboão da Serra. A gente vai brigar com a Linha precisaria aportar à CCR para conclusão dessa obra.
2-Verde para ver quem será o primeiro a levar o metrô para
fora de São Paulo. Estamos em negociação com a CCR RF – E os trens da Linha 17? Quando chegam?
também para que ela incorpore a construção da Linha 17- RB – O pessoal do Metrô SP está indo para a China ago-
Ouro. Vemos que a obra não está andando e achamos que ra, em março, para visitar a fábrica dos trens, ver o cabe-
na mão da CCR, que depois vai ficar com a operação dela, ça de série produzido pela BYD, aprovar iniciar os testes
essa obra pode ser concluída dentro desse mandato. no Brasil.

RF – Poderia nos detalhar essa transferência das obras da RF – Como o governo está pensando a expansão do Metrô SP?
Linha 17-Ouro para a CCR? RB – Dentro dos projetos prioritários do governo, o pri-
RB – O governador já fez o pedido para a CCR. O que meiro é o de Campinas, o segundo é a expansão da Li-
está no contrato dela é a operação da Linha 17. Queremos nha 2-Verde do Metrô até Guarulhos, entrando como obra
que incorpore também a finalização da obra, o que faz pública. Para expandir o metrô para fora de São Paulo,
sentido, porque o monotrilho é uma obra muito específica temos um projeto mais tranquilo, que é a expansão da Li-
e a conclusão dela e a escolha do trem tem muita relação nha 4-Amarela. Fora isso, temos três linhas que o gover-
com a operação depois. A ideia para solucionar o proble- nador pediu para estudar, que são a 19-Celeste, a 20-Rosa
ma da Linha 17 é negociar com a CCR, que, claro, não e a 22-Marrom.Vamos tentar duas, mas pelo menos uma
tem essa obrigação. Já temos um caso parecido com isso, a gente faz esse mandato, por meio de PPP. Dado que a
em rodovias, que é do Contorno da Tamoios, que era para gente vai ter a Linha 2 chegando em Guarulhos, estamos
ser uma obra pública e a operação ficava para o privado, e dando prioridade para a Linha 20, que vai para o ABC.
conseguimos passar a obra para o privado. A ideia é resol-
ver o problema da melhor maneira possível. RF – Quais são os desafios?
RB – A dificuldade é a financiabilidade do projeto. Acho
RF – Como está o avanço da obra da Linha 17? que se assemelha a uma coisa que enfrentamos no governo
RB – A obra ainda é pública, ainda não foi para concessão. federal, com a Ferrogrão, que é um projeto que demoraria
O governador fez diversas reuniões e vimos que realmente oito anos para começar a gerar receita. Com a construção
o consórcio construtor não parece apresentar capacidade de linha de metrô, a gente pensa da mesma maneira. Que-
para terminar a obra. O governador pediu para eles mos- remos levar o metrô para fora de São Paulo e para isso,
trarem essa capacidade de colocar gente e tocar as obras, precisamos ser criativos na questão da financiabilidade.
mas até agora não vimos o andamento disso. Em paralelo, Por isso que estamos trazendo o IFC, braço de consultoria
a gente está indo para o plano B e para o plano C que é do Banco Mundial, que tem experiência em implantação
chamar o terceiro colocado na licitação ou colocar essas de metrô e ferrovia no mundo inteiro, para trazer a ideia de
obras dentro do contrato de concessão da CCR. A partir como a gente consegue fazer isso no Brasil.
do momento em que ela assume as obras, o governo não
interfere mais. Só cobramos que seja feita. RF – A intenção é fazer PPP integral, a exemplo de como foi
a Linha 6-Laranja?
RF – Mas com aporte do governo? RB – Na verdade, se analisarmos o projeto da Linha 6-La-
RB – Precisamos olhar o contrato, medir os desequilí- ranja, foi meia linha que saiu, porque ela era mais longa. Foi
brios, até o próprio fato da CCR não operar a Linha 17, concedido só um trecho que era mais viável e depois o res-
que é uma linha deficitária, deve gerar um crédito a fa- tante virou a Linha 16-Violeta. Achamos que agora vamos

REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023 23


entrevista
conseguir evitar isso e conceder a linha inteira. Até porque ção da Comissão de Financiamentos Externos (Cofiex),
o receio do público é que se for fazer só metade da linha, só que depende do governo federal, e para os internos, de-
entraria a parte entre Lapa e Faria Lima, que no caso é a parte pendemos de aprovação na Assembleia. O estado de SP
mais superavitária do projeto. Na verdade, queremos levar o tem um espaço de financiamento de R$ 13,9 bilhões, dá
metrô até o ABC. Mesmo que seja uma obra faseada, a ideia para fazer muita coisa. Tem uma lei aprovada de R$ 5 bi-
é que seja feita a estruturação do trecho inteiro. lhões para financiamento, sem precisar de aprovação da
Alesp. O que não impede de fazermos um novo projeto
RF – O mecanismo de investimento cruzado que aconteceu de lei para pedir mais espaço, dado que temos capacidade.
no segmento de carga seria aplicável em passageiros? Dentro daqueles três pedidos que o presidente Lula fez
RB – É uma ideia. Vamos estudar isso. Hoje, infelizmente, para cada estado, São Paulo pediu a aprovação rápida dos
as linhas da CPTM já são deficitárias. Então, no final das empréstimos na Cofiex, tanto para o Trem Intercidades
contas, todas são uma PPP. O contrato da rodovia Castello quanto para a Linha 2-Verde.
Branco com Raposo Tavares está vencendo, talvez possa-
mos usar um pouco do dinheiro que essa concessão gera- RF – Como está o projeto de criação de uma agência regula-
ria para subsidiar, por exemplo, o TIC Sorocaba. Estamos dora para as concessões sobre trilhos em SP?
pensando também que linhas são superavitárias para usar- RB – É uma ótima pergunta. A Comissão de Monitora-
mos como investimento cruzado, para as linhas 19 e 20. mento de Concessões e Permissões, a CMCP, que é um
embrião da agência, que há 15 anos existe dentro da STM
RF – Quais linhas são superavitárias? está sendo transferida para a minha secretaria, até fisica-
RB – As linhas superavitárias são a 1, 2 e 3. Mas é uma mente. É uma transferência que não é fácil, porque eu te-
decisão mais difícil, porque são linhas importantes para nho que transferir muito servidor, ter acesso às câmeras de
o Metrô SP, que é uma empresa de desenvolvimento e todas as linhas concedidas, ao CCO das concessões etc.
expansão de linhas metroferroviárias em São Paulo. O A meta é tentar transferir até o final de abril. O grande
Metrô utiliza essas linhas para fazer obra pública. É um projeto nosso é realmente ir para formação de uma agên-
assunto que passa pela cabeça, que a gente vai estudar, cia e aqui temos duas opções: ou criamos uma agência de
mas não tem um cenário fechado sobre isso. Se a gente trilhos ou uma super agência de transportes de São Paulo.
conseguir estruturar a implantação de uma linha inteira Vamos fazer o que for mais rápido, porque, mais do que
com uma PPP, daí talvez a gente possa pensar. uma demanda política ou técnica, é uma demanda do setor
privado, até para atrair estrangeiros e novos players. Eles
RF – Como está o projeto de compra de trens pelo Metrô SP? querem investir num ambiente regulado, mais seguro.
RB – Não fechamos ainda um empréstimo de R$ 2,5 bi-
lhões com o Banco Mundial para a compra de 22 trens. O RF – Qual é o prazo?
total são 44 trens, mas fechamos até agora para 22. Mas RB – Achamos que a melhor solução técnica seria a cria-
essa parte é com a secretaria de Transportes Metropolitanos. ção de uma agência de trilhos. Mas isso depende de lei
e de orçamento. Já existem uns dez projetos de lei de
RF – E a estruturação de funding para todos esses projetos me- criação dessa agência que não foram para frente. Preci-
troferroviários? samos ver isso antes do leilão do TIC, se achamos que
RB – Propostas para financiar os estudos e esses projetos, não está andando, talvez a gente vá para a ideia da Super
temos muitas: Banco Mundial, BID, CAF, Banco do Bra- Artesp, que não precisaria de lei, apenas de um decreto
sil, BNDES. Para os multilaterais, precisamos da aprova- do governador.

O estado de SP tem espaço de financiamento


de R$ 13,9 bilhões, dá para fazer muita coisa.

24 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023


reportagem

Frota de
manutenção
ViaMobilidade anuncia aquisição
de novos equipamentos de via
em meio a uma fase difícil
nas linhas 8 e 9
Por Gabriel Menezes

A
ViaMobilidade colocou em prática um plano tuações mais graves como choques de trem e a morte de
pesado de aquisição de equipamentos de ma- um funcionário. O episódio fatal aconteceu na madruga-
nutenção de via. A concessionária, responsá- da do dia 10 de março do ano passado, quando um cola-
vel pelas linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda dos borador foi eletrocutado durante uma atividade de manu-
trens metropolitanos de São Paulo, adquiriu 22 máquinas tenção de rotina numa sala técnica na região da estação
de via (já entregues) em 2022, espera a chegada de mais Pinheiros, da Linha 9. Neste mesmo dia, um trem colidiu
17 até o primeiro semestre desse ano, e planeja comprar com a barreira de contenção da estação Júlio Prestes, na
mais 11 veículos até o fim de 2023. Alguns equipamentos Linha 8. Ninguém ficou ferido, mas duas pessoas (uma
foram adquiridos de segunda mão – da Ferrovia Tereza delas o condutor) foram levadas para o hospital para ava-
Cristina – para que começassem a operar de forma ime- liação. O mesmo veículo descarrilou na manhã do dia 7
diata nas linhas, que somam 80 km. de dezembro na estação Domingos de Moraes, da Linha
O investimento acontece em meio a uma operação mar- 8, no sentido Itapevi. Já no dia 16 de janeiro, outro trem
cada por falhas constantes, causada por problemas que descarrilou na Linha 8, na altura da estação Lapa, tam-
vão desde o estado de conservação da via até deficiências bém no sentido Itapevi.
nas subestações e redes aéreas de tração. Não por acaso, A situação foi parar na Justiça. Em abril de 2022, o Mi-
os equipamentos adquiridos pela ViaMobilidade têm a nistério Público de São Paulo abriu um inquérito para in-
função, principalmente, de melhorar a eficiência da ma- vestigar as sucessivas falhas na operação das linhas. Já em
nutenção dos trilhos, da inspeção geométrica da via e da novembro, o órgão propôs à ViaMobilidade a assinatura de
estrutura de eletrificação ao longo das malhas. A conces- um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) para sanar de vez os
sionária das linhas 8 e 9 completou um ano de operação no problemas. A empresa, no entanto, não aceitou a proposta
dia 27 de janeiro deste ano. e informou estar cumprindo à risca o que foi acordado no
As falhas ocorridas nos últimos meses têm provocado contrato de concessão. As investigações do MP chegaram a
constantes atrasos, cancelamentos de operação e até si- ser suspensas em dezembro, após um recurso da ViaMobi-

26 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023


lidade ao Conselho Superior do Ministério Público, mas li- relação ao mês de março. No mesmo período, somadas as
beradas novamente poucos dias depois. Desde então, o MP duas linhas, houve também redução de 76% no número
ameaça entrar na Justiça para pedir a rescisão da concessão. de falhas operacionais”, informou a empresa em seu site.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, se
reuniu no último dia 23 de janeiro com representantes da Novos veículos
ViaMobilidade para que eles apresentassem os planos e Fontes ligadas ao assunto dizem que o contrato de con-
propostas de modernização dos serviços. No encontro, cessão assinado entre ViaMobilidade e o governo de São
representantes da ViaMobilidade afirmaram que serão in- Paulo não obriga a operadora a comprar equipamentos de
vestidos cerca de R$ 1,5 bilhão nas duas linhas em 2023. via, embora preveja diversas reformas nas estruturas. En-
Após a reunião, Freitas deu declarações descartando pedir tre elas, na rede elétrica, troca de trilhos, renovação de 17
a rescisão do contrato. km de via por ano, além de remodelação de 26 estações,
Em meio à batalha com o MP, a ViaMobilidade alega investimentos em acessibilidade, compra de 36 novos
que recebeu as linhas em situação de precariedade, com trens (que estão sendo fabricados pela Alstom, sendo que
trens sucateados e equipamentos muito antigos por parte 16 têm previsão de começarem a operar ainda em 2023) e
da CPTM. O sistema de sinalização, por exemplo, seria de um novo sistema de sinalização. Ao todo, a companhia
da década de 1980. A concessionária informa, no entanto, se comprometeu a investir R$ 3,8 bilhões nas linhas no
que desde que assumiu a operação vem fazendo melhorias, período de três anos.
que envolvem trens, trilhos, rede aérea, pátios e estações, Ao transferir a operação para a ViaMobilidade, a CPTM
e que o resultado já é percebido nos seus indicadores inter- migrou 46 trens da sua frota (das séries 7.000 e 7.500) para
nos. “No mês de dezembro, por exemplo, as reclamações o início do transporte pela empresa privada. O processo de
registradas na ouvidoria apresentaram redução de 78% em migração de ativos, no entanto, não incluiu equipamen-

hos
a de tril do:
COMPACTO, ROBUSTO, FLEXÍVEL: m u d a n ç
Rápida ço muito reduz
a
i
rias
em e s p o à bate
O ROBO RODOFERROVIÁRIO VLEX - movid
létrico
+ 1r0e0c%areregáveis fácil
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+ Manute
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exe nica
is tê ncia téc Brasil
+ A s s
especia
lizada n
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Eduardo Abelar
Vollert do Brasil Ltda

Vídeo demonstrativo da
operação na Internet:

Como um parceiro tecnológico de ponta, a Vollert se dedica ao desenvolvimento de


sistemas de manobra econômicos, para pátios internos, terminais de transbordo e
oficinas. Tudo que você espera de um investimento rentável. Made in Germany.
www.vlex-robot.de | info@vollert.com.br | www.youtube.com/vollertshunting
reportagem
tos de manutenção de via. A concessionária precisou, com atendimentos em caso de emergência ficarão mais rápi-
isso, montar a sua própria frota de máquinas e veículos dos e efetivos”, explica. O gerente cita também o vagão
rodoferroviários. E de forma rápida. de manutenção de rede aérea para transportar materiais
Respondendo a um processo judicial, a ViaMobilidade e uma locomotiva modelo G12, para fazer a tração da
é bastante sucinta nas informações divulgadas à imprensa composição no caso de manutenções mais pesadas (veja
sobre a operação nas linhas 8 e 9. O gerente executivo no box abaixo).
de manutenção da concessionária, Alan Santana, não res- Vencedora com uma outorga de R$ 980 milhões no lei-
pondeu aos questionamentos da reportagem sobre os pro- lão das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda da CPTM, em
blemas recorrentes nas linhas e como, além da aquisição abril de 2021, a CCR, controladora da ViaMobilidade,
dos veículos auxiliares, estão sendo trabalhados. Frisou, mostrou – em plena pandemia – o nível do apetite no setor
no entanto, que os equipamentos adquiridos recentemente de mobilidade urbana. O grupo opera também as linhas
pela companhia terão capacidade de oferecer apoio rele- 4-Amarela e 5-Lilás do Metrô de São Paulo, o VLT Ca-
vante nas manutenções corretivas e preventivas das vias, rioca, no Rio de Janeiro, e o Metrô de Salvador, na Bahia,
algo fundamental para melhorar a eficiência da operação ocupando a posição de maior operadora privada de trens
de ambas as linhas. de passageiros do Brasil.
A empresa foi procurar na indústria tradicional de A CCR, no entanto, optou por não participar do leilão
equipamentos de via os modelos para agregar a sua fro- de concessão do Metrô de BH, ocorrido em dezembro do
ta, que passa a contar agora, por exemplo, com veícu- ano passado e que teve como vencedora a Comporte Par-
los adaptados pela Empretec, máquinas da Plasser & ticipações S/A. A companhia prefere não divulgar seus
Theurer e da Loram do Brasil. Santana destaca, entre os planos futuros na área de mobilidade, mas já demonstrou
equipamentos adquiridos, o caminhão rodoferroviário de interesse em participar da licitação do Trem Intercidades,
rede aérea com cesto duplo, utilizado nas atividades de que pretende ligar São Paulo a Campinas. O projeto está
rede aérea. A frota passou a contar também com um ca- na lista de prioridades do governador de São Paulo, Tarcí-
minhão rodoferroviário socorro com baú. “Na prática, os sio de Freitas.

Máquinas de via para as linhas 8 e 9 de São Paulo


Trem esmerilhador (Loram do Brasil) Socadora (Plasser & Theurer)
Reperfilamento de trilhos, para aumento do conforto e Nivelamento e alinhamento de via, corrigindo os
diminuição de ruídos na circulação dos trens. Máquina será defeitos de geometria, deixando assim o lastro
entregue em janeiro de 2024. descompactado após a correção.

Reguladora (Plasser & Theurer)


Locotrator
Regularização do lastro e do formato geométrico
(Trackmobile)
da via, para a preparação da via para o
Rebocador e
recebimento da socaria do lastro.
manobrador de trens e
locomotivas no pátio,
Caminhonete podendo se locomover
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30 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023


reportagem

Ferrovia na era ESG


Modal ferroviário atrai empresas que querem avançar na agenda ambiental
Por Gabriel Menezes

N
um cenário em que adotar práticas sustentá- com o diretor comercial de Etanol e Energia da FS, Paulo
veis é algo cada vez mais estratégico no mun- Trucco, atualmente 41% da produção da empresa já são
do corporativo, o modal ferroviário ganha transportados pelos trilhos da companhia (neste mesmo
espaço entre empresas com metas de reduzir percurso, mas com vagões de propriedade da Rumo).
seu impacto ambiental. O exemplo mais recente veio da Com a nova parceria, esse número chegará a 45%, com a
FS, companhia produtora de etanol, nutrição animal e substituição de viagens de caminhões. A novidade desta
bioenergia, que fechou recentemente uma nova parceria vez é o fato de a FS ser a dona dos vagões utilizados. O
com a Rumo. acordo tem duração de 20 anos e, depois disso, a Rumo
A empresa vai aumentar o volume de etanol de milho poderá comprar novos vagões. “Com essa operação, a
movimentado nas malhas Norte e Paulista, a partir de abril empresa vai reduzir, aproximadamente, 50% nas emis-
deste ano. Para isso, adquiriu 80 vagões – fabricados pela sões de CO₂, substituindo 15 mil viagens de caminhões
Greenbrier Maxion – para a logística de escoamento do por ano nas estradas nesta rota”, comenta o executivo. A
biocombustível, que começará por caminhão de Lucas do FS tem duas unidades fabris. Um em Lucas do Rio Verde
Rio Verde até Rondonópolis (MT), onde ingressará nos e outra em Sorriso, no Mato Grosso, além de um escritó-
trens da Rumo em direção a Paulínia (SP). Dos 1,5 bilhão rio em São Paulo.
de litros de etanol produzidos pela FS anualmente, cerca Trucco acrescenta que a empresa não descarta novos
de 50% têm como destino a cidade de São Paulo, onde se investimentos e parcerias semelhantes no futuro. “Es-
concentram refinarias. tamos focados em colocar estes vagões para rodar, au-
A relação com a Rumo começou em 2020, e, de acordo mentando a capacidade de movimentação da Rumo na
Divulgação/GBMX

Vagões da FS para o
transporte de etanol
de milho na Rumo

32 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023


ferrovia para que ela possa atender nossos contratos de todo. No sentido Mato Grosso-Paulínia, descerá transpor-
maneira produtiva”. tando etanol. No retorno, irão carregados com derivados
No fim do ano passado, a FS também estruturou uma de petróleo para serem distribuídos no estado.
operação pontual junto com a VLI para transportar 870 “Nós já transportamos aproximadamente 45% do vo-
metros cúbicos de etanol de milho pela Ferrovia Norte- lume de diesel do estado de Mato Grosso. Em 2022, a
-Sul, entre Porto Nacional (TO) e Porto de Itaqui (MA). operação da Rumo registrou aumento de mais de 20% no
Com isso, conseguiu atender pela primeira vez uma parte transporte de biocombustíveis", pontua.
do Nordeste num período de entressafra, quando há escas-
sez do produto. Movimento fortalecido
A operação foi multimodal e envolveu o transporte do A iniciativa da FS faz parte de um movimento que
combustível por rodovia de Sorriso (MT) a Porto Nacio- ganha força em todo o mundo a partir do conceito ESG,
nal, de onde partiram os trens até o Maranhão. Segundo a que diz respeito aos compromissos das companhias
VLI, a parceria também representou o primeiro transporte com as boas práticas sociais, ambientais e de governan-
de etanol de milho feito por modal ferroviário em direção ça. Isso pode ser até um fator decisivo para conseguir
ao Porto de Itaqui. financiamentos e novos contratos, por exemplo. É nesse
Para Daniely Andrade, gerente de ESG (sigla em inglês contexto que o modal ferroviário vem abocanhando no-
que na tradução significa ambiental, social e governança) vas possibilidades.
da Rumo, a parceria com a FS representa um marco im- A gerente de ESG da Rumo diz que dentro da própria
portante para o avanço dos indicadores de participação da concessionária o tema ESG vem sendo tratado com ampla
companhia no mercado de combustíveis. Com a parceria, atenção, incluindo a elaboração de metas quantificáveis,
os vagões da FS rodarão cheios praticamente o tempo que são: manter o índice LTIF (Taxa de Frequência de

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Acidentes com Afastamento) em 0,15 até 2025; reduzir Com relação a projetos esse ano, ela diz que o foco está
em 15% as emissões de carbono até 2023, com ano base nas obras de infraestrutura. Entre elas, a conclusão da Ma-
em 2019; reduzir em 21% as emissões de carbono até lha Central, que hoje opera entre Rio Verde (GO) e Estrela
2030, com ano base 2020; aumentar o índice de satisfação D’Oeste (SP). Estão sendo finalizadas as obras no trecho
do colaborador para 82% até 2025 e a taxa de equidade de 3, entre Rio Verde e Anápolis, o que tornará a ferrovia
gênero de 0,10 para 0,11; além de estabelecer a rastreabi- 100% operacional até o Tocantins (Porto Nacional). Se-
lidade de 100% dos commodities agrícolas até 2025. gundo Daniely, a Malha Central tem potencial para mo-
“Como reconhecimento dos esforços e das transfor- vimentar mais de 36 milhões de toneladas por ano, sendo
mações, a Rumo se tornou a primeira empresa do setor Goiás o grande polo com 20 milhões de toneladas por ano.
ferroviário brasileiro a figurar no Índice Sustentabilidade Outro ponto que a executiva destaca são as obras de
da Bolsa Brasileira (ISE B3), referência em práticas em- extensão da Malha Norte até Lucas do Rio Verde, autori-
presariais de sustentabilidade, e permanece na carteira vi- zada pelo governo de Mato Grosso. Em novembro do ano
gente em 2023", ressalta Daniely. passado, foi iniciada a construção do viaduto ferroviário
A empresa não informou se fechou novas parcerias co- em Rondonópolis. Foi o pontapé inicial de um projeto que
merciais motivadas por necessidades sustentáveis, como receberá, de acordo com a Rumo, entre R$14 e 15 bilhões
ocorreu com a FS. No entanto, Daniely comenta que a de investimentos em obras que serão executadas nos pró-
Rumo hoje não trabalha somente com o objetivo de bus- ximos anos em direção a Campo Verde, Cuiabá e Lucas
car mais clientes e aumentar a capacidade de transporte, do Rio Verde.
mas também aprofundar a relação com aqueles que já
estão na carteira da concessionária. “Observamos uma Solução ferroviária
crescente demanda por recursos que os ajudem no cum- A MRS Logística é outra ferrovia que vem se benefi-
primento de metas dentro da agenda ESG. Com isso, re- ciando da agenda ambiental de empresas do mercado. De
alizamos diversas agendas positivas, a fim de demonstrar acordo com o gerente geral de Finanças da empresa, Dou-
os avanços e posicionamento da Rumo em relação à sus- glas Coutinho, somente no ano de 2022, foram geradas
tentabilidade, além da vantagem competitiva do trans- 115 oportunidades de novos negócios para a MRS a partir
porte por ferrovia”. de simulações feitas na Calculadora de CO₂ da MRS. A

Vagões double stack


movimentados
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34 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023


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ferramenta indica a redução da emissão de gases quan- Ele informa que, nos últimos anos, a empresa vem
do escolhida a opção logística multimodal, incluindo a customizando modelos operacionais adequados a cada
ferrovia como parte da solução. um dos seus clientes. No transporte de contêineres, por
Ele diz que a companhia atende atualmente mais de exemplo, diferentemente dos trens de commodities, o
440 empresas de diversos segmentos do mercado, tendo mais comum é que a carga provenha de vários clientes
destaques o setor de eletrônicos, com origem na Zona diferentes (com escala menor), o que torna bem dife-
Franca de Manaus, e as grandes multinacionais do setor rente o processo de montagem de um trem.
alimentício, petroquímico, siderurgia e de energia no Sobre como a questão do ESG é tratada dentro da
eixo RJ-SP. Na medida em que as boas práticas sociais, MRS, ele diz que há uma série de ações com foco em
de governança e de sustentabilidade passam a ganhar sustentabilidade, diretamente ligadas ao tema e o resul-
cada vez mais relevância para o negócio das empresas, tado é apresentado, anualmente, por meio do Relatório
afirma Coutinho, é natural que o desenvolvimento fer- de Sustentabilidade. “Recentemente, o Carbon Disclo-
roviário acompanhe esse ritmo de evolução. sure Project (CDP) apontou, inclusive, uma melhora na
“Basta dizer que um trem de carga geral com 80 vagões, avaliação do impacto ambiental da MRS, com foco nas
menos extenso do que os nossos trens tipo de minério de iniciativas e divulgações sobre emissões de gases de
ferro, transporta o equivalente a 280 caminhões. Portanto, efeito estufa e mudanças climáticas. Com nova avalia-
uma composição da MRS pode emitir até três vezes me- ção, o score evoluiu de D para C, em uma escala que
nos CO₂ do que um veículo rodoviário, considerando a varia entre A e D”.
mesma quantidade de carga”, explica o gerente.
Coutinho salienta que o setor ainda enfrenta alguns de- Desafios para clientes
safios para atrair clientes. Um deles é o fato de as soluções Presidente da Associação Nacional dos Usuários do
ferroviárias serem pouco conhecidas. “Precisamos mos- Transporte de Carga (Anut), Luis Baldez avalia que a
trar ao mercado que o transporte de carga pela ferrovia é busca por modais menos poluentes, como o ferroviário
viável. Com terminais próprios ou por meio de parceiros, e o hidroviário, é uma tendência. Um dos motivos é que
a MRS oferece várias opções logísticas com custo infe- atualmente para se conseguir financiamentos, seja via
rior, especialmente, no Sudeste”. BNDES ou instituições financeiras, uma empresa pre-

Trem de
combustíveis
da MRS
Divulgação/MRS

36 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023


cisa ter fundamentos ambientais muito fortes e
bem definidos.
Baldez aponta, no entanto, que os desafios
são enormes. O frete ferroviário, segundo ele,
é pouco competitivo frente ao rodoviário. Além
disso, há necessidade de que novos players (no
caso as autorizatárias), de fato, apostem no se-
tor ferroviário, não só na sua expansão, como
também na prospecção de novas cargas. O pre-
sidente da Anut reforça que esse assunto preci-
sa ser pensado de maneira integrada pelo poder
público, incluindo a regulação sobre o direto de
passagem entre autorizatárias e concessionárias.
“É algo que já está definido no novo Mar-
co Legal das Ferrovias e precisa ser cumprido.
Imagine se no sistema rodoviário, por exem-
plo, cada vez que um caminhão fosse sair de
uma rodovia operada por uma concessionária
para outra, precisasse pedir uma autorização.
No ferroviário é assim. É algo que precisa mu-
dar”, argumenta.

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melhorar a eficiência e a segurança de vagões e locomotivas

I
nspecionar automaticamente vagões e locomotivas por meio possam alcançar eficiência máxima na operação. Isso se dará através
de sistemas de detecção acústica, vibratória e sensores de de um controle rígido de detecção de falhas em todos os componen-
visão infravermelha, além de um conjunto de algoritmos capaz tes de vagões e locomotivas. “A combinação de
de processar uma grande quantidade de dados e gerar indi- todas as tecnologias do KinetiX permite
cadores importantes de manutenção. Todas essas tecnologias que os clientes se concentrem na
estão reunidas na solução KinetiX, a nova aposta da Wabtec para eficiência da operação ferroviá-
garantir, de forma completa, segurança e eficiência operacional nas ria”, afirma Hausmann.
ferrovias brasileiras. Muitos clientes mundo
O portfólio do KinetiX conta com tecnologias e equipamentos, afora, de acordo com o
cuja aplicabilidade na via varia de acordo com a escolha do nível de gerente da Wabtec, op-
complexidade na inspeção de material rodante pelas operadoras. A tam por implementar o
solução já está presente em seis continentes, diz Adam Hausmann, KinetiX dentro do modelo
gerente de Produtos da Wabtec nos EUA. Segundo ele, pode ser im- chamado ‘Super Site’,
plementada em todos os tipos de ferrovias de carga e de passageiros, em que todos os siste-
inclusive opera em ambientes considerados hostis, como linhas que mas e tecnologias do
atravessam um deserto na Austrália e regiões de baixa temperatura portfólio estão aplicados
no Norte da Noruega. em um único local na via.
No Brasil, parte do portfólio do KinetiX já opera nas principais fer- Os equipamentos que com-
rovias de carga, de forma segregada. A Wabtec pretende agora for- põem o ‘Super Site’ permitem
necer o conjunto completo de soluções, para que as concessionárias inspeções de perfil completo de
Informe Publicitário

ções, a ideia é suportar os clientes na identificação e gerenciamento


dos indicadores de falhas dos ativos, além de rastreá-los em pátios
e terminais ferroviários.
Hausmann explica que alguns defeitos podem ser visualizados, de
Sensores acústicos, forma remota, através da tecnologia de visão infravermelha, mas outros
de visão e vibratório permanecem ocultos aos olhos dos operadores e também das câmeras
inspecionam todas inteligentes. Nesse caso, os sensores de acústica e de vibração entram
as partes do vagão em ação, por meio do sistema da Wabtec chamado Rail Bearing Acoustic
(abaixo) Monitor (RailBAM). “As operadoras movimentam cargas 24 horas, sete
dias por semana e o KinetiX tem o objetivo de manter vagões
e locomotivas sempre em movimento, evitando atrasos e
acidentes na via”, ressalta Hausmann.
O executivo da Wabtec diz que o Brasil é um
mercado importante para a empresa em nível glo-
bal. “As concessionárias ferroviárias do Brasil ope-
ram alguns dos maiores e mais eficientes trens do
mundo, o que exige um alto nível de confiança em
seus equipamentos para garantir que essas com-
posições sejam seguras. Várias ferrovias brasilei-
ras têm investido em tecnologias para operar seus
trens com segurança e eficiência”, destaca, lem-
brando que o KinetiX também traz tecnologias que
permitem a inspeção automática e o rastreamento
de ativos em pátios, além de modelos de análise em
cruzamentos ferroviários.
Hausmann acredita que as ferrovias brasileiras continuarão in-
vagões e locomotivas. O monitoramento se estende a rodas, freios, vestindo, pelos próximos anos, em sistemas que garantam o máximo
acopladores, rolamentos e outros componentes. de vida útil de seus ativos. Nesse contexto, ganharão espaço tecno-
“É muito mais eficiente para nossos clientes instalar esse tipo de logias que contribuem para esse processo, pontua o gerente. Não por
solução de maneira concentrada do que ter sistemas espalhados em acaso, a área de Digital Eletronics já é considerada uma das mais
vários locais”, explica Hausmann, acrescentando que os ‘Super Sites’, importantes pela companhia.
geralmente, estão localizados perto de uma estrutura voltada à ma- “A Wabtec está investindo em todas as tecnologias de seu por-
nutenção de ativos, para que os mesmos possam ser reparados após tfólio, incluindo o KinetiX Inspection Technologies, o Locotrol e o Trip
a realização da inspeção automatizada. “Também temos clientes que Optimizer, além, é claro, da nossa locomotiva movida a bateria FLX-
querem fazer o monitoramento de falhas dos ativos ou qualquer outra drive. Com isso, queremos continuar fornecendo uma experiência
medição em um local específico da via e que seja adequado à sua operacional perfeita aos nossos clientes”, conclui.
operação. Então, isso realmente depende
das necessidades de cada um”.
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portfólio KinetiX fornecem ins-
peção proativa de vagões e lo-
comotivas sem a necessidade
de contato manual de opera-
dores. Resumidamente, esse
trabalho é feito por sistemas
de visão infravermelha avan-
çada (desenvolvida com base
na tecnologia Beena Vision);
sensores acústicos, térmicos
e de vibração; gestão de algo-
ritmos; e tecnologias de ‘machine
learning’. Por meio dessas inova-
Frateschi lança réplica em miniatura
de novo vagão da empresa FS
Novidade foi apresentada durante o lançamento do vagão original,
ocorrido em janeiro, em Hortolândia, no interior paulista

ação
D iv u lg

Réplica em
miniatura do
vagão da empresa
FS é o mais novo
lançamento
da Frateschi

A
Frateschi Model Trens esteve brasileira”, afirma Lucas. A expectativa é Origem
presente no lançamento do novo de que até o início de março ela já esteja Fundada em 1967, a Frateschi Model
vagão da empresa FS, uma das disponível no mercado. Trens é a única fabricante da América Lati-
maiores produtoras de etanol de O ferreomodelismo é um dos hobbies na de trens elétricos em miniatura e réplicas
milho do país, realizado em 19 de janeiro na mais antigos do mundo, e sua origem re- de composições reais. Situada em Ribeirão
fábrica da GBMX, em Hortolândia, no inte- monta ao período em que o transporte ferro- Preto, no interior paulista, tem a missão de
rior paulista. O transporte do biocombustível viário foi adotado massivamente. As primei- divulgar e preservar a memória ferroviária do
deve iniciar até abril pela malha ferroviária ras miniaturas de trens foram fabricadas por Brasil, por meio da prática do ferreomodelis-
da Rumo. volta de 1830, por artesãos alemães. De lá mo. Há 55 anos neste mercado, a empresa
Na ocasião, a Frateschi, uma das empre- para cá, muita coisa mudou, principalmente
tem a convicção de que importantes relações
sas convidadas para o evento, apresentou ao no Brasil, onde o transporte de passageiros
humanas, como a interação entre pai e filho,
público a réplica em miniatura do vagão FS, pelas ferrovias deixou de acontecer, com ex-
avô e neto e amigos, são fortalecidas em
que deve ser o novo objeto de cobiça pelos ceção dos passeios turísticos. Mesmo assim,
momentos descontraídos durante a prática
aficcionados por ferreomodelismo. a paixão de algumas pessoas por este hobby
deste hobby. Ao longo desse tempo, também
O diretor da empresa, Lucas Frateschi, se intensificou.
se mostrado resiliente às crises econômicas,
ressalta que a Frateschi é parceira do mo- “O ferreomodelismo é uma mistura de
sendo uma das poucas empresas do país a
dal ferroviário ao promover e potencializar a entretenimento, baseado em modelos de
se manter em atividade por tanto tempo.
prática do ferreomodelismo, além de dar a escala, e arte, pois os amantes deste hobby
Com atuação nacional e internacional, a
oportunidade de empresas e marcas serem ficam fascinados quando começam a cons-
Frateschi possui representantes nos estados
conhecidas e divulgadas dentro de um nicho truir suas maquetes, fazer toda a parte de
de mercado no qual, a princípio, não atuam. decoração e cenário e projetar as constru- de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais,
‘É uma oportunidade de sinergia única para ções. É preciso ter capacidade de observa- Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Rio
nós e os players do mercado. Além da réplica ção para se construir uma maquete, pois Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso do Sul,
da FS, a Frateschi tem parceria sólida com todo esse trabalho de reprodução do mundo Bahia, Ceará e Pernambuco, além do Distri-
a Rumo Logística, Brado Logística, VLi, MRS, real é totalmente artesanal”, diz Lucas. De to Federal. No exterior, seus representantes
Vale, entre outras”, explica Lucas. acordo com ele, as pessoas pensam que o estão na Argentina, Chile, Uruguai, Austrália,
Ainda de acordo com ele, ao longo dos transporte ferroviário morreu, mas ele está Nova Zelândia, Rússia, Suíça, África do Sul
55 anos de história da Frateschi, a empre- vivo e em expansão. “A ferrovia é de valor es- e Taiwan.
sa sempre acreditou no transporte ferro- tratégico imprescindível para um país como Todo o portfólio da Frateschi, bem como
viário. “É gratificante poder oferecer aos o Brasil, e este crescimento ajuda a fomentar seu mais recente lançamento, o vagão da em-
apaixonados por este hobby a possibili- ainda a mais a paixão que muitos brasileiros presa FS, podem ser encontrados na loja da
dade de também terem em mãos réplicas têm pelos trens, sendo que muitos passam empresa, no site www.lojadafrateschi.com.br.
em miniaturas das locomotivas e vagões o hobby do ferreomodelismo para as futuras
que veem percorrendo a malha ferroviária gerações”, conclui. Conteúdo patrocinado por Frateschi
arquivo ferroviário
A locomotiva de número 193 é da-

Lucas M. Rosa
quelas que guardam histórias curiosas
e fazem parte do imaginário de quem
é apaixonado por ferrovia. A começar
pelo seu nome – Jiboia –, que ganhou
por tracionar longas composições, tal
qual uma cobra percorrendo trilhos si-
nuosos. Conta-se no livro “Inventário
das locomotivas a vapor no Brasil”, de
Regina Perez, que a Jiboia era amarela
e com um apito que todos admiravam,
nunca quebrou nem teve acidente e
corria muito. Em 3 de abril de 1977, ao
invés de ser leiloada e virar sucata, foi
salva por um convênio entre a Fepasa,
sua proprietária na época, e o Museu
de Tecnologia de São Paulo. Fabricada na Alemanha, pela em-
presa Henschell & Sohn, a Jiboia foi importada para o Brasil em
1937 pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Hoje está
exposta no Museu Catavento, no Centro de São Paulo. VEJA A FOTO AMPLIADA

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capa

Operação
shortline
Com mais de 60% de ociosidade,
sobra malha mas faltam
estudos de viabilidade
Por Bianca Rocha

S
hortline é um termo norte-americano que, na
tradução livre, significa ‘linhas curtas’. Esse
modelo de operação ferroviária prospera nos
Estados Unidos, onde pequenas e médias linhas
independentes servem como alimentadoras das ferrovias
estruturantes Classe 1. No Brasil ainda são inexistentes
dentro desse conceito, embora necessárias diante de um
volume significativo de ramais e linhas hoje inoperantes
na malha brasileira. Mas há um movimento na direção de
torná-las, enfim, uma realidade no país.
O tema foi indiretamente incluído na agenda regula-
tória de 2023/2024 da Agência Nacional de Transportes
Terrestres (ANTT). O órgão pretende publicar, no próxi-
mo ano, as regras de chamamento público para interessa-
dos em assumir a operação de trechos ociosos/devolvidos
pelas concessionárias. Paralelamente a isso, o Ministério
dos Transportes tem em mãos um estudo que traça meto-
dologias para o processo de devolução de linhas e escolha
de alternativas de reutilização desses trechos. Os desafios
para avançar com o tema, no entanto, são enormes e esbar-
ram no próprio contexto ferroviário brasileiro.
O termo shortline começou a ser mais falado no Brasil
com o surgimento do Projeto de Lei do Senado (PLS) 261,
de autoria do senador José Serra, em 2018. Os debates no
Brasil duraram cerca de três anos, quando, em dezembro de
2021, o projeto foi aprovado na forma da Lei 14.273, que
instituiu o novo marco legal de ferrovias. O principal ponto
foi a permissão das autorizações ferroviárias, inspirada no
modelo norte-americano de ferrovias privadas e desregula-
mentadas, implementado na década de 1980 com a promul-
gação do chamado Staggers Rail Act, nos EUA.
Mas o novo marco dispõe também de uma seção es-
pecífica para tratar de devoluções de ramais a pedido das
concessionárias e prevê algo inédito: a possibilidade de o
poder concedente iniciar um processo de chamamento pú-
44 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023
blico para buscar interessados em – até então – da Infraestrutura,

Fotos: Lucas M. Rosa


trechos concessionados que este- Departamento Nacional de Infra-
jam ociosos. Até então, os pedidos estrutura de Transportes (Dnit) e
de devolução estavam facultados para a ANTT.
apenas às concessionárias. O assunto ganhou notoriedade
A regulação de todo esse pro- (e um pouco mais de urgência)
cedimento é o que a ANTT vem com a proximidade das renova-
trabalhando nos últimos meses. ções antecipadas dos contratos
A intenção, a principio, é dar de concessão da Ferrovia Cen-
uma destinação para essa malha tro-Atlântica e da Rumo Malha
mediante autorização ao priva- Sul. Ambas, de acordo com da-
do. A complexidade está no fato dos fornecidos pelo TCU, apre-
de que os trechos existentes são sentam percentuais elevados de
ativos públicos. Todo o processo trechos inoperantes ou ociosos
vai passar por audiência pública – 75,8% de 7.860 km para a pri-
antes de ser deliberado pela agên- meira, e 77,1% de 7.223 km para
cia, explica o superintendente de a segunda. É esperado um núme-
Transporte Ferroviário da ANTT, ro significativo de devoluções
Ismael Trinks. com essas prorrogações.
No caso da FCA, o Tribunal es-
Sem tráfego tima, por baixo, que serão 1.751
A questão da malha inoperante km devolvidos. Na Malha Sul,
é sensível no setor ferroviário. Dos pode chegar perto de 2 mil km.
29.022 km de extensão da malha A renovação da FCA encontra-se
brasileira (sem considerar o tramo em análise na ANTT, e a da Ma-
central da Norte-Sul), 7.076 km de lha Sul teve qualificação aprova-
ferrovias concedidas no país (24%) da no Programa de Parcerias de
não apresentam qualquer fluxo de Investimentos (PPI) do governo
transporte. Agregando esses tre- federal. Ainda é preciso levar
chos àqueles que tem 70% ou mais em conta a Malha Nordeste, sob
de capacidade instalada não utili- concessão da Ferrovia Transnor-
zada, chega-se a 64% da malha ou destina Logística, que tem 3 mil
18,5 mil km de linhas ociosas ou km inoperantes, e a Malha Oeste,
sem tráfego no Brasil. praticamente fora de operação e
Os dados são da ANTT, base- em relicitação.
ados na Declaração de Rede de O processo de devolução
2020 (cujas informações são re- de trechos é tão complexo que
passadas pelas próprias conces- inaugurou os trabalhos na re-
sionárias), e foram citados num cém-criada Secretaria de Ad-
relatório do Tribunal de Contas da ministração Pública Consensual
União (TCU), emitido em julho do TCU. O departamento foi
do ano passado. O documentou implementado pelo atual presi-
identificou as falhas existentes no dente do Tribunal, Bruno Dan-
processo de devolução de trechos tas, em dezembro do ano pas-
ferroviários e sugeriu melhorias sado, com o objetivo de reunir
regulatórias. As recomendações agentes de órgãos reguladores,
foram endereçadas ao Ministério privados, governo e judiciário
REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023 45
capa
para discutir e definir solu- “Há trechos que podem não
ções para gargalos em proje- interessar grandes concessio-
tos de investimentos. nárias, mas de repente para um
O primeiro pedido foi jus- pequeno ou médio operador lo-
tamente o da ANTT, para bus- gístico o frete remunera, numa
car consenso no cálculo de operação mais simples e enxu-
indenização de um trecho de ta. Questão é que isso precisa
cerca de 90 km a ser devolvi- ser estudado, não basta apenas
do pela Malha Sul, entre Pre- ter a regulação do chamamen-
sidente Epitácio e Presidente to público. O governo precisa
Prudente, em São Paulo. A apresentar alternativas para
Destinação de trechos sem operação
divergência, nesse caso, se depende de estudos aprofundados atrair a iniciativa privada, que
refere ao valor que está sendo sozinha não vai fazer estudos,
estipulado pelo Dnit, considerado alto pela Rumo. porque é algo novo e complexo para quem não é do mer-
cado ferroviário. Quem está querendo hoje shortline? Não
Redesenho da malha pode esperar que o mercado identifique essa oportunidade
O ponto crucial e que impacta diretamente na questão sozinho”, argumenta.
das shortlines são os estudos de viabilidade e das alternati- Outro ponto ressaltado por Figueiredo é a necessida-
vas de reutilização de trechos devolvidos e ociosos. Ainda de de se entender o que é linha estruturante e o que pode
não está plenamente definido se eles serão desenvolvidos se tornar shortline no Brasil. O caso da Rumo Malha Sul
pelas concessionárias no ato da devolução dessas linhas e é emblemático, uma vez que tanto linhas consideradas
quais serão os critérios para destinação que se dará a elas. tronco quanto trechos menores estão ociosos ou comple-
A palavra final é do governo federal. tamente inoperantes. “Não adianta falar em shortline se
O fato é que o modelo de operação de shortlines no não houver o serviço tronco funcionando. Elas dependem
das linhas tronco para ampliar
Jeff Stupar
seu horizonte de mercado, ou
seja, precisam extrapolar o
limite delas. Teoricamente o
modal rodoviário tem mais
competividade quando a dis-
tância é menor que 500 km”.
Para o economista, coorde-
nador de Economia Aplicada
do IBRE/FGV e professor
do Instituto de Economia da
UFRJ, Armando Castelar, a
competividade com o modal
rodoviário pode ser uma pe-
dra no sapato das shortlines
brasileiras. “Ferrovias são
Composição de carga da Southshore Freight em LaPorte, Indiana (EUA) competitivas frente ao cami-
nhão em longas distâncias. E
Brasil passa pela necessidade de um redesenho da malha eu acho que o setor público no Brasil dá muita preferên-
ferroviária, segundo o consultor da Abiove (Associação cia à rodovia”, afirma. Ele reconhece, no entanto, que no
Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) e ex-diretor futuro pode até existir espaço para shortlines greenfield,
geral da ANTT, Bernardo Figueiredo. “É preciso estudar o alimentadoras de ferrovias de grãos, por exemplo. Na sua
mercado para cada linha hoje abandonada”, ressalta. avaliação, haverá espaço para esse modelo de operação

46 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023


capa
na região Centro-Oeste, caso “Existe uma série de uti-
novos projetos estruturantes lizações ferroviárias que são
sejam construídos. possíveis e podem interessar
“Nas áreas densamente po- às prefeituras locais, podem
voadas, com muita rodovia, interessar os governos esta-
mais tradicionais, com cargas duais, mas isso precisa ser
leves, é mais difícil. Mas no trabalhado. Claro que tem
Mato Grosso, Tocantins, acho que criar incentivos para que
que há espaço no futuro. Se essas coisas possam se mate-
houver Ferrogrão levando car- rializar. Isso não vai aconte-
ga para o Arco Norte, podem cer do nada”.
surgir shortlines alimentando Lima foi um dos responsá-
essa ferrovia. Na própria Norte-Sul já poderia existir, por veis por um estudo feito a pedido do Ministério da In-
ser uma espinha dorsal. A Fico, que está sendo construída fraestrutura e financiado pelo Banco Interamericano de
entre Mara Rosa e Água Boa, de 383 km, no limite, pode Desenvolvimento (BID). Resumidamente, o documento,
ser considerada uma shortline”, diz. entregue em março de 2022, propôs uma nova metodo-
O termo shortline remete ao transporte de cargas, mas logia para o processo de devolução de trechos e também
há outras possibilidades de uso para linhas que não ope- trouxe uma análise para a definição de uso dessas linhas.
ram mais com a movimentação de produtos. A solução No momento, a consultora está fazendo levantamento de
depende de estudos aprofundados de demanda, mas esses identificação de trechos antieconômicos da Malha Sul,
trechos podem ter vocação para o transporte regional ou contratado pela Rumo.
urbano de passageiros (em linhas que atravessam cidades)
ou para trens turísticos. Pode haver casos também em que Inspiração norte-americana
a ferrovia não se viabiliza no presente, mas sua faixa de Difícil comparar a infraestrutura ferroviária dos EUA
domínio pode ser importante para uma ferrovia de carga com a do Brasil. Mas no país norte-americano, as fer-
Eric Freas
rovias viveram algo pare-
cido na pré-assinatura do
Staggers Rail Act, em 1980.
Havia uma quantidade signi-
ficativa de trechos e ramais
abandonados ou conside-
rados de baixa demanda na
época. Não era permitido aos
operadores ferroviários (que
nos EUA atuam como autori-
zatários) reestruturarem seus
sistemas, inclusive em rela-
ção às linhas inoperantes.
Com o Staggers Act, os
processos de compra e venda
e desativação de linhas fér-
Trem de carvão da shortline Buffalo & Pittsburgh Railroad, no estado de Nova Iorque reas foram simplificados. O
aumento da oferta de ativos
futura. O diretor da Sysfer Consultoria e Sistemas, Bento propiciou a entrada de diversas empresas no mercado fer-
Lima, acredita, no entanto, que grande parte da malha sem roviário, com ampla participação de pequenos e médios
tráfego no Brasil poderia ser reativada como shortline. Em operadores. Atualmente existem mais de 600 shortlines
segundo lugar, o uso mais frequente seria para turismo. operando no país.

48 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023


Informe Publicitário

Bersul Radiadores
cresce no setor ferroviário
Empresa tem notado aumento da demanda por sistemas
de refrigeração para locomotivas, seu carro-chefe no mercado

Alessandra
A empresa tem sede em Curitiba e conta com 12 funcionários

N
Luiz:
Produção
atural de Curitiba (PR), a Bersul Radiadores de qualidade em todo processo de produ- com viés
vem colhendo os frutos dos investimentos fer- ção. ‘Nossa matéria-prima (cobre e alumí-
sustentável
roviários nos últimos anos. De 2021 para cá, a nio) é certificada, e os equipamentos e fer-
empresa registrou crescimento de 15% a 20% ramentais próprios são desenvolvidos em
na procura por seus produtos, o que se refletiu nossa sede”, afirma. Atualmente, a empresa
também num considerável aumento de receita. conta com uma equipe de 12 funcionários.
É o que afirma a diretora Alessandra Luiz, que assumiu
o comando da companhia familiar, em 2020. A Bersul Produtos ecológicos
atua há quase 30 anos no mercado ferroviário e tem Já Alessandra faz questão de frisar o viés ecológico
como carro-chefe sistemas de refrigeração para loco- dos produtos da Bersul. Segundo ela, todos os equi-
motivas a diesel e elétricas, como radiadores de água, pamentos produzidos na fábrica de 1 mil metros qua-
intercoolers, aftercoolers, resfriadores de óleo e troca- drados no Paraná são 100% sustentáveis, uma vez
dores de calor. que no processo de fabricação, os tubos de cobre são
O crescimento da empresa vem a reboque da frota achatados, o que proporciona uma melhor troca tér-
de máquinas de tração adquirida pelas concessioná- mica, e expandidos mecanicamente para fixação nas
rias. Entre seus clientes estão as principais opera- aletas e flanges. “Sendo assim, não se faz necessário
doras de carga do Brasil e também companhias fora o uso de solda, o que torna esses produtos isentos
do país. “Atualmente, nossos radiadores, intercoo- de chumbo e estanho e, por essa razão, ecológicos”,
lers, aftercoolers, resfriadores de óleo e trocadores explica a diretora.
de calor estão presentes em todas as ferrovias bra- Além disso, a Bersul submete seus produtos a seve-
sileiras e em outros países, como Quênia, na Áfri- ros testes tecnológicos, diz Alessandra. “Aplicamos re-
ca, além de Argentina e Bolívia, na América do Sul”, gimes específicos de trabalho, tornando-os confiáveis,
ressalta Alessandra. duráveis e seguros”. A qualidade no processo produtivo
Uma das parcerias mais relevantes da Bersul, nos combina com o otimismo da empresa com o setor ferro-
últimos anos, foi com a Mahle, para o desenvolvimento viário. Para a diretora, a tendência é que a Bersul cresça
de radiadores para as locomotivas modelo AC44. Mas a ainda mais no mercado. “Acreditamos que a frota ferro-
empresa também atua em outros segmentos, como in- viária será amplamente renovada, e com isso teremos
dustrial e de maquinários pesados. “Temos o objetivo de um grande aumento na busca por novos produtos ou por
sempre continuar expandindo e ampliando nosso leque serviços de manutenção de peças, tanto para locomoti-
de produtos”, ressalta o supervisor comercial, Fabiano vas, quanto para veículos de manutenção de vias, am-
Santos, acrescentando que a companhia não abre mão bos ofertados por nós atualmente”.
de ter uma equipe qualificada, além de um forte controle Para mais informações, acesse www.bersul.com
capa
“As shortlines

Vosmar Rosa/MT
são fundamentais” Leonardo Ribeiro:
"É importante
envolver governos,
O novo secretário nacional de Transporte Ferroviário do Minis- concessionárias,
tério dos Transportes, Leonardo Cezar Ribeiro, diz que desenvolver associações
shortlines no Brasil está entre as prioridades de sua gestão. Afirma e indústria"
também que está comprometido em ampliar a participação das fer-
rovias na matriz de transporte brasileira.

Revista Ferroviária – O governo trabalha com algum projeto


de ferrovias shortlines?
Leonardo Ribeiro – Temos pela primeira vez, desde a Constituin-
te, uma secretaria nacional dedicada exclusivamente ao desenvol-
vimento de ferrovias no país. Isso mostra a importância que está
sendo dada a esse modo de transporte. E, nesse ambiente, as
shortlines são fundamentais. A Lei n° 14.273/21 trouxe possibili-
dades nesse sentido. Importante lembrar que as shortlines voltaram
a ter importância nos EUA na década de 1970, quando várias fer- latório pode propiciar recuperação e dar nova destinação a trechos
rovias de grande porte estavam abandonando ou vendendo trechos da malha ferroviária nacional ora inoperantes.
curtos pouco lucrativos.
RF – Quais são as barreiras para as shortlines no Brasil e
RF – Como o exemplo norte-americano pode inspirar o Brasil? como saná-las?
LR – Nos EUA existe uma cultura de valorização dessa categoria LB – Para destravar as shortlines no Brasil, vejo como necessário
de ferrovias. Faz parte de uma estratégia fomentar a eficiên- articular com todos os setores envolvidos iniciativas para tornar o
cia do transporte ferroviário, reduzindo os custos de frete para ambiente de negócios o mais seguro e previsível possível. Ou seja,
produtores rurais e outras indústrias. Isso se reflete em uma mais favorável à viabilização de investimentos nesse ramo. É impor-
regulação que busca incentivar a operação desse tipo de linha tante envolver governos, concessionárias, associações e indústria
e facilitar o acesso das pessoas e das empresas ao mercado de para construir uma regulamentação infralegal com soluções que
transporte ferroviário. sejam sustentáveis e benéficas para toda a cadeia envolvida.

RF – Como o Ministério dos Transportes enxerga o processo RF – As shortlines podem ser parte da solução para o es-
de devolução de trechos inoperantes? coamento de cargas ou o foco estaria no mercado interno?
LR – A gestão anterior tinha iniciado estudos para propor uma nova LR – O Brasil tem enormes desafios a superar no setor ferroviário.
metodologia ao processo de devolução de trechos. Ela traz uma Apenas 17% do que é transportado no país em cargas é realizado
hierarquização das possíveis medidas a serem adotadas para dar por ferrovias. Dessas cargas, 85% correspondem a minério de ferro
destinação a essas linhas. A nova gestão vai analisar o assunto e grãos, sendo 70% e 15%, respectivamente. Em 2022, o Brasil
com o objetivo de garantir um ambiente institucional adequado para exportou cerca de U$ 90 bilhões para China, sendo 56% de valor
atrair investimentos privados. As regras infralegais do processo de concentrado em soja e minério de ferro. Acredito que as shortlines
devolução de trechos devem ser construídas de forma integrada podem contribuir para soluções de escoamento dessas cargas, mas
com a gestão dos ativos e sua devida destinação, seja para ope- de forma integrada com eixos estruturadores tendo em vista a ma-
ração futura ou para outras finalidades de interesse público. Assim lha ferroviária concedida.
evita a deterioração do patrimônio público.
RF – Há alguma necessidade de adaptação dos contratos
RF – A pasta tem participado das discussões para a regulação de concessões para que o modelo de shortline possa ser
de chamamento público para trechos ociosos e/ou devolvidos? aplicado no Brasil?
LR – Cabe aqui entender que o processo de chamamento público LR – Sobre adaptação de regimes exploratórios (concessão e auto-
mencionado no novo marco das ferrovias é um instrumento que rização), acredito que possamos avançar nas discussões. O nosso
possibilita identificar e selecionar interessados em explorar trechos objetivo é ampliar a participação do setor ferroviário na matriz de
ferroviários por meio de autorização. O Ministério dos Transportes e transporte. O Plano Nacional de Logística aponta a necessidade de
a ANTT devem interagir de forma perfeitamente alinhada nesta pau- ampliar significativamente a participação do modal ferroviário ao
ta. Acredito que a regulamentação do chamamento público pode patamar de 40% de toda a carga transportada no país até 2035.
impulsionar o mercado de shortlines, abrangendo trechos ociosos Isso será possível fazendo um trabalho articulado, de cooperação,
e em processo de devolução ou desativação. Esse arcabouço regu- com todos os setores envolvidos.
50 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023
“As companhias ferroviá- sitos nos EUA: integrar indús-
rias começaram a pressionar trias que utilizam o transporte
o órgão regulador dos EUA ferroviário para fins particula-
para a desregulamentação do res; alimentar o tráfego de car-
sistema, porque eles queriam gas das ferrovias estruturantes
se livrar de muitas dessas li- (a grande maioria opera para
nhas que estavam dando pre- isso); e realizar o transporte
juízo”, explica João Felipe de passageiros, seja para fins
Lanza, pesquisador acadêmi- turísticos ou comerciais.
co com ênfase em transporte Um dos motivos, segundo
ferroviário e autor do livro ele, para esse modelo pros-
‘Ferrovias, mercado e políti- perar nos EUA é a própria
cas públicas: as shortlines como solução para o transpor- infraestrutura ferroviária, madura e com concorrência
te ferroviário no Brasil’. entre as malhas estruturantes. Naquele país, mais de uma
No mercado ferroviário norte-americano, essas linhas companhia faz trajetos entre as costas Leste e Oeste, as-
são categorizadas através de sua receita anual de opera- sim como de Norte a Sul. A shortline se utiliza dessa
ção. Podem pertencer ao grupo de classe 2 (com receitas competitividade para barganhar em relação a direito de
entre US$ 35,8 milhões/ano e US$ 447,6 milhões/ano) e passagem e tarifas de transporte. Cerca de 30% da carga
de classe 3 (com faturamento inferior a US$ 35,8 milhões movimentada em ferrovias tronco nos EUA têm origem
anual). As de classe 1 têm receitas acima de US$ 447,6 ou termina numa shortline, número considerado expres-
milhões/ano. Lanza diz que as shortlines tem três propó- sivo. No Brasil, os corredores estruturantes são basica-

Locação e Venda de Vagões,


Rodeiros e Demais Componentes

10 Vagões Graneleiros
7 Vagões Plataforma
(com possibilidade de troca de bitola)

E-mail: freight@uol.com.br Contato: (11) 999790208


capa
mente monopólios geográficos de poucas companhias, pagavam, elas ganhavam crédito tributário de US$ 0,50
uma barreira para a concorrência de preços. para investir em infraestrutura. Como a maioria dos tre-
chos estava em péssimo estado quando essas empresas
Negócio familiar assumiram, isso foi importante para a recuperação de boa
“Certa vez fui visitar uma shortline nos EUA em que parte da malha ferroviária”.
o dono da linha era o próprio maquinista, que manobrava
sua locomotiva no pátio. Tinha lá dois ou três ajudantes Operação na linha
e uma frota de 30 a 40 vagões”, conta Lima, da Sysfer As operadoras norte-americanas de shortlines captam
Consultoria e Sistemas, descrevendo a simplicidade com cargas de diversos clientes, carregam seus vagões até o
que muitas shortlines operam nos EUA. Há uma questão, limite da linha e os entregam prontos na ferrovia tronco
até óbvia, de que essas ferrovias dispõem de um modelo (classe 1). Essas ferrovias engatam os vagões da shortline
de operação mais flexível em relação a questões técnicas e em seus trens tipo e fazem o trabalho de distribuição da
operacionais, desde o tipo de dormentes e perfil de trilhos carga no mercado interno, às vezes em parceria com em-
até o material rodante e a velocidade de tráfego. presas de logísticas contratadas pelas próprias shortlines.
Uma equipe da ANTT chegou a fazer visitas aos EUA A infraestrutura ferroviária nesse percurso faz diferença,
no ano passado para conhecer mais a fundo o que aconte- uma vez que existem hubs de distribuição no caminho.
ceu no modelo ferroviário americano da década de 1980 Esse é mais um desafio para a futura implementação de
para cá. “A malha dos Estados Unidos é dez vezes maior ferrovias shortlines no Brasil. Os projetos, inevitavelmente,
do que a nossa, então são contextos muito diferentes. Te- deverão vir acompanhados de investimentos na construção
mos que utilizar as inspirações do que deu certo lá, mas de estruturas onde se possa fazer a interface com a linha
adaptando para o nosso arcabouço institucional e jurídi- tronco. Outro ponto que deverá ser trabalhado é o modelo
co”, afirma Gilson Gonçalves de Matos, gerente de Regu- de operação das concessões, hoje voltado basicamente para
lação Ferroviária da ANTT. cargas de exportação, com origem e destino definidos.
Os estudos ainda estão no início, mas um dos pontos a Com a entrada de shortlines, as concessionárias passa-
ser considerado é a desregulamentação de metas nesses rão a ter necessidade também de operar com tráfego in-
trechos. “Num contrato de prorrogação antecipada exis- termediário, ou seja, aquele que não nasce no centro de
tem metas de idade máxima de locomotiva, de velocidade, produção e não termina no porto. Essa operação inter-
acidentes etc. Então, a ideia é desregulamentar, na medida mediária, focada no mercado interno, além de ser mais
do possível, tirar o máximo de metas para viabilizar a ope- custosa, porque exige estrutura e volumes, requer maior
ração de shortlines”. esforço das equipes comerciais – isso pode explicar o fato
O pesquisador João Felipe Lanza destaca uma das for- de as ferrovias brasileiras darem preferência a corredores
mas de incentivo dada pelo governo americano para esti- de exportação. O sucesso de todo esse processo, portanto,
mular as shortlines. “Foi um programa de crédito tribu- depende de questões que vão além da simples e enxuta
tário que a cada US$ 1 de imposto que essas operadoras operação das shortlines.

O caso de Minas Gerais


O trecho Lavras-Varginha, de 130 km, em Minas Gerais, hoje café) quanto para passageiros (regional e turístico).
sob concessão da FCA, pode ser o primeiro dentro do conceito Em 2021, o governo estadual aprovou uma lei de autorização
de shortline a operar no Brasil. Essa é a intenção da Secretaria ferroviária e elaborou em parceria com a Fundação Dom Cabral e
de Infraestrutura e Mobilidade de Minas Gerais (Seinfra-MG), que patrocínio da ANTF, o Plano Estratégico Ferroviário (PEF). Em re-
conseguiu um acordo com a ANTT, para que a linha fosse recupe- sumo, traz um cardápio de alternativas de exploração de trechos
rada pela concessionária num prazo de 30 meses (vence em ja- ferroviários abandonados, inoperantes ou erradicados em Minas,
neiro de 2024). O trecho está no pacote de devoluções da FCA. A por meio de shortlines. “Já temos dois interessados no trecho La-
ideia é que ele possa ser oferecido à iniciativa privada por meio de vras-Varginha e por esse motivo, esperamos que, em breve, pos-
chamamento público. Segundo a Seinfra, a proposta de um dos samos lançar o chamamento público e viabilizar o retorno da ope-
players interessados é para o uso tanto para cargas (a principal é ração ferroviária naquela região”, afirmou a secretaria em nota.
52 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023
reportagem

Agora vai?
Termo aditivo e mudanças
no escopo do projeto dão gás
à nova ferrovia Transnordestina
Por Bianca Rocha


N
unca tivemos uma possibilidade tão grande e modelagem financeira da ferrovia, segundo Daher, afir-
próxima de finalizar esse projeto como ago- mando ainda que a empresa tentará resgatar pouco mais
ra”, vaticina Tufi Daher Filho, presidente da de R$ 1 bilhão (R$ 234 milhões do Finor e R$ 811 mi-
Transnordestina Logística SA (TLSA), res- lhões do FDNE) contratados à época da suspensão e que,
ponsável pela construção da nova ferrovia Transnordes- portanto, ficaram impedidos de serem utilizados no pro-
tina. A companhia está estruturando um novo modelo de jeto. A companhia está em meio a negociações com a
financiamento para a conclusão do projeto, cujo históri- Sudene para liberação desses recursos. Até o momento
co, há 17 anos, é marcado por paralisações, suspensão de já foram transferidos R$ 70 milhões.
recursos, problemas na Justiça e obras inacabadas. Algu- Mas esses valores não chegam nem perto do que é ne-
mas reviravoltas, no entanto, trouxeram à tona a oportu- cessário para concluir as obras. Com o aditivo ao contra-
nidade de finalizá-las. Uma delas foi a assinatura de um to da TLSA, foi retirado do projeto o trecho de Salgueiro
termo aditivo ao contrato da TLSA, no apagar das luzes a Porto de Suape, em Pernambuco, mantendo apenas o
de 2022, que prolongou a concessão até 2057 e incluiu traçado de Eliseu Martins (PI) até Porto de Pecém (CE)
mudanças no traçado da futura malha. Isso se somou a como parte da ferrovia. Dos 1.728 km do projeto origi-
determinações do Tribunal de Contas da União (TCU), nal, a ferrovia passou a ter 1.282 km, sendo que destes,
no ano passado, que permitiram a volta do repasse de re- 627 km precisam ser construídos do zero e/ou finaliza-
cursos de fundos públicos para a construção da ferrovia. dos, ao custo de R$ 7,8 bilhões. O prazo máximo para
Aportes do Fundo de Investimento do Nordeste (Fi- isso acontecer é até 2029, diz o documento.
nor), Fundo Constitucional de Financiamento do Nor- A assinatura do termo aditivo encerrou um processo
deste (FNE), Fundo de Desenvolvimento do Nordeste de caducidade do contrato da TLSA que corria na Agên-
(FDNE) e do BNDES estavam proibidos para o projeto cia Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT) havia
da Transnordestina desde 2017, por ordem do Tribunal. alguns anos. A ANTT chegou a recomendar ao Minis-
Agora, todos esses (e outros) podem voltar a compor a tério da Infraestrutura a caducidade da concessão por
54 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023
Trem carregado
de brita da TLSA

Fotos: Divulgação/TLSA
conta de descumprimento de metas de contrato, mas a & Company Consultoria, no ano passado. A consultora,
solução do governo foi manter a concessão sob novas segundo o governo federal, constatou que o empreendi-
obrigações e prazos mais rígidos para a concessionária, mento só teria viabilidade econômica com a retirada do
além de mudanças no escopo do projeto da ferrovia. trecho, que voltará para a União. Cabe o governo federal
a destinação da linha, cujo traçado faz parte de um pedido
Trecho de fora de autorização (já aprovado) da mineradora Bemisa, para
A retirada do trecho de Pernambuco, que representa a construção de uma ferrovia entre Ipojuca (Porto de Su-
30,23% do projeto, é um ponto polêmico deste novo ape) e Curral Novo (PI), com 717 km.
capítulo da Transnordestina. A cisão O fato pode ser até um facilitador
do traçado vem recebendo críticas para a TLSA estruturar financeira-
do governo daquele estado e arti- "A solução do governo mente o projeto, uma vez que deverá
culações de senadores com pedidos ser feito um encontro de contas entre
para que o executivo federal volte
foi manter a concessão o governo federal e a concessionária.
atrás. No entanto, a decisão tem sido sob novas obrigações e De um lado, cerca de 200 km do tre-
reforçada pelo Ministério dos Trans- prazos mais rígidos para cho de Pernambuco (entre Salguei-
portes como fundamental para que
a concessionária, além de ro e Custódia) já foram construídos
as obras da Transnordestina, de fato, pela companhia. De outro, as linhas
sejam concluídas. mudanças no escopo do inoperantes da Ferrovia Transnor-
“Com a adaptação do contrato, será projeto da ferrovia." destina Logística (FTL, operadora da
possível concluir a ferrovia sem in- Malha Nordeste) deverão ser devol-
vestimento público”, afirma a pasta. A vidas para União e, com isso, gerar
ideia de retirar o trecho do projeto veio de um estudo con- um valor de indenização. Segundo Daher, esses trechos
tratado pelo então Ministério da Infraestrutura à Mckinsey antigos, que somam cerca de 3 mil km e atingem todo
REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023 55
reportagem
o lado leste da malha, preci- A TLSA espera entregar mais 100 km
sam ainda ser valorados pela de ferrovia até o final deste ano
ANTT. “Depois desse en-
contro de contas, o TCU, por
meio do acórdão, se compro-
meteu a analisar novamente a
liberação de prováveis recur-
sos do orçamento federal para
as obras".
Embora tenha liberado o
aporte de fundos públicos, o
TCU manteve a suspensão do
repasse de recursos diretos do
Orçamento Geral da União
para o projeto (por meio da
Valec, hoje Infra SA, e do
Ministério dos Transportes).
A medida vigora desde 2017.
Essa é mais uma complexi-
dade para o caso, uma vez
que a Infra SA é a segunda
maior acionista da TLSA,
com 36,47% das ações, atrás
apenas da Companhia Side-
rúrgica Nacional (CSN), com PROJETO DA FERROVIA TRANSNORDESTINA
48,04%. Segundo fontes, a es-
tatal aguarda direcionamento
do novo governo para a venda
de sua participação na empre-
sa. O Ministério dos Trans-
portes reforçou, em nota, que
pelo acórdão do TCU “não
existirá participação pública
para a nova estrutura do pro-
jeto com a futura saída da Va-
lec do acordo de acionista”.

Capital próprio
A nova estruturação finan-
ceira, a princípio, só poderá
contar com fundos de investi-
mentos e capital próprio dos
acionistas da companhia. De
acordo com Daher, a CSN se
comprometeu, sozinha, a in-
vestir 20% do total de R$ 6,8
bilhões – já descontados os

56 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023


Sistema LVT - Metrô RJ
Dormentes Monobloco - VL! LOGISTICA

Dormentes Bitola 1600mm


Dormentes AMV - Metrô SP / CPTM VALE - Projeto S11D Sistema LVT para AMV - Metrô da Bahia

O ESTADO DA ARTE EM CONCRETO


Dormentes Monobloco
Monoblock Sleepers
Dormentes para AMV
Sleepers for Turnouts
Dormentes Monotrilho
Monorail sleepers
Dormentes para VLT
Tramway Systems
Sistemas LVT
LVT Systems
Sistema LVT para AMV
LVT System for Turnouts
Passagens em Nível
Level Crossings

Dormentes Monobloco
RUMO - Malha Norte comercial@conprem.com.br
21 2240-9884 / 99601-7929 www.conprem.com.br
reportagem
R$ 1 bilhão contratados com Finor e FDNE e que faltam ser
liberados. Pelo termo aditivo, o capital próprio investido, que Demanda da
inclui os recursos acionários da TLSA, deverá ser de 66,6%
do total do projeto, o que equivale cerca de R$ 5 bilhões.
ferrovia será revista
O executivo explica ainda que o financiamento do FDNE A Transnordestina Logística SA contratou um
é dívida de longo prazo para a companhia, mas o do Finor é novo estudo para entender qual é a real demanda de
feito na modelagem equity, ou seja, o fundo reaverá o inves- cargas para a futura ferrovia entre Eliseu Martins (PI)
timento proporcionalmente através de dividendos e participa- e Porto de Pecém (CE). O levantamento deverá ser
ção acionária quando a ferrovia iniciar sua operação. Além entregue em 60 dias. O último feito nesse sentido é
da CSN e da Infra SA, o grupo de acionistas da TLSA é com- de 2017.
posto pelo BNDES (7,72%), BNDES Par (6,13%) e Finame O projeto da ferrovia remonta de 2006, quando a
(fundo de financiamento do BNDES destinado à produção e principal aposta, além do minério, era grãos. Mas na-
aquisição de máquinas e equipamentos – 1,64%). quela época, a demanda de produção na região do
Matopiba (Maranhão, Tocantins,
Conclusão da Piauí e Bahia), área de influência da
Transnordestina Transnordestina, não passava de
agora depende de
5 milhões de toneladas de grãos.
arranjo financeiro
Hoje está em cerca de 30 milhões
de toneladas, afirma o presidente
da TLSA, Tufi Daher Filho.
“Nosso plano de negócios
captura apenas uma parte disso,
mas mesmo assim, a expectativa
é que não tenhamos mais uma
dependência tão grande do miné-
rio como estava previsto lá atrás,
quando falávamos em 15 a 20
milhões de toneladas de minério.
Hoje está muito mais voltado para
grãos, fertilizantes, cimento, carga
geral, combustíveis etc. O que vier
a mais é plus, mas a grande car-
ga da Transnordestina é grãos”,
ressalta Daher, que não se aflige
O valor gasto nas obras é um dos pontos mais sensíveis na com os projetos de novas ferrovias que também têm
história da ferrovia Transnordestina. Ao todo, foram cerca de no Matopiba a principal região para a captura de
R$ 6,7 bilhões aplicados de 2006 a 2017, maior parte vinda de cargas. “Sou ferroviário há muitos anos e vejo que
aportes públicos (financiamentos e recursos diretos da União). quanto mais possibilidade de logística de primeira
A TLSA diz, no entanto, pagar “religiosamente” as parcelas qualidade tivermos, mais se estimula a competição.
dos empréstimos contraídos do FDNE. “É o único projeto bra- Quem decide para onde vai a carga é o cliente”.
sileiro de infraestrutura, que mesmo não estando em operação, Daher pontua também que a premissa da com-
já pagou mais de R$ 1 bilhão em juros e de parcela principal. panhia é “ser pé no chão”. “Temos uma boa noção
E nós somos totalmente adimplentes”, afirma Daher. na região, a gente conversa com clientes, sabemos
O fato é que o volume de recursos aplicados no projeto muito proximamente qual será a demanda. Mas
levou à construção de apenas 600 km de ferrovia até 2017. precisamos mostrar isso ao mercado. Por isso, cha-
Foi naquele ano que o TCU determinou a suspensão dos re- mamos uma empresa especializada para fazer esse
passes de recursos no âmbito de fundos federais e OGU. A levantamento”, conclui.
58 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023
reportagem
justificativa estava pautada em uma série de irregulari- gundo ele. O ritmo começou a avançar um pouco mais a
dades constatadas pelo Tribunal, que iam desde reso- partir de 2019, quando a revisão dos projetos executivos
luções da ANTT, que incluíram trechos no projeto sem estava sendo finalizada e aprovada na ANTT. De lá para
que houvesse estudos de vantajosidade, até a falta de cá, Daher pontua que a CSN aplicou R$ 2 bilhões na
apresentação de projetos executivos e estudos geotéc- construção de 215 km em diversos trechos entre Piauí e
nicos pela TLSA. Ceará, concluídos no final de 2022. A intenção esse ano
Daher diz que até 2014 foram construídos 500 km de é entregar mais 100 km de ferrovia. “Independentemente
ferrovia, o que não seria possível sem estudos consisten- dos recursos que vão vir nós vamos acabar até o final do
tes. “Mas fizemos uma revisão global dos projetos exe- ano os lotes 2 e 3, entre Iguatu e Acopiara, no Ceará”.
cutivos e uma nova reapresentação dentro das resoluções A TLSA pretende antecipar também a conclusão da
da ANTT. Vários profissionais gaba- ferrovia antes do prazo máximo esti-
ritados da agência se debruçaram so- pulado pela ANTT, que é 2029. “No
bre esses novos projetos e fizeram, no mais tardar, em 2027, queremos estar
"Independentemente dos
final de 2019, uma aprovação de to- com tudo pronto. Isso vai depender de
dos esses estudos, fato que, inclusive, recursos que vão vir nós quê? Recursos, porque já temos pro-
já está publicado no Diário Oficial da vamos acabar até o final jeto, licença e desapropriação. Mas
União. Não há mais o que se falar so- do ano os lotes 2 e 3, entre estamos em conversas com a ANTT
bre esse assunto na Transnordestina”, para que, eventualmente, possamos
Iguatu e Acopiara,
diz. A apresentação dos estudos e a ter uma licença de operação provisó-
consequente aprovação deles junto à no Ceará." ria, antes de concluir a ferrovia até o
agência reguladora contribuiu para Tufi Daher Filho, presidente da porto, para o transporte de cargas no
que o TCU resolvesse uma parte do Transnordestina Logística SA mercado interno. Temos a pretensão
impasse que rondava a ferrovia, com de já no ano que vem, começarmos
o acórdão emitido em julho de 2022. a fazer essas movimentações experi-
O presidente da TLSA diz que, até então, a última libe- mentais entre os estados”, afirma Daher. Com a assina-
ração de recursos para o projeto aconteceu em 2014, de tura do termo aditivo, a TLSA também ficou responsável
R$ 800 milhões do FDNE. Após isso, as obras passaram integralmente pelos custos da desapropriação do traçado.
a ser tocadas com recursos próprios da CSN. Os avanços Segundo Daher, essa parte está 100% concluída de Eli-
foram poucos, porém nunca foram 100% paralisadas, se- seu Martins ao Porto de Pecém.

Estrutura montada para as obras


da ferrovia Transnordestina

60 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023


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usufruem de vantagens significativas ao implementar este modelo de
equipamento.

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Tipos de informação
Interfaces Protocolo vital à escolha do cliente, Protocolo FSE (Frauscher
Seção livre/ocupada (SIL4)
Safe Ethernet) e/ou sinal vital via relé ou optoacoplador
Sentido da composição (SIL4)
Nível de segurança SIL 4 (comunicação em conformidade com a norma EN 50159, Número de eixos
categoria 2)
Comprimento da composição

Temperatura Equipamentos externos: -40 °C a +85 °C (classe climática TX Velocidade


referente a „ambientes externos“ da EN 50125-3) Diâmetro da roda
Equipamentos internos: -40 °C a +70 °C (classe climática T2
Dados de diagnóstico
referente a „em gabinete“ da EN 50125-3)

Umidade Equipamentos externos: 100%, IP68, Aplicações


Equipamentos internos: até 100% (sem condensação ou
formação de gelo em todo o intervalo de temperatura) Indicação de via livre/ocupada
Sistema secundário de
Compatibilidade EN 50121-4 sinalização
eletromagnética Passagem em Nível

Resistência Mecânica 3M2, de acordo com a EN 60721-3 – adequado para uso em


Proteção em AMV
gabinetes compactos e em ambientes externos próximos à via Penalização ao avançar sinal
vermelho
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A mobilidade urbana
no novo governo SÉRGIO AVELLEDA*

O
novo governo federal, tal como desejáva- prioridades. Nossos sistemas locais, sejam de pneus
mos e previmos aqui, recriou o Ministério ou de trilhos, enfrentam o maior desafio de sustenta-
das Cidades e, dentro dele, a Secretaria bilidade financeira da história. O modelo de reparti-
Nacional de Mobilidade Urbana. ção dos custos entre os usuários já perdeu a capacida-
Mais de 80% da população brasileira já vive em áreas de de responder e arcar com os custos e investimentos
urbanas. As cidades, tal como imãs, seguem atraindo as necessários à operação dos sistemas. É preciso enca-
pessoas com as suas oportunidades, utopias e contra- rar a realidade de que novas fontes de financiamento
dições. Faz todo sentido que as cidades sejam objeto precisam ser cultivadas, que não é justo o usuário do
privilegiado das políticas sistema arcar com os seus
públicas, a serem articuladas Esperamos, sinceramente, que o custos, quando toda a socie-
por um Ministério, com todo tema do financiamento do transporte dade se beneficia do uso do
o prestígio que essa estrutura transporte público. A União
da alta administração federal
público seja a prioridade das terá que, de alguma forma,
se reveste. prioridades. Nossos sistemas locais, contribuir com o financia-
Também comemoramos sejam de pneus ou de trilhos, mento da operação dos sis-
a recriação da Secretaria enfrentam o maior desafio de temas, quer seja ressarcindo
Nacional de Mobilidade as gratuidades fixadas em
Urbana, completamente fo-
sustentabilidade financeira da história. legislação federal, quer seja
cada no tema do transporte transferindo recursos para
público, da mobilidade ativa e da logística urbana. os sistemas. Neste caso, fica a sugestão de condicio-
O tema urbano pode remeter à ideia de competência nar a transferência à adoção das melhores práticas,
exclusiva dos municípios. Errado. A União Federal como por exemplo, a adoção da autoridade metropoli-
pode e deve fazer muito para articular as políticas tana de mobilidade, nas áreas com municípios conur-
públicas, dar o norte e a estratégia e, ainda, apoiar na bados e interdependentes.
execução e na implementa- Nesta direção, há a ex-
ção, quer seja com recursos Há a expectativa que o novo governo, pectativa que o novo go-
ou com apoio técnico. verno, sentado que está na
Porém, ao lado de nosso
sentado que está na legitimidade legitimidade outorgada pe-
regozijo pela recriação des- outorgada pelas urnas, use seu las urnas, use seu prestígio
sas entidades que contam prestígio e capital político para agilizar e capital político para agi-
com prestígio e capacidade lizar a aprovação, no Sena-
a aprovação, no Senado e, depois
de articulação, ainda reside do e, depois na Câmara, do
uma ansiedade por conhe- na Câmara, do novo marco legal novo marco legal do trans-
cer, no detalhe, quais serão do transporte público. porte público, representa-
os passos a serem trilhados do pelo Projeto de Lei de
pelo novo governo no campo da mobilidade urbana. autoria do ex-senador Antonio Anastasia.
Esperamos, sinceramente, que o tema do finan- Em outra frente, para os trilhos, espera-se que
ciamento do transporte público seja a prioridade das o governo enfrente a necessidade de investir for-

62 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023


temente nas linhas operadas A União terá que, de alguma te). Mas é preciso relançar com
pela CBTU. Enxergar que correções de rumo. Que não
forma, contribuir com o
essas linhas são estruturais e volte a política da construção
podem, se modernizadas, con- financiamento da operação de habitações de interesse so-
tribuir significativamente para dos sistemas, quer seja cial nas áreas remotas das cida-
uma mobilidade sustentável e ressarressarcindo as gratuidades des, onde não há emprego nem
inclusiva nas cidades por elas oportunidades de renda. Essa
fixadas em legislação federal,
beneficiadas. É urgente enca- conta, depois, é paga pelos sis-
rar a CBTU para além de es- quer seja transferindo recursos temas de mobilidade, sobrecar-
paço político no governo. É para os sistemas. regados e ineficientes do ponto
uma empresa que tem respon- de vista econômico.
sabilidades sérias e que demanda soluções técnicas Por fim, a principal expectativa é que a Secretaria
e altamente especializadas. Olhar para eventuais Nacional de Mobilidade Urbana exerça uma posição
parcerias com o setor privado como oportunidades de liderança, se articulando com as entidades da so-
para alavancar investimentos e ciedade civil, com estados e mu-
otimizar a operação. Ou, então, Neste caso, fica a sugestão de nicípios. Faça valer a sua força
sob gestão pública, priorizar a para induzir a adoção de práticas
técnica e as melhores práticas,
condicionar a transferência à já testadas e aprovadas, como a
conjugando com alocação de re- adoção das melhores práticas, implantação das autoridades me-
cursos e prioridades nas ações como por exemplo, a adoção tropolitanas, já referida aqui, o
governamentais. incentivo à mobilidade limpa,
da autoridade metropolitana
Não existe mobilidade urbana ativa e inclusiva. Os trilhos pre-
sustentável, segura e inclusiva de mobilidade. cisam voltar a crescer. A indústria
divorciada do planejamento ur- ferroviária está pronta para vol-
bano. Acabamos de assistir o relançamento do pro- tar a ser pujante e geradora de riquezas e tecnologias.
grama Minha Casa, Minha Vida, também sob a li- Falta-nos a liderança e o estímulo. Mãos à obra.
derança do Ministério das Cidades. Bom sinal, em
termos de agilidade (apenas 45 dias depois de em- *Sérgio Avelleda é sócio-fundador da Urucuia: Mobilidade Urbana e
coordenador do Núcleo de Mobilidade Urbana do Laboratório Arq.Futuro
possado, o governo já retoma um programa relevan- de Cidades do Insper
estudo de mercado

Perdas e ganhos
Rumo e MRS adquiriram novas locomotivas em 2022, mas FCA desmobilizou ativos

A
frota nacional de locomotivas reduziu duas dos os tipos de carga transportados pela ferrovia no trecho
unidades entre março de 2022 e fevereiro entre Rondonópolis (MT) a Santos. Já na MRS, foram in-
de 2023. Nesse período, o número passou corporadas à frota 23 novas locomotivas, sendo oito do
de 3.869 para 3.867 máquinas de tração. Os modelo ES44ACi e 15 do AC44i. A concessionária revi-
dados são do levantamento Todas as Locomotivas, feito sou também alguns dados divulgados nas tabelas de 2022.
anualmente pela Revista Ferroviária. O estudo mostrou Dessa forma, a frota total informada de 892 locomotivas
também que somente Rumo e MRS adquiriram locomoti- foi corrigida para 900 unidades.
vas no ano passado – todas da Wabtec. Juntas, acrescenta- A FCA retirou de circulação alguns modelos de loco-
ram às suas frotas o total de 45 novas máquinas (modelos motivas fabricadas nas décadas de 1950 a 1980. Entre
elas GE BB-36, GE U2,
GE U23, GE U8 e SD40
Divulgação/MRS

MRS comprou 15 novas


locomotivas do modelo (EMD). O levantamento
AC44i da Wabtec verificou ainda acréscimo
de duas máquinas na frota
da Ferrovia Transnordes-
tina Logística (FTL), am-
bas do modelo GE U20.
Elas foram alugadas pela
Transfesa para o transpor-
te de carga geral entre os
estados do Maranhão e do
Piauí. Na Transnordestina
Logística (TLSA), qua-
tro locomotivas SD40 que
estavam inativas no ano
passado voltaram a operar
no transporte de insumos
como trilhos, dormentes
de concreto, brita, AMVs
e acessórios de via para a
obra de construção da fer-
rovia. A operadora, com
isso, mantém sua frota in-
teira ativa.
AC44i e ES44ACi, ambas da Wabtec). Por outro lado, A Estrada de Ferro Vitória a Minas, Estrada de Ferro
houve um número grande de desmobilização de ativos (49 Carajás, Estrada de Ferro Jari, Ferroeste, Ferrovia Nor-
unidades) por parte da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA). te-Sul (VLI) e Ferrovia Tereza Cristina declararam os
O estudo mostrou ainda que a taxa de inatividade geral re- mesmos números do ano passado, ainda que, em algumas
duziu levemente, de 21,1% em 2022 para 19,4% este ano. delas, com pequenas variações entre a frota ativa e a ina-
A Rumo recebeu 22 locomotivas ES44ACi no ano pas- tiva. A Revista Ferroviária não obteve retorno da Estrada
sado, para operação nas Malhas Norte e Paulista. Segundo de Ferro Juruti, Estrada de Ferro Trombetas e Estrada de
a empresa, as máquinas atendem a movimentação de to- Ferro Amapá.

64 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023


Frota de Locomotivas
Taxa de inatividade
Frota Ativa Frota Inativa Frota Total
Operadora (%)
2022 2023 2022 2023 2022 2023 2022 2023
Rumo (Operações Sul +
1.102 1.123 299 300 1.401 1.423 21,3 21,1
Operações Norte)

EF Amapá 0 0 12 12 12 12 100,0 100,0

EF Carajás 298 298 5 5 303 303 1,7 1,7

EF Jari 2 2 0 0 2 2 0,0 0,0

EF Juruti 3 3 0 0 3 3 0,0 0,0

EF Trombetas 6 6 0 0 6 6 0,0 0,0

EF Vitória a Minas 270 270 9 9 279 279 3,2 3,2

Ferrovia Centro-Atlântica 514 512 221 174 735 686 30,1 25,4

Ferroeste 12 12 2 2 14 14 14,3 14,3

Ferrovia Norte-Sul 76 76 4 4 80 80 5,0 5,0

Ferrovia Tereza Cristina 13 13 4 4 17 17 23,5 23,5

MRS 667 705 233 218 900 923 25,9 23,6

Transnordestina (FTL + TLSA) 90 96 27 23 117 119 23,1 19,3

Total 3.053 3.116 816 751 3.869 3.867 21,1 19,4

Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) - 2023


Potência Ano de Frota Frota Frota Potência Ano de Frota Frota Frota
Modelo Fabricante Modelo Fabricante
(HP) fabricação Ativa Inativa Total (HP) fabricação Ativa Inativa Total

ALCO MX-620 MX 2.150 1984 6 31 37 GE U8 GE 900 1963 2 0 2

ALCO SD8 Ziyang 2.762 2011 0 2 2 GM DDM 45 EMD 3.900 1974 0 0 0

AC44 GE 4.400 2013 30 0 30 GM G12 EMD 1.425 1952 9 15 24

GE BB-36 GE 4.000 1979 41 10 51 GM G16 EMD 1.950 1966 0 1 1

GE C36 GE 3.950 1988 0 5 5 GM G8 EMD 950 1960 10 24 34

GE Dash 9-40 GE 4.100 2013 81 0 81 GM GT26 EMD 3.000 1978 0 7 7

GE U10 GE 1.050 1974 2 5 7 GM GT3 EMD 3000 - 0 1 1

GE U12 GE 1.200 1969 4 1 5 GM SD40 EMD 3.300 1986 56 22 78

GE U13 GE 1.420 1969 11 13 24 GM SD70 EMD 4.400 2013 0 0 0

GE U15 GE 1.500 1969 1 1 2 GT46AC EMD 4.350 2014 49 0 49

GE U2 GE - - 0 0 0 SD70BB EMD 4.400 2014 61 0 61

GE U20 GE 2.150 1980 113 30 143 SD70BB EMD 4.400 2018 16 0 16

GE U22 GE 2.408 1987 8 1 9 ES43 Bbi GE 4.300 2018 11 0 11

GE U23 GE 2.400 1976 0 0 0 SKO - VAPOR - - - 0 1 1

GE U5 GE 600 1963 1 4 5 Total 512 174 686

GE U6 GE - - 0 0 0 Fonte: VLI

REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023 65


estudo de mercado
MRS Logística - 2023 Rumo Operação Sul - 2023
Potência Ano de Frota Frota Frota Potência Ano de Frota Frota Frota
Modelo Fabricante Modelo Fabricante
(HP) fabricação Ativa Inativa Total (HP) fabricação Ativa Inativa Total

GE AC44-9 2008- B12 GM 1.000 1955 1 0 1


GE 4.500 247 1 248
DASH 9 2015 BB33M GE 3.300 1983 0 1 1

GE U23 GE 2.400 1975 47 78 125 C30 GE 3.000 1984 49 16 65


D9BB GE 3.990 2011 19 0 19
GE C36 GE 3.900 1984 71 0 71
ES43BBi GE 4.300 2016 48 0 48
GM SD40 EMD 3.300 1967 47 3 50
ELÉT GE 2.300 1947 1 1 2
2015- G12 GM 1.310 1962 41 4 45
GE AC44i Wabtec 4.500 40 32 72
2022
G22 Macosa 1.500 1973 126 14 140
GM SD38 EMD 2.300 1967 30 4 34
G26 GM 2.000 1977 3 10 13
GE C26 7MP GE 2.835 1975 4 34 38 GL8 GM-EMD 875 1962 24 1 25
GE-AC44MIL GE 4.500 2012 31 0 31 GT-1 Villares 2.250 1982 45 4 49

GE C30-7 GE 3.150 1974 28 0 28 GT-18 GM 1.450 1976 11 2 13


GT-2 Villares 2.250 1986 8 2 10
GE U20 GE 2.150 1981 26 0 26
GT-26 GM 2.600 1977 13 2 15
GE MX36 GE 3.840 1982 26 0 26
LEW LEW 960 1970 0 4 4
GE C36-7 GE 3.840 1982 21 0 21 RSD8 ALCO - G.E. 900 1958 0 1 1

GE 720 GE 2.150 1955 9 12 21 SD40 GM 3.000 1976 50 29 79


U12B GE 1.200 1973 10 2 12
GE MX30 GE 3.300 1985 18 0 18
U20C1 GE 2.150 1970 85 9 94
GM SD18 EMD 2.000 1961 1 12 13
U5B GE 600 1963 6 1 7
GE C30-8 GE 3.850 1979 15 0 15 U6C GE 600 1959 1 2 3

HITACHI UG-M1 Macosa 1.500 1973 0 0 0


CREMALHEIRA - HITACHI 3.780 1972 0 13 13
ELÉTRICA UG-M2 GM 2.000 1977 12 0 12
UL-M1 ALL Brasil 1.452 1966 16 1 17
1978-
GE SF30 GE 3.300 10 0 10
1979 UL-M2 ALL Brasil 1.650 1972 4 1 5

GE U5 GE 600 1961 3 6 9 UMM GE 2.100 1979 1 0 1

Total 574 107 681


GE U6 GE 700 1967 5 3 8
Fonte: Rumo
CREMALHEIRA
ADERÊNCIA STADLER 4.500 2012 7 0 7
ELÉTRICA HE 4/4
Rumo Operação Norte - 2023
2014-
SD70ACe EMD 4.350 4 5 9 Potência Ano de Frota Frota Frota
2021 Modelo Fabricante
(HP) fabricação Ativa Inativa Total
1979-
GE U30 GE 3.300 3 0 3 AC44 GE 4.400 1998-2017 254 32 286
2008
C30 GE 3.000 1976-84 128 91 219
EFCB - 1,60M EFCB 170 1969 0 3 3
C36 GE 3.000 1978-85 1 1 2
ALCO RS3 ALCO 1.750 1952 0 3 3 DASH9 GE 4.400 1998-99 18 9 27

ALCO RSD12 ALCO 1.950 1962 0 3 3 G12 EMD 1.310 1957 14 10 24


GP18 EMD 1.050 1957-60 2 3 5
HITACHI
GP9 EMD 1.749 1957-60 0 2 2
CREMA. -
HITACHI 1.050 1980 2 1 3 LEW LEW 1.050 1968 0 11 11
DIESEL ELET.
GE72 GE 600 1972 3 0 3
ALCO 251B
SD40 EMD 3.300 1975 0 2 2
GE C44-9 DASH SD70 EMD 4.350 2012-2013 21 2 23
GE 4.500 2014 2 0 2
9 U5 GE 600 1963 0 1 1
GE C38 EMI GE 4.600 2009 1 0 1 U6 GE 700 1974 0 3 3
U20C GE 2.600 1981 70 21 91
SD80ACe EMD 5,65 2018 1 0 1
U26 GE 2.850 1981 2 2 4
2021- GL8 GM 874 1950-60 15 2 17
ES44ACi Wabtec 4500 0 11 11
2022
ES44ACi Wabtec 4.400 2022 21 1 22
Total 699 224 923
Total 549 193 742
Fonte: MRS
Fonte: Rumo

66 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023


Estrada de Ferro Carajás (EFC) - 2023 Ferrovia Norte Sul Tramo Norte (FNSTN) - 2023
Potência Ano de Frota Frota Frota Potência Ano de Frota Frota Frota
Modelo Fabricante Modelo Fabricante
(HP) fabricação Ativa inativa Total (HP) fabricação Ativa Inativa Total
C36 GE 3.600 1986 24 3 27 AC44 GE 4.400 2013 2 0 2

DASH-8 GE 4.000 1990 4 0 4 GE C36 GE 3.950 1988 10 3 13


GM SD40 EMD 3.300 1986 6 1 7
DASH-9 GE 4.380 2004 111 1 112
ES58ACI GM SD70 EMD 4.400 2013 58 0 58
GE 5.800 2013 97 1 98
(EVO) Total 76 4 80
SD70 EMD 4.100 2006 55 0 55 Fonte: VLI
SD80AC EMD 5.300 2012 7 0 7
Estrada de Ferro Trombetas - 2023
Total 298 5 303
Potência Ano de Frota Frota Frota
Modelo Fabricante
Fonte: Vale (HP) fabricação Ativa Inativa Total
G12 GM 1310 1954 3 0 3
Estrada de Ferro Amapá - 2023 C22-7i GE 2200 2001 3 0 3
Potência Ano de Frota Frota Frota
Modelo Fabricante Total 6 0 6
(HP) fabricação Ativa Inativa Total
Fonte: MRN
C30 GE 3.000 - 0 7 7

SW EMD 1.200 - 0 4 4 Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) - 2023


SW EMD 1.500 - 0 1 1
Potência Ano de Frota Frota Frota
Modelo Fabricante
(HP) fabricação Ativa inativa Total
Total 0 12 12

Fonte: Governo do Estado do Amapá BB36 GE 3.600 1983 1 0 1


DASH-8 GE 4.000 1991 6 0 6
Ferroeste - 2023 DASH-9 GE 4.000 2003 204 6 210
Potência Ano de Frota Frota Frota U26 GE 1.310 1983 0 1 1
Modelo Fabricante
(HP) fabricação ativa inativa total
JOULE Progress Rail 4.000 2020 1 0 1
G12 EMD 1.500 1960 5 1 6
SD45 EMD 3.600 1972 4 0 4
MX620 CAF-EMAQ 2.000 1984 7 1 8
G12 EMD 1.310 1958 22 2 24
Total 12 2 14 G16 EMD 1.800 1964 32 0 32

Fonte: Ferroeste Total 270 9 279


Fonte: Vale
Estrada de Ferro Juruti - 2023
Potência Ano de Frota Frota Frota Ferrovia Transnordestina Logística (FTL) - 2023
Modelo Fabricante
(HP) fabricação Ativa Inativa Total
Potência Ano de Frota Frota Frota
E300 CUN NREC(USA) 3300 2005 2 0 2 Modelo Fabricante
(HP) Fabricação Ativa Inativa Total
Progress 1978/2018
SD40 3000 1 0 1 GE U-5B GE 450 1961 6 6 12
Rail (reformada)
GE U-8B GE 810 1961 0 3 3
Total 3 0 3
GE U-10B¹ GE 810/950 1970 26 1 27
Fonte: Alcoa
GM G12 GM 1310 1958 21 6 27
Ferrovia Tereza Cristina (FTC) - 2023 SD18 GM 1800 1961 2 2 4
Potência Ano de Frota Frota Frota SD38 GM 2000 1966 2 0 2
Modelo Fabricante
(HP) fabricação Ativa Inativa Total SD40 GM 3000 1972 3 0 3
GMG12 GM- EMD 1425 1958 10 3 13 ALCO RSD 8 ALCO 950 1958 24 5 29
GMG22 GM- EMD 1650 1971 1 0 1 GE U20C² GE 2000 1974 6 0 6
GMB12 GM- EMD 1125 1957 1 0 1 Total 90 23 113
GEU5 GE 540 1962 1 0 1 ¹5 locomotivas GE U-10B foram alugadas do Metrofor e circulam em toda a malha.
²As 6 locomotivas do modelo GE U20C são locadas pela Transfesa para o transporte
GMGL8 EMD 950 1961 0 1 1 de derivados no Maranhão/Piauí. Fonte: FTL
Total 13 4 17
Transnordestina Logística S.A. (TLSA) - 2023
Fonte: FTC
Potência Ano de Frota Frota Frota
Modelo Fabricante
(HP) fabricação Ativa Inativa Total
Estrada de Ferro Jari - 2023 SD40 EMD 3.000 1982 6 0 6
Potência Ano de Frota Frota Frota
Modelo Fabricante Total 6 0 6
(HP) fabricação Ativa Inativa Total
SD 38-2 GM 2.000 1978 2 0 2 Obs: as 4 locomotivas SD40 da frota inativa foram reformadas e disponibilizadas
ao tráfego durante o ano de 2022. Dessa forma, todas as 6 locomotivas estão
ativas, sendo utilizadas no transporte de insumos como trilhos, dormentes
Total 2 0 2 de concreto, brita, AMVs e acessórios de via para a obra de construção da
Transnordestina. Fonte: TLSA
Fonte: EF Jari

REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023 67


suprimentos

Fotos: Divulgação
Retenção de
conhecimento
Operadoras investem na capacitação de mão de obra
para aprimorar a manutenção de locomotivas nas oficinas Oficina de locomotivas
Por Letícia Chiantia da EFC, em São Luís (MA)

M
anter uma equipe própria para manutenção do P1-07, em Jeceaba), Rio (oficina de Barra do Piraí) e São
de locomotivas até pode ser desafiador, mas Paulo (oficinas de Raiz da Serra e Jundiaí), responsáveis
os aprendizados internos e oportunidades de pela manutenção de mais de 600 máquinas, com aproxima-
melhoria técnica têm evoluído o trabalho das damente 550 colaboradores envolvidos no processo.
operadoras logísticas: MRS, Vale, Rumo, Transnordestina Se dá para afirmar que uma equipe interna faz a diferen-
(FTL) e Ferrovia Tereza Cristina (FTC). Somando, juntas, ça, também é consenso a dificuldade de contratação de mão
mais de 1.600 colaboradores internos, espalhados por todo de obra qualificada, além de outros aspectos, como plane-
o Brasil, elas são unânimes em dizer que focam na capaci- jamento de materiais, visto que não são encontrados com
tação de mão de obra, primordial, inclusive, para traçar os facilidade no mercado nacional. Para superar esses desa-
planos futuros, como terceirização de serviços. fios, as concessionárias procuram parcerias de longo prazo
A MRS conseguiu explicar bem essas prioridades de tra- e investem em trilhas de carreira e treinamentos internos.
balho no dia a dia. “A atividade de manutenção de locomo- Na FTL é destacada a capacitação de mulheres, que foi
tivas é estratégica aqui e, apesar de contar com importantes promovida em 2021 por meio de um curso exclusivo, ela-
parceiros neste processo, entendemos como vantagens de borado em parceria com o SENAI e ministrado dentro da
ter equipe própria: a geração de know-how interno, a previ- companhia. “A experiência foi tão positiva que já estamos
sibilidade dos custos, a garantia de parâmetros de qualidade com a segunda turma em andamento para Mecânicas de
e a segurança dos serviços, além do processo avançado de Manutenção Ferroviária. Assim, a empresa capacita mulhe-
gestão de produtividade que permite uma performance ele- res para o primeiro emprego em áreas com o predomínio
vada na execução das atividades,” revela Gláucio Marcel, histórico do público masculino”, conta a empresa.
gerente geral de planejamento e controle da manutenção. A FTL atua em uma malha de cerca de 1,2 mil km nos
Atualmente, a MRS possui cinco oficinas de manutenção estados do Ceará, Piauí e Maranhão, ligando três portos:
de locomotivas, localizadas nos estados de Minas Gerais Mucuripe e Pecém no Ceará e Itaqui em São Luís. Todas as
(complexo do Horto Florestal, em Belo Horizonte, e oficina oficinas e postos de manutenção passam, periodicamente,

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por reformas, seja para aumento de produção
ou para adequações com foco nas condições de
segurança dos seus 52 colaboradores primários.
Dentro das oficinas, os serviços comuns re-
alizados por colaboradores internos são: ma-
nutenções preventivas, preditivas e corretivas.
Além deles, também é praticada a terceiriza-
ção em alguns casos, dependendo de custos
diretos e indiretos, disponibilidade de forne-
Locomotivas da MRS são revisadas na oficina de Jundiaí (SP)
cedores, prazo de entrega, entre outros crité-
rios. A FTC, por exemplo, opta por terceiros em atividades A Vale é responsável pelas locomotivas da Estrada de Fer-
específicas, como alguns trabalhos de pintura e solda. “Os ro Vitória a Minas (EFVM), localizada na unidade Tubarão,
serviços são terceirizados em regime de empreitada, visto em Vitória (ES), com mais de 300 profissionais de diversas
que não apresenta volume suficiente para manter colabora- especialidades, além das unidades da Estrada de Ferro Cara-
dores de forma permanente.” jás (EFC) com três estruturas para manutenção, localizados
A FTC tem uma oficina de locomotivas na cidade de em São Luís (MA), Açailândia (MA) e Marabá (PA), con-
Tubarão (SC), equipada com valas de manutenção, ponte tando com uma equipe de cerca de 350 colaboradores.
rolante, macacos de elevação, cabine de pintura, bancadas Outro exemplo de busca constante por eficiência opera-
de teste de freios, teste de governador, teste de injetor, entre cional é da Rumo. De acordo com Arthur Sartori Augusto,
outros. Além disso, a equipe é formada por um total de 19 gerente executivo de locomotivas, faz parte da estratégia a
colaboradores, divididos nas áreas de mecânica, elétrica, utilização das melhores práticas da manutenção, centrada
pneumática, solda e torno. em confiabilidade, também a utilização de metodologias de
lean manufacturing e a digitalização. “Estamos evoluindo
Planos futuros muito no monitoramento dos nossos ativos, executando a
Os projetos das operadoras são centrados, basicamen- manutenção de forma proativa e baseada em condições para
te, na aprimoração do conhecimento dos colaboradores e evitar falhas e aumentar a capacidade de transporte.”
no investimento em inovações gerais dos procedimentos A Rumo conta com duas operações. A Norte, em Ara-
de manutenção. raquara (SP), com um posto de manutenção leve (PML) e
Segundo a Vale, o desenvolvimento de melhorias nos uma oficina de manutenção pesada, além do posto de abas-
processos, a aquisição de novos equipamentos e ferramen- tecimento ferroviário de Tutóia, o maior da América Latina.
tas, além da constante realização de estudos de viabilidade Já a Sul, conta com alguns postos localizados em Curitiba.
técnica e custos, estão presentes na rotina. “Sistemas e solu- A principal é a oficina para manutenções pesadas, equipada
ções de monitoramento online dos ativos, autodiagnósticos com ponte rolante de 100 toneladas e com capacidade de
e inspeções por imagens utilizando recursos de Inteligência içar uma locomotiva completa sem os truques. Na capital
Artificial são exemplos de projetos de melhoria para os pro- paranaense, tem o PML do Iguaçu e demais postos para es-
cessos que estão em andamento.” copos corretivos e preventivos.
No fim, o objetivo comum das operadoras de
carga é dar um andamento satisfatório na capa-
citação de todos os colaboradores, sejam eles
primários ou terceiros. Além disso, trabalham
para elaborar procedimentos para os processos
realizados nas oficinas, priorizando o uso de fer-
ramentas tecnológicas. Dessa forma, conseguem
garantir a qualidade dos serviços e reter todo co-
nhecimento necessário.

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nota técnica

Melhorias na Linha 10 – Turquesa


Artigo vencedor da categoria 03 do 9º Prêmio Tecnologia & Desenvolvimento Metroferroviários ANPTrilhos-CBTU,
apresentado na 28ª Semana de Tecnologia Metroferroviária da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô (Aeamesp)
Autores: Felipe Naves, Allan Silva, Anderson Liberato, Geraldo Magela e Aguinaldo Milan

INTRODUÇÃO significativa melhoria na Linha 12-Safira, em que o grupo,


A CPTM, Companhia Paulista de Trens Metropolita- coordenado por Sérgio Barbosa e Francis Regis da Silva,
nos, tem intensificado fortemente a busca pela melhoria assessores da Diretoria de Operação, alcançou uma redução
dos serviços prestados ao passageiro. de 10 minutos no tempo de viagem. O sucesso da iniciativa
Com uma abordagem centrada no passageiro, alinha- levou à busca por aplicar os mesmos conceitos na Linha
da a identificar melhorias em todas as etapas da Jornada 10-Turquesa, apresentado neste artigo.
do Cliente, potencializar o capital humano disponível na
Companhia para resolver problemas dentro de casa tem DIAGNÓSTICO ANTES DA MELHORIAS
sido uma busca constante na empresa presidida por Pedro • Tempo Médio de Viagem: 56 min;
Tegon Moro. • Tempo de Parada na Plataforma: 35 segundos
Na Diretoria de Operação e Manutenção, sob responsa- em estações de menor fluxo e 1 minuto em
bilidade de Luiz Eduardo Argenton, a busca por soluções estações de maior fluxo;
tem sido feita de forma coletiva, por meio de Grupos de • Velocidade de chegada em plataforma:
Trabalho multidisciplinares, envolvendo as mais diver- 50km/h.
sas áreas e níveis hierárquicos da empresa. Os Grupos de
Trabalho possuem autonomia para prospectar, estudar e CRIAÇÃO DO GRUPO DE TRABALHO
implantar melhorias, sempre com o foco em melhorar a Com a coordenação dos assessores da diretoria Sergio
experiência do passageiro. Barbosa e Francis Regis, o grupo de trabalho foi composto
Um ponto bastante importante aos passageiros é o seu por membros de todas as áreas de operação e manutenção
tempo de viagem, que teve como primeiro resultado uma da CPTM, como Tração, Estações, Sinalização, Rede Aé-
rea, Via Permanente, Material Rodante, Meca-
nização, Oficinas Mecânicas e Eletroeletrôni-
cas, bem como suas respectivas Engenharias
de Manutenção e de Operação. A coordenação
conduziu encontros regulares para realizar dis-
cussões, registro das ideias e tomadas de deci-
são a respeito das próximas atividades.
Cada proposta de ação passou por um pro-
cesso de ideação e discussão pelo grupo de tra-
balho, seguindo conforme:
• Mapeamento das oportunidades de
melhoria de cada sistema;
• Definição das propostas;
• Discussão em reunião;
• Indicação de líder e área responsável;
• Estudo da proposta pela engenharia e
área responsável;
• Realização de testes in loco;
• Mapeamento das dificuldades e medidas
Figura 1 - Linha 10 Turquesa da CPTM de controle;

72 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023


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nota técnica
• Revisão dos procedimentos operacionais e
instruções de serviço;
• Implantação das melhorias de forma definitiva;
• Apresentação de resultados durante os en-
contros.
Dessa forma, o GT conduziu diversas ações até sua
conclusão, lideradas pelos representantes participantes,
mas desempenhadas por diversas equipes das quais esses
membros fazem parte.
Os próximos tópicos abordam as principais ações de
melhorias realizadas.
Figura 2 – Exemplo de placa para orientação
Alteração da Velocidade e Tempo de Parada dos maquinistas
nas Plataformas
Originalmente, o limite de velocidade de chegada nas Alterações de Velocidade nos Trechos
plataformas das estações da Linha 10 era de 50 km/h. Diversas ações de melhorias nas vias e trechos entre as
Contudo, foi proposta uma discussão para elevação desta estações foram realizadas, protagonizadas pelas equipes
limitação para 60km/h, levando-se em consideração a ve- de Via Permanente e Sinalização, que realizaram as de-
locidade máxima atual e a evolução dos sistemas de frena- vidas correções geométricas, alterações nas restrições de
gem dos trens modernos, que permitem uma curva de de- velocidade e nos códigos de velocidades dos circuitos de
saceleração confortável mesmo com a chegada dos trens via. Dentre essas ações, temos:
a 60km/h. No procedimento não era estabelecido tempo
máximo de parada nas plataformas. Trecho entre Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra
As 13 estações passaram por estudo de movimentação (RGS) – MRS
de passageiros e foram classificadas em estações de maior Essa região possuía uma restrição de velocidade de
fluxo e menor fluxo. O tempo médio coletado nas plata- 50km/h entre os KM 33/18 e KM 36/22 e de 20km/h entre
formas foi de 35 segundos nas estações de menor fluxo e o KM 36/22 e a plataforma 2 de RGS, trecho sob respon-
1 min nas estações de maior fluxo, totalizando 8min44s de sabilidade da MRS.
tempo parado em plataformas. Para verificar as melhorias
possíveis, foram efetuadas medidas de tempo de embar-
que e desembarque levando em consideração o estudo de
movimentação.
Assim, estabeleceu-se inicialmente um tempo padrão
de 20 segundos para as estações de menor fluxo e 30 se-
gundos para as estações de maior fluxo. Desta forma, o
tempo total de parada nas estações passou a ser 5min50s.
O ganho médio foi de 2min54s.
O tempo padrão de parada nas estações foi definido em
procedimento operacional e para os casos diferenciados,
as estações de maior fluxo, há uma indicação em placas
Figura 3 - Trecho MRS Antes das Melhorias
nas pontas da plataforma, a fim de facilitar a consulta rá-
Após reuniões entre a MRS e com o GT, foram levan-
pida pelo maquinista, como mostra a Figura 2. Além desta
tadas e discutidas as intervenções necessárias, onde após
referência, é possível verificar qual a via, sentido de circu-
estudos das áreas de engenharia, constataram a possibi-
lação, a estação, o tempo de abertura de portas e o lado de
lidade de elevar a velocidade máxima no trecho para 80
abertura da porta.
km/h após algumas intervenções na Via Permanente rea-
lizadas pela MRS. Com isso, após a execução de serviços

74 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023


de substituição de dormentes, lastreamento de via, corre- Com isso, foi realizado o levantamento topográfico
ção geométrica mecanizada e inspeção utilizando carro para estudo das condições da via seguido da elaboração
controle, o trecho foi emplacado e liberado para operação de projeto de geometria de via pela engenharia e execu-
com velocidade máxima de 80 km/h. tado pela equipe de via permanente para adequação dos
raios. O resultado foi a elevação da velocidade máxima no
trecho para 90km/h.

Figura 6 - Trecho da via 3 de Tamanduateí


Figura 4 - Trecho MRS Após as Melhorias
após a melhoria

Trechos de Santo André (SAN) e São Caetano (SCT)


Passadiço de São Caetano
Após estudos realizados no sistema de Sinalização das
O embarque e desembarque nesta estação ocorria pela
localidades de SAN e SCT, dois pontos com possibilidade
via terminal, sendo necessário realizar transposição limita-
de ganho no desempenho operacional foram identificados
da a 30 km/h.
através da elevação da velocidade de circulação. Foram re-
alizadas as alterações dos códigos de via na entrada da es-
tação SAN, no sentido Jundiaí (JUN), que proporcionou o
aumento da velocidade de 50km/h para 70km/h resultando
em uma redução de 21 segundos no tempo de percurso e na
entrada da estação SCT, também no sentido JUN, onde foi
aumentada a velocidade de 50km/h para 90km/h, obtendo
uma redução de 5 segundos no tempo de percurso.

Trecho da via 3 de Tamanduateí (TMD)


Essa melhoria consistiu em aumentar os raios da via 3
na entrada e saída da Estação Tamanduateí, que possuía
a restrição de velocidade de 70km/h devido aos raios das
Figura 7 - Trecho do terminal de São Caetano
curvas neste trecho.
antes das melhorias

O embarque e desembarque ocorria nesta via para fa-


cilitar o fluxo de saída dos passageiros da estação. Uma
das sugestões realizadas foi a de utilizar a via 1. Assim
a engenharia de estações simulou o fluxo de saída dos
passageiros utilizando o software Legion. Os resultados
indicaram que o fluxo de saída dos passageiros utilizando
a passagem subterrânea das plataformas elevaria signifi-
cativamente o tempo em que o trem ficaria na plataforma.
A partir desta constatação foram levantadas opções para
Figura 5 – Trecho da Via 3 de Tamanduateí realizar o desembarque dos passageiros, inclusive a ins-
antes da melhoria talação de um passadiço fixo na via do terminal. Após a

REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023 75


nota técnica
validação da ideia, o projeto foi executado através do rea- O passadiço de São Caetano foi inaugurado em 11 de
proveitamento de uma vagoneta fora de operação. novembro, trazendo resultados positivos desde sua im-
plantação e uma significativa redução de 2 minutos no
tempo de viagem.

Figura 8 - Vagoneta original

As equipes então atuaram na adaptação, com refor-


Figura 10 - Utilização do passadiço pelos passageiros
ços metálicos, equalização da altura, piso antiderrapante
e rampas laterais para adequar o vão entre a plataforma,
possibilitando um acesso seguro para os passageiros, além
de acessibilidade a cadeirantes. Por fim, foram confeccio-
nados e instalados gradis nas laterais do passadiço para
evitar quedas e acidentes, proporcionando a travessia dos
passageiros entre plataformas com segurança. Além de
ser uma iniciativa que utilizou recursos internos, o uso
de uma vagoneta permitiu que o passadiço fosse móvel,
possibilitando a movimentação em caso de necessidade
operacional ou manutenção.

Figura 11 - Trecho São Caetano e Santo André


após as melhorias

Ampliação das viagens do Expresso Linha 10


Em 2020, o serviço que liga as estações Santo André e
Tamanduateí, com uma parada em São Caetano, também
passou a operar no sentido Tamanduateí-Santo André. A
medida praticamente dobrou, passando de 17 para 33 o
número de viagens realizadas nos picos da manhã e tarde.

Iluminação de LED
No âmbito de ações sustentáveis, houve a substituição das
Figura 9 - Passadiço em testes entre em São Caetano lâmpadas fluorescentes das 13 estações que atendem a Linha
10-Turquesa por lâmpadas de tecnologia LED de alta efici-

76 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023


ência energética. Essa substituição foi realizada pelo fato de a apresentadas, trazendo conforto, segurança e confiança no
tecnologia LED ser extremamente vantajosa em comparação sistema de transporte ferroviário e no transporte público.
aos demais tipos de lâmpadas, sendo mais econômica, efi- Muitos são os indicativos de melhoria, mas mais expres-
ciente e ter maior durabilidade, o que demanda em redução sivo foi a redução no tempo de viagem, que antes era de
de mão de obra e materiais pela manutenção. Além disso, o 56 minutos e passou para 43, uma redução de quase 25%.
alto índice de luminosidade, que contribuí para o conforto Com isso, temos ao final do trabalho:
visual dos passageiros e é um item sustentável. • Tempo de Viagem (Brás a Rio Grande da
Serra): 43 min;
Criação do Serviço 710 • Tempo de Parada na Plataforma: 15 segun-
No primeiro semestre de 2021, após estudos realizados, dos em estações de menor e 30 segundos em
um projeto audacioso criou o maior percurso da história estações de maior fluxo;
da CPTM, conhecido como Serviço 710. • Velocidade de chegada em plataforma:
Este Serviço possibilita viagens diretas entre as estações 60km/h
Jundiaí, na Linha 7-Rubi, e Rio Gran-
de da Serra, na Linha 10-Turquesa.
São quase 100 km e 31 estações. O
serviço eliminou a necessidade de
transferência na estação Brás, o que
permite viagens mais rápidas com
ganho de tempo para a população.
Figura 13 - Velocidades Praticadas na Linha 10
Modernização da Frota Após as Melhorias
Outra ação fundamental foi a modernização da frota, ini-
ciada em 2019. Os trens novos têm taxa de aceleração mais CONCLUSÕES
potente, ar-condicionado e sistema de som mais avançado, O resultado trouxe, não apenas uma redução de 25% no
além de dispor de monitores para mensagens visuais. Di- tempo de percurso, como também demonstrou que a con-
ferente da frota antiga que tinha quatro portas por carro, as cretização dessas melhorias causou um impacto positivo
novas composições contam com oito portas em cada carro, ao passageiro e na mobilidade urbana.
facilitando o embarque e desembarque de passageiros. Isso somente foi possível através de um grande traba-
lho multidisciplinar, que envolveu as diversas frentes en-
volvendo operação, manutenção e suas engenharias. Cada
sugestão foi abordada em reunião e avaliada in loco pelas
equipes envolvidas, trazendo insights que possibilitaram
discutir os ajustes e interferências necessárias dentro do
espectro técnico e conceitual do funcionamento geral dos
sistemas permitindo não somente uma redução de 13 mi-
nutos no tempo médio de viagem e conforto aos passa-
geiros, como também elevou a capacidade técnica e de
integração das equipes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CPTM 2022. Documento Interno - Procedimentos de Operação das
Figura 12 - Trem moderno da Série 9500 na estação Linhas 7 e 10. (Disponível na intranet da CPTM)
Santo André CPTM 2022. Documento Interno - Procedimentos de Manutenção
dos sistemas de Material Rodante, Sinalização, Via Permanen-
te, Rede Aérea e mais sistemas das Linhas 7 e 10. (Disponível
ANÁLISE DOS RESULTADOS na intranet da CPTM)
Diversos benefícios foram obtidos com as melhorias
REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023 77
estatísticas

Crescimento parcial
Sete ferrovias registraram aumento de volume em 2022; no geral, porém, o resultado foi negativo

D
as 13 ferrovias que compõem a tabela de 1,2% em TU e 0,1% em TKU. Entre as concessionárias
Estatísticas, sete registram aumento de vo- que não registraram resultado positivo em 2022 estão
lume de carga transportada em 2022. São a Estrada de Ferro Carajás, Transnordestina Logística,
elas: Estrada de Ferro Vitória a Minas, Rumo Malhas Sul, Oeste e Paulista e Ferroeste. A que-
Rumo Malhas Norte e Central, Ferrovia Centro-Atlânti- da mais expressiva foi nesta última, com -34,2% em TU
ca, Ferrovia Tereza Cristina, MRS Logística e Ferrovia e -34,7% em TKU.
Norte-Sul. Nesse grupo, o destaque é a Malha Central, Em passageiros, a recuperação pós-pandemia conti-
que apresentou o maior crescimento entre as operado- nua na maior parte dos sistemas sobre trilhos. As ope-
ras, com 133,6% em toneladas úteis (TU) e 150% em radoras comandadas pela CCR – ViaQuatro, ViaMobi-
toneladas por quilômetro útil (TKU). A Norte-Sul, ope- lidade (apenas Linha 5-Lilás do metrô de SP) e VLT
rada pela VLI, ficou em segundo lugar em termos de au- Carioca – são destaques no acumulado de 2022. Já nas
mento na comparação entre os acumulados, com 18,3% linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda dos trens metropoli-
em TU e 19,7% em TKU. tanos de SP, a comparação entre um ano e outro ainda
O desempenho dessas operadoras difere do resultado não é possível de ser feita, uma vez que a operação da
geral de carga, que caiu levemente em relação a 2021. ViaMobilidade nesses sistemas teve início em janeiro
A redução entre as ferrovias brasileiras em TU foi de de 2022.

Veja mais em www.revistaferroviaria.com.br


Nas tabelas de transporte urbano sobre trilhos estão contabilizadas as transferências entre as linhas
TRANSPORTE DE CARGA POR FERROVIA - NOVEMBRO 2022
Δ% Acumulado no ano até Novembro
11/21 11/22
Operadoras Nov 22/Nov 21 2021 2022 Δ%
TU (10³) TKU (106) TU (10³) TKU (106) TU TKU TU (10³) TKU (106) TU (10³) TKU (106) TU TKU
Rumo - Malha Sul 1.673,0 1.038,3 1.864,3 1.188,6 11,4 14,5 19.929,2 12.524,6 19.262,6 12.142,7 (3,3) (3,0)
Transnordestina Log. 244,1 57,0 263,0 53,4 7,7 (6,3) 2.714,5 635,5 2.701,1 553,9 (0,5) (12,8)
E.F. Carajás 17.589,5 15.917,7 14.584,0 13.154,1 (17,1) (17,4) 174.447,9 157.777,3 158.640,3 143.100,3 (9,1) (9,3)
EFVM 7.249,5 4.040,4 6.662,7 3.740,1 (8,1) (7,4) 75.132,2 41.542,8 77.271,6 43.262,2 2,8 4,1
Rumo - Malha Paulista 737,1 756,2 633,4 766,2 (14,1) 1,3 7.299,1 8.107,7 5.800,1 7.324,1 (20,5) (9,7)
Rumo - Malha Norte 2.157,3 3.292,2 2.136,0 3.231,9 (1,0) (1,8) 22.486,2 33.972,2 26.818,3 40.564,5 19,3 19,4
Ferroeste* 10,0 2,4 6,7 1,6 (33,0) (33,3) 268,0 64,5 174,0 41,6 (35,1) (35,5)
FCA 2.075,8 1.338,4 2.453,7 1.597,8 18,2 19,4 27.830,7 19.364,9 28.253,6 19.805,6 1,5 2,3
FTC 285,9 21,8 295,9 23,1 3,5 6,0 3.022,9 233,4 3.129,7 245,7 3,5 5,3
MRS Logística 8.369,8 3.783,3 11.000,0 5.012,8 31,4 32,5 116.162,5 52.765,3 115.428,4 52.981,5 (0,6) 0,4
Rumo - Malha Oeste 158,0 30,5 212,6 16,2 34,6 (46,9) 2.654,2 555,4 2.421,8 174,4 (8,8) (68,6)
Rumo - Malha Central 267,0 303,0 558,3 627,7 109,1 107,2 2.990,8 3.181,3 7.391,4 8.509,9 147,1 167,5
Ferrovia Norte-Sul 614,0 602,7 778,5 728,0 26,8 20,8 10.379,8 10.236,7 12.094,7 12.068,6 16,5 17,9
Total 41.431,0 31.183,9 41.449,1 30.141,5 0,0 (3,3) 465.318,0 340.961,6 459.387,6 340.775,0 (1,3) (0,1)
Fonte: ANTT. *Os dados da Ferroeste não consideram direito de passagem e tráfego mútuo, apenas as cargas geradas na ferrovia.

TRANSPORTE DE CARGA POR FERROVIA - DEZEMBRO 2022


Δ% Acumulado no ano até Dezembro
12/21 12/22
Operadoras Dez 22/Dez 21 2021 2022 Δ%
TU (10³) TKU (106) TU (10³) TKU (106) TU TKU TU (10³) TKU (106) TU (10³) TKU (106) TU TKU
Rumo - Malha Sul 1.683,4 1.051,5 1.537,9 953,1 (8,6) (9,4) 21.612,6 13.576,1 20.800,5 13.095,8 (3,8) (3,5)
Transnordestina Log. 252,3 50,7 254,9 52,6 1,0 3,7 2.966,8 686,2 2.956,0 606,5 (0,4) (11,6)
E.F. Carajás 15.852,2 14.307,4 15.687,1 14.101,0 (1,0) (1,4) 190.300,1 172.084,7 174.327,4 157.201,3 (8,4) (8,6)
E.F.V.M. 8.074,7 4.543,0 6.280,2 3.507,4 (22,2) (22,8) 83.206,9 46.085,8 83.551,8 46.769,6 0,4 1,5
Rumo - Malha Paulista 583,0 670,3 457,8 509,6 (21,5) (24,0) 7.882,1 8.778,0 6.257,9 7.833,7 (20,6) (10,8)
Rumo - Malha Norte 2.213,1 3.361,0 2.240,5 3.411,1 1,2 1,5 24.699,3 37.333,2 29.058,8 43.975,6 17,7 17,8
Ferroeste* 0,7 0,2 2,7 0,6 264,9 252,9 268,7 64,7 176,7 42,2 (34,2) (34,7)
FCA 2.301,8 1.447,8 2.072,3 1.351,8 (10,0) (6,6) 30.132,5 20.812,7 30.325,9 21.157,4 0,6 1,7
FTC 286,1 22,0 269,5 21,2 (5,8) (3,6) 3.309,0 255,4 3.399,2 266,9 2,7 4,5
MRS Logística 9.304,0 4.184,6 11.375,8 5.232,5 22,3 25,0 125.466,5 56.949,9 126.804,2 58.214,0 1,1 2,2
Rumo - Malha Oeste 149,0 22,4 150,9 9,7 1,3 (56,7) 2.803,2 577,8 2.572,7 184,1 (8,2) (68,1)
Rumo - Malha Central 368,3 426,1 453,8 508,7 23,2 19,4 3.359,1 3.607,4 7.845,2 9.018,6 133,6 150,0
Ferrovia Norte-Sul 407,5 372,5 666,3 626,8 63,5 68,3 10.787,3 10.609,2 12.761,0 12.695,4 18,3 19,7
Total 41.476,1 30.459,5 41.449,7 30.286,1 (0,1) (0,6) 506.794,1 371.421,1 500.837,3 371.061,1 (1,2) (0,1)
Fonte: ANTT. *Os dados da Ferroeste não consideram direito de passagem e tráfego mútuo, apenas as cargas geradas na ferrovia. Em agosto, não houve movimentação de carga interna,
apenas de direito de passagem.
Continua

78 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023


estatísticas
Continuação
TRANSPORTE URBANO SOBRE TRILHOS - NOVEMBRO 2022
11/21 11/22 Δ% Acumulado no ano até Novembro Δ%
Operadora Passag./dia útil Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag.(10³)2021 Passag.(10³)2022 Passag.(10³)
Metrô-SP 2.403.000 59.520 2.871.083 69.034 19,5 16,0 506.535 727.609 43,6
Via Quatro 469.240 11.712 613.220 14.955 30,7 27,7 99.297 152.531 53,6
Via Mobilidade 443.000 10.990 503.710 12.405 13,7 12,9 87.846 131.352 49,5
CPTM 2.329.004 44.251 1.799.633 32.392 (22,7) (26,8) 410.485 358.034 (12,8)
Metrô Rio 510.970 11.831 637.306 14.687 24,7 24,1 109.090 155.150 42,2
SuperVia 358.741 8.043 358.512 7.907 (0,1) (1,7) 80.896 89.473 10,6
CBTU Recife 175.368 4.352 183.573 4.560 4,7 4,8 44.012 48.005 9,1
Trensurb 103.863 2.503 113.906 2.734 9,7 9,2 22.680 29.326 29,3
CBTU BH 95.514 2.262 95.851 2.269 0,4 0,3 19.417 22.476 15,8
Metrofor 36.571 861 39.675 919 8,5 6,7 7.727 9.921 28,4
CBTU João Pessoa 4.756 103 5.096 111 7,1 7,8 1.068 1.260 18,0
CBTU Natal 6.101 141 5.417 120 (11,2) (14,9) 1.375 1.416 3,0
CBTU Maceió 1.731 38 1.150 28 (33,6) (26,3) 427 359 (15,9)
Metrô DF 106.950 2.674 135.219 3.380 26,4 26,4 25.637 35.913 40,1
VLT do Cariri 1.635 35 2.216 48 35,5 37,1 296 470 58,8
Metrô de Salvador 292.056 7.141 345.277 8.169 18,2 14,4 65.039 83.669 28,6
VLT da Baixada Santista 18.973 456 21.592 513 13,8 12,5 2.070 2.922 41,2
VLT de Sobral 3.625 85 3.454 86 (4,7) 1,2 547 928 69,7
VLT Carioca 59.000 1.130 75.803 1.569 28,5 38,8 10.713 17.997 68,0
Bondes de Santa Teresa 1.142 23 1.260 38 10,3 65,2 140 371 165,0
Metrô de Teresina 4.820 88 5.100 112 5,8 27,3 943 1.048 11,1
ViaMobilidade Linhas 8
765.450 18.763 0,0 0,0 0 178.793 0,0
e 9 CPTM
Total 7.426.060 168.239 7.818.053 176.036 5,3 4,6 1.496.240 2.049.023 36,9
Fonte: Operadoras.
TRANSPORTE URBANO SOBRE TRILHOS - DEZEMBRO 2022
12/21 12/22 Δ% Acumulado no ano até Dezembro Δ%
Operadora Passag./dia útil Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag.(10³)2021 Passag.(10³)2022 Passag.(10³)
Metrô-SP 2.277.000 59.507 2.508.129 66.571 10,2 11,9 566.042 794.180 40,3
Via Quatro 423.650 11.567 544.980 14.236 28,6 23,1 110.864 166.767 50,4
Via Mobilidade 405.610 11.038 448.870 11.837 10,7 7,2 98.884 143.189 44,8
CPTM 2.155.322 45.262 1.463.265 32.192 (32,1) (28,9) 455.747 390.226 (14,4)
Metrô Rio 525.264 12.644 641.221 14.956 22,1 18,3 121.734 170.106 39,7
SuperVia 351.657 8.172 362.897 8.063 3,2 (1,3) 89.068 97.536 9,5
CBTU Recife 172.466 4.492 182.463 4.634 5,8 3,2 48.504 52.639 8,5
Trensurb 97.609 2.593 103.275 2.639 5,8 1,8 25.273 31.965 26,5
CBTU BH 100.358 2.081 81.804 1.445 (18,5) (30,6) 21.498 23.921 11,3
Metrofor 37.735 944 38.648 1.002 2,4 6,1 8.671 10.923 26,0
CBTU João Pessoa 4.897 109 5.576 128 13,9 17,4 1.177 1.388 17,9
CBTU Natal 6.004 148 3.800 92 (36,7) (37,8) 1.523 1.508 (1,0)
CBTU Maceió 1.720 40 1.342 35 (22,0) (12,5) 467 394 (15,6)
Metrô DF 103.834 2.803 118.827 3.208 14,4 14,4 28.440 39.121 37,6
VLT do Cariri 1.634 38 1.963 45 20,1 18,4 334 515 54,2
Metrô de Salvador 283.890 7.370 318.232 8.062 12,1 9,4 72.409 91.731 26,7
VLT da Baixada Santista 16.895 449 20.144 523 19,2 16,5 2.519 3.445 36,8
VLT de Sobral 3.476 82 3.242 77 (6,7) (6,1) 629 1.005 59,8
VLT Carioca 60.000 1.198 79.699 1.660 32,8 38,6 11.911 19.657 65,0
Bondes de Santa Teresa 765 18 1.312 37 71,5 105,6 158 408 158,2
Metrô de Teresina 4.200 76 5.150 113 22,6 48,7 1.019 1.161 13,9
ViaMobilidade Linhas 8
704.650 18.432 0,0 0,0 0 197.225 0,0
e 9 CPTM
Total 7.033.986 170.631 6.934.839 171.555 (1,4) 0,5 1.666.871 2.239.010 34,3
Fonte: Operadoras.
artigo

Shortlines:
desejo antigo, mas
com futuro incerto*
MAURÍCIO FERREIRA WANDERLEY
Auditor do Tribunal de Contas da União e especialista em Governança e Controle da Regulação no setor
de transportes. Diretor na Unidade de Auditoria Especializada em Infraestrutura Portuária e Ferroviária

A
pós o advento do Marco Legal das Ferrovias pontas para além de sua própria malha.
(Lei 14.273/2021) e da evolução legislativa No primeiro caso, o arcabouço legal referente à devo-
que nos trouxe a uma nova realidade valori- lução de trechos ociosos evoluiu desde o Regulamento
zando as autorizações do Poder Público com dos Transportes Ferroviários (Decreto 1.832/1996, Art.
o objetivo de atrair a iniciativa privada, muito se discute 3º), passando pelo disposto na Lei 13.448/2017 (art. 25),
sobre as inovações, escolhas e lacunas regulatórias dei- até o Marco Legal das Ferrovias (art. 15). Mas o que
xadas pelo caminho, mas um assunto deveria merecer permaneceu inalterada foi a imposição de indenização
mais atenção: a adequabilidade ao ambiente legal e re- ao Poder Concedente, tendo como fato gerador a própria
gulatório necessário para a reutilização dos trechos ocio- devolução.
sos, sejam eles abandonados ou de baixo tráfego/baixa Ao se analisar o comportamento das concessionárias
demanda/baixa rentabilidade ou mesmo em processo de desde o início da vigência dos contratos de concessão,
devolução ou desativação. Explica-se. nota-se que os valores resultantes das regras de indeniza-
Em um mercado onde se prioriza o fornecimento de ção, embora justos nos seus fundamentos, podem estar se
infraestrutura e serviços adequados às necessidades das mostrando expressivos o suficiente para se constituírem
principais mercadorias de exportação, em vez de se fo- numa barreira à adoção da devolução, levando à realida-
mentar o desenvolvimento do transporte ferroviário do- de de abandono em que se encontra grande parte da nos-
méstico, falta a construção de um ambiente propício para sa malha ferroviária. Não é à toa que o tema “indeniza-
a implantação das shortlines, ções” resultou em Solicitação
abrangendo aspectos legais, Ao se analisar o comportamento de Solução Consensual ao TCU
regulatórios e, principalmente, das concessionárias desde o (Processo 000.855/2023-5).
comportamentais e empresa- Além disso, resolvida a efe-
início da vigência dos contratos
riais. tivação de devoluções, ainda
Para atingir esse objetivo, de concessão, nota-se que os está pendente a norma do cha-
deve-se viabilizar: (i) a reuti- valores resultantes das regras de mamento público para os tre-
lização de trechos ociosos ou indenização, embora justos nos chos brownfield, prevista na
antieconômicos para as atuais Agenda Regulatória 2023/2024
seus fundamentos, podem estar se
concessionárias, refletida em da ANTT, que ressaltou: “Uma
regras claras, viáveis e efetivas mostrando expressivos o suficiente vez promovida a regulamenta-
que cubram todo o ciclo com- para se constituírem numa barreira ção do procedimento de cha-
posto por devolução, indeniza- à adoção da devolução. mamento público (...), espera-
ção e redestinação ao mercado -se que seja dada efetividade ao
via chamamento público; e (ii) o tratamento regulatório Programa de Desenvolvimento Ferroviário, por meio da
da interconexão obrigatória entre as shortlines e as linhas viabilização de autorizações relacionadas, especialmen-
tronco, sejam elas de concessionárias ou de autorizatá- te, a trechos ociosos e em processo de devolução ou de-
rias, dado que a esmagadora maioria das rotas geradas ou sativação, o que permitirá a recuperação de trechos ocio-
mesmo destinadas às shortlines tendem a ter uma de suas sos ou inoperantes da malha ferroviária nacional, uma
80 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2023
IGOR PEREIRA OLIVEIRA
Auditor do Tribunal de Contas da União, com experiência em Controle Externo
da Infraestrutura. Mestre em Engenharia pela Universidade de São Paulo

ampliação do transporte por ferrovias e, por conseguinte, de interconexão formando uma rede de hubs intermo-
uma maior integração e desenvolvimento do país” (Pro- dais, os pontos de entrada e saída na rede. Sem as hubs
cesso ANTT 50500.272382/2022-22). e regras claras de interconexão as shortlines ficam, na
Ademais, nos mercados onde existem, as shortlines prática, ser ter onde entregar ou receber suas cargas nas
são criadas principalmente para atender à última milha, linhas tronco e não se viabilizam1.
agregando cargas, rotas e possibilidades às ferrovias de
grande porte, desempenhando um papel vital de captação * Eventuais opiniões são pessoais e não expressam
e distribuição que é fundado no uso intensivo de pátios posicionamento institucional do TCU

1 Mais detalhes em estudo da coletânea de Pós-graduação do ISC/TCU, disponível em https://portal.tcu.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A-


81881E72289D660172292EA89B30DC.

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O trem de renovação P190 da Matisa chegou
recentemente à frota de equipamentos de via
da MRS. Como o nome já diz, é utilizado na
renovação de ferrovias, sendo projetado para
obras de pequeno e médio portes, geralmente
com uma composição de três a sete vagões
de dormentes. O comprimento de 64 metros,
considerado curto, facilita as manobras em
estações, desvios e na preparação do local de
trabalho. Segundo a fabricante, a máquina pode
recolher e assentar qualquer tipo de dormente,
principalmente os de concreto. O equipamento
também é capaz de substituir trilhos e fixações a
uma velocidade de cerca de 300 metros/hora.
Foto: Divulgação/Matisa
foto do mês

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