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PA E
ÇA ER 020
R
M RO
EN VI
TO AS
Janeiro / Fevereiro 2020 - R$ 31,50
Gestão privada
Privatização e PPPs dominam as discussões
nos sistemas de passageiros
DORMENTES DE CONCRETO CAVAN
A MARCA QUE O TEMPO NÃO APAGA
DORMENTES DE CONCRETO
PARA CARGAS E PASSAGEIROS
DORMENTES PARA AMV
DORMENTES MONOTRILHO
DORMENTES PARA CONTRATRILHO
DORMENTES ESPECIAIS
CAPACIDADE DE
PRODUÇÃO DE
1.000.000 +55 11 3631-4810
www.cavan.com.br
DE DORMENTES POR ANO
editorial
Foto: Divulgação/CPTM
Pág. 28
Entrevista
Guilherme Godoy
Pereira fala sobre
10
os 80 anos
da Cavan
Diário de Bordo
Equipe da RF viaja
18
dentro da cabine no
Metrô de Salvador
Orçamento 2020
22
Veja o que está previsto este
ano para carga e passageiros
Todas as locomotivas
34
Frota ativa cresceu
entre 2018/2019
RF 80 anos
Heloisa Toller Gomes,
48
em artigo, faz uma
viagem pela memória
Divulgação/CPTM
80 anos da RF Linha 13-Jade chega ao
Aeroporto de Guarulhos
Parabéns pelos 80 anos da Revista
Ferroviária! Feliz 2020! Obrigado.
Rodney Vergili
rodney@digitalassessoria.com.br
JULHO
AGOSTO COMPRAIL 2020
FÓRUM DE MOBILIDADE ANPTRILHOS 01 a 03/07 – Berlim, Alemanha
Organizador: Wessex Institute
26/08 – Brasília, DF
Site: https://www.wessex.ac.uk
Organizador: ANPTrilhos
Site: https://anptrilhos.org.br/evento/ AFRICA RAIL 2020
30/06 e 01/07 – Joanesburgo, África do Sul
Organizador: Terrapinn
SETEMBRO
Site: https://www.terrapinn.com
26ª SEMANA DE TECNOLOGIA METROFERROVIÁRIA DA
AEAMESP E METROFERR SETEMBRO
01 a 04/10 – São Paulo, SP INNOTRANS 2020
22 a 25/09 – Berlim, Alemanha
Organizador: Aeamesp
Organizador: Messe Berlin
Site: http://www.aeamesp.org.br/ Site: www.innotrans.com
expressas Bianca Rocha
Só falta assinar
O mercado ferroviário respirou ali- A data de assinatura ainda não está ção ao atendimento de uma série de
viado no dia 20 de fevereiro, quando plenamente definida. O ministro da exigências e recomendações, entre
o Supremo Tribunal Federal (STF) Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, elas sobre o cálculo da outorga, as
negou liminar para derrubar a Lei chegou a afirmar que aconteceria em projeções de despesas e receitas es-
13.448/17, que prevê critérios para a março, mas logo depois admitiu que timadas e mudanças na modelagem
renovação antecipada de contratos de seria para o final de abril. econômica-financeira do contrato. A
concessão de ferrovias. Com o aval ANTT e Rumo trabalham para ajus- ANTT precisa entregar um relatório
do STF, o caminho está livre para a tar os termos pedidos pelo minis- ao TCU com antecedência mínima de
assinatura do contrato entre gover- tro relator do Tribunal de Contas da 15 dias à data prevista de assinatura
no federal e a Rumo Malha Paulista, União (TCU), Augusto Nardes. Em do contrato, comprovando o cumpri-
para garantir mais 30 anos de conces- novembro do ano passado, Nardes mento das exigências determinadas
são à operadora. condicionou a assinatura da renova- pelo Tribunal.
8 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020
mercado
gente
Gente que faz A RF dá destaque aos ferroviários que trabalham na operação, com o objetivo
de valorizar aqueles que fazem as ferrovias brasileiras funcionarem.
Passageiros
35 anos É o cara que é operacional. Para Expectativa profissional
mim, a operacionalidade é essa Eu sempre digo que vou ficar
Ferrovia significa... função de quem fecha o esquema.
A ferrovia é muito operacional, aqui até os 90 anos. Se me
É aquele que fecha o furo, que quiserem, fico aqui sem me
o trem nunca pode parar. Eu está ali quando todos precisam.
não posso fazer uma demanda aposentar. Eu até brinco com o
para amanhã, eu tenho que Momento para recordar pessoal que aqui dentro somos
fechar hoje. O concurso. Entramos 60 colegas uma família e isso torna tudo aqui
juntos e trabalhamos 22 anos muito leve, é leve trabalhar.
Desafio diário juntos sem ter outro concurso.
O maior desafio é manter a
empresa funcionando com
Outro bom momento foi quando Carlos Alberto Barcellos
a Trensurb ofereceu um curso Supervisor do Setor de
efetivo de 34 funcionários. na PUCRS e quando ganhei uma Tráfego da Trensurb
Há quantos anos na ferrovia Um bom ferroviário é... Grossense, onde pude crescer
Carga
De postes a dormentes
No ano em que a Revista Ferroviária nascia no dormente de concreto é o nosso carro-chefe de
Brasil, em 1940, a Cavan – hoje uma das principais vendas”, conta nessa entrevista Guilherme Godoy
fabricantes de dormentes de concreto para ferrovias Pereira, diretor-presidente da Cavan Pré Moldado.
– chegava ao país, trazida pelo empresário belga O paulistano de 48 anos, formado em Economia,
Jean Baptiste Deffense. Diferentemente da RF, no teve a primeira passagem pela empresa em 1993,
entanto, sua relação com o setor ferroviário não se como diretor comercial. Após atuar em outras
deu de início. Instalada em Osasco, em São Paulo, companhias, voltou à Cavan em 2014, para assumir
a fábrica era especializada na produção de postes o cargo que ocupa hoje.
de concreto, estruturas para linhas de transmissão, Desde que começou a fabricar dormentes, a
subestações e um vasto leque de produtos de Cavan contabiliza cerca de 4 milhões de unidades
concreto armado e protendido. entregues às ferrovias brasileiras. Metade desse
Em pouco tempo, passou a fornecer para todo número foi para a Vale, hoje a principal cliente. São
o país. No Rio de Janeiro, boa parte da rede de da Cavan os dormentes utilizados na duplicação
distribuição de energia e iluminação pública repousa da Estrada de Ferro Carajás. Participa também do
sobre postes da Cavan. Foi na capital fluminense, fornecimento para a Ferrovia de Integração Oeste-
inclusive, que Deffense realizou um dos feitos técnicos Leste, na Bahia. Recentemente, assinou contrato
mais notáveis de sua carreira: projetou e fabricou os com a Ferrovia Transnordestina Logística para a
postes de concreto armado do Aterro do Flamengo, produção de 86 mil dormentes, que deverão ser
que configura entre os mais altos do mundo. entregues até maio deste ano.
Ao longo de 80 anos, a Cavan reinventou-se No ano em que a Cavan completa oito décadas,
como a maioria das companhias que alcança essa Guilherme se diz esperançoso com o mercado. A
idade. Aproveitou-se da especialidade em produtos assinatura da renovação da Rumo Malha Paulista
de concreto pré-moldado para ingressar, em 1975, e outros projetos tocados pelo ministério da
no mercado ferroviário, sendo a primeira empresa a Infraestrutura são motivos, segundo ele, para
fabricar dormentes deste tipo no Brasil. O produto acreditar que o setor “agora vai”. “O setor ferroviário
passou a ser o core business da Cavan a partir dos sempre foi um setor que ‘o ano que vem vai crescer, o
anos 2000, com a privatização das ferrovias de ano que vem vai bombar’, e isso acontece há décadas,
carga, época em que já estava sendo comandada por sempre tem essa história. Infelizmente até hoje não
um grupo brasileiro, o Guarupart Participações. se chegou ainda nesse ano. Mas pelo que temos
“Com o decorrer dos anos, a gente foi mudando, acompanhado, acreditamos muito que vai haver um
então as demandas também mudaram. Hoje o investimento forte", ressalta.
O setor ferroviário sempre foi um setor que ‘o ano que vem vai crescer,
o ano que vem vai bombar’. Infelizmente até hoje não se chegou
ainda nesse ano. Mas pelo que temos acompanhado, acreditamos
muito que vai haver um investimento forte no setor ferroviário.
RF – Quando a empresa entrou no mercado ferroviário brasileiro? RF – Você avalia que o mercado ferroviário deixou a desejar ao
GG – Nos anos de 1970 entramos no mercado ferroviá- longo dos anos, mas em contrapartida a Cavan especializou-se e
rio, nos tornando a primeira empresa a fabricar dormente focou nesse setor. Por quê?
de concreto no Brasil. Mas nas décadas de 1970, 1980 GG – Nós começamos a focar nesse mercado a partir dos
e 1990, a demanda era baixa. Hoje o foco da Cavan é na anos 2000. Porque desde então a gente sentiu a carência
fabricação de dormentes de concreto, que é um produto que o Brasil tem no setor ferroviário. E a gente acredita-
va que um dia viria, mas o que aconteceu foi o que disse de renovação da Malha Paulista. A Malha Paulista, pro-
anteriormente, sempre se falava que era no ano que vem e vavelmente, vai precisar fazer uma remodelagem e troca
nunca aconteceu. Mas agora estamos otimistas de que vai de trilhos, troca de dormentes e os dormentes vão ser de
acontecer, então, na verdade a gente já focou nisso há mais concreto. Tem ferrovias sendo anunciadas, ferrovias no-
de 10 anos. Mas temos pedidos bons. Temos um contrato vas que devem sair nos próximos anos também com dor-
grande com a Vale, empresa para qual fabricamos desde mentes de concreto. Então eu acho que esse mercado vai,
2008, 2009 e eu acho que a demanda vai ser muito maior no mínimo, triplicar para dormente de concreto nos próxi-
daqui para a frente. O que está acontecendo é o seguinte: mos anos. A Ferrogrão e a própria Ferrovia de Integração
além das novas ferrovias que vão sair, existem as reno- Centro-Oeste (Fico) são ferrovias novas que vão sair e que
vações dos contratos que acarretarão a remodelação das vão gerar novas demandas para o nosso mercado. A pró-
ferrovias já existentes. pria Rumo, que tornou-se concessionária da Ferrovia Nor-
te-Sul, vai investir lá. Então agora eu acredito realmente
RF – Basicamente a demanda que existe hoje é para manter a que a coisa vai.
operação ferroviária funcionando?
GG – A demanda que existe hoje é necessária para manter RF – A indústria espera que os pedidos aconteçam ainda esse ano?
a velocidade do trem e das cargas transportadas, e nesse GG – Eu acredito que essa demanda vai vir com mais for-
quesito o dormente de concreto é imbatível. Então, outra ça a partir do ano que vem, porque demora um tempo para
coisa que a gente sofria muito no passado. As ferrovias esses contratos serem assinados. Eu acho que ela vai au-
eram muito imediatistas e compravam dormentes só pelo mentando gradativamente nos próximos cinco, dez anos.
preço, acabavam comprando dormente de madeira e ou-
tros tipos que tinham vida útil muito menor, o trem andava RF – Ainda não há um posicionamento oficial da Rumo, mas
numa velocidade muito menor. Hoje isso também mudou. acredita-se que cerca de 500 mil dormentes de concreto apre-
O que está acontecendo é que a maioria das ferrovias que sentam fissuras e poderão ser substituídos no trecho entre Porto
a gente conversa já está ciente, quer dizer, já colocaram Nacional e Estrela D’Oeste, da Ferrovia Norte-Sul. A empresa
isso no plano de investimento que tem que ser dormente observa essa possível demanda?
de concreto para que o trem possa atingir uma velocidade GG – O que eu sei é o que tem saído na imprensa. É que a
e uma carga suficiente para a demanda que elas precisam. Rumo contratou uma empresa construtora para concluir os
trechos remanescentes da ferrovia. Quanto aos dormentes
RF – Quantos dormentes a Cavan já fabricou desde que ingres- eu sei que eles estão estudando o que ocorreu e se ocorreu.
sou no mercado ferroviário? A única coisa que eu posso afirmar é que eu não forneci
GG – Não sei ao certo, mas tenho certeza que foram mais nenhum dormente para esse trecho. O que eu posso te co-
de 4 milhões de unidades. Para você ter uma ideia, nesses locar é que a Cavan forneceu dormentes para a Ferrovia de
últimos anos, nós produzimos para a Vale 2,2 milhões de Integração Leste-Oeste, não para a Norte-Sul. Os dormen-
dormentes, ou seja, metade do que a Cavan já produziu tes da Fiol não tiveram nenhum problema.
para o setor ferroviário desde a década de 1970. A deman-
da aumentou na última década. RF – Quais são as encomendas ativas atualmente?
GG – São para a Vale (Estrada de Ferro Carajás) e Ferro-
RF – E o que você espera para a próxima década com esse cená- via Transnordestina Logística (FTL).
rio de renovação antecipada dos contratos?
GG – Acredito que essa demanda vai aumentar muito, RF – Vocês assinaram um contrato recentemente com a FTL?
porque os projetos que estão saindo agora, por exemplo, GG – É, a FTL vai lançando os pedidos de acordo com a
o ministro Tarcísio já anunciou que vai assinar o contrato necessidade e com o caixa deles. No momento estamos com
mente a dormente. Se amanhã der um problema em um dor- RF – A Cavan vislumbra fornecimentos internacionais?
mente nosso eu vou saber te falar que dia que o dormente GG – Estamos estudando alguns projetos internacionais
foi fabricado, com que cimento que chegou, com que pedra, no Chile, Colômbia e outros países. O que eu acho que
com que areia, ele é 100% rastreado. Os equipamentos tec- é devemos separar o joio do trigo: dormente não é só
nológicos são 80% importados, para ajudar na produtivi- preço. Você tem uma tecnologia, uma técnica, um pro-
dade da fábrica, então conseguimos fabricar mais dormen- jeto que é muito importante. Amanhã você instala 100
tes com menos pessoas, o que diminui um pouco o custo mil dormentes que começam a dar problema no trilho,
e aumenta a produtividade. Todos os nossos funcionários e aí? Como é que funciona? Vai trocar todos os dormen-
usam uniforme, equipamentos de segurança, a gente tem tes? E o custo para parar uma ferrovia dessa? E aí você
uma pessoa responsável só por segurança de trabalho. Além fala, “mas o fornecedor dá garantia”. Ok, mas quem é
disso, investimos em projetos sociais no Maranhão. o fornecedor? Ele vai ter condições financeiras de sus-
tentar isso? Essa é uma briga que eu tenho muito, tem
RF – Quais são os desafios do setor, na sua visão? que ter uma avaliação técnica e financeira do fornece-
GG – Um grande desafio que vejo é a isonomia tributária dor de dormentes, para não dar os problemas que estão
que hoje nós não temos. Por exemplo, temos o nosso pro- acontecendo, por exemplo, na Norte-Sul, que eu não se
duto e existe um produto similar ao nosso, mas ele não é exatamente nos detalhes, mas que não é um ou dois dor-
de concreto, mas tem uma vantagem tributária sobre nós. mentes. A Cavan mesmo não teve nenhum dormente na
O cliente que está comprando quer saber qual é o mais história dela devolvido ou rejeitado, que teve que ir lá
barato e isso é uma desvantagem para nós, hoje estamos trocar lote, nunca.
brigando para ter essa isonomia. Esse é um dos maiores
desafios, pois a questão de financiamento existe para nos- RF – Que diferenciais podem ser aplicados?
sos investimentos. GG – É preciso avaliar a qualidade do que está compran-
do, a capacidade técnica do fornecedor e o pós-venda.
RF – Como você encara a questão da competitividade nesse mercado? Fazer uma avaliação, visitar a fábrica do fabricante, ava-
GG – Para nós e acho que também para os clientes, o mun- liar se está preocupado com a segurança do trabalho dos
do ideal seria ter um ou dois tipos de dormentes no mer- funcionários. É tudo ligado. Você chegar em uma fábrica
cado. Porque com isso os custos cairiam muito, você teria onde os funcionários não têm nem uniforme e está traba-
dormente muito mais rápido e até poderia fazer estoque de lhando de chinelo, você já vê a segurança que estão dando
dormente, caso precisasse. Mas hoje não existe uma pa- para a engenharia daquele produto. Isso que eu brigo um
dronização, então tem clientes nossos que compram cinco pouco no mercado hoje em dia.
tipos de dormentes. O mesmo cliente. O outro compra três
tipos, então não existe uma padronização e isso eu acho RF – A Cavan visa ingressar em outro mercado além dos
que também é um “complicômetro” no nosso setor. E a pré-moldados?
competitividade, eu acho que ela sempre existe em qual- GG – Chegamos a estudar o mercado de fabricação
quer setor que tenha demanda. Inclusive, com a deman- de AMVs, há uns seis meses. Mas achamos que estava
da aumentando, isso vai piorar e eu acredito que possa muito fora do core business da empresa. Então acha-
até ter grupos estrangeiros interessados em se instalar no mos melhor focar no que fazíamos melhor, que são os
Brasil. Hoje só empresas brasileiras fabricam dormentes dormentes. Uma coisa que acho curiosa é o fato de ter-
para nossas ferrovias. Mas a gente já sabe de países que mos ferrovias no Brasil e não termos um fabricante de
aumentam a demanda e empresas de fora interessadas. Até trilho no país. Encarece muito para o operador, imagi-
nós da Cavan já nos interessamos em ir para outros países ne hoje com o dólar a R$ 5? Isso acaba inviabilizando
fabricar, apesar de o preço nunca ter se viabilizado. alguns projetos.
Por dentro
da cabine
Equipe da RF faz uma viagem
junto com o maquinista nas
linhas 1 e 2 do Metrô de Salvador
Por Bianca Rocha
E
ram 8h10 da manhã quando chegamos à estação Pi-
rajá, localizada na ponta da Linha 1 do sistema me-
troferroviário de Salvador e Lauro de Freitas, hoje
operado pela CCR Metrô Bahia, por meio de uma
Parceria Público-Privada (PPP) com o governo do estado. An-
tes de embarcarmos na cabine de um trem da série 2000, fabri-
cado pela Hyundai-Rotem, para percorrer os 33 km de trilhos
do metrô da capital baiana, fomos à sala de convivência da es-
tação, um espaço cuja entrada só é permitida para funcionários
identificados com crachá.
Sofás, mesas e cantinho para café e água davam a dica de que
o local era o ponto de encontro de funcionários para conversas,
descanso e trocas sobre a rotina de trabalho. Foi nesse espaço
que tivemos o primeiro contato com Maiara de Freitas, que na
CCR Metrô Bahia atende pelo cargo de agente de atendimento e
operação de trens – uma de suas funções é conduzir as composi-
ções. A empresa hoje conta com 143 condutores de trens, sendo
30 do sexo feminino. A supervisora de Interação com Cliente,
Gisele Ventura, também iria nos acompanhar na viagem (hoje a
profissional não faz mais parte da equipe da empresa).
O combinado era fazer o trajeto completo da Linha 1, que
vai da estação Pirajá à estação Lapa. Da Lapa, voltaríamos para
a estação Acesso Norte, onde acontece a transferência dos pas-
sageiros para a Linha 2; e chegaríamos até a estação Aeroporto
– inaugurada em abril de 2018. O sistema possui 20 estações
no total: a Linha 1 tem oito e 12 km de extensão; a Linha 2, 12
e 21 km de trilhos.
Após o café, fomos para plataforma. A ideia era acompanhar
a primeira viagem do dia de Maiara, no horário de pico. Entre
6h30 e 8h30 da manhã, a estação Pirajá é a mais lotada do siste-
ma: nesse corte de horário, recebe cerca de 12.673 passageiros.
Fotos: Divulgação/CCR Metrô Bahia
Monitoramento de via
Se é tudo feito de forma automática, pergunto qual são
as outras funções do operador enquanto conduz o trem.
Gisele explica: “Monitoramento da via e da rede aérea,
não podem subir animais e pessoas na via, porque aqui
é aberto, né? No nível da rua. Existem as grades, mas já O condutor Diego Fagner no trajeto da Linha 2 do Metrô de Salvador
aconteceram situações de pessoas pularem as grades pra
invadir a via. O operador de trem tem autonomia para fre- chamento das portas, câmera que mostra o que acontece
ar o trem e informar ao CCO sobre qualquer eventualidade no interior dos carros.
que venha a acontecer na linha”. O Metrô de Salvador tem Sobre situações inusitadas, Maiara conta: “Uma vez
apenas duas estações subterrâneas, ambas são na Linha 1 uma passageira passou mal e outro usuário entrou em co-
(Lapa e Campo da Pólvora, a 34 metros de profundidade). municação comigo, através desse botãozinho (aponta).
De fato, Maiara não desgruda a mão do botão de emer- Apertam lá de dentro do trem e eu falo com a pessoa por
gência durante todo o percurso. Na CCR Metrô Bahia exis- aqui. Ele falou que uma senhora estava com princípio de
te a regra: o operador deve sempre permanecer com a mão infarto. Eu comuniquei imediatamente ao CCO, que então
posicionada no botão de emergência para aplicar essa fun- chamou o pessoal da segurança, dos primeiros socorros.
ção e parar o trem independentemente do CCO, caso acon- Na estação seguinte, permaneci com as portas abertas do
teça alguma eventualidade. O uso por parte dos operadores trem até retirarem o usuário da composição. Eles tiraram,
de trem de Equipamento de Proteção Individual, que inclui deram atendimento, encaminharam para o hospital. Tudo
capacete, colete, botas e rádio (para comunicação com a é feito na base da comunicação e com a equipe de primei-
equipe de tráfego) também é obrigatório. Na cabine, há um ros socorros da CCR”.
microfone especial para a comunicação com o CCO. Gisele lembra também de uma apagão que aconteceu
Via nova
De Lapa a Acesso Norte são quatro estações. Os trens
da Hyundai-Rotem têm gangways, ou seja, passagem san-
fonada e aberta entre os carros. Gisele se despediu de nós
e deu lugar a Mário Vasquez, que era coordenador de Trá- Maiara de Freitas no interior do trem que conduz há seis anos
fego quando a reportagem foi feita, mas hoje não faz mais
parte da equipe da CCR Metrô Bahia. Entre uma conversa Chegamos à estação Aeroporto. A 2,5 km do Aeropor-
e outra, Mário nos contou que a limpeza dos trens é feita to Internacional de Salvador, a estação dispõe de shuttles
por uma empresa terceirizada, que fica instalada no pátio gratuitos que levam passageiros ao terminal aéreo. A Li-
de Pirajá e nas linhas de estacionamento das composições. nha 2 tem 12 estações e 21 km de extensão. Atualmente,
Todos os dias os carros passam por limpeza. entre 6h e 8h, 7,9 mil passageiros acessam a estação Aero-
Chegamos à estação Acesso Norte. Fomos em direção à porto. À tarde, entre 16h e 19h, são 8,9 mil usuários.
transferência de trens entre as linhas 1 e 2. A composição Pela PPP, a extensão do sistema até o município de
que faria o trajeto na Linha 2 já estava na plataforma. Má- Lauro de Freitas está atrelada a uma meta definida no
rio pediu permissão para ingressar na cabine do condutor. contrato de concessão: 6 mil passageiros deverão acessar
A escala da vez era com Diego Fagner, operador de trem a estação Aeroporto nos horários de pico por seis meses
da CCR Metrô Bahia desde 2015. consecutivos para que sejam iniciados os estudos para a
Comparando as vias das linhas 1 e 2, eram visíveis as construção da estação Lauro de Freitas. A média dos dias
diferenças. Na Linha 1, de Lapa a Acesso Norte, existem úteis, nos últimos seis meses (de agosto de 2019 a janei-
dormentes e britas. A partir da estação Acesso Norte, as- ro de 2020), foi de 4.296 passageiros das 17:30 às 18:30
sim como toda a extensão da Linha 2, a via é composta na estação Aeroporto.
Divulgação/CPTM
Obras na Linha 9-Esmeralda, da CPTM, conta com recursos do Orçamento Geral da União
D
os R$ 14,7 bilhões do Orçamento Geral da da Semob conta com 138 empreendimentos ativos, ou
União aprovados pelo Congresso Nacional seja, que contam com recursos da OGU e também do
para o Ministério do Desenvolvimento Regio- PAC-FGTS. Deste total, 13 são ferroviários (veja na
nal (MDR) este ano, R$ 476,4 milhões (3,24%) tabela da página 24).
foram reservados para o Programa Mobilidade Urbana,
gerido pela Secretaria Nacional de Mobilidade e Servi- Propostas em análise
ços Urbanos (Semob). Os recursos serão alocados em seis A Semob recebeu esse ano proposta do governo do
ações, segundo a secretaria (veja na tabela da página 23). Ceará para a elaboração de um projeto executivo para a
A parte destinada a sistemas de transporte público coletivo construção de um sistema de bondes modernos (a exem-
urbano (que incluem os modais ferroviário, rodoviário e plo do que existe no Rio de Janeiro) na região portuária de
hidroviário) ficou com R$ 456,3 milhões, ou seja, 95% do Fortaleza. Segundo a assessoria do MDR, o projeto pode
total previsto para o programa. ser enquadrado no programa Avançar Cidades, que desde
Segundo o MDR, os recursos previstos para sistemas o ano passado permite financiar, com recursos do FGTS,
de transporte público coletivo urbano serão destinados a elaboração de projetos básico e executivo de obras me-
a obras que já estão em andamento, conforme avanço troferroviárias. Já o programa Retrem recebeu no início
físico dos empreendimentos. “A distribuição dos va- deste ano uma proposta do Metrô de Teresina, para a aqui-
lores entre os projetos metroferroviários e os demais sição de oito VLTs a diesel de três carros. Todos os docu-
depende da execução das obras ao longo do exercício mentos estão em fase de análise pela secretaria.
(de 2020)”, explicou em nota o ministério. A carteira Outro projeto em análise pela Semob e que está na etapa
22 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020
de resolução de pendências é o da
PROGRAMA DE MOBILIDADE URBANA 2020
prefeitura de Contagem (MG), que
ATIVIDADE VALOR
apresentou em 2019 uma propos-
ta para a expansão da Linha 1 do Estudos e projetos relativos à mobilidade urbana R$ 9.855.024,00
Metrô de Belo Horizonte, operado Sistemas de transporte público coletivo urbano R$ 456.306.391,00
pela CBTU, com a construção de Transporte não motorizado R$ 2.878.337,00
uma nova estação entre Eldorado e
Planos de mobilidade urbana locais R$ 928.337,00
Contagem, na região metropolita-
Moderação de tráfego R$ 928.337,00
na. De acordo com a prefeitura, o
investimento estimado é de R$ 180 Desenvolvimento institucional no setor da mobilidade urbana R$ 5.570.016,00
Segmento de carga ceber R$ 294,3 milhões dos recursos previstos para o setor
O orçamento aprovado pelo Congresso para o Ministé- ferroviário, segundo o Minfra. Deste valor, a maior parte
rio da Infraestrutura este ano foi de R$ 7,7 bilhões. Deste (R$ 241,9 milhões) está programada para o trecho II, de
total, R$ 385,3 milhões estão previstos para obras no setor 485 km, entre Caetité e Barreiras, na Bahia, cujas obras
ferroviário (o valor não contempla ações de estudos e pro- estão com avanço físico de 34,3%, de acordo com a Valec.
jetos). Em 2019 foram aprovados pelo Legislativo para o Outros R$ 52,4 milhões estão previstos para o trecho I da
modal ferroviário R$ 571 milhões. Os recursos da pasta ferrovia, entre Ilhéus e Caetité (BA), de 537 km, onde as
são distribuídos entre a administração direta do ministé- obras estão com 76,8% de avanço. O ministro da Infraes-
rio, a Valec Engenharia Construções e Ferrovia, o Depar- trutura vem afirmando que pretende levar a leilão o trecho
tamento de Infraestrutura de Transporte Terrestre (Dnit), I da Fiol ainda este ano; é possível que a conclusão das
a Empresa de Planejamento Logístico (EPL) e os fundos obras fique por conta do concessionária que assumir a via.
da Marinha Mercante, da Aviação Civil e da Segurança Estão previstos R$ 22 milhões para custeio de despesas
e Educação no Trânsito (não estão incluídas as agências com processos de desapropriação ao longo da Ferrovia
reguladoras Anac, ANTT, Antaq). Norte-Sul e outras medidas relacionadas ao meio ambien-
A Ferrovia de Integração Leste-Oeste (Fiol) deverá re- te que ficaram a cargo da Valec, como plantio compensa-
reportagem
tório e recuperação de áreas degradadas ao longo da fer- (MG). As obras incluem dois viadutos, com previsão
rovia. Leiloada em março deste ano, a Ferrovia Norte-Sul de conclusão em 2020. No orçamento do Dnit constam
é uma concessão da Rumo no trecho entre Porto Nacional também R$ 1 milhão para desapropriação de área para a
(TO) e Estrela D’Oeste (SP). construção da Ferrovia Transnordestina, cujas obras estão
O Dnit conta com R$ 47,9 milhões para custeio de des- paralisadas desde 2016. A Lei Orçamentária Anual 2020,
pesas, manutenção e obras, não contemplando ações de no entanto, prevê o bloqueio da execução física, orçamen-
estudos e projetos, segundo a pasta. A maior fatia, R$ 12,3 tária e financeira de obras com indícios de irregularidades,
milhões, está prevista para obras de adequação geométrica entre elas a Ferrovia Transnordestina.
de linhas férreas próximas ao perímetro urbano de Barra O Ploa 2020 ainda inclui R$ 4 milhões no orçamen-
Mansa (RJ). A licitação para conclusão da obra – que está to do Dnit para a construção de contorno ferroviário em
com 70% de avanço – foi vencida pelo consórcio Ctesa São Francisco do Sul (SC); adequação de linha em Mogi
Construções. A expectativa é conclui-la este ano. Guaçu-SP (R$ 3 milhões); obras de construção de passa-
Outros R$ 11 milhões estão previstos para eliminação gens subterrâneas para transposição de trecho próximo a
de conflitos urbanos em linha próxima a Juiz de Fora Rolândia-PR (R$ 2,3 milhões); entre outros.
Divulgação/CPTM
Projetos de
privatização
Setor privado deve dominar a operação de
sistemas de passageiros sobre trilhos nos
próximos anos no Brasil
Por Bianca Rocha e Adriana de Araújo
Trem em operação na Linha 9-Esmeralda
da CPTM, em vias de ser privatizada
A
s operadoras de sistemas urbanos sobre trilhos Estado da Bahia (CTB), e os quatro sistemas de Fortaleza
no Brasil são hoje, na maioria, empresas pú- (Metrofor e os VLTs Parangaba-Mucuripe, Sobral e Cari-
blicas federais ou estaduais. Mas tudo indica ri). Destes 15, nove (entre sistemas e conjunto de linhas)
que nos próximos anos isso vai mudar. Priva- estão com projetos concretos de privatização. Os de Forta-
tização e Parcerias Público-Privadas (PPPs) dominam as leza não entram nessa lista, apesar de o governo do Ceará
discussões no setor ferroviário de passageiros, que já tem estar em conversas com o BNDES, para a elaboração de
sob gestão privada sete sistemas/linhas, correspondendo um estudo de viabilidade para concessão de todos os seus
a 335,7 km de trilhos (cerca de um terço do total, 1.105 sistemas sobre trilhos.
km) e 206 estações distribuídas em São Paulo (ViaQuatro/ Os cinco sistemas da CBTU e a Trensurb foram quali-
Linha 4-Amarela e ViaMobilidade/Linha 5-Lilás – ambas ficadas no Programa de Parceria de Investimentos (PPI)
do Metrô de SP); Salvador (CCR Metrô Bahia), Rio de e incluídas no Plano Nacional de Desestatização pelo
Janeiro (MetrôRio, SuperVia e VLT Carioca) e Santos-SP governo federal em 2019; as linhas 8-Diamente e 9-Es-
(VLT da Baixada Santista). meralda da CPTM serão concedidas juntas num proces-
Dos 22 sistemas sobre trilhos em operação hoje no so que está em fase de audiência pública; o Metrô DF
Brasil, 15 estão sob administração pública. São os cinco lançou em 2019 um Procedimento de Manifestação de
da CBTU (Recife, Belo Horizonte, Natal, João Pessoa e Interesse (PMI) para colher estudos sobre a privatização
Maceió), Trensurb, Metrô de São Paulo (linhas 1-Azul, do sistema. Os trens de subúrbio de Salvador serão de-
2-Verde, 3-Vermelha e, até o momento, a 15-Prata), sativados para dar lugar ao monotrilho, por meio de uma
CPTM, Metrô DF, Metrô de Teresina, os trens de subúr- PPP já assinada entre governo do estado e o consórcio
bio de Salvador, gerido pela Companhia de Transportes do chinês Skyrail.
28 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020
Quando se fala em obras em andamento ou no papel, sistema, hoje controlada pelo Grupo Invepar.
os governos também esperam contar com a participação “Antes da concessão, o governo do Rio precisava apor-
privada. Vem do estado de São Paulo a maioria dos pro- tar cerca de US$ 100 milhões anuais para garantir a ope-
jetos metroferroviários no Brasil que deve nascer sob o ração do sistema. Com a privatização, o governo deixou
regime de concessão. Nesse grupo estão a Linha 6-La- de aportar tais recursos. A prorrogação da concessão em
ranja, uma PPP assumida recentemente pelo grupo es- 2007 resultou em R$ 1,15 bilhão em investimentos da
panhol Acciona, cujas obras estão prometidas para ser operadora em ativos como trens e estações, que passaram
retomadas esse ano; o Trem Intercidades, que prevê ligar a pertencer à sociedade”, diz, citando também a primeira
a capital paulista a Campinas usando a Linha 7-Rubi da PPP do Brasil, que foi a Linha 4-Amarela, do Metrô de
CPTM, que também deverá entrar no pacote de conces- São Paulo, segundo ele, exemplo de qualidade em termos
são; e a Linha 17-Ouro, do Metrô de SP, cuja operação de operação e satisfação dos usuários.
será da ViaMobilidade assim que as obras forem conclu- Gouveia defende o avanço de investimentos na área,
ídas pelo governo do estado. Já o Distrito Federal lan- seja público ou privado, mas reconhece que, em caso de
çou no ano passado um PMI para realizar estudos para concessão ou de PPP, o governo deve trabalhar para re-
a implementação do VLT de Brasília em parceria com o duzir riscos ao capital privado. “Numa PPP, geralmente,
capital privado. a estrutura é entregue nova à empresa. Já no caso de con-
cessão de um sistema já existente, muitas vezes é preciso
Faltam recursos trabalhar redobrado para driblar as dificuldades de operar
A baixa capacidade de investimentos e a agenda libe- com equipamentos e material rodante obsoletos e trechos
ral dos governos federal e estaduais podem explicar a degradados. Acredito que deva existir um mecanismo em
guinada de projetos de concessão dos sistemas de trans- contrato para reduzir esses riscos, que pode ser um prazo
porte sobre trilhos pelo país. Mas, para o vice-presiden- maior de carência da outorga, por exemplo”, diz.
te executivo da Associação Nacional dos Transporta- A questão dos riscos é um dos principais desafios que
dores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), João envolvem a privatização dos sistemas da CBTU e da
Gouveia, a questão vai além. Os exemplos de parcerias Trensurb, segundo Jean Pejo, ex-secretário nacional de
entre os setores público e privado na área metroferro- Mobilidade e Serviços Urbanos do Ministério do Desen-
viária geraram bons resultados, segundo Gouveia. Ele volvimento Regional. Pejo comenta que o BNDES foi
lembra que a primeira concessão metroferroviária no autorizado a contratar estudos para avaliar individual-
Brasil foi a do metrô do Rio de Janeiro, em 1997, quan- mente os sistemas da CBTU, colocando no papel a si-
do então surgiu a concessionária MetrôRio, responsá- tuação financeira, a estrutura e os riscos operacionais e
vel pela operação e manutenção dos trens e estações do de demanda existentes sobre cada um. “Não existe hoje
Divulgação/CBTU
Divulgação/Metrô DF
ção às obrigações de cada parte. “Não tenho nada contra “As pesquisas servem como termômetros da qualida-
investimento privado, mas é preciso ter em mente que PPP de e podem ocasionar o reequilíbrio financeiro do contra-
não é de graça, existe um custo para o estado, uma respon- to por parte do poder público, caso a concessionária não
sabilidade fiscal que o estado assume para os próximos 30 se mantenha no nível previamente estipulado. O capital
anos e que passará por diversas gestões”. privado não quer perder recursos, visa ao lucro, por isso
Os contratempos que aconteceram em 2019 com o manter a operação saudável é algo fundamental e necessá-
VLT Carioca, em que o prefeito do Rio, Marcelo Cri- rio”, ressalta Jurandir Fernandes, ex-secretário de Trans-
vella, deixou de pagar à concessionária as prestações portes Metropolitanos de São Paulo durante dois manda-
mensais previstas em contrato de PPP, é um bom exem- tos (2003-2006 e 2011-2014) e atualmente presidente da
plo de como a relação público-privada pode ser afetada UITP América Latina.
ao longo das diferentes gestões. O contrato de PPP foi A Revista Ferroviária buscou ter acesso a essas pes-
assinado pelo ex-prefeito da cidade, Eduardo Paes, ante- quisas. ViaQuatro e a ViaMobilidade informaram que
rior à gestão de Crivella. por contrato existe a obrigatoriedade de as concessio-
Avelleda pontua que concessão da operação metrofer- nárias fazerem pesquisas semestrais (qualitativa e quan-
roviária não é sinônimo de abstenção do governo sobre titativa), mas os detalhes dos levantamentos só podem
questões relativas ao transporte urbano. A operação pode ser divulgados ao governo do estado. O VLT Carioca
ser privada, mas é do poder público a função de garantir a informou que realizou uma pesquisa de satisfação dos
não competitividade dos modais, de exigir a manutenção usuários por conta própria em 2017, já que a exigência
da qualidade do serviço prestado e de montar um corpo contratual só passaria a valer quando o sistema tivesse
técnico capacitado para trabalhar de forma competente plenamente implementado (com as três linhas, o que
nos órgãos de fiscalização e controle. “Para montar essa aconteceu no fim de 2019). O resultado da pesquisa em
estrutura, é preciso investimento público”, comenta Avel- 2017 foi de uma avaliação geral de 92% para bom ou
leda, que atualmente trabalha nos EUA como diretor de muito bom.
Mobilidade Urbana no instituto de pesquisa World Re- MetrôRio realiza por contrato duas pesquisas por ano.
sources Institute (WRI). Segundo a companhia, 92% dos entrevistados recomenda-
ram o sistema no último levantamento que fizeram, em se-
Pesquisas não divulgadas tembro de 2019. SuperVia, por sua vez, afirmou que não há
A elaboração de pesquisas periódicas que informam o obrigatoriedade em contrato de concessão com o governo
índice de satisfação dos usuários são cláusulas comuns em do estado para realização de pesquisas de satisfação. CCR
contratos de PPP e também de concessões metroferroviárias, Metrô Bahia informou que as pesquisas de satisfação dos
mas em geral não são divulgadas pelas concessionárias. usuários do metrô são obrigatoriedade do governo do esta-
Aumento da
Divulgação/Rumo
Locomotiva AC44
(Wabtec) em operação
na Rumo Malha Paulista
A
frota total de locomotivas ativas nas ferrovias mando as ativas e inativas) teve um leve decréscimo, pas-
de carga aumentou entre 2018 e 2019, ao passo sando de 3.709 em 2018 para 3.705 em 2019.
que a quantidade de máquinas inativas foi redu- A Rumo lidera entre as operadoras que mais adquiri-
zida no período, de acordo com o levantamento ram locomotivas entre 2018 e 2019. No total, 39 novas
anual feito pela Revista Ferroviária. Entre as operadoras, AC44, da GE (atual Wabtec), passaram a circular nas
a Ferrovia Centro-Atlântica e a Transnordestina (FTL + malhas Norte e Paulista. Nas malhas Sul e Oeste, não
TLSA) foram as únicas que apresentaram redução de suas houve mudanças no período. A Estrada de Ferro Carajás,
frotas ativas. O restante registrou aumento ou manteve o operada pela Vale, acrescentou à frota 13 novas locomo-
mesmo número de 2018. A frota total de locomotivas (so- tivas modelo ES58ACI (EVO), da GE, que operam no
Frota de Locomotivas
Taxa de inatividade
Frota Ativa Frota Inativa Frota Total
Operadora (%)
2018 2019 2018 2019 2018 2019 2018 2019
Rumo (Operações Sul +
866 891 367 381 1.233 1.272 29,7 29,9
Operações Norte)
Ferrovia Centro-Atlântica 592 564 211 171 803 735 26,3 23,2
Total 6 0 6
G12* EMD 1.500 1960 6 0 6
Fonte: MRN
Total 3 0 3 Total 2 4 6
www.settemkt.com.br
suprimentos
Mercado em potencial
Empresas de manutenção e de peças para locomotivas focam em novas tecnologias
F
abricantes de peças e equipamentos e em- Inovação
presas prestadoras de serviços atuam no se- A Timken vê o mercado de rolamentos ferroviários
tor de manutenção de locomotivas de olho com potencial de crescimento. A empresa oferece con-
nas futuras demandas do setor ferroviário. juntos de rolamentos com rolos pré-montados e pré-
Atuante no segmento de fabricação de eixos e -lubrificados que reduzem o desgaste dos materiais e
rodeiros, a Companhia Brasileira de Ferro e Aço aumentam a durabilidade – seja para unidades de sus-
(CBFA) oferece manutenção, reforma e reperfila- pensão do motor ou para caixas de transmissão. Entre
mento de rodeiros. os destaques estão os mancais de rolamentos Timken
“Hoje, nossos contratos de manutenção com as ope- AP e SP.
radoras definem que o cliente desmonta o rodeiro do Além de fabricar, a Timken repara rolamentos usados.
equipamento, envia para uma de nossas unidades e é Entre os principais serviços oferecidos pela companhia
feita uma perícia para averiguar quais componentes estão a substituição de peças desgastadas ou danificadas
deverão ser substituídos ou retrabalhados. Nesta fase para que o rolamento possa ser usado novamente de ma-
poderá ser feita troca de eixo, de rolamento, de roda ou neira confiável.
reperfilamento das rodas caso apresentem desgaste no “Usamos equipamentos especialmente projetados
friso”, descreve Luiz Antonio Herrador, gerente comer- com os mesmos procedimentos de aferição e ins-
cial da CBFA. peção utilizados quando fabricamos um rolamento
Atualmente, os trabalhos realizados nas unidades de novo. Além de uma economia significativa de cus-
Rio Claro e Osasco contribuem para ampliar a capaci- tos, os mancais e rolamentos remanufaturados têm
dade e diversificar os serviços oferecidos pela CBFA. garantia de um rolamento novo”, descreve Geiza Al-
Em 2019, quando a unidade de Osasco foi inaugurada, ves, supervisora de Marketing para América do Sul
a companhia recebeu entre 35 e 40 locomotivas para da Timken.
manutenção, contra 25 no ano anterior. Entre os prin- A Metalúrgica Riosulense especializou-se no desen-
cipais clientes da empresa estão Progress Rail, MRS volvimento de peças para as locomotivas GE AC44 e
Logística, VLI Logística, Vale, Rumo Logística, Trans- BBi e itens encomendados para atender necessidades
nordestina e Trail. específicas dos clientes. A empresa oferece peças para
A unidade de Osasco fabrica eixos e rodeiros e também o motor de tração e suspensão de locomotivas, para
oferece manutenção geral de rodeiros ferroviários. Já a dormentes (calços), ombreiras e placas de apoio, assim
unidade de Rio Claro fica dentro de uma oficina da Rumo como peças para vagões (engates, anéis centro-pião e
Logística, atendendo às demandas diárias de manutenção discos intermediários).
de rodeiros da Operção Norte (que incluem as malhas A companhia lança mão de inovações para atender
Norte e Paulista). clientes como Wabtec, Hidremec, Pandrol South Ame-
Recentemente, a CBFA disponibilizou uma ferramenta rica, BR Railparts e MRS. A tecnologia de impressão
para que os clientes possam, por meio de login e senha, 3D reduz o tempo de fabricação das peças e de testes
acessar informações atualizadas dos serviços executados de campo. Já os softwares Magma e EdgeCAM são
num determinado rodeiro. “As expectativas são bastante usados para o desenvolvimento de fundidos e simula-
otimistas uma vez que as prorrogações das concessões en- ção de usinagem.
contram-se em estágio avançado e com isso novos proje- “A demanda para o fornecimento de peças está estag-
tos devem surgir. Outro fator importante é que as ferrovias nada nos últimos anos. Estamos aguardando a renovação
estão com demandas cada vez maiores de carga e com isso das concessões, que impactará positivamente o setor”,
as manutenções têm aumento expressivo também”, avalia afirma Reynaldo Biazolo, representante da área comercial
o gerente comercial. da Metalúrgica Riosulense.
Figura 1 -
Primeira
etapa da
transferência
de carga,
instalação da
estrutura de
suporte nos
pilares PE1
a PE4, PE5 e
PE8.
Figura 2
- Segunda
etapa da
transferência
de carga,
instalação da
estrutura de
suporte nos
pilares PE6 e Figura 3 – Aspecto da área da transferência de carga e indicação
PE7. das pistas de tráfego de veículos.
*Comitê Brasileiro de Normas Técnicas Metroferroviárias
42 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020
Figura 7 - Vista dos pilares PE1 a PE4 com as
Figura 4 - Demonstração da área de transferência versus a área vigas de coroamento já devidamente concretadas.
da influência da transferência de carga
INSTRUMENTAÇÃO
A instrumentação (Tabela 1) e (Figuras 4 e 5) foi instalada de acor-
do com exigências do monitoramento estabelecido a cada etapa/passo,
como periodicidade, liberação de avanço e confirmação de estabilização.
CONCLUSÕES
Gráfico 6 - Histórico de recalques Geral O processo de transferência de carga demanda atenção desde a
elaboração dos procedimentos, com prospecções, análises de modela-
• Pinos das vigas de coroamento (apoio das estruras metálicas) gem, simulações, integrando passos operacionais, de monitoramento,
– PV’s, sem recalques significativos, máximo de 6,4mm e distorções de análise de dados e de ações de contorno, considerando todas as
de 1:1.100 a 1:790. restrições envolvidas. Mesmo assim o comportamento das estruturas
• Os Clinômetros (CL’s) tendência de comportamento estável típi- pode ser diverso do esperado mas, levando-se em conta incertezas a
co - exemplo do gráfico 7: cerca das estruturas originais, as variações em relação às premissas
podem ser aceitáveis. Para isso, as análises pari passu em todo pro-
cesso, não podem prescindir da compreensão dos fenômenos envol-
vidos através do monitoramento adequado, da gradual percepção da
sensibilidade da instrumentação ante às solicitações e intercorrências
obtendo-se as “assinaturas” dos comportamentos típicos. Nesse está-
gio de domínio, passam a ser aceitáveis simplificações ponderadas na
liberação de cada passo do processo, sem descarte do diagnósticos e
contorno de intercorrências.
Neste cenário é fundamental a interação das equipes envolvidas, no
caso, do Metrô, da Executora, de monitoramento e do acompanhamen-
to técnico.
Mais uma vez registra-se a capacitação do Metrô e de equipes par-
ceiras assegurando sustentabilidade e melhoria tecnológica contínua na
implantação das importantes obras de mobilidade urbana.
Mais detalhes e dados numéricos com os autores ou em:
http://www.semanadetecnologia.com.br/25semana/wp-content/
uploads/2019/09/T71_ID74_artigo_transferenciadecargalinha17.pdf
O
rompimento da barragem da mina Córrego do em 2018, segundo os dados de movimentação da ANTT.
Feijão, em Minas Gerais – que completou um As malhas Paulista e Norte da Rumo, FTC e Ferrovia Nor-
ano em fevereiro – e a paralisação de outras te-Sul (operada pela VLI) também registraram crescimento
minas da Vale no estado fez reduzir o trans- em 2019 tanto em TU quanto em TKU. Rumo Malha Sul e
porte ferroviário de minério de ferro, impactando signifi- Transnordestina Logística cresceram em TU, mas apresen-
cativamente o volume total movimentado em 2019 pelas taram queda em TKU.
ferrovias de carga. A queda no acumulado de janeiro a de- No segmento de passageiros, os sistemas transportaram
zembro do ano passado foi de 13,2% em toneladas úteis 4,8% mais usuários em 2019. Foram quase 3,2 milhões
(TU) e 10,2% em toneladas por quilômetro útil (TKU) na de passageiros transportados no ano passado contra 3 mi-
comparação com o volume total transportado em 2018. lhões em 2018. Entre os sistemas que contribuíram para
MRS e EFVM – diretamente afetadas pela tragédia – apre- esse aumento estão os de São Paulo, Fortaleza e Salvador.
sentaram queda no desempenho em 2019. A primeira re- A ViaMobilidade, que opera a Linha 5-Lilás do Metrô de
gistrou decréscimo de 22,4% em TU e 25,9% em TKU; na São Paulo, teve crescimento de 81,7% em número de pas-
segunda, a baixa foi de 25,5% em TU e 26,7% em TKU. sageiros. No Metrofor, foram 13,8% de usuários a mais. O
Um dos destaques positivos do ano foi a Ferroeste, que Metrô da capital baiana, operado pela CCR Metrô Bahia,
apresentou alta de 84,2% em TU e 100,5% em TKU no apresentou alta de 39,6%. Os sistemas de VLT Cariri, So-
acumulado de janeiro a dezembro. A operadora transportou bral, Baixada Santista e Carioca também registraram cres-
no ano passado 860 mil toneladas contra 467 mil toneladas cimento em 2019.
Veja mais em www.revistaferroviaria.com.br
Nas tabelas de transporte urbano sobre trilhos estão contabilizadas as transferências entre as linhas
TRANSPORTE DE CARGA POR FERROVIA - NOVEMBRO 2019
Δ% Acumulado no ano até Novembro
11/18 11/19
Operadoras Nov 19/Nov 18 2018 2019 Δ%
TU (10³) TKU (106) TU (10³) TKU (106) TU TKU TU (10³) TKU (106) TU (10³) TKU (106) TU TKU
Rumo - Malha Sul 1.849,9 1.184,5 2.008,5 1.264,4 8,6 6,7 20.822,4 13.323,1 21.157,1 13.397,0 1,6 0,6
Transnordestina Log. 90,9 45,7 218,2 49,8 140,0 9,0 1.073,8 559,0 1.715,3 515,7 59,7 (7,7)
E.F. Carajás 18.346,6 16.518,7 17.548,6 15.873,7 (4,3) (3,9) 186.443,4 167.369,8 176.391,6 159.004,9 (5,4) (5,0)
E.F.V.M. 10.339,4 5.841,5 7.521,7 4.174,3 (27,3) (28,5) 112.746,0 63.255,1 86.148,7 47.488,2 (23,6) (24,9)
Rumo - Malha Paulista 424,3 448,7 397,4 495,7 (6,3) 10,5 4.735,4 4.340,8 5.012,5 5.507,8 5,9 26,9
Rumo - Malha Norte 2.033,4 3.097,4 2.433,0 3.659,4 19,7 18,1 21.354,6 32.400,4 23.882,3 35.879,2 11,8 10,7
Ferroeste* 41,9 28,0 67,4 48,4 60,9 72,9 437,9 183,7 791,5 351,9 80,7 91,6
FCA 2.560,7 1.805,7 2.300,1 1.693,9 (10,2) (6,2) 32.332,0 22.599,5 27.575,7 21.382,4 (14,7) (5,4)
FTC 249,0 19,2 256,3 20,1 2,9 4,7 2.637,1 203,7 2.741,3 213,2 4,0 4,7
MRS Logística 11.723,8 5.662,5 7.423,4 3.354,7 (36,7) (40,8) 124.460,2 59.235,4 99.035,6 45.483,0 (20,4) (23,2)
Rumo - Malha Oeste 355,0 71,6 286,1 65,0 (19,4) (9,2) 3.961,4 803,4 3.371,3 844,7 (14,9) 5,1
Ferrovia Norte-Sul 655,1 631,8 664,4 615,6 1,4 (2,6) 8.114,5 7.635,1 9.199,7 8.786,1 13,4 15,1
Total 48.670,0 35.355,3 41.125,1 31.315,0 (15,5) (11,4) 519.118,6 371.908,8 457.022,6 338.854,1 (12,0) (8,9)
Fonte: ANTT. *Os dados da Ferroeste não consideram direito de passagem e tráfego mútuo, apenas as cargas geradas na ferrovia.
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artigo
Vivências
ferroviárias
HELOISA TOLLER GOMES
Professora de Literatura, licenciada em Letras Anglo-Germânicas,
com mestrado em Literatura Brasileira e doutorado em Letras pela PUC-RJ
D
urante a maior parte de minha vida, fui espec- através das curvas e meandros desenhados pela valorosa
tadora próxima e participante ativa, enquanto Maria Fumaça.
usuária, da vida ferroviária em nosso país. Permito-me, ainda, lembrar algumas referências
Isto porque a Revista Ferroviária marcou históricas que dizem respeito à família Toller Gomes
presença fortíssima na casa de minha infância e de meu e à Revista Ferroviária. Antes mesmo de meu nasci-
irmão Gerson, assim prosseguindo durante toda a adoles- mento, meu pai, Jorge de Moraes Gomes, fundou a
cência e em grande parte de nossa mocidade. Revista Ferroviária com seu cunhado, o engenheiro
Ao aceitar o grato convite para escrever esse artigo, Rubem Vaz Toller, cuja vida profissional tomaria de-
pensei logo em evitar o sentimentalismo fácil, embora pois outros rumos. A Revista Ferroviária passou a ser
genuíno, das reminiscências familiares. Mas não posso o ganha-pão de nossa pequena família, contando com
deixar de me referir, brevemente e com muito prazer, à o entusiasmo crescente e apaixonado de nosso pai.
origem desse apego ao trem bem antes de conhecermos Durante seus anos iniciais no jornalismo, Gerson tra-
a Revista: ele deve ter nascido com o fantástico “tren- balhou ao lado dele. No final da década de 1980, Ger-
zinho elétrico” que tínhamos em casa, sempre em inces- son assumiu o comando da Revista, modernizando-a,
sante processo de complicada construção, para delícia expandindo-a e dando-lhe o formato básico que ainda
das crianças que éramos, Gerson e eu, e para compreen- hoje mantém, com o mesmo empenho pela questão do
sível impaciência de nossa mãe; também às frequentes transporte ferroviário que herdara do pai atrelado à
viagens de trem (sem horários confiáveis, é claro) da sua valiosa experiência de jornalista.
Central do Brasil a Governador Portela, hoje distrito de O discurso jornalístico e técnico elaborado pela Revis-
Miguel Pereira, na Serra do Tinguá. Fazíamos baldea- ta em suas diferentes fases tem ininterruptamente acom-
ção em Japeri – na Baixada Fluminense, palco do genial panhado e discutido a questão do trem no Brasil em seus
“Assalto ao Trem Pagador” de 1962 e da célebre ocor- projetos, ganhos e perdas, aspirações e acontecimentos
rência policial que motivou o filme. Naquele percurso relevantes. A Revista e sua equipe têm explicado o trem
serra acima apreciávamos a fantástica paisagem, torna- no Brasil e ao Brasil, voltando-se também para o trans-
da acessível, em seus perfumes e ruídos característicos, porte ferroviário em outros países e continentes. Com
Classificados RF
Vagão modelo Sider, da Randon, entregue em 2019 para a
MRS. A unidade foi produzida na fábrica de Araraquara (SP) e
faz parte de um lote de 74 vagões desse tipo encomendados
pela operadora. O modelo Sider tem capacidade de transporte
de até 88 toneladas de carga líquida e é equipado com lonas
antivandalismo, sistema de tensionamento de lona desenvolvido
especificamente para a operação ferroviária e divisórias internas
e barrotes no assoalho (fabricados em aço inox ferrítico). O
equipamento tem capacidade de 30 toneladas por eixo.
Foto: Samuel Zulianelo
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