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TO AS
Janeiro / Fevereiro 2020 - R$ 31,50

Gestão privada
Privatização e PPPs dominam as discussões
nos sistemas de passageiros
DORMENTES DE CONCRETO CAVAN
A MARCA QUE O TEMPO NÃO APAGA

DORMENTES DE CONCRETO
PARA CARGAS E PASSAGEIROS
DORMENTES PARA AMV
DORMENTES MONOTRILHO
DORMENTES PARA CONTRATRILHO
DORMENTES ESPECIAIS

CAPACIDADE DE
PRODUÇÃO DE
1.000.000 +55 11 3631-4810
www.cavan.com.br
DE DORMENTES POR ANO
editorial

A Revista Ferroviária completa 80 anos de circulação ininterrupta neste


início de 2020. Carrega em suas páginas a história das ferrovias brasileiras
desde 1940. Nasceu justamente quanto o governo implementava um processo
de saneamento, encampando ferrovias privadas e estaduais que estavam com
problemas operacionais. Acompanhou o processo de eletrificação, que no
Brasil, ao contrário da Europa, ficou pelo meio do caminho; viu a substituição
das locomotivas a vapor pelas máquinas diesel-elétricas e diesel; e testemunhou
o sucateamento das ferrovias quando o foco governamental voltou-se para as
estradas de rodagem. Foi um longo processo, que se arrastou por várias décadas,
e deixou o setor, nas mãos do estado, sem capacidade de investimento. Os trens
de passageiros de longa e média distância foram praticamente extintos e a
renovação veio, no final do século passado, com o concessionamento das ferrovias
à iniciativa privada. De certa forma, foi uma volta às origens, já que a maior
parte da malha ferroviária nacional foi construída, no século XVIII, com capital
privado e financiamento estrangeiro. É uma história cíclica, marcada por altos e
baixos, que penaliza toda uma cadeia de produção e dificulta o desenvolvimento
do setor de forma consistente. Mas é também um história de resiliência daqueles
que acreditam que as ferrovias continuam sendo importantes num futuro mais
sustentável e menos agressivo ao meio ambiente.

ASSINE www.revistaferroviaria.com.br Anual: R$ 149,00


6 edições, newsletter e acesso ao site

CONSELHO EDITORIAL DIRETORA DE REDAÇÃO JORNALISTA RESPONSÁVEL


Regina Perez Regina Perez - Mtb 14.194
Alexander Ellwanger regina@revistaferroviaria.com.br

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Daniel Moreira
Bento José de Lima REDAÇÃO
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Editora: Bianca Rocha
Ano 81 - Janeiro / Fevereiro de 2020 Guilherme Quintella Colaboradores: Adriana de Araújo
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Guilherme Mello
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Henrique Aché Consultor técnico: Henrique Boneti contato@fabiohirata.com.br
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Revista Ferroviária é uma publicação da
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REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020 3


sumário
Ano 81 - Janeiro/Fevereiro 2020

Trem da série 7000,


em operação na Linha
9-Esmeralda da CPTM.

Foto: Divulgação/CPTM

Pág. 28
Entrevista
Guilherme Godoy
Pereira fala sobre

10
os 80 anos
da Cavan

Diário de Bordo
Equipe da RF viaja

18
dentro da cabine no
Metrô de Salvador

Orçamento 2020
22
Veja o que está previsto este
ano para carga e passageiros

Todas as locomotivas
34
Frota ativa cresceu
entre 2018/2019

RF 80 anos
Heloisa Toller Gomes,

48
em artigo, faz uma
viagem pela memória

Viaduto da Grota Funda, na Serra do Mar, por onde locomotivas elétricas


Stadler da MRS operam em sistema de cremalheira.
Foto: Lucas M. Rosa
cartas

Divulgação/CPTM
80 anos da RF Linha 13-Jade chega ao
Aeroporto de Guarulhos
Parabéns pelos 80 anos da Revista
Ferroviária! Feliz 2020! Obrigado.
Rodney Vergili
rodney@digitalassessoria.com.br

Parabéns e que dure mais 80 anos.


Marco Antonio Y. do Carmo
mayc18@gmail.com

Aproveitamos para parabenizar a Re-


vista Ferroviária pela celebração dos
80 anos de história. Desejamos suces-
so e plenas conquistas na nova déca-
da que se inicia!
Cordialmente,
área dentro do sítio aeroportuário.
Sérgio Leite de Andrade
Linha 13-Jade da CPTM
No processo de concessão do Aero-
presidencia@usiminas.com Sobre a matéria veiculada na Folha porto, no governo Dilma, esta Por-
de S. Paulo “Trem até Cumbica viaja taria foi ignorada e permitiram que
Elogios com 35 passageiros” cabem alguns es- a concessionário apresentasse seu
clarecimentos. O texto faz referência plano de negócio para todo o sítio
Divulgação/ViaQuatro

exclusivamente ao serviço Expresso, aeroportuário, inviabilizando a es-


que parte da Estação Luz a cada duas tação projetada. A estação foi então
horas. Não cita o serviço normal a reprojetada, inclusive considerando o
partir da estação Engenheiro Goulart, engate com o futuro monotrilho cuja
com partidas a cada 20 minutos. Cita implantação foi assumida pelo pró-
que o serviço Expresso “atingiu uma prio CEO da GRU-Airport, em even-
média diária de 350 passageiros”, mas to de lançamento da obra em 2013.
não cita que o serviço normal trans- Na ocasião, a GRU-Airport apresen-
Equipe trabalha na porta 15.000 passageiros/dia! Ao citar
troca de trilhos da
tou à mídia presente farto material
Linha 4-Amarela custos, lembra que “a Linha 13-Jade ilustrando o traçado do monotrilho de
custou R$ 2,3 bilhões”. O leitor po- sua responsabilidade. A Linha 13, de
Sobre a matéria da troca de trilhos na Li-
derá ser induzido a pensar que foram complexidade e custo muito maior, já
nha 4-Amarela do Metrô de São Paulo:
gastos bilhões para transportar 350 está pronta desde 2018. Infelizmente,
nem os melhores veículos de imprensa
pessoas/dia e não 15 mil. a palavra da GRU-Airport ainda está
divulgam as boas notícias que vocês
Ao referir-se à “falta de conexão dire- para ser cumprida.
mostram. Parabéns a toda equipe da RF!
ta entre o trem e os terminais de Cum- Jurandir Fernandes
Francisco Raimundo Peliciari bica”, é importante esclarecer que o Presidente da UITP América Latina
francisco.unionvendas@gmail.com projeto do governo de São Paulo con- e ex-secretário de Transportes
siderava a estação em frente ao Ter- Metropolitanos de São Paulo
Obrigado pelas notícias. Elas são minal 2. Após obtermos a licença pré- Para escrever para a Revista Ferroviária
muito importantes para quem traba-
via de mais de 20 órgãos municipais, mande um email para:
lha no ramo ferroviário. redacao@revistaferroviaria.com.br
estaduais e federais, a SPU-Secreta- ou para as nossas redes sociais
Silas A. Reis ria do Patrimônio da União publicou (Instagram, Facebook ou LinkedIn) ou escreva para:
Av. Marquês de São Vicente, 2.219 - Ed.Office Time
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6 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020


agenda
BRASIL EXTERIOR
ABRIL JUNHO
TRANSPORT LOGISTIC - FEIRA INTERNACIONAL DE
ENCONTRO DE FERROVIAS LOGÍSTICA E TRANSPORTE
28 a 30/04 – Curitiba, PR 16 a 18/06 – Shanghai, China
Organizador: ANTF Organizador: Messe Munchen
Site: www.antf.org.br E-mail: tlc.exhibitor@messe-muenchen.de

JULHO
AGOSTO COMPRAIL 2020
FÓRUM DE MOBILIDADE ANPTRILHOS 01 a 03/07 – Berlim, Alemanha
Organizador: Wessex Institute
26/08 – Brasília, DF
Site: https://www.wessex.ac.uk
Organizador: ANPTrilhos
Site: https://anptrilhos.org.br/evento/ AFRICA RAIL 2020
30/06 e 01/07 – Joanesburgo, África do Sul
Organizador: Terrapinn
SETEMBRO
Site: https://www.terrapinn.com
26ª SEMANA DE TECNOLOGIA METROFERROVIÁRIA DA
AEAMESP E METROFERR SETEMBRO
01 a 04/10 – São Paulo, SP INNOTRANS 2020
22 a 25/09 – Berlim, Alemanha
Organizador: Aeamesp
Organizador: Messe Berlin
Site: http://www.aeamesp.org.br/ Site: www.innotrans.com
expressas Bianca Rocha

Linha 15-Prata suspensa


O primeiro e, por enquanto, único mo- uma rotina de testes incomum quando lhões de outorga. Mas a assinatura do
notrilho em operação no Brasil está comparado a uma linha tradicional de contrato com governo de São Pau-
suspenso desde o dia 1º de março, sem metrô, sendo frequentemente paralisa- lo não aconteceu. Em novembro do
previsão de volta. No dia 27 de feverei- do aos finais de semana. mesmo ano, a Justiça anulou a con-
ro o pneu de um dos trens se rompeu Foi formada uma equipe de gestão de cessão. A secretaria de Transportes
durante a circulação, caindo em partes crise no Metrô de SP para analisar o Metropolitanos recorreu da decisão.
de uma altura de 15 metros. Acionada, problema. Especula-se que o acidente A Linha 17-Ouro é outro monotrilho
a Bombardier recomendou, por segu- possa ter relação com a infraestrutu- que cairá nas mãos do grupo CCR. O
rança, a retirada de operação de toda ra da viga-trilho Divulgação/Metrô SP

a frota (de 23 composições modelo do monotrilho. O


Innovia 300), para que fossem inspe- consórcio Express
cionados por uma equipe técnica vinda Monotrilho Les-
do Canadá. A linha que vai de Vila Pru- te, formado pela
dente a São Mateus, tem 10 estações e Queiroz Galvão
transporta 98 mil passageiros/dia. e OAS (além da
Desde que foi inaugurado, há quase seis Bombardier, fa-
anos, o monotrilho acumula histórico bricante dos trens
de problemas/falhas e é alvo de críticas e do sistema), foi
de alguns especialistas, que desapro- o responsável pela
Trens do monotrilho estacionado no pátio de Oratório
vam o uso do sistema para transporte construção da li-
de alta capacidade. De trepidações a nha. O governo de São Paulo decidiu projeto está em construção (com pra-
baixa velocidade dos trens, o monotri- processá-lo e pedir ressarcimento pe- zo de conclusão para 2022), mas sem
lho já partiu de uma das estações com los danos causados. Segundo estima- a fabricante de trens definida. Depois
as portas abertas (as composições tra- tivas, o prejuízo diário é da ordem de da desistência da Scomi, o Metrô de
fegam em vias elevadas, a cerca de 15 R$ 1 milhão. São Paulo lançou uma nova licitação.
metros); um trem se deslocou da viga Concedido à iniciativa privada em A companhia escolheu a segunda colo-
enquanto passava por um equipamento março do ano passado, o monotrilho cada, a chinesa BYD, eliminando a pri-
de mudança de via no Pátio Oratório; ainda está sob operação do Metrô de meira, o consórcio Signalling (T’Trans,
e já houve o choque entre duas com- SP. A ViaMobilidade, do grupo CCR, Bom Sinal e a suíça Molinari), que, de
posições que, felizmente, estavam junto com a RuasInvest, foi a única acordo com o metrô, não atendeu ao
sem passageiros. Além disso, o siste- interessada em operar o sistema, se item “patrimônio líquido”. O consórcio
ma desde a sua inauguração, passa por comprometendo a pagar R$ 160 mi- Signalling entrou com recurso.

Só falta assinar
O mercado ferroviário respirou ali- A data de assinatura ainda não está ção ao atendimento de uma série de
viado no dia 20 de fevereiro, quando plenamente definida. O ministro da exigências e recomendações, entre
o Supremo Tribunal Federal (STF) Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, elas sobre o cálculo da outorga, as
negou liminar para derrubar a Lei chegou a afirmar que aconteceria em projeções de despesas e receitas es-
13.448/17, que prevê critérios para a março, mas logo depois admitiu que timadas e mudanças na modelagem
renovação antecipada de contratos de seria para o final de abril. econômica-financeira do contrato. A
concessão de ferrovias. Com o aval ANTT e Rumo trabalham para ajus- ANTT precisa entregar um relatório
do STF, o caminho está livre para a tar os termos pedidos pelo minis- ao TCU com antecedência mínima de
assinatura do contrato entre gover- tro relator do Tribunal de Contas da 15 dias à data prevista de assinatura
no federal e a Rumo Malha Paulista, União (TCU), Augusto Nardes. Em do contrato, comprovando o cumpri-
para garantir mais 30 anos de conces- novembro do ano passado, Nardes mento das exigências determinadas
são à operadora. condicionou a assinatura da renova- pelo Tribunal.
8 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020
mercado

Placas de fixação no Metrô de São Paulo


A Vibtech está fornecendo 840 placas de fixação du- ra, gerente técnico comercial da VibTech.
plamente elástica para a Linha 2-Verde do Metrô de São “Essas placas foram desenvolvidas especialmente para
Paulo. As placas foram projetadas para trilhos TR 57 e o Metrô de São Paulo. A instalação do amortecimento du-
suportam 18 toneladas por eixo, explica Ricardo Siquei- plamente elástico na linha faz parte do processo de moder-
nização implementado pela operadora, que
pretende também fazer substituições nas li-
Divulgação/Vibtech

nhas 1-Azul e 3-Vermelha. Portanto, haverá


continuidade do nosso trabalho”, ressalta.
A Vibtech também tem contrato de for-
necimento para a estação Vila Sônia, da
Linha 4-Amarela do Metrô SP, obra com
entrega prevista pelo governo do estado
para dezembro deste ano. “Produzimos
sistema de massa mola e placas de fixa-
ção duplamente elástica para o modelo de
trilho da Linha 4-Amarela, que é o UIC
60”, acrescenta Siqueira.
As placas duplamente elásticas da Vibtech foram
projetadas para trilhos TR 57 da Linha 2-Verde

gente
Gente que faz A RF dá destaque aos ferroviários que trabalham na operação, com o objetivo
de valorizar aqueles que fazem as ferrovias brasileiras funcionarem.

Há quantos anos na ferrovia Um bom ferroviário é... pós-graduação na UFRGS.

Passageiros
35 anos É o cara que é operacional. Para Expectativa profissional
mim, a operacionalidade é essa Eu sempre digo que vou ficar
Ferrovia significa... função de quem fecha o esquema.
A ferrovia é muito operacional, aqui até os 90 anos. Se me
É aquele que fecha o furo, que quiserem, fico aqui sem me
o trem nunca pode parar. Eu está ali quando todos precisam.
não posso fazer uma demanda aposentar. Eu até brinco com o
para amanhã, eu tenho que Momento para recordar pessoal que aqui dentro somos
fechar hoje. O concurso. Entramos 60 colegas uma família e isso torna tudo aqui
juntos e trabalhamos 22 anos muito leve, é leve trabalhar.
Desafio diário juntos sem ter outro concurso.
O maior desafio é manter a
empresa funcionando com
Outro bom momento foi quando Carlos Alberto Barcellos
a Trensurb ofereceu um curso Supervisor do Setor de
efetivo de 34 funcionários. na PUCRS e quando ganhei uma Tráfego da Trensurb

Há quantos anos na ferrovia Um bom ferroviário é... Grossense, onde pude crescer
Carga

10 anos Aquele que respeita a profissionalmente e colaborar


ferrovia, que sabe atuar em na preservação destes dois
Ferrovia significa... equipe e que cumpre com biomas tão importantes.
Profissão, família e os procedimentos e as
muita amizade. Expectativa profissional
normas operacionais. Crescer profissionalmente junto
Desafio diário Momento para recordar com a ferrovia brasileira.
Executar as demandas com Ter atuado de maneira
foco na sustentabilidade
e com ganhos de modo
integral no “Projeto Expansão Tiê Pires com Adamenas*
Malha Norte” entre 2010 a Auditor Ambiental SR
transversal entre as diferentes 2014, inserido na região do *Foi reconhecido como uma das pessoas que fez a
áreas da Rumo. Cerrado e do Pantanal Mato- diferença em 2019 durante a Convenção Anual da Rumo.

REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020 9


entrevista

De postes a dormentes
No ano em que a Revista Ferroviária nascia no dormente de concreto é o nosso carro-chefe de
Brasil, em 1940, a Cavan – hoje uma das principais vendas”, conta nessa entrevista Guilherme Godoy
fabricantes de dormentes de concreto para ferrovias Pereira, diretor-presidente da Cavan Pré Moldado.
– chegava ao país, trazida pelo empresário belga O paulistano de 48 anos, formado em Economia,
Jean Baptiste Deffense. Diferentemente da RF, no teve a primeira passagem pela empresa em 1993,
entanto, sua relação com o setor ferroviário não se como diretor comercial. Após atuar em outras
deu de início. Instalada em Osasco, em São Paulo, companhias, voltou à Cavan em 2014, para assumir
a fábrica era especializada na produção de postes o cargo que ocupa hoje.
de concreto, estruturas para linhas de transmissão, Desde que começou a fabricar dormentes, a
subestações e um vasto leque de produtos de Cavan contabiliza cerca de 4 milhões de unidades
concreto armado e protendido. entregues às ferrovias brasileiras. Metade desse
Em pouco tempo, passou a fornecer para todo número foi para a Vale, hoje a principal cliente. São
o país. No Rio de Janeiro, boa parte da rede de da Cavan os dormentes utilizados na duplicação
distribuição de energia e iluminação pública repousa da Estrada de Ferro Carajás. Participa também do
sobre postes da Cavan. Foi na capital fluminense, fornecimento para a Ferrovia de Integração Oeste-
inclusive, que Deffense realizou um dos feitos técnicos Leste, na Bahia. Recentemente, assinou contrato
mais notáveis de sua carreira: projetou e fabricou os com a Ferrovia Transnordestina Logística para a
postes de concreto armado do Aterro do Flamengo, produção de 86 mil dormentes, que deverão ser
que configura entre os mais altos do mundo. entregues até maio deste ano.
Ao longo de 80 anos, a Cavan reinventou-se No ano em que a Cavan completa oito décadas,
como a maioria das companhias que alcança essa Guilherme se diz esperançoso com o mercado. A
idade. Aproveitou-se da especialidade em produtos assinatura da renovação da Rumo Malha Paulista
de concreto pré-moldado para ingressar, em 1975, e outros projetos tocados pelo ministério da
no mercado ferroviário, sendo a primeira empresa a Infraestrutura são motivos, segundo ele, para
fabricar dormentes deste tipo no Brasil. O produto acreditar que o setor “agora vai”. “O setor ferroviário
passou a ser o core business da Cavan a partir dos sempre foi um setor que ‘o ano que vem vai crescer, o
anos 2000, com a privatização das ferrovias de ano que vem vai bombar’, e isso acontece há décadas,
carga, época em que já estava sendo comandada por sempre tem essa história. Infelizmente até hoje não
um grupo brasileiro, o Guarupart Participações. se chegou ainda nesse ano. Mas pelo que temos
“Com o decorrer dos anos, a gente foi mudando, acompanhado, acreditamos muito que vai haver um
então as demandas também mudaram. Hoje o investimento forte", ressalta.

Guilherme Godoy Pereira


Diretor-presidente da Cavan Pré Moldado

10 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020


André Schneider

O setor ferroviário sempre foi um setor que ‘o ano que vem vai crescer,
o ano que vem vai bombar’. Infelizmente até hoje não se chegou
ainda nesse ano. Mas pelo que temos acompanhado, acreditamos
muito que vai haver um investimento forte no setor ferroviário.

REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020 11


entrevista
Revista Ferroviária – Completar 80 anos é um feito para qualquer que requer uma tecnologia especializada. Traduzindo, não
empresa no mundo. Como resumir a trajetória da Cavan até aqui? é qualquer um que consegue fabricar dormente de concre-
Guilherme Godoy – A Cavan completou 80 anos de exis- to. Você pega, por exemplo, um galpão mais simples ou o
tência no Brasil. Mas antes de chegar ao país, a empresa próprio poste, é um produto mais simples de fabricação.
já existia, tem origem belga. Era uma empresa familiar, O dormente não. O dormente requer investimentos altos
na qual havia mais de uma família na gestão. Eles acaba- para se fazer uma fábrica, ele requer um conhecimento
ram fazendo uma cisão das Cavans. Uma das famílias veio técnico muito maior e isso tudo a gente acha que tem e que
ao Brasil e fundou a Postes Cavan. A princípio era uma agregamos muito nisso. No passado não era, mas hoje o
empresa que atuava predominantemente no segmento de dormente de concreto é o carro-chefe de vendas da Cavan.
postes de concreto. A empresa era líder nesse mercado.
Até hoje se você olhar nas ruas do Rio, a maioria dos pos- RF – A questão da demanda mudou a partir do final da década
tes é da Cavan, a exemplo dos que existem no Aterro do de 1990, com a privatização das ferrovias?
Flamengo. Desde 1988 a empresa faz parte de um grupo GG – Na verdade, nos anos 2000 melhorou, mas o setor
maior, o Guarupart Participações. ferroviário sempre foi um setor que “o ano que vem vai
crescer, o ano que vem vai bombar”, e isso acontece há
RF – Um grupo brasileiro a adquiriu então... décadas, sempre tem essa história. Infelizmente até hoje
GG – Exatamente. Nós temos um braço no setor de energia não se chegou ainda nesse ano. A gente tem uma carência
que se chama Alupar, uma empresa ligada ao setor elétrico, ferroviária no Brasil muito grande. Se você comparar com
que tem ações na bolsa; temos a Cavan e também uma ter- outros países percentualmente, inclusive com a Argentina,
ceira empresa que se chama Erg – Projetos e Construções, Chile e outros países da América do Sul, o nosso setor fer-
que atua no setor de empreendimentos imobiliários. roviário é muito pequeno. Com essa mudança de governo
e pelo que temos acompanhado do ministro Tarcísio de
RF – E a Cavan ficou especializada no setor ferroviário? Freitas, eu acredito, nós acreditamos muito, que vai haver
GG – Não. Quando adquirimos a Cavan, a empresa ficou um investimento forte no setor ferroviário.
especializada em qualquer tipo de pré-moldado. No início
fabricávamos só postes, mas já fabricamos também lixeira RF – Está mais otimista agora como nunca esteve?
de concreto, galpões e passarelas. Na época do ‘boom’ de GG – Sim. Estamos mais otimistas agora do que antes.
investimento em telefonia celular, produzimos torres de Antes a gente achava que eram ‘promessas largadas ao
celulares para antenas, postes de linha de transmissão de ar’, e agora não. Agora estamos vendo realmente as coisas
energia, estruturas de subestação de energia. Com o de- efetivamente acontecer. As renovações das ferrovias estão
correr dos anos, a gente foi mudando, então as demandas acontecendo, planos de novas ferrovias estão andando. E a
também mudaram. A demanda por postes no passado era gente acha que isso realmente tem que acontecer, porque o
alta, ao contrário de hoje. Brasil precisa, não tem mais como esperar isso.

RF – Quando a empresa entrou no mercado ferroviário brasileiro? RF – Você avalia que o mercado ferroviário deixou a desejar ao
GG – Nos anos de 1970 entramos no mercado ferroviá- longo dos anos, mas em contrapartida a Cavan especializou-se e
rio, nos tornando a primeira empresa a fabricar dormente focou nesse setor. Por quê?
de concreto no Brasil. Mas nas décadas de 1970, 1980 GG – Nós começamos a focar nesse mercado a partir dos
e 1990, a demanda era baixa. Hoje o foco da Cavan é na anos 2000. Porque desde então a gente sentiu a carência
fabricação de dormentes de concreto, que é um produto que o Brasil tem no setor ferroviário. E a gente acredita-

Nesses últimos anos, nós produzimos para a Vale


2,2 milhões de dormentes, ou seja, metade do que a Cavan
já produziu para o setor ferroviário desde a década de 1970.
A demanda aumentou na última década.

12 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020


Temos mais uma em Minas, que está desativada por falta de demanda,
e estamos estudando hoje a abertura de uma fábrica mais ao Sul,
para atender tanto Malha Paulista como a região do Paraná.

va que um dia viria, mas o que aconteceu foi o que disse de renovação da Malha Paulista. A Malha Paulista, pro-
anteriormente, sempre se falava que era no ano que vem e vavelmente, vai precisar fazer uma remodelagem e troca
nunca aconteceu. Mas agora estamos otimistas de que vai de trilhos, troca de dormentes e os dormentes vão ser de
acontecer, então, na verdade a gente já focou nisso há mais concreto. Tem ferrovias sendo anunciadas, ferrovias no-
de 10 anos. Mas temos pedidos bons. Temos um contrato vas que devem sair nos próximos anos também com dor-
grande com a Vale, empresa para qual fabricamos desde mentes de concreto. Então eu acho que esse mercado vai,
2008, 2009 e eu acho que a demanda vai ser muito maior no mínimo, triplicar para dormente de concreto nos próxi-
daqui para a frente. O que está acontecendo é o seguinte: mos anos. A Ferrogrão e a própria Ferrovia de Integração
além das novas ferrovias que vão sair, existem as reno- Centro-Oeste (Fico) são ferrovias novas que vão sair e que
vações dos contratos que acarretarão a remodelação das vão gerar novas demandas para o nosso mercado. A pró-
ferrovias já existentes. pria Rumo, que tornou-se concessionária da Ferrovia Nor-
te-Sul, vai investir lá. Então agora eu acredito realmente
RF – Basicamente a demanda que existe hoje é para manter a que a coisa vai.
operação ferroviária funcionando?
GG – A demanda que existe hoje é necessária para manter RF – A indústria espera que os pedidos aconteçam ainda esse ano?
a velocidade do trem e das cargas transportadas, e nesse GG – Eu acredito que essa demanda vai vir com mais for-
quesito o dormente de concreto é imbatível. Então, outra ça a partir do ano que vem, porque demora um tempo para
coisa que a gente sofria muito no passado. As ferrovias esses contratos serem assinados. Eu acho que ela vai au-
eram muito imediatistas e compravam dormentes só pelo mentando gradativamente nos próximos cinco, dez anos.
preço, acabavam comprando dormente de madeira e ou-
tros tipos que tinham vida útil muito menor, o trem andava RF – Ainda não há um posicionamento oficial da Rumo, mas
numa velocidade muito menor. Hoje isso também mudou. acredita-se que cerca de 500 mil dormentes de concreto apre-
O que está acontecendo é que a maioria das ferrovias que sentam fissuras e poderão ser substituídos no trecho entre Porto
a gente conversa já está ciente, quer dizer, já colocaram Nacional e Estrela D’Oeste, da Ferrovia Norte-Sul. A empresa
isso no plano de investimento que tem que ser dormente observa essa possível demanda?
de concreto para que o trem possa atingir uma velocidade GG – O que eu sei é o que tem saído na imprensa. É que a
e uma carga suficiente para a demanda que elas precisam. Rumo contratou uma empresa construtora para concluir os
trechos remanescentes da ferrovia. Quanto aos dormentes
RF – Quantos dormentes a Cavan já fabricou desde que ingres- eu sei que eles estão estudando o que ocorreu e se ocorreu.
sou no mercado ferroviário? A única coisa que eu posso afirmar é que eu não forneci
GG – Não sei ao certo, mas tenho certeza que foram mais nenhum dormente para esse trecho. O que eu posso te co-
de 4 milhões de unidades. Para você ter uma ideia, nesses locar é que a Cavan forneceu dormentes para a Ferrovia de
últimos anos, nós produzimos para a Vale 2,2 milhões de Integração Leste-Oeste, não para a Norte-Sul. Os dormen-
dormentes, ou seja, metade do que a Cavan já produziu tes da Fiol não tiveram nenhum problema.
para o setor ferroviário desde a década de 1970. A deman-
da aumentou na última década. RF – Quais são as encomendas ativas atualmente?
GG – São para a Vale (Estrada de Ferro Carajás) e Ferro-
RF – E o que você espera para a próxima década com esse cená- via Transnordestina Logística (FTL).
rio de renovação antecipada dos contratos?
GG – Acredito que essa demanda vai aumentar muito, RF – Vocês assinaram um contrato recentemente com a FTL?
porque os projetos que estão saindo agora, por exemplo, GG – É, a FTL vai lançando os pedidos de acordo com a
o ministro Tarcísio já anunciou que vai assinar o contrato necessidade e com o caixa deles. No momento estamos com

REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020 13


entrevista
um contrato para o fornecimento de 86 mil unidades, que que acontece é o seguinte: as demandas são bem menores
deverão ser entregues até maio deste ano. Para Vale o for- porque os trechos são bem menores. Se você fala em fazer
necimento vai até 2024. Nós já fornecemos para a Vale 2,2 um metrô aqui em São Paulo, se você fizer 3 km já é bas-
milhões de unidades, mas o pedido total é de 2,750 milhões. tante. Quando você fala de uma ferrovia de carga, falamos
em 300 km, então são demandas totalmente diferentes
RF – Onde os dormentes da Cavan estão sendo produzidos? para os nossos dormentes. Você fornecer 1000 dormen-
GG – Na fábrica que temos em Bacabeira (MA). É uma tes, por exemplo, não tem competitividade, porque para
planta muito grande, com capacidade para produzir 350 produzir dormente é necessário fazer alguns investimen-
mil a 400 mil dormentes/ano. tos. Para um dormente diferente é preciso fazer um molde
novo ou até dependendo da localização e da quantidade,
RF – A empresa tem outras plantas de produção? fazer uma fábrica nova. Então, em um projeto que visa à
GG – Temos mais uma em Minas, que está desativada compra de 1 milhão de dormentes é possível diluir esse
por falta de demanda, e estamos estudando hoje a abertura investimento. Há uma produtividade melhor, então você
de uma fábrica mais ao Sul, para atender tanto Malha fica muito mais competitivo, seu custo cai muito. Agora
Paulista como a região do Paraná. Ainda está em estudo, você tem que fornecer 1000 dormentes para a empresa de
provavelmente vamos decidir agora em março. metrô em São Paulo o custo vai acabar não sendo viável.
Mas um projeto que temos acompanhado bem de perto é o
RF – A Cavan já forneceu para a Rumo Malha Paulista? Trem Intercidades, que já é um pouco maior, tem uma boa
GG – Não, nós já fornecemos para a Malha Paulista, mas demanda e que acreditamos que vai sair.
não pela Rumo, mas para a ALL. A Malha Paulista tem
dormentes de concreto, mas são poucos. RF – A empresa investe em tecnologia e inovação?
GG – Há uns 15 anos, fizemos uma parceria com uma em-
RF – E em relação à área de passageiros, que discute diversos presa norte-americana, a Rocla, que hoje detém 80% do
projetos de privatização? Como vocês observam isso? mercado americano de dormentes de concreto. E isso foi
GG – Eu acho que realmente a demanda maior não virá do muito bom para nós porque agregou uma tecnologia capaz
segmento de passageiros. Transporte de passageiros é uma de aumentar a qualidade do produto e a capacidade de pro-
discussão mais longa, porque é um segmento que depen- dução também. A Rocla utiliza lá fora, e temos em nossa
de, na nossa visão, de subsídios do governo. Porque você fábrica no Maranhão. É lógico que o produto de concreto
fala do trem São Paulo-Rio, por exemplo, mas essa conta, não é a mesma coisa que fazer um produto eletrônico, a
na minha visão, não fecha. Se você colocar no papel o in- fábrica tem sua limitação tecnológica. Os melhores equi-
vestimento com o valor da passagem...Então eu acho que pamentos que existem no mundo temos hoje aqui, então
ainda é um transporte que depende muito do governo, e a nossa produtividade hoje é muito maior comparada com
por isso não acredito muito em grandes investimentos e o que tínhamos antes. Essa fábrica que estamos estudan-
na demanda de dormentes. O que será muito forte daqui do fazer no Sul será nos mesmos moldes. As normas bra-
para frente é o transporte de carga, que é 100% privado, é sileiras hoje são bem exigentes, inclusive elas são mais
só uma questão de fazerem as concessões e as renovações exigentes que algumas normas que da Europa, e isso nós
que precisam ser feitas. seguimos à risca com os nossos 260 funcionários.

RF – A Cavan atua no segmento de passageiros? RF – Há algum sistema de rastreamento de produto?


GG – Já fornecemos para a CPTM, mas normalmente o GG – Nós temos na nossa fábrica um rastreamento dor-

Eu acho que realmente a demanda maior


não virá do segmento de passageiros. Transporte de passageiros
é uma discussão mais longa, porque é um segmento
que depende, na nossa visão, de subsídios do governo.

14 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020


Para nós e acho que também para os clientes,
o mundo ideal seria ter um ou dois tipos de dormentes no mercado.
Porque com isso os custos cairiam muito, você teria dormente
muito mais rápido e até poderia fazer estoque de dormente.

mente a dormente. Se amanhã der um problema em um dor- RF – A Cavan vislumbra fornecimentos internacionais?
mente nosso eu vou saber te falar que dia que o dormente GG – Estamos estudando alguns projetos internacionais
foi fabricado, com que cimento que chegou, com que pedra, no Chile, Colômbia e outros países. O que eu acho que
com que areia, ele é 100% rastreado. Os equipamentos tec- é devemos separar o joio do trigo: dormente não é só
nológicos são 80% importados, para ajudar na produtivi- preço. Você tem uma tecnologia, uma técnica, um pro-
dade da fábrica, então conseguimos fabricar mais dormen- jeto que é muito importante. Amanhã você instala 100
tes com menos pessoas, o que diminui um pouco o custo mil dormentes que começam a dar problema no trilho,
e aumenta a produtividade. Todos os nossos funcionários e aí? Como é que funciona? Vai trocar todos os dormen-
usam uniforme, equipamentos de segurança, a gente tem tes? E o custo para parar uma ferrovia dessa? E aí você
uma pessoa responsável só por segurança de trabalho. Além fala, “mas o fornecedor dá garantia”. Ok, mas quem é
disso, investimos em projetos sociais no Maranhão. o fornecedor? Ele vai ter condições financeiras de sus-
tentar isso? Essa é uma briga que eu tenho muito, tem
RF – Quais são os desafios do setor, na sua visão? que ter uma avaliação técnica e financeira do fornece-
GG – Um grande desafio que vejo é a isonomia tributária dor de dormentes, para não dar os problemas que estão
que hoje nós não temos. Por exemplo, temos o nosso pro- acontecendo, por exemplo, na Norte-Sul, que eu não se
duto e existe um produto similar ao nosso, mas ele não é exatamente nos detalhes, mas que não é um ou dois dor-
de concreto, mas tem uma vantagem tributária sobre nós. mentes. A Cavan mesmo não teve nenhum dormente na
O cliente que está comprando quer saber qual é o mais história dela devolvido ou rejeitado, que teve que ir lá
barato e isso é uma desvantagem para nós, hoje estamos trocar lote, nunca.
brigando para ter essa isonomia. Esse é um dos maiores
desafios, pois a questão de financiamento existe para nos- RF – Que diferenciais podem ser aplicados?
sos investimentos. GG – É preciso avaliar a qualidade do que está compran-
do, a capacidade técnica do fornecedor e o pós-venda.
RF – Como você encara a questão da competitividade nesse mercado? Fazer uma avaliação, visitar a fábrica do fabricante, ava-
GG – Para nós e acho que também para os clientes, o mun- liar se está preocupado com a segurança do trabalho dos
do ideal seria ter um ou dois tipos de dormentes no mer- funcionários. É tudo ligado. Você chegar em uma fábrica
cado. Porque com isso os custos cairiam muito, você teria onde os funcionários não têm nem uniforme e está traba-
dormente muito mais rápido e até poderia fazer estoque de lhando de chinelo, você já vê a segurança que estão dando
dormente, caso precisasse. Mas hoje não existe uma pa- para a engenharia daquele produto. Isso que eu brigo um
dronização, então tem clientes nossos que compram cinco pouco no mercado hoje em dia.
tipos de dormentes. O mesmo cliente. O outro compra três
tipos, então não existe uma padronização e isso eu acho RF – A Cavan visa ingressar em outro mercado além dos
que também é um “complicômetro” no nosso setor. E a pré-moldados?
competitividade, eu acho que ela sempre existe em qual- GG – Chegamos a estudar o mercado de fabricação
quer setor que tenha demanda. Inclusive, com a deman- de AMVs, há uns seis meses. Mas achamos que estava
da aumentando, isso vai piorar e eu acredito que possa muito fora do core business da empresa. Então acha-
até ter grupos estrangeiros interessados em se instalar no mos melhor focar no que fazíamos melhor, que são os
Brasil. Hoje só empresas brasileiras fabricam dormentes dormentes. Uma coisa que acho curiosa é o fato de ter-
para nossas ferrovias. Mas a gente já sabe de países que mos ferrovias no Brasil e não termos um fabricante de
aumentam a demanda e empresas de fora interessadas. Até trilho no país. Encarece muito para o operador, imagi-
nós da Cavan já nos interessamos em ir para outros países ne hoje com o dólar a R$ 5? Isso acaba inviabilizando
fabricar, apesar de o preço nunca ter se viabilizado. alguns projetos.

REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020 15


INTAMIN
TRAZEMOS TRANSPORTE PÚBLICO MODERNO PARA
CIDADES, PONTOS TURÍSTICOS E AEROPORTOS
Imagine relaxar em um trem de design espaco ao nível do solo com outro tráfego e,
moderno, deslizando pela cidade acima das adicionalmente, criam interseções complexas e
ruas fora dos congestionamentos, enquanto caras. As únicas opções que restam para sistemas
desfruta de uma vista espetacular do de transporte de massa reais e eficientes nas
horizonte com todos os confortos que você cidades são sistemas subterrâneos ou elevados.
precisa. Isso não é mais um sonho! Isso pode Hoje, mais e mais cidades estão considerando
se tornar realidade em qualquer cidade em sistemas de “People Mover” como sua primeira
um curto espaço de tempo: um sistema de escolha de transporte de massa. Uma linha de
transporte em massa “People Mover”, que “People Mover” pode ser implementada fácil e
fornecerá exatamente esse sentimento para rapidamente em um ambiente urbano existente,
passageiros e turistas. normalmente dentro de apenas dois a três anos,
O sistema “People Mover” da INTAMIN enquanto um sistema subterrâneo exige 10 anos
representa a mais nova geração de tecnologia ou mais para planejamento e realização. Isso
de transporte comprovado, seguro e confiável. geralmente é inaceitável em vista da situação real
do tráfego rodoviário.
Implementação rápida de
sistemas de People Mover da Custos acessíveis – com nível de
INTAMIN conforto superior
Em muitas cidades e ambientes urbanos, o Os sistemas de “People Mover” são
tráfego rodoviário mais que dobrou em apenas considerados os meios mais acessíveis de
algumas décadas. Esse crescimento rápido transporte de massa e oferecem um nível
está se tornando um desafio significativo para de conforto superior. Os custos de tarifa
muitas cidades, já que o espaço nas estradas por passageiro e por quilômetro estão muito
é limitado e não pode lidar com a crescente abaixo dos sistemas subterrâneos e são ainda
demanda. A necessidade de uma solução de menores do que do VLT. Além disso, sabe-
transporte público altamente eficiente tornou- se que sistemas de transporte público, como
se evidente, a fim de incentivar os passageiros VLT e sistemas subterrâneos, geralmente
a deixarem seus carros para aproveitar o requerem subsídios. Um sistema de “People
transporte público. No entanto, a escolha de Mover” da INTAMIN, por outro lado, pode
meios de transporte público é limitada, pois os realmente obter lucro devido a menores custos
ônibus e microônibus também usam as estradas de investimento e baixos custos operacionais,
e contribuem para os congestiona-mentos, em o que é um aspecto interessante para atrair
vez de oferecer uma solução que economize investidores privados e especialmente
tempo. Como os ônibus ficam presos no concessionárias privadas.
trânsito, mesmo sendo projetados parcialmente
como BRT, aumentam os atrasos e tornam-se O transporte de People Mover da
cada vez menos atraentes para os passageiros. INTAMIN é moderno e atraente
Os VLT também não resolverão esse problema Um sistema de people mover da INTAMIN
de trânsito, pois compartilham o mesmo aprimora a imagem de uma cidade moderna,
Informe Publicitário
deslizando por uma trilha elevada pela cidade, Serviços de consultoria que
altamente visível para todos. Os trens estão facilitam a tomada de decisões
equipados com janelas grandes, permitindo que Por que não avaliar a possibilidade de um
os passageiros e os turistas desfrutem de vistas sistema de “People Mover” da INTAMIN e
da cidade. Os trens circulam em alta velocidade descobrir uma grande oportunidade para
de estação para estação e, devido à via dedicada, um importante passo adiante no transporte
não são afetados por engarrafamentos. Um público moderno? A INTAMIN tem o prazer
sistema de transporte atraente, rápido e de fornecer serviços de consultoria e de ser
confiável é finalmente a chave para incentivar parceira das cidades desde o início, a fim de
os passageiros a deixar o carro em casa e facilitar seu processo de tomada de decisão.
descobrir a beleza do transporte público. Com base no estudo de um sistema específico,
todos os aspectos podem ser apresentados,
Transporte silencioso e ecológico como custos de investimento, aparência visual,
Os trens da INTAMIN são movidos por motores design de trens e estações com base em fotos,
elétricos e funcionam silenciosamente com vídeos ou apresentações de artistas, viabilidade
pneus, praticamente livres de poluição. econômica e ambientais.

Uso de energia solar Experiências da INTAMIN


A estrutura elevada da esteira oferece A Intamin tem um histórico de mais de 50 anos
superfícies generosas para painéis solares, de implementação bem-sucedida dos sistemas
que podem ser integrados de maneira perfeita de “People Mover” em TODO o MUNDO. É o
e elegante à estrutura da guia. A energia orgulho da INTAMIN que todos esses sistemas
solar também pode contribuir para um operem com alta confiabilidade e desempenho
excelente balanço energético desse sistema de total, proporcionando um alto benefício aos
transporte, o que representará, sem dúvida, clientes. Isso significa que a INTAMIN está
uma inovação única para qualquer cidade com pronta para o mercado na América Latina,
ambições ecológicas. principalmente no Brasil!
diário de bordo

Por dentro
da cabine
Equipe da RF faz uma viagem
junto com o maquinista nas
linhas 1 e 2 do Metrô de Salvador
Por Bianca Rocha

E
ram 8h10 da manhã quando chegamos à estação Pi-
rajá, localizada na ponta da Linha 1 do sistema me-
troferroviário de Salvador e Lauro de Freitas, hoje
operado pela CCR Metrô Bahia, por meio de uma
Parceria Público-Privada (PPP) com o governo do estado. An-
tes de embarcarmos na cabine de um trem da série 2000, fabri-
cado pela Hyundai-Rotem, para percorrer os 33 km de trilhos
do metrô da capital baiana, fomos à sala de convivência da es-
tação, um espaço cuja entrada só é permitida para funcionários
identificados com crachá.
Sofás, mesas e cantinho para café e água davam a dica de que
o local era o ponto de encontro de funcionários para conversas,
descanso e trocas sobre a rotina de trabalho. Foi nesse espaço
que tivemos o primeiro contato com Maiara de Freitas, que na
CCR Metrô Bahia atende pelo cargo de agente de atendimento e
operação de trens – uma de suas funções é conduzir as composi-
ções. A empresa hoje conta com 143 condutores de trens, sendo
30 do sexo feminino. A supervisora de Interação com Cliente,
Gisele Ventura, também iria nos acompanhar na viagem (hoje a
profissional não faz mais parte da equipe da empresa).
O combinado era fazer o trajeto completo da Linha 1, que
vai da estação Pirajá à estação Lapa. Da Lapa, voltaríamos para
a estação Acesso Norte, onde acontece a transferência dos pas-
sageiros para a Linha 2; e chegaríamos até a estação Aeroporto
– inaugurada em abril de 2018. O sistema possui 20 estações
no total: a Linha 1 tem oito e 12 km de extensão; a Linha 2, 12
e 21 km de trilhos.
Após o café, fomos para plataforma. A ideia era acompanhar
a primeira viagem do dia de Maiara, no horário de pico. Entre
6h30 e 8h30 da manhã, a estação Pirajá é a mais lotada do siste-
ma: nesse corte de horário, recebe cerca de 12.673 passageiros.
Fotos: Divulgação/CCR Metrô Bahia

No horário de pico da tarde, entre 16h30 e 18h30, Lapa rece-


be volume maior de usuários (média de 15.868 pessoas). “No
horário de pico, a quantidade de usuários triplica e, por isso,
devemos redobrar a nossa atenção”, afirmou Maiara, antes de
iniciar a viagem.

18 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020


Entramos na cabine às 8h32. O trem, já na plataforma Maiara explica as funcionalidades no painel de controle
da estação Pirajá, ficou parado por 20 segundos. Enquanto do trem. Duas delas são imprescindíveis à operação: além
os passageiros ingressavam na composição, Maiara fixava do botão de emergência, já citado, existe a chave seletora.
o olhar no espelho localizado no alto da plataforma, estra- Se habilitada para frente, significa que o trem está em uso,
tegicamente posicionado para atender ao campo de visão mesmo que de forma automática. Para começar a viagem,
do condutor a bordo do trem. Pelo espelho, a condutora é preciso que a chave seletora esteja para frente. Se a cha-
sabe em que momento deve acionar o botão para abertura ve estiver no meio, quer dizer que o trem está parado. Para
e fechamento das portas, que é feito de forma manual. trás, a composição está preparada para dar ré. A chave
O sistema de sinalização do Metrô de Salvador é o seletora fica para frente enquanto o trem está em operação.
CBTC (na sigla em inglês Communications-Based Train Numa condição em que o trem se movimenta de forma
Control) fornecido pela Siemens. Isso significa que o sis- manual, a chave seletora é o “volante” do condutor.
tema de controle do trem é conduzido de forma automá- No painel de controle existe o botão chamado de “Lâm-
tica, guiado pelo cérebro da operação, que é o Centro de pada”. “Se qualquer falha acontecer ele já sinaliza qual
Controle Operacional (CCO), localizado no centro admi- é a falha e a lâmpada vermelha acende”, explica Maiara.
nistrativo da CCR Metrô Bahia, em Pirajá. Ela cita outras funcionalidades: tela do condutor, tela do
“O mínimo de tempo entre abertura e fechamento da sistema, regulagem de velocidade do trem, abertura e fe-
porta é 10 segundos. Dependendo do fluxo, no horário de
pico, o operador de trem tem autonomia para só fechar as
portas quando todos estiverem embarcado”, explica Gi-
sele. No horário de pico, a média de tempo em que o
trem permanece na plataforma das estações é de 30 a 40
segundos, afirma Gisele, acrescentando que o sistema não
autoriza a partida do trem caso uma das portas da compo-
sição esteja aberta. “É automático, do sistema”, explica.

Monitoramento de via
Se é tudo feito de forma automática, pergunto qual são
as outras funções do operador enquanto conduz o trem.
Gisele explica: “Monitoramento da via e da rede aérea,
não podem subir animais e pessoas na via, porque aqui
é aberto, né? No nível da rua. Existem as grades, mas já O condutor Diego Fagner no trajeto da Linha 2 do Metrô de Salvador
aconteceram situações de pessoas pularem as grades pra
invadir a via. O operador de trem tem autonomia para fre- chamento das portas, câmera que mostra o que acontece
ar o trem e informar ao CCO sobre qualquer eventualidade no interior dos carros.
que venha a acontecer na linha”. O Metrô de Salvador tem Sobre situações inusitadas, Maiara conta: “Uma vez
apenas duas estações subterrâneas, ambas são na Linha 1 uma passageira passou mal e outro usuário entrou em co-
(Lapa e Campo da Pólvora, a 34 metros de profundidade). municação comigo, através desse botãozinho (aponta).
De fato, Maiara não desgruda a mão do botão de emer- Apertam lá de dentro do trem e eu falo com a pessoa por
gência durante todo o percurso. Na CCR Metrô Bahia exis- aqui. Ele falou que uma senhora estava com princípio de
te a regra: o operador deve sempre permanecer com a mão infarto. Eu comuniquei imediatamente ao CCO, que então
posicionada no botão de emergência para aplicar essa fun- chamou o pessoal da segurança, dos primeiros socorros.
ção e parar o trem independentemente do CCO, caso acon- Na estação seguinte, permaneci com as portas abertas do
teça alguma eventualidade. O uso por parte dos operadores trem até retirarem o usuário da composição. Eles tiraram,
de trem de Equipamento de Proteção Individual, que inclui deram atendimento, encaminharam para o hospital. Tudo
capacete, colete, botas e rádio (para comunicação com a é feito na base da comunicação e com a equipe de primei-
equipe de tráfego) também é obrigatório. Na cabine, há um ros socorros da CCR”.
microfone especial para a comunicação com o CCO. Gisele lembra também de uma apagão que aconteceu

REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020 19


diário de bordo
em Salvador em março de 2018, que paralisou os trens 2, o trem de prontidão está localizado na estação Pituaçu,
e a operação do sistema durante cerca de 15 horas. “Foi, onde há uma linha de estacionamento para composições.
graças a Deus, bem tranquilo, porque quando aconteceu Saímos da cabine e fomos até a plataforma da estação
o apagão a maioria dos trens, nas duas linhas, estava na Lapa. Pegaríamos o trem junto com os passageiros desta
plataforma. Só dois trens estavam próximos à plataforma. vez, até a estação Acesso Norte, para ingressarmos na ca-
Então o operador fez a evacuação pela passagem de emer- bine com outro condutor rumo à Linha 2 do sistema.
gência dos usuários, paralela à via. Os agentes de seguran-
ça direcionaram todos os passageiros desses trens para a “Projeto irreal”
plataforma. Foi tranquilo. Mas tivemos que evacuar todas Antes de ingressar na CCR Metrô Bahia, Gisele traba-
as estações”, recorda. lhava na área de telemarketing. Na procura por outras opor-
Na Linha 1, o tempo médio de percurso do trem entre tunidades, colocou seu currículo para concorrer à vaga de
uma estação e outra é de dois minutos e 12 segundos. O agente de atendimento e orientação no metrô de Salvador.
trem pode atingir 80 km/hora, mas durante a nossa via- “Quando vi essa vaga, achei meio estranho. O metrô de Sal-
gem, a velocidade ficou na média de 50 km/hora. “O per- vador sempre foi algo irreal para o povo soteropolitano. A
curso da Linha 1 é sinuoso, o que obriga o CCO a reduzir obra demorou 14 anos para ser concluída. Pensei na hora,
um pouco a velocidade da composição. Na Linha 2, cujas essa vaga pode ser fake, mas vou arriscar”, disse, rindo.
Até 2013, o Metrô de Salvador era um projeto inaca-
bado que se arrastava desde 1999 e reuniu todo o tipo de
clichê que costuma aparecer em obras de grande porte
no Brasil. Quando o metrô foi concessionado, em abril
de 2013, havia quatro estações quase prontas, seis km de
linha e R$ 1 bilhão gastos no projeto. Com a PPP firmada
entre o governo do estado e a CCR, as obras andaram, ou
melhor, voaram. Hoje, o sistema tem 33 km, duas linhas e
390 mil passageiros/dia.
Para Gisele, de 28 anos, o sentimento da população ao
ver o metrô funcionando é de vitória. “A minha sensação
é de fazer parte da história. Presenciamos o início da Li-
nha 1, a gente vê hoje o trem chegando ao Aeroporto. Isso
tem muito de nós aqui, do nosso esforço. É muito gostoso
No horário de pico da manhã, a estação Pirajá é a mais lotada do sistema e gratificante”, disse, com sotaque legitimamente baiano.
Gisele contou que fez treinamento para trabalhar como
estações são mais distantes uma das outras, em alguns operador de trem. “Estudei toda parte técnica e elétrica do
pontos o trem atinge 80 km/hora”, explica Gisele. Na Li- trem. Condução manual do trem. Porque quando eu entrei
nha 2, o tempo de percurso entre uma estação e outra é de nós conduzíamos a composição manualmente no trecho
dois minutos e meio. todo, não era automático. Era tudo manual. E os trens não
O percurso entre Pirajá e Lapa foi de 18 minutos (são 11 eram esses. Eram os Alfas. Esse trem é o Bravo”, disse,
km de extensão). Às 8h50, Maiara conduziu o trem para a referindo-se também aos trens da série 1000, da Hyun-
zona terminal da estação Lapa, para manobra, também feita dai-Rotem, adquiridos pelo governo do estado em 2008
de forma automática com monitoramento do CCO. Antes e reformados pela CCR Metrô Bahia para operar com o
de sair da cabine, Maiara fez o procedimento de reversão sistema automático (CBTC).
automática, para desabilitar a cabine. A partir daquele mo- “Era muito gostoso conduzir manualmente. Tínha-
mento, a cabine da outra ponta do trem passou a estar ha- mos que ter o dobro de responsabilidade e de atenção,
bilitada. A inversão do sentido do trem estava autorizada. mas eu gostava muito. Na entrada de plataforma, a gen-
Na zona de manobra na estação Lapa, sempre há um te tinha que manter a velocidade correta, na descida,
trem de prontidão, ou seja, de stand by, para caso aconteça nas subidas. Quando eu entrei era 60 km/hora a veloci-
alguma falha na composição em operação. Para a Linha dade máxima permitida. Agora é 80 km/hora porque é

20 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020


tudo feito no automático”, explicou. apenas de sapatas e grampos alocados embaixo do tri-
Já Maiara chegou à CCR Metrô Bahia quando o siste- lho. “A tecnologia que se chama LVT (LandingVehicle-
ma operava apenas entre as estações Lapa e Acesso Norte. Tracked) diminui a vibração e ruído do trem, pois utiliza
Veio da área de telemarketing, tem 22 anos hoje - está há lastro de concreto no lugar do tradicional lastro brita”,
seis na CCR Metrô Bahia. “Não existiam as outras esta- explicou Mário. Na Linha 2, a sapata tem uma capa de
ções. Não existia a Linha 2. Era Alfa, tudo manual, era borracha que absorve a vibração durante o percurso do
tudo diferente. E ai a gente foi passando pelos processos trem, continuou Mário.
de evolução e hoje estamos aqui com os Bravos, é diferen- “Quando pegamos o projeto, o trecho entre Lapa e
te”. Formada em um curso tecnólogo de Logística, Maiara Acesso Norte já estava construído. Por isso, nesse tre-
já entrou na empresa como operadora de trem. Fez provas cho, mantivemos o que já havia sido executado. A partir
de português, matemática e elétrica durante o processo se- dos trechos que foram construídos depois, optamos pelo
letivo e passou pela área de treinamento. uso de sapatas e grampos na via, sem dormentes e bri-
“Meu grande sonho era pilotar caminhão. E aí eu ganhei tas”. Pergunto a diferença entre as duas opções. “Uma
de presente o trem. Grande, um pouco diferente, mas foi delas é o tempo de execução”, ressalta Mário. “Mais rá-
uma satisfação! Muita gente comenta: como é conduzir? pido, menos necessidade de manutenção. A brita precisa
No início foi curioso, as pessoas perguntavam bastante. E de reposição constante”.
hoje estou aqui, me identifiquei muito com o tráfego. Não
me vejo em outro setor”, disse.
O turno de Maiara – assim como de todos os condutores
de trem – é de 12 horas. Nesse período, costuma fazer até
nove voltas (indo e voltando) no trecho Pirajá-Lapa, da
Linha 1. Durante o horário de pico, manhã e tarde, não
há tempo de descanso entre uma volta e outra. Fora do
horário de pico, no entanto, a condutora consegue alguns
minutinhos na sala de convivência.

Via nova
De Lapa a Acesso Norte são quatro estações. Os trens
da Hyundai-Rotem têm gangways, ou seja, passagem san-
fonada e aberta entre os carros. Gisele se despediu de nós
e deu lugar a Mário Vasquez, que era coordenador de Trá- Maiara de Freitas no interior do trem que conduz há seis anos
fego quando a reportagem foi feita, mas hoje não faz mais
parte da equipe da CCR Metrô Bahia. Entre uma conversa Chegamos à estação Aeroporto. A 2,5 km do Aeropor-
e outra, Mário nos contou que a limpeza dos trens é feita to Internacional de Salvador, a estação dispõe de shuttles
por uma empresa terceirizada, que fica instalada no pátio gratuitos que levam passageiros ao terminal aéreo. A Li-
de Pirajá e nas linhas de estacionamento das composições. nha 2 tem 12 estações e 21 km de extensão. Atualmente,
Todos os dias os carros passam por limpeza. entre 6h e 8h, 7,9 mil passageiros acessam a estação Aero-
Chegamos à estação Acesso Norte. Fomos em direção à porto. À tarde, entre 16h e 19h, são 8,9 mil usuários.
transferência de trens entre as linhas 1 e 2. A composição Pela PPP, a extensão do sistema até o município de
que faria o trajeto na Linha 2 já estava na plataforma. Má- Lauro de Freitas está atrelada a uma meta definida no
rio pediu permissão para ingressar na cabine do condutor. contrato de concessão: 6 mil passageiros deverão acessar
A escala da vez era com Diego Fagner, operador de trem a estação Aeroporto nos horários de pico por seis meses
da CCR Metrô Bahia desde 2015. consecutivos para que sejam iniciados os estudos para a
Comparando as vias das linhas 1 e 2, eram visíveis as construção da estação Lauro de Freitas. A média dos dias
diferenças. Na Linha 1, de Lapa a Acesso Norte, existem úteis, nos últimos seis meses (de agosto de 2019 a janei-
dormentes e britas. A partir da estação Acesso Norte, as- ro de 2020), foi de 4.296 passageiros das 17:30 às 18:30
sim como toda a extensão da Linha 2, a via é composta na estação Aeroporto.

REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020 21


reportagem

Para onde vão os recursos


Veja os valores do Orçamento Geral da União 2020 para o setor ferroviário de carga e de passageiros

Divulgação/CPTM
Obras na Linha 9-Esmeralda, da CPTM, conta com recursos do Orçamento Geral da União

D
os R$ 14,7 bilhões do Orçamento Geral da da Semob conta com 138 empreendimentos ativos, ou
União aprovados pelo Congresso Nacional seja, que contam com recursos da OGU e também do
para o Ministério do Desenvolvimento Regio- PAC-FGTS. Deste total, 13 são ferroviários (veja na
nal (MDR) este ano, R$ 476,4 milhões (3,24%) tabela da página 24).
foram reservados para o Programa Mobilidade Urbana,
gerido pela Secretaria Nacional de Mobilidade e Servi- Propostas em análise
ços Urbanos (Semob). Os recursos serão alocados em seis A Semob recebeu esse ano proposta do governo do
ações, segundo a secretaria (veja na tabela da página 23). Ceará para a elaboração de um projeto executivo para a
A parte destinada a sistemas de transporte público coletivo construção de um sistema de bondes modernos (a exem-
urbano (que incluem os modais ferroviário, rodoviário e plo do que existe no Rio de Janeiro) na região portuária de
hidroviário) ficou com R$ 456,3 milhões, ou seja, 95% do Fortaleza. Segundo a assessoria do MDR, o projeto pode
total previsto para o programa. ser enquadrado no programa Avançar Cidades, que desde
Segundo o MDR, os recursos previstos para sistemas o ano passado permite financiar, com recursos do FGTS,
de transporte público coletivo urbano serão destinados a elaboração de projetos básico e executivo de obras me-
a obras que já estão em andamento, conforme avanço troferroviárias. Já o programa Retrem recebeu no início
físico dos empreendimentos. “A distribuição dos va- deste ano uma proposta do Metrô de Teresina, para a aqui-
lores entre os projetos metroferroviários e os demais sição de oito VLTs a diesel de três carros. Todos os docu-
depende da execução das obras ao longo do exercício mentos estão em fase de análise pela secretaria.
(de 2020)”, explicou em nota o ministério. A carteira Outro projeto em análise pela Semob e que está na etapa
22 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020
de resolução de pendências é o da
PROGRAMA DE MOBILIDADE URBANA 2020
prefeitura de Contagem (MG), que
ATIVIDADE VALOR
apresentou em 2019 uma propos-
ta para a expansão da Linha 1 do Estudos e projetos relativos à mobilidade urbana R$ 9.855.024,00

Metrô de Belo Horizonte, operado Sistemas de transporte público coletivo urbano R$ 456.306.391,00
pela CBTU, com a construção de Transporte não motorizado R$ 2.878.337,00
uma nova estação entre Eldorado e
Planos de mobilidade urbana locais R$ 928.337,00
Contagem, na região metropolita-
Moderação de tráfego R$ 928.337,00
na. De acordo com a prefeitura, o
investimento estimado é de R$ 180 Desenvolvimento institucional no setor da mobilidade urbana R$ 5.570.016,00

milhões para expansão da linha em TOTAL R$ 476.466.442,00


1,5 km e construção da estação e de Fonte: Ministério do Desenvolvimento Regional
pátio de manutenção.

Segmento de carga ceber R$ 294,3 milhões dos recursos previstos para o setor
O orçamento aprovado pelo Congresso para o Ministé- ferroviário, segundo o Minfra. Deste valor, a maior parte
rio da Infraestrutura este ano foi de R$ 7,7 bilhões. Deste (R$ 241,9 milhões) está programada para o trecho II, de
total, R$ 385,3 milhões estão previstos para obras no setor 485 km, entre Caetité e Barreiras, na Bahia, cujas obras
ferroviário (o valor não contempla ações de estudos e pro- estão com avanço físico de 34,3%, de acordo com a Valec.
jetos). Em 2019 foram aprovados pelo Legislativo para o Outros R$ 52,4 milhões estão previstos para o trecho I da
modal ferroviário R$ 571 milhões. Os recursos da pasta ferrovia, entre Ilhéus e Caetité (BA), de 537 km, onde as
são distribuídos entre a administração direta do ministé- obras estão com 76,8% de avanço. O ministro da Infraes-
rio, a Valec Engenharia Construções e Ferrovia, o Depar- trutura vem afirmando que pretende levar a leilão o trecho
tamento de Infraestrutura de Transporte Terrestre (Dnit), I da Fiol ainda este ano; é possível que a conclusão das
a Empresa de Planejamento Logístico (EPL) e os fundos obras fique por conta do concessionária que assumir a via.
da Marinha Mercante, da Aviação Civil e da Segurança Estão previstos R$ 22 milhões para custeio de despesas
e Educação no Trânsito (não estão incluídas as agências com processos de desapropriação ao longo da Ferrovia
reguladoras Anac, ANTT, Antaq). Norte-Sul e outras medidas relacionadas ao meio ambien-
A Ferrovia de Integração Leste-Oeste (Fiol) deverá re- te que ficaram a cargo da Valec, como plantio compensa-
reportagem
tório e recuperação de áreas degradadas ao longo da fer- (MG). As obras incluem dois viadutos, com previsão
rovia. Leiloada em março deste ano, a Ferrovia Norte-Sul de conclusão em 2020. No orçamento do Dnit constam
é uma concessão da Rumo no trecho entre Porto Nacional também R$ 1 milhão para desapropriação de área para a
(TO) e Estrela D’Oeste (SP). construção da Ferrovia Transnordestina, cujas obras estão
O Dnit conta com R$ 47,9 milhões para custeio de des- paralisadas desde 2016. A Lei Orçamentária Anual 2020,
pesas, manutenção e obras, não contemplando ações de no entanto, prevê o bloqueio da execução física, orçamen-
estudos e projetos, segundo a pasta. A maior fatia, R$ 12,3 tária e financeira de obras com indícios de irregularidades,
milhões, está prevista para obras de adequação geométrica entre elas a Ferrovia Transnordestina.
de linhas férreas próximas ao perímetro urbano de Barra O Ploa 2020 ainda inclui R$ 4 milhões no orçamen-
Mansa (RJ). A licitação para conclusão da obra – que está to do Dnit para a construção de contorno ferroviário em
com 70% de avanço – foi vencida pelo consórcio Ctesa São Francisco do Sul (SC); adequação de linha em Mogi
Construções. A expectativa é conclui-la este ano. Guaçu-SP (R$ 3 milhões); obras de construção de passa-
Outros R$ 11 milhões estão previstos para eliminação gens subterrâneas para transposição de trecho próximo a
de conflitos urbanos em linha próxima a Juiz de Fora Rolândia-PR (R$ 2,3 milhões); entre outros.

PROJETOS FERROVIÁRIOS NA SEMOB


VALOR DO
VALOR
REPASSE
PROPONENTE PROJETO CONTRATADO SITUAÇÃO DO PROJETO FONTE
ATÉ NOV/19
(R$ milhões)
(R$ milhões)
Financiamento
Metrô Salvador
Governo da Bahia 2.281,17 2.098,11 Em operação FGTS e OGU
(Linhas 1 e 2)
(ambos PAC)
Estações Campinas e
Ordem de serviço emitida Financiamento
Governo da Bahia Águas Claras/ Cajazeiras 800,00 7,80
em dezembro 2019 FGTS (PAC)
do Metrô de Salvador
Expansão e
Distrito Federal modernização do 629,99 0,00 Obras não iniciadas OGU (PAC)
Metrô-DF
Financiamento
Construção da Linha
Governo do Ceará 1.660,85 285,78 Em execução BNDES e OGU
Leste do Metrofor
(ambos PAC)
VLT Parangaba- Financiamento
Governo do Ceará 170,00 137,79 Em obras
Mucuripe FGTS (PAC)
Duas estações na Financiamento
Governo do Ceará 33,20 16,60 Em obras
Linha Sul do Metrofor FGTS (PAC)
Governo de Financiamento
VLT de Cuiabá 423,70 297,33 Paralisado
Mato Grosso FGTS (PAC)
Linha 1 do Metrô de Financiamento
Governo do Piauí 217,00 43,10 Em execução
Teresina FGTS (PAC)
Prefeitura do Serviços complementares em
VLT do Rio 512,35 484,33 OGU (PAC)
Rio de Janeiro execução ou a executar
Governo de Trecho I em operação; Financiamento
VLT Baixada Santista 400,00 332,84
São Paulo trecho II em fase de licitação FGTS (PAC)
Governo de Extensão Linha
500,00 76,90 Em obras OGU (PAC)
São Paulo 9-Esmeralda CPTM
Governo de Construção da Linha Financiamento
1.082,00 711,12 Em obras
São Paulo 17-Ouro do Metrô SP FGTS (PAC)
O projeto ainda consta na
Governo de Monotrilho da Linha base de dados do ministério,
1.676,00 0,00 Indefinido
São Paulo 18 do Metrô SP embora tenha sido descartado
pelo governo de SP
Fonte: Ministério do Desenvolvimento Regional

24 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020


arquivo ferroviário
A bela locomotiva 327 é uma

Vinícius Barnabé de Oliveira


Pacific (rodagem 4-6-2) cons-
truída pela Beyer Peacock em
1928 para a Leopoldina Rail-
way. A máquina, hoje sob os
cuidados da Associação Brasi-
leira de Preservação Ferroviá-
ria – Regional Sul de Minas,
opera no Trem da Serra da
Mantiqueira, um passeio turís-
tico de duas horas, que parte
da estação central de Passa
Quatro (MG) em direção à es-
tação Coronel Fulgêncio, no
alto da Serra da Mantiqueira,
na divisa dos estados de São
Paulo e Minas Gerais. A 327
foi inteiramente reformada na
oficina da ABPF em Cruzeiro (SP), num processo que levou
aproximadamente seis anos e que foi concluído em 2018. VEJA A FOTO AMPLIADA
arquivo ferroviário
capa

Divulgação/CPTM
Projetos de
privatização
Setor privado deve dominar a operação de
sistemas de passageiros sobre trilhos nos
próximos anos no Brasil
Por Bianca Rocha e Adriana de Araújo
Trem em operação na Linha 9-Esmeralda
da CPTM, em vias de ser privatizada

A
s operadoras de sistemas urbanos sobre trilhos Estado da Bahia (CTB), e os quatro sistemas de Fortaleza
no Brasil são hoje, na maioria, empresas pú- (Metrofor e os VLTs Parangaba-Mucuripe, Sobral e Cari-
blicas federais ou estaduais. Mas tudo indica ri). Destes 15, nove (entre sistemas e conjunto de linhas)
que nos próximos anos isso vai mudar. Priva- estão com projetos concretos de privatização. Os de Forta-
tização e Parcerias Público-Privadas (PPPs) dominam as leza não entram nessa lista, apesar de o governo do Ceará
discussões no setor ferroviário de passageiros, que já tem estar em conversas com o BNDES, para a elaboração de
sob gestão privada sete sistemas/linhas, correspondendo um estudo de viabilidade para concessão de todos os seus
a 335,7 km de trilhos (cerca de um terço do total, 1.105 sistemas sobre trilhos.
km) e 206 estações distribuídas em São Paulo (ViaQuatro/ Os cinco sistemas da CBTU e a Trensurb foram quali-
Linha 4-Amarela e ViaMobilidade/Linha 5-Lilás – ambas ficadas no Programa de Parceria de Investimentos (PPI)
do Metrô de SP); Salvador (CCR Metrô Bahia), Rio de e incluídas no Plano Nacional de Desestatização pelo
Janeiro (MetrôRio, SuperVia e VLT Carioca) e Santos-SP governo federal em 2019; as linhas 8-Diamente e 9-Es-
(VLT da Baixada Santista). meralda da CPTM serão concedidas juntas num proces-
Dos 22 sistemas sobre trilhos em operação hoje no so que está em fase de audiência pública; o Metrô DF
Brasil, 15 estão sob administração pública. São os cinco lançou em 2019 um Procedimento de Manifestação de
da CBTU (Recife, Belo Horizonte, Natal, João Pessoa e Interesse (PMI) para colher estudos sobre a privatização
Maceió), Trensurb, Metrô de São Paulo (linhas 1-Azul, do sistema. Os trens de subúrbio de Salvador serão de-
2-Verde, 3-Vermelha e, até o momento, a 15-Prata), sativados para dar lugar ao monotrilho, por meio de uma
CPTM, Metrô DF, Metrô de Teresina, os trens de subúr- PPP já assinada entre governo do estado e o consórcio
bio de Salvador, gerido pela Companhia de Transportes do chinês Skyrail.
28 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020
Quando se fala em obras em andamento ou no papel, sistema, hoje controlada pelo Grupo Invepar.
os governos também esperam contar com a participação “Antes da concessão, o governo do Rio precisava apor-
privada. Vem do estado de São Paulo a maioria dos pro- tar cerca de US$ 100 milhões anuais para garantir a ope-
jetos metroferroviários no Brasil que deve nascer sob o ração do sistema. Com a privatização, o governo deixou
regime de concessão. Nesse grupo estão a Linha 6-La- de aportar tais recursos. A prorrogação da concessão em
ranja, uma PPP assumida recentemente pelo grupo es- 2007 resultou em R$ 1,15 bilhão em investimentos da
panhol Acciona, cujas obras estão prometidas para ser operadora em ativos como trens e estações, que passaram
retomadas esse ano; o Trem Intercidades, que prevê ligar a pertencer à sociedade”, diz, citando também a primeira
a capital paulista a Campinas usando a Linha 7-Rubi da PPP do Brasil, que foi a Linha 4-Amarela, do Metrô de
CPTM, que também deverá entrar no pacote de conces- São Paulo, segundo ele, exemplo de qualidade em termos
são; e a Linha 17-Ouro, do Metrô de SP, cuja operação de operação e satisfação dos usuários.
será da ViaMobilidade assim que as obras forem conclu- Gouveia defende o avanço de investimentos na área,
ídas pelo governo do estado. Já o Distrito Federal lan- seja público ou privado, mas reconhece que, em caso de
çou no ano passado um PMI para realizar estudos para concessão ou de PPP, o governo deve trabalhar para re-
a implementação do VLT de Brasília em parceria com o duzir riscos ao capital privado. “Numa PPP, geralmente,
capital privado. a estrutura é entregue nova à empresa. Já no caso de con-
cessão de um sistema já existente, muitas vezes é preciso
Faltam recursos trabalhar redobrado para driblar as dificuldades de operar
A baixa capacidade de investimentos e a agenda libe- com equipamentos e material rodante obsoletos e trechos
ral dos governos federal e estaduais podem explicar a degradados. Acredito que deva existir um mecanismo em
guinada de projetos de concessão dos sistemas de trans- contrato para reduzir esses riscos, que pode ser um prazo
porte sobre trilhos pelo país. Mas, para o vice-presiden- maior de carência da outorga, por exemplo”, diz.
te executivo da Associação Nacional dos Transporta- A questão dos riscos é um dos principais desafios que
dores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), João envolvem a privatização dos sistemas da CBTU e da
Gouveia, a questão vai além. Os exemplos de parcerias Trensurb, segundo Jean Pejo, ex-secretário nacional de
entre os setores público e privado na área metroferro- Mobilidade e Serviços Urbanos do Ministério do Desen-
viária geraram bons resultados, segundo Gouveia. Ele volvimento Regional. Pejo comenta que o BNDES foi
lembra que a primeira concessão metroferroviária no autorizado a contratar estudos para avaliar individual-
Brasil foi a do metrô do Rio de Janeiro, em 1997, quan- mente os sistemas da CBTU, colocando no papel a si-
do então surgiu a concessionária MetrôRio, responsá- tuação financeira, a estrutura e os riscos operacionais e
vel pela operação e manutenção dos trens e estações do de demanda existentes sobre cada um. “Não existe hoje

Divulgação/CBTU

CBTU João Pessoa

REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020 29


capa
um documento que mostre a situação detalhada de cada sistema.
Como estão dentro do guarda-chuva da CBTU, temos apenas da- Indústria
dos gerais”. defende
Com os estudos em mãos, a segunda etapa é realizar a cisão dos
sistemas, explica Pejo. “Os sistemas serão estadualizados antes de concessões
serem licitados, ou seja, devolvidos aos estados, que poderão parti- O presidente da Associação Brasileira de In-
cipar ativamente do lançamento dos editais de concessão, previstos dústria Ferroviária (Abifer), Vicente Abate, res-
para 2021. A concessão da Trensurb também está prevista para o salta que as concessões privadas trouxeram
ano que vem. Sem dúvida, será um processo mais fácil do que o da
bons resultados em termos de operação e sa-
CBTU, por se tratar de um sistema só, com informações mais claras
tisfação do usuário, além de serem uma impor-
sobre sua situação atual”.
tante fonte de movimentação da indústria, por
Segundo dados da secretaria especial do Programa de Par-
conta dos investimentos previamente definidos
cerias de Investimentos, nos últimos quinze anos, a ex-
pansão da linha na CBTU e na Trensurb foi de apenas em contrato ao longo do prazo de concessão.
5 km. Nas demais cidades que deixaram de ser operadas pela CBTU Para o executivo, a condição dos sistemas da
foi de 144 km no mesmo período – 31 km no Rio de Janeiro, 32 km CBTU e do Metrô DF hoje é lamentável: tarifas
em São Paulo, 33 km em Salvador e 48 km em Fortaleza. Para o baixas, falta de manutenção e expansão da li-
presidente da ANPTrilhos, Joubert Flores, diante da falta de recur- nha são problemas apontados por ele.
sos públicos para arcar com o sistema, conceder à iniciativa privada A expectativa de Abate é que, além de me-
pode ser uma boa solução. lhorar a prestação do serviço para o passageiro,
“As operações da CBTU em Belo Horizonte, Recife, João Pes- a concessão desses sistemas gere demandas
soa, Maceió e Natal deveriam ser responsabilidades dos estados ou para a indústria brasileira como mais manuten-
dos municípios, conforme a constituição federal. No entanto, sempre ção e expansão dos serviços. “Hoje esse servi-
houve receio de os estados não darem conta de arcar com o serviço. ço [referindo-se a CBTU] não tem demanda por
Nesses casos, o melhor é conceder, como o Rio de Janeiro fez”, elen-
troca de trilhos, dormentes e modernização do
cando os pontos essenciais nos processos de privatização: segurança
sistema. Não há investimento para um atendi-
jurídica, previsão de custos técnicos, número de passageiros, obriga-
mento adequado ao passageiro”, disse.
ções e taxa de retorno financeiro.
O último grande contrato da indústria brasi-
“O desenho adequado a cada um desses sistemas é fundamen-
tal para que seja bom para a sociedade, que espera um serviço leira foi há cerca de seis anos, quando a CPTM
de qualidade; bom para o governo, ao gerar desoneração, e bom encomendou 65 trens. A licitação foi vencida
para o investidor”. pela espanhola CAF, que ficou responsável por
fornecer 35 trens, e a IESA Hyundai-Rotem,
Contrato robusto com a entrega de 30 composições. Desde en-
Se no Brasil, a operação da Linha 4-Amarela completa 10 anos tão, a indústria sobreviveu ano passado com
em 2020 com êxito entre os usuários, na Inglaterra, uma tentativa contratos de manutenção e com as entregas
de PPP para o metrô de Londres fracassou. Em 2010, o governo remanescentes à CPTM. A indústria fechou
londrino rompeu antecipadamente um contrato de parceria com o 2019 com a entrega de 135 carros de passa-
setor privado, que havia sido firmado em 2003 para a expansão do geiros. Destes, 40 são do contrato da CPTM.
sistema. A cidade pagou 310 milhões de libras para comprar de volta Além disso, a Alstom tem contrato de 95 car-
a parte da parceria privada, sob o argumento de que, sem a comple-
ros para o Metrô de Santiago, no Chile. O total
xidade do contrato misto, teria mais agilidade e menos custos para
é bem inferior à média dos últimos dez anos,
dar continuidade ao projeto de melhorias e expansão do metrô.
de 312 carros/ano. A capacidade instalada da
Na opinião de Sérgio Avelleda, ex-presidente do Metrô de São
indústria, segundo a Abifer, é de 1.200 unida-
Paulo e da CPTM entre 2002 e 2010 e que participou ativamente da
estrutura jurídica da PPP da Linha 4-Amarela, os contratos de parce- des por ano. Para 2020, ainda não há nenhuma
ria público-privada requerem robustez e definições precisas em rela- nova encomenda.

30 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020


Metrô DF lançou PMI
para conceder sistema
à iniciativa privada

Divulgação/Metrô DF
ção às obrigações de cada parte. “Não tenho nada contra “As pesquisas servem como termômetros da qualida-
investimento privado, mas é preciso ter em mente que PPP de e podem ocasionar o reequilíbrio financeiro do contra-
não é de graça, existe um custo para o estado, uma respon- to por parte do poder público, caso a concessionária não
sabilidade fiscal que o estado assume para os próximos 30 se mantenha no nível previamente estipulado. O capital
anos e que passará por diversas gestões”. privado não quer perder recursos, visa ao lucro, por isso
Os contratempos que aconteceram em 2019 com o manter a operação saudável é algo fundamental e necessá-
VLT Carioca, em que o prefeito do Rio, Marcelo Cri- rio”, ressalta Jurandir Fernandes, ex-secretário de Trans-
vella, deixou de pagar à concessionária as prestações portes Metropolitanos de São Paulo durante dois manda-
mensais previstas em contrato de PPP, é um bom exem- tos (2003-2006 e 2011-2014) e atualmente presidente da
plo de como a relação público-privada pode ser afetada UITP América Latina.
ao longo das diferentes gestões. O contrato de PPP foi A Revista Ferroviária buscou ter acesso a essas pes-
assinado pelo ex-prefeito da cidade, Eduardo Paes, ante- quisas. ViaQuatro e a ViaMobilidade informaram que
rior à gestão de Crivella. por contrato existe a obrigatoriedade de as concessio-
Avelleda pontua que concessão da operação metrofer- nárias fazerem pesquisas semestrais (qualitativa e quan-
roviária não é sinônimo de abstenção do governo sobre titativa), mas os detalhes dos levantamentos só podem
questões relativas ao transporte urbano. A operação pode ser divulgados ao governo do estado. O VLT Carioca
ser privada, mas é do poder público a função de garantir a informou que realizou uma pesquisa de satisfação dos
não competitividade dos modais, de exigir a manutenção usuários por conta própria em 2017, já que a exigência
da qualidade do serviço prestado e de montar um corpo contratual só passaria a valer quando o sistema tivesse
técnico capacitado para trabalhar de forma competente plenamente implementado (com as três linhas, o que
nos órgãos de fiscalização e controle. “Para montar essa aconteceu no fim de 2019). O resultado da pesquisa em
estrutura, é preciso investimento público”, comenta Avel- 2017 foi de uma avaliação geral de 92% para bom ou
leda, que atualmente trabalha nos EUA como diretor de muito bom.
Mobilidade Urbana no instituto de pesquisa World Re- MetrôRio realiza por contrato duas pesquisas por ano.
sources Institute (WRI). Segundo a companhia, 92% dos entrevistados recomenda-
ram o sistema no último levantamento que fizeram, em se-
Pesquisas não divulgadas tembro de 2019. SuperVia, por sua vez, afirmou que não há
A elaboração de pesquisas periódicas que informam o obrigatoriedade em contrato de concessão com o governo
índice de satisfação dos usuários são cláusulas comuns em do estado para realização de pesquisas de satisfação. CCR
contratos de PPP e também de concessões metroferroviárias, Metrô Bahia informou que as pesquisas de satisfação dos
mas em geral não são divulgadas pelas concessionárias. usuários do metrô são obrigatoriedade do governo do esta-

REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020 31


capa
Raio x das privatizações:
Linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda Trens de subúrbio Salvador
da CPTM
• O projeto prevê um monotrilho de 20 km (fase 1),
• São as linhas mais lucrativas do sistema e transportam juntas aproveitando a faixa existente do trem de subúrbio
1,1 milhão de passageiros por dia; de Salvador, entre os bairros de Calçada e de Si-
• Lançamento do edital está previsto para maio e a entrega de mões Filho;
propostas para setembro deste ano; • Avaliado em R$ 1,5 bilhão, o projeto será tocado
• O prazo de concessão será de 30 anos; por meio de PPP entre o governo do estado e o
• A empresa ou consórcio que ganhar vai assumir a operação, consórcio Skyrail, formado pelas chinesas BYD e
manutenção e compra de 30 novos trens e equipamentos; Metrogreen;
• A frota atual das linhas 8 e 9 será devolvida gradativamente • A PPP foi assinada em fevereiro de 2019, mas as
ao patrimônio da CPTM na medida em que os novos trens obras não começaram ainda por falta de licenças
comprados forem chegando; e alvarás da prefeitura de Salvador. A expectativa
• Concessionário terá que reformar 35 estações e construir do governo é que os trabalhos comecem ainda no
duas novas: Lapa (integrando linhas 7 e 8) e Ambuitá, em primeiro semestre deste ano;
Itapevi (Linha 8); • A fase 1 contará com 21 estações em via elevada. A
• Redução de intervalos para três minutos e modernização da expectativa é transportar 150 mil passageiros/dia.
sinalização também são metas. A fase 2 terá cinco estações, permitindo a integra-
ção com o metrô em Acesso Norte;
CBTU e Trensurb • Os trens de subúrbio, hoje operados pelo estado, se-
rão desativados assim que as obras tiverem início.
• Os sistemas foram qualificados no Programa de Parcerias de
Investimentos (PPI) e incluídos no Plano Nacional de Desesta-
tização do governo federal; Metrô DF
• BNDES foi autorizado a contratar os estudos necessários à
estruturação da concessão dos cinco sistemas operados pela • Em março de 2019, o Metrô DF lançou PMI para ela-
CBTU e da Trensurb; boração de estudos para a concessão da operação,
• A CBTU foi criada em 1984, incorporando os sistemas até manutenção e eventual expansão do sistema;
então operados pela RFFSA em São Paulo, Rio de Janeiro, • Onze empresas/consórcios foram selecionados,
Belo Horizonte, Salvador, Maceió, Recife, João Pessoa, Natal dentre os quais seis apresentaram projeto: CCR;
e Fortaleza; América Assessoria Empresarial; RNGD-Consultoria
• A partir de 1994, as unidades de São Paulo, Rio de Janeiro, de Negócios/Magna Engenharia; ATP Engenharia/
Salvador e Fortaleza foram sendo paulatinamente transferidas Headwayx Engenharia Ltda/Benvenuto Engenharia;
para os seus estados; Urbi Mobilidade Urbana/Metrô de SP; e Siscon En-
• Hoje a CBTU atua em 17 municípios nos cinco estados em que genharia e Consultoria /STE - Serviços Técnicos de
está presente. Possui 1.105 estações e 220,55 km de via; Engenharia);
• A Trensurb opera em 43 km de via, atendendo aos municí- • Os estudos estão em fase de análise. Após a escolha
pios de Porto Alegre, Canoas, Esteio, Sapucaia do Sul, São do projeto, será feita uma audiência pública. Depois
Leopoldo e Novo Hamburgo. A média de passageiros/dia é da audiência, o estudo será submetido ao Tribunal
de 162 mil; de Contas do Distrito Federal (TCDF). Em seguida,
• Nos últimos dez anos a União subsidiou R$ 8,5 bilhões na CBTU será divulgado o edital de licitação.
e R$ 3 bilhões na Trensurb, informa a assessoria do PPI; • A previsão é lançar o edital ainda este ano;
• A movimentação de passageiros está estagnada desde 2008 • A empresa vencedora terá em mãos uma receita
nos sistemas da CBTU e na Trensurb e foi preciso recorrer à anual de R$ 160 milhões, um sistema de 42 km,
Justiça no ano passado para reajustar o valor das passagens 24 estações e 32 trens que transportam 160 mil
em Porto Alegre, BH e Recife, segundo o PPI. passageiros/dia.

32 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020


do, que faz duas por ano. VLT Baixada Santista não forne- tência até hoje de uma agência reguladora voltada para
ceu informações sobre esse tipo de pesquisa. a fiscalização das concessões metroferroviárias em São
Sem querer entrar no mérito se é bom ou não priva- Paulo. “Já existe um bom volume de concessões atuais
tizar, Fernandes afirma que é incomparável a eficiência e futuras que justifica a criação de um órgão especí-
que se vê na iniciativa privada em relação a problemas fico e autônomo de controle”, diz. A fiscalização das
primários na operação. “Quebrou o vidro de um trem, por concessões metroferroviárias paulistas é feita por um
exemplo, o conserto certamente será mais rápido”, afirma. pequeno corpo técnico cedido pela secretaria de Trans-
O presidente da UITP América Latina também ressalta a portes Metropolitanos.
habilidade da empresa privada em conseguir lucrar com Para Sérgio Avelleda, a falta de uma agência reguladora
receitas não tarifárias. “Do lado público é tanta burocracia em São Paulo preocupa: “Um órgão de controle indepen-
e limitações impostas pela legislação, que se acaba de- dente técnica e politicamente é que fará o papel de prote-
sistindo de fazer. Lembro que durante a minha gestão na ção do contrato, mantendo equilibrado e bom para ambos
secretaria, a ViaQuatro levou um mês para colocar telões os lados, público e privado”. Questionada sobre a criação
meteorológicos nas estações, um período de tempo que da agência reguladora voltada para sistemas de transpor-
nunca seria possível no âmbito público”. te sobre trilhos em São Paulo, a secretaria de Transportes
Um das principais críticas de Fernandes é a não exis- Metropolitanos não retornou.

SISTEMAS SOBRE TRILHOS PRIVADOS


Nº de Estações
Ano de início passageiros/ Nº de Prazo
Cidade/ Linha inaguradas
Concessionária Extensão da operação dia passageiros/ concessão/Ano
Estado operada pós-
privada antes da dia atual de término
privatização
privatização
Linha Linha tem 10
São Paulo/ 4-Amarela estações. Vila
ViaQuatro* 12,8 km 2010 * 800 mil 30 anos / 2036
SP - Metrô de Sônia prevista
São Paulo para este ano
AACD-Servidor,
Hospital
Linha 5-Lilás -
São Paulo,
Metrô de 18,4 km 2018 320 mil 600 mil 20 anos / 2038
Santa Cruz,
São Paulo
Chácara Klabin
e Campo Belo
São Paulo/
ViaMobilidade Linha 17-Ouro
SP Obras em
- Metrô de 17,6 km nd 0 0 20 anos / 2038
andamento
São Paulo
Linha
Contrato de Sob gestão
15-Prata -
11,6 km concessão nd 98 mil do Metrô de 20 anos / 2038
Metrô de
não assinado São Paulo
São Paulo
Operação
Salvador/ Linhas 1 e 2
privada começou
CCR Metrô Bahia* do Metrô de 33 km 2014 * 390 mil 30 anos / 2043
BA com 5 estações,
Salvador
hoje são 20
12 estações,
20 anos / 2038
Rio de Linhas 1, 2 sendo duas
(renovação
MetrôRio e 4 do metrô 56,5 km 1997 350 mil 900 mil construídas com
Janeiro/RJ antecipada
carioca recursos da
em 2007)
concessionária
Rio de Linhas 1, 2 e 3,
Linhas 1, 2 e
VLT Carioca* 16 km 2016 * 114 mil somando 25 anos / 2038
Janeiro/RJ 3 do VLT
29 estações
Linhas 1,2
Consórcio BR e 3 do VLT Linhas 2 e 3
Santos/SP 11,2 km 2016 * 32 mil 20 anos / 2035
Mobilidade* da Baixada estão no papel
Santista
Trens urbanos 25 anos / 2048
Rio de na capital (renovação
SuperVia 270 km 1998 350 mil 605 mil nd
Janeiro/RJ e Região antecipada
Metropolitana em 2010)
*PPP - linha já nasceu com operação privada

REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020 33


estudo de mercado

Aumento da
Divulgação/Rumo

frota ativa Número de locomotivas em operação


nas ferrovias cresceu entre 2018/2019

Locomotiva AC44
(Wabtec) em operação
na Rumo Malha Paulista

A
frota total de locomotivas ativas nas ferrovias mando as ativas e inativas) teve um leve decréscimo, pas-
de carga aumentou entre 2018 e 2019, ao passo sando de 3.709 em 2018 para 3.705 em 2019.
que a quantidade de máquinas inativas foi redu- A Rumo lidera entre as operadoras que mais adquiri-
zida no período, de acordo com o levantamento ram locomotivas entre 2018 e 2019. No total, 39 novas
anual feito pela Revista Ferroviária. Entre as operadoras, AC44, da GE (atual Wabtec), passaram a circular nas
a Ferrovia Centro-Atlântica e a Transnordestina (FTL + malhas Norte e Paulista. Nas malhas Sul e Oeste, não
TLSA) foram as únicas que apresentaram redução de suas houve mudanças no período. A Estrada de Ferro Carajás,
frotas ativas. O restante registrou aumento ou manteve o operada pela Vale, acrescentou à frota 13 novas locomo-
mesmo número de 2018. A frota total de locomotivas (so- tivas modelo ES58ACI (EVO), da GE, que operam no

34 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020


ramal Serra Sul, totalizando 302 máquinas, com apenas comotivas inativas, apenas uma (GE C36) está fora de
duas inativas. Segundo a EFC, há previsão de chegada operação atualmente.
de 12 unidades, também do modelo ES58ACI (EVO), a Estrada de Ferro Vitória a Minas, MRS, Estrada de Fer-
partir de maio de 2020. ro Jari, Estrada de Ferro Amapá, Estrada de Ferro Juruti e
A Ferrovia Transnordestina Logística recebeu três lo- Estrada de Ferro Trombetas não apresentaram mudanças
comotivas (SD-40, da EMD) da Transnordestina Logís- em suas frotas.
tica (ferrovia cujas obras de construção estão paralisadas
desde 2016), além de ter alugado mais três do modelo GE Locações
U-10 do Metrofor (sistema de passageiros da capital do A Ferrovia Tereza Cristina (FTC) alugou uma uni-
Ceará, Fortaleza). dade do modelo G12, da GM, que opera no transporte
Já a Ferrovia Centro-Atlântica, operada pela VLI, e em manobras, por isso, a frota total passou de 15 em
aposentou/vendeu como sucata 77 locomotivas em 2019. 2018 para 16 locomotivas até dezembro de 2019. Sobre
Por outro lado, acrescentou nove locomotivas SD70BB as inativas, o número segue o mesmo (quatro) e fazem
(EMD) alugadas. Essas mudanças impactaram o número parte da frota morta e que aguardam regularização pa-
total de máquinas da operadora, que passou de 803 para trimonial e destinação.
735 locomotivas. A Ferrovia Norte-Sul, também opera- A Ferroeste alugou da Locofer, entre janeiro e outubro
da pela VLI, recebeu duas locomotivas da FCA, modelo de 2019, três locomotivas modelo G12, o que acarretou
AC44, e alugou seis SD70 no período, totalizando 80 numa frota total de 17 unidades. Após esse período, o nú-
máquinas no total. A FNS é a operadora com menos lo- mero voltou ao patamar anterior (14 loocomotivas).

Frota de Locomotivas
Taxa de inatividade
Frota Ativa Frota Inativa Frota Total
Operadora (%)
2018 2019 2018 2019 2018 2019 2018 2019
Rumo (Operações Sul +
866 891 367 381 1.233 1.272 29,7 29,9
Operações Norte)

EF Amapá 0 0 12 12 12 12 100,0 100,0

EF Carajás 288 300 1 2 289 302 0,3 0,6

EF Jari 2 2 0 0 2 2 0,0 0,0

EF Juruti 3 3 0 0 3 3 0,0 0,0

EF Trombetas 6 6 0 0 6 6 0,0 0,0

EF Vitória a Minas 278 278 2 2 280 280 0,7 0,7

Ferrovia Centro-Atlântica 592 564 211 171 803 735 26,3 23,2

Ferroeste 14 14 0 0 14 14 0,0 0,0

Ferrovia Norte-Sul 72 79 0 1 72 80 0,0 1,2

Ferrovia Tereza Cristina 11 12 4 4 15 16 26,6 25,0

MRS 796 796 76 76 872 872 8,7 8,7

Transnordestina (FTL + TLSA) 97 89 11 22 108 111 10,2 19,8

Total 3.025 3.034 684 671 3.709 3.705 18,4 16,1


Fonte: Operadoras.

REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020 35


estudo de mercado
MRS Logística 2019 Rumo - Operações Sul 2018
Potência Ano de Frota Frota Frota Potência Frota Frota Frota
Modelo Fabricante Modelo Fabricante Ano
(HP) fabricação Ativa Inativa Total (HP) Ativa Inativa Total

ALCO RS3 ALCO 1.750 1952 0 3 3 B12 GM 1.000 1955 1 1

BB33M GE 3.300 1983 1 1


ALCO RSD12 ALCO 1.750 1962 0 3 3
C30 GE 3.000 1984 39 19 58
CREMALHEIRA
ADERÊNCIA D9BB GE 3.990 2011 19 19
STADLER 4.158 2012 7 13 20
ELÉTRICA HE
4/4 ELÉT GE 4.300 2016 2 2

EFCB - 1,60M EFCB 170 1969 3 0 3 ES43BBi GE 2.300 1947 46 46

G12 GM 1.310 1962 34 13 47


GE 720 GE 720 1955 10 11 21
G22 Macosa 1.500 1973 115 25 140
GE AC44-9 2008-
GE 4.500 247 1 248 G26 GM 2.000 1977 1 8 9
DASH 9 2015

GE AC44i GE 4.500 2015 18 0 18 GL8 GM-EMD 875 1962 22 12 34

GT-1 GM 1.450 1976 45 4 49


GE C26 7MP GE 2.835 1975 35 0 35
GT-18 Villares 2.250 1982 7 6 13
GE C30-7 GE 3.150 1974 28 0 28 GT-2 GM 2.600 1977 8 2 10

GT-26 Villares 2.250 1986 8 1 9


GE C30-8 GE 3.850 1979 15 0 15
LEW LEW 960 1970 4 4
GE C36 GE 3.900 1984 70 0 70
RSD8 ALCO - G.E. 900 1958 1 1

GE C36-7 GE 3.600 1982 21 0 21 SD40 GM 3.000 1976 52 40 92

U12B GE 1.200 1973 1 11 12


GE C38 EMI GE 4.600 2009 1 0 1
U20C1 GE 2.150 1970 55 44 99
GE C44-9 GE 4.500 2014 2 0 2
DASH 9 U5B GE 600 1963 6 6

GE MX30 GE 3.300 - 18 0 18 U6C GE 600 1959 3 3

UG-M1 Macosa 1.500 1973


GE MX36 GE 3.840 - 26 0 26
UG-M2 GM 2.000 1977 7 5 12
GE SF30 GE 3.150 - 10 0 10 UL-M1 ALL Brasil 1.452 1966 7 10 17

GE U20 GE 2.150 1981 26 0 26 UL-M2 ALL Brasil 1.650 1972 4 4

UMM GE 2.100 1979 1 1


GE U23 GE 2.400 1975 108 20 128
Total Geral 466 223 689
GE U30 GE 3.300 - 3 0 3
Fonte: Rumo

GE U5 GE 600 1961 4 5 9 Rumo - Operações Norte 2019


Potência Frota Frota Frota
GE U6 GE 700 1967 6 2 8 Modelo Fabricante Ano
(HP) Ativa Inativa Total

GE-AC44MIL GE 4.500 - 30 1 31 AC44 GE 4.400 1998-2017 256 0 256

C30 GE 3.000 1976-84 128 106 234


GM SD18 EMD 2.000 1961 10 7 17
C36 GE 3.000 1978-85 0 2 2
GM SD38 EMD 2.300 1967 34 2 36 DASH9 GE 4.400 1998-99 19 8 27

GM SD40 EMD 3.300 1967 50 3 53 G12 EMD 1.310 1957 10 1 11

GP18 EMD 1.050 1957-60 2 2 4


HITACHI
CREMA. - GP9 EMD 1.749 1957-60 0 2 2
HITACHI 1.050 1980 2 0 2
DIESEL ELET. LEW LEW 1.050 1968 0 5 5
ALCO 251B
GE72 GE 600 1972 0 15 15
HITACHI
CREMALHEIRA HITACHI 4.158 1972 12 1 13 TOSHIBA Toshiba 1.050 1975 0 1 1
- ELÉTRICA HITACHI Hitachi 540 1970 0 3 3
HITACHI DI HITACHI 1.050 1980 0 1 1 SD70 EMD 4.350 2012-2013 0 1 1

U20C GE 2.000 1974 8 10 18


SD70ACe - - - 0 3 3
U26 GE 2.600 1981 2 2 4
Total 796 76 872
Total 425 158 583
Fonte: MRS Fonte: Rumo

36 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020


Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) 2019
Potência Ano de Frota Frota Frota Potência Ano de Frota Frota Frota
Modelo Fabricante Modelo Fabricante
(HP) fabricação Ativa Inativa Total (HP) fabricação Ativa Inativa Total

ALCO MX-620 MX 2.150 1984 6 29 35 GE U8 GE 900 1963 2 2 4

ALCO SD8 Ziyang 2.762 2011 0 2 2 GM DDM 45 EMD 3.900 1974 0 32 32

AC44* GE 4.400 2013 30 0 30 GM G12 EMD 1.425 1952 12 12 24

GE BB-36 GE 4.000 1979 44 13 57 GM G16 EMD 1.950 1966 0 0 0

GE C36 GE 3.950 1988 0 5 5 GM G8 EMD 950 1960 19 11 30

GE Dash 9-40 GE 4.100 2013 81 0 81 GM GT26 EMD 3.000 1978 0 0 0

GE U10 GE 1.050 1974 2 5 7 GM GT3 EMD 3000 - 0 1 1

GE U13 GE 1.420 1969 15 2 17 GM SD40 EMD 3.300 1986 83 9 92

GE U15 GE 1.500 1969 1 1 2 GM SD70 EMD 4.400 2013 0 0 0

GE U2 GE - - 0 6 6 GT46AC EMD 4.350 2014 49 0 49

GE U20 GE 2.150 1980 122 18 140 SD70BB EMD 4.400 2014 62 0 62

GE U22 GE 2.408 1987 8 1 9 SD70BB EMD 4.400 2018 17 0 17

GE U23 GE 2.400 1976 0 16 16 ES43 Bbi GE 4.300 2018 11 0 11

GE U5 GE 600 1963 0 5 5 SKO - VAPOR - - - 0 1 1

GE U6 GE - - 0 0 0 Total 564 171 735

*Migraram para a FNS


estudo de mercado
Estrada de Ferro Carajás (EFC) 2019 Ferrovia Tereza Cristina (FTC) 2019
Potência Ano de Frota Frota Frota Potência Ano de Frota Frota Frota
Modelo Fabricante Modelo Fabricante
(HP) fabricação Ativa inativa Total (HP) fabricação Ativa Inativa Total

C36* GE 3.600 1986 26 1 27 GMG12 EMD 1.425 1958 9 3 12

GMG22 EMD 1.650 1971 1 0 1


DASH-8 GE 4.000 1990 4 0 4

GMGL8 EMD 950 1961 0 1 1


DASH-9 GE 4.380 2004 111 1 112

GMB12 EMD 1.125 1957 1 0 1


ES58ACI
GE 5.800 2013 97 0 97
(EVO)
GEU5 GE 540 1962 1 0 1
SD70 EMD 4.100 2006 55 0 55
Total 12 4 16

SD80AC EMD 5.300 2012 7 0 7 Fonte: FTC

Total 300 2 302 Ferrovia Norte -Sul (FNS) 2019


Potência Ano de Frota Frota Frota
Fonte: Vale Modelo Fabricante
(HP) fabricação Ativa Inativa Total

Estrada de Ferro Amapá (EFA) 2019 AC44* GE 4.400 2013 2 0 2

Potência Ano de Frota Frota Frota


Modelo Fabricante GE C36 GE 3.950 1988 12 1 13
(HP) fabricação Ativa Inativa Total

C30 GE 3.000 - 0 7 7 GM SD40 EMD 3.300 1986 7 0 7

SW EMD 1.200 - 0 4 4 GM SD70* EMD 4.400 2013 58 0 58

SW EMD 1.500 - 0 1 1 Total 79 1 80

*Duas máquinas migraram da FCA


Fonte: VLI
Total 0 12 12

Fonte: Governo do Estado do Amapá Estrada de Ferro Trombetas (EFT) 2019


Potência  Ano de Frota Frota Frota
Modelo Fabricante
Estrada de Ferro Paraná Oeste (FERROESTE) – 2019 (HP) fabricação Ativa Inativa Total

Potência Ano de Frota Frota Frota G12 EMD 1310  1954 3 0 3


Modelo Fabricante
(HP) fabricação ativa inativa total

GL08 EMD 1.000 1960 1 0 1 C22-7i GE 2200  2001 3 0 3

Total 6 0 6
G12* EMD 1.500 1960 6 0 6
Fonte: MRN

MX620 CAF-EMAQ 2.000 1984 7 0 7

Estrada de Ferro Jari 2019


Total 14 0 14 Potência Ano de Frota Frota Frota
Modelo Fabricante
(HP) fabricação Ativa Inativa Total
*Entre janeiro e outubro/2019, mais três locomotivas G12, locadas da Locofer,
estiveram em operação na Ferroeste, ficando a frota nesse período com 17 SD 38-2 GM 2.000 1978 2 0 2
unidades.
Fonte: Ferroeste
Total 2 0 2

Estrada de Ferro Juruti 2019 Fonte: EF Jari


Potência Ano de Frota Frota Frota
Modelo Fabricante
(HP) fabricação Ativa Inativa Total
Transnordestina Logística S.A. (TLSA) 2019
E300 CUN NREC(USA) 3300 2005 2 0 2
Potência Ano de Frota Frota Frota
Modelo Fabricante
(HP) fabricação Ativa Inativa Total
1978/2018
SD40 Progressrail 3000 1 0 1
(reformada) SD40 EMD 3.000 1982 2 4 6

Total 3 0 3 Total 2 4 6

Fonte: Alcoa Fonte: TLSA

38 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020


Ferrovia Transnordestina Logística S/A 2019 Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) 2019
Potência Ano de Frota Frota Frota Potência Ano de Frota Frota Frota
Modelo Fabricante Modelo Fabricante
(HP) Fabricação Ativa Inativa Total (HP) fabricação Ativa inativa Total

GE U-5B GE 450 1961 10 2 12 BB36 GE 3.600 1983 1 0 1

GE U-8B GE 810 1961 0 3 3 DASH-8 GE 4.000 1991 6 0 6

GE U-10B GE 810/950 1970 21 4 25 DASH-9 GE 4.000 2003 210 0 210

GM G12 GM 1310 1958 21 6 27 SD45 EMD 3.600 1972 4 0 4

ALCO RSD 8 ALCO 950 1958 26 3 29 DDM EMD 3.600 1972 0 1 1

SD18 GM 1800 1961 4 0 4 G12 EMD 1.310 1958 24 0 24

SD38 GM 2000 1966 2 0 2 G16 EMD 1.800 1964 32 1 33

SD40 GM 3000 1972 3 0 3 U26 GE 1.310 1983 1 0 1

Total 87 18 105 Total 278 2 280

Fonte: FTL Fonte: Vale

Confiabilidade e tecnologia de ponta:


clientes satisfeitos.

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suprimentos

Mercado em potencial
Empresas de manutenção e de peças para locomotivas focam em novas tecnologias

F
abricantes de peças e equipamentos e em- Inovação
presas prestadoras de serviços atuam no se- A Timken vê o mercado de rolamentos ferroviários
tor de manutenção de locomotivas de olho com potencial de crescimento. A empresa oferece con-
nas futuras demandas do setor ferroviário. juntos de rolamentos com rolos pré-montados e pré-
Atuante no segmento de fabricação de eixos e -lubrificados que reduzem o desgaste dos materiais e
rodeiros, a Companhia Brasileira de Ferro e Aço aumentam a durabilidade – seja para unidades de sus-
(CBFA) oferece manutenção, reforma e reperfila- pensão do motor ou para caixas de transmissão. Entre
mento de rodeiros. os destaques estão os mancais de rolamentos Timken
“Hoje, nossos contratos de manutenção com as ope- AP e SP.
radoras definem que o cliente desmonta o rodeiro do Além de fabricar, a Timken repara rolamentos usados.
equipamento, envia para uma de nossas unidades e é Entre os principais serviços oferecidos pela companhia
feita uma perícia para averiguar quais componentes estão a substituição de peças desgastadas ou danificadas
deverão ser substituídos ou retrabalhados. Nesta fase para que o rolamento possa ser usado novamente de ma-
poderá ser feita troca de eixo, de rolamento, de roda ou neira confiável.
reperfilamento das rodas caso apresentem desgaste no “Usamos equipamentos especialmente projetados
friso”, descreve Luiz Antonio Herrador, gerente comer- com os mesmos procedimentos de aferição e ins-
cial da CBFA. peção utilizados quando fabricamos um rolamento
Atualmente, os trabalhos realizados nas unidades de novo. Além de uma economia significativa de cus-
Rio Claro e Osasco contribuem para ampliar a capaci- tos, os mancais e rolamentos remanufaturados têm
dade e diversificar os serviços oferecidos pela CBFA. garantia de um rolamento novo”, descreve Geiza Al-
Em 2019, quando a unidade de Osasco foi inaugurada, ves, supervisora de Marketing para América do Sul
a companhia recebeu entre 35 e 40 locomotivas para da Timken.
manutenção, contra 25 no ano anterior. Entre os prin- A Metalúrgica Riosulense especializou-se no desen-
cipais clientes da empresa estão Progress Rail, MRS volvimento de peças para as locomotivas GE AC44 e
Logística, VLI Logística, Vale, Rumo Logística, Trans- BBi e itens encomendados para atender necessidades
nordestina e Trail. específicas dos clientes. A empresa oferece peças para
A unidade de Osasco fabrica eixos e rodeiros e também o motor de tração e suspensão de locomotivas, para
oferece manutenção geral de rodeiros ferroviários. Já a dormentes (calços), ombreiras e placas de apoio, assim
unidade de Rio Claro fica dentro de uma oficina da Rumo como peças para vagões (engates, anéis centro-pião e
Logística, atendendo às demandas diárias de manutenção discos intermediários).
de rodeiros da Operção Norte (que incluem as malhas A companhia lança mão de inovações para atender
Norte e Paulista). clientes como Wabtec, Hidremec, Pandrol South Ame-
Recentemente, a CBFA disponibilizou uma ferramenta rica, BR Railparts e MRS. A tecnologia de impressão
para que os clientes possam, por meio de login e senha, 3D reduz o tempo de fabricação das peças e de testes
acessar informações atualizadas dos serviços executados de campo. Já os softwares Magma e EdgeCAM são
num determinado rodeiro. “As expectativas são bastante usados para o desenvolvimento de fundidos e simula-
otimistas uma vez que as prorrogações das concessões en- ção de usinagem.
contram-se em estágio avançado e com isso novos proje- “A demanda para o fornecimento de peças está estag-
tos devem surgir. Outro fator importante é que as ferrovias nada nos últimos anos. Estamos aguardando a renovação
estão com demandas cada vez maiores de carga e com isso das concessões, que impactará positivamente o setor”,
as manutenções têm aumento expressivo também”, avalia afirma Reynaldo Biazolo, representante da área comercial
o gerente comercial. da Metalúrgica Riosulense.

40 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020


Refrigeração e procuramos aprimorar os serviços, para oferecer mais
Especializada em manutenção, instalação e venda de prazo de garantia e maior performance para os equipa-
peças de sistemas de ar-condicionado para equipamentos mentos”, ressalta o diretor.
ferroviários e outros setores, a Clima Center criou siste- A Villares Metals desenvolve eixos ferroviários de mo-
mas que oferecem diagnósticos mais precisos aos clien- delos diferentes, de acordo com a necessidade de cada
tes. A empresa atende locomotivas modelos AC44, C44, cliente, seguindo as especificações das normas AAR
Dash9, SD70, SD80, GT46 e equipamentos de manuten- M-101 (que trata de ensaios não destrutivos para rodas e
ção de via das marcas Plasser, Harsco, Robel e outros. eixos) e EN 13261 (norma espanhola de aplicações ferro-
“Nossa operação é realizada em Juiz de Fora (MG), viárias). Com foco no crescimento do mercado nacional,
onde temos capacidade de simular o funcionamento dos a empresa investe na agilidade e flexibilidade de sua linha
sistemas em condições severas de utilização. Com essa de produção, além de buscar certificações internacionais
tecnologia de diagnóstico e reparo, proporcionamos ex- para atender o mercado externo.
celente performance para os equipamentos”, descreve "A Villares Metals acredita no crescimento do merca-
Rafael Barbosa, diretor da Clima Center. do, graças aos leilões previstos este ano e a proximidade
Com Wabtec, MRS, VLI, EFVM e Rumo na carteira de das renovações dos contratos de concessão das ferrovias
clientes, a empresa espera crescer 30% este ano. “Sempre de carga", informa a empresa por meio de sua assessoria
buscamos novas tecnologias para atender nossos parceiros de imprensa.

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TELEFONE E E-MAIL)
Alfamec - Soluções Fabricação de sistemas, equipamentos e produtos (11) 4991-5000
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Eixos ferroviários
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CBFA (11) 3685-0810 ramal 7553 / (11) 9 9484-4283
rodeiros ferroviários Luiz.antonio@cbfa.com.br
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Cemavel Motores e geradores para locomotivas contato@cemavel.com.br
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Clima Center Manutenção de ar-condicionado de locomotivas rafael.barbosa@climacenter.svr.br
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REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020 41


nota técnica
Estudo de caso da transferência de carga aplicada na
interface das estruturas de ligação da estação Congonhas
da Linha 17 - Ouro com o Aeroporto de Congonhas
Artigo vencedor da categoria 03 do 6º Prêmio Tecnologia & Desenvolvimento Metroferroviários da ANPTrilhos-CBTU
Autores:
A. Freedy Steiner, Engº Civil Escola de Engª Mauá/1987, MBA em Exel. Gerencial, PMP, atual Coordenador de Obra Civil – Metrô-SP
Filipe de L. Rocha, MSc, PMP, Engº Civil Univ. Fed de São Carlos, atual Engº Civil – Metrô-SP
Leandro da S. de Medeiros, Engº Civil Univ. 9 de Julho / 2017, atual Consórcio – NCCA Linha 17
Luiz C S Domingues, Engº Civil Escola Politécnica da USP/1975 / Espec. em estruturas e fundações EPUSP,
Consultor em Estruturas e fundações - GeoSub Engª LTDA
INTRODUÇÃO
A interface construtiva entre estruturas sempre foi um desafio do O processo ocorre pela aplicação de uma carga nos apoios de uma
desenvolvimento urbano, em particular quando envolve preservação de estrutura auxiliar, de forma a provocar a reação das vigas e lajes que
patrimônios arquitetônicos e históricos. O Metrô de São Paulo supera se apoiam nos pilares originais, ou seja, a carga é transferida do pilar
esse desafio ao longo de sua implantação, na linha 3 – Vermelha na original para a estrutura de apoio auxiliar. A constatação da efetividade
subfundação do pilar P42 do Elevado Presid. João Goulart; na linha é obtida do monitoramento das estruturas envolvidas. Com o pilar ori-
2 - Verde em edifícios vizinhos ao túnel na Rua do Paraíso e no edifício ginal “aliviado” realizam-se as intervenções (reforço ou total supressão
Consolata1 durante a construção da linha 4 - Amarela. e reconstrução), seguindo-se o processo inverso de transferência da
Durante a construção da linha 17 – Ouro, essa interface ocorre com carga da estrutura auxiliar para a definitiva (“descarga”).
estruturas do aeroporto de Congonhas (Deputado Freitas Nobre), patri- Dos levantamentos de campo e reanálise estrutural e com o deta-
mônio municipal tombado. lhamento de todo processo, foi definido que apenas os pilares PE5/PE8
– 1ª fase e PE6/PE7 – 2ª fase demandariam a transferência. Também
O PROCESSO DE TRANSFERÊNCIA DE CARGA foi definida a substituição dos macacos tóricos por hidráulicos, com
A necessidade de construção de estruturas de conexão da estação in- facilidades operacionais e de segurança e um escoramento contingen-
ternamente ao saguão do aeroporto, trazendo solicitações adicionais às cial das estruturas periféricas à área de influência que, sendo reduzida
previstas no projeto original e necessidade de rebaixar cotas de apoio (Figura 4), minimizou o impacto da premissa do processo quanto a
de 8 pilares (PE 1 a 8), impôs a transferências de carga em 6 pilares na passagem de veículos a no máximo 5 km/h sobre a laje que suporta o
1ª fase (Figura 1) e 2 pilares na 2ª (Figura 2). viário (Figura 3).

Figura 1 -
Primeira
etapa da
transferência
de carga,
instalação da
estrutura de
suporte nos
pilares PE1
a PE4, PE5 e
PE8.

Figura 2
- Segunda
etapa da
transferência
de carga,
instalação da
estrutura de
suporte nos
pilares PE6 e Figura 3 – Aspecto da área da transferência de carga e indicação
PE7. das pistas de tráfego de veículos.
*Comitê Brasileiro de Normas Técnicas Metroferroviárias
42 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020
Figura 7 - Vista dos pilares PE1 a PE4 com as
Figura 4 - Demonstração da área de transferência versus a área vigas de coroamento já devidamente concretadas.
da influência da transferência de carga

INSTRUMENTAÇÃO
A instrumentação (Tabela 1) e (Figuras 4 e 5) foi instalada de acor-
do com exigências do monitoramento estabelecido a cada etapa/passo,
como periodicidade, liberação de avanço e confirmação de estabilização.

Tabela 1 - Lista de instrumentos a serem utilizados


durante os trabalhos de transferência de carga.

Figura 8 - Preparativos para início dos serviços concluídos


durante o período diurno de 08/10/2018

FASE 1 (1º EVENTO) 04, 08 E 09/10/18 – CARGA DOS PILA-


RES PE5/PE8
O sistema de macaqueamento, o conjunto estrutural e o de moni-
toramento, foram testados previamente em duas etapas de 10% da so-
brecarga prevista (Figura 9). As cinco leituras que, pelo baixo valor
das cargas foram tomadas sem interrupção do tráfego, indicam uma
variação “marginal” dos recalques, confirmando a premissa de isolar
tal interferência com restrição máxima da velocidade do tráfego, o que
limitou a realização entre 22 e 5hs.
A 1ª etapa do processo de transferência inicia na noite de 9/10, com
objetivo da elevação de 1,0 mm nos PS’s (laje).
Figura 5 - Localização dos instrumentos de Para o PE5 o parâmetro é atingidos com apenas uma etapa adicional
leitura manual - modificado de FONTE (2018) de 10% da carga prevista (Gráfico 1), estabilizando no dia 10. Nas lei-
turas de confirmação (12 hs após macaqueamento), constata-se a sen-
sível influência da temperatura - amplitude de 1,4mm entre noite / dia.
PREPARATIVOS Já no pilar PE8, mesmo com mais etapas, a flutuação de leituras
Inicados meses antes da 1ª fase de transferência, com duração variá- entre madrugada/noite de 9/10 foi maior, mas na manhã do dia 10 há
vel dependendo da complexidade e intercorrências, sendo eles: estabilização no valor de 0,0 mm que, comparado ao estipulado de -0,6
1. Escavações e prospecção (Figura 6); mm e com base no conjunto de dados de monitoramento, é considerado
2. Estacas das fundações temporárias e definitivas; suficiente.
3. Vigas de coroamento sobre as estacas (Figura 7);
4. Capitéis de reação na cabeça dos pilares; FASE 1 (2º EVENTO) 29/10/18 – DESCARGA DOS PILARES
5. Escoramento contingencial; PE5/PE8
6. Estrutura metálica auxiliar (ver Figura 8); Foram necessários 20 dias para conclusão das fundações e reforços
7. Instrumentação preliminar. para então realizar a descarga e finalizar o processo após a estabilização
(Gráfico 2).

REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020 43


nota técnica
FASE 2 (3º EVENTO) 29/10/18 – CARGA DOS PILARES PE6 E PE7 FASE 2 (4º EVENTO) 06/11 – REMACAQUEAMENTO
A transferência de carga desses pilares (Figura 10) é mais cuidadosa CORRETIVO DOS PILARES PE6/PE7
e complexa, com maior permanência dos macacos travados, dada a exe- Essa fase corretiva introduz mais passos de carga visando normalizar a
cução das escavações de 5,50 m de profundidade e dos novos blocos e deformação. Previamente, nos 7 dias após a parada, é injetada resina epo-
pilares. O controle da leitura de elevação continua em 1,0 mm nos PS’s. xídica nas interfaces (Figura 12), para aumento da superfície de contato.
No PE6 o processo ocorreu normalmente, mas no PE7 registram-se A injeção não preenche todos os espaços e então optou-se em
valores abaixo do esperado para o carregamento relativamente maior, aguardar e monitorar, dando tempo para um ganho de resistência da
embora ainda aceitáveis, considerando certa margem de variação pelas resina. As leituras indicaram melhora com o remacaqueamento, em-
premissas que se basearam em cargas estimadas e informações dispo- bora não sendo ideais, eram aceitáveis e, considerando as dificulda-
níveis das estruturas originais incompletas. des de uma nova intervenção, o monitoramento continuou por mais
1 semana quando se constata a estabilização (Gráfico 4) e o acerto
das decisões.

Figura 10 - Preparação para carga dos pilares PE6 e PE7

Seguindo, em 30/10 houve o corte dos pilares (Figura 11) e veri-


ficam-se recalques acima do esperado (Gráfico 3) por conta de falhas
no contato entre o capitel e o quadro metálico, notando-se pontos de
fendilhamento do concreto do capitel pela concetração de tensão. Foi
Gráfico 4 - Efeito do remacaqueamento sobre a estrutura
consenso travar os macacos para adotar ações de contorno visando re-
dos pilares PE6 e PE7 nos dias seguintes a operação
macaquear dos 2 conjuntos.

FASE 2 (5º EVENTO) 11/03/2019 – DESCARGA DOS PILARES PE6/PE7


Os quatro meses após o remacaqueamento (antes da descarga) de-
correm com estabilidade. As etapas seguintes envolveram demolição
do bloco original, escavações e execução do bloco definitivo (Figura
13). A descarga ocorreu sem preoblemas até a estabilização (Gráfico 5)

Figura 11 - Vista do pilar PE7 após o seccionamento


ocorrido na noite do dia 30/10/2018

Figura 13 - Pilares PN6 e PN7 finalmente concretados


e pronto para serem descarregados

OBSERVAÇÕES E GRÁFICOS GERAIS MAIS RELEVANTES


O monitoramento de todo processo é resumido nas etapas:
1 - Transferência PE4/PE5 para a estrutura provisória 8, 9 e
10/10/18;
2 - Transferência da estrutura provisória para PN5/PN8 definitivos
29/10/18 (descarga);
Gráfico 3 - Histórico de recalque dos pilares PE6 e PE7 3 - Transferência do PE6/PE7 para a estrutura provisória

44 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020


29, 30, 31/10 e remacaqueamento em 06, 07, 08/11/18; histórico, no geral máximos de convergência - 8,0 mm (Corda 5-6) e
4 - Transferência da estrutura provisória para PN6/PN7 definitivos divergência + 3,8 mm (corda 6-7) considerando - 1,0 mm e + 3,0 mm
em 11/03/19 (descarga). na fase de escavação e intervenções estruturais e - 7,0 mm e + 0,8 mm
Após o evento 4 o processo foi concluído mediante autorização nas transferências. Registro de picos de velocidade no PN6/PN7, com
após análise do ATO (Acompanhamento Técnico de Obra), no período entrada do peso dos pilares ( 1 ).
de 11 a 15/03/19.
• PS’s (Pinos Recalque Pilar - Superiores) – Gráfico 6: Recalque
máximo de 4,5 mm, com 2,0 mm na fase de escavação e intervenções
e 2,5 mm das transferências.
Rrecalque proporcionalmente significativo em 11/03/19 (após 4 ),
hipótese de efeitos de saturação do maciço por fortes chuvas.
Concluímos que os PS’s são mais relevantes no controle do ma-
caqueamento e confirmação da transferência, mas passado este curto
momento, as variações por temperatura, frenagem/aceleração e outros,
levam a um comportamento muito variável (faixa de 0 a -4,5 mm).

Gráfico 8 - Convergências - Geral

Após os cortes dos pilares o monitoramento de Convergência é


substituído pelos Clinômetros e recalque diferencial dos PV’s, distor-
ção confortável de 1:1.000.
• Medidores de abertura de juntas (MD’s) das Vigas e Pilares –
variações compatíveis com os efeitos de temperatura (cerca de 3 vezes
maiores que aquelas devido transferências).

CONCLUSÕES
Gráfico 6 - Histórico de recalques Geral O processo de transferência de carga demanda atenção desde a
elaboração dos procedimentos, com prospecções, análises de modela-
• Pinos das vigas de coroamento (apoio das estruras metálicas) gem, simulações, integrando passos operacionais, de monitoramento,
– PV’s, sem recalques significativos, máximo de 6,4mm e distorções de análise de dados e de ações de contorno, considerando todas as
de 1:1.100 a 1:790. restrições envolvidas. Mesmo assim o comportamento das estruturas
• Os Clinômetros (CL’s) tendência de comportamento estável típi- pode ser diverso do esperado mas, levando-se em conta incertezas a
co - exemplo do gráfico 7: cerca das estruturas originais, as variações em relação às premissas
podem ser aceitáveis. Para isso, as análises pari passu em todo pro-
cesso, não podem prescindir da compreensão dos fenômenos envol-
vidos através do monitoramento adequado, da gradual percepção da
sensibilidade da instrumentação ante às solicitações e intercorrências
obtendo-se as “assinaturas” dos comportamentos típicos. Nesse está-
gio de domínio, passam a ser aceitáveis simplificações ponderadas na
liberação de cada passo do processo, sem descarte do diagnósticos e
contorno de intercorrências.
Neste cenário é fundamental a interação das equipes envolvidas, no
caso, do Metrô, da Executora, de monitoramento e do acompanhamen-
to técnico.
Mais uma vez registra-se a capacitação do Metrô e de equipes par-
ceiras assegurando sustentabilidade e melhoria tecnológica contínua na
implantação das importantes obras de mobilidade urbana.
Mais detalhes e dados numéricos com os autores ou em:
http://www.semanadetecnologia.com.br/25semana/wp-content/
uploads/2019/09/T71_ID74_artigo_transferenciadecargalinha17.pdf

Gráfico 7 - Gráfico típico de Clinômetro 07U AGRADECIMENTOS


Engºs Eloy Viegas, Evaristo Rebello e Francisco Ribeiro Neto do
Os picos são devido vibrações sem valor de análise. Os Clinômetros Metrô; Engº Juliano Apollo – ATO; Engºs Eng. Ramon Garcia, José
foram importantes para aferir ou substituir as convergência que perdem Adriano Bastos e Mestre Nelson Xavier – TIDP; Engenheiro Roberto
efetividade após corte dos pilares. Silva Consultor; equipe da Bureau - TÜV SÜD e Engº Mario Tinem e
• Para os pinos de Convergência (CV’s), o Gráfico 8 apresenta o equipe da INFRAERO.

REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020 45


estatísticas

Volume menor em 2019


Redução no transporte de minério de ferro impactou o resultado total das ferrovias no acumulado do ano

O
rompimento da barragem da mina Córrego do em 2018, segundo os dados de movimentação da ANTT.
Feijão, em Minas Gerais – que completou um As malhas Paulista e Norte da Rumo, FTC e Ferrovia Nor-
ano em fevereiro – e a paralisação de outras te-Sul (operada pela VLI) também registraram crescimento
minas da Vale no estado fez reduzir o trans- em 2019 tanto em TU quanto em TKU. Rumo Malha Sul e
porte ferroviário de minério de ferro, impactando signifi- Transnordestina Logística cresceram em TU, mas apresen-
cativamente o volume total movimentado em 2019 pelas taram queda em TKU.
ferrovias de carga. A queda no acumulado de janeiro a de- No segmento de passageiros, os sistemas transportaram
zembro do ano passado foi de 13,2% em toneladas úteis 4,8% mais usuários em 2019. Foram quase 3,2 milhões
(TU) e 10,2% em toneladas por quilômetro útil (TKU) na de passageiros transportados no ano passado contra 3 mi-
comparação com o volume total transportado em 2018. lhões em 2018. Entre os sistemas que contribuíram para
MRS e EFVM – diretamente afetadas pela tragédia – apre- esse aumento estão os de São Paulo, Fortaleza e Salvador.
sentaram queda no desempenho em 2019. A primeira re- A ViaMobilidade, que opera a Linha 5-Lilás do Metrô de
gistrou decréscimo de 22,4% em TU e 25,9% em TKU; na São Paulo, teve crescimento de 81,7% em número de pas-
segunda, a baixa foi de 25,5% em TU e 26,7% em TKU. sageiros. No Metrofor, foram 13,8% de usuários a mais. O
Um dos destaques positivos do ano foi a Ferroeste, que Metrô da capital baiana, operado pela CCR Metrô Bahia,
apresentou alta de 84,2% em TU e 100,5% em TKU no apresentou alta de 39,6%. Os sistemas de VLT Cariri, So-
acumulado de janeiro a dezembro. A operadora transportou bral, Baixada Santista e Carioca também registraram cres-
no ano passado 860 mil toneladas contra 467 mil toneladas cimento em 2019.
Veja mais em www.revistaferroviaria.com.br
Nas tabelas de transporte urbano sobre trilhos estão contabilizadas as transferências entre as linhas
TRANSPORTE DE CARGA POR FERROVIA - NOVEMBRO 2019
Δ% Acumulado no ano até Novembro
11/18 11/19
Operadoras Nov 19/Nov 18 2018 2019 Δ%
  TU (10³) TKU (106) TU (10³) TKU (106) TU TKU TU (10³) TKU (106) TU (10³) TKU (106) TU TKU
Rumo - Malha Sul 1.849,9 1.184,5 2.008,5 1.264,4 8,6 6,7 20.822,4 13.323,1 21.157,1 13.397,0 1,6 0,6
Transnordestina Log. 90,9 45,7 218,2 49,8 140,0 9,0 1.073,8 559,0 1.715,3 515,7 59,7 (7,7)
E.F. Carajás 18.346,6 16.518,7 17.548,6 15.873,7 (4,3) (3,9) 186.443,4 167.369,8 176.391,6 159.004,9 (5,4) (5,0)
E.F.V.M. 10.339,4 5.841,5 7.521,7 4.174,3 (27,3) (28,5) 112.746,0 63.255,1 86.148,7 47.488,2 (23,6) (24,9)
Rumo - Malha Paulista 424,3 448,7 397,4 495,7 (6,3) 10,5 4.735,4 4.340,8 5.012,5 5.507,8 5,9 26,9
Rumo - Malha Norte 2.033,4 3.097,4 2.433,0 3.659,4 19,7 18,1 21.354,6 32.400,4 23.882,3 35.879,2 11,8 10,7
Ferroeste* 41,9 28,0 67,4 48,4 60,9 72,9 437,9 183,7 791,5 351,9 80,7 91,6
FCA 2.560,7 1.805,7 2.300,1 1.693,9 (10,2) (6,2) 32.332,0 22.599,5 27.575,7 21.382,4 (14,7) (5,4)
FTC 249,0 19,2 256,3 20,1 2,9 4,7 2.637,1 203,7 2.741,3 213,2 4,0 4,7
MRS Logística 11.723,8 5.662,5 7.423,4 3.354,7 (36,7) (40,8) 124.460,2 59.235,4 99.035,6 45.483,0 (20,4) (23,2)
Rumo - Malha Oeste 355,0 71,6 286,1 65,0 (19,4) (9,2) 3.961,4 803,4 3.371,3 844,7 (14,9) 5,1
Ferrovia Norte-Sul 655,1 631,8 664,4 615,6 1,4 (2,6) 8.114,5 7.635,1 9.199,7 8.786,1 13,4 15,1
Total 48.670,0 35.355,3 41.125,1 31.315,0 (15,5) (11,4) 519.118,6 371.908,8 457.022,6 338.854,1 (12,0) (8,9)
Fonte: ANTT. *Os dados da Ferroeste não consideram direito de passagem e tráfego mútuo, apenas as cargas geradas na ferrovia.

TRANSPORTE DE CARGA POR FERROVIA - DEZEMBRO 2019


  12/18 12/19
Δ% Acumulado no ano até Dezembro
Operadoras Dez 19/Dez 18 2018 2019 Δ%
  TU (10³) TKU (10 )
6
TU (10³) TKU (10 )
6
TU TKU TU (10³) TKU (106) TU (10³) TKU (106) TU TKU
Rumo - Malha Sul 1.685,7 1.059,8 1.419,2 867,6 (15,8) (18,1) 22.508,1 14.382,9 22.576,3 14.264,6 0,3 (0,8)
Transnordestina Log. 94,6 48,6 194,1 46,3 105,2 (4,7) 1.168,4 607,6 1.909,4 562,0 63,4 (7,5)
E.F. Carajás 18.965,0 17.004,3 17.177,1 15.477,9 (9,4) (9,0) 205.408,4 184.374,1 193.568,7 174.482,8 (5,8) (5,4)
E.F.V.M. 11.521,3 6.492,8 6.450,8 3.611,5 (44,0) (44,4) 124.267,3 69.747,9 92.599,5 51.099,7 (25,5) (26,7)
Rumo - Malha Paulista 443,2 524,0 803,1 772,9 81,2 47,5 5.178,6 4.864,8 5.815,6 6.280,7 12,3 29,1
Rumo - Malha Norte 1.909,6 2.877,2 1.509,5 2.229,5 (21,0) (22,5) 23.264,2 35.277,6 25.391,8 38.108,7 9,1 8,0
Ferroeste* 29,0 16,8 68,4 50,2 135,9 198,8 466,9 200,5 859,9 402,1 84,2 100,5
FCA 2.616,8 1.943,9 2.189,1 1.579,9 (16,3) (18,7) 34.948,8 24.543,4 29.764,8 22.962,3 (14,8) (6,4)
FTC 207,2 15,8 243,8 19,1 17,7 20,9 2.844,3 219,5 2.985,1 232,3 5,0 5,8
MRS Logística 12.144,1 6.264,0 6.965,3 3.042,3 (42,6) (51,4) 136.604,3 65.499,4 106.000,9 48.525,3 (22,4) (25,9)
Rumo - Malha Oeste 360,2 74,6 136,7 53,5 (62,0) (28,3) 4.321,6 878,0 3.508,0 898,2 (18,8) 2,3
Ferrovia Norte-Sul 472,7 445,1 307,9 273,4 (34,9) (38,6) 8.587,2 8.080,2 9.507,6 9.059,5 10,7 12,1
Total 50.449,4 36.766,9 37.465,0 28.024,1 (25,7) (23,8) 569.568,0 408.675,7 494.487,6 366.878,2 (13,2) (10,2)
Fonte: ANTT. *Os dados da Ferroeste não consideram direito de passagem e tráfego mútuo, apenas as cargas geradas na ferrovia.
Continua

46 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020


estatísticas
Continuação
TRANSPORTE URBANO SOBRE TRILHOS - NOVEMBRO 2019
11/18 11/19 Δ% Acumulado no ano até Novembro Δ%
Operadora Passag./dia útil Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag.(10³)2018 Passag.(10³)2019 Passag.(10³)
Metrô-SP 3.822.360 87.792 3.964.453 91.824 3,7 4,6 1.006.636 1.012.353 0,6
Via Quatro 760.752 16.989 834.000 19.412 9,6 14,3 201.235 211.757 5,2
Via Mobilidade 521.069 11.833 622.000 14.569 19,4 23,1 79.875 153.029 91,6
CPTM 2.993.637 71.293 3.037.681 72.905 1,5 2,3 791.521 796.682 0,7
Metrô Rio 878.349 19.288 910.629 20.531 3,7 6,4 222.704 165.000 (25,9)
SuperVia 619.459 13.172 608.462 13.339 (1,8) 1,3 149.822 150.849 0,7
CBTU Recife 329.816 8.278 283.097 7.432 (14,2) (10,2) 93.339 86.875 (6,9)
Trensurb 174.811 4.338 160.875 3.904 (8,0) (10,0) 47.745 44.392 (7,0)
CBTU BH 199.322 4.769 169.651 4.130 (14,9) (13,4) 54.321 50.561 (6,9)
Metrofor 41.847 962 46.158 1.067 10,3 10,9 9.833 11.262 14,5
CTB Salvador 11.525 266 6.578 171 (42,9) (35,7) 3.030 2.861 (5,6)
CBTU João Pessoa 7.082 154 7.593 167 7,2 8,4 1.836 1.964 7,0
CBTU Natal 13.977 288 11.725 248 (22,4) (18,0) 3.432 3.397 (1,0)
CBTU Maceió 10.772 217 8.364 178 (2,4) (2,6) 2.487 2.417 (2,8)
Metrô DF 138.395 3.465 135.051 3.376 (2,4) (2,6) 37.189 39.539 6,3
VLT do Cariri 1.789 38 1.848 38 3,3 0,0 375 421 12,3
Metrô de Salvador 342.086 8.306 389.001 9.395 13,7 13,1 90.136 128.224 42,3
VLT da Baixada Santista 23.292 603 33.236 775 42,7 28,6 6.356 7.690 21,0
VLT de Sobral 5.307 123 6.337 146 19,4 18,7 1.237 1.497 21,0
VLT Carioca 74.000 1.546 108.000 2.227 45,9 44,0 16.097 20.778 29,1
Bondes de Santa Teresa 1.421 29 1.504 33 5,8 13,8 280 366 30,6
Metrô de Teresina 7.900 158 7.400 170 (6,3) 7,6 1.488 1.805 21,3
Total 10.978.968 253.907 11.353.643 266.037 3,4 4,8 2.752.933 2.893.719 5,1
Fonte: Operadoras.
TRANSPORTE URBANO SOBRE TRILHOS - DEZEMBRO 2019
12/18 12/19 Δ% Acumulado no ano até Dezembro Δ%
Operadora Passag./dia útil Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag./dia útil Passag.(10³) Passag.(10³)2018 Passag.(10³)2019 Passag.(10³)
Metrô-SP 3.566.464 85.383 3.493.242 85.682 (2,1) 0,4 1.092.019 1.098.035 0,6
Via Quatro 713.180 16.470 703.000 17.788 (1,4) 8,0 217.705 229.545 5,4
Via Mobilidade 508.587 12.053 548.000 14.031 7,7 16,4 91.928 167.060 81,7
CPTM 2.869.107 71.772 2.804.473 71.014 (2,3) (1,1) 863.293 867.696 0,5
Metrô Rio 905.207 19.705 915.582 20.471 1,1 3,9 242.409 185.471 (23,5)
SuperVia 626.958 13.148 616.430 13.162 (1,7) 0,1 162.970 164.011 0,6
CBTU Recife 338.100 8.748 311.195 7.571 (8,0) (13,5) 102.087 94.446 (7,5)
Trensurb 159.576 4.019 144.037 3.671 (9,7) (8,7) 51.764 48.063 (7,2)
CBTU BH 197.872 4.072 129.624 3.876 (34,5) (4,8) 58.393 54.437 (6,8)
Metrofor 41.726 1.040 47.278 1.112 13,3 6,9 10.873 12.374 13,8
CTB Salvador 13.498 300 9.068 236 (32,8) (21,3) 3.330 3.097 (7,0)
CBTU João Pessoa 7.899 165 7.829 170 (0,9) 3,0 2.001 2.134 6,7
CBTU Natal 13.142 296 10.919 258 (30,0) (23,1) 3.728 3.655 (1,9)
CBTU Maceió 11.355 255 7.954 196 10,0 10,0 2.742 2.613 (4,7)
Metrô DF 113.717 2.956 125.086 3.252 10,0 10,0 40.145 42.791 6,6
VLT do Cariri 1.537 34 1.682 38 9,4 11,8 409 459 12,2
Metrô de Salvador 349.053 8.367 373.640 9.288 7,0 11,0 98.503 137.512 39,6
VLT da Baixada Santista 24.728 646 32.353 790 30,8 22,3 7.002 8.480 21,1
VLT de Sobral 4.843 119 5.390 132 11,3 10,9 1.356 1.629 20,2
VLT Carioca 80.000 1.610 114.000 2.293 42,5 42,4 17.707 23.071 30,3
Bondes de Santa Teresa 1.367 27 1.585 35 15,9 29,6 307 401 30,5
Metrô de Teresina 7.200 145 7.550 174 4,9 20,0 1.633 1.979 21,2
Total 10.555.116 251.330 10.409.917 255.240 (1,4) 1,6 3.004.263 3.148.959 4,8
Fonte: Operadoras.

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artigo

Vivências
ferroviárias
HELOISA TOLLER GOMES
Professora de Literatura, licenciada em Letras Anglo-Germânicas,
com mestrado em Literatura Brasileira e doutorado em Letras pela PUC-RJ

D
urante a maior parte de minha vida, fui espec- através das curvas e meandros desenhados pela valorosa
tadora próxima e participante ativa, enquanto Maria Fumaça.
usuária, da vida ferroviária em nosso país. Permito-me, ainda, lembrar algumas referências
Isto porque a Revista Ferroviária marcou históricas que dizem respeito à família Toller Gomes
presença fortíssima na casa de minha infância e de meu e à Revista Ferroviária. Antes mesmo de meu nasci-
irmão Gerson, assim prosseguindo durante toda a adoles- mento, meu pai, Jorge de Moraes Gomes, fundou a
cência e em grande parte de nossa mocidade. Revista Ferroviária com seu cunhado, o engenheiro
Ao aceitar o grato convite para escrever esse artigo, Rubem Vaz Toller, cuja vida profissional tomaria de-
pensei logo em evitar o sentimentalismo fácil, embora pois outros rumos. A Revista Ferroviária passou a ser
genuíno, das reminiscências familiares. Mas não posso o ganha-pão de nossa pequena família, contando com
deixar de me referir, brevemente e com muito prazer, à o entusiasmo crescente e apaixonado de nosso pai.
origem desse apego ao trem bem antes de conhecermos Durante seus anos iniciais no jornalismo, Gerson tra-
a Revista: ele deve ter nascido com o fantástico “tren- balhou ao lado dele. No final da década de 1980, Ger-
zinho elétrico” que tínhamos em casa, sempre em inces- son assumiu o comando da Revista, modernizando-a,
sante processo de complicada construção, para delícia expandindo-a e dando-lhe o formato básico que ainda
das crianças que éramos, Gerson e eu, e para compreen- hoje mantém, com o mesmo empenho pela questão do
sível impaciência de nossa mãe; também às frequentes transporte ferroviário que herdara do pai atrelado à
viagens de trem (sem horários confiáveis, é claro) da sua valiosa experiência de jornalista.
Central do Brasil a Governador Portela, hoje distrito de O discurso jornalístico e técnico elaborado pela Revis-
Miguel Pereira, na Serra do Tinguá. Fazíamos baldea- ta em suas diferentes fases tem ininterruptamente acom-
ção em Japeri – na Baixada Fluminense, palco do genial panhado e discutido a questão do trem no Brasil em seus
“Assalto ao Trem Pagador” de 1962 e da célebre ocor- projetos, ganhos e perdas, aspirações e acontecimentos
rência policial que motivou o filme. Naquele percurso relevantes. A Revista e sua equipe têm explicado o trem
serra acima apreciávamos a fantástica paisagem, torna- no Brasil e ao Brasil, voltando-se também para o trans-
da acessível, em seus perfumes e ruídos característicos, porte ferroviário em outros países e continentes. Com

48 REVISTA FERROVIÁRIA | Janeiro/Fevereiro DE 2020


isso, ao longo das décadas, alargou seu âmbito de ação anos sem o planejamento estratégico adequado, com os
alcançando relevância nacional e internacional no setor interesses políticos e grande parte dos empresários vol-
ferroviário e de transportes. A Revista realçou e realça a tados basicamente para as rodovias, como bem se sabe,
importância do trem na vida brasileira, compreendendo o desde a época da construção de Brasília. Enquanto 65%
transporte de indivíduos, de famílias, de cargas, atraves- das estruturas de transporte no Brasil são rodoviárias,
sando os municípios e estados da federação. apenas 15% dessas estruturas ainda pertencem atualmen-
Faltaria consistência, porém, a essas evocações e consi- te ao âmbito ferroviário – que é responsável por milhares
derações se elas se fechassem em si mesmas, sem dar lu- de empregos diretos e indiretos.
gar à importante indagação que ocorre, certamente, a todo Considerando que abril será o mês do ferroviário,
leitor interessado na problemática ferroviária no Brasil. e junto ao maior símbolo ferroviário do Brasil no Rio
Como se vê, hoje, o futuro do trem no país? Como a de Janeiro, a Central do Brasil (imortalizado no grande
concessão à iniciativa privada, atualmente na ordem do filme de 1998 do mesmo nome), lembremos que desde
dia, poderá modernizar a malha ferroviária e implemen- 1854, quando foi inaugurada a primeira ferrovia no país,
tar uma ampliação adequada às reais necessidades de in- o trem vem prestando seus inestimáveis serviços ao Bra-
tegração nacional, beneficiando o processo produtivo e o sil. Uma modernização eficaz que beneficie a população
escoamento das exportações? brasileira se impõe e com urgência, nesta primeira meta-
Este é o grande desafio que se apresenta, após muitos de do século XXI.

Classificados RF
Vagão modelo Sider, da Randon, entregue em 2019 para a
MRS. A unidade foi produzida na fábrica de Araraquara (SP) e
faz parte de um lote de 74 vagões desse tipo encomendados
pela operadora. O modelo Sider tem capacidade de transporte
de até 88 toneladas de carga líquida e é equipado com lonas
antivandalismo, sistema de tensionamento de lona desenvolvido
especificamente para a operação ferroviária e divisórias internas
e barrotes no assoalho (fabricados em aço inox ferrítico). O
equipamento tem capacidade de 30 toneladas por eixo.
Foto: Samuel Zulianelo
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